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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANSA


CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA SOCIOLOGIA III – 3º PERÍODO
PROFESSOR: ALEXANDRE KRÜGNER
ALUNO: RUY CAVALCANTE DE OLIVEIRA SOBRINHO

11.09.2014

Fichamento referente ao prefácio e ao tópico “O Conceito de Esclarecimento” do livro


“Dialética do Esclarecimento”, de Theodor Adorno e Max Horkheimer.

OBRA:
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio
de Janeiro, ed. Jorge Zahar, 1985. pp. 2-22.

Prefácio

Os autores da obra hora fichada iniciam já no prefácio sua abordagem sobre a


discrepância entre o progresso da razão e realidade repressora e totalitária das sociedades
onde o esclarecimento oriundo do iluminismo forjou suas modernas bases. No lugar do
progresso o que se vê é a barbárie. A racionalização que deveria libertar o homem na verdade
lhes possibilitou o controle e a dominação. No lugar da ciência servir ao bem estar humano,
passa a servir à burguesia como atividade de controle, em serviço da mercadoria.
Mesmo o pensamento (ou as ciências) social passou a servir aos interesses da
produção e não ao desenvolvimento da sociedade. Analogamente à proibição de produtos
tóxicos, que produz “incentivo” ao surgimento de produtos ainda piores, o “o cerceamento da
imaginação teórica preparou o caminho para o desvario político”, ou seja, o puro racionalismo,
apoiado aos meios de censura, possibilita os mais variados delírios totalitários.
Dessa forma os autores consideram estes malefícios do esclarecimento como o objeto
fundamental de sua investigação, embora reconheçam que a liberdade social está sim atrelada
ao conhecimento, ao esclarecimento, desde que não pragmatizado.

O Conceito de Esclarecimento

Em sentido amplo, com o esclarecimento se busca a fuga do mito, do medo daquilo


que não pode ser compreendido, tornando o homem senhor da natureza, substituindo a
imaginação pelo saber. Porém “credulidade, a aversão à dúvida, a temeridade no responder, o
vangloriar-se com o saber, a timidez no contradizer, o agir por interesse, a preguiça nas
investigações pessoais, o fetichismo verbal, o deter-se em conhecimentos parciais: isto e coisas
semelhantes impediram um casamento feliz do entendimento humano com a natureza das
coisas e o acasalaram, em vez disso, a conceitos vãos e experimentos erráticos”. Nem mesmo
reis com toda sua majestade e riquezas podem adquirir as coisas que o saber podem dar. O
saber é poder, e ele não conhece barreiras, nem mesmo a natureza, e esta tem sido usada não
como aliada, mas como ferramenta de domínio. O desencantamento proporcionado pela razão
oferece um mundo sem barreiras, sem medos, sem mitos antropomórficos.
O esclarecimento ignora outros saberes também importantes pra vida social, o
empirismo antes aliado, torna-se perverso, mas essa é uma falácia do esclarecimento. A
natureza perde sua subjetividade e o homem também, restando o poder e o valor das coisas.
Após exemplificar e fundamentar estes conceitos, os autores sentenciam: “No mundo
esclarecido, a mitologia invadiu a esfera profana”, não resta mais subjetividade, mas o horror
outrora apontado ao inexplicável continua, porém o positivismo o transformou num terror
real, em dominação e sofrimento, em barbárie. O sujeito foi coisificado, não é mais um
indivíduo particular, mas uma ferramenta, a exemplo da natureza, do poder burguês que
detêm o esclarecimento. As maquinas já não estão para facilitar a vida social, antes são uma
maquinaria de dominação, a serviço do poder crescendo dos senhores burgueses, “reis do
saber”. Assim, “a maldição do progresso irrefreável é a irrefreável regressão”. Através de toda
essa problemática os autores perpassam as questões relacionadas às lutas de classes, na
perspectiva do esclarecimento e da desvirtuação das esperanças agora utópicas de que o saber
possibilitaria uma real liberdade, assim “o absurdo desta situação, em que o poder do sistema
sobre os homens cresce na mesma medida em que os subtrai ao poder da natureza, denuncia
como obsoleta a razão da sociedade racional”, e ainda “o esclarecimento se converte, a serviço
do presente, na total mistificação das massas”.

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