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Croqui de Nanquim:
Anteprojeto de reforma e ambientação de um estúdio de
quadrinhos
Maceió – Alagoas
2019.1
AELITA MARIA LIMA GOMES DE OLIVEIRA
Croqui de Nanquim:
Anteprojeto de reforma e ambientação de um estúdio de
quadrinhos
Maceió – Alagoas
2019.1
AELITA MARIA LIMA GOMES DE OLIVEIRA
Croqui de Nankim:
BANCA EXAMINADORA
“Eu costumava ficar envergonhado porque eu era apenas um escritor de
quadrinhos enquanto outras pessoas construíam pontes ou iam para carreiras
médicas. E depois comecei a entender: o entretenimento é uma das coisas mais
importantes na vida das pessoas. Sem isso eles podem parar no fundo do poço. Eu
sinto que se você é capaz de entreter as pessoas, você está fazendo algo de bom.”
Stan Lee
AGRADECIMENTOS
Quero primeiramente agradecer aos meus pais, porque sem eles eu não
estaria aqui, não posso esquecer também do meu fiel companheiro de quatro patas,
Simba, que esteve comigo por muitos dias de trabalho e que reclamava por atenção.
Agradecer as pessoas que fiz laços durante essa longa jornada de
Faculdade: Emília, Chrystian, Amanda, Brenda, Livia, Renatinha e vários outros que
estiveram comigo.
Não posso esquecer as pessoas que conheci do outro lado do oceano, por
conta do intercambio. Essas pessoas que ficaram comigo como minha segunda
família enquanto morei em Portugal: Nath, Mayra, Katharina, Mariane, Dani.
Pessoas que são minhas amigas a muito tempo, porém não moram perto de
mim e que boa parte dos nossos contatos são pelo computador. Mas que mesmo
assim estavam comigo e com meus lamúrios: Inuki, Rodrigo.
Aos amigos que se mantiveram firme e forte me ajudando nesse trabalho:
Sam, Bob, Vagner. E principalmente aos que estiveram comigo durante todas as
etapas da concepção desse trabalho, que escutaram todas as minhas reclamações,
choramingos e lamúrias: Jana, Mari, Gabi, Kohai e Rinka.
E a você, que vai ter a paciência para ler todo esse trabalho.
RESUMO
O consumo de quadrinhos no Brasil cresce a cada ano e isso pode ser visto levando
em consideração o público cada vez mais significativo em convenções e eventos
dentro desta temática. A despeito deste crescimento notável, pouca importância é
atribuída à produção de quadrinhos e ao ambiente ou espaço em que ele é criado.
O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo o desenvolvimento de
um anteprojeto de interiores de um estúdio de quadrinhos. O trabalho abordará
aspectos históricos e conceituais dos quadrinhos e arquitetura de interiores; um
breve contexto histórico da evolução dos quadrinhos junto a sociedade aspectos de
ergonomia em relação ao bom funcionamento do espaço e utilizará, ainda, modelos
de referência de espaço de outros estúdios que já produzem quadrinhos.
ABSTRACT
The comic books consumption in Brazil is increasing each year, given the large
audience that attends events and conventions regarding this theme. Inspite of this
considerable growth, little importance is directed towards the comics’ production and
the place where they are created. The present paper aims to develop a preliminary
draft for a comics studio. This paper will approach historical and conceptual aspects
of comics as well as interior architecture; a brief historical background on comics
evolution alongside society; and ergonomic aspects regarding the proper functioning
of the space. The paper will also use actual spaces from existing comics studios.
1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12
2. ESTADO DA ARTE: HISTÓRIA DOS ESTÚDIOS DE QUADRINHOS .............. 15
2.1 Quadrinhos no Mundo ................................................................................. 15
2.1.1 Quadrinhos em escolas europeias .......................................................... 15
2.1.2 Quadrinhos em escolas americanas ........................................................ 17
2.1.3 Quadrinhos em escolas japonesas .......................................................... 22
2.1.4 Quadrinhos em escolas brasileiras .......................................................... 29
2.2 Espaço para o trabalho ............................................................................... 33
3. ANALISANDO ESPAÇOS .................................................................................. 40
3.1 Studio Seasons ............................................................................................ 41
3.2 Studio Pau-Brasil ......................................................................................... 43
3.3 Escola Torus ................................................................................................ 51
3.4 Entrevistas.................................................................................................... 56
3.5 Ergonomia .................................................................................................... 63
3.6 Iluminação .................................................................................................... 67
4 PROJETO DE ESTÚDIO DE QUADRINHOS ...................................................... 68
4.1 Metodologia do Projeto do Estúdio de Quadrinhos “Croqui de
Nanquim” ............................................................................................................ 68
4.1.1 O Ambiente e seu entorno ...................................................................... 68
4.1.2 Conceito e partido arquitetônico ............................................................. 72
4.1.3 Programa de Necessidades e Dimensionamento ................................... 73
4.1.4 Ergonomia dos móveis............................................................................ 74
4.1.4.1 Cadeira ................................................................................................ 74
4.1.4.2 Mesa .................................................................................................... 76
4.1.5 Memorial do Estúdio de Quadrinhos ....................................................... 77
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 87
6 APÊNDICE ........................................................................................................... 89
7 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 93
7.1 Referências de Imagens .............................................................................. 95
12
1. INTRODUÇÃO
1
Nona Arte – Categorização da arte feita por Ricciotto Canudo. O mesmo escreveu “O manifesto das
sete artes” (1923). Com os avanços da tecnologia, foram inseridos outros tipos de arte. As histórias em
quadrinhos ocupam o nono lugar. Sendo 1ª Arte - Música (som); 2ª Arte - Artes cénicas
(Teatro/Dança/Coreografia) (movimento); 3ª Arte - Pintura (cor); 4ª Arte - Escultura (volume); 5ª Arte -
Arquitetura (espaço); 6ª Arte - Literatura (palavra); 7ª Arte - Cinema (Áudio-Visual); e a 8ª Arte -
Fotografia (imagem). ARANTES, GOMES (2014)
13
Moya (1977) diz que os quadrinhos são meios de comunicação rápida e sem
barreiras de todas as formas modernas. Entendendo isso, não há limites para as suas
narrativas. Elas discorrem sobre as necessidades da sua época. Portanto, é
importante compreender sua linha temporal e perceber como as HQs foram
impregnada na história não só pelas pessoas que a consomem, mas também pelos
produtores de quadrinhos.
Aqui será explanada a linha evolutiva dos quadrinhos entre escolas estilísticas
europeias, americanas, japonesas e brasileiras de modo breve para entender sua
história e seu marco de importância, como também mostradas as problemáticas de
um estúdio de quadrinhos.
Um dos pioneiros dos quadrinhos foi o escritor suíço Rudolph Topffer (1799-
1846) que inicialmente pretendia ser pintor e seguir os passos de seu pai, porém, por
problemas de visão, seguiu a carreira de escritor. Em 1837, Topffer fez uma série de
ilustrações no livro Annonce de L’Histoire de M.Jabot. Com isso foi criada Stories in
Etchings (Figura 1), ou, em tradução literal, “Historias em estampas”. A obra foi
predecessora dos quadrinhos modernos.
16
Vale lembrar, de acordo com Ribeiro e Cretaz (2017), e Briggs e Burke (2006),
que a popularidade da prensa de Gutenberg foi extremamente importante para esse
ponto da história, considerando o fato de que a mídia impressa se tornou um objeto
de massa, através de livros, revistas, jornais se tornaram acessíveis para a grande
população.
2
“No Brasil a tal ‘imprensa amarela’ ficou conhecida como ‘imprensa marrom’. Talvez porque o
subdesenvolvimento era tal que a tentativa de imprimir a riqueza do nosso amarelo se frustrou num
amarronzado de m(*)…” (MOYA, 1977, p36).
20
2
America for Americans - Doutrina Monroe, sob seu aspecto formal, pretendia postar a posição dos
EUA enquanto liderança continental capaz de garantir a soberania das nações latino-americanas frente
às potências europeias. Entre outros princípios, essa doutrina defendia que nenhuma nação americana
poderia ser recolonizada. Além disso, pautava a autonomia econômica dessas mesmas nações,
assinalando que a Europa não poderia interferir nos negócios estabelecidos pelas nações da América.
SOUSA (S.d).
21
Essa campanha massiva contra os quadrinhos tocou o Brasil nos anos 50, por
conta dos falsos conceitos moralistas. Professores e pais foram influenciados por essa
ideia e proibiram o consumo de quadrinhos pelas crianças. Por conta disso, ainda há
uma ressalva do consumo de quadrinhos no Brasil, conta Luyten (1987).
com o processo de criação transmídia juntamente com outras artes como o cinema.
Os grandes nomes desse núcleo são a própria Marvel e a DC.
4
Xilogravura ou xilografia: é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a
reprodução da imagem gravada sobre o papel ou outro suporte adequado. É um processo muito
parecido com um carimbo.
5
The first character of the word “manga” is often interpreted as “irresponsible” or “inconsequential,” so
the word is frequently translated as “irresponsible pictures.”
23
6
Mangá: Termo usado para revistas em quadrinhos. É comum entender que são histórias em
quadrinhos japonesas, mas na realidade é qualquer história em quadrinhos. Do mesmo modo que nos
Estados Unidos chamam os quadrinhos de Comics, os japoneses chamam quadrinhos de Mangá, não
importando o pais de origem da produção. Por convergência do público que consome quadrinhos, é
mais comum entender seja utilizado para histórias de origem japonesa.
24
cultura, queria conhecer e consumir o máximo possível. Luyten (1991) explica que
isso foi um caso de cultural enlightenment, ou literalmente iluminação cultural, onde
os japoneses começaram a absorver novas ideias de outras ideias de culturas
diferentes e uma delas foram os quadrinhos.
O movimento underground teve voz ativa no Japão, onde foi conhecido pelo
nome de akai hon, ou livros vermelhos. Tezuka também teve histórias publicadas pelo
movimento, confirma Luyten (1991). Com a prosperidade do Japão, as revistas do
movimento foram absorvidas aos poucos por grandes editoras, porém mantendo os
desenhistas independentes trabalhando para as editoras sem vinculação.
teatro de Takarazuka7. De acordo com McCartthy (2014), até sua morte em 1989,
Tezuka chegou a produzir mais de 700 títulos de mangá para adultos e filmes,
juntamente com animações de TV, romances, design e ilustração. Seu estilo de
desenho icônico continua por vários artistas e ele tem um legado de influência em
outras obras que surgiram posteriormente.
7
Takarazuka: Semelhante ao teatro Kabuki, onde todos os personagens são interpretados por homens,
independente do sexo do personagem. O teatro Takarazuka todos os atores em suas peças são
mulheres, independe do sexo do personagem escalado.
28
O Brasil teve momentos difíceis nas áreas artísticas nos anos 20 e 30. Em
1929 os quadrinhos no Brasil ganharam um novo foco de publicações pela revista
Gazeta Infantil. A revista publicava quadrinhos estrangeiros e nacionais e deu
oportunidade a desenhistas brasileiros enquanto publicava traduções dos syndicates.
Sua circulação só parou após 30 anos, em 1950.
Adolfo Aizen (1904-1991) depois de uma temporada nos Estados Unidos com
outros jornalistas brasileiros acabou descobrindo os suplementos dos jornais diários,
30
como fala Gonçalo (2004), e notou que o caderno que havia mais popularidade era do
infanto-juvenil, que trazia curiosidades, passatempos e histórias em quadrinhos.
Vegueiro (2017) e Moya (1977) afirmam que o mesmo trouxe essa ideia para o Brasil,
mas ela não foi muito bem aceita inicialmente. Muitos brasileiros acabaram
trabalhando com charges, pois a produção de quadrinhos brasileiros precisava de
grande investimento, diz Luyten (1987).
Até hoje é possível ver a Turma da Mônica (figura 16) em vários objetos sendo
vendidos no Brasil, tais como roupas, toalhas, brinquedos, alimentos, usando o
mesmo esquema de Walt Disney, induz o público a ver os produtos derivados dos
quadrinhos, expostos em prateleiras e vitrines, para associar com a série original.
Desse modo, Turma da Mônica combatia o concorrente estrangeiro com a mesma
estratégia.
32
O Brasil ganhou excelentes artistas e, nos anos 80, por conta da editora
Grafipar em Curitiba, os quadrinhos conseguiram se manter em publicação corrente.
Houve uma grande batalha pelo espaço do quadrinho no Brasil, luta pelo espaço de
venda e produção no mercado nacional junto com produtos estrangeiros. O assunto
até foi retomado em 1981, mas houve problemas de compreensão do que era um
quadrinho nacional, se seriam apenas quadrinhos produzidos no Brasil ou também
quadrinhos estrangeiros que tenham sido feitos no território nacional, como edições
de Mickey, Tio Patinhas, possivelmente consideradas brasileiras (LUYTEN, 1987).
Houve até uma união por meio da associação da classe de quadrinistas para tentar
um acordo para regulamentar a mesma. É importante prestigiar as produções
nacionais para expansão do mercado e o avanço das obras.
33
Toku (2015) fez uma entrevista a Masako Watanabe, uma das mais antigas
desenhistas de mangá ativa, com 67 anos de carreira. Masako Watanabe pode
desenhar em um intervalo de um mês aproximadamente 8 páginas coloridas
(consideraremos o tamanho tradicional japonês que pode ser proporcional a uma folha
A4 ou às dimensões de um B2), 16 páginas duplas coloridas, e mais de 100 páginas
do material serializado. Assim, apontando a carga horária extensa de um quadrinista
para cumprir prazos.
Ter poucas horas para ações básicas do ser humano não é saudável em longo
prazo, como por exemplo, a alimentação realizada em um intervalo de uma hora,
assim como visto na figura 17. A alimentação é um fator importante, a partir deste, é
possível inferir o questionamento acerca de uma alimentação saudável como por
exemplo, se há tempo para prepará-la, se há espaço específico para preparar uma
alimentação balanceada, entre outras questões que o ambiente proporcionaria ao
usuário. Não há dados ou relatos sobre esse tipo de informação referente aos estúdios
de quadrinhos.
8
Comic Con: Evento de Cultura Pop dos quadrinhos que surgiu nos Estados Unidos em 1970, evento
cresceu mundialmente e criou filiais em vários países. Sendo um dos maiores eventos do mundo da
temática de quadrinhos.
38
do evento, em 2018 a Artists’ Alley (ou Beco dos Artistas, como ficou conhecida no
Brasil) contou com 540 artistas nacionais e internacionais que produzem quadrinhos
e um público total de 262 mil pessoas. A área destinada aos desenhistas é chamada
de Artists’ Alley (Figura 20 e 21), onde é possível comprovar que o nicho de mercado
de pessoas que produzem quadrinhos é real e está em expansão. Os artistas vendem
seus produtos nesses espaços e são considerados como uma das atrações nesses
eventos.
3. ANALISANDO ESPAÇOS
O Studio Seasons foi criado em 1996, em São Paulo, e se originou com três
artistas: Montserrat, Sylvia Feer e Simone Beatriz. É um grupo que se divide em
trabalhos como dar aulas de desenhos e desenvolver quadrinhos autorais, ilustrações
e light novels.
O estúdio tem várias publicações nacionais de obras autorais, como também
adaptações de obras literárias brasileiras com abordagem lúdica para o público jovem.
9
Home Office – é um modelo de execução de trabalho cujo mesmo é realizado em casa, na residência
do usuário; não há distinção, a priori, do ambiente de trabalho ou comercial para o ambiente domiciliar.
42
Um exemplo disso é Helena, obra original escrita por Machado de Assis em 1876 que
ganhou versão em quadrinhos com o traço estilo mangá em 2014, publicado pela
revista New Pop.
A análise desse ambiente foi realizada online por meio de fotos
disponibilizadas por um dos artistas e informações coletadas por entrevista. Cada
desenhista tem seu estúdio de desenho individual em casa. O ambiente observado é
da integrante Montserrat que destacou que o mesmo fica na casa em que ela reside.
O espaço do estúdio contempla um dos cômodos de uma casa. Ele possui uma única
luz central; luminária direcionada à mesa de desenho; cadeira sem apoio para os
braços; e mesas de escritório adaptadas para a produção de desenho. O ambiente
também apresenta uma mesa em “L” que auxilia ao deslocamento do quadrinista de
maneira que ele tenha a sua disposição mais do material sem precisar se afastar da
própria mesa de trabalho (Figura 22).
de tempo. A mesa ainda concentra a maioria dos itens ao alcance de suas mãos para
auxiliar a produção, fazendo com que o usuário não necessite levantar da cadeira
várias vezes para alcançar as ferramentas para o desenho.
A cadeira não possui apoio para braços e apoio completo nas costas. Esse
tipo de assento é comumente usado em ambiente de escritório, porém ele não seria
ideal para uma longa escala de trabalho, fazendo com que o usuário sofra dores
principalmente nas costas, como foi relatado pela desenhista.
Não há muito espaço no ambiente para produção em longa escala ou seriada
como um processo fordista prevê, porém ainda assim é usado. Não foram obtidas
outras fotografias devido ao restante do espaço ser referente à área domiciliar da
quadrinista. A foto analisada apenas aponta um dos espaços do cômodo que é usado
exclusivamente para produção de quadrinhos.
10
Para mais informações, acessar < https://studiopbr.wordpress.com/ >.
45
A sala principal (Figura 27, 28) é onde são ministradas as aulas, reuniões e
também o ambiente no qual trabalham quando há produção. No ambiente, fazem uso
do espaço 15 alunos alternados entre o final de semana e a semana; e 2 professores;
além de 8 quadrinistas. A sala é composta de 2 mesas grandes (mesas dobráveis) e
8 cadeiras dobráveis onde não há um apoio adequado para a coluna. A iluminação é
apenas central, por um ponto de luz no centro da sala, não possuindo luz natural, pois
ela teve sua janela vedada por adesivos para evitar que a luminosidade externa
adentrasse sala. Contudo, ela ainda pode ser aberta.
Esse tipo de organização espacial foi utilizado para comportar o maior número
de pessoas durante aulas e reuniões (figura 30) e para que possam ter fácil acesso
aos materiais disponíveis na mesa ou dialogar entre si de modo mais fácil.
espaços que não foram projetados para tal. Contudo, ele ainda carece de alterações
para que esteja mais adequado às necessidades dos usuários.
O ambiente tem uma recepção central (figura 35), onde as 2 salas são
dispostas no entrono da recepção: a sala de desenho, onde são ministrados os cursos
de desenho e quadrinhos e a sala com computadores, onde são ministrados vários
cursos com mídia digital como; 3d, animação, edição de fotografia, edição de vídeo.
3.4 Entrevistas
Em contato com integrantes dos 3 estúdios analisados, é necessário destacar
as expectativas sobre a proposta das perguntas. Esperou-se que eles relatassem
problemas com a infraestrutura do ambiente no qual desenham; modificações
pessoais no ambiente; assim como problemas de dores corporais devido à longa
jornada de trabalho.
O questionário foi aplicado de modo online, pela ferramenta Google Forms, e
a mesma disponibiliza os gráficos de resposta. O questionário foi dividido em 4
seções, cada uma com um propósito particular:
57
Tendo a noção dos espaços citados para esse estudo, foi realizado um
questionário com 8 pessoas que produzem nesses espaços citados, podendo assim
conhecer profundamente os problemas e o cotidiano de seu trabalho. A média de
58
idade alcançada foi 32 anos e a maioria das pessoas que responderam o questionário
são de Maceió.
A segunda seção de informações obtidas foram referentes ao perfil dos
quadrinistas. O primeiro dado obtido pela entrevista foi referente às horas que os
desenhistas passam trabalhando. Foi possível ver dados de desenhistas que
produzem por volta de 12 horas por dia e outros, 2 horas por dia. Numa média geral,
foram obtidas 6 horas e meia por dia para a produção, reforçando mais uma vez a
necessidade de um ambiente planejado e ergonômico, por conta de uma escala de
trabalho com movimentos repetitivos, sem cuidados preventivos, associados a um
ambiente sem ergonomia adequada, podendo resultar em longo prazo em danos à
saúde de um desenhista. Por conta disso, atentamos para a importância da
ergonomia, já que a mesma é a ciência que vê a relação homem-trabalho atrelada ao
bem-estar do indivíduo, não se esquecendo da segurança e eficácia do ambiente
como afirma Costa (2005) apud Mendes e Ferreira (2003), e que pode ser alterada
através de intervenções no espaço promovidas pela arquitetura deste.
Grande maioria dos entrevistados trabalha no turno da noite (figura 42) e
possuem hábitos de horários relativamente comuns, diferente do que era esperado,
considerando-se que é comum imaginar que os desenhistas utilizem mais seu tempo
pela madrugada. O desenhista não é preso unicamente a apenas um horário de
desenho, podendo assim marcar mais de uma resposta para essa pergunta.
Outro ponto importante são os móveis utilizados para o ambiente (figura 46).
Foi questionado sobre a mobília presente no espaço e, como esperado, a grande
maioria utiliza mobília comum de escritório. Os itens de maior relevância foram à
cadeira e a mesa, presentes na maior parte dos espaços habitados pelos
entrevistados.
61
Móveis próprios para esse tipo de ambiente são essenciais, pois auxiliam a
longa escala de trabalho do desenhista, caso contrário, quem não utiliza pode
começar a sentir vários tipos de problemas no corpo pela escala de trabalho.
Considerando isso, foram investigados os problemas no corpo, destacando a região
na qual os entrevistados mais sentem dor pela a escala de produção (figura 47).
É notório que a maior reclamação vem de dor nas costas, que é um problema
pela posição incorreta do corpo e a necessidade de curvar-se próximo à mesa. Como
já mostrado na figura 44, apenas 3 dos 8 entrevistados tem acesso à uma mesa
reclinável para produção artística. Além disso, fotografias do interior dos estúdios
mostradas nas figuras 21, 26 e 35 possuem cadeiras que não fornecem total apoio à
coluna.
62
ESPAÇO
FLEXIBILIDADE CONFORTO ERGONOMIA Espaço para RESULTADOS
utilização de
Possibilidade de materiais
mudança Arquitetônica durante sua
produção
Studio
3 3 3 2 11
Seasons
Studio
Pau- 3 2 3 4 12
Brasil
Escola
2 1 3 2 7
Torus
3.6 Iluminação
Existe dois tipos de iluminação, natural e artificial, que auxilia a percepção
do ambiente. Se faz necessário ter atenção sobre a iluminação do espaço, já que de
acordo com Galvão (2018), luz e cores são componentes interligados e que juntos
podem interferir-se.
Há normas para a iluminação do trabalho e como devem ser executadas, e
a responsável por isso é a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 de 2013, que diz que:
Seu entorno possui fácil acesso e pode atender os vários próximos bairros:
Mangabeiras, Ponta Verde, Pajuçara, Farol, Cruz das Almas.
O bairro como um todo tem seu uso misto (comercial e residencial), porém a
rua que está situado tem o uso comercial como principal. Por ser alocado em frente a
uma das vias principais do bairro, é acessível por vários meios de transporte.
Foram escolhidas duas salas que ficam lado a lado no Edifício Square Park
Office. As salas são alocadas no sexto andar, números 623 e 625 (Figura 55). Cada
sala tem, individualmente, 43.11m², em conjunto somam 86.22 m², área escolhida
para a produção do anteprojeto.
exposição, entre outros), desse modo, não sendo possível comportar todas as
atividades do Studio de quadrinhos em apenas um espaço de 43.11 m², optou-se pela
união dos dois ambientes (Figura 56). O programa de necessidades é explicado
posteriormente.
As salas são de fácil acesso, como também próximas aos lavabos acessíveis
dispostos no andar, bem centralizadas próximas aos elevadores centrais do andar.
72
Existem alguns tipos de regras para artes sequenciais, embora estas não
sejam utilizadas em todos os casos de quadrinhos. Das utilizadas aqui, considera-se
a divisão em quatro etapas: apresentação, desenvolvimento, clímax e conclusão.
Seguindo esse ponto de vista, cada ambiente tem sua importância isoladamente, cada
quadro transmite a sua ideia e um determinado momento da história, sem se
sobreporem ou excederem os limites. O conjunto desses quadros e a compreensão
de sua linha narrativa compõem o conjunto da história.
Os ambientes configurados nesse sentido, seguem o mesmo conceito, em
que cada sala utilizada no projeto funciona isoladamente, mas os serviços
apresentados em cada um se complementam para otimizar o funcionamento do
estúdio como um todo.
73
Área total da
Ambientes Categoria Área
categoria
Recepção 3.44 m2
Exposição 7 m2
Social 27.95 m2
2
Espera 12.12 m
Descanso 5.39 m2
Administração e
Oficio 6.38 m2
Reunião 33.04 m2
Postos de
11.50 m2
Trabalho
Copa 15.24 m2
Serviço 1 m2
Serviço
Almoxarifado 2.36 m2 22.77 m2
Vestiário 1.76 m2
Banheiro 2.41 m2
4.1.4.1 Cadeira
Uma mesa com uma área útil de desenho que comporta até tamanho A111,
com 140cm de largura por 86cm de altura, em suas laterais dois apoios de 11cm por
90cm, para apoio de materiais utilizados durante a produção. O tampo da mesa é
inclinável, podendo chegar até 45º, dispondo de régua paralela. Possui também uma
gaveta de dimensão 40cm por 100cm para armazenamento de objetos que não
caibam nas laterais (a exemplo das folhas de desenho).
Pode ser feita de MDF barateando os custos de sua produção, e com uma
luminária embutida ajustável e gaveta (Figura 61).
11
Padrão de medida de papel internacional A1 equivale a 594 mm x 841 mm.
78
escritórios e salas de aula. Algumas luzes brancas são direcionadas para ressaltar as
obras expostas e as áreas de paredes com tinta para giz, assim como aquelas dos
postos de trabalho.
O primeiro cômodo ao entrar no ambiente é o de exposição e recepção, em
que há espaço para a exposição das obras dos estudantes, funcionários e produção
geral do estúdio. Há também uma pequena mesa de recepção com uma bancada alta
para atender os clientes. A parede é cinza, de estuco, para dar destaque às cores dos
quadros. Há um muxarabi vazado bronze que permite a visualização parcial do
cômodo seguinte. Ainda na extensão do mesmo ambiente, possui a sala de espera
com um sofá vermelho em arco e um puff de mesma cor. A menor parede na recepção
tem acabamento com tinta de giz que permite adicionar recados dos próprios
funcionários do estúdio. Uma das paredes adornada com escultura de personagem
de História em Quadrinhos (Homem de Ferro), condizendo com o conceito geral do
ambiente, assim como o símbolo de heróis conhecidos do universo geek para reforçar
o conceito (estante no formato do símbolo do Batman e o símbolo da Mulher
Maravilha).
A recepção é o ambiente de entrada e transmite o conceito esperado do
estúdio, voltado para a cultura pop do universo geek como um todo. A paleta de cores
escolhida foi com base em tons claros e neutros, como o cinza e o branco, que
reforçam não apenas a neutralidade, mas também são atualmente associados com
aspectos de tecnologia e inovação. O cinza também permite que as cores fortes se
destaquem e despertem o interesse dos usuários, tal como sua atenção na execução
das atividades. O vermelho é uma cor que inspira intensidade e energia, emoções
fortes e características recorrentes nos mais famosos heróis dos quadrinhos. (Figuras
63, 64, 65 e 66)
80
O ambiente seguinte trata-se de uma sala de aula que comporta seis alunos
com pranchas de desenho A3 inclináveis com régua paralela, cadeiras de escritório
giratórias, um quadro branco e uma parede de giz, estendendo a interação dos
funcionários para os alunos. A atividade de desenho demanda uma iluminação
82
adequada, portanto, na sala há dois pontos com luminárias de luz branca, acima de
6.000K, ideais para atividades em escritórios e salas de aula. A sala comporta o
número de até 6 alunos já que é o ideal de educandos que um professor pode
administrar simultaneamente. (Figura 67, 68).
5 CONCLUSÃO
saúde do usuário. Desse modo, trabalhou-se não apenas a disposição dos ambientes
do estúdio, mas também o mobiliário necessário para cada atividade (de desenho, de
aula, de reuniões, de recepção, de refeições, entre outros). O espaço escolhido com
uma área ampla garantiu atender às necessidades identificadas na pesquisa com o
público-alvo inicial, em que o estúdio surge não só como um local para desenhar e
produzir quadrinhos, mas para fazer negócios e tratar com clientes interessados nos
serviços, assim como ensinar os alunos interessados na arte.
A disposição dos cômodos no anteprojeto foi guiada pelo método de leitura
dos quadrinhos, transpondo também um conceito social engajado com a cultura nerd,
que pode ser identificado não apenas na disposição espacial da sala, mas nos
pequenos detalhes como as decorações de personagens conhecidos no mundo dos
quadrinhos, o uso de tintas especiais para desenho com giz na parede, o foco em
obras de alunos e professores, entre outros.
Unido à ergonomia física, tem-se os aspectos de ergonomia cognitiva, em que
houve o trabalho de cores e de aplicação de painéis personalizados a depender do
uso do cômodo. A iluminação foi trabalhada a partir da necessidade principal dos
desenhistas, com luzes brancas e que permitem o bom trabalho e saúde visual. Esse
aspecto foi transposto para todos os cômodos do estúdio.
Para complementar as atividades apresentadas, onde a principal é a de
desenho (seja por parte dos alunos ou dos funcionários), desenvolveu-se também
uma mesa para desenho, reclinável, projeto apresentado neste trabalho, que
possibilita o conforto do usuário e o acesso aos diversos tipos de materiais que o
desenhista necessita para a sua produção, com nichos específicos dentro da área de
alcance da mão.
Por fim, entende-se que o ambiente do estúdio como um todo foi pensado
para que os usuários tenham o melhor aproveitamento do ambiente, desde os
desenhistas profissionais em seu trabalho de produção de quadrinhos, aos alunos que
visam o mesmo ramo de trabalho, que possam emergir no crescente mercado editorial
de quadrinhos.
89
6 APÊNDICE
90
Questionário GUT
2. Ergonômico
( ) 1 Muito bom
( )2
( )3
( )4
( ) 5 Muito ruim
3. Conforto
( ) 1 Muito bom
( )2
( )3
( )4
( ) 5 Muito ruim
7 REFERÊNCIAS
ARANTES, Taís Turaça. GOMES, Nataniel dos Santos. Watchmen e a nona arte.
2014 Disponível em: « http://www.filologia.org.br/xviii_cnlf/cnlf/09/018.pdf » Acesso
em 02 de maio. de 2019
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