Você está na página 1de 337

ELOGIOS AO LIVRO

ORAÇÃO INTERCESSÓRIA

Oração Intercessória é um dos melhores livros que já li sobre o assunto em


mais de 30 anos na minha caminhada com Jesus. Quero encorajar
especificamente os jovens a lerem este livro fundamental e revolucionário
sobre oração.
Ché Ahn
Presidente da Harvest International Ministry
Pastor sênior da Harvest Rock

Oração Intercessória é elucidativo e motivador. Dutch Sheets lança uma luz


fascinante sobre um assunto considerado, muitas vezes, misterioso. Os
leitores vão querer orar mais e alcançarão mais resultados com suas orações.
Dr. Bill Bright
Fundador e presidente do ministério Campus Crusade for Christ International

Meu coração ficou inundado de emoção quando li Oração Intercessória. Que


bênção ter este manual instrutivo, inspirado por Deus e revelador dos
caminhos pelos quais Deus opera por intermédio do Seu povo! O Corpo de
Cristo enriquecerá em conhecimento e profundidade na intercessão, e estará
equipado para acertar o alvo na oração.
Bobbye Byerly
Ex-presidente nacional da organização norte-americana Aglow International

Oração Intercessória é ousado, visionário e nos tira de nossas zonas de


conforto. Leia-o, releia-o e depois fique de joelhos na certeza de que Deus vai
mover o céu e a terra através de você. Obrigada, Dutch, pela sua inspiração
em acreditar que Deus faz milagres e por observá-los acontecer. Estou
orando por um reavivamento em Hollywood, e sei que veremos Deus fazer
isso.
Karen Covell
Diretora fundadora da Hollywood Prayer Network
Produtora de tevê e autora de How to Talk About Jesus Without Freaking Out
e The Day I Met God
Se você procura um livro sobre oração, este é o melhor! As perspectivas
revigorantes de Dutch Sheets vão inspirar a sua fé, aprofundar o seu
entendimento e equipá-lo para cumprir o seu destino como um dos guerreiros
de oração de Deus.
Dick Eastman
Presidente internacional do ministério Every Home for Christ

Oração Intercessória tornou-se merecidamente um clássico popular. Este livro


envolvente e prático tem contribuído imensamente para o movimento de
oração na última década. Apesar de milhares de livros terem sido escritos
sobre oração, gosto de recomendar apenas quatro onde quer que eu vá:
Oração: Cartas a Malcolm, de C. S. Lewis; Oração: O Refúgio da Alma, de
Richard Foster; The Soul of Prayer (A alma da oração), de P. T. Forsythe; e o
livro que você tem em mãos. Que ele tenha o mesmo impacto na sua vida que
teve na minha.
Pete Greig
Cofundador do ministério 24-7 Prayer
Autor de God on Mute: Engaging the Silence of Unanswered Prayer

Dutch Sheets é um dos professores mais entusiasmados e animados que já


ouvi. Ele explica o que Deus sente com relação à oração de maneira clara,
concisa e poderosa. Dutch coloca a oração com impacto ao alcance de todos.
Recomendo enfaticamente a leitura deste livro.
Jane Hansen
Presidente da organização Aglow International

Cada cristão que ora e intercede deveria ler este livro! Oração Intercessória
irá revolucionar sua vida de oração. Ele contém uma profundidade de
revelação que não encontramos em nenhum outro livro sobre o tema.
Cindy Jacobs
Cofundadora do Generals International

Este livro é para aqueles que precisam de respostas de Deus, mas ainda não
as receberam. Por quê? Sheets explica de maneira bem clara a batalha da
oração e reforça a vitória do Calvário. Autoridade é a questão. A guerra e a
conquista nascem da adoração e da espera. Este livro mostra que a escolha é
nossa.
Freda Lindsay
Cofundadora e presidente da associação The Board Emeritus Christ for the
Nation

Poucas vezes na história um autor capturou o coração de Deus e criou um


clássico que irá afetar geração após geração. Dutch Sheets fez isso com
Oração Intercessória. Tive o privilégio de acompanhá-lo em uma viagem a
todos os cinquenta estados de nossa nação. O que ele escreve neste livro foi
demonstrado em cada um deles. Não conheço ninguém com essa paixão pela
intercessão como Dutch Sheets. Depois de ler este livro, você vai entender
como se posicionar, decretar e tornar-se um relâmpago de Deus na terra.
Chuck D. Pierce
Autor de God’s Unfolding Battle Plan

Dutch explica por que e como interceder em oração com eficácia de uma
maneira bíblica, prática, viável, engraçada e que honre a Deus. Você vai
querer usá-lo como livro de referência muitas vezes ao se aproximar cada vez
mais de Deus. Leia este livro de uma ponta a outra, sem parar!
Quin Sherrer
Autora de O Poder da Oração Vitoriosa

Sempre me surpreendo com a praticidade e a facilidade de entender a


Palavra de Deus quando ela é explicada por professores ungidos pelo Espírito
Santo. Creio que Deus inspirou as verdades partilhadas neste livro a fim de
liberar um exército de intercessores para trabalharem estratégica e
poderosamente com Deus neste momento. Recomendo enfaticamente o livro
a todos que queiram fazer a diferença para o Reino de Deus.
Willard Thiessen
Presidente da Trinity Television e apresentador do programa It’s a New Day
ORAÇÃO INTERCESSÓRIA
© 2012 Editora Luz às Nações
Copyright © 1996 por Dutch Sheets, todos os direitos reservados
Coordenação Editorial: Equipe Edilan
E-book: Equipe Edilan

Originalmente publicado nos Estados Unidos, sob o título Intercessory Prayer, de Dutch
Sheets, por Regal From Gospel Light, Ventura, Califórnia, Estados Unidos.
Publicado no Brasil por Editora Luz às Nações, Rua Rancharia, 62, parte — Itanhangá —
Rio de Janeiro, Brasil CEP: 22753-070. Tel. (21) 2490-2551 1ª edição brasileira: Agosto de
2012. Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida por qualquer forma, armazenada em
sistema de recuperação de dados, ou transmitida por qualquer forma ou meio — seja
eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro — sem a autorização prévia da editora.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da
Bíblia Sagrada Almeida Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, © Copyright
1993. Outras versões utilizadas: NVI (Nova Versão Internacional, Editora Vida), AA
(Almeida Atualizada, SBB) e ACF (Almeida Corrigida e Revista Fiel, Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil).

www.edilan.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

S545o
Sheets, Dutch
Oração intercessória: como Deus pode usar suas orações para mover o céu e
a terra /
Dutch Sheets; [tradução Idioma & Cia]. - 1.ed. - Rio de Janeiro : Luz às Nações,
2014.
1246Kb ; ePUB
Tradução de: Intercessory prayer: how God can use your prayers to move
heaven and earth Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-99858-59-2
1. Oração - Cristianismo.
2. Intercessão (Oração). I. Título.
CDD: 248.32
12-4515.
CDU: 27-534-2
À equipe Sheets: Ceci, minha esposa e melhor amiga; Sarah e Hannah,
nossas duas filhas preciosas. Com o apoio sincero e amoroso de vocês,
dedico este trabalho de amor a Jesus.
“Obrigado, Senhor, pelo preço que pagaste e a paixão que
ainda o motiva. Tu és o nosso Herói. Servi-lo e representá-lo
aqui na terra é divertido e uma grande honra. Esperamos ansiosos
por muitos mais momentos e dias maravilhosos contigo!”

Obs: “Esperamos que o Senhor goste do livro — nós o fizemos para o


Senhor!”
SUMÁRIO

Agradecimentos
Prefácio

CAPÍTULO UM
Eis a Questão...
A resposta certa começa com a pergunta certa.

CAPÍTULO DOIS
A Necessidade da Oração
Deus escolheu, desde o tempo da criação, trabalhar na Terra por meio dos
seres humanos, não independentemente deles.

CAPÍTULO TRÊS
Representando Jesus
A intercessão pode ser resumida em mediação, intermediação, rogar por
outros e representar uma parte diante de outra.

CAPÍTULO QUATRO
Encontros: os Bons, os Ruins e os Péssimos
Intercessores se encontram com Deus; também se encontram com os
poderes das trevas.

CAPÍTULO CINCO
De Rosto Colado
Ele encostou Sua face em lágrimas perto da nossa e “levou” sobre Ele o
castigo pelo nosso pecado.

CAPÍTULO SEIS
Proibido Ultrapassar
“Proibido jogar entulho, Satanás. Violadores serão processados.”
CAPÍTULO SETE
Borboletas, Camundongos, Elefantes e Alvos
O Espírito Santo dá poder à unção da borboleta para não confundirmos o
camundongo com o elefante.

CAPÍTULO OITO
Parto Sobrenatural
Há uma oração que gera e dá à luz filhos e filhas espirituais.

CAPÍTULO NOVE
Lutadores Profissionais
Entre no ringue e encare os poderes das trevas.

CAPÍTULO DEZ
O Homem Altíssimo
O pecado do orgulho, que Lúcifer passou aos humanos no Jardim do Éden, é
o que Satanás usa para cegar a humanidade.

CAPÍTULO ONZE
O Relâmpago de Deus
Deixamos o “Filho” brilhar pelo nosso intermédio, dirigindo Sua luz para as
situações, permitindo-lhe “acertar o alvo”.

CAPÍTULO DOZE
A Substância da Oração
Você precisa liberar regularmente o poder de Deus que tem em si.

CAPÍTULO TREZE
Ações que Falam e Palavras que Agem
Nossas palavras ou ações impactam o plano celestial, que por sua vez,
impactam o plano natural.

CAPÍTULO QUATORZE
A Unção da Sentinela
No mesmo grau em que ignorarmos nosso adversário, ele ganhará de nós,
fará com que sejamos sua presa e nos defraudará do que nos pertence.

Notas

Bibliografia
Sobre o autor
AGRADECIMENTOS

Obrigado...

A Jesus por existir e nos dar tanto sobre o que escrever.


A minha esposa Ceci e minhas filhas Sarah e Hannah, por
acreditarem em mim e abrirem mão da minha presença durante
essa empreitada. Eu as amo mais do que jamais poderão imaginar.
A minha secretária Joy Anderson. Obrigado pelas muitas horas
extras e o excelente trabalho de editoração.
A todos os demais integrantes da minha maravilhosa equipe: Bob,
David, Warren, Gerri, LeRoy e Linda, por fazerem todo o restante
enquanto eu “desaparecia” no livro.
Às muitas pessoas que ajudaram este livro nascer por meio de
suas orações. À igreja da qual sou pastor, Freedom Church, por me
ajudar nessa jornada com oração e apoio moral, por me permitir
desaparecer por algumas semanas e simplesmente por serem
ovelhas maravilhosas.
A Karen Kaufman, minha editora na Regal, pelas muitas horas de
trabalho diligente, tentando satisfazer este escritor principiante e
colocar o meu estilo informal dentro dos padrões gramaticalmente
formais. Obrigado por sua experiência, por entender o meu
raciocínio e me ajudar a aperfeiçoar ainda mais este livro.
PREFÁCIO

O movimento moderno de oração começou por volta de 1970. Na


verdade, ele já irradiava na Coreia algumas décadas antes disso,
mas foi na década de 1970 que começou a se espalhar no mundo
inteiro. Nos últimos anos, a expansão do movimento tem crescido
exponencialmente. A qualidade da oração tem aumentado
juntamente com a quantidade de orações. Chamas de oração têm
sido acesas em cada movimento de igreja em todos os continentes.
Os pastores têm dado mais prioridade à oração, as crianças têm
orado com fervor e eficácia, e movimentos e ministérios de oração
têm proliferado, seminários têm introduzido cursos sobre oração e
até mesmo revistas seculares têm publicado reportagens de capa
sobre o tema da oração.
Eu sou uma dessas pessoas que foi profundamente tocada pelo
movimento contemporâneo de oração. Durante grande parte da
minha carreira no ministério, a oração era algo chato para mim.
Bem, eu sabia que a Bíblia ensina que devemos orar e que Deus
responde à oração. Também sabia que a oração estava incluída
como parte do cotidiano dos cristãos e das famílias e igrejas cristãs.
Mas eu tinha tanto entusiasmo em participar de uma reunião de
oração como tinha por ir ao dentista. Agora não mais!
Foi a soberana mão de Deus que me levou ao que se tornaria um
envolvimento intenso com o movimento de oração, em 1987. Desde
então, tenho pesquisado diligentemente esse assunto. Desenvolvi
grandemente minha vida de oração. Ministrei palestras e cursos
durante seminários sobre oração. Ajudei a coordenar atividades de
oração para o A.D. 2000 Movement e já escrevi vários livros sobre o
assunto. Menciono isso aqui não para me exaltar como algum tipo
de gigante espiritual, que não sou, mas sim para apresentar
algumas credenciais que servirão de pequeníssima referência à
declaração que estou prestes a fazer.
Como estudioso experiente, aceitei a responsabilidade de fazer o
melhor que pudesse para me manter em dia com a literatura
relacionada à oração. Minha biblioteca pessoal inclui no momento
várias prateleiras de livros sobre oração, e a quantidade de livros
continua a crescer rapidamente. Olhando para essa seção da minha
biblioteca, que posso ver daqui de onde estou sentado no momento,
não vejo nenhum livro que se compare a este escrito pelo meu
querido amigo Dutch Sheets.
Sei que cada livro tem algo de singular. Mas Oração Intercessória
pertence a uma categoria própria. Em minha opinião, Dutch Sheets
nos deu, mais do que outros autores contemporâneos, o que
poderia ser considerada a teologia bíblica padrão para o movimento
de oração no mundo inteiro. Eu vibrei ao ler, página após página,
ensinamentos bíblicos sólidos sobre os muitos aspectos da oração.
E, ao fazer isso, fiquei agradavelmente surpreso ao me deparar com
conceito após conceito que até então eu não havia levado em
consideração. Li poucas coisas que acenderam mais luzes no
caminho do que Oração Intercessória. Certamente outros
concordam comigo, visto que o livro vendeu centenas de milhares
de exemplares.
Percebo que é perigoso classificar qualquer coisa como “teologia”.
Para muitos, ler teologia é tão interessante como assistir a uma
partida de boliche no gramado. Mas Dutch Sheets é um daqueles
teólogos que são comunicadores dinâmicos. Em vez de complicar o
simples, como alguns teólogos fazem, ele sabe simplificar o
complicado.
Domingo após domingo, o Pastor Dutch prega para centenas de
pessoas na Freedom Church, uma das igrejas mais dinâmicas de
Colorado Springs. Assim como faz em seus sermões, Dutch traz
cada ponto à vida por meio de histórias verídicas, algumas sobre
suas experiências e outras sobre experiências de terceiros. Cada
experiência mostra como Deus pode ser glorificado com as orações
de qualquer pessoa que crê.
Se você deseja um novo poder na sua vida de oração e em seu
grupo de oração, tem o manual que precisa nas mãos. Suas
orações serão muito mais poderosas, visto que terão mais conteúdo
e sustância. Você não precisará ler muito para perceber que está
absorvendo o ensinamento mais substancial sobre oração que
temos disponível hoje. Assim como eu, você vai agradecer a Deus e
a Dutch Sheets por este livro tão notável.

C. Peter Wagner
Apóstolo Presidente da International Coalition of Apostles
Capítulo Um

Eis a Questão...

JÁ NÃO HÁ MAIS ESPERANÇA

Eu sabia que iria orar por alguém que estava muito doente. O que
eu não sabia é que ela estava em coma, que tinha feito
traqueostomia para poder respirar, estava com um tubo para
alimentação no estômago, além do fato de estar nesse estado há
um ano e meio. Vê-la pela primeira vez foi como ir ao médico para
pegar uma receita médica e acabar passando por uma cirurgia
cerebral. Sua irmã, que me pedira a visita àquela jovem senhora,
não me contara toda a história por receio de que eu não quisesse
visitá-la. Ela sabia que se conseguisse me levar para a primeira
visita, eu provavelmente retornaria. E ela estava certa!
Os médicos não deram esperança de vida à Diana (vou utilizar um
nome fictício), nem sequer de sair do coma. Mesmo que ela
recuperasse a consciência, estaria destinada a vegetar em virtude
das graves lesões cerebrais que sofrera, pelo menos assim
acreditavam os médicos.
Você já esteve ao lado de alguém nesse estado pedindo a Deus
por um milagre? Estar diante da morte suplicando pela vida é um
ato intimidador. Ao mesmo tempo, pode nos ensinar muitas coisas:
coisas sobre a vida, sobre a morte, sobre nós mesmos e sobre o
nosso Deus, principalmente quando nos colocamos diante da
mesma pessoa sessenta ou setenta vezes, cada vez durante uma
hora ou mais, no decorrer de um ano.
CONFRONTANDO O INESPERADO
As coisas não aconteceram como eu esperava. Raramente as
coisas acontecem como esperamos na vida, não é mesmo?
Eu esperava que o Senhor curasse aquela mulher por meio da
oração de uma maneira teatral, fácil e rápida. Afinal de contas, era
assim que as coisas aconteciam com Jesus.

Eu não esperava investir de três a quatro horas da minha vida


todas as semanas durante um ano inteiro (incluindo o tempo de
deslocamento).
Não esperava humilhações e insultos por parte da equipe que
cuidava dela na casa de saúde.
Não esperava chorar tanto.
Não esperava ser tão ousado em certos momentos.
Não esperava me sentir tão intimidado em outros momentos.
Não esperava que fosse demorar tanto.
Não esperava que fosse aprender tanto com a situação!
O MILAGRE
Sim, Deus restaurou Diana! Ele curou seu cérebro; a membrana
exterior que os médicos disseram ter sido totalmente destruída por
um vírus. Cada parte do corpo dela estava coberta de infecção.
“Não há mais esperança”, disseram eles.
Na primeira página do jornal Diário de Dayton (nome fictício do
jornal e do local) lia-se: “Mulher acorda viva e saudável depois de
dois anos em coma.” Os médicos a chamaram de um “milagre da
medicina”. “Não sabemos como explicar”, disseram eles, embora
não admitissem dar a glória a Deus.
Tudo aconteceu em uma manhã de sábado quando ela estava
sozinha. No início daquela semana, Diana fora levada da casa de
saúde para um hospital a fim de receber tratamento para uma
infecção. Depois de fazer mais exames, os médicos afirmaram que
seu estado piorara e informaram à sua família que, provavelmente,
ela já não tinha muito tempo de vida.
Quando a irmã de Diana me passou essa informação, fui correndo
para o hospital.
Ciente de que muitas vezes as pessoas em coma conseguem
ouvir e compreender tudo que acontece ao seu redor, conversei
muito com ela. Como mais tarde ficamos sabendo, por causa das
lesões no cérebro, Diana não conseguia me ouvir. Mas naquela
quarta-feira, conversei com ela normalmente.
“Este pesadelo está quase acabando”, disse eu, com as lágrimas
escorrendo pelo meu rosto. “Nada pode nos impedir de receber
nosso milagre. Nada!”
Essa lembrança ficará para sempre gravada na minha mente. Ao
sair do hospital em prantos, lembro-me de repetir continuamente
para mim mesmo: “Nada pode nos impedir de receber nosso
milagre. Nada!”
Naquele momento, não se tratava apenas de uma forte esperança,
mas eu sentia uma forte fé. Várias vezes durante o curso daquele
último ano eu buscara a Deus para lhe perguntar se Ele realmente
tinha me enviado àquela jovem. Cada vez recebia dele a certeza:
“Sim, Eu o enviei. Não desista.”
O PODER DA PERSEVERANÇA
Ora, já fui acusado várias vezes de ser uma pessoa bastante
teimosa, e acho que isso é verdade. De fato, minha teimosia já me
causou muitos problemas, inclusive duas contusões bem graves
jogando futebol americano, por causa do tamanho e dos músculos
de alguns caras que acabaram sendo bem mais “teimosos” do que
eu.
Todavia, é fato que a teimosia pode ser canalizada em uma força
do bem chamada persistência ou perseverança. Aprendi que é um
dos atributos espirituais mais importantes na vida cristã. Charles
Spurgeon disse: “Por meio da perseverança a lesma chegou até a
arca.”1
Falta de persistência é uma das grandes causas da derrota,
especialmente quando se trata de oração. Não sabemos esperar
direito. Geralmente queremos que as coisas aconteçam conosco em
estilo micro-ondas. Deus, por outro lado, prefere marinar. Por isso,
eu persisti durante um ano, e foi assim que minha fé cresceu até eu
saber bem lá no fundo que íamos vencer. Meu lema se tornara
Gálatas 6:9: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
Minha persistência finalmente foi recompensada quando, três dias
depois daquela quarta-feira, naquele hospital, Diana acordou com o
cérebro totalmente restaurado. A notícia do milagre se espalhou
para outras nações. Foi um acontecimento tal, que a casa de saúde
em que ela estava recebeu pedidos da Europa querendo saber
sobre sua incrível recuperação.
Cada hora e cada lágrima que eu investira valeram a espera
quando vi Diana acordar e falar: “Glória a Deus!”
O que eu aprendi com aquela investida que durou um ano? Muita
coisa e algo mais! E ainda estou aprendendo.

Em uma carta intitulada The Last Days Newsletter, Leonard Ravenhill


nos conta sobre um grupo de turistas que visitava uma pitoresca vila e
deparara com um senhor idoso sentado ao lado de uma cerca. De um
jeito meio condescendente, um turista indagou: “Algum grande homem
já nasceu nesta vila?” O velho homem respondeu: “Não, apenas
bebês.”2

Aprendi que ninguém nasce um herói da oração. Somos


moldados, esculpidos e refinados nos campos de prática da vida.
Um avaliador de talentos de Hollywood disse sobre Fred Astaire,
um dos maiores cantores, dançarinos e atores de todos os tempos:
“Não consegue atuar. Não consegue cantar e dança um
pouquinho.”3 Tenho certeza de que Satanás já declarou seu
julgamento sobre mim em vários momentos de minha vida: “Não
sabe pregar. Não sabe liderar. Consegue orar um pouquinho.”
Graças a Deus por Sua graça, paciência e dedicação a mim. Na
minha vida, fui mais para frente do que fui para trás.
MUITAS PERGUNTAS
Por intermédio dessa e de outras jornadas de oração — de
fracassos e também de vitórias — e de centenas de horas de
estudo, concebi algumas reflexões que gostaria de compartilhar com
vocês. Acredito que elas irão responder a muitas perguntas, como,
por exemplo:

Será que a oração é realmente necessária? Se for, por quê?


Deus não é soberano? Será que isso não significa que Ele faz o
que deseja, quando quer? Se esse é o caso, então por que
orar?
Será que a vontade de Deus para um cristão é garantida
automaticamente ou está associada à oração e a outros
fatores?
Por que geralmente leva tanto tempo para responder a uma
oração? Por que é necessário ter perseverança? Jacó lutou
contra Deus. Será que é isso que devemos fazer em oração?
Não gosto da ideia de lutar contra Deus, e você?
E quanto a orar pelos perdidos? Como posso ser mais eficaz?
Fico um pouco frustrado tentando imaginar maneiras novas de
pedir a Deus para salvar as pessoas, e você? Eu achava que
Ele queria salvá-las. Então por que sinto que estou tentando
convencê-lo disso? Será que existe uma maneira melhor? Será
que devo pedir a salvação dessas pessoas vez após vez ou
apenas peço-lhe uma vez, e depois agradeço pela fé?
E quanto à guerra espiritual? Se Satanás está derrotado e
Cristo tem toda a autoridade, não deveríamos apenas nos
esquecer do diabo? Será que é Deus ou nós que amarramos e
impedimos o diabo?
Do que realmente se trata a oração intercessória? E não me
diga apenas que é “permanecer na brecha”. Chega de citações
religiosas e jargões espirituais. Sei que a ideia está na Bíblia,
mas do que realmente se trata?
E quanto à proteção divina? Será que tudo que acontece
comigo ou com a minha família foi simplesmente porque Deus
permitiu? Ou será que há coisas que devo fazer para garantir
nossa proteção?
Como cumprimos o versículo “levar as cargas uns dos outros”
(Gálatas 6:2)?
Existe um momento certo em que as orações são respondidas
ou será que o tempo depende de mim?

Está ficando cansado de todas essas perguntas? Eu estou —


então vou parar com elas. Talvez você esteja cansado até de fazer
essas perguntas para si mesmo. Eu estava. Muitas pessoas
pararam de se questionar sobre isso há muito tempo, e
provavelmente pararam de orar também.
Por favor, não faça isso!
Continue perguntando! Descobri que a resposta certa começa com
a pergunta certa. Também descobri que Deus não se ofende quando
lhe fazemos perguntas sinceras. Ele não vai satisfazer o cético e
não se agrada com a descrença, mas ama quem o busca de
maneira sincera e determinada. Aquele que tem falta de sabedoria e
pede a Deus por isso, não é repreendido por Ele (ver Tiago 1:5). Ele
é um bom Pai. Gostaria de fazer esta oração comigo?

Pai, precisamos de mais entendimento — não de mais conhecimento.


Temos tanto conhecimento agora que estamos ficando confusos. Sim, e
às vezes ficamos até mesmo cínicos devido a todo o nosso
conhecimento, que nem sempre funciona. Na verdade, Pai, nossas
Bíblias muitas vezes parecem contradizer nossas experiências.
Precisamos de algumas respostas. Precisamos de um casamento entre
a teologia e a experiência.
Histórias que ouvimos de outros grandes guerreiros de oração nos
encorajam — pessoas que oram, como Hydes, David Brainerd, Andrew
Murray e como o apóstolo Paulo. Mas, francamente, Senhor, é meio
frustrante quando nossas orações parecem não funcionar. E também
nos sentimos intimidados porque não sabemos se algum dia
conseguiremos orar durante duas ou três horas por dia, como fizeram
esses grandes homens de intercessão. Precisamos de mais do que
inspiração neste momento. Precisamos de respostas.
Então, como fizeram Seus discípulos, Senhor, nós lhe pedimos:
“Ensina-nos a orar.” Sabemos que muitas vezes isso requer trabalho
árduo, mas será que também não pode ser divertido? Sabemos que
haverá fracassos, mas que tal alguns sucessos a mais? Sabemos que
“andamos por fé e não por vista” (2 Coríntios 5:7), mas será que
poderíamos presenciar algumas vitórias a mais? Almas salvas? Curas?
Estamos cansados de esconder nossa ignorância em vestes de
obediência cega e chamar isso de espiritualidade. Estamos cansados de
exercícios religiosos que nos fazem sentir melhor por um tempo, mas
produzem pouco fruto duradouro. Estamos cansados de um tipo de
piedade e religiosidade sem poder.
Por favor, nos ajude. Em nome de Jesus, oramos. Amém.
Capítulo Dois

A Necessidade da Oração

PORQUE EU MANDEI FAZER ASSIM...

“Porque eu mandei fazer assim...”


Você não detesta quando essa é a razão que lhe é apresentada
para levá-lo a fazer algo? Não nos deixa apenas frustrados, mas
também destrói nossa motivação. Há uma diferença quando o
questionamento se origina de uma resistência, quando o porquê de
algo se origina na rebeldia. Mas quando alguém sinceramente não
compreende o porquê, receber esse tipo de resposta é muito
desanimador. Eu me lembro de levar uma reguada nos dedos da
mão quando fazia a simples pergunta:
— Por quê?
Vap!
— Porque eu disse que sim! Agora fique quieto e faça o que eu
disse.
Ainda desejo poder retribuir essa reguada dando um golpe com a
régua nos dedos da professora sem lhe explicar o porquê. (Não se
preocupem, em outro momento falaremos de perdão e de cura
interior.)
Nenhum de nós quer fazer algo apenas porque alguém lhe
mandou fazer. Ah, sei que Deus às vezes requer de nós coisas que
não compreendemos por completo, mas geralmente são
obediências ocasionais e questões que envolvem confiança nele —
Ele não espera que vivamos nossa vida assim regularmente. Não
somos robôs programados que nunca perguntam a razão das
coisas. Deus não pede que tenhamos uma mentalidade estreita: não
devemos ser fechados como se fôssemos uma ostra ou colocar a
cabeça na areia como um avestruz, cegos para a verdade, para as
questões, para os fatos.
POR QUE SERÁ?
Deus nos deu uma Bíblia cheia de respostas às perguntas e aos
porquês da vida. Estou interessado particularmente em uma
pergunta: por que orar? Não falo aqui no sentido de quando
precisamos de algo em nossa vida. É óbvio que pedimos porque
desejamos ou precisamos de algo. Mas falo da razão de orar dentro
do contexto da soberania de Deus.
Será que minhas orações importam tanto assim? Será que fazem
tanta diferença? Deus não vai cuidar das coisas do jeito que Ele
quer independentemente de tudo? A maioria das pessoas, mesmo
que subconscientemente, acredita nisso. A prova está na sua vida
de oração, ou na ausência dela.
Será que minhas orações mudam alguma coisa? Será que Deus
precisa delas ou será que apenas quer que eu ore? Alguns
argumentariam dizendo que um Deus onipotente não “precisa” de
nada, inclusive de nossas orações.
Será que a vontade de Deus na terra poderia não se realizar ou se
frustrar se eu não orar? Muitos me rotulariam de herege por ousar
levantar essa questão.
Mas essas e outras perguntas merecem respostas. Descobri que
compreender a razão de fazer algo pode ser uma força muito
motivadora. E o oposto também é verdadeiro.
Quando era criança, eu me perguntava por que a placa dizia “não
mergulhe no raso” naquela parte da piscina. Então, certo dia, bati a
cabeça no fundo. Não faço mais isso desde então.
Eu costumava me perguntar por que não podia tocar naquela luz
brilhante, linda e que se mexia no fogão. Acabei descobrindo a
razão.
Também queria saber por que um cara na minha frente dizia
“abaixar”, quando fazíamos trilhas pela floresta.
Pensava: Não quero me abaixar. Não tenho de me abaixar. E um
galho bateu na minha cabeça. Agora eu abaixo.
PRECISO SABER
Alguém disse: “Errar é humano, repetir o erro é estupidez.”
Certamente eu passei por isso algumas vezes, mas não nessas três
coisas que mencionei, porque agora eu sei o porquê! Todavia, não
estamos falando de machucados, queimaduras e arranhões neste
momento. Falamos de destinos eternos. Falamos sobre lares,
casamentos, bem-estar das pessoas que amamos, reavivamento
em nossas cidades — e a lista continua.
Quando Deus diz “ore”, quero saber se isso vai fazer diferença.
Não gosto de exercícios religiosos, e meu tempo é valioso — assim
como o seu tempo também é. Será que S. D. Gordon estava certo
ou errado quando afirmou: “Você pode fazer mais do que orar
depois de orar, mas não pode fazer mais do que orar até ter orado...
A oração é acertar o golpe final... servir é colher e acumular os
resultados.”1
Se Deus vai fazer algo independentemente de orarmos ou não,
então Ele não precisa que lhe peçamos e não precisamos de mais
um desperdício de tempo. Se tudo não passa do pressuposto de
que “será do jeito que será”, melhor nós tirarmos uma soneca e
deixar as coisas acontecerem.
Se, por outro lado, John Wesley estava certo quando disse: “Deus
não faz nada nesta terra que não seja em resposta à oração cheia
de fé”, então perderei um pouco de sono para poder orar. Mudarei
meu estilo de vida por causa disso. Desligarei a tevê e até perderei
uma refeição aqui ou ali.

Preciso saber se aquele cisto no ovário de minha esposa


desapareceu porque eu orei.
Preciso saber se não pereci naquele terremoto porque alguém
orou.
Preciso saber se Diana saiu do coma com o cérebro restaurado
porque nós oramos.
Preciso saber se minhas orações podem fazer a diferença entre
o céu e o inferno na vida de uma pessoa.
A ORAÇÃO É REALMENTE NECESSÁRIA?
A verdadeira pergunta é: será que um Deus soberano, Todo-
Poderoso, precisa da nossa participação ou não? A oração é
realmente necessária? Se ela é necessária, por quê? Acredito que
seja necessária. Nossas orações podem causar reavivamento.
Podem gerar cura. Podemos mudar uma nação. Fortalezas podem
ruir quando e porque oramos. Concordo com E. M. Bounds quando
disse:

Deus molda o mundo por intermédio da oração. Quanto mais oração


houver no mundo, melhor o mundo será, e mais poderosas as forças
contra o mal... As orações dos santos de Deus são o capital de
investimento do céu, por meio do qual Deus realiza Sua grande obra
sobre a terra. Deus condiciona a própria vivacidade e prosperidade de
Sua causa à oração.2

Concordo em gênero e número — e quero compartilhar com vocês


porque acredito nessa afirmação. Se você concordar comigo, vai
orar mais. E provavelmente também orará com mais fé.
O PLANO ORIGINAL DE DEUS
A resposta à pergunta sobre por que a oração é necessária está no
plano original de Deus quando criou Adão.
Costumava imaginar que Adão era alguém impressionante. Como
diriam os mais jovens, agora sei que ele era “de tirar o fôlego”,
“maneiro”. (Para aqueles que têm adolescentes ou crianças em
casa, esses termos já são mais conhecidos.)
O nome Adão significa “homem; ser humano”.3 Em outras
palavras, Deus fez o homem e o chamou de “Homem”. Ele fez um
humano e o chamou de “Humano”. Ele fez um adão e o chamou de
“Adão”. Na verdade, muitas vezes quando a Bíblia usa o termo
“homem”, a palavra original em hebraico é adão. Menciono esse
detalhe aqui só para dizer que Adão representa todos nós. A
intenção e o plano que Deus tinha para Adão, tinha para toda a raça
humana.
Qual era a intenção de Deus? Inicialmente, Ele deu a Adão e Eva,
e a seus descendentes, domínio sobre toda a terra e toda a criação,
conforme vemos em Gênesis 1:26-28.

Também disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a


nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre
todos os répteis que rastejam pela terra.”
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede
fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os
peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja
pela terra.”

Também encontramos algo parecido em Salmos 8:3-8.

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as


estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres, e o
filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco,
menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio
sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e
bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os
peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.
ADÃO, O REPRESENTANTE DE DEUS NA TERRA
A palavra hebraica mashal, traduzida como “domínio” ou “dominar”
no versículo 6 da passagem anterior, indica que Adão (e
eventualmente seus descendentes) era o gerente de Deus aqui na
terra, o administrador ou governante de Deus. Adão era o mediador
de Deus, Seu intermediário ou representante.
O Salmo 115:16 também confirma isso: “Os mais altos céus
pertencem ao Senhor, mas a terra Ele a confiou ao homem” (NVI,
grifo do autor). Essa tradução comunica com mais precisão o
significado da palavra hebraica nathan, frequentemente traduzida
como “deu” nesse versículo. Deus não doou ou entregou a
propriedade da terra, mas Ele a confiou a ele, designando a
responsabilidade de governá-la à humanidade.
Gênesis 2:15 diz: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o
colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” A Palavra
“guardar” é tradução da palavra hebraica shamar, que significa
“cuidar ou proteger”.4 É a principal palavra usada para vigia ou
sentinela na Bíblia. Adão era literalmente o vigia ou o guarda da
terra.
Nenhum aluno dedicado da Bíblia argumentaria contra o fato de
Adão ser o representante de Deus aqui. Mas qual será o verdadeiro
significado de representar alguém? O dicionário Webster define
“representação” como “fazer ou tornar presente” ou “apresentar
novamente”.5 Outra maneira de definir seria “estar no lugar de”
alguém, “substituir”. Por exemplo, eu tenho a honra de representar
Cristo ao redor do mundo com frequência. Espero poder torná-lo
presente ao falar em Seu nome.
O mesmo dicionário também nos oferece estas definições: “ser a
imagem ou reprodução de; falar ou agir com autoridade no lugar de
alguém; ser um substituto ou estar no lugar de alguém.”6 Isso não
soa muito semelhante ao que Deus disse a Adão?
Devemos mencionar que não é pouca coisa representar Deus.
Portanto, para ajudar a nós, humanos, a desempenhar essa tarefa
de maneira mais adequada, Deus nos fez tão parecidos com Ele
próprio que chegava a confundir, a parecer uma ilusão. “Criou Deus,
pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou” (Gênesis 1:27). A palavra usada em hebraico e
traduzida como “imagem” é tselem, que engloba o conceito de uma
sombra, um fantasma ou uma ilusão.7
Uma ilusão é algo que você acha que vê, mas ao observar mais
de perto, descobre que seus olhos o enganaram. Quando o restante
da criação viu Adão, deve ter dado uma segunda olhada,
provavelmente pensando algo do tipo: Por um momento achei que
era Deus, mas era só o Adão. O que vocês acham? Que grande
representação, não é mesmo? E isso também é teologia da pesada!
Também aprendemos que Adão era semelhante ou comparável a
Deus. A palavra hebraica demuwth, traduzida como “semelhança”
em Gênesis 1:26, deriva do radical damah, que significa
“comparar”.8 Adão era muito parecido com Deus, ou semelhante a
Deus!
O Salmo 8:5 diz que os seres humanos foram feitos “por um
pouco, menor do que Deus”. Deus até nos deu a capacidade de
criar espíritos eternos, algo que Ele não confiou a nenhuma outra
criatura! Mais tarde, o mesmo versículo nos diz que a humanidade
foi coroada com a própria glória de Deus.
Falando em teologia da pesada, a definição da palavra hebraica
kabod, traduzida como “glória”, literalmente significa “de peso ou
importante”!9 Obviamente a definição está associada ao conceito de
autoridade. Ainda usamos essa representação hoje em dia quando
nos referimos a alguém “de peso”. Adão carregava esse peso sobre
a terra. Não sei quantos quilos ele tinha, mas ele era alguém de
peso. Ele era a autoridade máxima como representante de Deus!
Ele estava encarregado de tudo, no comando!
A palavra grega para “glória”, doxa, também nos revela muito. Ela
engloba o conceito de reconhecimento. Para ser mais preciso, é
aquilo que faz com que algo ou alguém seja reconhecido pelo que
ou quem realmente é.10 Quando lemos na Bíblia que a humanidade
é a glória de Deus (ver 1 Coríntios 11:7), ela nos diz que Deus era
reconhecível nos humanos. Por quê? Para que os homens
pudessem representá-lo adequadamente. Ao contemplar a Adão, a
humanidade deveria enxergar Deus. E isso aconteceu! Isto é, até
que Adão pecou e caiu da glória de Deus. Deus não é mais
reconhecível na humanidade que caiu com o pecado. Devemos
voltar a nos tornar imagem de Deus “de glória em glória” (2 Coríntios
3:18) para que se realize novamente esse reconhecimento de Deus
em nós.
Meu objetivo não é impressioná-lo nem deixá-lo perplexo com
tantas definições, mas sim alargar sua compreensão do plano de
Deus para a humanidade durante a Criação. Portanto, vamos fazer
um resumo do que foi dito usando uma compilação dos versículos
mencionados anteriormente e das definições.

Adão era comparável ou semelhante a Deus — tão parecido com Deus


que chegava a parecer uma imagem ilusória. Deus era reconhecível em
Adão, o que significa que Adão era alguém “de peso” aqui na terra. Adão
representava Deus, representando Sua vontade na terra. Adão era o
governador ou gerente de Deus aqui. A terra era a incumbência de Adão
— estava sob os cuidados e a autoridade dele. Adão era seu sentinela
ou guardião. O desenrolar das coisas no planeta Terra, para melhor ou
para pior, dependia de Adão e de sua descendência.

Por favor, reflitam sobre isso. Se a terra permanecesse um


paraíso, seria por causa da humanidade. Se as coisas se tornassem
uma bagunça, seria por causa da humanidade. A humanidade
estava realmente no comando!
Por que Deus faria as coisas dessa maneira? Por que Ele se
arriscaria tanto? Considerando o que sei sobre Deus e a Bíblia, e do
meu caminhar pessoal com Ele, chego apenas a uma conclusão:
Deus queria uma família — filhos e filhas, que pudessem se
relacionar pessoalmente a Ele e vice-versa. Então Ele criou nossos
pais originais semelhantes a Ele próprio. Ele colocou a própria vida
e o próprio Espírito neles, lhes deu um lar maravilhoso cheio de
lindos animais, sentou-se e disse: “Isto é bom.” Diariamente Ele
comungava com eles, andava com eles, lhes ensinava sobre si
mesmo e seu lar. Ele disse: “Dê-me netos e netas.” Deus era um pai
agora, e estava felicíssimo!
É claro que tudo isso é uma paráfrase criada por mim, mas minha
analogia não muda muito o que a Bíblia diz — e ela está nos
levando à conclusão sobre a necessidade da oração.
A PALAVRA DE DEUS ATRAVÉS DAS ORAÇÕES DO SEU POVO
Vamos entender melhor essa conclusão sobre a necessidade da
oração. Já que estamos falando de coisas fortes e “de peso”, como
coroas de glória, ilusões e pessoas criando coisas eternas, vocês
acham que o assunto é “da pesada”? A autoridade de Adão era tão
completa e final sobre a terra, que ele, não apenas Deus, tinha a
capacidade de entregá-la aos cuidados de outro! Escutem as
palavras de Satanás em Lucas 4:6,7, quando tentava Jesus: “Disse-
lhe o diabo: ‘Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos,
porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. Portanto, se
prostrado me adorares, toda será tua’” (grifo do autor).
A parte em que é mencionada que a autoridade lhe fora entregue
era verdadeira e Jesus sabia disso. Ele até chamou Satanás de
“príncipe deste mundo” em três ocasiões nos Evangelhos (ver João
12:31; 14:30; 16:11).
E aqui vem a afirmação “da pesada” número dois: a decisão de
Deus em fazer as coisas na Terra por intermédio dos seres
humanos era tão completa e final, que custou a Deus a Sua
Encarnação para recuperar o que Adão entregara de mão beijada.
Em outras palavras, Ele teve de se tornar parte da raça humana.
Não consigo imaginar uma verdade mais assombrosa. Certamente
nada poderia ser uma prova mais completa da seriedade dessa
decisão de Deus em operar apenas “por intermédio dos seres
humanos”. Sem dúvida alguma, era para o homem ser para sempre
o elo de Deus da autoridade e da atividade sobre a terra.
Acredito que temos aqui a razão para a necessidade de orarmos.
Deus escolheu, desde o tempo da Criação, trabalhar sobre a Terra
através dos humanos, não independentemente deles. Ele sempre
atuou assim, e sempre atuará, mesmo ao custo de se tornar um
humano como nós. Embora Deus seja soberano e Todo-Poderoso, a
Bíblia nos diz claramente que Ele limitou-se com relação às
questões terrenas a operar por intermédio dos seres humanos.
Será que essa é a razão para a terra estar na bagunça que está?
Não é porque Deus quer que esteja assim, mas é por causa de Sua
necessidade de trabalhar e operar a Sua vontade por intermédio das
pessoas.
Não é esta a história que encontramos na Bíblia:

Deus e os humanos trabalhando juntos, seja para melhor ou


para pior?
Deus precisando de homens e mulheres fiéis?
Deus precisando de uma raça por meio da qual trabalhar?
Deus precisando de profetas?
Deus precisando de juízes?
Deus precisando de um messias humano?
Deus precisando de mãos humanas para curar, vozes humanas
para falar e pés humanos para ir?

Não é verdade que Ele precisa que nós peçamos que venha o Seu
Reino e seja feita a Sua vontade (ver Mateus 6:10)? Certamente,
Ele não iria querer que nós desperdiçássemos tempo pedindo algo
que estivesse destinado a acontecer de qualquer jeito.
Não é verdade que Ele nos disse para pedirmos nosso pão de
cada dia (ver Mateus 6:11)? Todavia, Ele conhece nossas
necessidades antes de nós lhe pedirmos.
Não é verdade que Ele nos pediu para clamar por trabalhadores
que fossem enviados à seara (ver Mateus 9:38)? Mas não é o
Senhor da seara que deseja mais isso do que nós?
Não é verdade que Paulo disse: “Ore por nós, para que a Palavra
do Senhor seja rapidamente propagada e glorificada” (2
Tessalonicenses 3:1)? Deus já não estava planejando fazer isso?
Não seriam essas coisas a vontade de Deus? Por que, então, eu
deveria pedir-lhe algo que Ele já quer fazer? Será que a razão e a
resposta para isso não está no fato de que, ao pedir, de alguma
maneira eu libero Deus para agir? Vamos dar uma breve olhada em
mais três passagens bíblicas que apoiam esse pensamento.

AS ORAÇÕES FERVOROSAS DE ELIAS


Em 1 Reis 18, encontramos a história em que Deus precisa e usa
uma pessoa para realizar a Sua vontade por meio da oração: o
relato de Elias orando por chuva depois de três anos de seca. Tiago
5:17,18 também menciona essa ocasião, e ele nos relata que as
orações de Elias não apenas trouxeram a chuva, mas também
impediram a chuva de cair três anos antes disso. Sabemos que
estamos encrencados quando os profetas começam a orar por
aridez!
No primeiro versículo de 1 Reis 18, depois de três anos de
julgamento, Deus falou a Elias e disse: “Vai, apresenta-te a Acabe,
porque darei chuva sobre a terra.” Então, no final daquele capítulo,
depois de acontecerem vários outros eventos, Elias ora sete vezes e
finalmente a chuva cai.
De acordo com a afirmação do primeiro versículo, de quem foi a
ideia de enviar chuva? De quem foi a vontade? De quem foi a
iniciativa? Resposta: de Deus, não de Elias.
Se eram a vontade, a ideia e o tempo de Deus, então por que foi
necessária uma oração humana para acontecer “o parto” daquela
chuva? (Elias estava na posição em que uma mulher ficava para dar
à luz naquela cultura, simbolizando o conceito da oração
intercessória como dores de parto.)
Por que Elias teve de pedir sete vezes? Sete é o número bíblico
da finalização, da conclusão. Tenho certeza de que Deus estava nos
ensinando que devemos orar até a tarefa ser concluída. Mas por
que essa ou qualquer outra investida de oração requereriam
perseverança, quando se tratava da vontade, da ideia e do tempo
de Deus?
E finalmente, será que as orações de Elias produziram a chuva, ou
foi apenas coincidência ele estar orando quando Deus a enviou?
Tiago nos esclarece a resposta para essa última pergunta. Sim, “a
oração eficaz e fervorosa” feita por esse homem parou a chuva e a
trouxe de volta:

Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor
para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre
a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu
fruto (Tiago 5:17,18, NVI).

A única resposta lógica à pergunta por que Elias precisava orar?, é


simplesmente: Deus escolheu trabalhar por intermédio das pessoas.
Mesmo quando é o próprio Senhor iniciando algo, desejando muito
fazer algo, Ele ainda precisa dos nossos pedidos. Andrew Murray
fala sucintamente de como é necessário pedirmos: “Deus dá por
intermédio de uma conexão inseparável do nosso pedir... Somente
com a intercessão esse poder pode ser sugado do céu, o que
permitirá à igreja conquistar o mundo.” 11
No que se refere à necessidade de Elias perseverar em oração,
não quero comentar extensivamente sobre esse assunto no
momento. Por agora, basta dizer que acredito que nossas orações
fazem mais do que apenas pedir ao Pai. Estou convencido de que,
em algumas situações, elas liberam quantidades cumulativas do
poder de Deus até ter sido liberado o suficiente para realizar Sua
vontade.

DANIEL, UM HOMEM DE ORAÇÃO


Outro exemplo que apoia nossa premissa da necessidade absoluta
de orar está na vida de Daniel. No ano 606 a.C., Israel fora levado
cativo por outra nação em virtude do seu pecado. Vários anos
depois, no capítulo 9 do livro de Daniel, percebemos que, ao ler o
profeta Jeremias, Daniel descobriu que era hora de terminar o
cativeiro de Israel. Jeremias não havia apenas profetizado o
cativeiro do qual Daniel era parte, mas ele também profetizou
quanto tempo duraria: setenta anos.
A essa altura Daniel fez algo muito diferente do que a maioria de
nós faria. Quando recebemos uma promessa de reavivamento,
libertação, cura, restauração, etc., nossa tendência é esperar seu
cumprimento passivamente. Mas não Daniel. Ele sabia mais do que
isso. De alguma maneira ele deve ter ficado sabendo que Deus
precisava da sua participação, porque disse: “Voltei o rosto ao
Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum,
pano de saco e cinza” (Daniel 9:3).
Nenhum versículo em Daniel, como acontece com Elias, diz
especificamente que Israel foi restaurado por causa das orações de
Daniel, mas com a ênfase que foi dada a eles, a implicação
certamente está presente. Nós sabemos que o anjo Gabriel foi
imediatamente despachado depois que Daniel começou a orar.
Contudo, ele levou 21 dias para penetrar na guerra dos céus, e
chegar com a mensagem para informar Daniel que “suas palavras
foram ouvidas, e eu vim em resposta a elas” (Daniel 10:12, NVI). É
difícil não se perguntar quantas promessas de Deus não se
cumpriram porque Deus não consegue fazer com que o homem se
envolva da maneira como Ele precisa. Paul E. Billheimer nos diz:

Obviamente Daniel entendia que a intercessão tinha um papel a


desempenhar no cumprimento da profecia. Deus dera a profecia.
Quando chegou a hora de ela ser cumprida, Ele não a cumpriu
arbitrariamente, fora do Seu programa de oração. Ele buscou um
homem em cujo coração poderia colocar o desejo e a preocupação da
intercessão. [...] Como sempre, Deus tomou a decisão no céu. Um
homem foi chamado para fazer cumprir Sua decisão na Terra por meio
da intercessão e da fé.12
DEUS PRECISA DAS NOSSAS ORAÇÕES
Há outra passagem bíblica que sustenta fortemente nosso
argumento de que Deus precisa das nossas orações, mesmo que
Sua existência e Seu caráter sejam completamente independentes
de qualquer coisa criada (ver Atos 17:24,25), e mesmo que Ele já
tenha todos os recursos em Suas mãos (ver Jó 41:11; Salmos
50:10-12):

Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na


brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse;
mas a ninguém achei. Por isso, eu derramei sobre eles a minha
indignação, com o fogo do meu furor os consumi; fiz cair-lhes sobre a
cabeça o castigo do seu procedimento, diz o Senhor Deus (Ezequiel
22:30,31).

Esse versículo encerra proposições impressionantes. A santidade,


a integridade e a verdade sem concessões de Deus impedem que
Ele apenas isente ou justifique o pecado. O pecado precisa ser
julgado. Por outro lado, Ele não é apenas santo, mas também é
amor, e Seu amor sempre deseja redimir, restaurar e demonstrar
misericórdia. A Bíblia nos diz que Deus não tem prazer na morte do
ímpio (ver Ezequiel 33:11).
Esta passagem nos diz claramente: “Enquanto a minha justiça
exige julgamento, meu amor deseja o perdão. Tivesse eu
encontrado um humano que me pedisse para poupar este povo, Eu
o teria feito. Teria me permitido demonstrar misericórdia. Contudo,
como não encontrei ninguém, tive que destruí-los.”
Assim como vocês, não gosto das coisas que essa passagem nos
sugere. Não quero essa responsabilidade. Não gosto de considerar
todas as abrangências de um Deus que, de alguma maneira, se
limitou a nós, humanos desta terra. Mas, em vista dessas e de
outras passagens, bem como da condição do mundo, não consigo
chegar a nenhuma outra conclusão.
Ou Deus quer a terra nesta condição ou não quer. Se Ele não quer
isso, o que certamente é o caso, então devemos concluir uma
dentre duas opções. Ou Ele não tem poder para fazer algo a
respeito, ou Ele precisa e está esperando algum tipo de atitude
nossa para operar a mudança. Peter Wagner concorda com isso
quando diz:

Devemos entender que nosso Deus soberano, segundo as próprias


razões, planejou este mundo de tal modo que, muito do que é
verdadeiramente Sua vontade depende das atitudes e das ações dos
seres humanos. Ele permite que os humanos tomem decisões que
podem influenciar a história. [...] A inatividade humana não anula a
expiação, mas a inatividade humana pode torná-la ineficaz para as
pessoas perdidas. 13

Essa verdade poderia nos intimidar com a responsabilidade


insinuada por ela, ou até mesmo nos condenar em razão de nossa
falta de oração. Mas existe também outra possibilidade. Uma
responsabilidade pode também ser um privilégio; uma
responsabilidade pode ser algo do qual desfrutamos. Se
permitirmos, essa revelação pode elevar nosso coração a novas
posições de dignidade, junto ao nosso Pai celeste e ao Senhor
Jesus. Jack Hayford disse: “A oração é essencialmente uma
parceria do filho redimido de Deus trabalhando de mãos dadas com
seu Deus em direção à realização dos propósitos redentores de
Deus na terra.”14
Vamos estar prontos para enfrentar esse desafio, abraçando o
maravilhoso convite de sermos colaboradores de Deus, de sermos
parceiros com Ele, de sermos vasos do Seu magnífico Espírito
Santo e embaixadores do Seu grande Reino. Vamos representá-lo!
Senhor, desperta-nos para abraçarmos o nosso destino!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Qual o grau de domínio que Adão (e a humanidade) exercia


sobre a terra? Você consegue explicar como isso se relaciona à
necessidade de orarmos para que Deus possa trabalhar?
O que Deus queria dizer ao afirmar que fomos feitos à sua
imagem e semelhança?
Como a história de Elias ao orar por chuva (ver 1 Reis 18)
reforça nossa afirmação de que Deus trabalha por intermédio
da oração? E quanto à oração de Daniel para a restauração de
Israel?
Qual o significado original (a raiz) da palavra “glória”? Como
isso se relaciona à oração e à representação?
O que você acha do conceito de ser um parceiro de Deus?
Capítulo Três

Representando Jesus

À PROCURA DE RESPOSTAS

Quando não sabemos o que estamos procurando, provavelmente


nunca encontraremos nada. Quando não sabemos o que estamos
fazendo, provavelmente não realizaremos um bom trabalho.
Eu me lembro de uma aula de inglês durante o Ensino Médio.
Nunca fui muito bom em inglês — ficava ocupado demais fazendo
coisas importantes como jogar futebol americano e corridas. Era
uma sexta-feira à tarde e tínhamos um grande jogo naquela noite.
Dá para imaginar onde andava minha cabeça.
Depois de marcar o gol e me deleitar com os gritos
ensurdecedores da multidão, minha mente foi gradualmente
voltando para minha aula de inglês. A professora falava algo sobre
um “particípio do presente”.
Bem, eu não fazia a menor ideia do que era um particípio, mas
não me soava algo muito bom. E sabia que, pelo fato de ser
“presente”, poderia significar duas coisas: ou era uma situação do
momento ou algo presente na sala de aula.
“Dutch”, disse minha professora, provavelmente percebendo que
eu estava com a cabeça nas nuvens, “pode achar o particípio
presente para nós?”
Não sabia se olhava para o chão, para o teto ou para fora da
janela. Tentando parecer o mais inocente, inteligente e participativo
possível, fiquei olhando ao redor da sala durante alguns segundos
antes de responder: “Não, senhora, não vejo este tal particípio em
nenhum lugar. Mas não se preocupe, tenho certeza de que ele
aparecerá em algum lugar.”
Nunca descobri qual era aquele particípio presente, mas não
deveria ter sido algo tão ruim ou sério como eu pensava, porque
quando eu disse aquilo, todos riram. Fiquei aliviado, dei um
pouquinho de paz para uma professora obviamente atribulada, e
consegui me safar de uma situação potencialmente constrangedora.
Mas, afinal de contas, o que é intercessão?
Não, não é o que você provavelmente pensou.
Sei que você respondeu “oração” ou algo semelhante. Mas em
termos técnicos, intercessão não é de modo algum oração. A oração
de intercessão é oração. Mas a intercessão é algo que alguém
realiza, que pode também ser realizado em oração. Essa explicação
é tão confusa quanto o particípio presente, não é?
Pense da seguinte maneira: concordar não é orar, mas existe um
tipo de oração em que concordamos juntos sobre o que clamar em
oração. A fé não é oração, mas existe a oração da fé. Da mesma
maneira que uma pessoa não pode orar intencionalmente uma
oração concordando com algo até entender com o que se está
concordando, uma pessoa não será muito eficaz na oração de
intercessão até entender o conceito de intercessão.
Você ainda está me acompanhando?
Antes de definirmos intercessão — para que possamos chegar à
definição de oração intercessória — vamos não apenas definir
literalmente o sentido da palavra, mas também em contexto com: (1)
o plano de Deus para a humanidade no momento da Criação, (2)
como esse plano foi rompido e caiu por terra com a Queda, e (3) a
solução de Deus. Em outras palavras, veremos o conceito de
intercessão dentro desses referenciais, permitindo que nos ajudem
a chegar à definição. Isso cumprirá três propósitos:

Ajudará você, leitor, a compreender o conceito de intercessão


para que possa entender o que é a oração intercessória.
Permitirá que você veja o papel de Cristo como o próprio
intercessor. (Nossa oração de intercessão sempre será apenas
e unicamente uma extensão do trabalho de intercessão feito por
Ele. Esse é um ponto fundamental e se tornará mais claro
conforme prosseguirmos.)
Com esse tipo de conhecimento, você se tornará a pessoa mais
espiritual do seu grupo de oração!
DEFININDO A INTERCESSÃO
Em primeiro lugar, vamos dar uma olhada no conceito literal de
intercessão; depois pensaremos sobre o termo em contexto com a
Queda do homem.
Segundo o dicionário Webster, “interceder” significa “vir ou colocar-
se entre; agir entre partes com intenção de reconciliar os que
divergem ou contendem; intervir; mediar ou fazer intercessão;
mediação”.1
Usando a mesma fonte, “mediar” significa “entre dois extremos;
intervir entre partes tratando ambas com igualdade; negociar entre
pessoas que discordam buscando reconciliação; mediar a paz;
intercessão”.2
Observe que esses termos são sinônimos próximos de algumas
das mesmas palavras usadas para definir cada um deles — “entre”,
“intervir” e “reconciliar”. Observe também que um é usado para
definir o outro: “mediação” define “intercessão” e “intercessão”
define “mediação”.
Como se pode ver claramente pelas definições, o conceito de
intercessão pode ser resumido em mediação, colocar-se entre,
intervir, representar uma parte perante a outra, mas não limitando-se
a situações legais.
A intercessão acontece diariamente nos tribunais, quando
advogados intercedem por seus clientes.
A intercessão acontece diariamente em reuniões contratuais, em
que procuradores representam uma parte perante outra.
A intercessão acontece diariamente em escritórios e reuniões de
negócios, quando secretárias ou associados “colocam-se entre”,
representando um perante o outro. Não há nada de espiritual nisso.
É uma questão de delegar tarefas.
É uma questão de autoridade.
E resume-se em representação. Como discutimos no capítulo
anterior, representar significa apresentar novamente, ou tornar
presente.
Muitos anos atrás, meu pai contratou um intercessor (nós o
chamávamos de advogado) para representá-lo perante um tribunal.
Papai havia sido parado por um policial, e fora espancado e jogado
na prisão — tudo isso com minha mãe e minha irmã de três anos
assistindo. O policial achou que ele fosse outra pessoa! Na verdade,
papai voltava para casa depois de um culto da igreja no qual ele
pregara naquela noite, o que aumentou a ironia e a injustiça daquele
terrível acontecido.
Nosso advogado colocou-se entre papai, o juiz, o outro advogado
e o policial. Ele escutou o caso, juntou provas, descobriu o que
papai queria e depois o representou diante do tribunal. Ele mediou
muito bem.
Ganhamos o caso.
Intercessão não se trata apenas de assuntos legais. Esse foi
apenas um exemplo. Qualquer outra maneira de representação ou
mediação é intercessão.
Agora reflitamos sobre esse conceito em vista da Criação e da
Queda. Adão deveria representar Deus no planeta Terra —
gerenciando, governando ou cuidando de tudo para Ele. Deus disse
a Adão o que queria e Adão o representava diante do restante da
terra. Adão colocou-se entre Deus e o restante da criação. Adão era
literalmente o intercessor ou mediador de Deus na terra.
CRISTO, O INTERCESSOR SUPREMO
É claro que Adão falhou em sua tarefa, e Deus teve de enviar outro
humano, chamado de “último Adão”, para fazer o que o primeiro
Adão deveria ter feito e consertar a bagunça feita por ele. Então
Cristo veio para representar Deus na terra. Ele se tornou o
intercessor ou mediador, se colocando entre Deus e os homens, e
representando o Pai perante a humanidade.
De acordo com João 1:18, Jesus foi a exegese de Deus para nós:
“Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto
do Pai, o tornou conhecido.” A palavra grega que foi traduzida como
“tornou conhecido” é na verdade exegeomai, de onde se originou a
nossa palavra “exegese”.3
Talvez você já tenha ouvido falar da criancinha que estava
desenhando quando seu professor comentou:
— Que desenho interessante! Conte-me sobre ele.
— É um desenho de Deus.
— Mas ninguém sabe como Deus se parece.
— Saberão quando eu terminar — disse o jovem artista.4
Jesus veio e fez para nós um desenho de Deus! Agora sabemos
como Ele se parece.
Mas essa não é a única direção da intercessão divina. Grande
ironia é o fato de o homem, que deveria ser o intercessor de Deus,
mediador ou representante na terra, precisar agora de alguém que
seja o seu mediador. Aquele que fora criado para representar Deus
na terra precisava agora de alguém que o representasse perante
Deus. Obviamente Cristo se tornou esse representante, intercessor
ou mediador. Ele não só se tornou o representante de Deus para o
homem, mas também representou o homem perante Deus. Esse
Deus-homem foi o advogado para ambos os lados!
Ele é o intermediário final, supremo e único. Ele é “o Apóstolo
[Deus para a raça humana] e Sumo Sacerdote [da raça humana
para Deus] da nossa confissão” (Hebreus 3:1). Ele é o grande
intermediário de Jó, entre o céu e a Terra, com uma mão sobre
Deus e a outra sobre os homens (ver Jó 9:32,33).
Conseguem entender? A intercessão de Cristo, segundo seu
significado literal, não foi uma oração que Ele fez, mas um trabalho
de mediação realizado por Ele.
E espero que estejam prontos para isto: não acredito que a
intercessão que Ele faz por nós agora no céu tampouco seja a
oração. Tenho certeza de que isso se refere ao Seu trabalho de
mediação (ver 1 Timóteo 2:5), como Ele vem sendo nosso
Advogado com o Pai (ver 1 João 2:1). Ele trabalha agora como
nosso representante, garantindo nosso acesso ao Pai e aos nossos
benefícios da redenção.
Na verdade, Ele nos diz em João 16:26 que não está fazendo as
petições ao Pai por nós: “Naquele dia, pedireis em meu nome; e não
vos digo que rogarei ao Pai por vós.” Então o que Ele está fazendo
quando faz intercessão por nós? Ele está mediando, sendo o
intermediário, não para nos livrar das acusações contra nós como
fez para nos livrar do pecado, mas para apresentar cada um de nós
ao Pai como justos e como um dos Seus.
Quando venho diante do trono, Jesus está sempre lá dizendo algo
do tipo: “Pai, Dutch está aqui para falar Contigo. Ele não o procura
por causa de seus méritos ou sua justiça; Ele está aqui por mim. Ele
está aqui em meu nome. Tenho certeza de que Tu te lembras de
que estive entre Ti e Dutch, e dei a ele acesso a Ti. Ele tem algumas
coisas que gostaria de perguntar.”
E conseguimos ouvir o Pai responder algo assim: “Claro que
lembro, Meu Filho. Ele se tornou um dos Seus ao acreditar. Dutch
sempre será bem-vindo aqui porque ele veio através de Você.”
Jesus, então, olha para mim e diz: “Venha com ousadia ao Meu
trono da graça, Filho, e faça o seu pedido.”
Jesus não está orando por nós; Ele está intercedendo por nós
para que possamos orar. Esse é o significado de pedir “em nome de
Jesus”.
Vejamos agora mais um aspecto da intercessão de Cristo dentro
do contexto da Queda. A humanidade precisava basicamente de
duas coisas depois da Queda. Precisava de alguém que fosse o
“intermediário” entre os homens e Deus para poder se reconciliar
com Deus; também precisava de um “intermediário” entre os
homens e Satanás para serem separados dele. Um era para unir, o
outro para desunir. Um restabelecia a autoridade, o outro quebrava
a autoridade. Era um trabalho duplo de intercessão.
Precisávamos das duas coisas e Jesus fez as duas por nós. Como
intercessor-mediador, Ele se colocou entre Deus e a humanidade,
nos reconciliando com o Pai; e entre Satanás e a humanidade,
quebrando o poder de Satanás.
Esse era o trabalho de redenção da intercessão, e está completo.
Portanto, no que diz respeito ao aspecto legal da redenção da
humanidade, Cristo é o único e exclusivo intercessor. É por isso que
a Bíblia diz: “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e
os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5). Poderíamos ler o
versículo facilmente desta maneira: “um intercessor.”
Essa revelação é fundamental. Significa que nossas orações
intercessórias serão sempre e somente uma extensão do trabalho
de intercessão de Cristo.
Por que isso é tão importante? Porque Deus não honrará
nenhuma intercessão que não seja a de Cristo, e também porque,
se compreendermos isso, nossas orações de intercessão se
tornarão infinitamente mais poderosas.
Voltemos à nossa conversa na sala do trono. Estou lá pedindo ao
Pai que estenda sua misericórdia para levar a salvação ao povo do
Tibete. O Pai poderia responder: “Como posso fazer isso? Eles são
pecadores. Adoram deuses falsos, o que, na verdade, é uma
adoração a Satanás. Além disso, eles nem querem que Eu faça
isso. Eles mesmos nunca pediram.”
Eu respondo: “Porque Jesus intercedeu ou mediou por eles, Pai.
Estou pedindo devido ao que Ele fez. E Ele precisa que um humano
na terra peça por Ele porque Ele agora está no céu. Então, como
Cristo me ensinou, estou pedindo que venha o Seu Reino e Sua
vontade seja feita no Tibete. Estou pedindo que sejam enviados
alguns obreiros para lá. Estou pedindo essas coisas por Cristo e por
intermédio de Cristo. Pai, eu lhe peço que faça isso com base
inteiramente no trabalho de redenção que Seu filho já fez.”
O Pai responde: “Resposta correta! Gabriel, você ouviu o homem.
O que está esperando?”
DISTRIBUIDORES DE DEUS
Quando digo que nossas orações de intercessão são uma extensão
do trabalho de intercessão de Cristo, a diferença está na distribuição
versus produção. Não temos de produzir nada — reconciliação,
libertação, vitória, etc. Mas temos de distribuir, como os discípulos
fizeram com pães e peixes (ver Mateus 14:17-19). Nosso chamado
e nossa função não é substituir Deus, mas liberá-lo.5 Isso nos liberta
da intimidação e nos dá ousadia para saber que:

O Produtor quer apenas distribuir por meio de nós.


O Intercessor quer interceder por meio de nós.
O Mediador quer mediar por meio de nós.
O Representante quer ser representado por meio de nós.
O Intermediário quer intermediar por meio de nós.
O Vitorioso quer ver a Sua vitória triunfar6 por meio de nós.
O Ministro da reconciliação nos deu o ministério da
reconciliação (ver 2 Coríntios 5:18,19). Agora nós
representamos Cristo em Seu ministério de representação.
Deus continua a encarnar Seus propósitos redentores em vidas
humanas.7

Nós não libertamos ninguém, não reconciliamos ninguém a Deus,


não derrotamos o inimigo. Esse trabalho já foi feito. A reconciliação
está completa. A libertação e a vitória estão completas. A salvação
está completa. A intercessão está completa. Finito! Tudo realizado!
Que maravilha! Que alívio! Mesmo assim...
Precisamos pedir liberação e aplicação dessas coisas. Portanto,
gostaria de oferecer a seguinte definição bíblica para a oração
intercessória: A oração de intercessão é uma extensão do ministério
de Jesus por meio de Seu Corpo, a Igreja, onde nós mediamos
entre Deus e a humanidade com o intuito de reconciliar o mundo a
Ele, ou nos colocamos entre Satanás e a humanidade com o intuito
de executar a vitória do Calvário.
Cristo precisa de um humano na Terra para representá-lo da
mesma maneira que o Pai também fez com Ele. O humano por meio
do qual o Pai se fez representar foi Jesus; os humanos por meio dos
quais Jesus se faz representar somos nós, a Igreja. Ele disse:
“Assim como o Pai me enviou, Eu também vos envio” (João 20:21).
O conceito de ser enviado é importante e incorpora as verdades
das quais estamos falando. Um representante é um “enviado”.
Enviados carregam autoridade, desde que representem quem os
enviou. E a importância ou a ênfase não está no enviado, mas no
que o envia. Estabelecer as condições e a capacidade de impô-las
ou executá-las são responsabilidades daquele que envia, não do
enviado. Por exemplo, um embaixador que representa uma nação
diante de outra é um enviado. Ele não tem autoridade própria, mas
está autorizado a representar a autoridade da nação que o envia.
Jesus foi um enviado. É por isso que Ele tinha a autoridade. Ele a
recebeu do Pai que o enviou. Só no Evangelho de João, Jesus
menciona quarenta vezes o fato importante de Ele ter sido enviado
pelo Pai. Isso quer dizer que, naquele arranjo, em essência, não era
Jesus que fazia as obras, mas sim, o seu Pai que o enviou (ver João
14:10).
O mesmo é verdadeiro no que diz respeito a nós. Nossa
autoridade está no fato de sermos enviados, representantes de
Jesus. Desde que operemos nessa capacidade, atuamos com a
autoridade de Cristo. E, em essência, não estamos realmente
fazendo as obras; Ele está.
Deixe-me ilustrar melhor o que disse. Em 1977, quando orava
sobre uma possível viagem à Guatemala, ouvi as palavras: Nesta
viagem, represente Jesus para as pessoas.
Logo que ouvi isso, repreendi a voz, achando que era um espírito
mau tentando me enganar. Mas a voz retornou, dessa vez
acrescentando as palavras: Seja a voz de Cristo, seja Suas mãos,
Seus pés. Faça o que sabe que Ele faria se Ele estivesse lá em
carne e osso. Represente-o.
De repente eu entendi o que aquilo queria dizer. Não iria
representar a mim mesmo ou ao ministério com o qual trabalhava.
Da mesma maneira que Jesus representou o Pai — falando Suas
palavras e fazendo Suas obras — eu deveria representar Jesus. E
se eu acreditasse de verdade que estava atuando como um
embaixador ou como um enviado, então podia acreditar que não era
minha autoridade ou capacidade que estavam em questão, mas a
de Cristo — eu estava apenas representando-o e representando o
que Ele já houvera feito.
O JESUS DA GALILEIA SE TORNOU UM JESUS DA
GUATEMALA
Quando cheguei à Guatemala, viajei com uma equipe para um
vilarejo longínquo bem distante de qualquer cidade moderna. Lá não
havia eletricidade, água encanada ou telefone. Nossa razão de estar
lá era construir abrigos para os habitantes do vilarejo cujos lares
haviam sido destruídos pelo terremoto devastador de 1976. O
terremoto matara trinta mil pessoas e deixara um milhão de
desabrigados. Tínhamos carregado materiais em um caminhão e
durante o dia construíamos casas pequenas de um cômodo. À noite,
realizávamos cultos no centro do vilarejo, pregando o evangelho de
Jesus Cristo para eles, explicando-lhes que o amor de Jesus nos
motivava a investir nosso tempo, dinheiro e energia para ajudá-los.
Ministrávamos há uma semana e pouquíssimos se chegavam a
Cristo. As pessoas ouviam, mas não reagiam.
Na última noite que estávamos lá era meu dia de pregação.
Quando o culto estava prestes a começar, um membro da equipe
me contou algo que ele e outros tinham encontrado lá na periferia
do vilarejo: uma garotinha, de seis ou sete anos, amarrada a uma
árvore.
Sem poder acreditar no que viam, perguntaram à família que
morava lá: “Por que esta garotinha está amarrada à árvore?” Era
óbvio que ela morava lá no quintal, como se fosse um cachorro —
suja, sem esperança e sozinha.
“Ela é louca”, responderam seus pais. “Não conseguimos controlá-
la. Ela machuca a si mesma e a outros, e foge se nós a soltarmos.
Não há nada mais que possamos fazer por ela, então temos de
amarrá-la.”
Meu coração se despedaçou quando o colega me contou o que
vira. Aquilo ficou na minha cabeça enquanto começava o culto.
Alguns minutos depois que comecei a pregar, de pé diante de uma
mesa, debaixo das estrelas, a mesma voz que falara comigo antes
da viagem começou a falar comigo novamente.
Diga a eles que você vai orar pela menininha insana que está do
outro lado da vila amarrada a uma árvore. Diga a eles que vai orar
em nome deste Jesus sobre quem está pregando. Diga a eles que,
pelo intermédio dele, você vai quebrar as forças do mal que
controlam a menina — e quando ela estiver livre e normal, então
eles saberão que o que prega é verdade. Eles saberão que o Cristo
que você prega é quem você diz que Ele é.
Respondi à voz no meu coração com temor e tremor. Acho que
sussurrei algo do tipo: O que você disse?
Recebi as mesmas instruções.
Sendo o homem de fé que sou, retruquei: “Qual é o plano B?
Rebelião e fracasso — foi a resposta. Lembra-se do que lhe disse
antes de a viagem começar? Represente Jesus.
Minha fé começou a crescer. Pensei: Nesta situação, a ênfase não
está em mim, mas Naquele que me enviou. Sou apenas seu porta-
voz. Eu apenas libero o que Ele já fez. Ele já realizou a obra de
libertar esta menininha; minhas orações liberam esta obra. Sou
apenas um distribuidor do que Ele já produziu. Enviado de Deus,
seja ousado! Execute a vitória!
Com garantia renovada, comecei a informar as pessoas do que
planejava fazer. Eles menearam a cabeça em reconhecimento da
situação quando eu mencionei a menina. As expressões de
curiosidade se transformaram em espanto ao ouvirem os meus
planos.
Então orei.
Em uma noite de luar, em um remoto vilarejo da Guatemala, diante
de umas poucas pessoas como minha audiência, minha vida mudou
para sempre.
Jesus saiu do esconderijo. Ele se tornou vivo: relevante, suficiente,
disponível! Um Jesus “escondido” emergiu das teias de aranha da
teologia. Um Jesus de ontem se tornou um Jesus do hoje, e do para
sempre. Um Jesus da Galileia se tornou um Jesus da Guatemala.
E um novo plano se desdobrou diante de mim. Um novo conceito
emergiu: Jesus e eu.
O PADRÃO CELESTIAL
Pela primeira vez entendi o padrão celestial: Jesus é o Vitorioso —
somos os executores; Jesus é o Redentor — somos os
entregadores; Jesus é a cabeça — somos o corpo.
Sim, Ele libertou a garotinha.
Sim, o vilarejo aceitou a Cristo.
Sim, Jesus prevaleceu por meio de um de Seus enviados.
E a parceria continua — Deus e os humanos. Mas é essencial
seguirmos o padrão correto: minhas orações de intercessão liberam
a obra terminada da intercessão de Cristo.
A obra de Cristo dá poder às minhas orações — minhas orações
liberam a Sua obra. O que eu faço é uma extensão da obra dele —
a obra dele é que efetiva a minha.
Nos negócios do Reino, não estamos no departamento de
produção. Estamos no departamento de distribuição. Que grande
diferença. Ele é quem faz, quem produz. Nós somos os
distribuidores.
PORTADORES DA MARAVILHA DE CRISTO
Acho que isso nos torna colaboradores ou cooperadores de Cristo.
Que acham disso? Acho que Cristo é maravilhoso e quer que
sejamos cidadãos participantes de sua maravilha e de seu Reino
maravilhoso! Portadores humildes da maravilha de Cristo, todavia,
maravilhosos também. Mais do que conquistadores! Cristo e Seus
cristãos mudando as coisas na Terra.
Há muitas pessoas feridas e sofredoras “amarradas a árvores” ao
redor do mundo. Você trabalha ao lado de algumas delas, outras
vivem do outro lado da rua. Uma delas provavelmente acaba de lhe
atender, ou de levá-lo à sua mesa no restaurante, ou trazer sua
comida. Suas correntes são o álcool, as drogas, o abuso, os sonhos
despedaçados, a rejeição, o dinheiro, a lascívia e a cobiça... a lista é
grande, acho que entenderam a questão.
O plano A seria o seguinte: pessoas sobrenaturais, mas comuns,
como você e eu que, 1) acreditariam de todo o coração na vitória do
Calvário, estariam convencidas de que foi uma vitória completa e
final e, 2) assumiriam seu papel de enviados, embaixadores,
representantes autorizados do Vitorioso. Nosso desafio não é tanto
libertar, mas sim acreditar no Libertador; não é tanto curar, mas
acreditar em Quem dá a cura.
Passemos ao plano B: desperdiçar a Cruz; deixar os atormentados
entregues ao próprio tormento; gritar através de nosso silêncio, “já
não há mais esperança!”; escutar o Pai dizer novamente, “procurei,
mas não encontrei ninguém”; escutar o Filho lamentar mais uma
vez, “os obreiros! Onde estão os obreiros?” Igreja, acorde! Vamos
desamarrar algumas pessoas. Vamos dizer a elas que existe um
Deus que se importa com elas. Vamos assumir nosso papel de
representar-mediar-interceder!
E agora, “alguém sabe onde encontrar o particípio do presente?”
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Defina intercessão e oração intercessória. Qual é a diferença?


Por que isso é importante?
Qual é a relação entre intercessão e mediação?
Eu disse que Cristo era o intercessor e que nossas orações são
uma extensão do trabalho realizado por Ele. Consegue explicar
o que eu quis dizer com isso?
Explique os dois aspectos da intercessão de Cristo —
reconciliação e separação — relacionando-os com a
necessidade dupla que a Queda trouxe para a humanidade.
Qual o significado de ser um “enviado”?
Você conhece alguém que está amarrado a uma “árvore”? Por
favor, ajude-o.
Capítulo Quatro

Encontros: os Bons, os Ruins e os


Péssimos

Quando Encontrei-me com Ela

“Dutch Sheets, gostaria de lhe apresentar Celia Merchant.”


O mundo subitamente parou e minha vida mudou para sempre.
O segundo encontro mais importante de minha vida acontecia
naquele momento — apenas conhecer Jesus estava no topo da
lista. Era 1977 e eu era aluno de uma Faculdade Bíblica.
Eu acabara de passar um tempo de oração em particular, saí do
local de oração e deparei com duas pessoas que carregavam uma
enorme mesa dobrável. Uma delas era meu amigo, e a outra era a
jovem mais linda que meus olhos já haviam contemplado.
Bem, não era a primeira vez que eu a via, mas era a primeira vez
que eu estava face a face com ela. Com os joelhos trêmulos e a
língua presa, quase tropecei para ajudá-la a tomar o seu lado da
mesa. Com uma galante demonstração de cavalheirismo e
músculos, eu aliviei-a do peso da mesa, e quase derrubei o outro
cara tentando mostrar como eu conseguia carregar rapidamente
aquela mesa.
Então meu amigo nos apresentou. Conheci aquela que seria a
costela que me faltava e sabia que a vida nunca seria boa se eu não
me casasse com essa moça! E disse isso para Deus. Felizmente,
Ele concordou e ela também. A vida é bela!
Fiquei feliz por passar aquele tempo em oração. Não queria ter
perdido aquele encontro!
QUANDO ENCONTREI-ME COM A BOLA DE BEISEBOL
Outro encontro memorável aconteceu quando eu estava no sétimo
ano. Esse não foi tão agradável! Mas também permaneceria comigo
pelo resto da minha vida. Uma bola de beisebol foi de encontro aos
meus dentes da frente. Que encontrão! A bola de beisebol venceu
— geralmente é o que acontece. Hoje meus dois dentes da frente
têm uma capa bacana em consequência daquele encontro.
Pensei em contar que estava tentando ensinar outra criança a
apanhar uma bola de beisebol quando o acidente aconteceu, mas
isso seria constrangedor demais. Não mencionarei que estava
demonstrando ao garoto o que não fazer quando o acidente
aconteceu. Mas direi que, quando forem ensinar dicas às crianças
sobre jogar beisebol, mostrem-nas o que fazer — não o que não
fazer. Fazer as coisas ao contrário nos leva a alguns encontros
desagradáveis e sorrisos de porcelana.
DEUS ENCONTRA UM CÔNJUGE, E O ENCONTRÃO DE
SATANÁS
Uma figura está pendurada em uma cruz entre o céu e a terra. Dois
importantes encontros estão prestes a acontecer: um bom e
agradável, e outro feio e violento. Um Homem está prestes a
conhecer Sua noiva e uma serpente prestes a receber em seu
queixo o encontrão de uma bolada violenta:

Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua
mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas
eu me refiro a Cristo e à igreja (Efésios 5:31,32).

Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu, pois feres nos queixos a


todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes (Salmos 3:7).

Tanta beleza, tanta feiura... União, desunião... Encontro, quebra...


Na verdade, podemos mencionar vários outros encontros que
acontecem por meio da Cruz:

A misericórdia foi ao encontro do julgamento.


A justiça foi ao encontro do pecado.
A luz foi ao encontro da escuridão.
A humildade foi ao encontro do orgulho.
O amor foi ao encontro do ódio.
A vida foi ao encontro da morte.
Um Amaldiçoado pendurado em uma árvore foi ao encontro da
maldição que se originou por causa de uma árvore.
A picada da morte recebeu o encontro com o antídoto da
ressurreição.

Todo o pessoal do bem venceu!


Somente Deus poderia planejar um evento assim! Somente Deus
poderia fazer com que se realizasse com tamanha perfeição!
Somente Ele poderia casar extremos tão opostos em um só
acontecimento. Quem senão Ele poderia derramar sangue para criar
vida, usar a dor para gerar a cura, permitir a injustiça para satisfazer
a justiça e aceitar a rejeição para restaurar a aceitação?
Quem poderia usar um ato tão ímpio para realizar tanta coisa boa?
Quem poderia transformar um ato incrível de amor em tanta
violência e vice-versa? Somente Deus.
Tantos paradoxos. Tanta ironia.
Vocês não acham fascinante o fato de a serpente, que obteve sua
maior vitória por meio de uma árvore (do conhecimento do bem e do
mal), ter sofrido sua maior derrota por causa de uma árvore (a Cruz
do Calvário)?
Não acham irônico o primeiro Adão ter sucumbido à tentação em
um jardim (Éden) e o último Adão ter superado Sua maior tentação
em um jardim (Getsêmani)?
Deus sabe escrever um roteiro! Vejam que roteiro maravilhoso Ele
escreveu!
Acho que nesta altura já devem ter percebido que, escondidos no
meio dessas três histórias — a história da minha esposa, a da bola
de beisebol e a da Cruz — encontraremos retratos de intercessão.
Na verdade, usei uma das definições da palavra hebraica para
“intercessão”, paga, vinte e três vezes até agora. É a palavra
“encontrar” ou “encontro”, e continuarei usando-a mais de trinta
vezes ainda até o final deste capítulo. Quanta redundância, não é
mesmo?
A INTERCESSÃO GERA UM ENCONTRO
A palavra hebraica para “intercessão”, paga, significa “encontrar”.1
Como já vimos ao estudar a palavra em nosso idioma, intercessão
não é primeiramente uma oração que uma pessoa faz, mas algo
que uma pessoa faz que pode ser feito por meio de oração. Isso
também se verifica no idioma hebraico. Embora a palavra
“intercessão” tenha passado a significar “oração” em nossa mente, a
palavra hebraica não significa necessariamente “oração” de maneira
alguma. Ela tem muitas nuanças de significado, podendo todas
serem realizadas por meio da oração.
Até o final deste livro, daremos uma olhada em vários desses
significados, e depois os aplicaremos dentro do contexto da oração.
No decorrer desse processo, nossa compreensão do que Cristo fez
por nós com a Sua intercessão crescerá, como também nossa
compreensão do que realmente se trata nossa representação na
terra da intercessão de Cristo por meio da oração. Como sugere as
histórias do início do capítulo, o primeiro uso da palavra paga que
vamos explorar está em “encontrar”.
A intercessão gera um encontro. Quem faz intercessão se
encontra com Deus; também se encontra com os poderes das
trevas. “Encontros” (ou reuniões) de oração é um título muito
apropriado!
UM ENCONTRO PARA A RECONCILIAÇÃO
Semelhantemente ao que aconteceu com Cristo, muitas vezes
nosso encontro com Deus é com o intuito de efetivar outro encontro
— o da reconciliação. Nós nos encontramos com Ele e lhe pedimos
para ir ao encontro de outra pessoa. Nós nos tornamos os
intermediários: “Pai Celeste, venho diante de ti hoje (um encontro)
para lhe pedir que toques a vida do Tom (outro encontro).” No lado
oposto do espectro, nosso encontro com o inimigo é para desfazer
um encontro — quebrar, romper, desunir. Toda a nossa oração
intercessória envolverá uma ou as duas facetas: reconciliação ou
rompimento; união ou desunião.
Em primeiro lugar, vejamos algumas passagens bíblicas que
descrevem o que fez Cristo quando se encontrou com o Pai para
criar um encontro entre Deus e a humanidade. Depois,
observaremos o aspecto que trata da guerra espiritual. O Salmo
85:10 diz: “Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se
beijaram.” Examinemos melhor essa linda descrição da Cruz de
Cristo.
Em quatro palavras encontramos um dilema relacionado a Deus.
Ele não é apenas um Deus de graça (que representa Sua
misericórdia, gentileza, amor e perdão), mas é também um Deus de
verdade (que representa Sua integridade e justiça). Ele não
representa apenas a paz (segurança, integridade e descanso), mas
também a justiça (santidade e pureza), sem as quais não é possível
haver paz.
Este é o dilema: um Deus verdadeiramente santo, justo, reto e
verdadeiro não pode apenas perdoar, demonstrar misericórdia ou
paz sobre uma humanidade caída sem comprometer o Seu caráter.
O pecado não pode ser desculpado. Então, como este Deus santo e
amoroso resolve essas duas questões? Com a Cruz de Cristo.
Na Cruz encontraram-se a graça e a verdade. Justiça e paz se
beijaram. E quando o fizeram, também o fizeram Deus e a
humanidade! Nós beijamos o Pai por intermédio do Filho! Nós o
encontramos no sangue de Cristo! Jesus carregou a nossa
extremidade da mesa e foi apresentado à Sua noiva.
Em um único ato de sabedoria soberana e misteriosa, Deus
satisfez tanto o Seu amor como a Sua justiça. Ele estabeleceu tanto
a justiça como a paz. Quem é como você, Senhor? Quem pode
descrever Sua grande misericórdia, Seu maravilhoso poder, Sua
sabedoria infinita!
Quando isso ocorreu, o ministério de reconciliação de Cristo
estava se cumprindo: “[...] que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo [...] a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo” (2 Coríntios 5:18,19).
Como agora representamos Cristo em Sua intercessão, vamos
aplicar esse versículo a nós mesmos. O versículo 18 diz que Ele
“nos deu o ministério da reconciliação”. Em outras palavras, com a
nossa oração intercessória, liberamos o fruto do que Ele fez por
meio de seu ato de intercessão. Nós levamos pessoas a Deus em
oração, pedindo ao Pai que se encontre com elas. Nós também
recebemos o ministério da reconciliação. Seja por uma pessoa ou
por uma nação, independentemente do motivo, quando somos
usados para criar um encontro entre Deus e os humanos, liberando
o fruto da obra de Cristo, uma paga acontece.
Isso pode estar se passando quando você caminha em oração
pela sua vizinhança, pedindo a Deus para se encontrar com seus
familiares e salvá-los. Ou pode acontecer quando faz uma jornada
de oração em algum lugar. Nossa igreja enviou equipes de
intercessores a alguns dos países mais escuros da face da Terra
com o propósito único de orar — criar encontros entre Deus e a
humanidade, conexões divinas através de conduítes humanos.
ENCONTROS QUE CURAM
Tenho testemunhado milagres de cura quando Deus se encontra
com as pessoas. Em 1980, estava em outra de minhas muitas
jornadas à Guatemala. Em certa ocasião, minha esposa, outro casal
e eu ministrávamos para uma senhora de idade que recentemente
havia conhecido a salvação. Nós fomos à sua casa para
compartilhar alguns ensinamentos com ela.
Fazia cerca de seis meses que essa senhora sofrera uma queda
de um banquinho e fraturara gravemente o tornozelo. Como
frequentemente acontece com as pessoas mais velhas, a fratura
não estava se curando da maneira adequada. O tornozelo ainda
estava muito inchado e ela sentia muita dor. Quando a visitamos, o
outro senhor e eu sentimos ambos que Deus queria curar seu
tornozelo — naquele exato momento. Depois de compartilhar isso
com ela, e ela concordar, nós lhe pedimos para colocar sua perna
sobre o banquinho. A oração começou... bem, só começou.
Deus já o interrompeu alguma vez? Ele me interrompeu nessa
ocasião. (Ah, quem nos dera que Ele sempre fosse assim tão “mal-
educado”!) Quando me coloquei entre ela e Deus para efetuar o
encontro, a presença de Deus veio com tanto poder naquela sala
que parei subitamente no meio da frase. Eu tinha dado um passo na
direção dela e falado uma palavra: “Pai.”
Foi tudo de que Ele precisou!
Era como se Ele estivesse tão ansioso para tocar nessa querida
senhora, que não podia mais esperar. Percebo que estou prestes a
contar algo que pode soar dramático demais, mas foi exatamente o
que aconteceu.
A presença do Espírito Santo encheu a sala com tanto poder, que
fiquei ali parado, parei de falar e comecei a chorar. Minha esposa e
o outro casal também começaram a chorar. A senhora por quem
orávamos também começou a chorar. Seu pé começou a bater para
cima e para baixo sobre o banquinho, sacudindo incontrolavelmente
durante vários minutos enquanto ela tinha um poderoso encontro
com o Espírito Santo — um encontro! O Senhor a curou e a encheu
do Seu Espírito.
Naquela mesma visita à Guatemala, minha esposa e eu, junto com
o casal anteriormente mencionado, fomos chamados para orar por
uma senhora internada com tuberculose. Nós fomos encontrá-la em
uma ala do hospital com cerca de outras quarenta mulheres. As
camas ficavam a apenas um metro de distância uma da outra. Era
basicamente uma área do hospital na qual os médicos e
enfermeiras podiam atender aos muito pobres. Não havia sequer
cortinas separando as mulheres. E sim, aquela mulher tossia,
espalhando sua tuberculose a todos ao seu redor.
Ao conversarmos e orarmos por ela, percebemos que a senhora
na cama ao lado nos observava de perto. Quando terminamos, ela
perguntou se poderíamos orar por ela também. É claro que ficamos
muito felizes, e perguntamos qual era seu pedido de oração. Ela
tirou os braços de debaixo das cobertas e nos mostrou suas duas
mãos, retorcidas e viradas para dentro, meio que paralisadas
naquela posição. Ela não tinha como usar as mãos. Seus pés eram
da mesma maneira.
Quando, certa vez, ela fora internada para fazer uma cirurgia nas
costas, o médico cortara um nervo na sua espinha, deixando-a
naquela condição. Não havia nada que eles pudessem fazer para
corrigir o problema.
Nosso coração se encheu de compaixão ao pedirmos ao Senhor
para ir ao encontro da necessidade daquela mulher. Aparentemente
nada aconteceu, mas nós a encorajamos a confiar no Senhor e
demos uma volta pelo quarto para ver se podíamos compartilhar
Jesus com alguém mais. Não havia funcionários do hospital ali
presentes, então estávamos relativamente livres para fazer o que
quiséssemos.
Assim que começamos a falar com outra senhora do outro lado do
quarto, ouvimos um burburinho, e alguém gritou: “Milagro! Milagro!
Milagro!” Nós nos viramos para ver o que acontecia, e vimos a
mulher movendo suas mãos à vontade, abrindo-as e fechando-as,
sacudindo os dedos, chutando com os pés as cobertas e gritando a
palavra em espanhol para milagre. Um encontro acontecera ali!
Não sei quem estava mais surpreso — a senhora que fora curada,
as outras mulheres do quarto ou eu. Esperava um milagre, mas não
acho que acreditava que haveria um. Eu me lembro de pensar: Este
tipo de coisa só acontecia durante os tempos bíblicos.
De repente, lá estávamos nós, e cada mulher daquele quarto nos
implorava para ministrar para elas. Fomos de leito em leito — como
se soubéssemos o que estávamos fazendo — guiando aquelas
mulheres a Cristo e orando pela recuperação de cada uma. Eu me
lembro de pensar: Que loucura! Será que é real ou estarei
sonhando? Estamos tendo um reavivamento dentro de uma ala de
hospital! Várias foram salvas, a senhora com tuberculose também
ficou curada, e outra senhora que aguardava cirurgia na manhã
seguinte foi enviada curada para casa. No geral, nós nos divertimos
muito! Até cantamos algumas músicas. Provavelmente não
devíamos ter feito aquilo, porque uma funcionária do hospital nos
ouviu, veio até o quarto e nos pediu para irmos embora. Ela foi
embora, mas nós não. Eram muitas mulheres implorando por
oração. Alguns minutos mais tarde, ela retornou e “graciosamente”
nos acompanhou até a saída do hospital.
Quem neste mundo poderia transformar uma ala de hospital triste,
sem esperança e cheia de doença em um culto de igreja? Deus!
Deus se encontrando com as pessoas. E encontros de oração
geram encontros com Deus!
Não quero guiá-los erroneamente a pensar que milagres sempre
acontecem com tanta facilidade como nessas duas ocasiões.
Todavia, podemos levar indivíduos a entrar em contato com Deus, e
esse é o significado real e verdadeiro da palavra “intercessão”.
Geralmente é necessária muita intercessão; mas se vai levar dias
ou minutos, sempre vale a pena o esforço. O importante é fazermos
a intercessão.
ENCONTROS COM URSAS
Continuemos a progredir em nosso raciocínio passando ao aspecto
de rompimento dos encontros de intercessão — efetivar a vitória do
Calvário. Chamo isso da “unção da ursa” por causa de Provérbios
17:12: “Melhor é encontrar-se uma ursa roubada dos filhos do que o
insensato na sua estultícia.”
Nunca deparei com uma ursa na natureza — com ou sem seus
filhotes — e espero que isso nunca aconteça. Mas um sábio e velho
senhor, que trabalhava cortando madeira, ao me instruir na arte de
sobreviver a um encontro com ursos, me deu o seguinte conselho
sábio: “Filho, tente evitá-los a todo custo! Mas se o encontro for
inevitável, e se for uma fêmea, jamais se coloque entre ela e seus
filhotes. Porque se o fizer, vocês dois irão se topar, e nesse encontro
a vítima será você!”
Antes que você decida me linchar por cometer um assassinato
contextual das Escrituras, deixe-me mencionar que não estou
insinuando que aquele versículo fale de oração. Mas o que estou
dizendo é que a palavra para “encontrar” é a nossa palavra hebraica
traduzida como “intercessão”, paga. Outras palavras hebraicas
poderiam ser usadas, mas essa foi a escolhida. Em parte porque
frequentemente ela carrega uma conotação bem violenta. De fato,
paga é muitas vezes um termo usado para descrever os encontros
nos campos de batalha (ver exemplos em Juízes 8:21; 15:12; 1
Samuel 22:17,18; 2 Samuel 1:15; 1 Reis 2:25-46).
A intercessão pode ser violenta!
Encontros podem ser desagradáveis! Alguns chegam a ser
absolutamente horríveis! Como, por exemplo, o encontro de
Satanás com Jesus no Calvário, quando Cristo intercedeu por nós.
Satanás se colocara entre Deus e seus “ursinhos”. Ele não devia ter
feito isso! O pior pesadelo de Satanás se tornou realidade quando,
com quatro mil anos de fúria guardada, Jesus o encontrou no
Calvário. A terra balançou, e digo literalmente, com a força da
batalha (ver Mateus 27:51). O próprio sol escureceu com aquela
guerra (ver versículo 45). O momento em que Satanás achou ser o
seu maior triunfo, ele e todas as suas forças ouviram o mais terrível
som que jamais ouviram: o riso de Deus de zombaria (Salmos 2:4)!
O riso seguiu-se à voz do Filho do homem clamando em alta voz:
“Tetelastai.” Essa palavra grega é traduzida como “está consumado”
em João 19:30. Por favor, não pensem que Jesus falava da morte
quando disse aquela palavra. De jeito nenhum! Tetelestai significa
realizar algo por completo ou fazer algo até chegar ao estado final,2
como implicaria a palavra “consumado” ou “terminado”. Mas
também é a palavra gravada na fatura do cartão, dizendo
“pagamento total realizado”.3 Jesus gritava: “A dívida foi paga por
completo!” Aleluia!
Cristo citava o Salmo 22:31 quando escolheu fazer essa
declaração. Três das sete frases que Ele falou na cruz vieram desse
salmo. A palavra hebraica que Ele citou desse versículo é asah.
Talvez ele estivesse, na verdade, falando em hebraico, usando essa
mesma palavra, mesmo que João tenha feito o registro em grego. A
palavra significa, entre outras coisas, “criar”.4 Ela é usada em
Gênesis, por exemplo, quando Deus criou a terra. Acredito que
Cristo não estava apenas dizendo: “A dívida está totalmente paga”,
mas também: “Venha à frente, nova criação!” Não é de se admirar
que a terra tenha sacudido, o sol reaparecido, que o centurião tenha
ficado aterrorizado (ver Mateus 27:54) e que santos do antigo
testamento tenham ressuscitado (ver Mateus 27:52,53). Não me
diga que Deus não tem jeito para a arte dramática. A Cruz define o
drama.
Sim, sem dúvida alguma, nos bastidores, o que acontecia era
violento. Os cativos resgatados (ver 1 Pedro 3:19; 4:6; Isaías 61:1),
ferimentos infligidos (ver Gênesis 3:15; Isaías 53:5; 1 Pedro 2:24),
chaves trocadas e autoridade transferida (ver Mateus 28:18).
Uma palavra interessante é usada em 1 João 3:8, que nos dá uma
revelação do que aconteceu na Cruz. O versículo diz: “Para isto se
manifestou o Filho de Deus, para destruir as obras do diabo.”
“Destruir” é a palavra grega luo, que tem um sentido tanto legal
quanto físico. Compreender a definição completa dessa palavra
aumentará imensamente nosso entendimento do que Jesus fez a
Satanás e suas obras.
O sentido legal de luo é 1) pronunciar ou determinar que algo ou
alguém não são mais cativos; e 2) dissolver ou anular um contrato
ou alguma coisa que ate legalmente.5 Jesus veio para anular o
domínio legal que Satanás tinha sobre nós e pronunciar que não
estávamos mais presos pelas suas obras. Ele “anulou o contrato”,
quebrando o domínio de Satanás sobre nós.
O sentido físico de luo é dissolver ou derreter; quebrar, atingir algo
até fazer em pedacinhos; ou desamarrar algo que esteja preso.6 Em
Atos 27:41, o barco em que Paulo viajava ficou todo quebrado em
pedaços (luo) pela força de uma tempestade. Em 2 Pedro 3:10,12,
lemos que um dia os elementos da terra derreterão ou se
dissolverão (luo) em razão de um grande calor. Jesus não apenas
nos livrou legalmente, mas Ele também se certificou de que
consequências literais dessa libertação se manifestariam: Ele trouxe
a cura, libertou os cativos, levantou a opressão e liberou os que
estavam debaixo de controle demoníaco.
EFETIVANDO A VITÓRIA
Nossa responsabilidade é efetivar a vitória quando também nos
encontramos com os poderes das trevas. É interessante notar que
Jesus usou a mesma palavra, luo, para descrever o que nós, a
Igreja, devemos fazer por meio da guerra espiritual. Mateus 16:19
nos diz: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na
terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido
desligado nos céus.”
A palavra “desligar” nesse versículo é luo.
Agora a pergunta é: será que Cristo luo as obras do diabo ou será
que somos nós que devemos luo as obras do diabo? A resposta é
afirmativa: sim, cabe a nós. Embora Jesus tenha cumprido
inteiramente a tarefa de quebrar a autoridade de Satanás e anulado
seu poder legal sobre a raça humana, alguém na terra deve
representá-lo nessa vitória e efetivá-la.
Tendo isso em mente, e nos lembrando de que a palavra hebraica
para “intercessão”, paga, significa encontrar, vamos fazer a seguinte
definição.

Nós, por meio de orações de intercessão, nos encontramos com os


poderes das trevas, efetivando a vitória que Cristo obteve quando Ele se
encontrou com eles em Sua obra de intercessão.

Foi exatamente isso que aconteceu na Guatemala quando oramos


pela garotinha amarrada na árvore que mencionamos no capítulo
anterior. Nós nos encontramos com os poderes das trevas e
efetivamos a vitória da Cruz.
Vários anos atrás, também na Guatemala, um amigo apontou para
uma jovem mulher, saudável e cheia de vigor, e me contou a
seguinte história. Quando ele a vira pela primeira vez poucos meses
antes daquele momento, ela estava paralisada do pescoço para
baixo. Conseguia mover ligeiramente o pescoço, mas não falava. “A
jovem estivera assim durante dois anos”, disse o pastor que a
assistia ao meu amigo. “E o mais intrigante é que os médicos não
conseguiam achar nada fisicamente errado com ela que causasse
tal problema.”
Meu amigo, que visitava a igreja como orador convidado, discerniu
que a causa era demoníaca. Sem saber a posição daquela igreja
sobre tais questões, ele discretamente se aproximou da jovem em
sua cadeira de rodas, se ajoelhou perto dela e sussurrou em seu
ouvido. Ao fazer isso, ele estava se tornando um intermediário
(intercessor) entre ela e os poderes das trevas, se encontrando com
eles com o poder de Cristo. Ele orou: “Satanás, quebro (luo) seu
domínio sobre esta jovem em nome de Jesus. Ordeno que seja
desligado (luo) seu poder sobre ela e que ela seja libertada” (grifos
do autor).
Não houve nenhuma manifestação nem mudança imediata.
Contudo, uma semana mais tarde, ela conseguia mover um
pouquinho os seus braços. Na semana subsequente ela movia
normalmente os braços e as pernas, levemente. A recuperação
continuou durante um mês até ela ficar totalmente liberta e bem.
Então ela disse ao meu amigo os seguintes detalhes sobre a
causa de sua condição e por que os médicos não conseguiam
encontrar uma explicação plausível. “Um professor da minha escola,
que também era um curandeiro, se aproximou de mim sexualmente,
e eu o recusei. Ele se zangou e me disse que se eu não tivesse
sexo com ele, ele me amaldiçoaria.”
Ela não sabia nada sobre esse tipo de coisas e não deu muita bola
para aquilo. Mas pouco tempo depois, a paralisia apareceu em sua
vida. Sua incapacidade de falar não a deixava se comunicar com
ninguém sobre o que acontecera na realidade.
O que causou a libertação dessa garota? Uma pessoa se colocou
entre a jovem e os poderes das trevas, indo de encontro a esses
poderes no nome de Jesus, efetivando a vitória de Cristo. Isto é...
intercessão!
Um encontro pode ser uma experiência boa e agradável ou pode
ser um confronto violento entre forças opostas. O intercessor se
encontrará ou com Deus, com o propósito de reconciliar o mundo ao
Pai e às Suas bênçãos maravilhosas, ou se encontrará com as
forças satânicas da oposição para efetivar a vitória do Calvário.
Haverá uma variação no propósito da intercessão, mas uma coisa é
certa: as orações de um intercessor com conhecimento criarão um
encontro. E quando esse encontro houver terminado, algo terá
mudado.
Não se intimide com o tamanho do gigante. Jesus qualificou você
para representá-lo. E não se intimide com os fracassos passados.
Seja como o menininho que brincava com o bastão e a bola no
fundo do quintal:

“Sou o maior jogador de beisebol do mundo”, disse ele com orgulho.


Então jogou a bola no ar e sacudiu o bastão, mas não acertou a bola.
Inabalado, pegou a bola, jogou-a no ar e disse consigo mesmo: “Sou o
maior jogador de todos os tempos!” Mais uma tentativa com seu bastão,
e mais uma vez errou a bola.
Ele fez uma pequena pausa para examinar o bastão e a bola com
cuidado. E mais uma vez lançou a bola no ar e disse: “Sou o maior
jogador de beisebol que já existiu.” Tentou novamente acertar a bola
com o bastão e errou.
“Puxa!”, exclamou ele. “Que lançador eu sou!”7

Não permita acesso à descrença. Você consegue! Vamos fazer um


encontro de oração!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

De que maneira um encontro retrata a intercessão? Como paga


estabelece a correlação entre os dois?
Explique os dois tipos opostos de encontros debatidos neste
capítulo. Como cada um deles representa o Calvário?
Defina luo e comente sobre Cristo fazendo luo e a Igreja
fazendo luo.
Pense em alguém que conhece que precisa de um encontro
com Deus. Como e quando você pode ajudar a facilitá-lo?
Não acha que Deus ficará muito feliz quando você colocar em
prática o item quatro?
Capítulo Cinco

De Rosto Colado

Apoie-se em Mim

Charlie Brown lançava mal as bolas no jogo de beisebol. E Lucy


chateando-o como sempre. Finalmente, ele não aguentou mais
tanta miséria e humilhação. Em uma demonstração de desespero
do tipo que só Charlie Brown consegue imaginar, ele se colocou de
cabeça para baixo em cima do local dos lançamentos.
Lucy continuou com suas gozações afiadas, e o eternamente fiel
Snoopy fez o inesperado. Ele foi até o local do lançamento e ficou
de cabeça para baixo ao lado de Charlie, dividindo a sua
humilhação.
Parece uma atitude bíblica? A Bíblia diz: “Chorai com os que
choram” (Romanos 12:15), e “Levai as cargas uns dos outros”
(Gálatas 6:2). Embora isso queira dizer “ficar de cabeça para baixo”
junto com o outro — compartilhar a dor uns dos outros, não
transmite tudo o que abrange esses versículos. Não devemos
apenas levar os fardos de nossos irmãos em Cristo; devemos levá-
los embora... Que grande diferença! Uma coisa significa dividir a
carga; outra significa removê-la.
Na verdade, duas palavras são usadas na Bíblia e traduzidas
como “levar” no Novo Testamento. Uma pode ser interpretada com o
sentido de estar ao lado de um irmão nos momentos de
necessidade para fortalecê-lo e confortá-lo. A outra palavra,
contudo, significa algo inteiramente diferente.
A primeira, anechomai, significa “sustentar, suportar, apoiar-se em
algo”,1 semelhante ao que uma pessoa faz ao amarrar um graveto a
uma plantinha de tomate para apoiá-la e lhe dar suporte do peso
que carrega. A força do graveto é transferida para a planta e a
“suporta”. Quando o Senhor nos ordena a suportar-nos uns aos
outros em Colossenses 3:13 e Efésios 4:2, Ele não está apenas
dizendo para nós “aguentarmos” conviver uns com os outros.
Embora Ele nos diga para fazer isso sim, Ele também diz: “Como
os suportes que usamos para as plantas, sejam da mesma maneira
uns para com os outros.” Em outras palavras, devemos ficar ao lado
de um irmão enfraquecido e dizer: “Você não vai cair, ser quebrado
ou destruído, porque eu vou ser um suporte para você. Minha força
é sua agora. Venha, apoie-se em mim. Enquanto eu estiver de pé,
você também estará.”
Que linda ilustração do Corpo de Cristo. Isso resultará em fruto.

Jackie Robinson foi o primeiro negro a jogar no principal campeonato


nacional de beisebol. Ele quebrou a barreira racista dentro desse
esporte, mas recebia vaias e zombarias das multidões em cada estádio
que jogava. Certa vez, jogando em casa, no estádio do seu time no
Brooklin, ele cometeu um erro no jogo. Seus próprios fãs começaram a
ridicularizá-lo. Ele ficou parado na segunda base, humilhado, enquanto
os fãs riam dele. Então Reese “Pee Wee”, que jogava na defesa entre a
segunda e a terceira base, veio até ele e parou ao seu lado. Colocou o
braço ao redor de Jackie Robinson e encarou a multidão. Os fãs ficaram
em silêncio. Robinson disse mais tarde que aquele braço ao redor dele
salvou sua carreira.2

Às vezes o mundo age de maneira mais bíblica do que nós!


LEVANDO O FARDO EMBORA
A segunda palavra é bastazo, que significa “levar, levantar ou
carregar” algo, dando o sentido de levar algo embora ou de
remover.3 É usada em Romanos 15:1-3 e Gálatas 6:2, que vamos
ver em breve.
Um aspecto impressionante e pouco compreendido da intercessão
é exemplificado por Cristo quando Ele realizou as duas ações que
tratamos anteriormente. Já estabelecemos que a intercessão de
Jesus por nós não foi uma oração que Ele fez, mas um trabalho que
Ele realizou. Foi um trabalho de “intermediar”, de nos reconciliar ao
Pai e de quebrar o domínio de Satanás. E, é claro, entender a obra
de Cristo nesse aspecto pavimenta o caminho para um
entendimento da obra que nós devemos fazer.
O trabalho de intercessão realizado por Cristo alcançou sua
expressão mais completa e profunda quando nossos pecados
“caíram” sobre Ele, e Ele os “levou” embora:
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava
pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos
[...] porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os
transgressores; contudo levou sobre si o pecado de muitos e pelos
transgressores intercedeu (Isaías 53:6;12, grifo do autor).

A palavra hebraica paga é usada duas vezes nesses dois


versículos. Isaías 53 é uma das profecias mais explícitas do Antigo
Testamento sobre a cruz de Cristo. Paga é traduzida como “fez cair”
em uma das vezes, e “intercedeu” na outra. Ambos os casos se
referem a quando nossos pecados, nossas iniquidades, nossas
doenças, etc. foram depositados sobre Cristo. O Novo Testamento
descreve essa identificação da mesma maneira: “Aquele que não
conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que nele
fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).
Cristo então “levou embora” nossos pecados e nossas fraquezas,
para “tão longe quanto o ocidente está do oriente” (Salmos 103:12).
Ele não carrega nossos pecados até hoje — em algum lugar, de
alguma maneira, Ele se livrou deles. A palavra hebraica para “levar”
nesse capítulo é nasa, significando “levar embora”4 ou “remover
para longe”.5
Como já mencionamos, a palavra grega correspondente a levar
embora, bastazo, significa essencialmente a mesma coisa. Essa
conotação de levar algo para se livrar daquilo, torna-se cada vez
mais significativa ao discutirmos nosso papel nessa faceta do
ministério de intercessão de Cristo. É imperativo saber que
simplesmente não carregamos o fardo de alguém. Nós apoiamos
(anechomai) a pessoa colocando-nos ao seu lado e levamos para
longe o fardo (bastazo), ajudando-a a se livrar dele!
O BODE EXPIATÓRIO
O conceito de bode expiatório se origina desse trabalho redentor de
intercessão feito por Cristo, e ilustra bem nosso conceito de levar
algo embora.
Um bode expiatório leva a culpa por alguém e sofre as
consequências resultantes. Meu irmão mais velho, Tim, que agora é
pastor em Ohio, era um perito em desviar e jogar a culpa sobre mim
quando éramos crianças. Eu era totalmente inocente quando
criança, nunca fazia nada de errado. Mas ele era um encrenqueiro
em tempo integral.
Minha mãe e meu pai sempre ficavam ao lado dele — nunca
conseguiam enxergar suas falsidades e manipulação nem acreditar
que eu era tão bonzinho e perfeito. Toda a minha infância eu vivia
aguentando acusação falsa — sendo o bode expiatório de Tim!
Tenho passado os últimos vinte anos da minha vida adulta buscando
cura interior por essa injustiça.
É claro que vocês sabem que nada disso é verdade — eu não era
tão perfeito assim. Era quase. Mas pelo menos pensar assim me
ajuda a acertar as contas com Tim pelas poucas vezes em que ele
obteve sucesso em jogar a culpa em cima de mim. E serve também
para ilustrar o meu ponto. (Por sinal, nunca fiz isso com ele.)
No Antigo Testamento, eram usados dois animais no Dia da
Expiação. Um era sacrificado; o outro era usado como bode
expiatório. Depois que o sumo sacerdote colocava suas mãos sobre
a cabeça do bode expiatório, confessando os pecados da nação, ele
era solto no deserto para nunca mais ser visto. Simbolizava Cristo, o
bode expiatório crucificado fora da cidade levando embora nossa
maldição.
Cristo, o bode expiatório que levou embora nossa maldição, é bem
ilustrado em uma história que li no livro What it Will Take to Change
the World [O que Será Preciso para Mudar o Mundo], de S. D.
Gordon. A seguir, leia minha paráfrase dessa história, sobre um
casal que descobriu que seu filho de quatorze anos havia mentido
para eles. O rapazinho, que chamaremos de Steven, matara aula
por três dias consecutivos. Ele fora descoberto quando seu
professor ligou para seus pais para saber como ele estava
passando.
Os pais ficaram mais zangados com as mentiras de Steven do que
com o fato de ele ter perdido aula. Depois de orarem com ele sobre
o que havia feito, decidiram aplicar um castigo incomum e severo. A
conversa com o garoto se passou mais ou menos assim:
— Steven, você sabe como é importante que nós tenhamos
confiança um no outro?
— Sim.
— Como poderemos confiar um no outro se não contarmos
sempre a verdade? É por isso que a mentira é uma coisa tão
terrível. Não só é um pecado, mas também destrói a confiança entre
nós. Entende isso?
— Sim, senhor.
— Sua mãe e eu devemos fazê-lo entender a seriedade — nem
tanto de você ter faltado às aulas, mas das mentiras que contou.
Sua punição será passar os próximos três dias no sótão, um dia
para cada dia do seu pecado. Você comerá e dormirá lá.
Então o jovem Steven dirigiu-se ao sótão onde foi preparada uma
cama para ele. Foi uma longa noite para Steven e talvez ainda mais
longa para seus pais. Nenhum deles conseguiu comer, e por alguma
razão, quando o pai tentou ler o jornal, as palavras pareciam
embaçadas. A mãe tentou costurar, mas não conseguiu passar a
linha pelo buraco da agulha. Finalmente era hora de dormir. Por
volta da meia-noite, o pai estava deitado na cama pensando em
como Steven devia estar sozinho e com medo. Finalmente, falou
com sua esposa:
— Está acordada?
— Sim, não consigo dormir. Não paro de pensar no Steven.
— Nem eu — respondeu o pai.
Uma hora mais tarde, eles novamente se perguntaram:
— Ainda está acordada?
— Sim — respondeu a mãe —, não consigo dormir pensando no
Steven sozinho lá no sótão.
— Nem eu.
E mais uma hora se passou. Agora eram duas da madrugada.
— Não aguento mais! — murmurou o pai, saindo da cama e
pegando seu travesseiro e um cobertor. — Vou lá para o sótão.
Encontrou Steven como esperava: totalmente acordado com
lágrimas nos olhos.
— Steven — disse seu pai —, não posso retirar o castigo por
causa das suas mentiras, porque você precisa saber a seriedade do
que fez. Deve entender que o pecado, especialmente o pecado da
mentira, traz consequências graves. Mas sua mãe e eu não
conseguimos aguentar pensar em você aqui sozinho no sótão,
então vou compartilhar seu castigo com você.
O pai se deitou perto do filho e os dois colocaram os braços ao
redor do pescoço um do outro. As lágrimas em seus rostos se
misturaram ao dividir o mesmo travesseiro e o mesmo castigo
durante três noites.6
Que ilustração! Dois mil anos atrás, Deus “saiu de Sua cama” com
Seu travesseiro e cobertor — na verdade três grandes pregos e uma
cruz — colocou Seu “suporte”, Seu rosto manchado de lágrimas ao
lado do nosso e “levou” sobre si nosso castigo. Seu sótão era um
túmulo; Sua cama, uma pedra; e a face perto da dele, era a sua — a
sua e a minha.
Isso mesmo. Cristo não estava sozinho na cruz. Nós estávamos
com Ele. Na verdade, Ele estava lá para se juntar a nós em nossa
sentença de morte. Talvez não estivéssemos lá fisicamente falando,
mas estávamos lá espiritualmente (ver Romanos 6:4;6). É claro que
Ele “levava” sobre si algumas coisas enquanto estava lá pendurado.
Nossos pecados eram “depositados” sobre Ele e Ele os levava
embora.
Cristo, contudo, não terminou totalmente o trabalho.
Espere aí! Antes de me “apedrejarem” com cartas e telefonemas,
por favor, vejam Colossenses 1:24: “Agora me regozijo no meio dos
meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das
aflições de Cristo, por amor do seu Corpo, que é a igreja.”
NOSSA PARTE
O que poderia estar faltando nas aflições de Cristo? A nossa parte.
Na verdade, a versão Amplified Bible da Bíblia em língua inglesa
chega a acrescentar as palavras: “E na minha própria pessoa,
cumpro o que ainda resta para ser completado [da nossa parte] das
aflições de Cristo, por amor do seu Corpo, que é a igreja.” É claro
que a nossa parte não é exatamente a mesma que a dele: levar o
pecado, a maldição ou a culpa de outro. Mas Ele, “havendo
oferecido um único sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:12), levou
os pecados do mundo sobre si mesmo. Todavia, há uma “parte”, e
falta “cumprir o que resta das aflições de Cristo”.
Isso que está faltando é realmente a questão de todo este livro,
não apenas deste capítulo. É a “representação” da qual temos
falado. É a mediação, a intermediação, a distribuição, a efetivação.
É a nossa parte.
Vejamos, então, qual é a nossa parte no aspecto de suportar na
intercessão de Cristo. Já mencionamos a questão do “suporte” em
Colossenses 3:13 e Efésios 4:2. Examinemos agora o outro
aspecto, em Romanos 15:1-3 e Gálatas 6:2, então veremos como
os dois trabalham juntos na nossa intercessão:

Ora, nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos,
e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu
próximo, visando o que é bom para edificação. Porque também Cristo
não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: “Sobre mim caíram
as injúrias dos que te injuriavam” (Romanos 15:1-3, AA, grifo do autor).
Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo
(Gálatas 6:2, grifo do autor).

Como mencionamos anteriormente, a palavra grega para “levar” e


“suportar” nos dois versículos é bastazo, que é sinônima da palavra
hebraica nasa, que significa “levantar ou carregar”, transmitindo a
ideia de remover ou carregar para longe. Ao colocar em prática o
ministério sacerdotal de Cristo de intercessão, não estamos
simplesmente carregando os fardos para os outros; devemos
carregá-los para longe dessas pessoas — como fez Jesus.
Por favor, lembrem-se, contudo, de que não estamos literalmente
refazendo o que Cristo fez: estamos representando o que Ele fez.
Há uma grande diferença entre os dois. Nós representamos Jesus
estendendo Seu trabalho — foi Ele que levou sobre si nossas
enfermidades, nossas doenças, nossos pecados e nossa rejeição
quando foram “colocados” (paga) sobre Ele.
Ele é o bálsamo de Gileade (ver Jeremias 8:22), mas somos nós
que aplicamos esse elixir de cura.
Ele é a fonte da vida (ver Jeremias 2:13; 17:13), mas nós somos
os dispensadores da sua água da vida.
Ele é a vara consoladora do pastor (ver Salmos 23:4), mas Ele nos
permite o privilégio de oferecê-la a outros.
Sim, Ele não apenas carregou sobre si nossas fraquezas, mas
também “compadeceu-se das nossas fraquezas” (Hebreus 4:15).
Ele foi tocado por elas, todavia sem pecado. E Ele quer nos tocar
com essa mesma compaixão para que nós também possamos agir
assim com outros.
Pense nisto: Jesus, que curou de modo tão imenso, quer “curar”
através de nós; Jesus, o grande Sumo Sacerdote, quer fazer Seu
trabalho através de nós; o grande Amante quer amar através de
nós.
Ele inaugurou a nova aliança com o Seu sangue (ver Hebreus
12:24), mas ao se referir à nossa parte, Ele “nos habilitou para
sermos ministros de uma nova aliança” (2 Coríntios 3:6).
Sim, Cristo nos tornou ministros habilitados. E se eu compreendo
a palavra corretamente, ministros administram algo. O que
administramos? Bênçãos e provisões da nova aliança.
E quem é o seguro e a garantia desses benefícios? Jesus, é claro.
Então, esse versículo é apenas outra maneira de dizer que fomos
feitos distribuidores capazes do que Cristo já realizou.
SER LIBERADO POR OUTROS QUE NOS PRESTAM AUXÍLIO
Esse versículo tomou vida para mim quando meu amigo Mike
Anderson fez a seguinte afirmação: “Às vezes a aliança do Senhor é
liberada para você através de outros que nos prestam auxílio.”
Naquela época, Mike e sua esposa eram missionários na Jamaica.
Essa declaração fora feita com base em um caso de vida e morte
que eles acabavam de enfrentar com seu filho, que contraíra uma
doença grave. A criança, de dois ou três anos de idade, ficara tão
mal durante vários dias, que chegara à beira da morte. Foi então
que Mike ligou para mim e para algumas outras pessoas nos
Estados Unidos.
Eu sabia que algo muito sério devia estar acontecendo quando a
reunião de oração que eu dirigia foi interrompida para me informar
do telefonema urgente da Jamaica.
— Sinto muito interromper sua reunião, Dutch — disse meu amigo
Mike —, mas preciso desesperadamente da sua ajuda.
— O que aconteceu?
— É o meu filho Toby — respondeu Mike. — Ele esta à beira da
morte com uma febre muito alta. Os médicos não conseguem
encontrar a causa. Fizeram tudo o que o podiam, mas parece que
nada está adiantando. Eles não sabem se ele consegue sobreviver
mais uma noite nesse estado crítico. Estou orando sem parar por
ele, mas parece que não está sendo suficiente para quebrar esse
ataque. O Senhor me revelou agora que o estado dele está sendo
causado por um forte espírito de enfermidade, que Ele permitiu que
eu visse quando estava orando. Mas não estou conseguindo
quebrar o poder desse espírito sobre o meu filho, mesmo tendo
batalhado durante horas. Mas sinto que o Senhor me mostrou que,
se alguns intercessores fortes se unirem a mim, podemos quebrá-lo.
Mike e sua esposa, Pam, são pessoas fortes no Senhor. Eles oram
e são pessoas de fé. Eles entendem a autoridade do Espírito e não
estavam em pecado. Por que, então, perguntariam vocês, eles não
estavam conseguindo obter a vitória que precisavam sozinhos? Eu
não sei. Mas suspeito que o Senhor queria lhes ensinar (e ensinar a
nós que oramos com eles) o princípio que agora vou compartilhar
com vocês.
As pessoas do meu encontro de oração e alguns outros para
quem Mike ligou, todos começamos a orar. Pedimos a Deus para ir
ao encontro (paga) de seu filho. Basicamente nós dissemos: “Pai,
permita-nos assumir nosso papel sacerdotal como intercessores
(paga), efetivando a vitória de Jesus nesta situação, representando
ou administrando as bênçãos da nova aliança. Que sejamos o
suporte de Toby e nos permita, junto com Cristo, ser tocados e nos
compadecer dessa enfermidade. Coloque sobre nós (paga) esse
fardo para que possamos levá-lo para longe (nasa, bastazo).
Pedimos isso em nome de Jesus — fundamentados em quem Ele é
e no que Ele fez por nós, Pai.”
Então nós atamos o poder de Satanás sobre a vida daquela
criança — em nome de Cristo, é claro, porque era a vitória dele que
estávamos “administrando”. Então “rosnamos” com a unção “da
ursa” (ver capítulo 4). Calma, não foi bem assim, é só para
descontrair e aproveitar o simbolismo. Além disso, acho que houve,
sim, um rosnar no Espírito! Talvez seja mais correto dizer um rugido,
porque o Leão da tribo de Judá rugiu através de nós. É verdade, Ele
“ruge de Sião”, sabiam? (Ver Joel 3:16; Amós 1:2.) E temos certeza
de que Ele rugiu porque Mike ligou de volta algumas horas depois
dizendo: “Quase que imediatamente depois que liguei para vários de
vocês, pedindo-lhes para orar comigo, a febre cedeu e meu filho
começou a melhorar. Depois de algumas horas ele estava bem e foi
liberado do hospital.”
Glória a Deus! O Corpo de Cristo funcionou como o Senhor
pretendia e Jesus foi glorificado.
Mike continuou: “Perguntei ao Senhor por que eu precisava que
outros me ajudassem a anular aquele ataque contra o meu filho. Ele
me lembrou da história de Josué e do exército de Israel prestando
auxílio ao gibeonitas, que estavam em minoria absoluta de cinco
exércitos.” Mike então recontou a história de Josué 9,10 para mim,
que resumirei aqui para vocês.
Os gibeonitas eram uma das tribos cananeias que Josué e o povo
de Israel deveriam destruir. Eles haviam enganado os israelitas,
fazendo-os acreditar que vieram de um país distante, para assim
poderem fazer aliança com eles. Josué e os israelitas foram
negligentes e não oraram sobre isso, portanto, foram enganados a
fazer um acordo que os amarrava a eles. (Você já se “esqueceu”
alguma vez de orar sobre algo e se encrencou depois?)
Mesmo que esse acordo tenha nascido de um engano, a aliança
entre eles ainda era válida e fazia de Israel um aliado de Gibeão.
Portanto, alguns dias mais tarde, quando cinco exércitos marcharam
contra Gibeão, eles chamaram Josué em busca de ajuda —
fundamentados no acordo entre eles. Mesmo tendo sido enganados
a fazer aquela aliança, Josué e seu exército viajaram toda a noite
para chegar a tempo e resgatar os gibeonitas. A história inteira é
uma incrível demonstração do poder de uma aliança.
Depois de chamar a minha atenção para essa história, Mike então
me disse as seguintes palavras: “Dutch, depois de me lembrar
dessa história, o Senhor plantou o seguinte pensamento no meu
coração sobre por que eu precisava de ajuda para ganhar essa
vitória no espírito: ‘Às vezes a aliança do Senhor é liberada para
você através de outros que lhe prestam auxílio!’”
Isso não é profundo? O Todo-Poderoso administrando a bênção
da aliança através de nós. É disso que se trata a intercessão. Paga:
Ele “coloca sobre nós” a necessidade de alguém mais. Anechomai:
nós nos colocamos como “suporte” para aquela pessoa. Bastazo:
nós “levamos embora” a fraqueza ou o fardo.
EFETIVAR E PISAR — CONQUISTANDO O INIMIGO
Outra profunda ilustração dessa parceria entre Cristo e a Igreja está
exemplificada nessa mesma história de Israel e dos gibeonitas. Está
em Josué 10:22-27. Josué é um tipo de ilustração, ou uma
simbologia de Cristo do Antigo Testamento, enquanto Israel ilustra a
Igreja. O nome de Josué, que, na verdade, é o equivalente em
hebraico ao nome de Jesus, fora mudado anteriormente em sua
vida para representar essa simbologia. Antes seu nome era Oséias.
Depois que Josué e o exército de Israel derrotaram os cinco
exércitos cananitas em defesa dos gibeonitas, os reis desses
exércitos fugiram e se esconderam em uma caverna.
Quando descobriu onde eles estavam, Josué ordenou que
trouxessem os reis diante dele e os fez deitarem-se no chão. Ele
estava prestes a realizar um costume muito comum: colocar o pé
sobre o pescoço deles para demonstrar sua conquista. Muitas vezes
o exército derrotado — ou exércitos, nesse caso — fazia uma
espécie de desfile diante do rei ou general vencedor, para “exibir”
sua conquista. Era a isso que Colossenses 2:15 se referia quando
disse de Cristo: “E, despojando os principados e as potestades,
publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.”
Josué, contudo, está prestes a fazer algo bem diferente e muito
profético. Em vez de colocar seu pé sobre o pescoço desses reis,
como era o costume da época, Josué chamou alguns de seus
soldados e pediu que eles colocassem seus pés. Uma ilustração
mais literal de Cristo e a Igreja, o exército do Senhor, não poderia
nos ter sido dada. Para cumprir essa ilustração profética, quando
Jesus derrotou Satanás e seus principados e potestades, os
príncipes das trevas deste mundo, Ele também chamou para si o
seu exército e disse: “Coloquem os pés no pescoço destes
inimigos.”
Quando Efésios 2:6 diz que Ele “nos ressuscitou juntamente com
Ele”, Cristo está dizendo: “A vitória não é só minha, mas sua
também.”
Ele também está dizendo: “O que fiz, vocês devem efetivar. Eu
legalmente os coloquei debaixo dos meus pés — debaixo da minha
autoridade —, mas vocês devem exercer essa autoridade em
situações individuais, promovendo o seu cumprimento literal.”
É por isso que Romanos 16:20 diz: “E o Deus da paz, em breve,
esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás” (grifo do autor). E
Lucas 10:19 nos diz: “Eis que vos dei autoridade para pisar
serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos
fará dano algum” (grifo do autor). Foi isso que aconteceu quando
ajudamos Mike: efetivamos e pisamos.
Às vezes, para levar o fardo é preciso também “pisar”!
O Salmo 110, que é um salmo messiânico profético relacionado a
Cristo, também descreve nossa parceria com Ele. O salmo prediz
que Cristo, depois de Sua ressurreição, subiria até a mão direita do
Pai. De acordo com o Novo Testamento, quando Cristo subiu ao céu
e se sentou no trono, Ele já tinha colocado todas as outras
autoridades debaixo de Seus pés:

Sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre
todas as coisas o deu à igreja (Efésios 1:22, AA).

Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas
as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe
sujeitou todas as coisas (1 Coríntios 15:27, AA).

Mas o Salmo 110 nos informa que Ele ainda estaria esperando
para eles se tornarem o escabelo (lugar para colocar os pés) de
seus pés: “Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus
inimigos por escabelo dos teus pés” (Salmos 110:1, grifo do autor).
Espere aí! Será que estamos diante de uma contradição entre
essa profecia Messiânica e os versículos do Novo Testamento os
quais dizem que depois que Jesus subiu à mão direita do Pai, eles
já estavam debaixo dos Seus pés? Não. Então, por que a aparente
discordância? Os inimigos estão debaixo de Seus pés ou estarão
depois? A resposta é sim, eles estão legalmente debaixo dos pés de
Cristo através da Cruz. E eles estarão literalmente ao fazermos a
“nossa parte”. Os versículos 2 e 3 do Salmo 110 descrevem a nossa
parte:

O Senhor enviará de Sião o cetro do teu poder. “Domina no meio dos


teus inimigos.” O teu povo apresentar-se-á voluntariamente no dia do teu
poder, em trajes santos; como vindo do próprio seio da alva, será o
orvalho da tua mocidade.

A palavra “poder” nessa passagem, chayil, também é traduzida


como “exército”.7 Cristo procura um exército voluntário que enviará
Seu cetro forte de autoridade, governando no meio de seus
inimigos, efetivando Sua grande vitória. Então, mais uma vez, será
que Ele colocou todas as outras autoridades debaixo de Seus pés,
ou será que somos nós que devemos fazê-lo? Sim, Ele o fez; nós
efetivamos. Ele conquistou Satanás e seu reino; nós efetivamos a
vitória.
Como declaramos, às vezes para “levar o fardo” é preciso também
“pisar”.
Em outras palavras, quando Cristo coloca uma missão ou uma
vontade de orar em nós (paga) para que possamos levar aquele
fardo embora (nasa, bastazo), a tarefa envolve uma guerra no
espírito. Nenhum aluno da Bíblia que se preze poderia estudar a
palavra “intercessão” (paga) e separá-la do conceito de guerra. Isso
se tornará óbvio quando tratarmos mais diretamente da guerra
espiritual nos capítulos seguintes.
Tanto as palavras hebraicas e gregas usadas para “pisar”, darak
(hebreu)8 e pateo (grego),9 englobam o conceito de violência ou de
guerra. A palavra hebraica darak, na verdade, veio a ser usada para
a expressão “esticar o arco”,10 quando se está prestes a lançar uma
flecha, e ainda hoje em Israel é usada para dar o comando,
“carregar armas”. As duas palavras também são usadas para pisar
ou amassar as uvas ao fazer o vinho, um simbolismo usado para
Cristo dominando Seus inimigos em Isaías 63:3 e Apocalipse 19:15.
O versículo em Apocalipse diz: “Da sua boca saía uma espada
afiada, para ferir com ela as nações; Ele as regerá com vara de
ferro; e Ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do
Deus Todo-Poderoso.” Aqui nos Estados Unidos conhecemos O
Hino de Batalha da República, que tem uma parte extraída desses
dois versículos das Escrituras: “Ele pisa o lagar onde as uvas da ira
estão armazenadas, Ele disparou o raio fatal da Sua terrível espada
afiada” (tradução nossa).11
Para mim, é impressionante que essas mesmas duas palavras
sejam usadas para descrever não apenas Cristo em guerra, mas
também a guerra que nós enfrentamos. Deixe-me lhes dar uma
dessas referências. Em Josué 1:3, o Senhor disse a Josué: “Todo
lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como Eu disse a
Moisés.” A palavra “pisar” obviamente é darak. Deus não dizia a
Israel que todo lugar por onde andassem ou pisassem era deles. Ele
já tinha demarcado os perímetros da herança. Ele dizia
simbolicamente: “Todo lugar em que vocês estiverem dispostos a
carregar suas armas e tomar, darei a vocês.”
Então, mais uma vez, Deus estava dando ou eles estavam
tomando? As duas coisas! E só para provar o meu ponto de vista,
lembre-se de que a geração anterior, sob o comando de Moisés,
estava com medo e não fazia o darak (carregar suas armas e lutar),
portanto Deus não podia dar.
Por favor, não pense nem por um instante que seja diferente para
nós hoje em dia. Essas coisas aconteceram a Israel como sombras
ou exemplos para nós (ver 1 Coríntios 10:6,11). Aquilo que nosso
Josué-Jesus tem e nos está dando não virá para nós
automaticamente, só porque nós pertencemos a Ele. Nós, também,
devemos pegar “as armas da nossa milícia” (2 Coríntios 10:4) e
darak!
Isso é intercessão, tanto por meio de Cristo como por meio de nós.
Muitas vezes precisamos fazer essa intercessão pelos nossos
irmãos ao entrarmos em seus locais de desespero, colocando nosso
rosto junto ao deles e levando embora os fardos ou as fraquezas,
assim como fez Cristo.
Que Cristo viva através de você!
Que aquilo que falta nas aflições de Cristo — a nossa parte —
já não falte mais!
Que o cetro seja estendido por nós ao governarmos no meio de
nossos inimigos, fazendo deles o escabelo dos pés do Senhor!
Que o terrível rugir do Leão de Judá ressoe forte através da
Igreja!
Que a aliança do Senhor seja administrada na terra!

Li a seguinte história que aconteceu entre pai e filho, e que serve


para finalizar este capítulo:

Apesar de repetidos avisos, um rapazinho continuava chegando em


casa tarde depois da escola. Certa manhã, seus pais o informaram de
que não havia mais avisos — ele precisava chegar na hora naquela
tarde.
Mas ele se atrasou novamente.
Naquela noite, durante o jantar, o jovem descobriu qual seria seu
castigo. Sobre seu prato só havia um pedaço de pão. O garoto ficou
chocado e perplexo. Depois de esperar alguns momentos para que o
impacto da punição fosse plenamente sentido, o pai tirou o prato do
garoto e lhe serviu sua porção de carne com batatas.
Quando o garoto cresceu e se tornou um adulto, ele disse: “Toda a
minha vida eu soube como Deus é por causa do que meu pai fez
naquela noite.”12

Ser como Cristo nos custará algo. Nossa causa tem um preço alto.
O trabalho de intercessão tem um preço. Vamos pagar o preço.
Vamos nos afastar da nossa mesa farta de vez em quando e
mostrar a alguém como Deus é.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Explique os significados de levar e suportar na Bíblia. Como


eles se aplicam à intercessão? O que paga tem a ver com
levar?
Você sabe explicar como o bode expiatório é uma ilustração da
intercessão?
Como a história de Josué e os israelitas em Josué 10:22-27
ilustra a parceria entre Cristo e a Igreja?
De que maneira o Salmo 110 retrata o relacionamento entre
Jesus e a Igreja?
Você já disse hoje a Jesus que o ama?
Capítulo Seis

Proibido Ultrapassar

CERCAS DE PROTEÇÃO

“Proibido jogar entulho. Transgressores serão violados.”


Eu costumava rir sempre que passava de carro por esse cartaz. E
não era nada escrito a mão, mas sim um cartaz, em metal,
profissional, postado em uma cidade em Oklahoma (não direi qual).
Era até um daqueles com luzes fluorescentes ao redor que dá para
ler facilmente à noite. Mas quem escreveu deve ter se confundido,
pois em vez de dizer “Violadores serão processados”, disse
“Transgressores serão violados”.
Espero que tenham apenas se confundido. Talvez não. Talvez,
naquela cidade, a lei violasse os transgressores em vez de
processá-los. Resolvi que não queria descobrir.
A intercessão tem um aspecto relacionado à proteção: ela constrói
cercas ao nosso redor. A intercessão coloca indicações e sinais de
alerta no espírito de que estamos protegidos: “Proibido jogar
entulho, Satanás. Violadores serão processados.”
No capítulo dezenove de Josué, a palavra paga (intercessão) é
usada várias vezes. A passagem descreve dimensões ou limites de
cada tribo de Israel. É traduzida de várias maneiras nas diferentes
traduções da Bíblia, incluindo “estende-se” e “sobe”, “fronteira” e
“divisa”. A Bíblia Spirit-Filled diz que paga, quando usada nesse
contexto, é o limiar de uma fronteira.1
Você ficaria surpreso por a palavra traduzida como “intercessão”,
paga, também ser traduzida como “cerca”? Não deveria. Para mim,
parece bem lógico que cercas de proteção sejam relacionadas à
oração. Quero ser enfático: Nós podemos fazer cercas ou muros de
proteção2 ao nosso redor e ao redor de outros por meio da
intercessão. Que consolo saber dessa verdade sobre essa palavra!
Muitos cristãos acreditam que estão automaticamente protegidos
de acidentes, destruição, armadilhas, assaltos satânicos, etc.— não
fazemos nada para causá-los —, que faz parte da vontade de Deus.
Em outras palavras, quando Deus quer nos proteger dessas coisas,
Ele nos protege; e quando escolhe não nos proteger, as permite.
Essa crença significa simplesmente que quer sejamos livrados de
coisas destrutivas quer não, depende totalmente de Deus, e não de
nós. Quem acredita nisso geralmente pensa que nada acontece a
um cristão que não seja permitido por Deus. Outros chegam a dizer
que isso é verdadeiro para todos, não apenas para os cristãos.
Acreditam que Deus está no controle de tudo o que acontece sobre
a terra.
O fato de Deus não estar diretamente no controle de tudo o que
acontece na face da terra é algo que podemos constatar por meio
de simples fatos:

Ele nunca ia querer que uma pessoa fosse estuprada ou


sofresse abuso.
Ele nunca desejaria que um inocente sofresse.
Ele jamais iria querer assassinatos, pilhagem, genocídio racial e
milhares de outras coisas.
PRINCÍPIOS GOVERNANTES
Podemos responder à questão de Deus controlar diretamente ou
não cada evento na vida de um cristão declarando que as leis
básicas de colher o que se planta, causa e efeito, responsabilidade
individual e livre arbítrio não são invalidadas quando recebemos a
Cristo. Todas as promessas de Deus têm condições — princípios
governantes. A maioria, se não todas, dessas condições envolve
responsabilidades da nossa parte. A proteção não é uma exceção.
A maioria de nós não gosta disso. Ameaça-nos, e, de alguma
maneira, enfraquece a nossa ideia de Deus imaginar que Ele não
esteja totalmente no controle de tudo. E a maioria de nós fica
ofendida com qualquer ensinamento que insinue que poderia ser
culpa nossa quando acontece uma falha em recebermos proteção,
provisão, cura, respostas à oração ou qualquer outra coisa de Deus.
Entendo como isso pode ser ameaçador — sinto-me ameaçado
por mim mesmo —, mas não entendo por que haveríamos de nos
ofender. Algum de nós declara ser perfeito? Não vamos todos errar
de vez em quando? Então, por que haveríamos de nos ofender
quando algo sugere que imperfeições e fracassos possam vir a nos
atrapalhar?
Por que nos ofendemos e nos opomos a um ensinamento que diz
que nossa descrença nos impede de recebermos algo, quando a
Bíblia diz tantas vezes que se acreditarmos e não duvidarmos ou
hesitarmos, receberemos (ver Mateus 17:20; 21:21; Marcos 11:22-
24; Tiago 1:6,7)?
Por que nos ofendemos quando é mencionado que a nossa
incapacidade de perseverar foi o que faltou, quando a Bíblia diz que
“pela fé e paciência herdam a promessa” (Hebreus 6:12, ACF, grifo
do autor)?
Por que ficamos confusos ou zangados quando é sugerido que o
fato de não termos feito alguma coisa foi o que causou o fracasso,
quando a Bíblia diz que se “estiverem dispostos a obedecer”
comerão os melhores frutos desta terra (Isaías 1:19, NVI, grifo do
autor)?
Cerca de oitenta por cento das pessoas que se consideram
nascidas de novo não dão o dízimo, expondo-se assim a uma
maldição. Mas ficam ofendidas quando alguém menciona que a falta
de provisão é culpa delas (ver Malaquias 3:8-12).
Nós não perdoamos os outros, e ainda por cima temos a ousadia
de achar que Deus vai nos ouvir e responder às nossas orações
(ver Marcos 11:25,26).
Muitas vezes nos alimentamos mal, não fazemos exercícios e
abusamos de nossos corpos de outras maneiras. E depois dizemos
que nossa doença é vontade de Deus.
Não treinamos nossos filhos devidamente, mas nos ofendemos
quando alguém sugere que sua rebelião é culpa nossa (ver
Deuteronômio 6:7; Provérbios 22:6).
Não estamos em Cristo e na Sua Palavra, mas colocamos a culpa
na “vontade de Deus” quando o versículo “pedirdes o que quiserdes”
não tem uma resposta positiva (João 15:7).
Sabemos que a fé vem pelo ouvir e meditar na Palavra de Deus
(ver Romanos 10:17), e a maioria de nós faz muito pouco disso.
Mas se alguém sugere que não recebemos uma promessa por
causa de nossa descrença, ficamos irados.
A Bíblia ensina que “aquele que habita no esconderijo do
Altíssimo” recebe as promessas de proteção descritas no restante
do Salmo 91... Mas também ensina que há uma armadura que devo
usar e carregar, que inclui um escudo da fé, para combater os dados
inflamados de Satanás (ver Efésios 6:13-18)... Que Satanás anda
nos cercando como um leão bramidor procurando a quem devorar e
que eu devo resistir a ele (ver 1 Pedro 5:8; Tiago 4:7)... Mas quando
alguém sugere que talvez não tenha sido protegido de algum mal
por culpa minha, fico ofendido. E você?
Não estou de modo algum dizendo que Deus nunca permite que
passemos por dificuldades, que todos os nossos problemas sejam
resultado de desobediências ou que todas as orações não
respondidas sejam por causa da nossa falta de fé. Estou apenas
dizendo que muitas coisas que saem erradas e muitas dificuldades
são culpa nossa, não “a vontade de Deus”; cabe a nós fazer a nossa
parte para assegurarmos que vamos receber proteção e outras
provisões celestiais.
Vamos tentar deixar de lado nossos medos, nossas inseguranças
e nossa tendência a ficarmos ofendidos. Vamos aceitar o fato de
que a Bíblia está cheia de princípios que colocam a
responsabilidade sobre nós, princípios que devem ser cumpridos a
fim de recebermos as promessas de Deus. Entendamos que isso
não invalida a graça nem promove a salvação pelas obras. Graça
não significa “falta de responsabilidade” da nossa parte. Vamos
entender que o amor de Deus é incondicional, mas Seu favor e
Suas bênçãos, não.
Vamos deixar de lado toda a nossa preguiça, complacência e
apatia. Vamos ter consciência de que às vezes deixaremos a
desejar e não devemos nos condenar quando isso acontecer.
Vamos agir assim!
CONSTRUINDO CERCAS DE PROTEÇÃO ATRAVÉS DA
ORAÇÃO
Se você ainda estiver disposto a ler este livro depois dessa
dissertação, voltemos à questão da proteção. Provavelmente você
já imagina a esta altura que não acredito que somos
automaticamente protegidos só por sermos cristãos. Devemos fazer
o que nos cabe para garantir a proteção divina, e algo que podemos
fazer é erguer cercas (paga) de proteção através da oração.
Ouvi um ministro em Fort Worth, no Texas, contar a história de
outro pastor que há anos recebeu uma proteção divina como
resultado de muros ou cercas de proteção (paga) criados através da
oração. Esse pastor havia desenvolvido a disciplina de começar
cada dia com uma hora de oração.
Certo dia, porém, sentiu fortemente que o Espírito Santo o estava
guiando a orar por mais tempo, de maneira que continuou por mais
uma hora. Depois de duas horas ainda sentia que precisava
continuar orando, de modo que perseverou por mais uma hora,
pedindo proteção e bênção a Deus para o seu dia, como também
outras coisas. Depois de três horas, sentiu que não precisava mais
orar, e parou.
Naquela tarde, enquanto cortava a grama no jardim, sentiu algo
bater continuamente contra sua perna. Olhando para baixo, viu uma
cascavel tentando lhe dar o bote, mas ela simplesmente não
conseguia. Em vez de dar o bote, batia contra os lados de sua
perna.
Por que aquele homem sentira a necessidade de orar por mais
tempo naquela manhã? O que estava fazendo? Entre outras coisas,
criando “cercas” de proteção através da oração — paga.
Há quem diga, claro, que Deus não precisa de três horas de
oração para proteger alguém de uma cascavel. Concordo. Ele não
“precisava” de sete dias de marcha ao redor de Jericó para destruí-
la tampouco, mas escolheu fazer assim. Ele não “precisava” cuspir
no olho do homem para curá-lo, mas foi o que fez certa vez. Nem
sempre sabemos por que Ele requer que as coisas sejam feitas de
certa maneira, mas sabemos que para nós a obediência é a chave.
Se Ele diz “três horas”, então três horas será exatamente o
necessário.
HABITE NO ESCONDERIJO
Constância também é chave quando se trata de oração por
proteção. Devemos “habitar” no esconderijo para “habitar” debaixo
da sombra protetora do Altíssimo: “Aquele que habita no esconderijo
do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará” (Salmos 91:1,
ACF). Jesus igualou o esconderijo “secreto” ao aposento de oração
em Mateus 6:6. A palavra “habitar” no Salmo 91:1 é yashab, que
significa “permanecer ou morar; viver ou habitar”.3 O ponto que deve
ser enfatizado é que isso deve ser um estilo de vida, não algo que
se faz uma vez na vida. Devemos fazer desse esconderijo a nossa
moradia ou “habitação”. A vida de oração de muitos crentes é
esporádica demais para se poder edificar paredes sólidas de
proteção.
A palavra “habitar” nesse mesmo versículo é luwn, que significa,
entre outras coisas, “passar a noite”.4 Vamos ler então com este
significado: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, irá
passar a noite à sombra do Onipotente.” Em outras palavras, a
oração é como a Palavra de Deus — não lemos tudo hoje para nos
bastar a semana inteira. Temos de ter o nosso “pão de cada dia” ou
maná. Da mesma maneira, temos de ir ao esconderijo diariamente,
e quando fazemos isso podemos “passar a noite” lá. Amanhã,
porém, devemos voltar. Constância é a chave.
Ouvi um ministro visitante em Eaton, estado de Ohio, contar o
seguinte testemunho da proteção de Deus na Segunda Guerra
Mundial. Ele serviu em um navio no qual ele e outros marinheiros
separavam um tempo para orar, todos os dias, buscando a Deus
pela sua proteção e também a do navio. O que eles faziam?
Criavam cercos (paga) de proteção.
Ele conta que em uma batalha, “um avião inimigo jogou uma
bomba no convés do navio. Em vez de explodir, para a surpresa de
todos, a bomba quicou e caiu na água, como se fosse uma bola de
borracha!” Ele diz que, então, batalha após batalha, o navio foi
milagrosamente poupado.
A HORA CERTA DE ORAR
Cercas de proteção! Proibido ultrapassar! Viva no esconderijo!
Esse aspecto da intercessão não é apenas algo que fazemos de
modo geral, regularmente pela nossa família e nossos amados.
Também há momentos específicos, nos quais o Espírito Santo nos
adverte de certas situações que precisam de uma oração de
proteção. Esses momentos são o que a Bíblia chama de kairós.
Há duas palavras gregas para “tempo”. Uma é chronos, que
significa tempo em geral, o “tempo no qual qualquer coisa é feita”.5
A outra palavra, kairós, é o tempo estratégico ou “o tempo certo; o
momento oportuno no qual algo deve ser feito”.6
Uma janela de oportunidade seria um tempo kairós.
Um ataque bem planejado em guerra seria um tempo kairós.
Quando alguém está em perigo ou prestes a ser atacado por
Satanás, é um tempo kairós.
Que horas são seria um tempo chronos.
A Bíblia fala de tentações oportunas (kairós) (ver Lucas 4:13;
8:13). Não resta dúvida de que tentações ocorram coincidentemente
— alguém estar no lugar errado na hora errada —, mas também há
tentações bem planejadas e oportunas. Vale a pena estarmos
alertas, tanto por nós mesmos como por outros. Já me aconteceu de
o Espírito Santo me incitar a orar por pessoas, especialmente jovens
crentes, com o pensamento, é um momento kairós de tentação para
eles. Foi o que aconteceu em Lucas 22:31,32 quando Jesus
intercedeu por Pedro, orando para que ele não desfalecesse na fé
depois de negar a Cristo. E funcionou.
Será que algumas pessoas que se afastaram de Cristo poderiam
não ter se afastado se alguém tivesse intercedido por elas em
oração?
A Bíblia também nos fala de perseguições estrategicamente
planejadas para determinado momento (ver Atos 12:1; 19:23). De
modo geral, são enviadas para nos desencorajar, nos distrair ou, em
casos extremos, nos destruir. Nessas referências, durante tempos
de reavivamento e sucesso na Igreja Primitiva, Satanás lançou
ataques bem orquestrados de perseguição, e eles falharam.
Será que muitas das perseguições contra a Igreja não poderiam
ser detidas ou virem a dar em nada se estivéssemos alertas e
intercedêssemos em oração contra elas?
Esquecemos muitas vezes a instrução recebida de não nos
apoiarmos no nosso próprio entendimento, e falhamos em
reconhecer o Senhor em nossa intercessão (ver Provérbios 3:5,6).
Nós não esperamos ou ouvimos as impressões do Espírito Santo, e
geralmente somos nós que saímos perdendo. Esquecemos que “a
nossa luta não é contra o sangue e a carne” (Efésios 6:12), e que
“as armas da nossa milícia não são carnais” (2 Coríntios 10:4).
Tememos ter consciência dos demônios (e dar muita ênfase a eles),
de modo que ignoramos isso. Às vezes nossa busca por equilíbrio
nos deixa desequilibrados.
Efésios 6:18, cujo contexto é a guerra espiritual, diz que nós
devemos estar “vigiando [...] por todos os santos” e “orando em todo
tempo [kairós] no Espírito”. Ele não nos diz para orarmos o tempo
todo, que seria chronos, mas sim para oramos nos momentos
estratégicos (kairós). Em outras palavras, estamos em uma guerra,
e se estivermos vigiando, Ele nos avisará dos ataques do inimigo
nos momentos certos (kairós) para que possamos construir uma
cerca (paga) de proteção em oração.
KAIRÓS, UM TEMPO PARA PAGA
Há anos, certa manhã, estava orando e o Senhor me deu uma
imagem. Há quem chame de visão. Não importa como seja
chamado, vi algo: uma cascavel enrolada nos pés de meu pai.
Pareceu-me um momento kairós! Passei uns quinze minutos orando
fervorosamente pela sua proteção até que me senti em paz.
Ele me ligou no dia seguinte — estava na Flórida e eu no Texas —
e disse:
— Você nem imagina o que me aconteceu ontem. Jodie [minha
madrasta] foi ao barracão do quintal e antes de entrar direto, como
geralmente faz, abriu a porta, parou e olhou para o chão. Havia uma
cascavel bem onde ela iria pisar. Ela andou para trás com cuidado e
veio me chamar, e eu matei a cobra.
Eu disse para o meu pai:
— É, eu sei.
Surpreso, ele perguntou:
— Como você soube?
— Eu vi no espírito — respondi — e orei pela sua proteção. Você
me deve uma. (Não, eu não disse isso. Agi com verdadeira
humildade e disse algo tipo: “Glória a Deus” ou “Obrigado, Jesus.”
Você sabe como fazemos!)
O que eu estava fazendo ao orar por ele? Criando um muro (paga)
de proteção ao seu redor e de Jodie.
Como é que orei? Pedi ao Pai para protegê-los. Amarrei qualquer
tentativa de Satanás de feri-los. Citei um versículo ou dois da Bíblia
de promessas de proteção de Deus. E então orei no Espírito.
Gail Mummert, membro da nossa comunidade em Colorado
Springs, contou o seguinte testemunho impressionante de proteção
durante um momento kairós em Lancaster, no Texas:

Voltando de carro para casa debaixo de um clima que ameaçava uma


tempestade, meu marido Gene ligou o rádio para ouvir o noticiário local.
Fora detectada uma coluna de nuvens próxima a nós. Quando
chegamos em casa, estava tudo estranhamente calmo.
Pouco depois o vento começou a soprar com fúria. As árvores se
dobraram e as paredes da casa começaram a balançar. As janelas
vibravam e começou a cair granizo na garagem.
— Vá para o corredor e feche as portas — meu marido gritou. — Pegue
travesseiros e uma lanterna.
— Vovó, estou com medo — gritou William, nosso netinho de cinco
anos.
— Jesus vai cuidar de nós. Não tenha medo — eu lhe disse. De
repente, as sirenes começaram a tocar em nossa pequena cidade.
As paredes se mexiam como se não estivessem presas a nada.
— Se não estamos em um furacão, estamos perto de um — gritou
Gene ao entrar correndo pelo corredor.
— Vamos nos dar os braços e sentar no chão —, disse eu.
— Eu amo vocês — disse-nos Gene cercando-nos com cobertores e
travesseiros. Ele nos cobriu com seu corpo e nos envolveu com seus
braços.
Um vento fortíssimo nos cobriu e nos sugou a todos juntos.
— Orem! Continuem orando — ele disse.
— Deus Todo-Poderoso, nos ajude! — gritamos.
Houve uma explosão! Janelas eram despedaçadas, vidro partido voava
por todo lado. Outra explosão. As paredes cederam. Os destroços
voavam como flechas em direção ao alvo por todo lado.
— Jesus, nos ajude! Tu és o nosso Salvador! Tu és o nosso Rei! —,
gritei em alta voz. Olhei para cima — o telhado estava caindo sobre nós.
Uma escada quebrou nas costas do meu marido.
— Agora, comecem a louvar o Senhor —, gritou Gene em meio ao
vento. O próximo golpe foi o pior. Não havia nada que pudéssemos
fazer. Só o Senhor para nos ajudar. Tudo estava fora de controle, mas
sabíamos da soberania de Deus. Sabíamos que estávamos a ponto de
morrer, mas gritamos:
— Obrigado, Jesus! Obrigado, Senhor!
De repente, fui inundada de paz. Uma doce voz falou ao meu coração:
“Ouvi seu pedido por socorro. Dobrei os céus por vocês. Não importa o
que aconteça ao seu redor, estou aqui protegendo-os.” Comecei a
chorar e sabia que Jesus estava nos protegendo. Parecia que os Seus
braços nos cercavam. Eu sabia que estaríamos seguros.
O furacão passou. Começou a chover tão forte como nunca vira antes.
Estávamos seguros.
— “Mamãe, estou vendo o céu — disse o pequeno William.
— William, é porque estamos sem telhado. Provavelmente tampouco
temos alguma parede — Gene lhe informou. — Estou tão grato por
estarmos bem.
Nossa filha Wendy perguntou:
— Jesus nos protegeu, não foi?
Apesar de estarmos debaixo de toneladas de destroços, nosso cabelo
coberto de restos do isolante do forro e de vidro, estávamos bem. Com
apenas uns pequenos ferimentos.

Isso é que é um muro de proteção! Várias pessoas morreram e


muitas ficaram feridas naquele furacão devastador, mas os braços
eternos do Senhor protegeram a família Mummert. Gail teve o
privilégio de contar toda a sua história para o periódico The Dallas
Morning News. O jornal até imprimiu seu testemunho da proteção de
Deus.
Eu tinha uma amiga em Dallas, vários anos atrás, que viveu uma
interessante resposta à oração em uma situação kairós. Ela havia
ido cedo pela manhã visitar seu filho e sua nora. Seu filho
trabalhava no turno da noite, de modo que, enquanto o esperava
voltar, sua esposa e sua mãe passaram um tempo juntas. À medida
que o tempo passou e o rapaz não chegava, a mãe começou a se
preocupar. Algo não estava bem.
Pensando que talvez ele ainda estivesse no trabalho, ligaram para
o local: “Não”, responderam, “ele já foi”. Ainda mais alarmada, a
mãe disse: “Estou preocupada. Vamos até o trabalho dele.”
Ela imaginou que seu filho havia deixado o trabalho no horário de
sempre e já deveria estar em casa, quando, na verdade, ele havia
acabado de sair pouco antes de ela ligar. Mas o Senhor estava
guiando até mesmo isso, porque, apesar de ele não estar ainda em
nenhum perigo, o Espírito Santo sabia que um momento kairós
estava prestes a acontecer na vida daquele jovem, e queria que
aquela mãe que ora estivesse lá quando acontecesse.
Quando as duas senhoras dirigiam em direção ao trabalho dele
em uma avenida movimentada de Dallas, viram-no passar em sua
moto, a oitenta quilômetros por hora, na outra pista em sentido
contrário. Ainda observando-o, viram quando ele adormeceu na
direção e saiu da pista, bateu contra o meio-fio e foi lançado a cerca
de cento e cinquenta metros dali. Ele nem estava usando capacete.
Enquanto o rapaz voava pelos ares, sua mãe orou: “Jesus, proteja
meu filho!” Ela continuou orando enquanto faziam o retorno para
chegar até ele. Já havia uma multidão ao redor do rapaz, e elas
foram correndo, perguntando-se o que iriam encontrar.
E encontraram um milagre! Nenhum ferimento — nem um osso
quebrado, nenhum corte, nenhum ferimento interno. Apenas um
jovem perguntando-se o que havia acontecido.
Paga acontecera... Kairós paga acontecera! Um cerco de
proteção. Uma mãe levada pelo aviso do Espírito Santo e que
estava, portanto, no lugar certo na hora certa.
Isso quer dizer que se você não estiver no local quando uma
pessoa amada sofrer um acidente, você então é o culpado pelos
seus ferimentos ou pela sua morte? Claro que não. Se todos
vivessem tentando adivinhar os momentos certos, ficaríamos
loucos. Simplesmente significa que devemos estar alertas, e quando
formos avisados pelo Espírito Santo, devemos responder a esses
avisos com oração — criando alguns muros.
Ouvi um palestrante convidado na igreja Christ for the Nations
[Cristo para as Nações] em Dallas, no Texas, contar outra história
interessante envolvendo não um momento kairós, mas uma ocasião
kairós de criar cercas (paga) de proteção.
Ele tinha um sonho muito vívido e recorrente, que sentia ser
fortemente um aviso do Senhor de que sua filha casada estava
morrendo. No sonho, ele não via como ela morria, mas sentia
fortemente que Satanás tinha um plano meticuloso para tirar a vida
dela. Para não alarmá-la, ele contou isso apenas ao seu genro e os
dois começaram a interceder (paga) em oração diariamente pela
segurança dela. Estavam criando o muro (paga) de proteção ao
redor dela.
O ministro disse como várias vezes ao dia — enquanto trabalhava,
dirigia o carro, caminhava; sempre que se lembrava — ele amarrava
o plano de Satanás de tirar a vida de sua filha. “Como ele fazia
isso?”, alguns podem perguntar. “O que ele dizia?” Ele
provavelmente dizia coisas como:

“Pai, trago minha filha a Ti.” Isso é fazer uma “reunião” (paga)
com Deus.
“Eu lhe peço para protegê-la de qualquer armadilha que
Satanás possa ter feito para ela. Tu disseste que nos livraria do
laço do passarinheiro” (ver Salmos 91:3). Isso é criar “cercas”
(paga) de proteção.
“Obrigado por colocar esse peso, esse desejo de orar, em meu
coração para que eu possa levantá-lo e afastar dela (nasa) este
encontro com a morte.” Isso é levar a carga ou as fraquezas do
outro que nos são “postas” (paga).
“Satanás, eu amarro este seu plano e quebro qualquer
vantagem que você possa ter adquirido nessa situação. Suas
armas contra ela não prosperarão e você não vai lhe tirar a
vida.” Isso é “enfrentar” (paga) o inimigo para derrotá-lo.
“Faço isso em nome de Jesus!” Isso é fundamentar todas as
nossas orações na obra que Cristo já fez. É representá-lo,
ministrar o que Ele já realizou... efetivar Sua vitória.

Cerca de um mês depois — lembre-se de que eu disse que era


uma ocasião kairós e que ele orava diariamente —, sua filha
recebeu uma promoção no trabalho. Com a promoção recebeu
também um seguro de vida para o qual um exame médico era
obrigatório.
Foi então que, depois de um exame de sangue, o médico a
abordou, quase em pânico, com a pergunta e os seguintes
comentários: “Moça, que dieta você tem seguido? Não há nenhum
rastro de potássio em você! Você deveria estar morta. Não há
explicação plausível para continuar viva. Quando essa deficiência
ocorre, a pessoa normalmente sente-se bem, mas cai morta de
repente. Temos de levá-la imediatamente ao hospital e começar um
tratamento para repor o potássio em seu organismo.”
Ela sobreviveu, claro. Há semanas fazia uma dieta estranha,
durante a qual só ingeria dois tipos de alimentos. Apesar de não
haver explicação plausível de como ela tinha conseguido sobreviver,
sabemos da explicação espiritual: uma cerca (paga) de proteção
havia sido criada no espírito por meio da oração.
ESTOU À SOMBRA DO ONIPOTENTE —
MANTENHA A DISTÂNCIA!
Talvez o exemplo mais impressionante de intercessão de tempo
kairós em minha vida ocorreu em uma de minhas viagens à
Guatemala. Eu era uma das quarenta e cinco pessoas viajando para
um lugar remoto no rio Passion, na floresta Péten. Nossa missão
deveria construir uma combinação de estação médica e
evangelização na margem do rio. Tínhamos de construir dois
prédios e também realizar algumas pregações pelos povoados
vizinhos.
Foi uma viagem impressionante. Comemos carne de macaco e de
jiboia. Matamos tarântulas gigantes, um escorpião de uns vinte
centímetros e uma cobra coral em nosso acampamento. Fui atacado
por formigas que, sem sabermos, haviam se refugiado na lenha que
estávamos transportando e sobre as quais dormíamos enquanto
viajávamos a noite inteira rio acima. Voamos em aviões velhos da
força aérea e pousamos em campos dos quais precisaram evacuar
as cabras antes de chegarmos. (Nada disso tem qualquer coisa a
ver com a oração, mas é para que você saiba como sou
inacreditavelmente corajoso e tenho sofrido pela causa de Cristo.)
Nosso líder, Hap Brooks, pediu que eu dirigisse o louvor da proa
da nossa canoa esculpida em um tronco de árvore. Seu preferido
era It’s a Good Life Livin’ for the Lord” [Que Boa Vida é viver para o
Senhor, em tradução livre]. Ele também me fez soar meu grito de
Tarzan, que era incrivelmente bom e reverberava por todo o rio e
para dentro da selva. Os nativos dos povoados ficavam no leito do
rio e ouviam. Como nunca tinham visto nem ouvido falar de Tarzan,
claro, não ficavam terrivelmente impressionados — na verdade, sua
expressão era mais do tipo: “Quem é aquele idiota?” Ou seja, até os
animais da floresta começarem a vir até mim! Eles também tinham a
mesma expressão. (Mais uma vez, isso não tem nada a ver com
oração, mas é só para que saibam como sou incrivelmente
talentoso.)
Voltando ao propósito da história. Antes de partirmos para a selva,
passamos nossa primeira noite (sexta-feira) na capital da
Guatemala, conhecida como Cidade da Guatemala. Tínhamos
arranjado meses antes um acordo com a companhia aérea
Guatemala para nos levar de avião no dia seguinte até a selva.
Quando chegamos ao aeroporto na tarde de sábado, formos
informados de que eles tinham mudado os planos e não nos
levariam naquele dia, mas sim no próximo.
Sentindo a necessidade de seguir conforme o nosso horário por
causa do tempo limitado que tínhamos para realizar nossa missão,
nossos líderes pressionaram a companhia aérea por três horas para
que honrassem seu acordo original.
—Não — disse o gerente em seu inglês ruim — levamos vocês
amanhã.
— Mas o senhor concordou em nos levar hoje meses atrás —
argumentamos.
— Não temos piloto disponível — responderam.
— Encontrem um — rogamos.
— Para que a pressa? Desfrutem a cidade — nos diziam.
E assim foi por três horas. Entramos e saímos de escritórios,
falávamos com um encarregado após o outro. Finalmente,
exasperado, um deles jogou as mãos para cima e disse:
— Ok, vamos levar vocês agora! Entrem naquele avião. Rápido!
Todos nós correremos para o avião e jogamos nossas bolsas e
ferramentas no bagageiro. Queríamos partir antes que mudassem
de ideia.
Naquela noite, há quase quatrocentos quilômetros de distância,
um terremoto abalou a Cidade de Guatemala ceifando cerca de
trinta mil vidas em pouco mais de trinta segundos! Se tivéssemos
ficado na cidade mais uma noite — como a companhia aérea queria
— algumas pessoas da nossa equipe teriam morrido e outras
ficariam feridas. Podemos dizer isso com certeza porque, ao
voltarmos à cidade, vimos o prédio no qual estivemos na noite antes
ao terremoto e no qual teríamos passado a noite novamente se não
houvéssemos partido no sábado — com vigas enormes caídas
sobre as camas.
A conexão entre tudo isso e nosso assunto é que uma
intercessora de nossa igreja, em Ohio, teve um forte sentimento de
que deveria orar por nós no nosso segundo dia de viagem. Ela orou
por três horas em intercessão intensa por nós. Advinha que três
horas foram aquelas? Exatamente. As três horas que os nossos
líderes estavam negociando com os encarregados da companhia
aérea.
Não sabíamos que nossa vida corria risco se permanecêssemos
na cidade, mas Deus sabia. Essa intercessora tampouco sabia. Ela
só sabia que, por algum motivo, sentiu uma forte impressão de que
tinha de orar por nós. Ela estava vigiando, como Efésios 6:18 nos
instrui, e percebeu o momento kairós. Não restam dúvidas para mim
de que ela ajudou a criar a proteção e a intervenção da qual
desfrutamos.
Há vida e socorro no esconderijo da oração, mas ela não é
automática para os que creem. Apesar de termos promessas de
proteção do nosso inimigo, temos um papel definido a desempenhar
para tanto nós como os outros receberem essa proteção. Quem
intercede em oração sabe disso e não deixa nada para o acaso,
mas coloca sinais para todas as forças do inferno verem: “Estou à
sombra do Onipotente. Mantenha a distância!”
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Qual é a conexão entre paga e a proteção recebida?


Os cristãos são automaticamente protegidos de tudo? Tudo que
nos acontece é permitido por Deus, ou as nossas ações e a
nossa oração têm parte nisso? Explique.
Comente sobre ser constante em oração com relação à
proteção.
Explique a diferença entre chronos e kairós e como isso se
relaciona com a intercessão.
Você tem colado alguns cartazes de “Não ultrapasse”
ultimamente?
Capítulo sete

Borboletas, Camundongos, Elefantes e


Alvos

Aconteceu por Acaso

Eu estava nas nuvens, literalmente. A cerca de seis mil metros de


altura, na verdade. Estava fazendo parasailing* em Acapulco.
Minha esposa Ceci e eu estávamos no último dia das nossas
férias de três dias naquele local turístico. Tinha observado aquele
esporte a semana inteira, vendo os barcos puxando as pessoas da
praia e lançando-as ao ar, e por sobre aquele lindo espelho d’água.
Aqueles marinheiros do ar voavam sem esforço por cinco a dez
minutos, desfrutando a liberdade de estarem livres dos laços desta
terra, e eram depois devolvidos à praia. Para espanto e alegria de
nós, seres terrestres menos aventureiros, eles pousavam
suavemente e aceitavam os nossos aplausos. Nem sequer se
molhavam.
Observei aquilo por dois dias. Ora, eu sempre quis saltar de
paraquedas — na verdade, eu mais me perguntava como seria
saltar de paraquedas —, mas era esperto o suficiente para não fazer
aquilo antes de me casar. Minha esposa desde então me pede para
não saltar, e agora essa é a minha desculpa. Mas talvez isso
satisfaça a minha curiosidade, pensei enquanto observava aquilo.
Finalmente, decidi que não era tão curioso assim a ponto de tentar.
Nós, homens, temos uma necessidade constante de impressionar
as mulheres na nossa vida, demonstrar como somos intrépidos e
nossa capacidade de encarar qualquer desafio.
— Puxa, isso parece muito legal — disse minha esposa.
— Ah, não parece assim tão difícil — respondi com o ar mais
despretensioso que consegui simular tipo “qualquer um faz aquilo”.
— A pessoa só precisa sair correndo da praia e deixar o barco fazer
todo o resto. Eu faria, mas você provavelmente não deixaria. Além
disso, não vale todo o dinheiro que cobram.
Fiquei absolutamente petrificado quando ela respondeu toda
emocionada:
— Ah, eu não me importaria, não. Na verdade, amaria ver você
fazendo isso, e não é assim tão caro. Vai lá!
Ai, meu Pai do céu, gritei por dentro, me tira dessa! Você é que
tem de se tirar dessa, ouvi no fundo do coração. Foi você quem se
meteu nisso.
— Ah, você só está dizendo isso para me agradar, querida — foi
minha resposta. — Sei que morreria de medo se eu fizesse aquilo,
mas obrigado por pensar em mim. Não vou fazer você passar por
essa angústia.
— Não, é verdade, quero que você vá. Daria uma foto linda e,
além disso, o que poderia dar errado? — ela perguntou. — Vai lá.
— Tudo bem — disse eu, tolamente. — É, o que poderia dar
errado?
Há momentos na vida nos quais devemos fingir que estamos mal,
dizer que estamos com uma dor de cabeça inexplicável ou
simplesmente nos humilharmos, admitirmos que somos um macho
mentiroso e egoísta, e nos arrependermos do nosso pecado. Mas
eu resolvi salvar as aparências. Agora me diga, com o senso de
justiça e o humor de Deus, você acha realmente que Ele ia deixar
eu me safar daquilo?
Era a nossa última manhã lá. Íamos partir dentro de uma hora
mais ou menos. Eu estava com as minhas roupas de sair, sapatos e
tudo. Nem tirei o relógio. Afinal de contas, as pessoas nem tocavam
a água. Eu deveria saber que as coisas nem sempre acontecem
como planejadas quando me fizeram assinar aquele formulário de
responsabilidade, mas...
Eu fui o primeiro do dia. A largada foi bem rotineira e dentro de
segundos eu já estava a seis metros de altura, desfrutando a vista
da praia lá de cima. Como eu era o primeiro freguês do dia, eles me
puxaram bem pertinho da praia a apenas uns cinquenta metros mais
ou menos de distância para fazerem propaganda de seu negócio.
Eu, na verdade, comecei a gostar do passeio. Era mesmo uma
viagem nas alturas. As pessoas na praia começaram a acenar para
mim e me encorajar. Eu era o centro das atenções de todos. Eu,
claro, retribuía o gesto e acenava para todos, tipo, “não estou
querendo aparecer, isso aqui não é nada”. Estava dando uma de
gostosão, ao estilo “fique frio e relaxe”.
De repente, tive uma sensação estranha de que a água estava se
aproximando. Um segundo depois eu sabia que estava se
aproximando. Mais outro segundo e caí na água com tudo. “A queda
dos poderosos!”
Isto é impossível, pensei. É um sonho. Sonho não, pesadelo.
Lembrando que eu nunca tinha provado a água salgada em um
sonho, não demorou muito para eu perceber que não era sonho
nenhum, mas a realidade do que estava acontecendo. Nadei até o
barco, cujo motor havia parado, e subi a bordo. Agora estava
mesmo frio — molhado e frio!
O piloto do barco finalmente conseguiu ligar o motor e me levou de
volta ao ponto de partida. Com o meu melhor “não tem problema, na
verdade, foi até divertido”, acenei para as pessoas na praia. Até hoje
não acho que minha esposa saiba como eu realmente me senti,
visto que a maioria das mulheres nunca parece entender quando o
ego masculinho está se autoafirmando. Ora, outro dia mesmo
quando ela achou que precisávamos parar para perguntar o
caminho...
Posso ouvir a sua mente trabalhando e você se perguntando que
parte dessa história pode ter alguma relação com a intercessão, a
não ser por aqueles dois segundos quando eu orei sério e pedi
socorro a Deus. Na verdade, outra de nossas definições de paga foi
usada nessa história, que é “cair em ou sobre”.1 O conceito, claro, é
pousar em ou chegar a certo lugar, que acontece por acaso.
Podemos, portanto, usar as palavras “por acaso” ou “deparar”. Vou
lhe dar a referência disso em breve e explicar a conexão com a
oração, mas vejamos antes mais outros pontos introdutórios.
NOSSO AJUDADOR
Este capítulo é sobre o nosso Ajudador, o Espírito Santo. Sem
dúvida o maior segredo para uma intercessão de sucesso é
aprender a cooperar com o Espírito Santo, permitir-lhe ser tudo o
que Ele foi enviado para ser em nós. Jesus o chamou de “Ajudador”
em João 14:26: “Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito” (AA).
Algumas traduções usam a palavra “Consolador” em vez de
“Ajudador”, mas a palavra é parakletos e significa “aquele que é
chamado para estar ao lado para ajudar, auxiliar ou apoiar”.2 É uma
palavra tão poderosa que a versão Amplified, em língua inglesa, usa
essa palavra para comunicar a riqueza de seu significado:
“Consolador (Conselheiro, Ajudador, Intercessor, Advogado,
Fortalecedor, Companheiro), o Espírito Santo.” Contudo, quero focar
nele como o nosso “Ajudador” e “Intercessor”.
Lemos em Romanos 8:26-28 que Ele quer nos ajudar em nossa
vida de oração:

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas;


porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele
que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que
segundo Deus intercede pelos santos. E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito (ACF).

Note que o versículo 28 começa com a palavra “e”, que é uma


conjunção que une o versículo 28 aos versículos 26 e 27, fazendo
com que dependa do que é dito antes. Em outras palavras, todas as
coisas não concorrem para o bem na vida dos cristãos a não ser
que certas condições sejam satisfeitas. Todas as coisas podem
concorrer para o nosso bem, e a vontade de Deus é que concorram
para o nosso bem, mas não é algo automático. Temos de fazer a
nossa parte. As coisas boas acontecem à medida que os versículos
26 e 27 são colocados em prática.
Eu não acredito que a intercessão do Espírito Santo nesses
versículos seja apenas o “dom de línguas”. Contudo, a maioria de
nós nos círculos pentecostais e carismáticos acredita que inclui esse
dom, que acreditamos permite ao Espírito Santo literalmente orar
através de nós. Não é minha intenção neste livro provar isso, nem
estou querendo dizer que as pessoas que não praticam o dom de
línguas fazem orações de menor valor.
Se você não ora dessa maneira, não tenho a intenção de ofendê-
lo. Eu tenho muito amor e respeito pelos meus irmãos e irmãs em
Cristo que não são pentecostais. Contudo, é impossível para mim
compartilhar o que acredito que o Senhor me ensinou com relação a
essa passagem sem fazer referência a orar em línguas, ou como a
Bíblia também diz, “orar no Espírito”.
Vou, portanto, falar um pouco sobre isso. Contudo, partindo desse
ponto de vista, em um esforço para ser inclusivo e não ofender
ninguém tanto quanto me for possível, usarei apenas a frase “orar
no Espírito”. Para os leitores pentecostais, quando virem essa frase,
por favor, saibam que estou incluindo “línguas”. Para o restante de
vocês, por favor, interpretem segundo a sua crença do que significa
“orar no Espírito”.
Essa passagem diz que o Espírito Santo quer nos ajudar em
nossa “fraqueza”. A palavra grega usada é astheneia e significa
literalmente “sem força” ou habilidade”.3 Uma “inabilidade de
produzir resultados” é o conceito comunicado pela palavra.
Você já se sentiu incapaz, em sua vida de oração, de produzir
resultados? Já deparou contra uma “montanha” que não conseguia
mover? Eu me lembro de que isso me aconteceu alguns anos
atrás... Ou será que foi algumas horas atrás? Ora, enfrentar
barreiras é um fato da vida.
O Senhor então diz nesse versículo que uma das razões pelas
quais temos essa “inabilidade de produzir resultados” é porque nem
sempre “sabemos orar como devemos”. A palavra “devemos” aqui é
uma palavra muito importante. O original para ela, dei, é
principalmente um termo legal que significa “o que é necessário,
correto ou adequado segundo a natureza do caso; algo que deve
ser feito; algo que se é obrigado a fazer por lei”.4
Por exemplo, Lucas 18:1 nos diz: “O dever de orar sempre e
nunca esmorecer” (grifo do autor). O versículo não diz, “seria uma
boa ideia orar”. Ele declara: “É absolutamente necessário —
obrigatório — você orar.”
Jesus usou essa palavra quando falou sobre a mulher tomada por
um espírito de enfermidade: “Por que não se devia livrar deste
cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás
trazia presa há dezoito anos?” (Lucas 13:16). O motivo que Jesus
deu para ela ser livre daquele espírito era o fato de ela ser “uma
filha de Abraão”. Em outras palavras, ela tinha o direito àquilo, que
lhe fora conferido por uma aliança. Como Jesus era capaz de lhe
dar o que ela tinha direito, Ele em essência estava dizendo: “Não é
necessário e não sou obrigado a livrar esta filha de Abraão desta
enfermidade?”
Agora que entendemos a força da palavra, voltemos a Romanos
8:26. O Senhor está dizendo que nem sempre sabemos o que
precisa acontecer em determinada situação. Nem sempre sabemos
o que é necessário ou certo.
Eu me vejo me perguntando por vezes: Como vou orar para esta
pessoa ou situação, Senhor? O que precisa acontecer?
Outras vezes tenho me sentido guiado pelo Espírito Santo a orar
por alguém, contudo sem condições de saber na hora por que a
pessoa precisava de oração.
Às vezes intercessores maduros são levados pelo Senhor a orar, e
essas pessoas não só não sabem pelo que estão orando, mas nem
sequer sabem por quem estão orando. Elas simplesmente sentem a
necessidade de orar. Essa situação fala de uma fraqueza, da
inabilidade de produzir resultados. Tem a ver com não saber o que é
“necessário, correto ou adequado” em uma situação.
O que fazemos nessas circunstâncias? É então que o Espírito
Santo quer nos ajudar. Ele nos guia enquanto oramos, talvez nos
revelando coisas sobre a situação, ou trazendo versículos à nossa
memória para que possamos orar pela situação. Ele certamente vai
nos ajudar enchendo nossas orações de poder. Mas outra maneira
pela qual Ele quer nos ajudar é literalmente orando através de nós
ao orarmos no Espírito.
NO LUGAR CERTO NA HORA CERTA
Isso nos traz agora à paga e à definição que mencionei antes: “cair
em” ou “cair por acaso”. O contexto no qual a palavra é usada dessa
maneira é Gênesis 28:10-17.5 A passagem descreve a luta de Jacó
com Esaú depois de lhe roubar o direito de primogenitura. Depois de
viajar o dia inteiro, Jacó precisava de um lugar para passar a noite
“pois já era sol-posto”. O versículo 11 diz que ele “se deitou ali” em
certo lugar e que passou a noite. Note que Jacó não tinha
predeterminado passar a noite ali, ele não escolheu o lugar de
antemão, mas foi guiado pelo acaso — “pois já era sol-posto”.
Casualmente, aquele acabou sendo um lugar muito especial,
Betel, que significa “a casa de Deus”. Jacó, na verdade, se refere ao
lugar como uma “porta dos céus”. Apesar de a maioria das
traduções dizer que Jacó deitou-se em “um” lugar, em hebraico diz
literalmente “o” lugar. O que não passava de um lugar para Jacó,
escolhido ao acaso, era o lugar para o Senhor e soberanamente
escolhido por Ele. Foi lá que Jacó teve um encontro poderoso com
Deus que mudou sua vida.
Foi lá que ele viu anjos subindo e descendo do céu. Foi então que
Deus estendeu a ele a aliança que havia feito com Abraão, e
informou a Jacó que, através de sua linhagem, Ele salvaria o
mundo. Também prometeu grandes bênçãos a Jacó, protegê-lo e
levá-lo de volta à sua terra natal em segurança. Em suma, era um
lugar onde o destino de Jacó foi todo contado e sua história tomou
forma.
Essa é uma linda história, mas como ela está relacionada à
intercessão e a Romanos 8:26-28? Estou feliz por você ter
perguntado!
Como Jacó, que não foi levado a esse lugar especial pelo seu
próprio raciocínio ou entendimento, nós nem sempre podemos ser
direcionados em oração pelo nosso raciocínio ou entendimento.
Consequentemente, muitas vezes nos sentimos fracos ou
debilitados na nossa habilidade de produzir resultados. Às vezes,
orar parece um processo de tentativa e erro, como se tivéssemos de
pousar ou “cair em” uma situação da maneira correta apenas “por
acaso”.
Mas, tudo bem, não há problema nisso, pois esse é um dos
primeiros significados de paga.
Na verdade, porém, não é um caso de tentativa e erro porque o
que para nós é por acaso não o é para o nosso Ajudador, o Espírito
Santo. Na verdade, paga também significa “alvo”.6 Ainda usam essa
palavra com esse sentido em Israel nos dias de hoje. Feche os
olhos, e fogo! Quando lhe permitirmos interceder através de nós,
assim como Ele guiou soberanamente Jacó ao lugar certo na hora
certa, também fará com que nossas orações caiam (paga) no lugar
ou na pessoa certos, da maneira certa, na hora certa, resultando na
vontade de Deus nas situações. E isso é bom e certo! Quando isso
acontecer:

Haverá “Betels”!
Ocorrerão encontros com Deus!
Portas dos céus serão abertas!
Destinos serão escritos!
A história será moldada!

“Isso é dramático demais”, você diz. Se você disse isso é porque


não conhece Deus bem o suficiente. Ou talvez não acredite que
realmente possamos envolver um “operador de milagres” nas
nossas orações. Eu lhe digo que uma das razões pelas quais não
vemos mais milagres é porque não esperamos mais milagres. A
nossa Bíblia — dos dois lados da Cruz, ou seja, no Antigo e no
Novo Testamento — apresenta muitos deles. Eles, porém,
procedem de Deus, e a maneira de vermos mais milagres
acontecendo é envolver Deus em mais situações. Orar no Espírito
faz justamente isso.
A UNÇÃO DA BORBOLETA
Às vezes, quando estou orando no Espírito, sinto-me um pouco
como uma borboleta. Já observou como uma borboleta voa de um
lugar para o outro? Ela bate as asas de cá para lá, para cima e para
baixo, feito uma “barata tonta”. Parece não ter a mínima ideia de
para onde está indo. Parece quase bêbada. Quando começo a orar
no Espírito, sem saber o que estou dizendo, às vezes com minha
mente vagando de cá para lá, sinto como se estivesse tentando
entrar na “unção da borboleta”.
Para onde estou indo?
O que estou fazendo?
Será que vou chegar ao lugar certo, até a pessoa certa? Essa
oração está mesmo surtindo algum efeito?
Mas assim como a borboleta sabe exatamente para onde está
indo, o Espírito Santo direciona as minhas orações com precisão!
Elas vão “cair” no lugar ou sobre a pessoa certa.
Essa verdade é profundamente ilustrada por uma história que ouvi
de um pastor de Cleveland, no Tennessee. Ele nos relatou que a
história aconteceu em uma de suas reuniões. Ele estava
ministrando em uma pequena igreja no Canadá. Não conhecia bem
ninguém na igreja, visto que era sua primeira vez lá. Cerca de
quinze minutos depois que começou a compartilhar sua mensagem,
ouviu o Espírito Santo falar ao seu íntimo: Pare de compartilhar sua
mensagem e comece a orar no Espírito.
Tenho certeza de que você pode imaginar como ele se sentiu
embaraçado com aquilo, especialmente por não conhecer muito
bem aquelas pessoas. Contudo, a orientação do Espírito Santo foi
tão forte que ele obedeceu. “Vocês vão ter de me desculpar”, disse,
“mas o Senhor acabou de me instruir para parar a minha mensagem
e orar no Espírito”. Ele então começou a andar pela plataforma
orando no Espírito em voz alta.
Passaram-se cinco minutos e nada.
Dez minutos e nada.
Quinze minutos e ainda nada.
Não sei de você, mas eu estaria me sentindo bem nervoso a essa
altura. Estaria procurando aquele botão na plataforma, pelo qual já
ansiei algumas vezes, que eu pudesse apertar para abrir uma porta
secreta e sair dali correndo! Aquele era um momento de fraqueza,
uma inabilidade de produzir resultados (anaideia), pois o pastor não
fazia ideia do que se tratava.
Tinha a ver com não saber orar como deveria — o que era
necessário, certo ou adequado (dei)!
Ele precisava acertar, cair em algo, por acaso. Ali estava a unção
da borboleta!
Mais vinte minutos.
As pessoas tinham simplesmente sentado, observando e ouvindo.
De repente, uma mulher começou a berrar, ficou de pé em um pulo,
e correu para a frente da igreja.
“O que aconteceu?”, perguntou o pastor.
“Minha filha é uma missionária no coração da África”, disse a
senhora. “É tão longe que leva três semanas para chegar onde ela
está. É preciso viajar de carro, e depois de barco, andar em um
animal e caminhar por um total de vinte e um dias. Meu marido e eu
recebemos um telegrama ontem das pessoas com quem ela
trabalha nos informando que ela contraiu uma doença fatal que leva
a pessoa à morte em três dias. Se ela estivesse na civilização
poderia ser tratada, mas levaria muito tempo para transportá-la. ‘Ela
provavelmente vai morrer em três dias,’ me disseram, ‘e tudo o que
podemos fazer é lhe enviar o corpo assim que possível’.”
“Na última vez que a minha filha esteve em casa”, continuou a
senhora, “ela me ensinou um pouco do dialeto das pessoas com
quem ela trabalha. E o senhor acabou de dizer, nesse dialeto: ‘Pode
se alegrar, sua filha está curada. Pode se alegrar, sua filha está
curada’.”
E ela estava curada!
Uau! Ora, isto é paga! Isso é cair sobre a pessoa certa no
momento certo. Isso é ajuda do Espírito Santo. Isso é a unção da
borboleta.
Por que demorou vinte minutos? Porque o Canadá fica longe da
África e levou um tempo para o Espírito Santo voar como uma
borboleta até lá? Acho que não. Não tenho certeza de por que levou
vinte minutos. Há várias razões para eu acreditar que perseverança
é geralmente algo necessário na oração, mas isso fica para outro
capítulo (Persevere e você conseguirá chegar até ele).
“APODERANDO-SE JUNTO CONTRA”
Outra maneira com que o Espírito Santo nos ajuda em nossa
intercessão está escondida no sentido da palavra “ajuda”. “E da
mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas”
(Romanos 8:26, ACF, grifo do autor). A palavra grega é
sunantilambanomai. Acho que você tem de falar em línguas para
conseguir dizer essa palavra. Ela deve conter alguma revelação. É
uma palavra composta formada por três palavras: Sun, que significa
“junto com”, anti que significa “contra”, e lambano que significa
“apoderar-se”.7 Unindo as três, um sentido muito literal dessa
palavra seria “apoderar-se junto contra”.
O que essa expressão nos diz sobre prestar ajuda?
Em situações nas quais nos sentimos incapazes de obter
resultados, o Espírito Santo não só quer direcionar as nossas
orações com precisão, fazendo-as enfrentar a situação
corretamente, mas também quer apoderar-se da situação junto
conosco, acrescentando Sua força à nossa. “‘Não por [sua] força
nem por [seu] poder, mas pelo Meu Espírito’, diz o Senhor dos
exércitos” (Zacarias 4:6) as montanhas serão removidas.
Apesar do contexto de 2 Coríntios 12:9 não ser a oração, orar no
Espírito talvez seja um dos maiores exemplos de quando a força do
Senhor é completa em nossas fraquezas. Quando percebemos as
nossas fraquezas, nossa inabilidade de produzir resultados, isso faz
com que olhemos para o Senhor em busca de ajuda. Se lhe
permitirmos orar através de nós, Ele irá aproveitar para agir junto
conosco. Basta acreditarmos que quando o Espírito Santo se
apodera, algo vai acontecer!
Por favor, notem que ambas as palavras “ajuda” e suas definições
literais “apoderar-se junto contra” não implicam que Ele está
fazendo algo por nós, mas conosco. Em outras palavras, não é algo
que o Espírito Santo está simplesmente fazendo em nós, com ou
sem a nossa participação. Na verdade, nós estamos envolvidos com
Ele quando oramos no Espírito, que é, na verdade, permitir que Ele
ore através de nós.
Há vários anos minha esposa Ceci desenvolveu uma dor muito
perturbadora no abdome. Começou como um pequeno desconforto
e foi aumentando em intensidade no período de um ano, quando
então ela foi ao médico. Ele encontrou um cisto no ovário do
tamanho de um ovo e nos informou que seria necessária cirurgia
para removê-lo, e possivelmente seria preciso remover o ovário
também.
O médico era cristão e entendia os princípios espirituais, de modo
que conversamos com ele sobre nos dar um pouco de tempo para
orarmos por cura. “Doutor”, eu disse, “se puder nos dar um pouco
de tempo, acho que podemos nos livrar disso com a oração”.
Estando bastante seguro de que o cisto não era maligno nem a
vida de Ceci corria risco, ele respondeu: “Eu lhes darei dois meses.
Se não se livrarem dele da sua maneira, então vamos fazer da
minha.”
“Combinado”, concordei.
Oramos por Ceci com todos os métodos que conhecíamos da
Bíblia: imposição de mãos; chamamos os anciãos para ungi-la com
óleo; fizera uma oração de concordância; citamos as Escrituras;
amarramos o maligno; liberamos a vida dela; lançamos o mal fora e,
como bons pentecostais, até a colocamos no chão e a deixamos ali
deitada um pouco — às vezes é preciso tentar de tudo! Da próxima
vez que você falar com alguém que insinue saber sempre o que
exatamente é necessário acontecer na oração e na guerra espiritual,
pode dizer que um tal de Dutch Sheets amigo seu não acredita
nisso. (Vão lhe perguntar que amigo é esse, mas não se intimide por
isso.)
Não houve mudança alguma na sua condição, e percebi que
íamos ter de obter aquela cura com perseverança e apoderando-nos
dela por fé (ver 1 Timóteo 6:12). E essa, a propósito, é a maneira
pela qual recebemos a maioria das respostas à oração — não com
milagres instantâneos, mas sim lutando a boa milícia da fé com
paciência.
Senti que precisava passar uma hora por dia orando por Ceci.
Comecei os meus momentos de oração declarando por que estava
buscando o Pai. Eu então fazia referência aos versículos bíblicos
nos quais baseava a minha petição. Depois então os citava,
agradecendo ao Pai pela Sua Palavra e a Jesus por nos dar a cura.
Isso geralmente não levava mais do que cinco ou seis minutos. Eu
orava no Espírito o restante daquela hora. Isso aconteceu por um
mês.
Algumas pessoas podem achar que isso é tempo demais para orar
por algo — uma hora por dia por um mês. Outras diriam que Deus
não precisa de tanto tempo assim para curar alguém. Só estou lhe
contando o que funcionou para mim. E descobri que Ele não tem
apenas uma maneira de fazer as coisas, até quando se trata das
mesmas coisas. A variedade criativa do Senhor parece não ter fim.
A chave para nós é sempre a obediência.
Depois de umas duas semanas fazendo isso, certa tarde, o
Senhor me mostrou um quadro enquanto eu orava no Espírito. Eu
me vi segurando aquele cisto em minha mão e estrangulando-o. Eu
não sabia que o sentido literal da palavra “ajuda” em Romanos 8 era
“apoderar-se junto contra”, mas o Espírito Santo estava me
ensinando uma verdade maravilhosa.
Eu sabia, claro, que não poderia colocar as minhas mãos de
verdade no cisto, mas Ele estava me mostrando que ao lhe permitir
orar através de mim, Ele estava “caindo sobre” a situação e
“apoderando-se junto comigo contra” da coisa. Obviamente, era o
Seu poder fazendo a diferença.
De certa maneira, isso me faz lembrar a história do camundongo e
do elefante que eram os melhores amigos. Eles estavam sempre
juntos. O camundongo andava nas costas do elefante. Certo dia,
eles cruzaram uma ponte de madeira, que, dado o peso do elefante,
arriou, chiou e balançou. Depois da travessia, o camundongo,
impressionado com a capacidade que tiveram de causar tamanho
impacto, disse ao elefante: “Nós certamente sacudimos aquela
ponte, não foi?”
O que me lembra de algumas das nossas “propagandas” e
testemunhos. Eles fazem até alguém pensar que o Espírito é o
camundongo e nós o elefante. (Talvez por isso não estejamos
sacudindo muitas pontes.)
Depois de ter a visão na qual eu estava estrangulando o cisto,
perguntei a Ceci se ela sentia alguma mudança. “Sim, a dor está
diminuindo”, Ceci respondeu.
A reação do médico foi: “se a dor está diminuindo, o cisto deve
estar diminuindo. Continue fazendo seja lá o que estiver fazendo.”
Eu me esforcei para não estar imaginando nada da minha cabeça,
mas o Espírito Santo me mostrou mais duas vezes a mesma visão.
A cada vez o cisto parecia menor. A última vez, que foi a terceira, foi
um mês depois da consulta. Na visão, o cisto estava do tamanho de
uma moeda e, enquanto eu orava, ele desapareceu na minha mão.
Eu sabia que o Senhor estava me permitindo saber que o trabalho
estava encerrado. Apesar de Ceci me dizer que ainda sentia um
pouco de desconforto, eu não conseguia mais parar para orar. Eu
sabia que a obra fora feita.
Três dias depois ela me disse que não sentia mais nenhuma dor
ou desconforto. A ultrassonografia logo depois confirmou o que já
sabíamos no fundo do coração — não havia mais cisto!
Você sabe o que aconteceu, não sabe? Paga!

“Apoderar-se juntos contra alguém”, aconteceu.


“Betel”, aconteceu.
“Cair sobre”, aconteceu.
“Carregar os fardos” e “levá-los embora”, aconteceu.
Um “encontro”, aconteceu.
“Efetivar”, aconteceu.
Uma “representação”, aconteceu.

Intercessão, aconteceu! E pode acontecer através de você! A


unção da borboleta foi combinada com a unção da ursa — e a
serpente foi novamente derrotada. (Por favor, não dê este livro a
ninguém super-religioso nem a nenhum ministério que existe para
dar um jeito em “lunáticos pentecostais”. Eles colocariam a minha
ursa para hibernar e fariam a borboleta virar lagarta de novo.)
O ponto mais importante que quero comunicar para você neste
livro é que Deus quer usar você. Você não precisa ser pastor nem
profeta. Não tem de ser um alguém muito conhecido. Não precisa
saber falar grego nem suaíli. Só precisa acreditar em Jesus, ser um
de Seus representantes escolhidos, alguém chamado e autorizado
para administrar as bênçãos da nova aliança — um cristão.
Deus, o Pai, quer liberar a obra de Jesus por meio das suas
orações. O Espírito Santo quer ajudá-lo. “Beteis” estão esperando
para serem descobertos. Histórias estão esperando para serem
escritas, e destinos para serem moldados.
Não se intimide pela sua ignorância de “não saber o que é
necessário, certo ou apropriado”. Não permita que suas fraquezas o
paralisem e o levem à inatividade. Levante-se! Melhor ainda,
permita que o seu Ajudador o levante! Juntos, vocês podem sacudir
qualquer ponte!
Tenha certeza apenas de que você sabe quem é o camundongo.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Consegue explicar a conexão entre Gênesis 28:10-17 e


Romanos 8:26,27? Certifique-se de incluir comentários sobre
paga, a unção da borboleta e orar no Espírito.
O que o Espírito Santo faz para nos “ajudar” em nossas
fraquezas?
Pense em situações em que não sabe como orar como deveria.
Decida permitir ao Espírito Santo ajudá-lo. Decida quando vai
lhe dar essa oportunidade.
Se tivesse de fazer tudo de novo, ainda escolheria Jesus? (Que
pergunta boba!)

* Passeio de paraquedas rebocado por uma lancha (N.T).


Capítulo oito

Parto Sobrenatural
(Aviso: este capítulo pode alterar drasticamente a população do
reino das trevas e aumentar a necessidade por novas classes de
convertidos.)

O ORIENTADOR

Eu acompanhei e fui o orientador de minha esposa Ceci nas


sessenta e cinco horas de trabalho de parto no nascimento de
nossas duas filhas, Sarah e Hannah. Eu lhe disse exatamente o que
fazer e quando — durante mais ou menos os dez primeiros minutos.
Ela então assumiu o papel de orientador, jogador, árbitro, juiz e
qualquer outra posição que deparasse. Sendo o homem inteligente
que sou e amante da vida como sou, não demorei muito para
perceber que a única maneira de sobreviver àquele esforço de
formarmos um “elo” na hora do parto era concordar — rapidamente
e sem perguntas.
Foi um grande aprendizado. Eu não fazia ideia de que ela era uma
instrutora tão capaz. Filmamos tudo, e podem fazer os seus pedidos
para Ministérios Dutch Sheets, Caixa Postal... Brincadeira!
Aprendi tudo sobre o que fiz durante o parto em várias semanas
de aulas sobre “parto natural” naqueles primeiros dez minutos.
Depois disso, não precisava de treinamento. Tudo era bastante
natural.
Este capítulo é sobre “parto sobrenatural”. Minhas estatísticas de
sucesso em orar pelos perdidos eram deprimentes, assim como
acontecia com todos os outros que eu conhecia e que faziam o
mesmo. Então, pensei em ver o que a Bíblia tinha a dizer sobre o
assunto: não muito! Pelo menos não diretamente. Não há qualquer
referência, em lugar nenhum da Bíblia, instruindo-nos a pedir a
Deus para salvar alguém. Isso me intrigou. Como poderia algo
assim tão importante ter tão poucas referências? Parecia que os
princípios gerais da oração teriam de ser aplicados também à
intercessão pelos perdidos.
Encontrei um único versículo que diz: “Pede-Me, e Eu te darei as
nações por herança” (Salmos 2:8). Mas eu sabia que era um
versículo profético do Velho Testamento que se referia ao Pai
dizendo a Jesus para lhe pedir. Imagino que Cristo já fez isso e que
o Pai provavelmente disse sim.
Descobri que temos de pedir que sejam enviados trabalhadores
para a seara (ver Mateus 9:38). Mas isso não é pedir a Deus para
salvar alguém; era pedir por trabalhadores. Também descobri
algumas coisas relativas à guerra espiritual, que veremos mais tarde
em outro capítulo, e encontrei algumas passagens bíblicas falando
da intercessão como um trabalho de parto.
INTERCESSÃO COM DORES DE PARTO, O QUE É ISSO?
Intercessão com dores de parto, o que era isso afinal? Como
funcionava? Sei o que eu achava que era, mas não estava
satisfeito. Será um modo válido de oração? Eu me perguntava. Será
que existe mesmo uma oração que produz o nascimento de uma
nova vida?
Sim, agora creio que sim, apesar de não ser fácil definir e explicar
isso. É controverso. Como um mero ser humano pode ter
participação no nascimento de uma vida espiritual? O que gemer,
chorar e trabalhar duro tem a ver com isso?
Um segmento do Corpo de Cristo provavelmente crê que já existe
um entendimento adequado do que isso significa. Outro
provavelmente ouviu o bastante para achar que não quer mais
saber disso. E provavelmente há um grupo que nunca ouviu nada
sobre o assunto. Peço a todos os três grupos: leiam os argumentos
seguintes com uma mente aberta.
Este capítulo é bastante teológico e talvez requeira mais reflexão
do que outros. Mas, por favor, percebam que a palavra “teologia”,
contrariamente à crença popular, não é um palavrão, nem significa
“chatice”. Na verdade, significa “a ciência ou o estudo sobre Deus”.1
E tenho certeza de que li em algum lugar na Bíblia: “Procura [estude
para] apresentar-se a Deus aprovado.” Então, não hesite em
estudar um pouco. “Aquele entre vós que estudar este capítulo será,
deveras, verdadeiramente incrível” (Acréscimos do Dutch, capítulo
1, versículo 1).
Essa oração chamada intercessão “com dores de parto” sempre
me intrigou. Fui criado em uma linha do Corpo de Cristo que crê
nela, apesar de não vê-la acontecer muito regularmente. As poucas
vezes em que vi o que me disseram ser uma sessão de intercessão
com dores de parto envolvia uma senhora que também era uma das
poucas guerreiras de oração na igreja. Parecia-me que era tratado
como algo um tanto místico, que ninguém realmente entendia (tipo
“de onde vêm os bebês”), muito poucos praticavam (e mesmo assim
muito raramente), mas todos reverenciavam.
ACONTECEU COMIGO
Na verdade, aconteceu comigo uma vez, apesar de eu não fazer o
tipo de barulho que já ouvi outros fazendo. (O tipo de barulho que
ouvi parecia muito com a minha esposa quando ela estava em
trabalho de parto.) Eu provavelmente tinha uns 9 ou 10 anos de
idade e aconteceu enquanto eu orava por uma tia que não era
salva.
Certa noite, quando estava deitado em minha cama, senti um forte
desejo de orar pela salvação dela. Eu me lembro de sair da cama,
ficar de joelhos e começar a chorar incontrolavelmente, pedindo a
Deus para salvá-la. Eu era tão jovem e foi há tanto tempo que não
consigo me lembrar por quanto tempo orei — provavelmente de
trinta minutos a uma hora. Finalmente não senti mais aquele peso e
fui dormir.
Minha tia morava a uma hora e meia de distância de nós. Contudo,
por alguma razão “desconhecida”, ela ligou para nós mais tarde
naquela semana e disse que queria vir à nossa igreja no domingo
de manhã. Não sabíamos, na ocasião, que ela estava vindo ao culto
com planos de entregar sua vida à Cristo, e foi o que fez. Eu fiquei
maravilhado. Tinha intercedido por ela com dores de parto, e
naquela mesma semana, ela dirigiu toda aquela distância para
entregar seu coração ao Senhor.
A intercessão com dores de parto era algo maravilhoso, mas eu
não a entendia. E só a praticara uma vez. Não tinha como evitar
indagar por que algo que ajudava as pessoas a serem salvas era
tão infrequente. Mas a verdade era que esse tipo de oração intensa
e angustiante, simplesmente não “vinha” sobre ninguém
regularmente. Porque era isto que definia as dores de parto para
nós: simplesmente tínhamos de esperar e sermos pacientes —
como o agitar das águas no tanque de Betesda em João 5.
Eu não questionava o conceito — sabia que seria blasfêmia. Deus,
não permita que ninguém questione algo tão espiritual! As coisas
que não podíamos explicar, tratávamos como santas demais para
questionar. Tínhamos de agir como se não houvesse perguntas —
admiti-las poderia ser desrespeitoso demais. Então, não
deixávamos Deus nem ninguém saber que as tínhamos. (Ainda
acho que consigo enganar Deus de vez em quando!)
A UNÇÃO DE TOMÉ
Então, certo dia, descobri que os discípulos perguntavam a Jesus
um monte de coisas quando eles não entendiam algo. Às vezes as
perguntas até pareciam um pouco irreverentes, insinuando que o
Mestre não ensinava tão bem assim. Eles faziam perguntas a
respeito das parábolas e de algumas de Suas declarações difíceis.
Ah, um detalhe: eles perguntavam com um linguajar bonito,
chamando-o de “Mestre” e coisa e tal, mas você sabe tanto quanto
eu que o que estavam realmente dizendo era: “O que é isso, do que
você está falando?”
Certa vez, quando Ele lhes disse para comerem a Sua carne e
beberem o Seu sangue, um grupo de discípulos comentou que
aquele era “um duro discurso”. Sabemos que o que eles quiseram
dizer na verdade foi: “Que papo mais esquisito.” E aquela turma não
aguentou e o deixou.
Em outra ocasião, Cristo falava eloquentemente sobre os
discípulos não se perturbarem, pois havia muitas moradas onde seu
Pai vivia. Ele ia para lá construir mais algumas, e então voltaria para
levá-los junto com Ele. E, claro, eles sabiam o caminho para tal
lugar... (ver João 14:1-4). Foi então que Tomé — graças a Deus por
ele — disse o que todos os outros estavam pensando: “Espera aí,
Jesus. Não fazemos a mínima ideia do que você está falando. Nós
nem sabemos para onde você está indo, muito menos como chegar
lá.” Tenho certeza de que a resposta de Cristo foi mesmo de muita
ajuda: “Eu sou o caminho, vá através de Mim.” Acho que só mais
tarde os discípulos entenderam alguma coisa do que Jesus dizia.
Como os Doze geralmente faziam, a maior parte das vezes eu
ainda opto pela maneira segura, reverente e espiritual: ajo como se
tivesse entendido, mesmo quando não entendi. Isso me mantém
ignorante, mas salva as aparências, que é realmente o que conta!
Mas, de vez em quando, a unção de Tomé se manifesta e eu
simplesmente vou e digo a Deus que Ele não se saiu muito bem ao
explicar algo, como na questão da intercessão com dores de parto,
por exemplo.
Ao pensar sobre esse assunto das dores de parto, decidi me
permitir fazer algumas das perguntas que eu sempre me fizera, e
arrisquei perguntar a Deus: se a intercessão com dores de parto
realmente ajuda a fazer com que as pessoas sejam salvas, então
por que acontece tão raramente? E por que apenas algumas
pessoas a praticam, e por que tem de ser feito com tanto barulho e
parecer estranho, e por que o Senhor não falou mais sobre isso e
como interceder dessa maneira?
É uma péssima maneira de escrever, mas uma ótima pergunta!
EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS VERSUS APARÊNCIA NATURAL
Gostaria de sugerir duas coisas neste momento. Primeiro, acredito
que a intercessão com dores de parto da Bíblia é uma importante,
ou até essencial, parte da intercessão pelos perdidos. Em segundo
lugar, não acredito que seja definida como gemidos, gritos, choros e
trabalho árduo. As dores de parto naturais certamente incluem
essas coisas, e a espiritual também pode incluir. Mas eu não creio
que tenha de obrigatoriamente incluir tudo isso, e estou convencido
de que tampouco é definida por essas coisas. Na verdade, acredito
que uma pessoa pode interceder com dores de parto enquanto lava
a louça, corta a grama, dirige seu carro — qualquer coisa que se
possa fazer enquanto se ora.
Nós, pessoas da Igreja, fizemos com esse assunto o que fazemos
com muitos outros: nossa natureza tem uma necessidade de ver ou
sentir algo para crer em tal coisa. Portanto, nós temos a tendência
de julgar o que está acontecendo no espírito pelo que vemos no
plano natural.
Por exemplo, se oramos com alguém pela salvação ou por
arrependimento, tendemos a crer que a pessoa que chora está
provavelmente recebendo mais do que a que não chora. Até
dizemos coisas como: “O Espírito Santo realmente a tocou.”
Dizemos isso porque vemos a reação da pessoa.
Mas, na verdade, tenho observado algumas pessoas que não
choram nem demonstram nenhuma emoção enquanto oram e que
são totalmente transformadas. E, por outro lado, tenho
testemunhado alguns que choram e chegam a soluçar no que
parece um arrependimento, muito parecido com o de Judas (ver
Mateus 27:3-5), mas que não mudam nada. Repito, o ponto é, não
podemos julgar o que está acontecendo no plano espiritual pelo que
acontece no plano natural.
Nós, que somos dos círculos carismáticos e pentecostais,
apresentamos um fenômeno que chamamos de “cair no Espírito”.
Apesar de não ser um termo bíblico e de certamente alguns
abusarem de sua prática, acredito que as pessoas podem e caem
sob o poder de Deus. Fazemos com isso, porém, algo semelhante à
maneira como lidamos com essa experiência. Durante uma reunião
na qual esse fenômeno em particular acontece, tendemos a crer que
as pessoas que caem estão recebendo mais do Senhor do que
aquelas que não caem. Às vezes até julgamos se algo está ou não
acontecendo no espírito dependendo de as pessoas caírem ou não.
Já estive em reuniões nas quais observei isso acontecer a ponto
de ter certeza de que a ênfase e a meta naquele momento tinham
se transformado em fazer as pessoas caírem ao chão, em vez de
levá-las a receberem uma fé que permitisse ao Espírito Santo fazer
o que bem quisesse, como bem quisesse. Em outras palavras,
começamos a julgar o que estava acontecendo no plano do espírito
pelo que víamos no plano natural. Isso é perigoso. É algo que leva a
ensinamentos extremos e desequilibrados, expectativas erradas e
esforço na carne.
Em qualquer liberação espiritual de poder e unção, sempre existe
a possibilidade de uma manifestação física — isso é bíblico. As
pessoas podem chorar, podem cair debaixo do poder de Deus.
Podem rir, e às vezes até de maneira hilária. Podem até parecer
bêbadas. Às vezes, quando Deus se move, há uma manifestação
física; outras vezes, não. Mas nunca poderemos julgar o que está
acontecendo no espírito pelo que vemos no plano natural.
DORES DE PARTO, UM ACONTECIMENTO ESPIRITUAL
O mesmo é verdadeiro na intercessão com dores de parto. Ao
escolher um termo, o Espírito Santo usa um fenômeno físico — o
parto — para descrever um evento ou uma verdade espiritual. Ao
fazer isso, Sua ênfase não é o plano físico, mas sim o espiritual. E a
comparação não é para ser literal ou exata. Em outras palavras, o
Espírito Santo não está tentando descrever o que está acontecendo
fisicamente, mas sim espiritualmente quando usa a expressão
“dores de parto”. Não é um nascimento natural, mas sim espiritual.
A ênfase deve estar no poder espiritual liberado para dar à luz
espiritualmente, não no fenômeno físico que acompanha tal coisa
(gemidos, choro, pranto, etc.). A maioria de nós que temos tido
alguma ligação com a intercessão com dores de parto tem focado
principalmente no que acontece no físico, perdendo totalmente,
portanto, o principal aspecto espiritual: algo está nascendo no
Espírito.
É fácil descobrir se você tem cometido esse erro. Pergunte-se o
seguinte e responda honestamente: Quando ouve a expressão
“dores de parto” no contexto da oração, pensa primeiro no que está
acontecendo no espírito (no nascimento), ou em como está
acontecendo no físico (no corpo)? A maioria de vocês
provavelmente respondeu o último — como. Aqueles que
responderam diferente... — bem, tenho minhas dúvidas. Acredito
que a maioria de vocês provavelmente se apoiou na teologia do
garotinho da escola dominical a quem perguntaram o que era uma
mentira. “É uma abominação para Deus”, ele respondeu, “e socorro
bem presente em momentos de angústia”.
A maioria de nós tem inconscientemente definido uma obra do
Espírito pela obra do corpo. Seria provavelmente sábio usar um
vocabulário diferente, talvez “dar à luz por meio de oração” ou
“gerar” em vez “trabalho de parto” ou “dores de parto” para ajudar a
mudar esse quadro. Essa frase poderia ser biblicamente aceita
porque, como veremos mais tarde, as palavras hebraicas usadas na
passagem bíblica, na verdade, significam “dar à luz” ou “gerar”. Os
tradutores, não necessariamente o Espírito Santo, resolveram
quando usar o termo.
Ao definir a palavra pelo que aparenta, não só perdemos o
verdadeiro significado, mas também aceitamos inconscientemente o
que acredito ser uma mentira de Satanás: que apenas algumas
pessoas podem realmente fazer a intercessão com dores de parto, e
isso raramente. Não creio que seja verdade. Na verdade, acredito
que todos nós podemos nos envolver na intercessão com dores de
parto (gerar através da oração), e fazer isso regularmente. O
segredo é entendermos que a ênfase está no nascimento de algo
espiritualmente, não no que nos acontece enquanto oramos. (Por
favor, lembre-se de que eu disse que intercessão com dores de
parto pode incluir fortes manifestações físicas, mas não
obrigatoriamente precisa ser assim, tampouco é definida por essas
manifestações.)
A ORAÇÃO DE NASCIMENTO
Para mudarmos de mentalidade, usarei daqui por diante neste
capítulo as palavras “oração de nascimento” como variação de
“intercessão com dores de parto” quando me referir a esse tipo de
intercessão.
Tendo dito isso, permita-me dizer clara e enfaticamente: há um
aspecto da oração que dá à luz as coisas no Espírito. Nós “damos à
luz” para Deus. O Espírito Santo quer “produzir” através de nós.
Jesus disse em João 7:38: “Do seu interior fluirão rios de água viva”
(grifo do autor). “Interior” é a palavra koilia, que significa “ventre”.2
Somos o ventre de Deus na terra. Não somos a fonte de vida, mas
os que carregam a fonte de vida. Não geramos vida, mas liberamos,
através da oração, Aquele que a gera.
David e Polly Simchen, membros de nossa igreja em Colorado
Springs, receberam recentemente a resposta a uma oração de mais
de quatro anos pela salvação de seu filho, Jonathan. Polly e alguns
de seus amigos foram durante todo esse tempo um dos exemplos
mais tenazes e fervorosos de intercessão que já testemunhei,
incluindo esse conceito de dar à luz. Seguem-se alguns trechos do
testemunho de Polly. São um tanto extensos, mas cheios de
ilustrações pertinentes das coisas que pretendo discutir tanto neste
como em outros capítulos. Todos os grifos no testemunho são meus:

Dedicamos Jonathan a Deus antes mesmo de ele nascer e o criamos na


igreja, mas aos 17 anos de idade, depois de uma combinação de vários
planos bem orquestrados do inimigo, ele começou a se afastar de Deus.
Não demorou muito e ele vivia em rebelião contra Deus, caracterizada
por drogas e tudo que acompanha esse estilo de vida. Com isso, seu
diabetes tornou-se um problema ainda maior, e ele às vezes ia parar no
hospital, mas, mal saía de lá, já voltava correndo a usar drogas.
Foi quando o Pastor Dutch começou a ensinar intercessão na igreja.
Apesar de, no princípio, estarmos arrasados e às vezes paralisados pelo
medo, começamos a aprender cada vez mais sobre o assunto. À medida
que os amigos e eu intercedíamos juntos, Deus nos instruía sobre como
orar, juntamente com muitas promessas edificantes e palavras de
encorajamento.
Nós fazíamos paga, pedindo ao Espírito Santo para pairar — ao redor
de sua cama enquanto ele dormia, em seu carro, onde quer que ele
estivesse — e gerar vida nele. Fazíamos isso diariamente.
Muitas vezes, durante certos períodos até diariamente, ungíamos o
quarto dele, as portas e janelas, sua cama, seu carro, suas roupas e
qualquer coisa com que ele tivesse contato. Muitas vezes eu entrava em
seu quarto e cantava no Espírito por uma hora ou mais. Cantava coisas
como: “O nome de Jesus é exaltado neste lugar — sobre sua cama,
suas coisas, suas roupas, tudo!” Cantava: “Jonathan tem um destino e
sei que ele vai cumpri-lo.” Minhas amigas Shirley e Patty e eu às vezes
orávamos por quatro a seis horas até tarde da noite.
Uma ocasião, o Pastor Dutch nos ensinou sobre panos de oração.
Imediatamente pensei, podemos fazer isso para Jonathan! Pastor Dutch,
David e eu, juntos, impusemos as mãos em um pano de oração,
liberando o poder de Deus e ungindo-o, concordando que a unção
quebraria o jugo das drogas, do pecado, das amizades ímpias, de
perversões e de qualquer outra coisa que precisasse ser quebrada.
Cortamos o pano em 12 pedaços e os colocamos em seus lençóis,
dentro do travesseiro, escondido na sua carteira, costurados na barra de
suas calças, debaixo do bolso, dentro de buracos das paredes e na
lingueta dos seus sapatos. Com cada pedaço declarávamos: “A unção
quebra o jugo.”
Às vezes parecia que as coisas iam piorar; era como se Jonathan
estivesse em uma missão para destruir a própria vida. Mas continuamos
firmes, amando-o, falando do plano de Deus para sua vida, ungindo e
cantando em seu quarto e em seu carro, intercedendo diariamente e
declarando versículo bíblico após versículo bíblico. Também declaramos
e clamamos cada palavra e promessa que Deus já tinha nos dado sobre
Jonathan. Quanto mais declarávamos as Escrituras, mais a nossa fé
crescia. Em um intervalo de poucos meses levávamos um novo pano de
oração para o Pastor Dutch e repetíamos o processo.
Também nos engajamos em uma guerra espiritual por Jonathan.
Amaldiçoamos o poder das drogas e pedimos a Deus para remover
cada influência ímpia na vida dele — apesar de sempre orarmos pela
salvação de seus amigos, três dos quais também vieram para Cristo.
Deus pegou os nossos temores e os converteu em luta!
Em janeiro de 1996, recebemos uma palavra de um amigo dizendo que
Deus estava prestes a “inclinar a taça” das nossas orações. Pastor
Dutch havia nos ensinado sobre isso, e mal podíamos esperar.
Em fevereiro do mesmo ano, depois de mais de quatro anos, dava para
ver que Deus estava lidando com Jonathan. Ele queria que sua vida
fosse reta. Ele começou a ler a Bíblia e a se preocupar com a salvação
de sua namorada. Começou a odiar o poder que as drogas tinham sobre
seus amigos. Então, certa noite, em uma das nossas reuniões de
oração, ele fez uma oração de rededicação a Cristo. Nós observamos
impressionados à medida que as coisas do mundo começaram a perder
força na vida de Jonathan, e as coisas do Reino de Deus tornaram-se
mais claras e mais atraentes. E, em maio de 1996, sua namorada
também entregou a vida a Cristo. Deus responde à oração? Pode
apostar que sim!
Durante quatro anos de intercessão, o Senhor nos ensinou sobre
oração e nos encorajou muitíssimo o tempo todo — através de um
pastor que se importou com a situação e nos ensinou, amigos que se
importaram e oraram, palavras proféticas sobre o chamado de Jonathan
e a mão de Deus na vida dele. Ele até permitiu que meu marido David
visse o anjo que estaria no carro de Jonathan onde quer que ele fosse,
até duas vezes quando ele passou a noite na delegacia. Todo o medo foi
embora e pudemos confiar plenamente em Deus.
Obrigada, Pastor Dutch e Ceci também, por tudo o que fizeram.
Estamos muito gratos a Deus pelo milagre que aconteceu com nosso
precioso filho. Não há quem nos convença de que a oração não
funciona! Deus é fiel e somos eternamente gratos!

Como disse antes, examinarei mais detalhadamente as muitas


maneiras como Polly orou, as quais vou salientar com maiúsculas,
no restante deste livro. Porém, examinemos agora este incrível
aspecto da oração — intercessão com dores de parto. Que o
Espírito Santo nos dê ouvidos que ouçam.
Podemos desmistificar esse assunto da intercessão com dores de
parto? Creio que sim. As seguintes passagens mencionam
diretamente esse tipo de oração (fazer nascer) ou o contexto e as
palavras utilizadas têm a ver com isso:

Então, disse Elias a Acabe: “Sobe, come e bebe, porque já se ouve


ruído de abundante chuva.” Subiu Acabe a comer e a beber. Elias,
porém, subiu ao cimo do Carmelo, e, encurvado para a terra, meteu o
rosto entre os joelhos, e disse ao seu moço: “Sobe e olha para o lado do
mar.” Ele subiu, olhou e disse: “Não há nada.” Então, lhe disse Elias:
“Volta.” E assim por sete vezes. À sétima vez disse: “Eis que se levanta
do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem.” Então,
disse ele: “Sobe e dize a Acabe: ‘Aparelha o teu carro e desce, para que
a chuva não te detenha’. Dentro em pouco, os céus se enegreceram
com nuvens e vento, e caiu grande chuva. Acabe subiu ao carro e foi
para Jezreel (1 Reis 18:41-45). (A postura de Elias nesta passagem é a
de uma mulher da sua época dando à luz. Devemos ver que Elias
estava, na verdade, em uma intercessão com dores de parto [processo
de dar à luz]. Tiago 5:16 também se refere a esse evento e o chama de
oração “fervorosa” [ACF].)

Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e
chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes
(Salmos 126:5,6).

Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores,
nasceu-lhe um menino. Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa
semelhante? Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? Ou nasce uma
nação de uma só vez? Pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à
luz seus filhos (Isaías 66:7,8).

Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompanhavam,


agitou-se no espírito e comoveu-se [...] Jesus chorou [...] Jesus,
agitando-se novamente em si mesmo, encaminhou-se para o túmulo;
era este uma gruta a cuja entrada tinham posto uma pedra [...] Tiraram,
então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: “Pai,
graças Te dou porque me ouviste. Aliás, Eu sabia que sempre me ouves,
mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu
me enviaste.” E, tendo dito isto, clamou em alta voz: “Lázaro, vem para
fora!” (João 11:33;35;38;41-43).

Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse


a seus discípulos: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar”; e,
levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a
entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: “A minha alma está
profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.” Adiantando-
se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: “Meu
Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu
quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:36-39).
E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas;
porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele
que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que
segundo Deus intercede pelos santos. (Romanos 8:26,27, ACF). (O
contexto dessa passagem é intercessão com dores de parto — ver
Romanos 8:22-25. O Senhor fala de toda a criação e nós gemendo e em
trabalho de parto, e então diz que o Espírito Santo faz isso através de
nós.)

Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo
formado em vós (Gálatas 4:19).

Apesar de essas passagens não explicarem totalmente o que é ou


como é feito, algumas coisas estão claras com relação à oração
para gerar vida:

O Espírito Santo está envolvido.


Está relacionada à reprodução espiritual.
Ajuda no processo de amadurecimento dos crentes.
Pode ser muito intensa, envolver fervor, lágrimas e até gemidos.
Partindo do pressuposto de que Cristo estava em trabalho de
parto na tumba de Lázaro e Elias estava em intercessão com
dores de parto na montanha, ela está associada a produzir
milagres físicos, não apenas o novo nascimento.
O ESPÍRITO SANTO, O AGENTE DE DEUS QUE FAZ NASCER
Seremos poupados de errar, e aliviará algumas de nossas
preocupações, se eu deixar desde já bem claro que não fazemos
nascer nada espiritualmente; trata-se de uma obra do Espírito
Santo. É Ele o agente de Deus que faz nascer (ver Lucas 1:34,35;
João 3:3-8). Ele é o poder de Deus (ver Atos 1:8; 10:38; Lucas
4:14;18). Ele é o poder por trás da Criação que, como todos nós
veremos, assemelha-se a dar à luz (ver Gênesis 1). É Ele quem dá
poder à vontade de Deus, dando-lhe vida e substância. Ele faz
nascer a vontade de Deus. É Ele quem sopra a vida de Deus nas
pessoas dando vida física e espiritual (ver Gênesis 2:7; Ezequiel
37:9,10;14; Atos 2:1-4). Com relação à salvação, chamamos isso de
novo nascimento ou nova criação.
Portanto, qualquer coisa que possamos realizar em intercessão
para resultar em um nascimento, teria de ser algo que cause ou
libere a operação e obra do Espírito Santo.
Por exemplo, Elias como ser humano, não podia fazer nascer ou
produzir chuva. Contudo, Tiago nos diz que suas orações fizeram
isso. Paulo não podia criar o novo nascimento ou dar maturidade
aos gálatas, contudo, Gálatas 4:19 implica que sua intercessão o
fez. Não podemos produzir filhos e filhas espirituais a partir da
nossa capacidade humana, contudo Isaías 66:7,8 nos diz que a
nossa intercessão com dores de parto pode. Se não podemos criar
nem fazer nascer essas e outras coisas com nosso próprio poder ou
nossa habilidade, então parece bastante óbvio que as nossas
orações devem, de alguma maneira, causar ou liberar o Espírito
Santo para que Ele o faça.
Estando entendido, portanto, que é o poder do Espírito Santo que,
na verdade, faz a obra, digo, sem equívocos, que há uma oração
que faz nascer.
Se isso é mesmo verdade, deveríamos encontrar algumas
referências que usem as mesmas palavras que descrevam a obra
do Espírito Santo ao fazer nascer ou produzir vida da mesma
maneira como são usadas para descrever o que as nossas orações
realizam. Será que encontramos? Sim! E os contextos deixam bem
claro que o Espírito Santo, na verdade, libera o poder que dá vida.
Gênesis 1:1,2 diz: “No princípio [...] a terra [...] estava sem forma e
vazia.” As palavras “sem forma” é a palavra hebraica tohuw, que
significa “uma desolação; estar a perder; um deserto; algo sem
valor”;3 “confusão”;4 “vazio (estéril); uma massa sem forma e sem
vida”.5 O conceito básico é falta de vida ou esterilidade; nenhuma
ordem, nenhuma vida. Em seguida, o versículo 2 nos diz que “o
Espírito de Deus se movia sobre as águas”. † O que quer dizer
quando a Bíblia diz que o Espírito Santo se movia?
Usamos esse termo hoje em dia nos círculos cristãos quando
falamos do movimento do Espírito Santo em um culto. Dizemos
coisas como, “o Senhor realmente se moveu sobre nós hoje”, ou “o
Espírito Santo se moveu poderosamente”. Mas o que essas e outras
declarações similares significam? Temos um vago conceito do que
significa para nós: estamos querendo dizer que Ele estava fazendo
algo; Ele estava ativo. Mas o que Ele estava fazendo? Estava se
movendo de um lugar para outro? Estava se movendo no coração
das pessoas? O que a palavra “mover” significa nesses contextos?
Na verdade, o uso dessa palavra tem raiz em Gênesis. A palavra
em hebraico para “mover”, rachaph, significa literalmente “cobrir”.6 A
versão Amplified Bible em língua inglesa, na verdade, usa as
palavras “estava movendo, pairando, cobrindo”. A versão Almeida
Revista e Atualizada em língua portuguesa usa a palavra “pairar”.
Portanto, rachaph é pairar sobre ou cobrir algo.
O Dicionário Webster define a palavra cuja definição seria o
sentido literal de rachaph como “descendência; prole; o que é
gerado ou produzido”.7 A prole de uma galinha, por exemplo, são os
pintinhos que ela gerou. Vem da palavra gerar que, como sabemos,
significa dar existência a.
Ao usar este termo para descrever a Criação, o Espírito Santo está
usando a analogia de “fazer nascer” algo. Ele estava “produzindo”
vida. Um estudioso hebreu me informou que rachaph é,
verdadeiramente, um termo relativo à procriação em hebraico que
pode ser usado para descrever um marido cobrindo sua esposa. É
um exemplo bastante gráfico, mas confirma que rachaph é
literalmente um termo relativo à procriação. Um léxico o definiu
como “cobrir e fertilizar”.8
Sabemos, a partir do Novo Testamento, que Jesus estava
ordenando vida nesta passagem em Gênesis. A Bíblia diz que todas
as coisas foram criadas pela Sua Palavra (ver João 1:1-3;
Colossenses 1:16). Mas foi o Espírito Santo que cobriu e pairou
sobre a terra, liberando Suas energias criativas ou Seu poder
segundo as palavras de Jesus, dando à luz o que Cristo falou.
O Salmo 90:2 confirma isso, chamando, na verdade, o que o
Espírito Santo fez na Criação de fazer nascer. O versículo usa duas
importantes palavras em hebraico, yalad9 e chuwl.10 O versículo diz:
“Antes que os montes nascessem [yalad] e se formassem [chuwl] a
terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.”
Apesar de as palavras não estarem traduzidas assim nesse
versículo, são palavras hebraicas usadas principalmente para
trabalho de parto. Cada uma é traduzida de maneira diferente no
Velho Testamento: “fazer nascer”, “nascer”, “dar à luz”, “trabalho de
parto”, e outras (ver Deuteronômio 32:18; Jó 15:7; 39:1, para alguns
exemplos). Apesar de como são traduzidas, o conceito é de dar à
luz algo. Nem sempre se refere a um nascimento literal e físico, mas
geralmente são usadas para criação. Fazemos a mesma coisa em
nosso vocabulário. Dizemos que uma ideia, visão ou nação “nasceu”
ou “foi concebida”. Obviamente não estamos falando de um
nascimento físico, mas de algo que passa a existir. De maneira bem
semelhante, o Salmo 90:2 assemelha a Criação em Gênesis a dar à
luz.
PAIRANDO E GERANDO VIDA
Agora, façamos a conexão com a oração. Essas são as mesmas
palavras usadas em Isaías 66:8: “Pois Sião, antes que lhe viessem
as dores [chuwl] deu à luz [yalad] seus filhos.” Isso é extremamente
importante! O que o Espírito Santo estava fazendo em Gênesis
quando Ele “fazia nascer” ou “dava à luz” a terra e o mundo é
exatamente o que Ele quer fazer por meio das nossas orações,
fazendo nascer filhos e filhas. Ele quer sair e pairar sobre os
indivíduos, liberando Seu incrível poder para dar convicção, quebrar
as prisões, dar revelações e aproximá-los dele para causar um novo
nascimento ou uma nova criação neles. Sim, o Espírito Santo quer
fazer nascer através de nós.
Marlena O’Hern, de Maple Valley, Washington, conta como fez isso
para seu irmão. Vamos contar mais detalhes no capítulo 10, mas
Marlena orava pelo seu irmão Kevin por cerca de doze anos. Sem
saber como orar segundo as Escrituras e de maneira específica, ela
muitas vezes se sentia frustrada e cometia o erro de tentar
pressioná-lo a fazer o que era certo, o que só piorava as coisas.
No começo de 1995, ela me ouviu ensinar sobre interceder em
oração pelos perdidos. Ela, Patrick, seu marido, e seus filhos
começaram todos a orar por Kevin. Uma das coisas pelas quais eles
oraram foi para o Espírito Santo pairar sobre ele. Cerca de duas
semanas depois, Kevin nasceu de novo e hoje serve o Senhor.
O segundo exemplo do Espírito Santo pairar e produzir vida onde
não havia nada está em Deuteronômio 32:10-18. As quatro palavras
hebraicas mencionadas antes são usadas nessa passagem: tohuw,
rachaph, yalad e chuwl. Nessa passagem, Moisés reconta aos
israelitas sua história e lhes fala de Israel como um indivíduo,
obviamente fazendo referência a Abraão, o pai da nação. No
versículo 10, Moisés diz que Deus o encontrou em uma situação
tohuw — em outras palavras, sem vida ou estéril.
Abraão estava na mesma condição estéril na qual a terra estava
antes da Criação. Nem ele nem Sara tinham condições naquela
época de produzirem vida. Estavam estéreis, sem vida. Lemos no
versículo 11 que, assim como uma águia paira sobre (rachaphs)
seus filhos, assim o Senhor pairou sobre eles. O Espírito Santo
pairou sobre Abraão e Sara, liberando Sua vida e Seu poder, dando-
lhes a capacidade de conceber!
Lemos em Hebreus 11:11 que, por fé, Sara recebeu dunamis (o
poder milagroso do Espírito Santo)11 para conceber. Ao agir, Deus
estava, na verdade, fazendo nascer uma nação a partir deles. A
renovação do Espírito Santo em seus corpos enquanto Ele pairou
sobre eles foi tão real que foi depois disso que um rei desejou Sara
como esposa porque ela era muito linda. Além disso, Abraão teve
uma mudança duradoura e também outros filhos depois disso.
Mais adiante, nessa mesma passagem (Deuteronômio 32:18),
yalad e chuwl, as principais palavras hebraicas usadas para
“trabalho de parto” ou “dar à luz”, são: “Vocês abandonaram a
Rocha, que os gerou; vocês se esqueceram do Deus que os fez
nascer” (NVI, grifo do autor). As palavras escolhidas nessa
passagem para descrever o Espírito Santo cobrindo Abrão e Sara
para gerarem vida são idênticas às usadas na Criação em Gênesis
e em Isaías 66:8. O pairar que deu à luz ao Israel natural também
dará à luz o Israel espiritual.
Nosso terceiro exemplo de o Espírito Santo gerar vida ao cobrir ou
pairar está em Lucas 1:35, a concepção de Cristo por Maria. O anjo
do Senhor veio a Maria lhe dizer que ela daria à luz um filho. Ela
então perguntou: “Como será isto, pois não tenho relação com
homem algum?” (v. 34).
A resposta foi: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra.” “Envolverá” é a palavra
grega para episkiazo, que significa “cobrir com uma sombra;
envolver em uma nuvem de luz; investir com influência
sobrenatural”.12 Em alguns momentos é o equivalente à palavra
hebraica rachaph. Thayer diz que é usado “para o Espírito Santo ao
exercer energia criativa no ventre da Virgem Maria impregnando-
a”.13
A palavra só é usada três vezes no Novo Testamento. Na
transfiguração de Jesus em Mateus 17:5, a passagem diz que a
nuvem do Senhor os “envolveu”. Também é usada em Atos 5:15
quando as pessoas estão tentando se aproximar de Pedro — de sua
sombra — para serem curadas. Você já se perguntou como a
sombra de Pedro poderia curar alguém? Não curava. O que estava,
na verdade, acontecendo é que o Espírito Santo estava “pairando”
acima de Pedro — cobrindo-o — e quando as pessoas ficavam
debaixo dessa nuvem ou sombra, elas eram curadas.
Você talvez já tenha visto esse fenômeno. Eu já vi. Estive em
cultos nos quais Deus agia de tal maneira, tão poderosamente, que
antes de as pessoas sequer orarem ou tocarem alguém, elas eram
salvas, curadas ou libertas. As pessoas ficavam sob o episkiazo, ou
o movimento, ou local onde o Espírito Santo estava pairando.
Você talvez já tenha participado de uma reunião na qual o Espírito
do Senhor começou a pairar em toda a sala e a se mover de
determinada maneira. Deus já fez isso até em comunidades inteiras.
Em muitos reavivamentos clássicos do passado, contam-se histórias
de pessoas terem se aproximado de uma igreja na qual Deus estava
agindo de maneira poderosa e começarem a chorar, entrar na igreja,
caminhar lá para dentro e dizer, “algo me trouxe aqui e quero ser
salvo”.
O que aconteceu? O Espírito Santo pairou ou envolveu toda uma
região geográfica com tanto poder que gerou vida. Eu acredito que
isso irá acontecer até mesmo a nações inteiras à medida que
gerarmos mais orações por aqueles que ainda não alcançamos na
terra. Nunca houve uma época na história com a quantidade de
orações que existe hoje pelos perdidos. O Espírito do Senhor está
sendo liberado por intermédio dessa intercessão para pairar não
apenas sobre cidades, mas sobre nações inteiras. Nós veremos
reavivamentos dramáticos ao passo que esse pairar continuar e se
intensificar através das orações dos santos.
UMA NAÇÃO PODE SER GANHA EM UM DIA?
Eu estava pregando em Ohio em 1990, pouco depois da queda do
muro de Berlim e de algumas das nações comunistas na Europa.
Era uma época, como podem lembrar, em que os governos caíam
como dominós, e cada semana aconteciam coisas que de modo
geral levaria décadas para ocorrerem. Era indiscutivelmente um
momento extraordinário.
Enquanto pregava sob uma unção muito forte, o Espírito Santo
veio sobre mim e comecei a profetizar. No curso da mensagem, eu
disse: “Assim como vocês têm visto as nações caírem politicamente
em um único dia, verão nações prostrarem-se perante Mim
espiritualmente e nascerem de novo em um dia.” Enquanto eu
falava isso, me vi perguntando a mim mesmo se aquilo realmente
poderia acontecer. Depois do culto, busquei o Senhor em oração,
dizendo: “Pai, não quero falar em Seu nome se não for o Senhor.
Tampouco quero animar o seu povo com declarações sensacionais.
Preciso saber se era Tu mesmo falando através de mim.”
A resposta que o Senhor me deu foi surpreendente. Ele me deu a
referência de Isaías 66:7-8 e eu sabia que o versículo 8 dizia: “Pois
Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos.” O que
só fui entender quando li a referência é que a primeira parte do
versículo é uma pergunta: “Pode, acaso, nascer uma terra em um só
dia? Ou nasce uma nação de uma só vez?” O trecho: “Pois Sião,
antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos”, na verdade é
a resposta a essa pergunta.
Eu sabia que o Senhor estava me tranquilizando de que fora Ele,
realmente, declarando através de mim que as nações nasceriam de
novo em um dia. Haveria um movimento tal do Espírito, Ele pairaria
e cobriria de tal maneira, com tamanha liberação de poder pelo
Espírito de Deus sobre regiões, que nações inteiras viriam a Cristo
da noite para o dia. Eu não sei se da noite para o dia é literal ou
figurativo, mas vou aceitar qualquer opção, e você?
A passagem no versículo 8 nos diz que isso acontecerá através
das dores de parto de Sião. Se Sião inclui a Igreja, que certamente
é o caso (ver Salmos 87; Hebreus 12:12; 1 Pedro 2:4-10), e os que
estão nascendo são filhos e filhas de Sião, então essa é uma
promessa que não só pertence a Israel, mas também a nós, o Corpo
de Cristo. Podemos dar à luz filhos e filhas por meio da intercessão
com dores de parto.
UMA SENSAÇÃO DE NASCIMENTO
Carol Millspaugh, que também é do nosso convívio em Colorado
Springs, nos conta de uma experiência que teve na Alemanha vários
anos atrás. Na ocasião, ela trabalhava com aconselhamento,
primeiramente como psicoterapeuta, e depois em um ministério em
tempo integral como conselheira cristã. Carol passava seu tempo
intercedendo pelas situações de seus pacientes e pela sua
salvação.
Um casal em particular a quem ela aconselhou tinha muitos
problemas: vícios, distúrbios alimentares, problemas familiares e
outros. Nenhum dos dois era cristão; na verdade, a esposa se dizia
ateia. Carol disse que sentiu como se estivesse grávida deles, e que
estava carregando-os no espírito. Ela intercedia por eles
diariamente, muitas vezes com gemidos e choro, por horas. Isso
continuou por vários meses.
Durante seus momentos de intercessão, o Senhor revelava a
Carol coisas sobre eles, e ela partilhava com eles essa informação
individualmente. Carol não estava ciente disso no início, mas o
Senhor estava preparando aquele casal para a salvação.
Então, certo dia, o Espírito pairou poderosamente sobre eles
durante uma sessão, permitindo-lhes ouvir e entender Carol
enquanto ela lhes citava passagens bíblicas. Da próxima vez que os
viu, ambos receberam o Senhor juntos. Carol disse que uma forte
sensação de nascimento estava acontecendo. Começou então o
tempo de crescimento e amadurecimento, enquanto Carol os
alimentava e ajudava a encontrar sólidos ensinamentos bíblicos e
relacionamentos cristãos.
Com bases nesses exemplos da Bíblia — a Criação, o nascimento
de Israel e a concepção de Cristo — gostaria de oferecer o seguinte
como definição da intercessão com dores de parto espiritual:
“Liberação do poder criativo ou energia do Espírito Santo em uma
situação para produzir, criar ou dar à luz algo.” Intercessão com
dores de parto poderia simplesmente ser uma oração que causa
isso. Arriscando ser redundante, gostaria de reiterar esta frase,
usando-a para oferecer uma definição formal da intercessão com
dores de parto: “Modo de intercessão que libera poder criativo ou
energia do Espírito Santo em uma situação para produzir, criar ou
dar à luz algo.”
Usei as palavras “produzir” e “criar” porque a intercessão com
dores de parto é mencionada na Bíblia não só no contexto de
alguém nascer de novo, mas também de produzir outras coisas. Por
exemplo, quando o Espírito Santo pairava sobre Pedro, Ele produzia
cura (ver Atos 5:15). Através de Elias foi chuva (ver 1 Reis 18:45);
através de Paulo incluiu maturidade (ver Gálatas 4:19).
A INTERCESSÃO DE CRISTO COM DORES DE PARTO
Vejamos os dois exemplos anteriores mencionados do ministério de
Cristo no qual Ele estava envolvido em uma oração intercessória
com dores de parto ou de nascimento. O primeiro é João 11:33-44,
a ressurreição de Lázaro. O versículo 33 diz que pouco antes de ir
ao sepulcro, Jesus “agitou-se no espírito e comoveu-se”. Uma
tradução literal dessa frase é que Jesus “agitou-se com indignação
em Seu espírito e comoveu-se profundamente”.14
A palavra “comoveu” é tarasso. Significa “mexer, incitar ou agitar”,
como a peça central de uma máquina de lavar. Jesus estava
incitando a unção em Si mesmo. O versículo 38 diz literalmente que
Ele mais uma vez agitou-se novamente de indignação.
De acordo com esses versículos, as lágrimas que Cristo derramou
não eram apenas de empatia, mas sim de indignação e agitação de
Seu Espírito. Também sabemos o que estava ocorrendo no contexto
de oração porque o versículo 41 nos diz que antes de ressuscitar
Lázaro dos mortos, Jesus disse ao Pai: “Pai, graças Te dou porque
Me ouviste.” Ele então ordenou: “Lázaro, vem para fora!”
Apesar de não ser provado categoricamente, creio que Cristo
estava em forte intercessão com dores de parto, liberando o poder
que dá vida do Espírito Santo antes de ordenar, “Lázaro, vem para
fora!” Como declarei anteriormente, não creio que seja necessário
chorar e gemer, entre outras ações, para liberar o poder de fazer
nascer do Espírito Santo. Isso pode acontecer às vezes, e acontece,
porém, quando passamos por uma intercessão profunda, como
nessa ocasião com Jesus.
Foi o que aconteceu quando intercedi pela minha tia. Eu estava
envolvido em uma espécie de intercessão com dores de parto.
Apesar de não gemer, chorava copiosamente. É óbvio que não foi a
emoção que fez com que ela se salvasse, mas a minha reação à
incitação do Espírito Santo, permitindo-lhe agir através de mim, pois
o liberou para pairar sobre a minha tia, envolvê-la com o Seu poder
e Sua vida, e convencê-la de seu pecado. Possivelmente, foi isso o
que quebrou alguns grilhões que a prendiam.
Nem sempre acontece assim tão rapidamente. Há ocasiões em
que passamos um tempo de intercessão e vemos os resultados
quase que imediatamente, como foi o caso com a minha tia.
Contudo, como no caso de Polly e seu filho, geralmente é
necessário um período de oração no qual permitimos ao Espírito de
Deus interceder através de nós regulamente. Isso o libera para
pairar ao redor do indivíduo com Seu poder que muda vidas,
fazendo o que é necessário para que a pessoa venha a nascer de
novo.
Outra ocasião quando Jesus estava envolvido na intercessão com
dores de parto foi no Jardim de Getsêmani. Não resta dúvida de que
a redenção da humanidade — o trabalho de intercessão —
começou com Suas dores de parto em Getsêmani. Isaías profetizou
sobre Jesus: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de Sua alma e
ficará satisfeito” (Isaías 53:11, grifo do autor).
Em cumprimento a essa profecia, Jesus gritou no Getsêmani: “A
minha alma está profundamente triste, até a morte” (Mateus 26:38).
Foi no Jardim de Getsêmani que começou a redenção e a vitória
sobre toda provação foi ganha.
Sabemos que a redenção estava tendo início com essa
intercessão com dores de parto por duas razões: primeiro, Lucas
nos diz que Jesus começou a suar grandes gotas de sangue. Jesus
não estava apenas suando tão profusamente que parecia uma
pessoa sangrando. Ele estava literalmente sangrando pelos poros
de Sua pele, uma condição física conhecida no mundo médico como
hematidrose. Temos de entender que quando o sangue de Cristo
começou a fluir, a redenção estava começando, porque foi através
de Seu sangue, dado por nós, que fomos limpos do pecado (ver
Hebreus 9:22).
Também sabemos que a redenção estava começando no
Getsêmani porque, quando Jesus disse “minha alma está
profundamente triste, até a morte”, a palavra usada para “morte” é
thanatos. Essa palavra é muitas vezes usada para morte como
consequência e penalidade pelo pecado.15 Foi a morte que Adão
sofreu quando caiu.
Outras duas palavras poderiam ter sido usadas para significar
simplesmente a morte física. Quando se usa thanatos, porém,
frequentemente implica morte como resultado do pecado. Se Cristo
usou essa palavra, muito possivelmente o fez por significar que o
pecado do mundo já tinha sido posto sobre Ele.
Com essas duas ocorrências, podemos ver que a redenção que
terminou na cruz, muito provavelmente começou na intercessão
com dores de parto do Jardim do Getsêmani. Creio que o termo
“penoso trabalho” foi usado, não tanto por Jesus ter labutado
arduamente, mas sim porque estava fazendo nascer uma nova vida.
Também parece lógico que assim como a nossa intercessão libera
os frutos desse fazer nascer, ela também seja chamada de
intercessão com dores de parto.
PRODUZIR OS FRUTOS DO CALVÁRIO
Em suma, o Espírito Santo quer desesperadamente liberar Seus
poderes criativos e que produzem vida através de nós, dando
origem assim aos frutos do Calvário. Ele quer nos usar em situações
tohuw (sem vida, sem fruto, desoladoras, estéreis), para liberar Sua
vida sobre elas:

Assim como fez na Criação, Ele quer, através da nossa


intercessão, produzir “novas criações” em Cristo Jesus.
Assim como fez com Israel quando pairou sobre os corpos
estéreis de Abraão e Sara, gerando uma nação, Ele quer gerar
o “Israel espiritual” através de nós.
Assim como fez com Maria quando pairou sobre ela, gerando
ou concebendo o Cristo nela, Ele quer gerar Cristo nas pessoas
através da nossa intercessão.
Assim como aconteceu na ressurreição de Lázaro, através da
nossa intercessão Ele quer trazer vida espiritual sobre a morte.
Assim como foi no Getsêmani quando o fruto de nossa
redenção foi extraído da videira, Cristo Jesus, Ele quer que o
fruto daquele trabalho seja extraído novamente através da
nossa intercessão.
Assim como as pessoas eram curadas através de Pedro, Ele
quer curar as pessoas através da nossa intercessão. Ele quer
pairar sobre elas, liberando Sua vida.

Ele não só quer fazer isso para salvação e cura, mas quer que
também haja intercessão com dores de parto para o
amadurecimento e o desenvolvimento de crentes. Paulo disse em
Gálatas 4:19: “Meus filhos, por quem de novo sofro as dores de
parto, até ser Cristo formado em vós.” Ele os chamou de filhos
porque havia tido dores de parto até eles nascerem de novo. Ele
então disse que sofria as dores de parto “de novo” até Cristo ser
formado neles. Aquelas pessoas já eram nascidas de novo. Paulo
estava obviamente se referindo ao seu processo de
amadurecimento. Esse é um aspecto da intercessão no qual
podemos nos engajar para ajudar os crentes a amadurecerem.
Os hospitais têm unidades de tratamento intensivo nas quais sua
equipe consegue dar mais atenção aos pacientes que passaram por
um transplante. Mesmo quando as operações são bem-sucedidas, é
procedimento de rotina classificar os pacientes como “em condição
crítica e instável” e mantê-los em observação na UTI até estarem
mais fortes.
Transplantes de órgãos espirituais ocorrem quando as pessoas
tornam-se cristãs e recebem um coração novo. Para se fortalecerem
no Senhor, elas precisam de cuidado intensivo. É emocionante fazer
parte de um trabalho de parto — orar por elas até entrarem no
Reino de Deus. Todavia, também é preciso interceder por elas
quando estão em estado crítico e em condição instável.16
Quando o Senhor me ensinou essa verdade, eu estava
aconselhando quatro a cinco pessoas que estavam em situações
muito difíceis. Três delas tinham muitos pensamentos suicidas.
Diariamente, eu passava horas com essas pessoas tentando ajudá-
las. Havia ocasiões quando elas me ligavam dizendo que iam tirar
sua vida naquela hora. Lembro-me de que uma delas me ligou uma
vez às duas da madrugada dizendo, “estou com um revólver na
minha cabeça agora e vou estourar os miolos”. Devo dizer que foi
no mínimo muitíssimo estressante.
Foi na época que o Senhor me revelou esse conceito de nossas
orações liberarem o Espírito Santo para pairar sobre as pessoas,
levando-lhes vida. Ele disse as seguintes palavras muito claramente
ao meu coração: Se você dedicar uma fração de tempo liberando o
Meu Espírito Santo para ir e pairar sobre essas pessoas e levar-lhes
vida enquanto fala com elas, verá os resultados multiplicados.
Sei que foi uma ótima ideia quando a ouvi! Comecei a dedicar
umas duas horas por dia orando por elas. Boa parte da minha
oração era no Espírito. Eu dizia simplesmente, “Pai, trago fulano de
tal perante o Senhor agora, e peço que, ao orar, o Espírito Santo
seja liberado e paire sobre ele, gerando Cristo.” Eu então costumava
apenas começar a orar no Espírito. Vi resultados imediatos.
Maturidade sendo alcançada rapidamente. Grilhões caindo
praticamente da noite para o dia. Vitórias sendo ganhas em sua
vida. Foi impressionante.
O que estava acontecendo? O Espírito Santo estava sendo
liberado através das minhas orações para pairar — rachaph,
episkiazo — sobre aquelas pessoas, liberando Seu poder e Sua
vida.
LIBERANDO A CHUVA DO ESPÍRITO
A Bíblia fala de interceder com dores de parto por outras coisas
também. Em 1 Reis 18, Elias orou fervorosamente sete vezes por
chuva. Lemos nessa passagem que a postura que ele teve
enquanto orava era como a de uma mulher no dia em que dá à luz.
O simbolismo é claro. Elias estava com dores de parto. Ele estava
produzindo algo. Não resta dúvidas de que a postura de Elias serve
para simbolizar isso para nós. Por que outro motivo Deus nos daria
a informação sobre a posição na qual ele estava orando? E, por
favor, não esqueça o que essa passagem está querendo dizer.
Apesar de ser a vontade de Deus dar a chuva e também o tempo
dele de chover, ainda assim, alguém na terra teve de trazê-la por
meio da oração.
Nesse exemplo, a intercessão com dores de parto liberou chuva,
literalmente. Poderíamos usar essa história em seu simbolismo
máximo e dizer que nossa intercessão com dores de parto libera a
chuva do Espírito. Tenho certeza de que seria válido porque a seca
física retratava a seca espiritual de Israel, e a chuva era um símbolo
da capacidade de Deus abençoar novamente depois de purificá-los
de sua idolatria, mencionada anteriormente neste capítulo.
As nossas orações podem e fazem com que o Espírito Santo
mova em situações nas quais Ele então libera o Seu poder para
trazer vida. Fazemos a nossa parte ao produzir esse pairar do
Espírito Santo. O poder que criou o universo pelo Seu rachaph tem
sido depositado na Igreja — enquanto milhões incontáveis de
pessoas esperam para nascer no Reino de Deus.
Assim como Elias, temos de assumir a nossa posição, crendo que
as orações de meros homens podem realizar muito. Temos de
liberar o poder do Espírito Santo por meio da nossa intercessão
para que Ele paire, dando à luz o fruto do que Cristo já preparou.
Somos parte integral do processo do Pai de dar à luz muitos para o
Reino de Deus.
Repito, então, o que disse quando acompanhava minha esposa:
“Vamos, Igreja, empurre!”
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

De que maneira temos definido intercessão com dores de parto


inadequadamente e como isso tem atrapalhado a intercessão?
Explique a conexão entre Gênesis 1:1,2; Deuteronômio 32:10-
18; Lucas 1:35 e a intercessão com dores de parto.
O que queremos dizer com o Espírito Santo “pairar”?
Quando e onde alguém pode interceder com dores de parto?
Para que podemos fazer isso? Consegue pensar em alguma
situação na qual Deus talvez queira produzir algo por meio das
suas orações?
Deus responde à oração?

†As versões Almeida Revista e Corrigida dizem “se movia”, mas outras versões em língua
portuguesa dizem “pairava”.
Capítulo nove

Lutadores Profissionais

O IRMÃO MARAVILHOSO E SUA INTÉRPRETE

— Resisti ao diabo e ele fugirá de vós! Quantos de vocês


conversam com o reino das trevas de vez em quando? — perguntei
naquela minha voz mais ungida de pregação.
Eu estava mandando ver. “Pregando como um furacão”, como
costumamos dizer em Ohio, onde fui criado. Tinha acabado de sair
da escola bíblica e me sentia o último modelo de Deus da
Fraternidade Internacional dos Irmãos Maravilhosos
Transformadores do Mundo. Eu tinha aquelas pessoas bem onde eu
as queria — agarrando-se a cada palavra minha. Ah, se mamãe me
visse agora! Ela e Deus provavelmente encontrariam um lugar para
mim à direita do Senhor — ao lado de Tiago e João.
O único problema era que eu estava na Guatemala, pregando com
o auxílio de uma intérprete.
“E daí?”, você talvez pergunte, “por que isso seria um problema?”
Porque a minha intérprete não parecia partilhar da minha teologia,
e suas convicções eram bem rígidas. Ela olhou para mim indignada
e disse sem papas na língua:
— Eu não vou dizer isso!
Suas palavras meio que cortaram a minha eloquência.
— Quê? — respondi.
— Eu não vou dizer isso.
— Como assim, você não vai dizer isto? Você tem de dizer o que
eu digo.
— Olha, não vou dizer não.
— Por que não?
— Eu não acredito nisso.
— Olha, é o que a Bíblia diz para fazer.
— Onde?
— Em Tiago 4:7.
Ora, tenha em mente que estávamos na frente de uma igreja cheia
de pessoas observando essa óbvia troca verbal desagradável entre
o Irmão Maravilhoso e sua intérprete.
Não haviam me preparado para isso na escola bíblica. E lá estava
eu, me perguntando o que fazer a seguir, e ela começou a procurar
Tiago 4:7. Levou uma eternidade para encontrar. Ela então leu para
todos, acho. Pelo que sei, bem poderia estar dizendo como eu era
um bobo.
Tentamos continuar. Mas ela não me permitia citar nenhum outro
versículo. Assim que mencionava um, ela tomava o tempo que
queria para encontrá-lo na Bíblia e lê-lo, acho eu... Contudo, não
demorou muito para eu ver que ela não conhecia a Bíblia muito
bem, de modo que comecei a parafrasear os versículos para ela não
reconhecer que eram Escrituras. Depois que ela havia traduzido o
versículo sem saber, eu então olhava para ela com um sorrisinho e
dizia, “isso está em...” Quando ela então me fuzilava com seu olhar
nada espiritual.
Nós simplesmente não conseguimos mais trabalhar direito, não
fluía.
APODERE-SE DA VITÓRIA
Intercessão, segundo a nossa definição, envolve duas atividades
diferentes. Uma é reconciliação, a outra, separação. Uma é divisão
— uma desunião, ruptura —, e a outra uma junção — uma união. É
o que Cristo fez em Seu trabalho de intercessão, e é o que nós
fazemos ao continuarmos essa intercessão. Em vista disso, é
importante percebermos que muito da nossa intercessão deve ser
uma combinação das duas coisas.
Muitas vezes não é suficiente simplesmente pedir ao Pai para
fazer algo, apesar de isso ser o conceito geral de oração da maioria
dos cristãos. Muitas vezes é necessário um pouco de “guerra” ou
“luta” espiritual junto com o pedir, reforçando a vitória do Calvário.
Como Arthur Mathews disse: “A vitória é um fato consumado, mas é
necessário que um homem se apodere dessa vitória e precipite um
confronto com o inimigo, e resista a ele.”1
Jack Hayford, em seu livro Prayer Is Invading the Impossible
[Oração é invadir o impossível, em tradução livre], diz:

Ver os dois lados de Jesus é ver os dois lados da oração. É ver a


necessidade de se ter compaixão, cuidado, interesse, de chorar com os
que choram, ter empatia, gemer, sentir a dor profundamente por causa
do que sente transpirar nas vidas humanas. E é aprender o lugar e a
hora para se irar, quando vemos os ardis de Satanás terem êxito em
destruir; para se indignar, quando o programa do adversário viola o
território que pertence a Cristo por direito; para ousar, quando as hostes
demoníacas anunciam sua presença; para atacar, quando o Espírito
Santo o incita a avançar.2

Assim como aconteceu com a minha intérprete na Guatemala,


muitos não acreditam na guerra espiritual. Acreditam que Jesus já
cuidou do diabo e não precisamos nos preocupar com ele. Outros
acreditam que as nossas ações, nossos estilos de vida santos,
nossa obediência e, suponho eu, outras coisas amarram o diabo,
mas que nós não devemos falar dele nem de seus demônios.
Outros ainda creem que podemos lidar e falar sobre os espíritos
malignos, mas só nas pessoas. Não podemos, dizem, ordenar ou
repreender demônios em lugares ou situações.
Este livro não tem o intuito de ofender os que discordam, nem de
defender a minha posição sobre o assunto. Seria necessário um
livro inteiro — talvez vários — para provar adequadamente sua
validade e demonstrar como se engajar na guerra espiritual. Há
vários livros maravilhosos que defendem e explicam esse assunto
detalhadamente. Tenho uma lista de vários deles na bibliografia no
final deste livro. Minha intenção aqui é estabelecer uma conexão
absoluta entre a guerra espiritual e a intercessão, especialmente —
mas não limitado a isso — com relação à guerra pelos não salvos.
PAGA ENVOLVE GUERRA
Certamente existem os extremos. Ouvi alguém recentemente
descrever uma caricatura que retratava o diabo amarrado com umas
40 a 50 cordas e cercado de pessoas discutindo a situação.
— E o que fazemos agora? — perguntava um.
— Eu diria para amarrá-lo de novo! — foi a resposta de outro.
Apesar de haver extremos, é impossível separarmos a palavra
“intercessão”, paga, de guerra. Ela é usada quinze vezes nesse
contexto.3 Digo-lhe enfaticamente, violência e guerra estão
arraigadas no próprio significado da palavra. Ela é traduzida de
várias maneiras quando fala de guerra: “atacar”, “arremeter-se”,
“estender a mão”, “lançar-se sobre”; como também outras (ver
Juízes 8:21; 1 Samuel 22:11-19; 2 Samuel 1:11-16; a essência é a
mesma em todas as referências — pessoas em batalha atacando
umas as outras). Ouça-me bem: paga envolve guerra!
Mais uma vez, Jack Hayford diz: “Mas há uma maneira de
enfrentar a impossibilidade. Invada-a! Não com um discurso
eloquente de esperanças. Não com ira. Não com resignação. Não
com um autocontrole estoico. Mas sim com violência. E a oração
provê o veículo para esse tipo de violência.”4
Quando tentamos separar a guerra da intercessão, fazemos isso
para nosso prejuízo. Muito tempo e energia são desperdiçados com
os sintomas, quando, em muitas situações, a verdadeira causa do
problema é espiritual ou demoníaca: “Pois a nossa luta não é contra
seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os
dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do
mal nas regiões celestiais” (Efésios 6:12, NVI). Precisamos estar
alertas contra uma ênfase excessiva em Satanás e nos demônios,
mas nós, nos Estados Unidos, erramos em outra direção. A maioria
das pessoas “empaca” em Efésios 6:12 depois das palavras “nós
não lutamos...”
IGNORÂNCIA CUSTA CARO
A nossa ignorância com relação a Satanás e suas táticas, como
também sobre como lidar com eles, nos custa caro. Em 2 Coríntios
2:11 a Bíblia nos diz: “Para que Satanás não alcance vantagem
sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.” O contexto é de
perdão, mas um princípio geral também é revelado nesse versículo.
A palavra “ignoramos” é a palavra grega agnoeo, que significa
“sem conhecimento ou entendimento de”.5 A palavra “agnóstico” é
derivada dela. Tecnicamente, um agnóstico não é alguém que não
tem certeza se crê ou não em Deus. Agora usamos a palavra assim;
mas, na verdade, um agnóstico é alguém que não sabe nem
entende, não importa que assunto seja. Também temos a palavra
“ignora” proveniente da mesma raiz. Nesse versículo, somos
exortados a não ignorarmos nem sermos agnósticos — sem
entendimento — com relação ao diabo.
“Desígnios” é a palavra noema, que literalmente quer dizer
“pensamento”.6 Esse versículo está dizendo, em essência: “Não
fique sem entender a maneira como Satanás pensa.” Noema
também veio a significar “planos, ardis, esquemas, armações”,
porque essas coisas nascem a partir dos pensamentos. Para
entendermos melhor, vamos inserir todas essas palavras no
versículo: “Não fique sem entender a maneira como o seu inimigo
pensa e opera — seus planos, desígnios, esquemas e ardis.” Não
há também uma promessa sutil aqui? Se Deus sugere que não
devemos ser ignorantes com relação aos ardis de Satanás, então
Ele deve estar disposto a revelá-los.
E se não estivermos cientes de seus ardis? Ele levará “vantagem”
com relação a nós. A palavra é pleonekteo, uma palavra composta
que significa literalmente “ter ou possuir a maior parte” (pleon — “a
maior parte”; echo —“ter ou possuir”).7 Fica fácil ver por que é uma
palavra usada para “cobiça”. Também significa “estender além de”.8
No boxe, a pessoa que “passa além de” tem a “vantagem” e
geralmente é a que consegue dar mais golpes. A palavra também é
traduzida por “aproveitar-se”; Satanás se aproveita muito daqueles
que não estão cientes de seus caminhos. Bullinger diz que significa
“saquear, defraudar”.9
Vamos juntar todas essas definições. “Nosso adversário levará
vantagem sobre nós, nos fará sua presa, nos defraudará do que é
nosso, e ficará com a maior parte na mesma medida em que formos
ignorantes da sua maneira de pensar e operar — seus planos,
esquemas, desígnios e enganos”.
A maior parte do quê? Seja o que for! Nossos lares, casamento,
família, dinheiro, governo, nação e mais.
Há vinte e cinco anos a Igreja nos Estados Unidos não tinha
entendimento do que Satanás planejava, e ele ficou com a maioria
das nossas escolas. O mesmo poderia ser dito do nosso governo.
Já tiraram vantagem de você? Você alguma vez já ficou com a
porção menor? Nos meus dias de faculdade de teologia, tínhamos
uma maneira de descobrir quem eram os superespirituais da turma,
que achavam que precisavam interceder pelo mundo quando iam
dar graças por uma refeição. Eles ignoravam nossas intenções
quando lhes pedíamos para orar pela comida. Enquanto
atravessavam o planeta orando por todas as causas possíveis, nós
tirávamos de seus pratos a maior porção de suas refeições! Era um
teste e tanto da verdadeira espiritualidade deles. (Estou
profundamente envergonhado por essa prática abominável do meu
passado e nunca faria tal coisa hoje em dia. Mas, para aqueles que
acham que têm de interceder ao orar pela comida, eu lhes digo:
deixem para orar no seu quarto de oração!)
Tiraram vantagem de Paulo em 1 Tessalonicenses 2:18. Satanás
ganhou dele (pleonekteo) na guerra incessante de espalhar o
evangelho: “Por isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo,
não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o
caminho.” Sabemos que Paulo ganhou mais batalhas do que
perdeu. Mas ele era humano e às vezes Satanás tinha êxito em
barrar seus planos. Por favor, veja que não diz que Deus mudou de
ideia sobre onde Paulo deveria ir. Diz claramente que Satanás o
atrapalhou. Aqueles que querem nos fazer pensar que Satanás não
pode fazer nada a não ser o que Deus permite, e que devemos
ignorá-lo, deveriam reler esses dois versículos. Deus não ignora o
diabo e nós tampouco deveríamos ignorá-lo. E ele certamente faz
muita coisa que Deus não lhe “permite” fazer.
Só podemos dizer que Deus permite tudo o que acontece na Terra
no sentido de que Ele criou as leis e os princípios — semear e
colher, causa e efeito, e o livre arbítrio dos seres humanos — que
governam a terra. Nós, porém, colocamos esses princípios em ação
e determinamos muito do que vamos colher e pelo que vamos
passar. Satanás também entende essas leis e as usa para seu
proveito sempre que possível.
OS ESQUEMAS OCULTOS DE SATANÁS PREVALECEM
Ouvi um ministro em Tulsa, Oklahoma, falar sobre a libertação de
alguém por quem ele havia orado muito. Parecia que essa pessoa
nunca chegaria a ser estável na vida ou na sua caminhada com o
Senhor. Ele encontrava um emprego, e logo o perdia; caminhava
com o Senhor por um tempo, e logo se afastava. Esse ciclo se
repetiu várias vezes, e parecia que não importava o quanto orassem
por ele, não fazia diferença.
Certo dia, quando o ministro orava por esse jovem, o Senhor lhe
mostrou uma imagem de três demônios que o seguiam onde quer
que ele fosse. Não estavam nele, mas sempre ali por perto para
influenciá-lo. O ministro viu os nomes de cada demônio,
descrevendo o que fazia. Ele amarrou um de cada vez no nome de
Jesus e os ordenou a deixarem o jovem em paz.
Daquele momento em diante tudo mudou. Ele conseguiu
estabilidade. O sucesso veio a seguir. Com o passar do tempo o
jovem se tornou um rico empresário e também ministro, e caminha
com Deus até os dias de hoje. É sempre bom e certo pedir ao Pai
para fortalecer e amadurecer as pessoas, mas esse homem
precisava de algo mais: alguém que exercitasse autoridade e
fizesse uma libertação. Sua instabilidade era um sintoma de uma
influência demoníaca contra a qual ele não era forte o suficiente
para lutar e superar. Satanás levava vantagem e enquanto seus
esquemas permanecessem ocultos, ele prevaleceria.
Apesar de algumas questões com relação à guerra espiritual
estarem abertas para debate — certamente este é um assunto
bastante subjetivo — outras são inquestionáveis:

Estamos em uma guerra muito real (ver 2 Coríntios 10:4; 1


Timóteo 1:18).
Somos soldados nesta guerra (ver Salmos 110:2,3; 2 Timóteo
2:3,4).
Temos de lutar contra todos os níveis do reino das trevas (ver
Efésios 6:12).
Devemos resistir ao diabo (o que na maioria das vezes pode
ser representado por seus demônios) e ele fugirá de nós (ver
Tiago 4:7; 1 Pedro 5:9).
Devemos pisar em Satanás e seus demônios (por exemplo,
exercitar autoridade sobre eles — ver Lucas 10:19; Romanos
16:20).
Devemos expulsar demônios (ver Marcos 16:17).
Temos autoridade para amarrar (proibir) e libertar (permitir) ao
lidarmos com os agentes e portões do inferno (ver Mateus
16:19).
Temos armas poderosas designadas para vencer o reino das
trevas (ver 2 Coríntios 10:4; Efésios 6:10-20).

De modo algum essa é uma lista exaustiva dos versículos sobre


guerra espiritual. Para se certificar, Deus não nos dá fórmulas
detalhadas para fazermos tudo o que foi mencionado anteriormente.
Deus não gosta de fórmulas em nenhuma questão sobre as
verdades bíblicas. Ele está preocupado com relacionamentos, e nos
dá princípios que devem ser aplicados à medida que o Espírito
Santo nos guia.
Por exemplo, o Senhor não nos dá uma fórmula em particular para
um culto. Não é importante que adoremos exatamente da mesma
maneira, mas sim que adoremos. Ele não estabelece fórmulas para
o governo da igreja ou a ordenação de pastores. Cada linha do
Corpo de Cristo parece fazer isso de maneira diferente. O que
importa não é que todos nós governemos da mesma maneira, mas
que tenhamos um governo segundo Deus.
Não estou com isso dizendo que não há absolutos nas Escrituras;
mas sim que eles raramente se encontram no tocante ao método.
Não há nada sagrado ou não sagrado sobre o método. O importante
é que caminhemos de acordo com a revelação das Escrituras que
nos foram dadas, e que façamos isso sob a direção do Espírito
Santo. Só Ele sabe exatamente o que é preciso em cada situação.
LUTE COMO UM PROFISSIONAL
Da mesma maneira, em uma guerra espiritual, o importante não é o
quanto lutamos, mas que lutemos de algum modo. Nenhuma dessas
afirmações da Bíblia é sobre uma guerra defensiva. São todas
ofensivas. Devemos lidar agressivamente com as forças das trevas
sempre que surgir um desafio ou uma oportunidade. A palavra
“contra” é usada cinco vezes em Efésios 6. A palavra grega é pros,
que é uma forma melhorada de pro.
Pro significa “à frente de”,10 quer literalmente quer figurativamente
(no sentido de superior a). Usamos esse conceito hoje na palavra
“profissional”, ou na sua forma abreviada “pro”. Um atleta
profissional está “à frente dos outros” ou “é superior a”. Pros
também tem a conotação de dar um passo à frente e encarar algo
ou alguém.11 O simbolismo nessa passagem em Efésios é de um
lutador que dá um passo à frente e encara o oponente. Deus está
nos dizendo: “Dê um passo à frente e encare os poderes das trevas.
Seja um lutador profissional!”
Não seja como o frequentador de academia que visitava a África, a
quem o chefe do povoado perguntou o que ele fazia com seus
músculos, como os usava. O cara achou que era melhor explicar lhe
mostrando os músculos, então começou a flexioná-los, apertá-los,
mostrar os bíceps e os tríceps, demonstrando como se apresentava
em competições. Depois de admirar aquele incrível espécime por
um momento, o chefe perguntou:
— Para o que mais você os usa?
— Para mais nada — respondeu o homem todo musculoso.
— É só para isso que usa todos esses músculos enormes? —
reiterou o chefe.
— É.
— Que desperdício — murmurou o chefe desgostoso —, que
desperdício.
Muitos de nós somos como esse cara musculoso. Somos fortes no
Senhor, muito bem equipados para lidarmos contra o nosso
adversário, mas nunca usamos a nossa força ou as nossas armas.
Entre no ringue!
Ao esperarmos no Senhor, Ele nos mostrará a estratégia ou o
método de guerra a usar. Deus é um Deus de relacionamentos. Ele
é um Pai que tem paixão pela Sua família e prioriza amor e não
labor. O que nos prepara para o aspecto da guerra espiritual é a
nossa relação com Cristo por meio de nossa caminhada com Ele.
DEVOÇÃO A CRISTO, O TRAMPOLIM PARA TODAS AS
OUTRAS COISAS
É interessante, até paradoxal, porém verdadeiro, que a guerra
nasce muitas vezes da adoração. Da nossa espera muitas vezes
surge a guerra. É a simplicidade e a pureza da devoção a Cristo que
devem ser o trampolim para tudo o mais que fazemos. “Mas receio
que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia,
assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da
simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Coríntios 11:3).
Nossa profundidade de revelação em qualquer aspecto da
verdade não diminui a necessidade de uma devoção simples e pura
a Cristo. Na verdade, a aumenta. Quanto maior a árvore, mais
profundas as raízes. Da mesma maneira, quanto mais nos
espalhamos para cima e de dentro para fora, para os aspectos
multidimensionais do Reino, mais devemos permitir que o efeito
“descomplicante” da nossa relação com Cristo cresça como uma
raiz, para baixo.
O contexto em 2 Coríntios 11:3 é engano. Seja em que grau for
que Satanás consiga nos distrair de nossa relação com Cristo, é
nesse grau que chegaremos a caminhar em engano, não importa o
quanto possamos estar caminhando em outra revelação.
Quero mencionar três palavras do Velho Testamento para
“esperar” no Senhor, cada uma com uma nuance um pouco
diferente da outra. A primeira é dumiyah, que significa “esperar
silenciosamente com uma confiança sossegada”.12 O sentido
comunicado aqui é uma forte calma, confiança sossegada no
Senhor. Davi disse no Salmo 62:1,2: “Somente em Deus, ó minha
alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação. Só ele é a
minha rocha, e a minha salvação, e o meu alto refúgio; não serei
muito abalado.”
A segunda palavra é chakah que significa “aderir a” ou “ansiar”.13
“Nossa alma espera no Senhor, nosso auxílio e escudo” (Salmos
33:20). Foi o que Davi sentiu quando disse: “A minha alma tem sede
de Deus” (ver Salmos 42:2; 63:1). Ele estava chakah — ansiando
pela companhia de Deus.
A terceira palavra, qavah, significa “esperar por; com grande
expectativa”.14 Também significa “amarrar algo junto, torcendo” ou
“entrelaçar”.15 O principal pensamento, então, para qavah é “grande
expectativa e unicidade; uma união, um entrelaçamento”. Os
seguintes versículos são exemplos disso:

Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração;


espera, pois, pelo Senhor (Salmos 27:14).

Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com


asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se
fatigam (Isaías 40:31).

Vamos resumir os três significados, juntando todos? “Esperar


silenciosamente com uma forte e calma confiança, ansiar pela
presença do Senhor e com muita expectativa — pois você sabe que
Ele virá —, antecipadamente e, então, exercitando a unicidade, que
resulta de seus corações serem entrelaçados”. Aleluia!
O Salmo 37:7,9,34 demonstra como esperar no Senhor se
relaciona também à guerra:

Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem


que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus
maus desígnios [...] Porque os malfeitores serão exterminados, mas os
que esperam no Senhor possuirão a terra [...] Espera no Senhor, segue
o seu caminho, e ele te exaltará para possuíres a terra; presenciarás
isso quando os ímpios forem exterminados.

Esperar no Senhor traz consigo a habilidade de possuir nossa


herança. “Herdar” é a palavra yaresh, também traduzida como
“possuir”, e significa “um herdeiro legal; invasão militar para
conquista”.16 Os que esperam no Senhor herdarão e possuirão —
adoração e guerra! É como Davi esperando no Senhor, ansiando
por Ele, adorando-o, compondo canções para Ele e, no minuto
seguinte, agarrando um leão pela juba e arrancando-lhe a cabeça!
Guerra e vitória nasceram da adoração e da espera.
PARECE BOM, MAS NÃO TEM UNÇÃO
Quando Maria estava sentada aos pés do Senhor e Marta ocupada
na cozinha (ver Lucas 10:40), a passagem diz que Marta andava
distraída em muitos serviços. A palavra “distração” é a palavra
perispao. Significa literalmente “andar em círculos”.17 A palavra para
“em muitos serviços” é a palavra do Novo Testamento para
“ministério” — a mesma palavra que usamos para uma pessoa que
tem um ministério. Até um ministério puro para Jesus pode se tornar
um peso que arrastamos de um lado para outro.
A guerra espiritual e a oração, no geral, também podem se tornar
um peso que se arrasta de um lado para outro. Elas muitas vezes
perdem a vida, tornando-se legalistas e passando a ser uma tarefa
— uma obrigação que você suporta. Tornamo-nos tão ocupados por
Ele que não temos tempo para estarmos com Ele. Arrastamos
nosso ministério em círculos, chegando a lugar nenhum e realizando
nada para o Reino de Deus.
Há vários anos eu estava passando por um momento difícil em
minha vida. Um querido amigo chamado Al Straarup me chamou e
disse:
— Eu estava orando por vocês esta manhã com um amigo e o
Senhor me deu uma visão.
Pensei, Obrigado, Jesus. Aqui está a minha resposta.
Al continuou:
— Tinha um círculo no chão. — (Eu estava pronto para uma
grande revelação. Estava pronto para ouvi-lo dizer que havia um
círculo no meio de outro círculo, ou algo parecido!) — Você estava
andando naquele círculo.
— Sim? Sim? — respondi.
Ele disse:
— É só isso. Você só estava andando em círculos.
— Essa é a palavra que Deus tem para mim? — perguntei.
Ele respondeu:
— É, só isso. Sinto muito.
Desliguei o telefone e pensei: Acho que é verdade. É o que tenho
feito, Senhor — andado em círculos... Ocupado, mas sem chegar a
lugar algum. Saí daquele buraco e fui para a presença do Senhor.
Parei de andar e comecei a esperar.
Jesus olhou para Marta e disse: “Maria, pois, escolheu a boa
parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10:42). A “boa parte” é a
palavra agathos. Ela contrasta com outra palavra para “bom” em
grego — kalos, que significa que algo é “constitucionalmente bom”18
ou, em outras palavras, é bem feito. Mas kalos não implica
necessariamente em nenhuma utilidade prática ou benefício. Pode
simplesmente parecer bom. Não há nada de errado com isso, mas
pode não ter nenhum propósito na prática.
Por outro lado, agathos — a palavra para “boa parte” que Maria
escolheu — é a palavra que significa “bom e proveitoso; útil;
benéfico”.19 É geralmente traduzida por “boas obras”. O Senhor está
dizendo: “Se você passar tempo esperando em Mim, sentado aos
Meus pés, isso lhe confere algo. Você não só vai parecer bom, mas
também será bom para alguma coisa.” Muitas vezes parecemos
bons, mas não temos a unção. Precisamos esperar na presença do
Senhor e permitir que todo o nosso ministério, inclusive nossa luta
na guerra espiritual, nasça desse relacionamento.
O TEMPO, OS TERMOS E O MÉTODO DE DEUS
Esperar no Senhor vai nos impedir de ter uma atitude reacionária
com o diabo. Não reagimos nem damos satisfações ao diabo. Não
fazemos nada nos seus termos, nem devemos fazer nada segundo
sua agenda. Deus escolhe o tempo e os termos da batalha. Ele
disse a Josué em Jericó (ver Josué 6), quando estava prostrado
adorando: “Sete dias, Josué. Nem um minuto antes. Não faça nada
até Eu lhe dizer.” Ele estava dizendo: “Eu escolho a hora da
batalha.”
Deus também escolhe os termos. “Não faça ninguém prisioneiro —
só Raabe vai escapar. Os despojos devem ser dados a Mim. Eu
escolho os termos — não você, nem Satanás, nem ninguém. Se
fizer da Minha maneira, sempre irá vencer. Faça do jeito do diabo e
descobrirá que estará andando em círculos.” Deus escolhe a hora,
os termos e o método. A guerra não é uma reação responsiva, mas
sim uma ação responsável. Deve nascer da obediência, não da
necessidade. Seguimos nosso Capitão, não nosso inimigo.
O Senhor disse a Davi para ir para a batalha quando o vento
soprasse no topo das árvores, não antes (ver 2 Samuel 5:24). Ele
disse para Saul esperar sete dias até Samuel vir e oferecer o
sacrifício (ver 1 Samuel 13:8-14). O inimigo estava acampado ao
redor deles, e o povo estava ficando nervoso, de modo que Saul
disse: “Vou ter de oferecer sacrifício eu mesmo — fazer da minha
maneira — porque temos de andar com esta batalha.” Samuel
apareceu logo depois do sacrifício e deu-lhe a perspectiva de Deus:
“Você pisou na bola, Saul, e o Reino lhe será tirado e dado a outra
pessoa segundo o meu coração. Não posso ter um guerreiro ou
líder reacionário — que guia o povo segundo a própria sabedoria e
ideias. Tem de ser da Minha maneira. Você tem de esperar por
Mim!”
Deus às vezes pode dizer que adoração é a chave, como foi o
caso com Josafá no campo de batalha (ver 2 Crônicas 20:1-30) e
para Paulo e Silas na prisão (ver Atos 16:16-36). Quando
ministrávamos nas ruas de Mardi Gras alguns anos atrás, o Senhor
guiou 200 de nós a marcharmos silenciosamente pela rua. Um
incrível temor e a presença do Senhor começaram a pairar por toda
a área. O Senhor havia estabelecido Sua incrível presença e
silenciado Seus inimigos. Um silêncio tomou literalmente as ruas.
Em outra ocasião, porém, Ele nos guiou a marcharmos no meio da
Rua Bourbon cantando a intensa canção de adoração de Bob
McGee, “Emmanuel”. Dessa vez, um espírito de convicção pairou
nas ruas enquanto cantávamos essa poderosa canção que fala do
verdadeiro destino da humanidade. Assim como antes, houve
silêncio. Parecia que o Senhor estava totalmente no controle. Em
uma interseção, que havia sido bloqueada à nossa marcha, nos
reunimos e formamos um círculo e ali ficamos de joelhos e
continuamos cantando. Ao nos ajoelharmos para adorar, um homem
literalmente correu para dentro do círculo e gritou que queria
conhecer Deus.
Isso sim é guerra de louvor! Também é intercessão (paga) —
ataque ao inimigo. Assim como Cristo é entronado na adoração,
Satanás é destronado dos céus (ver Salmos 22:3; 149:5-9). Ao
erguermos o Filho, derrubamos a serpente.
Outras vezes, a estratégia do Espírito Santo talvez seja amor —
atos de gentileza, doação, perdão. Fiz parte de uma cerimônia de
reconciliação no Confluence Park, em Denver, no Colorado, no dia
12 de novembro de 1992, entre norte-americanos nativos e vários
norte-americanos europeus. Fui o apresentador da reunião, na
verdade, patrocinada pela Reconciliation Coalition [Coalizão de
Reconciliação], um ministério de Jean Stephenson.
A estratégia, na verdade, era bastante simples: arrepender-se e
pedir perdão por roubar sua terra, quebrar acordos e matar seus
ancestrais. Quando um deles, em nome de seu povo, nos perdoou e
nos deu as boas-vindas nesta terra, algo se rompeu no mundo do
espírito. Era um dia feio e frio, mas assim que ele falou aquelas
palavras, o sol começou a brilhar através das nuvens, até brilhar
sobre nós. Aquele dia marcou o começo de um grande trabalho de
reconciliação entre dois grupos de pessoas. Por quê? Nosso ato de
humildade e amor, juntamente com o deles, também foi um ato de
guerra que destruiu as fortalezas no mundo do espírito... Guerra
através da humildade... Amor violento. Paradoxal, não é?
Em outras ocasiões o Espírito Santo talvez leve uma pessoa a se
unir a outras e concordarem em destruir o inimigo. John G. Lake, um
missionário na África do Sul da primeira metade do século, conta a
história de uma epidemia de febre que atacou parte da África do Sul
em uma única noite. A devastação era tamanha que, em apenas um
mês, um quarto de toda a população da região morreu. Não havia
caixões suficientes para satisfazer a demanda, e as pessoas eram
enterradas envoltas em cobertores, tamanha era a devastação.
Lake conta que um intercessor poderoso começou a orar. Por dias
— durante o dia inteiro e toda a noite — ele ficava debaixo de uma
árvore e orava contra aquela pestilência. Lake perguntou ao homem
várias vezes: “Está conseguindo?”
Ao que ele respondia: “Ainda não.” Mas um dia ele respondeu a
Lake: “Estou sentindo hoje que se tivesse uma pequena ajuda na fé,
o meu espírito intercederia.” Lake ficou de joelhos e se uniu ao
homem em oração. O que aconteceu a seguir foi impressionante.
Está registrado nas próprias palavras de Lake:

O Espírito do Senhor tomou a minha alma e me vi, não ajoelhado


debaixo da árvore, mas afastando-me gradualmente dela... Os meus
olhos foram sendo lentamente abertos, e testemunhei uma cena tal
como nunca havia visto — uma multidão de demônios como um rebanho
de ovelhas! O Espírito também havia caído sobre este rebanho, e corria
à minha frente, amaldiçoando aquele exército de demônios, e eles eram
levados de volta para o inferno, de onde haviam vindo. Amado, na
manhã seguinte, quando acordamos, a epidemia de febre havia
acabado.20
TEMPO PARA GRITAR
Realmente há um momento para uma guerra de intercessão
agressiva e violenta. Entendo que muitos fazem careta só de pensar
em agir assim de maneira tão extrema em oração — correr e gritar
contra o inimigo. Mas há um momento para tal intensidade
espiritual. Mais de uma vez me vi gritando para as potestades
espirituais ou montanhas de adversidade enquanto estava em
intercessão. Não sou espiritualmente ignorante a ponto de acreditar
que é preciso certo volume para repreender forças malignas, mas as
Escrituras nos permitem fazer isso, e até mesmo sugerem isso às
vezes, a fim de liberarmos algo no Espírito:

Zerobabel gritou graças para uma montanha (ver Zacarias 4:7).


Israel gritou em Jericó (ver Josué 6:16).
O exército de Gideão gritou antes da batalha (ver Juízes 7:20).
Jesus gritou na cruz (ver Mateus 27:50).
Israel gritou quando a Arca da Aliança os guiava a um novo
lugar: “Levanta-Te, Senhor, e dissipados sejam os Teus
inimigos” (ver Números 10:35; Salmos 68:1).

Não estou tentando começar a Primeira Igreja dos Guerreiros


Gritantes, mas apenas tentando demonstrar que a guerra, até
mesmo guerra intensa e às vezes em alto e bom som, é válida.
Jeoás, Rei de Israel, foi repreendido e derrotado por causa de sua
falta de intensidade espiritual ao usar o arco e a flecha (ver 2 Reis
13:14-19).
Em outras ocasiões, a estratégia do Senhor pode ser você
simplesmente falar a Palavra como uma espada ou fazer
declarações com base na Bíblia sobre a situação. Quando guiada
pelo Espírito Santo, essa estratégia é devastadora para o inimigo.
Certa ocasião, eu estava tentando mediar a paz entre três partes.
A circunstância havia chegado a um ponto potencialmente violento,
e eu tinha sido avisado por uma das partes que na manhã seguinte
ela ia partir para a ignorância. Eu sabia que falava sério e que
alguém poderia se ferir e outros iriam presos. Orei até tarde da noite
pedindo a Deus para parar aquilo, quando então, às duas da
manhã, no meio da madrugada, o Senhor me chocou com as
seguintes palavras: Por que você está Me implorando para fazer
isto? Sabe qual é a Minha vontade nesta situação. E o problema
está sendo causado por um espírito de ira e violência. Amarre-o!
Declare a Minha Palavra e vontade para esta situação.
Foi o que fiz, e fui dormir. Na manhã seguinte, por algum motivo
“inexplicável”, sem qualquer discussão, todos tiveram uma mudança
de coração. Paz e harmonia reinavam onde, na noite anterior,
reinara violência e ira. O que aconteceu?
Paga aconteceu.
O Calvário aconteceu.
O Salmo 110:2 aconteceu: “O Senhor enviará de Sião o cetro do
Seu poder, dizendo: ‘Domina entre os Teus inimigos.’”
TOMAR E PROTEGER NOSSA HERANÇA
Faz-se necessário uma palavra de atenção aqui. À medida que nos
envolvemos na guerra espiritual, é imperativo que lembremos que
não estamos tentando derrotar o diabo. Ele já está derrotado. Não
voltamos a derrotar, mas sim a representar a vitória da Cruz. Tudo o
que fazemos na nossa oração intercessória deve ser uma extensão
do que Cristo fez em Sua obra de intercessão.
Cristo fez paga no diabo. Ele o atacou e esmagou sua soberania
sobre a terra (ver Gênesis 3:15). A palavra hebraica para “cabeça”
nesse versículo, rosh, na verdade refere-se à soberania ou
autoridade.21
No Salmo 2:9, ao falar profeticamente de Cristo, a Bíblia diz: “Com
vara de ferro a regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.”
O ferir de Gênesis 3:15 e o reger e despedaçar do Salmo 2:9 têm
essencialmente o mesmo significado: quebrar em pedaços e
espalhar. Cristo despedaçou e dizimou a soberania da serpente
como um pedaço de vidro quebrado. Foi uma derrota total.
Mas o que Cristo fez, devemos liberar e reforçar. O que Ele
providenciou para nós, devemos agarrar por fé com as armas
espirituais. Paulo diz a Timóteo em 1 Timóteo 6:12: “Combate o bom
combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também
foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas
testemunhas.” Timóteo já tinha a vida eterna, contudo lhe foi dito
para “tomar posse” dela.
Não é interessante? Você pode ter e não ter a vida eterna. Pode
tê-la, mas não possuí-la. A palavra é epilambanomai e significa
“tomar”22 algo. Como Israel no Velho Testamento, que recebeu sua
herança do Senhor, contudo teve de tomá-la, o mesmo acontece
conosco. Sua herança não estava necessariamente em sua posse.
A nossa não cairá automaticamente em nosso colo tampouco, assim
como a deles.
A tradução da Bíblia de Moffatt traduz o versículo como “Combate
o bom combate da fé, garanta a vida eterna para a qual foi
chamado” (grifo do autor). O Novo Testamento de Wuest diz: “Toma
posse da vida eterna participando do que foi chamado” (ambas aqui
em tradução livre).
Assim como se toma e garante um território em uma guerra,
devemos tomar e garantir a nossa herança em Cristo. De quem a
devemos tomar? Certamente não de Deus! Devemos tomá-la do
mundo, da carne e do diabo.
Jack Hayford nos dá uma versão amplificada muito elucidativa de
Mateus 16:18,19, fundamentada no que diz literalmente em grego:

Seja o que for com que depare a qualquer momento (dentre os


conselhos do inferno contra os quais declarei que a minha igreja
prevaleceria), você se verá em face de uma decisão de ligar ou não tal
coisa. O que resultar disso será condicional à sua ação. Se envolver-se
pessoal e conscientemente no ato de ligar tal coisa na terra, você
descobrirá, quando o fizer, que isso já foi ligado no céu!23

Impressionante! Tanta coisa depende de nossa obediência e ação


responsável... Nossa herança em Cristo não é garantida nem
automática.
ELA DEU UM PASSO À FRENTE
Sue Doty contou o seguinte testemunho sobre travar uma guerra
espiritual em sua cidade. Ela deu um passo à frente!

Senti que o Senhor queria que uma equipe de intercessores e eu


fizéssemos uma caminhada de oração em uma rota específica, mas que
seria necessária alguma preparação. Primeiro, conversei com meu
pastor sobre isso e então fui de carro até a rota na qual sabia que
deveríamos fazer a caminhada. Ao me aproximar de um local (um
cinema de filmes não recomendados, loja de vídeo e livraria), o Espírito
Santo começou a me dar instruções específicas. Ele me disse para
repreender os espíritos de pornografia e lascívia, e foi o que fiz. Ele
também me disse para orar no Espírito. Depois de um curto período de
tempo senti que não precisava mais orar, e continuei o restante da rota
antes de voltar para casa.
Na sexta-feira, o Senhor me revelou o que havia acontecido. Liguei no
noticiário local e ouvi que aquele lugar em particular havia sido fechado.
No dia seguinte de eu ter orado, a prefeitura fizera uma inspeção
surpresa. O local fora citado por várias violações e suas portas
imediatamente fechadas e trancadas.
O impressionante é que a prefeitura já havia inspecionado o local
pouco tempo antes, e ele tinha passado na inspeção. Mas, sem nenhum
aviso, e por nenhum motivo aparente, foi inspecionado novamente. Deus
tinha realmente se movido! O local realmente violava normas e fora
reaberto por pouco tempo antes de o juiz decretar seu fechamento por
um ano. Agora a propriedade está à venda.
Eu tinha feito o curso Oração intercessória — um relâmpago de Deus,
de Dutch Sheets, e sabia que havia muitas “cargas” na parede, mas este
era um tempo kairós e a parede caiu sob o poder de Deus. [Ela diz
“cargas” em referência a dunamis — dinamite — do Espírito Santo sobre
a qual ensino no curso anteriormente citado.]
UMA QUEBRA LEGÍTIMA DA AUTORIDADE
“Mas por que haveria de ser necessário travar uma guerra se Cristo
já derrotou Satanás e seus demônios?”, muitos perguntam. “Cristo
não lhe tirou o poder, o desarmou e destruiu suas obras? Ele não
nos livrou do poder de Satanás?”
A resposta a essas perguntas está em um entendimento preciso do
que Cristo realmente fez quando derrotou Satanás. A destruição de
Satanás não era literal, mas sim uma quebra legal de sua soberania
ou autoridade. A Bíblia não diz em lugar nenhum que Cristo nos
livrou do poder de Satanás. Diz que Ele nos livrou de sua exousia —
autoridade — ou, em outras palavras, o direito de exercer seu poder
sobre nós:

Ele nos libertou do império [exousia] das trevas e nos transportou para o
reino do Filho do Seu amor (Colossenses 1:13).

Eis que vos dei autoridade [exousia] para pisardes serpentes e


escorpiões e sobre todo o poder [dunamis] do inimigo, e nada,
absolutamente, vos causará dano (Lucas 10:19).

Despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao


desprezo, triunfando deles na cruz (Colossenses 2:15). A palavra
“despojando” é a palavra grega apekduomai e significa que Cristo
desapossou-se dos principados e autoridades.24 É o jargão teológico
para “Ele lhes deu uma surra!”

Poder nunca foi e nunca será a questão entre Deus e Satanás.


Autoridade sim é a questão — a autoridade que Satanás adquiriu
através de Adão. Jesus não veio para recobrar nenhum poder, nem
para remover o poder de Satanás. Ele veio para recobrar, sim, a
autoridade que Adão perdeu para a serpente, e para quebrar sua
soberania na terra.
Satanás ainda tem os poderes e as habilidades inerentes que
sempre teve. Ele ainda “anda em derredor, como leão que ruge” (1
Pedro 5:8). E, contrariamente ao que alguns ensinam, ele ainda tem
dentes. Ele ainda tem “dardos inflamados” (Efésios 6:16). Se não
acredita nisso, tente andar sem sua armadura. O que ele perdeu foi
o direito (a autoridade) para usar seu poder naqueles que aceitaram
Jesus como seu Senhor. Contudo, Satanás é um ladrão e um
transgressor e usará de seu poder ou suas habilidades sobre nós de
qualquer maneira se não entendermos que através de Cristo temos
agora autoridade sobre ele e seu poder. Autoridade é a questão. O
poder faz o trabalho, mas a autoridade controla o poder.
Essa verdade está ilustrada na batalha entre Israel e Amaleque
em Êxodo 17:8-13. Nessa famosa passagem, Moisés vai para o alto
de uma colina com a vara de Deus na mão enquanto Josué guia o
exército campo abaixo. Enquanto Moisés tem a vara de Deus
levantada, Israel prevalece; quando ele a abaixa, Amaleque
prevalece.
A vitória não é decidida pela força nem pelo poder do exército de
Israel. Se esse fosse o caso, eles não teriam vacilado quando a vara
era baixada. Nem era um caso de estado de espírito — eles não
estavam observando Moisés para se inspirarem enquanto estavam
na batalha corpo a corpo! Uma batalha invisível nos céus era o que
na verdade decidia o resultado daquela batalha. E quando a vara,
que representava o Reino ou a Autoridade de Deus, era levantada
pelo líder autorizado de Israel, Josué e o exército prevaleciam. Em
outras palavras, não era poder no campo de batalha — apesar de
isso ser necessário — o fator decisivo, mas sim a autoridade na
montanha. Autoridade é a questão-chave; poder nunca foi.
APROXIMANDO-SE DO PAI
Um último pensamento com relação a esse assunto da guerra: é
mister sabermos que nossa luta não é com Deus. Não sei sobre
você, mas esse pensamento para mim é aterrorizante! Os versículos
mais usados para nos ensinar que deveríamos lutar contra Deus
estão em Gênesis 32:22-32, em que Jacó lutou a noite inteira contra
o anjo do Senhor. Muitas mensagens dinâmicas têm sido pregadas
usando as palavras de Jacó como um exemplo do que deveríamos
fazer ao orar: “Não te deixarei ir se não me abençoares” (ver
versículo 26). Eu mesmo já fiz isso.
Contudo, as Escrituras não apresentam essa luta como um
exemplo de como deveríamos orar. As razões porque aquele
encontro durou tanto tempo são: (1) Deus o permitiu — o anjo
poderia ter deixado Jacó fora de órbita se quisesse. Ele uma vez
enviou um anjo para destruir todo um exército (ver 2 Crônicas
32:21); (2) Deus e Jacó buscavam coisas diferentes. Jacó queria
proteção de Esaú; Deus queria mudar a natureza de Jacó.
Note que, se analisarmos superficialmente, a pergunta que o anjo
fez a Jacó parece ridícula: “Qual é o seu nome?” Não lhe parece
estranho que, no meio dessa luta toda, eles começassem uma
conversinha de apresentação? Mas não é isso que está
acontecendo. Deus estava tentando fazer com que Jacó
reconhecesse a verdade sobre sua natureza, que é descrita pelo
seu nome. A versão The Amplified Bible [Bíblia amplificada],
demonstra isso claramente: “[O Homem] lhe perguntou, Qual é o
seu nome? E [percebendo chocado, sussurrando] ele diz: Jacó
[enganador, maquinador, trapaceiro, defraudador]!” (Gênesis 32:27).
Isso era tudo o que o Senhor precisava: revelação e confissão.
Imediatamente foi liberada graça e a mudança de natureza ocorreu.
Seu nome então foi mudado para Israel. Um estudo sobre Jacó
desse momento em diante mostra a grande transformação de sua
natureza.
“Mas Jacó prevaleceu”, alguns diriam.
Só porque perdeu. A única maneira de ganhar uma luta com Deus
é perdendo. Se você vencer, você perde; mas se perder, vence. A
única maneira de encontrar nossa vida é perdendo-a (ver Mateus
16:24-26; Lucas 9:23-25). Jacó perdeu Jacó e encontrou Israel. Que
doce derrota!
O ponto do nosso estudo, entretanto, é revelar que essa história
não é um exemplo de como devemos fazer nossas petições ao Pai.
Devemos abordá-lo com confiança e ousadia (ver Hebreus 4:16),
sabendo que Ele é nosso Amigo e Pai. Devemos pedir “segundo a
Sua vontade” (1 João 5:14), e não tentar lutar com Ele por algo que
Ele talvez não queira nos dar. Somos cooperadores com Ele (ver 2
Coríntios 6:1), não estamos contra Ele. Devemos assaltar as portas
do inferno (ver Isaías 28:6; Mateus 16:18), e não os portões do céu.
Persistência em oração é necessário, mas não é o que vai vencer
a relutância de Deus. É vital sabermos e nos lembrarmos disso. É
impossível pedir algo com fé, que é um requisito, se a pessoa não
acreditar que o que está pedindo a Deus é a vontade dele. Por que
então é preciso persistir em oração? Isso é assunto para outro
capítulo. Aquele que persistir descobrirá!
O propósito deste capítulo, porém, é dizer: Às vezes é necessário
haver uma guerra ou luta em nossa intercessão. Paga inclui o
conceito e a Bíblia nos ensina isso. Devemos fazer isso com
equilíbrio e entendimento, mas temos de fazê-lo! Ignorar Satanás é
abdicar da nossa autoridade para dar lugar a ele.
No próximo capítulo vamos aplicar esse conceito de guerra à
nossa luta em favor dos perdidos. Desempenhamos um papel vital
na libertação dos cativos. Vamos fazer um estrago no reino das
trevas!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Que duas atividades opostas geralmente são necessárias na


intercessão? Por que ambas são necessárias? O sentido e o
uso de paga reforçam isso?
Explique 2 Coríntios 2:11. Como isso reforça o fato de que não
devemos ignorar Satanás?
Você consegue explicar a conexão entre adoração, esperar e
guerra? Como Josué retrata isso? Da mesma maneira, o que
podemos aprender com a história de Maria e Marta com relação
a isso?
Por que a guerra espiritual é necessária se Cristo derrotou e
destruiu os poderes das trevas? Inclua comentários sobre a
diferença entre autoridade e poder.
Nós devemos pelejar com Deus em oração? Explique.
Defina a palavra pro, de Efésios 6, comentando sobre sua
conexão com a guerra espiritual.
Por que é tão importante escolher cuidadosamente os
intérpretes de pregadores? (Sugestão: “Não vou responder
esta”).
Capítulo Dez

O Homem Altíssimo

“Descascando” os Véus

Assisti a um parto cesariana na tevê certa vez. Era um daqueles


canais educativos que fala sobre algumas coisas de que precisamos
saber para sobrevivermos na vida. Graças a Deus pela tevê a cabo!
Também vi uma cirurgia plástica de rosto no mesmo canal. Eles
descascavam o rosto, tiravam toda a pele! E depois sugavam um
monte de celulite. Não sei que tipo de células eram aquelas, mas
também sugavam a gordura — eu sabia o que era aquilo. Parecia-
me que deveriam ter deixado as células “lite” e sugado as células de
gordura, mas reconheço que devem ter um motivo para fazerem o
que fizeram. As coisas que fazemos para ficarmos mais bonitos!
Pode acreditar em mim quando digo que agora sei por que dizem
que beleza é superficial.
O parto foi o que mais me fascinou. Eu sempre havia imaginado
que eles simplesmente cortavam a pele e pronto, já saía o bebê. De
jeito nenhum! Eles praticamente viraram aquela pobre mulher ao
avesso. Puxaram e mostraram coisas que eu nem sabia que
existiam (!) — ovários e coisas assim. Quando finalmente chegaram
ao bebê, a única coisa a fazer era tirá-lo dali. Não sei por que ele
continuava ali. Se tivesse visto o que eu vi, ia querer sair bem
rapidinho.
De qualquer maneira, todos nós precisamos ser instruídos nos
detalhes das cesarianas e plásticas faciais. E se for ler um livro,
provavelmente vai querer saber se a pessoa é bem versada em
muitos aspectos da vida. Não precisamos de mais autores
ignorantes!
Espero que a esta altura você já saiba que existe um método na
minha loucura e, de alguma maneira — talvez dentro de poucos
minutos —, você perceberá que isso tudo tem alguma relação com a
intercessão.
A Bíblia diz que existe um véu que impede os crentes de
realmente verem o evangelho:

Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se


perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do
evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus (2 Coríntios
4:3,4).

Meus dicionários me dizem que a palavra “encobrir” significa


“esconder, ocultar, embrulhar”.1 A palavra grega usada é kalupsis.
Dizem que o interior de uma árvore é encoberto pela sua casca; o
interior do corpo humano pela pele. Entendi imediatamente!
A palavra no Novo Testamento para uma “revelação” é
simplesmente kalupsis com o prefixo apo acrescentado —
apokalusis. Apo significa “para fora ou sem”,2 de modo que uma
revelação é, literalmente, o descobrir, a retirada do que ocultava.
Quando assisti àquelas cirurgias, me foi revelado o interior do corpo
humano — pelo menos parte dele.
O Véu do Descrente
Este capítulo é todo sobre a guerra espiritual travada pelos
perdidos. É talvez o mais importante de todo o livro. O principal
propósito do capítulo anterior era nos preparar para este. Temos um
papel a desempenhar em retirarmos o véu da mente do descrente.
Na passagem de 2 Coríntios 10:4, sobre a qual falarei em detalhes
mais tarde, fala-se das fortalezas que fazem parte desse véu.
Participamos na destruição dessas fortalezas. As fortalezas não são
demônios, mas sim locais que eles governam.
Vamos analisar várias palavras dessas duas passagens para
entendermos melhor o que está sendo dito. A passagem em 2
Coríntios 4:3,4 nos diz que algo encobre as mentes dos descrentes
e os impede de ver claramente a luz do evangelho. É importante
sabermos que eles não veem o evangelho porque não conseguem
vê-lo. Eles não o entendem porque não conseguem entendê-lo.
Precisam que lhes seja descoberto — precisam de uma revelação.
Recentemente, estava visitando um irmão no Alasca que me
contava sobre um amigo para quem tem testemunhado. “É como
você ensina, Dutch. O homem chegou a me dizer: ‘Eu sei que tem
algo nisso que você me diz porque é óbvio o que fez por você. Mas
eu ainda não consigo ver” (grifos do autor).
Eu antes tinha dificuldade em entender como algumas pessoas
podiam ouvir e rejeitar as apresentações poderosas do evangelho.
Agora sei. Quando “ouvem”, elas não ouvem o que eu ouço, não
veem o que eu vejo nem entendem o que eu entendo. O que os
descrentes ouvem é filtrado pelo seu sistema de descrença — algo
que encobre o que é dito — e faz com que ouçam algo totalmente
diferente. O quarto versículo de 2 Coríntios 4 deixa isso bem claro:
“Para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a
imagem de Deus” (NVI, grifos do autor). Eles simplesmente não
veem a mesma “imagem” de Cristo que nós. Vê-lo claramente é
amá-lo e querê-lo. Vamos descrever alguns componentes dessa
“fortaleza” mais detalhadamente adiante neste capítulo. Agora é
imperativo que estabeleçamos que ela existe.
Uma Perspectiva Distorcida
Esta percepção distorcida do descrente é bem ilustrada pela história
da mulher que dirigiu para casa sozinha certa noite, quando notou
um homem em um enorme caminhão seguindo-a. Cada vez mais
amedrontada, começou a correr, na tentativa de se livrar de seu
perseguidor, mas foi em vão. Ela então saiu da estrada principal e
pegou uma avenida, mas o caminhão continuava seguindo-a, até
mesmo furando os sinais vermelhos.
Já em pânico, a mulher entrou em um posto, saiu correndo do
carro e entrou na loja de conveniência gritando. O motorista do
caminhão correu até o carro da mulher, abriu a porta de trás e tirou,
do chão, atrás do assento do motorista, um homem que se escondia
lá.3
A mulher estava fugindo da pessoa errada. Ela fugia de seu
salvador! O motorista do caminhão, alto o bastante na sua cabine
para ver atrás de assento da mulher, havia visto o estuprador e a
estava seguindo para salvá-la, mesmo colocando a própria vida em
risco.
Assim como aconteceu a essa senhora, a perspectiva do
descrente é distorcida. As pessoas fogem de Deus que anda atrás
delas querendo salvá-las da destruição. Aqueles entre nós que o
conhecem sabem que nós o amamos porque Ele nos amou
primeiro. Mas quando pecadores ouvem sobre um Deus amoroso
que quer apenas o que é melhor para eles e morreu para lhes dar
isso, eles muitas vezes, em vez disso, só veem a promessa de
perda e uma falta de cumprimento.
Deixar a Luz Entrar
A palavra “luz” em 2 Coríntios 4:4 é photismos, que significa
“iluminação”.4 É semelhante a outra palavra em Efésios 1:18,
“iluminados”, que é a palavra photizo —“deixar a luz entrar”.5 Quase
podemos ver as palavras “foto” ou “fotografia” nessas palavras
gregas; elas são, na verdade, derivadas das primeiras. O que
acontece quando tiramos uma foto? O diafragma da câmera abre
para a luz entrar e produzir a imagem. Se o diafragma da câmera
não abrir, não há nem imagem nem foto, não importa quão linda
seja a paisagem ou elaborado o cenário.
O mesmo acontece nas almas dos seres humanos. E isso é
exatamente o que esses dois versículos em 2 Coríntios 4 dizem.
Parece até linguagem de fotografia, pois não faz diferença o quanto
o nosso Jesus seja glorioso ou quão maravilhosa seja a nossa
mensagem — se o véu (o diafragma) não for removido, não haverá
imagem (foto) de Cristo.
Às vezes convencemos as pessoas a fazerem a oração da
salvação sem haver uma verdadeira revelação (descoberta), mas
geralmente quando fazemos isso não ocorre uma verdadeira
mudança nelas. Isso mostra porque menos de 10% — já ouvi
estatísticas até de cerca de 3% apenas — das pessoas que “são
salvas” nos Estados Unidos tornam-se verdadeiras seguidoras de
Cristo. O motivo: não há verdadeiro arrependimento, que só advém
da revelação bíblica.
Arrependimento não significa “dar a volta e seguir outro
caminho”— uma mudança de direção. Essa é a palavra grega
epistrepho, muitas vezes traduzida como “convertido” ou “virar”, e é
resultado do arrependimento. Arrependimento — metanoia —
significa ter “um novo entendimento ou compreensão”— uma
mudança de mentalidade.
Nos contextos bíblicos, arrependimento é um novo entendimento
que vem de Deus por meio de uma descoberta (revelação). É o
reverter dos efeitos da Queda que vieram através de Adão. A
humanidade escolheu sua própria sabedoria, seu próprio
conhecimento do bem e do mal, certo e errado. A humanidade
agora precisa de um novo conhecimento — de Deus. Paulo disse
em Atos 26:18 que ele fora chamado “para abrir-lhes os olhos”—
iluminar, elucidar, revelar, arrepender — “e convertê-los
[epistrepho]6 das trevas para a luz” (NVI).
Informação Versus Revelação
Precisamos entender — e temo que a maioria de nós não entenda
— a diferença entre informação e revelação. A informação vem da
mente; a revelação é bíblica, contudo, envolve e afeta a mente, mas
origina-se do coração. O poder espiritual só é liberado pelo
conhecimento por revelação. A palavra escrita (graphe)7 tem de se
tornar a palavra viva (logos).8 Por isso que até mesmo os crentes
não podem apenas ler, mas devem também viver ou meditar na
Palavra, orando como o salmista: “Desvenda os meus olhos, para
que eu contemple as maravilhas da Tua lei” (Salmos 119:18). A
palavra “abre”, galah, também significa “desvendar ou descobrir”9 —
revelação.
A informação pode vir imediatamente, mas a revelação é
geralmente um processo. Como a parábola do semeador
demonstra, todas as verdades bíblicas vêm em forma de semente.
No começo de minha caminhada com o Senhor, fiquei frustrado
porque as verdades maravilhosas que havia ouvido de alguns
ilustres professores não estavam funcionando para mim. Quando
ouvi os ensinamentos, me pareceram poderosos. Deixei as reuniões
dizendo, “nunca mais serei o mesmo!”. Mas poucas semanas ou
meses depois, continuava o mesmo.
Quando fui reclamar com Deus e questionar a verdade que havia
ouvido, o Senhor me disse algumas palavras que mudaram minha
vida radicalmente: Filho, toda verdade lhe vem em forma de
semente. Talvez seja um fruto na vida da pessoa que está
partilhando-a com você, mas ainda é uma semente na sua vida. Se
essa semente dará fruto ou não, vai depender do que você fará com
ela. A semente da informação espiritual tem de crescer em uma
revelação que dá fruto.
Conhecimento ou informação apenas, que têm sido tão
glorificados pelos seres humanos e motivaram sua busca pelo
sentido da vida desde a Queda, não produzem salvação. Não levam
necessariamente a um conhecimento de Deus. Jesus disse aos
Fariseus: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida
eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5:39).
Os fariseus conheciam as Escrituras (graphe) provavelmente
melhor do que você e eu, mas não conheciam a Deus. Muitos
teólogos hoje em dia conhecem a Bíblia minuciosamente, mas não
conhecem bem a Deus. Alguns, talvez, nem mesmo o conheçam.
Não conseguiriam sentar-se quietos na Sua presença por duas
horas sem morrerem de tédio. Eles têm muita informação, mas
pouca ou nenhuma revelação. A revelação faz com que as
Escrituras tenham “espírito e vida” (João 6:63). Ela lhes dá vida.
Por que isso é importante? Porque estamos sempre dando curto-
circuito no processo de Deus e, ao fazermos isso, damos curto nos
resultados. É a revelação que leva à fé bíblica e à verdadeira
mudança. Sem ela estamos apenas apelando para a mente caída,
egoísta e humanista que sempre pergunta: “O que tenho a ganhar
com isto?” Quando apelamos para essa mentalidade a partir da
sabedoria e do intelecto humano apenas, geralmente pregamos um
evangelho humanista para as pessoas do tipo, “o que elas têm a
ganhar”, e produzimos, no máximo, convertidos humanistas e
egocêntricos.
Se, por outro lado, pregarmos um evangelho puro, incluindo
arrependimento e dar a própria vida (a soberania de Cristo), os
descrentes certamente vão rejeitá-lo, a não ser que recebam uma
revelação bíblica. Na verdade, nosso evangelho é muitas vezes
ridículo ou tolo para eles: “Ora, o homem natural não aceita as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios
2:14). A palavra “loucura” é moria, no grego, a mesma raiz da qual
se originou a palavra “idiota”.
Produzindo Verdadeiro Arrependimento
Qual é a solução? Temos de permitir ao Espírito Santo tempo para
produzir verdadeiro arrependimento por meio de uma revelação de
Deus. Isso produz cristãos centrados em Deus e não em si mesmos.
Deus bem sabe que poderíamos usar alguns desses, especialmente
nos Estados Unidos.
Há dois ou três anos, uma senhora que chamaremos de Sara, me
contou um testemunho. Tratava-se das orações que ela fazia pela
irmã e pelo cunhado. Apesar de serem de modo geral boas
pessoas, “eles eram muito anticristãos, e espiritualmente os meus
maiores perseguidores e de meu marido, e estavam sempre
zombando e caçoando de nós”.
Sara orava por eles há 20 anos, mas eles não demonstravam
interesse pelo evangelho. “Por causa de sua atitude com relação a
Deus e ao evangelho”, admite Sara, “fiquei com o coração
endurecido com relação a eles. Eu tinha um orgulho religioso contra
eles e orava com a motivação errada”.
Depois de me ouvir pregar sobre intercessão, Sara voltou a ter
esperanças e o Espírito Santo lhe fez a seguinte pergunta: Quando
é que você vai fazer isto por sua família? Ela se arrependeu de sua
atitude, endireitou seu coração e os perdoou pela sua atitude com
relação a Deus. Então começou a orar como eu havia instruído.
A necessidade de Sara se arrepender e mudar a própria atitude é
uma lição valiosa para nós. A atitude de nosso coração muitas
vezes impede Deus de responder as nossas orações. Não é irônico
e trágico que o nosso próprio pecado possa atrapalhar nossas
orações por outro pecador? Jesus disse: “Tira primeiro a trave do
teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de
teu irmão” (Mateus 7:5). Você talvez tenha de perdoar seu cônjuge,
seu filho ou seu amado antes de Deus poder usá-lo para livrar tal
pessoa.
Sara orou por várias coisas e lembrou-se de orar especificamente
“para que fosse tirado o véu que cobria seus olhos, para eles
entenderem a verdade do evangelho”. Além disso, também orou
“que viessem a Cristo juntos para não perseguirem um ao outro”.
Uns dois meses depois — lembre que antes de aplicar esses
princípios e lidar com o próprio coração, ela havia orado por 20 anos
— Sara ligou para sua irmã. Ela ouviu algo impressionante: cedo,
naquele dia, seu cunhado acordou e sentiu que deviam ir à igreja.
(Eles nunca iam à igreja.) Então eles encontraram uma pequena
igreja e quando fizeram o chamado ao altar, ambos entregaram sua
vida à Cristo. Ela então pediu perdão a Sara pela maneira como a
havia tratado — suas atitudes mudaram totalmente. Eles ainda
caminham com o Senhor. Cerca de nove meses depois, o pai de
Sara também veio a conhecer o Senhor.
Isso também vai funcionar para você!
Cego pelo Orgulho
Como é que Satanás cega a mente do descrente? O que dá lugar a
esse véu? Acredito que o Senhor me deu uma dica valiosa. A
palavra “cegou” em 2 Coríntios 4:4 é tuphloo, que significa:
“adormecer o intelecto; cegar.”10 O radical é tupho, que tem o
sentido de fazer fumaça,11 e cegueira nessa passagem é como uma
cortina de fumaça que anuvia ou escurece o ar de tal maneira, que
não permite a pessoa ver nada. Isso faz sentido para mim, mas não
parecia responder totalmente à pergunta de como ele fazia isso.
Então fiz uma descoberta fascinante.
Esse é o mesmo radical (tuphoo) usado para arrogante, orgulhoso
ou inflado com relação ao pensamento de uma pessoa sobre si
mesma.12 A imagem é de alguém “cheio de si”. Quando vi a
conexão entre as palavras “cegueira” e “orgulho”, descobri um
grande elo. Percebi imediatamente que é o pecado do orgulho, que
Lúcifer passou para a humanidade no Jardim, que Satanás usa para
cegar as pessoas. Percebi que a maior parte da rejeição a Cristo,
quer pela motivação das obras, que faz parte da maioria das falsas
religiões, quer pelo simples fato de a maioria das pessoas
simplesmente não darem o domínio de sua vida a outro, é por
orgulho. É o maior inimigo de Cristo e será finalmente derrotado
quando cada joelho se dobrar e cada língua confessar que Cristo é
o Senhor. O orgulho receberá o golpe fatal!
O capitão de um navio em uma noite escura viu uma pequena luz
a distância. Ele mandou seu sinaleiro enviar a mensagem: “Mude
seu curso em dez graus para o sul.”
Imediatamente recebeu a resposta: “Mude seu curso dez graus
para o norte.”
O orgulhoso capitão ficou bravo por ter sido desafiado, de modo
que enviou mais uma mensagem: “Mude seu curso dez graus para o
sul. Aqui é o capitão falando!”
Recebeu a resposta: “Mude seu curso dez graus para o norte. Sou
Jones, marinheiro de terceira classe.”
O capitão, achando que ia aterrorizar aquele marinheiro
insubordinado, enviou uma terceira mensagem: “Mude seu curso
dez graus para o sul. Estou em um navio de guerra.”
A resposta final veio: “Mude seu curso dez graus para o norte.
Estou no farol.”13
O Fator do Orgulho Masculino
Deus é a luz do mundo, sempre tentando fazer com que a
humanidade que caiu de Sua graça altere o seu curso. Os humanos
arrogantes, que escolheram ser os capitães de sua própria vida,
geralmente são responsáveis pela própria destruição.
O orgulho é um fator que também responde a minha pergunta: por
que, não importa a que parte do mundo eu vá, encontro mais
mulheres salvas do que homens? Sei que não poderia ser por elas
serem mais inteligentes! A razão é que essa raiz de orgulho é mais
forte nos homens do que nas mulheres — pelo menos na maioria
dos homens. Alguns de nós, que pertencemos à classe dos hiper-
humildes, não temos mais problema com isso.
Os homens são mais orgulhosos porque o que era mais forte em
nós em uma forma pura antes da Queda tornou-se mais forte de
uma maneira pervertida depois da Queda. A motivação que, em seu
cumprimento máximo, levava o homem a cobrir, alimentar, proteger
e cuidar — algo que faz parte da natureza de um servo — virou ao
avesso na Queda.
O desejo de liderar tornou-se o desejo de dominar ou de ser
senhor sobre outro, e uma natureza doadora se transformou em
uma natureza recebedora, e uma humildade segura tornou-se um
orgulho inseguro. Para entender como nós, homens, devemos cobrir
e guiar, basta olharmos para Jesus, que guiou e andou com
autoridade e poder impressionantes, porém com uma disposição
pura de servir.
Conselheiros dão conselhos a uma quantidade bem maior de
mulheres do que de homens, porque é muito difícil para um homem
dizer que precisa de ajuda. As mulheres geralmente são as
primeiras a dizer: “Sinto muito” ou “Eu estava errada.” Os homens
são geralmente competitivos. As mulheres são mais doadoras e
altruístas. Por que isso? Por causa do orgulho masculino.
Orar pelos Perdidos
Entender como o orgulho pode cegar as pessoas é uma dica
tremenda para sabermos como orar pelos perdidos. É mencionado
mais uma vez, juntamente com outras dicas importantes, em 2
Coríntios 10:3-5:

Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne.


Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em
Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo
pensamento à obediência de Cristo.

A maioria dos cristãos tem interpretado esses versículos,


especialmente o quinto, como algo que deve fazer por si mesmo.
Apesar de eu não achar que há nenhum problema em fazermos isso
por nós mesmos, o contexto é certamente de guerra espiritual pelos
outros. A Bíblia Viva deixa isso bem claro. Ao ler esse versículo
parafraseado pela Bíblia Viva, note também as referências e as
inferências à raiz do orgulho que vimos em 2 Coríntios 4:4.

É verdade que eu sou um ser humano comum e fraco, porém não


emprego planos e métodos humanos para ganhar minhas batalhas. Uso
poderosas armas de Deus — e não as que são feitas por homens —
para derrubar as fortalezas do diabo. Estas armas podem derrubar todo
argumento arrogante contra Deus e toda muralha que possa ser erguida
para impedir os homens de encontrá-lo. Com estas armas posso
capturar rebeldes e levá-los de volta a Deus, e transformá-los em
homens cujo desejo do coração seja a obediência a Cristo.

Ao observarmos esses versículos mais de perto, vemos que o


Senhor nos dá não só a solução para o problema com o orgulho,
mas também identifica e oferece o remédio de Deus para outros
aspectos dessas fortalezas. Essa passagem é tanto fascinante
como elucidativa.
Note primeiro que Deus nos diz o que deveria ser óbvio: nossas
armas de guerra não são carnais. Isso significa simplesmente que
não são humanas. Deus sabe que nós muitas vezes não vemos o
óbvio, portanto o diz claramente. Nunca conseguiremos ganhar as
pessoas pelo intelecto, nem apenas com técnicas ou métodos
inovadores. Certamente não as conquistaremos pela insistência,
colocando bilhetinhos em seus sanduíches ou as repreendendo com
declarações do tipo: “Quando é que você vai se endireitar com
Deus?”
Quando abordamos as pessoas em termos humanos,
especialmente se sentirem que as estamos pressionando,
geralmente só pioramos as coisas. Isso porque a raiz do orgulho
aparece e elas se defendem, dizendo: Não quero ninguém me
controlando ou me dizendo o que devo fazer. Se atacarmos o
orgulho em nível humano, só vamos fortalecê-lo.
Os Santos Detonadores de Deus
Por outro lado, temos armas “poderosas em Deus” para derrubar
fortalezas, se ao menos entendêssemos isso. Deus diz: “Em vez de
usar as suas armas, vou lhe deixar usar as minhas. As suas não vão
funcionar, as minhas sim.” A palavra “poderosa” é dunatos,14 e, na
verdade, é uma das palavras do Novo Testamento para milagre.
Essas armas revestidas por Deus de poder vão operar milagres. E
essa palavra também é traduzida por “possível”. Gosto disso. Você
tem alguém que lhe parece impossível? Vai requerer um milagre?
Com esse poder, será possível. Essa também é a palavra grega da
qual procede a palavra “dinamite”. É coisa explosiva!
Essa dinamite é capaz de “destruir fortalezas” ou, como diz a
versão Almeida Atualizada, “demolir fortalezas”. “Destruir” e
“demolir” são a tradução da palavra kathairesis. Essa palavra
importante e poderosa tem uns dois sentidos pertinentes. Um deles
é “derrubar com violência ou demolir” algo.15 Com essa dinamite
poderosa e que opera milagres por trás de nossas armas, podemos
nos tornar agentes de demolição violentos para acabar com as
fortalezas, o poderio de Satanás.
Lembro-me de quando era pequeno observar a destruição de uma
escola antiga feita de tijolinhos. Fiquei fascinado ao ver aquela
enorme bola de concreto sendo jogada de um lado para o outro por
um caminhão guindaste gigantesco, de tempos em tempos, contra o
prédio, destruindo paredes e tetos, causando uma incrível
destruição. Acho que isso pode ser, em certo sentido, uma imagem
viável de nossa guerra ao passo que nós sistematicamente — com
um golpe divino de cada vez — causamos destruição às fortalezas
das trevas. Costuma, verdadeiramente, funcionar assim, uma guerra
sistemática, constante, um golpe de cada vez, contra a fortaleza de
Satanás.
Contudo, vi outro prédio enorme em Dallas, no Texas, sendo
demolido há vários anos. Era muito maior do que a escola que havia
visto quando criança. Abrangia praticamente uma quadra inteira da
cidade, ou pelo menos assim me pareceu. A equipe de demolição
não usou uma bola em um guindaste nesse caso. E não levou dias
para derrubar a coisa toda — apenas segundos. Eles usaram
dinamite, estrategicamente colocada por peritos para demolir aquela
estrutura maciça em menos de dez segundos.
Gosto de pensar que isso, de certa maneira, também pode ser um
quadro de nossa intercessão. Diferentemente do caso desse prédio
que mencionei, de modo geral, não vemos as respostas às nossas
orações em questão de segundos — podemos levar até dias,
semanas ou meses colocando a dinamite do Espírito em lugares
estratégicos. Mas cada vez que pegamos nas nossas armas
espirituais e as usamos contra as fortalezas do inimigo, estamos
colocando nossa carga de explosivo em um lugar estratégico. E,
mais cedo ou mais tarde, o Santo Detonador do céu vai dizer,
“Chega!” E haverá uma explosão daquelas no espírito, uma
fortaleza vai cair por terra, e a pessoa vai cair de joelhos.
A Paga de Mary
Eva Popham, de Ohio, me contou o seguinte testemunho. Disse que
foi exatamente isto que aconteceu com uma senhora sobre quem
ela estava ministrando:

A primeira vez que Sandra Sims e eu vimos Mary na casa de idosos, ela
estava possuída por um demônio. Sempre que passávamos pelo
corredor em direção a ela, Mary começava a tremer e fazer barulhos
violentos e dizer coisas como, “Eu sei quem vocês são. Sei quem
representam. Não quero vocês aqui”. Falava um monte de palavras
profanas e nojentas, realmente terríveis.
Todos naquele lar tinham medo de Mary. Ninguém, nem mesmo os
auxiliares de limpeza, entrava no quarto dela sozinho, e ninguém queria
cuidar dela por causa de sua natureza violenta. Ela, portanto, não era
muito bem cuidada. Quando era estritamente preciso entrar em seu
quarto, vários funcionários iam juntos. Mary não permitia que ninguém a
tocasse nem se aproximasse dela.
Oramos e jejuamos por Mary consistente e regularmente. Só depois de
uns dois meses Mary nos permitiu entrar em seu quarto. Oramos para
que Deus removesse todos os calos e dores de seu coração [logismos]
para que os demônios não tivessem mais nada a que se agarrar.
Deus nos mostrou que Mary tinha sofrido abuso quando criança.
Amarrávamos Satanás para que não exercesse nenhum poder sobre
Mary e declarávamos que ele não podia falar com ela [noema]. Pedimos
um cerco de proteção que a envolvesse e que Deus lhe desse também
sonhos e visões para que anjos pudessem ministrar a ela. Amarramos
as forças do mal que já estavam nela para que não pudessem mais
operar.
Depois que conseguimos entrar em seu quarto, continuamos orando e
jejuando por ela por aproximadamente uns oito meses. Nessa época dei
um testemunho na nossa igreja, Love and Faith Christian Fellowship, em
Cincinnati, Ohio, de como nos aproximamos de Mary. Pedi a todos para
orarem por ela. Nós nos unimos em oração por Mary naquele culto, e
muitos continuaram a orar por ela. O Pastor Mike Murray recebeu uma
foto dela para poder orar. Continuamos orando para que a perfeita
vontade de Deus fosse feita na vida de Mary. Amarramos Satanás e
oramos para que todas as portas dele fossem fechadas em sua vida.
Sandra e eu cuidamos das feridas de Mary e ela eventualmente deixou
de lado sua raiva por um ato de fé [outro logismos]. Ela quis ter uma
mudança em sua vida. Não havia mais nada nela em que o inimigo
pudesse se agarrar.
Umas duas semanas depois, Mary entregou sua vida ao Senhor! Hoje
ela é outra pessoa: permite que as pessoas a amem e a toquem; sua
voz tornou-se cada vez mais doce e gentil; há uma diferença marcante
até mesmo nas suas fotos. É como se a verdadeira Mary finalmente
tivesse aparecido. Ela agora mostra a presença de Deus.
A enfermeira-chefe do lar de idosos chamou Sandra e eu em seu
escritório e nos deu um presente em agradecimento a tudo o que
tínhamos feito por Mary. Ela nos disse que os funcionários andavam
perguntando o que havíamos feito, visto que ela estava tão diferente!
Como ela já não é mais violenta, os funcionários não têm mais medo
dela, de modo que começaram a cuidar dela devidamente.

Aleluia! Isso é paga! Isso é demolição!


Vou explicar as palavras que apareceram em itálico no testemunho
logismos e noema à medida que progredirmos — elas são
componentes específicos das fortalezas. Mas antes… juntamente
com a demolição, há outro sentido interessante de kathairesis. Foi
usado figurativamente como “afastado do cargo”.16 Uau! Não é isso
o que buscamos? Um novo Senhorio... Outro governante. As nossas
armas, investidas da autoridade de Deus, podem reforçar a quebra
da autoridade da serpente. Jesus a quebrou legalmente; vemos o
cumprimento disso literalmente através de nossas orações. Aleluia!
A Fortaleza, A Prisão de Satanás
Mas o que essa palavra “fortaleza” que usamos de maneira tão
difusa no Corpo de Cristo significa na verdade? A palavra
ochuroma, que vem da raiz echo, significa “ter ou possuir”.17 Essa
palavra traduzida como “fortaleza” ou “fortificação” é no sentido
literal um lugar no qual há um forte, um castelo ou prisão.
Já vi fotos de trincheiras feitas em tempos de guerra nas quais os
pelotões mantinham sua posição. Isso é uma fortificação. Por outro
lado, visitei um castelo enorme no alto de uma montanha em
Salzburg, na Áustria, vários anos atrás. Daquele forte
aparentemente impenetrável na colina, alguém havia governado
todo o território. Aquilo sim é uma fortaleza!
Em essência, isso quer dizer que Satanás tem um lugar fortificado
nos descrentes a partir do qual ele os controla com força. Eles são
prisioneiros, cativos, escravos. Cristo foi enviado “para proclamar
libertação aos cativos” (Lucas 4:18). Posso lhe garantir, porém, que
Ele agora faz Sua proclamação pela boca da Igreja!
Agora chegamos ao final do versículo quatro e ao versículo cinco
de 2 Coríntios 10, um versículo extremamente importante. Leiamos
novamente: “[Estamos] anulando nós sofismas e toda altivez que se
levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo
pensamento à obediência de Cristo.” É importante sabermos que
“anular” e “destruir” nesses versículos são a mesma palavra.
Infelizmente, as palavras “destruir” e “anular” são usadas como se
fossem duas palavras diferentes. Mas é necessário sabermos que
são traduções da mesma palavra para entendermos que o Espírito
Santo está na mesma linha de pensamento. O versículo quatro diz
que nossas armas divinamente poderosas podem destruir as
fortalezas e segue, no versículo cinco, elaborando um pouco mais
do que seriam essas fortalezas que vamos destruir. Em outras
palavras, Ele nos descreve exatamente o que são essas fortalezas
ou prisões! É uma informação crucial quando começamos a lutar
pelos perdidos.
Ele nos dá especificamente três componentes dessa fortaleza.
São coisas que vamos começar a anular e destruir ao guerrearmos
pelas pessoas com as nossas armas poderosas em Deus. Acredito
que podemos fazer isso por grupos de pessoas também, mas o
contexto aqui parece indicar que está falando principalmente de
indivíduos.

Mentalidades
O primeiro aspecto da fortaleza que Ele menciona é “sofismas” —
logismos. Essa palavra expressa não os pensamentos individuais
das pessoas, mas sim o raciocínio ou a lógica humana.18 Nossa
palavra “lógica”, na verdade, é derivada dessa palavra grega.
Logismos é a soma da sabedoria acumulada e da informação
aprendida com o tempo. Torna-se aquilo no qual todos realmente
acreditam — a mentalidade da pessoa. Moffatt chama de “teorias”.
A humanidade, antes da Queda, adquiria sua sabedoria e sua lógica
— suas crenças — de Deus. Agora, Tiago 3:15 nos diz que elas são
terrenas, animais ou do intelecto, e demoníacas.
Esses logismos poderiam incluir as filosofias (quer identificadas
formalmente como tais, quer filosofias pessoais de vida), religiões,
humanismo, Ateísmo, Hinduísmo, Budismo, Islamismo, racismo,
intelectualismo, Judaísmo, materialismo, raízes de rejeição,
perversões — qualquer coisa que faça alguém pensar de
determinada maneira.
Como é que esses logismos cegam as pessoas? Como podem
encobrir a verdade? De que maneira as faculdades da mente
humana ditam essa cegueira quando a pessoa ouve o evangelho,
antes sequer de ter tido tempo para pensar ou ponderar nele? Ele é
filtrado pelo subconsciente onde todas as outras informações —
inclusive esses logismos — se encontram. Ou seja, os descrentes
não ouvem o que estamos dizendo, mas sim o que dizemos somado
ao que já acreditam.
Por exemplo, eu estava falando do evangelho com uma garota que
já sofreu terríveis abusos. “Deus é amor”, eu disse. “Ele a ama
tanto, que enviou o Seu Filho para morrer por você.”
Ela não ouviu apenas o que eu disse. Ela também ouviu em sua
mente — sei disso porque ela me disse: “Ah é? Se ele me ama, por
que permitiu que eu sofresse? Não soa muito como a atitude de um
Deus de amor.” Isso é um logismos — uma descrença, uma filosofia;
sua sabedoria, sua lógica. Alguém vai ter de interceder por ela e
ajudá-la a derrubar isso.
Em outra ocasião eu estava falando do evangelho com alguém
que tinha um logismos que chamarei de “eu-sou-bom-e-só-faço-o-
bem”. Ele era simplesmente um cara bom demais para sequer
pensar que precisava ser salvo. “Eu sou um pessoa muito boa”,
disse. “Não traio a minha mulher, nem bato nas crianças, não minto,
não falo palavrão nem roubo ninguém. Não acho que Deus me
mandaria para o inferno.”
Como é que o evangelho pode desarmar esses argumentos?
Certamente que a verdade do evangelho em si tem poder para
derrubar tudo isso quando ungida pelo Espírito Santo. Mas
geralmente leva um bom tempo — se você conseguir fazer com que
a pessoa o escute. É muito mais sábio arar o terreno de antemão,
preparando-o para receber a semente destruindo essas fortalezas.
Você talvez já saiba quais são os logismos da pessoa por quem
está orando. Se não souber, peça para o Espírito Santo lhe revelar e
Ele o fará. E quando Ele fizer isso, repreenda-os pelo nome, citando
2 Coríntios 10:3-5. Diga: “No nome do Senhor Jesus Cristo estou
destruindo você, fortaleza de...” Faça isso todos os dias até a
pessoa entregar sua vida a Cristo.

Todo o Orgulho que se Levanta


A segunda parte da fortaleza que devemos derrubar é “toda a altivez
que se levante contra o conhecimento de Deus” (v. 5, grifo do autor).
Gosto de usar a KJV (versão King James da Bíblia) porque usa
“high thing” [coisa altiva em tradução livre, altivez na nossa versão
Almeida Revista e Atualizada] para traduzir a palavra grega
hupsoma, que, aliás, vem da mesma raiz para Most High (o
Altíssimo) de Deus. Na verdade, significa “qualquer lugar ou coisa
elevado”.19 Está se referindo à mesma raiz de orgulho que
descobrimos escondida em “cegar” em 2 Coríntios 4:3,4. É essa
noção de “altíssimo” que veio à humanidade na Queda, quando
Adão e Eva engoliram a mentira de que “sereis como Deus” (ver
Gênesis 3:5, ACF).
A humanidade, assim como Satanás, tentou se exaltar de modo a
se igualar com o Altíssimo. Nós não nos tornamos o Altíssimo; nós o
somos apenas para nós mesmos, um altíssimo cheio de orgulho.
Um dos principais dicionários define hupsoma como “todo orgulho
exaltado”.20 A palavra então compreende todas as mentalidades
que exaltam a nós mesmos contra o conhecimento de Deus.
A boa notícia é que podemos derrubar esse domínio sobre as
pessoas em uma guerra espiritual, para que possam ser humildes e
se curvem diante de Cristo. Veja este versículo inteiro da Bíblia Viva:

Essas armas podem derrubar todo argumento arrogante contra Deus e


toda muralha que possa ser erguida para impedir os homens de
encontrá-lo. Com estas armas posso capturar rebeldes e levá-los de
volta a Deus, e transformá-los em homens cujo desejo do coração seja a
obediência a Cristo (grifos do autor).

Gosto de todos esses “possos” e “todos” no versículo. O Senhor


não nos deseja sorte nem nos diz que vamos vencer de vez em
quando. Ele nos informa que podemos derrubar todo argumento
arrogante e todos os muros; podemos capturar os rebeldes! E é o
que devemos fazer!

Pensamentos e Tentações
Levando em consideração o terceiro aspecto das fortalezas, o
Senhor pode “capturar rebeldes e transformá-los em homens cujo
desejo do coração seja a obediência a Cristo”. A palavra
“argumento” é noema, que também significa planos, desígnios, ardis
e trama. Refere-se aos pensamentos espontâneos e às tentações
que Satanás usa para atacar os descrentes, como também às
tramas e aos planos que usa para mantê-los na escuridão. Na
intercessão, devemos declarar com ousadia que nenhuma arma de
Satanás prosperará. Temos de amarrar os seus planos e enfrentá-
los por meio da oração. Podemos e devemos orar para que o
descrente seja protegido dos pensamentos e das tentações de
Satanás.
Marlena O’Hern, de Maple Valley, Washington, orava pela salvação
de seu irmão Kevin há aproximadamente 12 anos, sem resultados
aparentes. Ela orava basicamente: “Senhor, entre em sua vida”, ou
“Senhor, revele-se a ele”. Como muitos de nós, ela não percebia
que havia maneiras mais específicas de orar e que elas estavam
descritas na Bíblia.
Além disso, assim como nós, ela também ficava às vezes frustrada
e tentava fazer as coisas do seu jeito, dizendo coisas como, “você
simplesmente precisa entregar sua vida para o Senhor” ou “você
tem de parar de fazer essas coisas”. É de se esperar que isso só
fizesse com que ela testemunhasse ainda mais orgulho e rebelião
em Kevin e, na verdade, só piorava ainda mais as coisas. “Eu então
sentia que realmente tinha feito uma besteira”, disse.
“Kevin estava indo de mal a pior. Ele tinha problemas graves,
inclusive usava drogas, tinha depressão e uma ira extrema”,
Marlena relatou.
No começo de 1995, ela participou de uma aula minha na qual
ensinei esses princípios com relação a orar pelos perdidos. Marlena
contou o que ouviu ao seu marido Patrick e aos filhos. Eles então
começaram a orar pelo Kevin usando esses princípios. Oraram
especificamente o seguinte (todas as ressalvas entre parênteses
são minhas):

Que Deus tirasse o véu que o encobria (revelação e


elucidação).
Que o Espírito Santo pairasse sobre ele e o protegesse.
Que houvesse pessoas de Deus no caminho dele cada dia.
Para derrubar qualquer coisa que se exaltasse contra o
conhecimento de Deus, especificamente orgulho e rebelião.
(Isso incluía o aspecto hupsoma do domínio.)
Para derrubar todas as fortalezas de que tinham conhecimento
— mentalidades, opiniões sobre religião, materialismo, medo.
(Essa é a dimensão logismos do domínio.)
Para amarrar Satanás para que não levasse Kevin cativo; para
amarrar quaisquer pensamentos e mentiras que Satanás
tentasse colocar na cabeça de Kevin. (Esse seria o aspecto
noema da fortaleza.)
Que ele fosse revestido da armadura de Deus.

Depois de duas semanas orando assim, Kevin teve uma overdose,


e naquele momento de necessidade, clamou a Deus. “O Senhor o
ajudou de uma maneira poderosa. O véu foi definitivamente retirado
e ele teve uma revelação de Deus. Ele agora entende a palavra e
responde a ela. A confusão passou! Kevin se afastou de seu antigo
mundo e de seus amigos. Ele agora segue a Deus e tem amizades
cristãs. Seu foco é agradar a Deus e conhecê-lo cada vez mais. Ele
está inclusive considerando servir ao Senhor em missões”.
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no
maligno” (1 João 5:19). Contudo, nos foi dada autoridade! Podemos
“converter [os descrentes] das trevas para a luz e da potestade de
Satanás para Deus” (Atos 26:18). Somos chamados para levarmos
e efetivarmos a liberdade que Cristo nos granjeou.
O descrente não pode lutar por si mesmo. Ele não pode e não vai
superar os domínios das trevas, e não vai entender o evangelho até
que o véu seja levantado. Temos de tomar nossas armas
divinamente dinâmicas e lutar. Os poderes das trevas vão resistir,
mas “não os temais, lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e
pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa
mulher e vossa casa” (Neemias 4:14).
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

O que significa a palavra “véu” em 2 Coríntios 4:3? Como se


aplica aos não salvos? Pode explicar como isso está
relacionado à revelação bíblica?
O que significa quando se diz que Satanás “cega” as mentes
dos descrentes? Qual é a ligação disso com a Queda da
humanidade? Isso é significativo no que diz respeito à diferença
entre homens e mulheres?
Explique o significado de “elucidar”. Consegue descrever a
analogia disso e da fotografia?
Qual é o verdadeiro significado de arrependimento? Como está
relacionado à revelação bíblica?
Defina fortaleza. Agora descreva os três aspectos da fortaleza
nos descrentes e como a intercessão pode ser aplicada em
cada um.
Você vai usar isso com quem? Vai funcionar para a pessoa?
Aleluia!
Capítulo Onze

O Relâmpago de Deus

ATINGINDO O ALVO

Esta foi a coisa mais legal que descobri desde o beisebol. Estava no
quinto ano e era um pouco genioso, mas não mau. Estava naquele
estágio da vida “não aguento tomar banho”, “todas as garotas têm
piolho”. Havia acabado de conseguir minha primeira lente de
aumento.
Não lembro bem como descobri que, se eu segurasse a lente a
certa distância e ângulo, conseguia fazer com que o sol queimasse
um pedaço de papel. Não fiz nada extremamente ruim, como na vez
que quase queimei a sala de ciências na exibição do meu vulcão.
Nunca entendi por que aquela professora me deu um C, só porque
eu tive de sair correndo com o meu vulcão e jogá-lo pela janela. Ele
parecia bem real para mim. Nem daquela vez que queimei os
armários da cozinha porque esqueci o óleo no qual tinha feito umas
batatas fritas. Não ganhei nota por essa façanha, apesar da reação
de minha mãe ter sido muito educativa.
Não foi nada como esses outros incidentes. Havia acabado de
queimar um pedaço de papel no pátio, quando me ocorreu uma
brilhante ideia, que deve ter vindo da minha psique de Adão caído.
Chamei os meus colegas lhes dizendo que tinha algo muito legal
para mostrar. Voltei-me para Duncan, um dos piores caras da turma,
e lhe disse na minha melhor voz: “Você é o sortudo. Duncan, me dê
sua mão, quero lhe mostrar uma coisa.”
Duncan não ficou ali com a mão estendida por muito tempo. Logo
partiu para cima de mim e corremos por todo o pátio! Tem gente que
não leva nada na brincadeira.
Existe alguma relação com a intercessão escondida nessa
história? Sim. Uma das maneiras que paga é traduzida é “dardeja
contra o adversário”. A referência é Jó 36:32: “Enche as mãos de
relâmpagos e os dardeja contra o adversário” (grifos do autor).
Quando Deus libera Sua luz, fazendo com que irradie da Sua
presença como um relâmpago, o atingir o alvo é como a
intercessão.
Apesar da palavra paga não ser usada, Habacuque 3:4 também
fala de luz, raios que brilham da mão de Deus: “O Seu resplendor é
como a luz, raios brilham da Sua mão; e ali está velado o Seu
poder.” A tradução da Amplified Bible também é muito descritiva: “E
Seu resplendor era como a luz do sol; raios brilhavam de Sua mão,
e lá [no resplendor da luz do sol] há o esconderijo de Seu poder”
[tradução livre].
Somos, de certa maneira, como lentes de aumento — não, não
acrescentamos nem aumentamos o poder de Deus, mas permitimos
que o “Filho” brilhe através de nós, direcionando Sua luz às
situações que Ele deseja alcançar, para que possamos “dardejar” o
alvo.
Você já viu uma árvore atingida por um raio? Se viu, saiba que
essa é uma figura de intercessão. Eu oro muito nos campos perto
de onde moro. Às vezes passo por árvores atingidas por raios. O
relâmpago é tão quente que literalmente muda a estrutura molecular
da árvore e retorce o tronco até ele parecer listras em um doce de
bengala. A temperatura de um raio ou relâmpago pode chegar a
trinta mil graus Celsius, é mais quente do que a superfície do sol.
Isso sim é quente! E Deus usa isso para retratar os Seus
julgamentos!
Se a minha teologia estiver certa, o Criador deve ser maior do que
a criação. Ou seja, o poder ou a energia de Deus é maior do que o
de um relâmpago. Não admira que as Escrituras digam: “Como se
dissipa a fumaça [...] assim à presença de Deus perecem os iníquos
[...] Derretem-se como cera os montes, na presença do Senhor [...]
Ele faz ouvir a Sua voz, e a terra se dissolve” (Salmos 68:2; 97:5;
46:6).
“Porque o nosso Deus é fogo consumidor!” (Hebreus 12:29).
Para explicar este capítulo adequadamente, preciso primeiro
construir um bom alicerce. Portanto, veremos algumas passagens
bíblicas que associam Deus à luz ou ao relâmpago. Um dos
propósitos de lermos tantos versículos é demonstrar a consistência
e a prevalência desse tema na Bíblia. Espero que não fique
entediado ao ler a Bíblia. Se você fica, provavelmente deveria pular
este capítulo. Ou melhor, se arrepender disso e seguir com a leitura!
DEUS É LUZ
Os seguintes versículos associam Deus à luz ou aos raios e
relâmpagos, e poderíamos citar também vários outros. Enfatizei
algumas palavras ou frases colocando-as em itálico para chamar
sua atenção para o tema da luz:

Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é


esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma (1 João 1:5).

Ele é a única expressão da glória de Deus [o ser de Luz, o resplendor ou


radiância do divino], e a expressão exata e a própria imagem de Sua
natureza [de Deus], sustentando, mantendo, guiando e propelindo o
universo pela Sua portentosa palavra de poder. Depois de ter realizado a
purificação dos pecados entregando-se a Si mesmo, Ele Se assentou à
direita da Majestade divina nas Alturas (Hebreus 1:3, AMP, em tradução
livre).

O único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem


homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A Ele honra e poder
eterno. Amém (1 Timóteo 6:16; ver também Tiago 1:17; Êxodos 19:16;
Ezequiel 1:14; Apocalipse 4:5).

Às vezes Sua luz, ou a irradiação dela, é associada à Sua glória.


Os seguintes versículos são exemplos disso:

E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor


brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor (Lucas 2:9).

E aconteceu que, enquanto Ele orava, a aparência de Seu rosto se


transfigurou e Suas vestes resplandeceram de brancura. […] Pedro e
seus companheiros achavam-se premidos de sono; mas conservando-
se acordados, viram a Sua glória e os dois varões que com Ele estavam
(Lucas 9:29;32. Lemos à margem da versão em língua inglesa New
American Standard Bible que a palavra “resplandecer” significa
literalmente “brilhar em um flash como um relâmpago”. O Novo
Testamento de Wuest também traduz dessa maneira. Não admira que
Pedro quisesse edificar tabernáculos ali!).
A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade,
pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada
(Apocalipse 21:23; ver também 2 Coríntios 3:7).

Às vezes essa luz, ou raio, relâmpago ou glória de Deus é liberada


da Sua boca e muitas vezes chamada de espada. Os primeiros
quatro versículos chamam as palavras ou boca de Deus de Sua
espada. Os demais versículos fazem a conexão com luz ou
relâmpago:

Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a


palavra de Deus (Efésios 6:17).

Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles


pelejarei com a espada da Minha boca (Apocalipse 2:16).

Sai da Sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e Ele
mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do
vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso (Apocalipse 19:15; ver
também Hebreus 4:12.)

A voz do Senhor corta os céus com raios flamejantes (Salmos 29:7,


NVI).

Filho do homem, profetiza e dize: “Assim diz o Senhor: ‘A espada, a


espada está afiada e polida; afiada para matança, polida para reluzir
como relâmpago!’” [...] Faço reluzir a espada. Ah! Ela foi feita para ser
relâmpago e está afiada para matar [...] E tu, ó filho do homem, profetiza
e dize: “Assim diz o Senhor Deus acerca dos filhos de Amom e acerca
dos seus insultos; dize, pois: ‘A espada, a espada está desembainhada,
polida para a matança, para consumir, para reluzir como relâmpago’”
(Ezequiel 21:9,10;15;28).

Se Eu afiar a Minha espada reluzente como um relâmpago e a Minha


mão exercitar o juízo, tomarei vingança contra os Meus adversários e
recompensarei aos que Me odeiam (Deuteronômio 32:41, AMP, em
tradução livre; ver também Salmos 18:13,14; Oséias 6:5, NVI. Os filmes
às vezes podem apresentar paralelos interessantes às Escrituras. Luke
Skywalker, de Guerra nas Estrelas não é o único que vence o mal com
uma espada de luz. Deus tem a verdadeira espada de luz!)
Até aqui, temos Deus associado à luz ou ao relâmpago, que às
vezes resplandece como a Sua glória. Às vezes também sai da Sua
boca e torna-se uma arma poderosa. Os seguintes versículos falam
da luz de Deus no contexto em que Ele está lidando com Seus
inimigos:

Adiante dele vai um fogo que lhe consome os inimigos em redor. Os


Seus relâmpagos alumiam o mundo; a terra os vê e estremece (Salmos
97:3,4).

E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou a terra.


E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto (Apocalipse 8:5).

E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande


terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal
foi o terremoto, forte e grande (Apocalipse 16:18; ver também Salmos
78:48; Apocalipse 11:19).

Estes últimos versículos associam a liberação dos


raios/relâmpagos de Deus ao contexto de livramento de Seu povo:

Despediu as Suas setas e espalhou os meus inimigos, multiplicou os


Seus raios e os desbaratou (Salmos 18:14).

Grossas nuvens se desfizeram em água; houve trovões nos espaços;


também as Suas setas cruzaram de uma parte para outra. O ribombar
do teu trovão ecoou na redondeza; os relâmpagos alumiaram o mundo;
a terra se abalou e tremeu (Salmos 77:17,18).

Despede relâmpagos e dispersa os meus inimigos; arremessa as Tuas


flechas e desbarata-os (Salmos 144:6; ver também Salmos 27:1).

De acordo com todas essas passagens bíblicas fascinantes, Deus


é luz e às vezes essa luz ou glória irradia dele como relâmpagos. A
Bíblia muitas vezes diz que, para lidar com Seus inimigos — quer
por Si mesmo quer pelo Seu povo — Deus simplesmente libera
essa glória ou luz em uma situação. Ela brilha como um relâmpago
e paga acontece! O poder de Deus “atinge o alvo”.
Isso aconteceu certa vez há milhares de anos quando houve uma
tentativa de golpe no céu. Lúcifer, inchado de orgulho, resolveu que
ia se promover à posição de Deus. “Não acredito!”, como muitas
crianças diriam.
Má ideia, Satanás.
Essa guerra não durou muito — praticamente apenas o tempo de
um relâmpago e sua luz radiante cruzar o céu. Jesus disse assim
em Lucas 10:18-20 (parafraseado por mim): “Não fiquem todos
entusiasmados, pessoal, só porque os demônios se submetem a
vocês em Meu nome. Isso não é nada demais. Vi Satanás caindo do
céu. Não demorou muito — como um relâmpago, ele desapareceu.
Fiquem entusiasmados por terem um relacionamento com Deus.”
A LUZ SUPERA AS TREVAS
Não sabemos se um relâmpago literalmente apareceu quando
Satanás foi expulso, mas, por algum motivo, Jesus usou essa
imagem. Ele disse “como um relâmpago” (v. 18). Acredito que
realmente houve um. Mas, na verdade, não importa. Quer tenha
literalmente acontecido o brilho intenso de um relâmpago quer não,
a analogia é certamente da luz vencendo as trevas.
Na verdade, não acho que necessariamente as referências antes
mencionadas relacionam-se literalmente a raios ou relâmpagos que
vemos com nossos olhos naturais. Às vezes certamente que sim,
como quando as roupas de Cristo estavam brilhando e irradiando na
Sua transfiguração, ou quando Sua glória iluminou a sala do trono
nos céus.
O ponto, porém, não é poderem ser vistos com os olhos humanos,
mas sim o que acontece no plano espiritual: a luz vence as trevas. E
a luz é mais do que uma representação simbólica de Deus ou de
Sua pureza; ela representa Seu poder e Sua energia. Portanto, quer
o relâmpago seja literal quer simbólico, os resultados são os
mesmos: o poder de Deus vence o reino das trevas.
Essa analogia das trevas e da luz aparece em toda a Bíblia. Outro
exemplo poderoso da luz de Deus que prevalece contra as trevas de
Satanás é na Cruz. João 1:4,5 diz: “Nele estava a vida, e esta era a
luz dos homens. A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a
compreenderam” (NVI).
A palavra “compreenderam” é a palavra grega katalambano, que
pode significar ou “compreender” ou “apreender”.1 Muitos
estudiosos acreditam que deveria ser usada essa última palavra na
tradução dessa passagem porque os poderes das trevas não
estavam tentando compreender ou entender Cristo. Estavam
tentando apreendê-lo ou suplantá-lo, mais como um policial que
apreende um criminoso. Faz muito mais sentido para mim.
O Novo Testamento de Wuest traduz o versículo 5 da seguinte
maneira: “E a luz nas trevas está brilhando constantemente. E as
trevas não a suplantaram.” A tradução da Bíblia de Moffatt diz da
seguinte maneira: “Em meio às trevas brilhou a luz, mas as trevas
não a controlaram.” A Cruz foi uma guerra — luz vencendo as
trevas. Deus levantou-se e Seus inimigos foram espalhados.
Bob Woods, na revista Pulpit Digest, conta a história de um casal
que levou seu filho de 11 anos de idade, e sua filha, de 7, para o
Parque Nacional das Cavernas de Carlsbad. Como sempre
acontece, quando nosso tour chegou ao ponto mais profundo da
caverna, o guia desligou as luzes para dramatizar como é
completamente escuro e silencioso abaixo da superfície da terra. A
garota, cercada de repente da mais profunda escuridão, ficou
assustada e começou a chorar. Ela na mesma hora ouviu a voz de
seu irmão: “Não chore. Tem alguém aqui que sabe como acender as
luzes.”2
Toda a criação ficou aterrorizada, andando sem saber bem por
onde na escuridão do pecado. Dois mil anos atrás, Deus anunciou
aos Seus humanos assustados e perdidos, “Não chorem. Alguém
aqui sabe como acender as luzes.”
Acredito que Satanás tem alguns pesadelos recorrentes. Um deles
sobre quando a luz — o relâmpago — brilhou no céu e o expulsou
de lá. Ele provavelmente odeia tempestades com trovões e
relâmpagos. Afinal, eles soam como a majestosa voz de Deus!

Trovejou, então, o Senhor, nos céus; o Altíssimo levantou a voz, e houve


granizo e brasas de fogo. Despediu as Suas setas e espalhou os meus
inimigos, multiplicou os Seus raios e os desbaratou (Salmos 18:13,14,
grifos do autor).

A voz do Senhor sobre as águas; troveja o Deus da glória; o


Senhor está sobre as muitas águas (Salmos 29:3, grifos do autor).
Imagine o horror de Satanás quando a luz de Deus irradiou na
Cruz, a mesma luz que o havia expulsado do céu. Dá para ouvi-lo
berrando: “Ai, não. Lá vem de novo! Ele não me deixou ter o céu e
agora não vai me deixar ter a terra.”
A UNÇÃO RELÂMPAGO
Sim, na Cruz o falso “anjo de luz” encontra o Próprio Sr. Luz e
nada mais foi o mesmo desde então! A grande “luz” até mesmo Se
duplicou em várias pequenas luzes — “Pois, outrora, éreis trevas,
porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Efésios
5:8) — enchendo-os com a Sua glória!
Pela primeira vez Satanás entendeu Isaías 60:1-3:

Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor vai


nascendo sobre ti. Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a
escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a Sua glória
se verá sobre ti. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao
resplendor que te nasceu (ACF).

Essa não! Ele deve ter pensado.


Pela primeira vez ele entendeu que o templo do Velho Testamento
era uma representação de nós, esta nova raça de pessoas
chamadas cristãos (“pequenos Cristos”), e que a glória de Deus
estava em cada um deles. Que horror!
E isso traz tudo de volta para nós. Por favor, leia o seguinte trecho
com atenção, fazendo cada conexão. Se a intercessão é
representada pelo raio/relâmpago de Deus acertando o alvo... E se
o trabalho de intercessão de Cristo quando Ele encontra Satanás,
quebrando seu domínio, foi a luz suplantando as trevas... E se as
nossas orações de intercessão simplesmente liberam ou
representam a intercessão de Cristo... Então acho bastante seguro
dizer que a nossa intercessão libera o raio de Deus para que brilhe
nas situações, trazendo consigo uma destruição total aos poderes
das trevas:

O Calvário volta a irradiar luz


A luz do mundo volta a brilhar
O sacerdócio real proclama as excelências daquele que os
chamou da escuridão para a Sua maravilhosa luz (ver 1 Pedro
2:9)
O raio laser da oração queima intensamente.
A espada de luz como um raio/relâmpago do Espírito
resplandece em um flash.
Jesus e o Pai são glorificados na Igreja (ver Efésios 3:21)!

Vimos a “unção do urso” e a “unção da borboleta” — talvez esta


seja a “unção do relâmpago”!
Em João 1:5, quando citamos anteriormente a frase “a luz
resplandece nas trevas”, também poderia dizer: “A luz está
constantemente resplandecendo”, dado o tempo e o modo do verbo.
Algumas traduções, na verdade, traduzem assim. A luz que venceu
as trevas ainda está brilhando — a vitória continua. Contudo, a
Igreja tem de liberá-la!
Em seu primeiro grande jogo, Roger Clemens, o arremessador do
Boston Red Sox, começou a arremessar quando a liga norte-
americana de beisebol ainda designava as regras. Depois de
observar a bola de Dwight Gooden, que voou como um relâmpago
passando por ele, Clemens virou-se e perguntou ao receptor, Gary
Carter: “Os meus arremessos são assim?”
“Pode apostar!”, respondeu Carter.
Dali em diante, Clemens começou a arremessar com muito mais
ousadia, pois ele foi lembrado de como uma bola rápida pode ser
tão poderosa para um rebatedor.3
Muitas vezes nos esquecemos de como o Espírito Santo é
poderoso... Como destrói as trevas com o raio da espada de Deus.
Ele tem um poder sobrenatural para vencer as obras das trevas —
quando o liberamos com confiança.
DUTCH ENCONTRA GOLIAS NA BOURBON STREET
Eu fui o responsável por uma evangelização de 200 alunos do
Instituto Christ for the Nations durante o Mardi Gras, o carnaval de
Nova Orleans, em 1979. Focamos a maior parte de nosso ministério
na Bourbon Street, onde se concentrava a maior parte da festa.
Tenho visto poucos lugares em que as trevas dominam tanto como
em uma celebração contínua do mal.
Antes de sairmos para testemunhar lá, orávamos e nos
preparávamos por várias horas, até estarmos com o coração
tranquilo de que tínhamos ganhado a vitória no Espírito. A luz havia
nos precedido. Sentíamos que íamos lá no físico apenas para
reunirmos os despojos. Vimos dezenas de pessoas entregarem sua
vida a Cristo e passamos por muitos acontecimentos dramáticos,
visto que uma vez após a outra, a luz triunfava nas trevas. Contudo,
não foi sem algumas provas. Um desses eventos que me impactou
sobremaneira foi um encontro que tivemos com um homem
possuído que pretendia ferir alguns de nós fisicamente — nos matar.
Passei a maior parte do tempo subindo e descendo a Bourbon
Street, intercedendo pelas “tropas” enquanto eles testemunhavam e
oravam com as pessoas. Certa noite, o meu parceiro e eu
atravessamos a rua para conversar com dois dos nossos alunos,
que levavam consigo um cartaz que dizia: “Deus te Ama!”
Enquanto conversávamos, apareceu um homem enorme, que
chamaremos de Golias, que parecia haver surgido do nada e veio
em nossa direção. Ele tinha uns três metros de altura (pelo menos
uns dois metros) e pesava uns duzentos quilos (pelo menos uns
cento e vinte). Estava vestido dos pés à cabeça como um soldado
romano — ou talvez um filisteu— e levava consigo um chicote
comprido, aproximando-se de nós batendo com ele no chão. Seus
lábios estavam cobertos de sangue seco, e sangue escorria pelos
cantos de sua boca.
Ele se aproximou, batendo o chicote e grunhindo como um cão
raivoso. Ficamos sozinhos naquela área, visto que as pessoas
davam para trás ao se aproximarem e ficavam só por ali olhando.
Golias então começou a berrar com sua voz rouca, forte e ríspida:
“Deus é amor, né? Eu vou matar vocês!”
Isso não é bom, logo percebi, sendo o homem astuto que sou. Eu
queria falar algum versículo poderoso como uma espada, mas o
único versículo que veio à minha cabeça foi: O viver é Cristo; o
morrer é ganho. Simplesmente não parecia o que eu queria!
Enquanto estava lá me perguntando por que nenhum dos outros
membros fazia alguma coisa, de repente me ocorreu o motivo — eu
era o líder! Sendo o líder sábio que sou, gritei: “É cada um por si.” E
então, acrescentei para mim mesmo: Pernas, vocês não vão me
decepcionar agora! Sentia mais a unção da borboleta do que a do
relâmpago.
É claro que não disse nem fiz essas coisas, mas havia um medo
enorme tentando me tomar. O que fiz na verdade? Eu fiz paga —
daqueles pagas caprichados! E quando olhei para os outros três,
seus lábios moviam-se em silêncio. Eles também estavam fazendo
paga!
Era um momento paga para nós quatro. Lente de aumento, não
me decepcione!
Enquanto estava ali e amarrava os poderes das trevas em nome
de Jesus, em poucos segundos o homem começou a mudar. Seu
semblante mudou, sua voz e atitude também. Os demônios que o
controlavam haviam sido dominados. A luz havia prevalecido. O
homem na verdade parecia confuso. Ele olhou para nós com uma
expressão estranha, balbuciou algo sobre continuarmos com o que
estávamos fazendo e se afastou lentamente em meio à multidão,
que observava impressionada.
A luz venceu as trevas. O poder de Deus “atingiu o alvo” (paga),
silenciando os espíritos do mal e nos salvando do embaraço e
provavelmente de sermos feridos.
Mais tarde, naquela mesma noite, quando todos nos juntamos
para contar as nossas histórias de guerra do dia, todos estavam
impressionados com o nosso relato de como fomos destemidos,
confiantes e calmos quando “Golias” nos confrontou. “Nunca
duvidamos”, todos nós asseguramos ao grupo. “Nunca duvidamos”.
Que Deus nos perdoe!
TEMPLOS VIVOS DA GLÓRIA DE DEUS
Meu pai, Dean Sheets, que foi pastor em Ohio, viu a luz vencer as
trevas enquanto estava em viagens missionárias no Haiti. Ele
pregava o evangelho e estava orando pelos doentes segundo
Marcos 16:15-18. Como devem estar cientes, a religião nacional no
Haiti é o vodu; consequentemente, a atividade demoníaca é
proeminente e forte nesse país. Os poderes das trevas governam
livremente lá.
Meu pai se sentiu especificamente guiado pelo Espírito Santo a
orar pelos cegos, de modo que os chamou para irem à frente. Vinte
pessoas responderam ao chamado. Quando estava na frente deles,
um de cada vez, esperando a orientação do Espírito Santo, recebeu
a mesma instrução para dezenove das vinte pessoas que se
apresentaram: “Expulse o espírito que lhe causa a cegueira.” Cada
vez que fazia isso, elas eram curadas instantaneamente, passando
a enxergar perfeitamente.
Paga! Luz acertando o alvo, penetrando os olhos escurecidos,
trazendo visão.
O que muitos crentes não têm ciência é de que somos cheios da
mesma glória e luz de Deus. Quando o apóstolo Paulo, inspirado
pelo Espírito Santo, disse, “não sabeis que sois santuário de Deus e
que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Coríntios 3:16), ele usou
a palavra grega naós para “santuário”,4 que sempre se referiu ao
santo dos santos.
A palavra “habita” é tirada da palavra shakan do Velho
Testamento, que significa “habitar ou morar”.5 A “glória de shekinah”
era a glória que vivia ou habitava no santuário. Paulo estava
dizendo que, em Cristo, a glória de shekinah de Deus agora
shakans em nós (ver 1 Samuel 4:4; 2 Samuel 6:12-19). Somos o
novo santuário, o templo de pedras vivas que não é feito por mãos,
mas pelo Próprio Deus. A Bíblia diz em 2 Coríntios 4:6,7 da seguinte
maneira:
Porque Deus, que disse: “Das trevas resplandecerá a luz”, Ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da
glória de Deus, na face de Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos
de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.

Israel carregou a Arca da Aliança, que representava a presença e


a glória de Deus, para a batalha (ver Josué 6:6). “Partindo a Arca,
Moisés gritava, ‘levanta-te, Senhor! e dissipados sejam os teus
inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam’” (Números 10:35). O
Salmo 68:1, um versículo de guerra, é uma citação desse versículo
de Números. Aquela mesma presença e glória agora habitam em
nós. A mensagem que devemos entender é que o segredo para a
vitória é levar essa presença de Deus para a batalha, junto conosco.
Ele se levanta e dissipa os Seus inimigos através de nós! Somos
agora os Seus carregadores!
LIBERE A LUZ
Levanta-te e resplandece, Igreja, porque vem a tua luz, e a glória do
Senhor vai nascendo sobre ti. Porque eis que as trevas cobriram a
terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e
a Sua glória se verá sobre ti. Os gentios caminharão à tua luz, e os
reis ao resplendor que te nasceu (ver Isaías 60:1-3, ACF). Somos
soldados da luz. Temos de liberar com ousadia o poder do Altíssimo
nas situações e permitir a vitória do acesso de Cristo. Ele nos deu
Sua luz, Ele nos deu Sua espada, Ele nos deu Seu nome. Use-os!
Coloque-se em uma posição com relação ao Filho que lhe permita
brilhar através de você, e acertar o alvo! Segure a espada de laser
do Espírito. Nós muitas vezes nos esquecemos de como o Espírito
Santo é poderoso em nós — como sua espada relâmpago é
destrutiva para a escuridão. Ela tem poder sobrenatural para vencer
as obras das trevas — quando a liberamos com confiança.
Situe-se espiritualmente em frente a seus filhos rebeldes e peça a
Deus para enviar um relâmpago de mansidão neles. Mire a luz da
liberdade sobre os seus vícios, quer de drogas, sexo, bebida ou o
que for. Seja agressivo no espírito.
Você que é casado, peça a Deus para brilhar na vida de seu
marido ou sua mulher, perfurar as trevas do engano e livrá-lo ou
livrá-la.
Pastores, invoquem o Espírito Santo para que brilhe, rompendo
com qualquer contenda, divisão e complacência em suas
congregações. Deus pode estar esperando por você, enquanto você
está esperando que Ele faça alguma coisa. Libere a luz! Invoque o
nome de Jesus.
Devemos levar a presença e a glória de Deus para a batalha
assim como fizeram os israelitas. Tudo que havia na Arca da Aliança
está em nós: o Pão da Vida, a vara da autoridade sacerdotal e a lei
de Deus. E a glória que havia nela agora brilha em nós. Aja de
acordo! Dê um golpe de espada — fale a Palavra! “Levante Deus”
com a sua intercessão “e Seus inimigos serão dissipados”.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Como paga está relacionado a raio ou relâmpago?


Explique a conexão entre o raio/relâmpago de Deus e Seus
juízos. Consegue explicar como isso aconteceu na Cruz?
Qual é a relação entre Deus, luz, Sua espada e nossa
intercessão?
Onde está o santuário, o santo dos santos? Como isso está
relacionado à intercessão?
Pense em uma situação na qual a luz venceu as trevas. Como
Deus fez isso? Agora, pense em uma situação atual na qual a
intercessão poderia ser usada para obter os mesmos
resultados.
Você gosta de representar Jesus?
Capítulo Doze

A Substância da Oração

Dois sapos caíram num barril de leite,


assim me contou meu tio.
O lado do barril era alto e liso
e o leite fundo e frio,
“De que adianta”, disse o primeiro,
“Não tem ninguém para salvar a gente”.
“Este é o meu fim, adeus, companheiro.”
E afundou o sapo lentamente.

Mas o segundo não estava vencido


e recusou a se entregar.
Bateu as pernas, fez marola
e começou a nadar.
“Eu vou nadando, onde há vida há esperança”,
ele começou a pensar.
“Não vai mesmo melhorar o mundo
se mais um sapo definhar.”

Por mais de uma hora ele se debateu,


sem parar para reclamar,
até que enfim disse: “Olha só, vou me safar,
bati o leite até manteiga ele virar.”
(Autor desconhecido)
LIÇÕES DE TRÊS HOMENS E UM SAPO
Faz 20 anos desde que ouvi esse poema espirituoso pela primeira
vez em uma mensagem de John Garlock, um dos meus professores
no Instituto Christ for the Nations, ao falar de tenacidade. Não são
muitas as mensagens que lembramos depois de 20 anos, mas John
Garlock tem um jeito e uma unção para pregar sermões
“memoráveis”. Outros, claro, têm um dom semelhante para pregar
mensagens facilmente esquecíveis. Já ouvi muitas delas, e até já
preguei algumas também.
O irmão Garlock mencionou a história que está em 2 Samuel 23:8-
12 sobre os três valentes de Davi: Samá, Josebe-Bassebete e
Eleazar. Samá foi tenaz face à humilde incumbência de defender um
pedaço de terra cheio de lentilhas de um monte de filisteus. Josebe-
Bassebete foi a personificação da tenacidade ao enfrentar uma
esmagadora desvantagem e matar 800 filisteus sozinho. Eleazar foi
um quadro de tenacidade perante uma extrema e incomensurável
fadiga, pois após lutar por várias horas, tiveram de tirar sua mão que
ficara pegada à espada.
Agradeço ao professor Garlock, por me ensinar sobre a
importância da perseverança e da tenacidade por meio das histórias
dos três homens e do sapo. Para mim a tenacidade está no topo da
lista das atribuições espirituais mais importantes. E quanto mais
vivo, mais alta ela fica em minha lista. “Aguente firme” não entrou
para os Dez Mandamentos, mas entrou na lista dos nove frutos do
Espírito.
A palavra makrothumia, traduzida como “paciência” em Gálatas
5:22 (NLH), é definida pela Concordância de Strong como
“longanimidade ou firmeza”.1 Foi o que eu disse: “Aguente firme.”
Nos dias de hoje em que tudo é instantâneo — desde a comida
fast-food até os “esquemas para ficar rico rápido”; de conferências
do tipo “como ter a maior igreja da cidade da noite para o dia”, a
seminários “quatro passos fáceis para ter suas orações
respondidas” — estamos perdendo esse traço de personalidade
muito rapidamente. Cozinhamos mais rápido, viajamos mais rápido,
produzimos mais rápido e gastamos mais rápido... E esperamos que
Deus siga o nosso ritmo, especialmente com relação à oração.
Dick Eastman, em seu livro No Easy Road [Não há uma estrada
fácil], declara:

Grande parte da sociedade se esqueceu do que é perseverar... Poucas


pessoas têm o espírito determinado como o artista Rafael. Uma vez lhe
perguntaram: “Qual é o seu melhor quadro?” Ele sorriu e disse: “O
próximo.” Vemos que Rafael estava sempre se esforçando para
melhorar. É o que precisamos na oração, uma atitude de persistência.2

Somos muito parecidos com a chita ou guepardo africano, que tem


de correr atrás de sua caça. O animal é muito bem equipado para a
tarefa, chega a correr até uns 130 quilômetros por hora. Mas ele tem
um problema: seu coração é desproporcionalmente pequeno, de
modo que faz com que se canse rapidamente. Se não conseguir
pegar logo sua presa, tem de parar a caçada.
Quantas vezes somos como o guepardo com relação à oração.
Vamos correndo aos nossos aposentos com grande energia,
corremos para a frente da igreja, ou até alguém para pedirmos
oração. Mas, como nos “falta coração” ou paciência, para sustentar
o esforço, muitas vezes desistimos antes de realizarmos o que era
preciso. E então decidimos que na nossa próxima jornada de oração
vamos orar com mais força e velocidade, quando o que precisamos
não é mais do poder explosivo, mas sim de um poder constante — a
estamina que só vem de um coração maior em oração.3
George Müller era um exemplo de homem que persistia. Um
exemplo de sua persistência foi relatado por Dick Eastman no livro
citado anteriormente:

“O grande segredo é nunca desistir até receber a resposta. Tenho orado


por sessenta e três anos e oito meses pela conversão de um homem.
Ele ainda não está salvo, mas será um dia. Não tem como ele não ficar
salvo... Eu estou orando.” Chegou o dia em que o amigo de Müller
recebeu a Cristo. Só aconteceu quando o caixão de Müller foi baixado
até a terra. Ali, em seu túmulo, seu amigo entregou o coração a Deus.
As orações de perseverança haviam ganhado mais uma batalha. O
sucesso de Müller pode ser resumido em três palavras poderosas: Ele
não desistiu.4
“TUDO BEM, VÁ COM CALMA”:
A ATITUDE QUE NÃO FUNCIONA NA ORAÇÃO
O próprio Filho de Deus passou noites inteiras orando para cumprir
o Seu ministério. Levou três difíceis horas no Getsêmani para
ganhar forças para enfrentar a cruz: “[Jesus] tendo oferecido, com
forte clamor e lágrimas, orações e súplicas” (Hebreus 5:7).
Nós, por outro lado, nos especializamos na arte de orar com uma
só frase, e achamos que se dermos a Deus um culto de duas horas
uma vez por semana somos bastante espirituais. “Tudo bem” pode
ser um bom conselho em algumas situações, mas na maior parte da
vida, inclusive com relação à oração, uma atitude de “tudo bem” não
funciona.
Um piloto, no começo do voo, foi até a traseira do avião porque
uma luz de emergência havia acendido. O problema era a trava da
porta, que acabou se abrindo quando ele se aproximou. O piloto foi
imediatamente sugado para fora do avião.
O copiloto, vendo pelo seu painel que uma porta fora aberta,
voltou imediatamente em direção ao aeroporto e pediu para um
helicóptero fazer uma busca no local. “Acho que o piloto foi sugado
para fora do avião”, disse. Depois de pousar, todos ficaram
chocados ao descobrirem que o piloto estava pendurado segurando-
se a uma escada, que ele havia milagrosamente conseguido
agarrar. Ele ficou ali agarrado por quinze minutos e, ainda mais
impressionante, conseguiu evitar bater a cabeça contra a pista,
apesar de ficar a apenas uns quinze centímetros de distância dela!
Quando o encontraram tiveram de desgrudar seus dedos da
escada! Isso sim é perseverança!5
Qualquer pessoa que está associada tempo suficiente com a
Igreja sabe que os nossos problemas não são por falta de
informação ou material para nos fortalecermos. Se falhamos em
conseguir o que Deus nos pede ao corrermos a nossa carreira, é
porque nos falta paciência, coração e espírito.
Assim como o sapo, já consegui mais vitórias batendo as pernas e
nadando, do que com a atitude de “tudo bem, calma, tranquilo…” Já
lutei até a minha mão estar pegada à espada. Descobri que
perseverar com tenacidade é muitas vezes a chave para
alcançarmos a vitória em oração.
Mas, por quê?
Por que é preciso persistir em oração? Tenho trabalhado nisso por
anos. Será que Deus requer uma quantidade determinada de
orações necessárias para certas situações? Nós o convencemos
das coisas? Será que Deus decide “por fim” fazer algo? Fazemos
por merecer a resposta às nossas orações através de trabalho duro
ou da nossa perseverança?
A resposta a todas essas perguntas é não.
“E a oração de importunação em Lucas 11:5-13?”, alguns
perguntariam. “Ela não ensina que devemos importunar ou persistir
com Deus até Ele decidir nos dar o que precisamos?”
A resposta é um enfático não! Não persistimos contra Deus.
A palavra “importunação” em Lucas 11:8 é uma tradução infeliz da
palavra anaideia, que, na verdade, significa “sem vergonha”6 ou
“ousadamente, sem timidez”.7 Aidos, o radical que significa
“modéstia ou vergonha”8 e é traduzido como tal em 1 Timóteo 2:9,
aqui, em Lucas 11, está no sentido negativo, fazendo com que fosse
“sem modéstia ou vergonha”.
O ponto dessa história é o mesmo de Hebreus 4:16, ou seja,
chegar ao trono da graça com ousadia, e não se sentido indigno ou
com vergonha. Como o pedinte dessa história, podemos nos
aproximar de nosso amigo, Deus, a qualquer hora, sabendo que
seremos aceitos.
Deus estaria usando esse período de espera para nos ensinar
algo? Acho que às vezes esse é o caso, porém, se essa é a razão
para a demora, não deveríamos precisar orar pela mesma coisa vez
após vez — apenas uma vez e depois esperar em fé até o momento
adequado.
Em outras situações, a demora talvez seja por Deus ter o tempo
certo para responder à oração. “E não nos cansemos de fazer o
bem porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”
(Gálatas 6:9). Mas, então, se esse for o motivo, pedir uma vez e
esperar em fé deveria ser suficiente.
Então, por que é necessário persistência ou perseverança em
oração? Por que foi preciso trinta horas de oração para dissolver o
cisto no ovário da minha esposa? Por que foi preciso um ano para
acontecer o milagre para a garota que estava em coma? Por que às
vezes são necessários vários anos de intercessão para vermos
alguém salvo? Por que Elias teve de orar sete vezes antes de haver
chuva? Por que Daniel teve de orar por 21 dias antes que o anjo
conseguisse chegar a ele com a resposta?
SEU TRONO EM NOSSO CORAÇÃO
Provavelmente há razões das quais não estou ciente para haver a
necessidade de persistência na oração. Certamente não tenho
todas as respostas com relação ao assunto, mas gostaria de dar
uma explicação para sua consideração. Acredito que as nossas
orações fazem mais do que apenas motivar o Pai a agir. Estou
convencido de algo que Gordon Lindsay, o grande homem de
oração e fundador do Instituto Christ for the Nations, chamou de “a
substância” da oração.9 Sendo bem honesto, devo dizer que não
acredito que isso seja algo que pode ser provado de maneira
conclusiva, mas são muitas as evidências que o sugerem, e eu as
abracei como verdade.
O conceito é que as nossas orações podem fazer mais do que
apenas motivar o Pai a agir. Elas, na verdade, liberam o poder do
Espírito Santo em nós para realizar coisas. Certos tipos de oração
fariam isso, claro, mais do que outros.
Por exemplo, em nosso capítulo sobre intercessão com dores de
parto falamos que isso acontece quando oramos no Espírito. Outra
maneira poderosa de acontecer seria falar a Palavra de Deus como
uma espada nas situações que enfrentamos (ver Efésios 6:17).
Declarações ou ordens são outras atividades que liberamos com o
poder do Espírito Santo (ver Mateus 17:20; Marcos 11:23). A prática
de impor as mãos é outro método, segundo as Escrituras, de
transmitir poder (ver Marcos 16:18; Hebreus 6:2).
Que há poder literal do Espírito Santo que pode ser liberado
através de nós é algo inquestionável. O poder de Deus que traz
vida, cura e sanidade à terra flui através de nós — a Igreja.
Por favor, não imagine um trono no céu e pense que está tudo lá.
Ele agora fez Seu trono em nosso coração e nós somos o templo do
Espírito Santo. Nós somos o naós de Deus. Em 1 Coríntios 3:16 e
6:19, essa palavra significa “o santo dos santos”.10 Nós agora
somos o santo dos santos, a habitação de Deus na terra. Quando
Ele se move para liberar poder sobre a terra, não tem que lançá-lo
de algum lugar do céu — vem de Seu povo, onde Seu Espírito
habita aqui na terra.
A IGREJA, O VENTRE DE DEUS NA TERRA
Quer seja ao falarmos, tocarmos, impormos as mãos sobre os
doentes, declararmos ou adorarmos, quando o poder de Deus
começa a fluir sobre a terra, ele flui através de vasos humanos. Nós,
o Corpo de Cristo, somos o ventre de Deus por meio do qual Ele
traz ou libera vida sobre a terra. A vida que Cristo produz flui do
ventre da Igreja.
Em João 7:38, Jesus disse: “Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” O interior, ou
ventre (ACF), é a palavra koilia, que significa literalmente “ventre”. A
tradução literal seria, “do seu ventre fluirão rios de água viva”. A
palavra “ventre” fala de reprodução. Fala de dar à luz. Fala de trazer
à vida.
Uma frase semelhante está em Apocalipse 22:1,2:

Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai
do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra
margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o
seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos
povos.

O quadro aqui é de Jesus como a fonte de vida. Dele flui o rio com
árvores nas duas margens. As folhas são produzidas pelas árvores,
que são alimentadas pelo rio, que é alimentado por Jesus. As
pessoas — as nações — alimentam-se das folhas e são curadas.
O que quero salientar é que a frase “o rio da água da vida” nessa
passagem é a mesma frase em grego que encontramos em João 7,
“rios de água viva”. Não tem nenhuma diferença entre o rio da vida
fluindo do Cordeiro, trazendo cura e sanidade à terra, e os rios de
água viva que estão fluindo do ventre da Igreja. Nós somos os Seus
vasos que geram vida, Suas incubadoras. Por que isso haveria de
nos surpreender? Não devemos estar ministrando à terra a própria
vida de Jesus em nós?
João 7:39 nos diz que, “isto Ele disse com respeito ao Espírito”. É
o Espírito de Deus fluindo de nós. Ele não impõe as mãos sobre os
doentes — nós é que fazemos isso. Ele não impõe as mãos em
alguém e ordena tal pessoa — Ele nos diz para fazermos isso por
Ele. Ele, em nós, libera um rio que flui para a pessoa, e ela então é
ungida e ordenada por Deus. Quando Ele quer levar o evangelho,
que é o poder de Deus para a salvação e a vida, Ele não ecoa
desde os céus. Ele fala através de nós. A vida de Deus, literalmente
o poder e a energia de Deus, flui de nossa boca e penetra no
coração dos descrentes, e eles nascem de novo.
Somos nós que empunhamos a espada do Espírito — a Palavra
de Deus falada. Quando o Espírito de Deus quer trazer juízo sobre
situações, Ele não fala desde as nuvens, mas sim através de Seu
povo — de nossos espíritos. Quando eu falo a Sua Palavra em uma
situação sob a direção do Espírito Santo, é o próprio Cordeiro de
Deus falando a Palavra. Ele libera a vida de Deus! Nós somos o
ventre de Deus do qual o rio deve fluir.
UM PODER QUE PODE SER MEDIDO
É importante perceber que esse poder é mensurável. Há
quantidades cumulativas dele. É facilmente provado que há níveis
que podem ser medidos de praticamente qualquer substância
espiritual.
Podemos medir os diferentes níveis da fé. Romanos 12:3 diz:
“Segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” A palavra
“medida” usada aqui é metron, da qual procede a palavra “metro”.
Em outras palavras, Deus tem “medido” cada porção de fé; portanto
ela deve crescer. Há níveis de fé. Há porções de justiça que podem
ser medidas. Há porções e graus de pecado que podem ser
medidos.
Em Gênesis 15:16, Deus disse a Abraão que Ele ia dar a terra à
sua descendência em quatro gerações. Ele não podia dar tudo a ele
ainda “porque não se encheu ainda a medida da iniquidade dos
amorreus”.
Há diferentes níveis de graça. Em 2 Coríntios 9:8 diz: “Deus pode
fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em
tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” Na
verdade, em Atos 4:33, nos é dito que “com grande poder, os
apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e
em todos eles havia abundante graça”. A palavra grega para
“grande” é megas, da qual procede “mega”. Há graça, há uma
mega-graça, e há a graça plena!
Há diferentes níveis de amor que podem ser medidos. João 15:13
fala do maior amor de todos. Mateus 24:12 fala de um amor que
esfria. Filipenses 1:9 refere-se a um amor que abunda cada vez
mais.
Há diferentes níveis do poder de Deus. Em Marcos 6:5, faltava um
grau mensurável do poder de Deus. O versículo diz que, por causa
da descrença das pessoas em Nazaré, “não pôde fazer ali nenhum
milagre”. A palavra grega não diz, “Ele escolheu não fazer” ou “Ele
não fez”. Diz literalmente, “Ele não pôde fazer” por causa do nível de
fé ou descrença que o impedia de deixar o poder de Deus fluir.
Apesar de poder curar os doentes, Ele não podia fazer um milagre.
O mesmo versículo que fala sobre uma “mega” graça também fala
de um “mega” poder (ver Atos 4:33). Eles tinham um megapoder
porque tinham uma mega-graça! Só quero deixar claro que os
aspectos do domínio do espírito são muito tangíveis e reais. A
unção é real. O poder é real. Nós não o vemos, mas está lá. Há
quantidades cumulativas e que podem ser medidas com relação ao
domínio do espírito.
Certas quantidades desse poder, ou rio ou vida, devem ser
liberadas no domínio do espírito para realizar certas coisas.
Diferentes coisas exigem quantidades diferentes. Assim como no
plano natural você precisa de diferentes níveis de poder para
diferentes coisas, o mesmo ocorre no plano do espírito. É como a
diferença entre a quantidade de poder necessária para acender uma
lanterna e a necessária para iluminar um prédio, ou a quantidade
necessária para um prédio em comparação ao necessário para
iluminar uma cidade. O mesmo ocorre no espírito. Diferentes
quantidades do poder de Deus são necessárias para realizar certas
coisas.
DIFERENTES MEDIDAS DE PODER
Vejamos novamente Marcos 6, quando Jesus não conseguia fazer
com que poder suficiente fluísse em Nazaré para ali realizar um
milagre. Havia poder suficiente para realizar algumas curas, a
implicação é de que esse poder era de menor peso, porque o
versículo diferencia entre as curas e os milagres. Poder suficiente
fluía para operar um, mas não o outro. O que significa que são
necessárias quantidades diferentes para diferentes coisas. Jesus
poderia liberar poder suficiente para algumas poucas curas, mas
não fluía o bastante, por causa da descrença deles, para realizar um
milagre.
Os discípulos em Mateus 17:14-21 tinham expulsado demônios e
curado os doentes porque Jesus tinha lhes dado autoridade e poder
para tal. Levaram até eles um rapaz lunático, contudo, eles não
puderam ajudá-lo. Jesus veio e não teve nenhum problema em
exorcizar o demônio que lhe causava aquele mal.
Os discípulos tinham poder suficiente fluindo em seu ministério
para lidar com a maioria dos demônios e doenças, mas se
depararam com um que requeria mais fé e poder — e não tiveram o
suficiente para superar aquele! Repito, a implicação óbvia é que há
níveis diferentes necessários para se realizar diferentes coisas.
Estou totalmente convencido de que esse princípio é a razão
porque leva um tempo para a maioria das orações serem atendidas.
Receber um milagre instantâneo é de longe a exceção. Geralmente
não é apenas uma questão de pedir ao Pai para fazer alguma coisa,
mas sim de liberar poder suficiente no espírito para realizar o
trabalho. A maioria dos cristãos não está ciente disso. Depois de
pedir, tendemos a relaxar e esperar Deus, quando Ele muitas vezes
está, por Sua vez, esperando por nós. Temos falhado em entender
que algumas orações precisam de mais do que apenas pedir.
Às vezes, quando parece que Deus finalmente “conseguiu” ou
quando achamos que algo simplesmente aconteceu de uma hora
para outra, a verdade é que poder suficiente foi finalmente liberado
pela oração para realizar tal coisa.
PROFETAS QUE PERSEVERARAM PELO PODER
Quando o profeta Elias foi até o filho da viúva que havia morrido, ele
se jogou em cima do cadáver do rapaz, cara a cara, e orou três
vezes (ver 1 Reis 17:21). Por que três vezes? Porque o homem de
Deus não estava no nível que precisava estar espiritualmente?
Porque ele não tinha fé suficiente? Porque não fez direito das
primeiras duas vezes?
Não nos é dito a razão, nem insinuado nenhuma dessas coisas.
Eu acredito que ele estava liberando um pouco mais de vida de seu
ventre espiritual, ou espírito, cada vez. Requer bastante vida para
ressuscitar um morto!
Em capítulos anteriores analisamos a passagem de 1 Reis 18, em
que Elias ora por chuva, e discutimos o significado de Deus escolher
trabalhar através de um homem e do homem se esforçar para trazer
à vida a vontade de Deus. Vejamos essa passagem novamente.
Em 1 Reis 18:1, o Senhor disse a Elias: “Vai, apresenta-te a
Acabe, porque darei chuva sobre a terra.” Deus não disse, “Eu
talvez dê”. Ele não disse, “Se você orar o suficiente”. Ele não disse,
“Estou pensando no assunto”. Ele apenas disse, “Darei chuva”. Era
a hora de Deus, a ideia de Deus e Sua vontade.
Contudo, nos é dito no fim deste capítulo que Elias labutou em
oração diligentemente sete vezes na posição de uma mulher em
trabalho de parto antes de as nuvens aparecerem e a chuva chegar.
Ele não estava andando casualmente no topo da montanha e
dizendo, “Senhor, envie a chuva”, e imediatamente choveu. Isso não
é a “oração poderosa e eficaz” que Tiago 5:16-18 (NVI) diz que Elias
fez para parar e depois trazer a chuva.
A pergunta que devemos nos fazer é: se era a vontade, o tempo e
ideia de Deus, então por que Elias teve de orar sete vezes até a
chuva chegar? A explicação mais plausível para mim é que era
preciso perseverar até ele ter orado o suficiente — até poder
suficiente ser liberado através de sua intercessão para subir até os
céus e fazer a obra.
Por que levou vinte e um dias para Daniel receber a resposta
quando Deus enviou um anjo a ele desde o primeiro dia em que ele
começou a orar? Eu pensaria que, se Deus quisesse enviar um
mensageiro angelical, Ele conseguiria enviá-lo imediatamente. Ele
tem poder suficiente, não tem? Então, por que o anjo foi detido por
vinte e um dias?
Acredito que Daniel foi fiel em orar todos os dias para liberar poder
para o plano do espírito. Deus só pode levar o anjo até ele com a
resposta depois de poder suficiente ter sido liberado para romper a
barreira demoníaca no espírito!
Por favor, entenda que não estou limitando o poder de Deus.
Estou totalmente ciente de que basta uma palavra de Deus para
acabar com cada demônio do inferno. O que devemos levar em
consideração é que Deus escolheu operar na terra por intermédio
do ser humano. Parece-me razoável que, se as orações de um
homem são responsáveis pela liberação de um anjo, elas também
seriam a chave para romper barreiras para receber uma mensagem.
Tal como Billheimer disse, “apesar de haver recebido a resposta à
sua oração e ela já estar a caminho, se Daniel tivesse desistido ela
provavelmente nunca haveria chegado”.11
LIBERANDO O RIO DE PODER
Por que levou três horas para Jesus chegar a um resultado no
Jardim de Getsêmani? Por que os anjos não vieram imediatamente
e o consolaram? Deus certamente não estava retendo-o desse
homem justo e sem pecado! Poder estava sendo liberado no espírito
para romper a dificuldade.
Não estou tratando aqui de vãs repetições. Não estou falando de
pedir a Deus vez após vez. Não estou falando sobre entender os
caminhos e princípios de Deus o suficiente para saber como liberar
o rio de modo a fazer nascer a partir de seu ventre espiritual.
Quando intercedemos, cooperamos com o Espírito de Deus, isso o
libera para sair de nós e pairar sobre uma situação, liberando Suas
energias que dão vida até aquilo pelo que estamos orando ser
realizado.
Por que levou um mês para nos livrarmos do cisto no ovário de
minha esposa? O que eu estava fazendo por ele uma hora cada dia
durante aquele tempo? Estava liberando o rio a partir do meu
ventre!
Alguns diriam que Deus finalmente respondeu a minha oração
depois de eu ter perseverado o suficiente. Não. A dor que ela sentia
começou a diminuir durante todo aquele mês, e isso, segundo o
nosso médico significa que o cisto estava diminuindo. Ele não
desapareceu de uma hora para outra. Poder estava sendo liberado
no domínio do espírito e realizando algo fisicamente em seu
organismo. Cada dia, quando o poder era liberado, ele destruía
paulatinamente o cisto um pouco mais.
Por que eu tive que orar por mais de um ano por aquela jovem que
estava em coma sobre quem falei no começo deste livro? Fui visitá-
la pelo menos uma vez por semana durante um ano, falava-lhe a
Palavra de Deus, chorava, clamava por um novo cérebro para ela e
lutava o bom combate da fé. Por que demorou um ano? Porque
requer muito poder para formar um novo cérebro. Por que Deus não
o fez instantaneamente? Não sei. Tentei tudo o que sabia para fazer
com que Ele operasse.
Eu disse: “Menina, eu te mando, ‘levanta-te!’” E ela não se
levantou! Fiz tudo o que li que os heróis da fé fizeram. Em fé, eu até
a sentei na cama e ordenei que acordasse, mas ela caiu de volta em
seu travesseiro como uma boneca de pano molenga. Não sei por
que Deus escolheu não fazer um milagre instantâneo, mas como
Ele não fez, estou bastante certo do seguinte: uma quantidade
mensurável do rio teve de fluir até haver o bastante para produzir
aquele milagre.
Efésios 3:20,21 diz:

Ora àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo
quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós,
a Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações,
para todo o sempre. Amém.

A palavra usada para “infinitamente mais do que tudo” é a mesma


usada para a abundante graça de Deus em Romanos 5:20. É a
palavra huperperissos. Perissos significa “superabundante”;12 huper
significa “além” ou “mais que”.13 Juntas, elas significam
superabundantemente com ainda mais acrescentado. É como dizer
“mais do que mais que”.
Efésios 3:20 diz que Ele tem poder suficiente para fazer mais do
que podemos pedir ou pensar e ainda mais — mais que mais,
infinitamente mais.
Então, por que tantas vezes somos insuficientes?
PODER QUE OPERA
A fonte do poder não é o problema. O restante de Efésios 3:20 nos
dá uma dica. Diz-nos que Ele vai fazer mais do que mais do que o
suficiente “conforme o Seu poder que opera em nós”. O Novo
Testamento de Wuest traduz a frase como “na medida do poder que
opera em nós”. A palavra “medida” é kata, que não só implica o que
é medido em nós, mas o dicionário Strong diz que ela também é
usada às vezes com a conotação de “distribuição”.14 Ele vai agir
superabundantemente mais do que podemos pedir ou pensar na
medida do poder que é distribuído de nós. Você está distribuindo
poder? Está distribuindo o rio?
Por favor, não pense que está liberando poder suficiente para
realizar algo milagroso orando de vez em quando, porque não está!
Você tem de liberar o poder de Deus que está dentro de você
regularmente. Tiago 5:16 diz: “A oração de um justo é poderosa e
eficaz” (grifos do autor). Wuest traduz esse versículo assim: “A
oração de um justo pode fazer muito ao operar.” Note que o
versículo não diz, “a oração de um justo pode fazer muito porque faz
com que Deus opere”.
Certamente é o que ela faz, mas não é isso que o versículo nos
diz. Ele diz, “a oração de um justo pode fazer muito ao operar [ela, a
oração]”. A tradução da Amplified Bible diz (em tradução livre), “a
veemente (de coração, contínua) oração de um justo disponibiliza
um poder tremendo [que opera com dinamismo]”. Puxa! As nossas
orações vão trabalhar. Note a palavra “contínua”. A Amplified Bible
captura o significado do tempo presente do verbo. Temos o poder
que criou o mundo dentro de nós. Temos o mesmo poder em nós
que foi às profundezas da terra e pegou as chaves do reino das
trevas. Temos de liberá-lo. Liberar o rio! Liberar o poder! Liberá-lo e
liberá-lo, e liberá-lo um pouco mais! Uma e outra, e outra vez!
VIRANDO AS TAÇAS DE ORAÇÃO DO CÉU
A Bíblia diz que quando oramos acumulamos essas orações. Há
taças no céu nas quais as nossas orações são guardadas. Não há
apenas uma taça para todas as orações, mas várias. Não sabemos
quantas, mas acho que é bem provável que cada um de nós tenha
nossa taça no céu. Não sei se é literal ou simbólico. Não importa. O
princípio ainda é o mesmo. Deus tem algo no qual guarda as nossas
orações para serem usadas no momento oportuno:

E, quando tomou o livro, os quarto seres viventes e os vinte e quarto


anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma
harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos
(Apocalipse 5:8).

Vi outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e


foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os
santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do
anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações
dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o
atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto
(Apocalipse 8:3-5).

Segundo esses versículos, Ele libera esse poder quer no momento


certo para Ele fazer algo, quer quando já foram acumuladas orações
suficientes para realizar o trabalho. Ele pega a taça e mistura tudo
com fogo no altar.
Quero que imagine isto. Ele pega esse mesmo fogo que cai no
Sinai, o mesmo fogo que queimou o sacrifício consumindo as rochas
e a água e tudo o mais quando Elias estava na montanha, o mesmo
fogo que caiu em Pentecostes, o mesmo fogo que destruiu Seus
inimigos, o mesmo fogo do Deus Todo-Poderoso, e mistura a sua
taça de orações com o Seu fogo! Depois a derrama na terra...
Relâmpagos começam a brilhar, trovões a ecoar, a terra treme. Algo
impressionante acontece no domínio do espírito, que então afeta o
mundo natural.
Deve ser o que aconteceu quando Paulo e Silas estavam presos e
começaram a cantar louvores tarde da noite. Adoração começou a
subir, Deus estava ungindo aquilo, as taças foram cheias e Deus as
derramou. A terra literalmente começou a tremer, a porta da prisão
se abriu e os grilhões caíram. Como resultado, o primeiro convertido
na Ásia nasceu de novo em Filipo. O evangelho penetrou pela
primeira vez em um novo continente na Terra.
Acredito que o Senhor me mostrou recentemente o que acontece
às vezes quando o buscamos com uma necessidade, e lhe pedimos
para realizar o que Ele diz em Sua Palavra. Em resposta aos nossos
pedidos, Ele envia Seus anjos para pegarem as nossas taças de
oração e misturá-las com o fogo do altar. Mas não tem o suficiente
em nossas taças para satisfazer a necessidade! Podemos vir a
culpar Deus ou achar que não é a vontade dele ou que a Sua
Palavra talvez não signifique realmente o que diz. A realidade é que
às vezes Ele não pode fazer o que pedimos porque não lhe demos
poder suficiente nos momentos que passamos orando. Ele
derramou tudo o que havia para derramar e não era o suficiente!
Não é apenas uma questão de fé, mas também de poder.
Espero que isso não o assuste. Fico empolgado quando penso
nisso. Eu não sabia na ocasião, mas quando estava com aquela
moça em coma, cada vez que falava o nome que está acima de
qualquer nome, cada vez que orei no Espírito, cada vez que
invoquei a Palavra e as promessas de Deus, cada lágrima que
derramei foi colocada em um odre (ver Salmos 56:8) — ou taça —,
e Deus estava apenas observando até ele finalmente ficar cheio.
SEJA RADICAL — DERRAME O PODER
E, em uma manhã de sábado, em 1986, o Todo-Poderoso olhou
para um dos anjos e disse: “Está vendo aquela moça ali cujo
cérebro não está mais funcionando e que tem sido alimentada pelo
estômago e respirado através do orifício na garganta e está deitada
feito morta-viva, a quem os médicos já desenganaram? Estão
vendo-a ali? Peguem esta taça que foi cheia e misturada com o Meu
fogo, e derramem sobre a sua cabeça.” O resto é história.
Entre no quarto de seu filho, se ele ainda não nasceu de novo e,
de preferência, quando não estiver lá, e coloque o poder da oração
— substância — em tudo o que ele toca. Esse poder pode entrar em
suas roupas ou lenços e ministrar para eles. Unção e poder
suficientes fluíram do rio do ser interior de Paulo e foram para o seu
lenço de modo que milagres notáveis ocorreram quando as pessoas
tocaram aqueles lenços. Havia poder e unção suficientes nas
roupas de Jesus, de modo que quando as pessoas tocavam a orla
de suas vestes algo fluía dele.
Você deve se lembrar do testemunho de Polly Simchen que veio
até mim com um lenço e disse: “Você poderia orar sobre este lenço?
Vamos cortá-lo e colocar um pedaço dele em todo o lugar por onde
o nosso filho passa. Vamos esconder um pedacinho onde
pudermos.” Como disse antes, Polly me procurava de vez em
quando e me dizia que já não tinha mais nenhum pedaço e
precisava de mais. Nós então orávamos e encharcávamos outro
lenço com a unção de Deus.
Ela escondeu um pedaço de lenço debaixo da palmilha de um
sapato de Jonathan, ao qual ele emprestou a um amigo. Era a
pessoa mais radical, beberrona e louca que eu havia visto em muito
tempo. Mas esse cara cometeu um erro! Usou o sapato do amigo!
Nada disso, na verdade aquilo salvou sua vida — ficou radicalmente
salvo, e foi preenchido com o Espírito de Deus e se voltou para
Jesus. Jonathan perdeu um amigo desarvorado porque ele foi
preenchido com a presença de Deus de tal modo, que Jonathan não
aguentava mais andar com ele. Como mencionamos antes,
Jonathan agora também está vivendo para o Senhor.
Lambuze tudo o que seus filhos têm com a unção! A palavra no
Velho Testamento para “unção” significa “derramar ou lambuzar com
óleo”. Não tem problema ser um pouco radical. Jesus gostava
quando as pessoas abriam telhados, engatinhavam em meio de
multidões, subiam em árvores, gritavam pedindo ousadamente
misericórdia, banhavam Seus pés com lágrimas e os enxugavam
com o cabelo — Ele simplesmente ama quem age de todo o
coração.
John Killinger nos conta sobre um método interessante usado no
passado para domar um garanhão selvagem atrelando-o a um
burro. O garanhão saía correndo por todo o lado, contorcendo-se e
dando coices, jogando o burro violentamente de um lado para outro.
Uma cena e tanto! Ele então saía em galope, arrastando o burro
junto consigo, até sumirem de vista — às vezes por dias. Depois
acabavam voltando, com o burrinho todo orgulhoso no comando. O
garanhão havia se esgotado lutando contra a presença do burro.
Quando ficava cansado demais para continuar lutando, o burro
então assumia a posição de líder. E muitas vezes é isso que
acontece com a oração. A vitória vai para os mais persistentes, não
os mais irados; para os mais dedicados, não para aqueles com
grandes demonstrações de emoção e energia. Precisamos de
orações sistemáticas, cheias de dedicação e determinação, e não
de um fogo de artifício esporádico.15
PAI, PERDOE-NOS
Pai, por que o que menos fazemos é justo aquilo de que mais
precisamos? Por que a maioria de nós está tão ocupada que não tem
tempo? Você deve ter muitos dias frustrantes quando Seus olhos
observam de um lado a outro a terra buscando alguém cujo coração seja
completamente Seu. Você deve chorar muitas vezes quando busca um
homem ou mulher que pare na brecha para preencher a lacuna e não
encontra ninguém. Seu coração deve doer às vezes por nós, Seu povo,
esperando que nos levantemos e sejamos o que nos chamou para
sermos.
Nós nos humilhamos perante o Seu trono e lhe pedimos para nos
perdoar pela nossa falta de oração. E perdoe a nós, líderes, Senhor, que
não dissemos ao Seu povo a verdade. Perdoe-nos como Igreja — o
Corpo de Cristo — por permitir que o mal governe esta terra quando
Você tem mais do que poder suficiente em nossos ventres para mudar
isso.
Perdoe-nos, porque não é culpa Sua termos uma geração de jovens
chamada de “Geração X”, marcada pela falta de fé no Senhor. Não é a
Sua vontade que matemos a próxima geração antes mesmo de ela
tomar seu primeiro fôlego. Não é o Seu plano que ainda não tenhamos
superado o principado do ódio que divide esta terra.
Perdoe-nos, Senhor. Limpe-nos agora e quebre as maldições que
permitimos que nos governem. Perdoe-nos e nos limpe do pecado da
apatia, da complacência, da ignorância e da descrença. Lave-nos com a
água da Sua Palavra. Arranque de nós essa falta de oração letárgica, da
qual nos justificamos de milhares de maneiras. No fim é mesmo
desobediência, descrença e pecado.
Pai, por favor, nos perdoe e nos livre. Liberte-nos de sermos ouvintes
da Palavra apenas, e não cumpridores. Dê-nos lares e igrejas fundados
na rocha da obediência à Sua palavra. Desperte em Seu povo a
tenacidade que Jesus tinha, na qual a Igreja Primitiva caminhava. Faça
com que nos livremos de tudo que se oponha ao Seu Espírito, e leva-
nos a uma atitude de pagar o preço de se apoderar do Reino de Deus.
Preencha-nos com o Seu Espírito. Batize-nos com fogo. Que haja uma
transmissão do Espírito de graça e súplica. Que haja uma unção vinda
de Seu trono para os famintos que estão cansados do status quo, da
mediocridade, da morte e da destruição. Estamos cansados disso tudo,
Deus. Estamos cansados de sermos derrotados pelo inimigo. Estamos
cansados de sermos detidos de nosso destino, tanto individualmente
quanto como nação. Estamos cansados da falta e da doença. Estamos
cansados do pecado. Temos fome de algo — do Deus da Bíblia!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Consegue explicar a verdadeira lição ensinada na história em


Lucas 11:5-13? “A oração da importunidade” é uma boa frase
para resumir essa passagem?
O que “substância” de oração significa? Como isso está
relacionado à perseverança?
Cite alguns versículos que demonstrem que as coisas
espirituais podem ser medidas. Agora aplique essa verdade à
oração usando Efésios 3:20,21 e Tiago 5:16.
Consegue pensar em ocasiões em que talvez tenha parado de
orar antes da sua “taça” de oração estar cheia? Tem alguma
situação natural em sua vida que talvez precise liberar mais
poder para receber uma resposta?
Você ama Jesus?
Capítulo Treze

Ações que Falam e Palavras que Agem

UMA REUNIÃO DE ORAÇÃO DAS MAIS


IMPRESSIONANTES

Em 1988, um querido amigo, Michael Massa, me convidou para ir à


Inglaterra ensinar por uma semana. Dois amigos nossos,
intercessores da Inglaterra, Derek Brant e Lew Sunderland, haviam
nos convidado para ministrar a um grupo de cerca de quarenta
pessoas que representavam as Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra,
Irlanda e País de Gales).
Eu não me dei conta de várias coisas que aconteceram naquela
semana. Primeiro, não havia levado em consideração o total de
anos de intercessão ali representados pelo grupo — só Lew
intercedia pela Inglaterra há cerca de trinta anos. Esse detalhe
significava simplesmente que algo poderia acontecer.
Em segundo lugar, eu não sabia que o Espírito Santo apareceria
com tamanha intensidade na última noite, de modo tal que eu não
conseguiria terminar a minha mensagem. Quando pausei e disse: “a
presença de Deus é muito forte, eu simplesmente não consigo
continuar”, um espírito de arrependimento e intercessão pela
Inglaterra caiu sobre todos naquela última noite.
Não resta dúvida de que aquela foi uma das experiências mais
impressionantes que tive na vida. Vimos ações e declarações
proféticas incríveis — termos que explicarei em breve. Falamos
Ezequiel 37:1-10 sobre a terra da mesma maneira que o próprio
Ezequiel profetizou aos ossos secos de Israel e ao Espírito de Deus.
Sentamo-nos em silêncio por mais de uma hora — sem nos
movermos nem falarmos palavra — em profundo arrependimento e
temor do Senhor. Os homens entre nós andaram por onde
estávamos em intercessão profética e de arrependimento, parando
na brecha pelos homens da terra. Foi uma noite verdadeiramente
impressionante.
Em terceiro lugar, eu não estava ciente na ocasião de que Deus
estava me chamando e me dando autoridade espiritual sobre a
nação da Inglaterra. Eu havia recebido palavras e passagens
bíblicas proféticas de diferentes indivíduos falando do chamado para
as nações. E certamente sentia que isso era verdade, mas não
estava ciente do meu chamado particular para a Inglaterra, nem da
autoridade divina que o acompanha.
Havia recebido Jeremias 1:10 em mais de uma ocasião: “Olha,
que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para
arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para
edificares e para plantares.” Eu, porém, não tinha certeza se queria
tal chamado e devo admitir que não o abracei totalmente.
O CHAMADO PARA A INGLATERRA DE UM PROFETA
RELUTANTE
Em maio de 1994, esse mesmo grupo me convidou para voltar à
Inglaterra, juntamente com um grupo de adoração dos Estados
Unidos, guiado por um grande amigo e associado, David Morris.
— Está na hora de darmos prosseguimento à nossa última reunião
unindo o Espírito e a palavra pela adoração profética, seguida por
você, Dutch, dando uma mensagem profética sobre a nação — me
disseram. — Vamos alugar uma das antigas catedrais na Inglaterra
e fazermos nossos cultos lá. Sentimos que isso vai liberar algumas
coisas no espírito e pavimentar um pouco mais o caminho para o
mover de Deus.
— Eu não tenho uma mensagem profética para a Inglaterra, e
além disso, estou muito ocupado — foi a minha resposta.
Mantive essa posição por meses, até várias semanas antes das
reuniões acontecerem. Na época, três intercessores diferentes me
disseram no período de uma semana que eu havia perdido a
orientação de Deus e devia ir para a Inglaterra.
Ora, eles foram gentis e muito respeitosos, mas o Espírito Santo
foi um pouco mais direto ao interpretá-los e me disse: Acorde,
Sheets!
Sendo o homem espiritualmente astuto que sou, duas palavrinhas
de correção foram o suficiente. Depois da última, comecei logo a
pegar o telefone e instruir minha secretária a ligar para a Inglaterra,
informando-os que eu havia falhado com Deus, mas iria para a
Inglaterra, se eles não tivessem mais ninguém.
— Não, não temos mais ninguém — foi o que responderam. —
Sabíamos que ele é que havia de vir. Estávamos apenas
esperando-o ouvir o chamado.
E você fica se sentindo terrivelmente sem espiritualidade quando
todo o mundo mais sabe qual é a vontade de Deus para a sua vida,
menos você!
Para que não venham confundir este livro com uma autobiografia,
vou direto ao ponto. Na nossa última reunião na Inglaterra, e todas
foram muito poderosas, estávamos ministrando na Capela em
Westminster.
Quando estava me preparando para pregar nesta igreja tão
conhecida e de uma herança rica e maravilhosa, localizada a uma
ou duas quadras do Palácio de Buckingham, ouvi as seguintes
palavras no fundo do meu espírito (acredito que o leitor esteja
pronto para isto. Provavelmente já sabe que posso ser um pouco
radical às vezes): Você não está pregando para as pessoas aqui
presentes esta noite. Está pregando para esta nação. Está
declarando a Minha Palavra para ela, chamando-a de volta à justiça,
à santidade, ao arrependimento, a Mim. Clame pela Minha unção,
pelo Meu fogo e pela Minha presença de volta a esta terra.
Não querendo que os meus anfitriões me achassem muito
estranho, lhes informei o que pretendia fazer. E foi o que fiz!
Preguei para o ar.
Preguei para o governo.
Preguei para os pecadores da Inglaterra.
Preguei para todo o Corpo de Cristo na Inglaterra.
Nunca trabalhei tão duro na minha vida. Sentia como se estivesse
guerreando e tentando vencer um exército de demônios. No fim da
minha mensagem, sentei-me atrás da plataforma, exausto, molhado
de suor e quase tonto. Não sentia nem vitória nem derrota, só a
exaustão da batalha.
Lew Sunderland, a intercessora matriarcal responsável por me
convidar e orar para que eu fosse, uma verdadeira mãe na fé,
aproximou-se de mim com um sorriso doce e compreensivo.
Colocando minhas bochechas em suas mãos me disse
afirmativamente:
— Está tudo bem, querido, você venceu a barreira. Fez o que era
preciso.
Mais tarde ela me disse:
— Você agora aceitou, não foi, querido — para Lew todo o mundo
é querido —, que Deus o chamou para esta nação e lhe deu
autoridade aqui?
— Sim, senhora — respondi manso e submisso, como uma
criança diria à sua mãe depois de ter acabado de aprender uma
lição valiosa.
— Não vai mais questionar, não é?
— Não, senhora.
— Que bom. Vamos trazê-lo de volta assim que o Senhor disser
que é a hora certa. Tudo bem?
— Sim, senhora.
E eu voltei no mês seguinte!
Recebemos uma ligação da Inglaterra na semana seguinte à
nossa ministração que dizia: “Rompeu um reavivamento em
Londres.” Indubitavelmente, um reavivamento havia caído sobre a
nação, e muitas pessoas buscaram a Cristo e milhares receberam
um toque do Espírito Santo.
A UNÇÃO BUMERANGUE: AÇÃO E DECLARAÇÃO
Eu nunca pensaria que um reavivamento ocorreria somente por
causa da nossa ministração. Os anos de intercessão de muitos e as
horas incontáveis de labuta altruísta de centenas de homens e
mulheres tiveram muito mais a ver com ele do que qualquer coisa
que a nossa equipe poderia jamais fazer.
Qual foi o nosso papel? Adoração profética — declarar e cantar a
pompa, o esplendor, a grandiosidade, o governo e a autoridade de
Deus — e declaração profética — proclamando a vontade e a
Palavra do Senhor no domínio do espírito.
Há um aspecto interessante da intercessão que poucas pessoas
entendem e ainda menos pessoas praticam. É a ação e a
declaração profética. O que queremos dizer com isso? Quando
dizemos que algo é “profético”, queremos dizer que prediz (que fala
de algo ou prediz coisas futuras) ou anuncia (ações ou palavras que
declaram algo por Deus). No último caso não tem de ser nada com
relação ao futuro. Algo profético por natureza pode ser ou um ou
ambos — uma predição ou uma declaração em nome de Deus.
Qualquer uma delas tem por motivo uma antecipação ou
preparação. Palavras ou ações proféticas abrem caminho, da
mesma maneira que João Batista, o profeta, abriu caminho com
suas palavras e ações para o Messias por vir e para a glória de
Deus ser revelada (ver Isaías 40:1-5). O ministério profético libera o
caminho para a glória do Senhor e para o ministério de Jesus a
seguir. Ações e declarações proféticas abrem caminho para Deus
operar na terra.
Em certo sentido, elas liberam Deus para fazer algo, tornam-se a
realização dos meios ou métodos pelos quais Ele escolheu operar.
Elas não o liberam no sentido de que Ele esteja preso — Deus
obviamente não está preso. Mas o liberam no sentido de que:

Obediência a Deus traz uma resposta de Deus. Como veremos


mais tarde neste capítulo, ações e declarações proféticas não
significam nada se não forem direcionadas por Deus. No
mesmo sentido, quando Ele nos instrui, devemos obedecer. Ele
escolhe fazer as coisas de certa maneira e quando essa
maneira é seguida, ela libera Deus para fazer o que Ele quer
fazer. Ele nem sempre explica por que devemos fazer de
determinada maneira. Como é Deus, tem esse direito. Mas
quando a maneira pela qual escolhe operar é realizada, Ele
então faz o que precisa fazer.
Fé libera Deus. Quando Ele diz, “faça isto”, fé e obediência o
liberam.
Elas o liberam no sentido de que Sua Palavra criativa e eficaz é
liberada na terra. O poder criativo, a energia e a habilidade de
Deus que procedem de Suas Palavras são liberadas na terra
pela declaração profética! Se você não estiver aberto para a
revelação, nunca será capaz de abraçar isso. Abra o seu
coração para ser iluminado.

Uma definição mais completa seria: ação e declaração profética


são coisas ditas ou feitas no plano natural sob a direção de Deus,
que abrem caminho para o Seu mover no plano espiritual, que
consequentemente efetua uma mudança no plano natural. Que
parceria entre Deus e o homem, não é? Deus diz para fazermos ou
dizermos algo. Nós obedecemos. Nossas palavras ou ações
causam um impacto no plano celestial, que então causa um impacto
no plano natural. Essa talvez seja a “unção bumerangue”!
Estou certo de que a esta altura você poderia usar alguns
exemplos bíblicos disso, então, permita-me lhe dar vários. Primeiro
gostaria de citar exemplos bíblicos de ações proféticas que
precederam e/ou liberaram literalmente ações na terra. Depois
examinaremos algumas declarações proféticas.

AÇÕES PROFÉTICAS
Moisés estendeu a mão com sua vara para o mar Vermelho como
um exemplo de ação profética (ver Êxodo 14:21). Por que ele teve
de fazer aquilo? Porque Deus lhe disse para fazê-lo. Ele queria que
a simbólica vara da autoridade fosse estendida sobre o mar
Vermelho. Se ele não tivesse estendido a vara sobre o mar
Vermelho, o mar não teria se partido. Deus estava dizendo, em
essência: “Eu quero um ação profética para Me liberar para fazer
isto!”
Outro exemplo de uma ação profética é Moisés segurando a vara
de autoridade em Refidim quando Israel estava batalhando com
Amaleque (ver Êxodo 17:9-13). Eu contei a história no capítulo 9
para salientar a diferença entre autoridade e poder, mas ela também
é uma demonstração vívida de ação profética.
Moisés estava na montanha com a vara da autoridade levantada.
Quando ele a tinha levantada, Israel prevalecia. Quando cansava e
a baixava, Amaleque prevalecia. A moral não era a questão. Acha
que os soldados no campo de batalha estavam olhando para Moisés
em vez de lutar? Não tinha nada a ver com a moral dos soldados —
eles provavelmente nem viam a vara subindo ou descendo.
Tinha sim a ver com algo que estava acontecendo no plano do
espírito. Essa ação profética estava liberando algo nos céus. E ao
fazer isso, a autoridade de Deus refletia até a terra e dava a vitória
aos israelitas. Não posso explicar mais do que já expliquei. Algumas
coisas, quando tratamos com Deus, simplesmente não têm
explicação.

À MANEIRA DE DEUS, MESMO QUANDO NÃO FAZ SENTIDO


Moisés batendo na rocha em Êxodo 17:6 é outro exemplo de ação
profética. Ele pegou a vara da autoridade, bateu na rocha e dela
saiu água. Por quê? Porque Deus queria que fosse dessa maneira.
Poderíamos falar sobre todo o simbolismo dessas ações e
possivelmente entender por que Deus fez o que fez, mas a
conclusão é a seguinte: quando Ele escolhe fazer algo de
determinada maneira, alguém tem de fazer na terra uma ação que
não faz sentido, mas quando a faz, libera algo no espírito, que então
libera algo na terra. Não conseguimos normalmente água de uma
rocha quando batemos nela com uma vara... A não ser que Deus
nos diga para fazermos isso. Repito, quando Ele nos diz para
fazermos algo, essa ação causa um impacto no espírito, que por
sua vez afeta a terra e produz resultados — como extrair água de
rochas. Isso é uma ação profética!
Muitos desses exemplos aparecem na Bíblia. Em 2 Reis 13:14-19,
Elias estava para morrer e o rei Jeoás foi visitá-lo. Os assírios
estavam acampados ao redor de Israel e ele queria uma instrução
do profeta. Elias disse: “Toma seu arco e flecha e atira para fora da
janela em direção ao campo do inimigo!” Era uma declaração de
guerra. O rei e o profeta colocaram as mãos no arco juntos e
lançaram a flecha. Elias disse: “Essa é a flecha do livramento do
Senhor, Rei. Agora toma essas flechas e atira contra a terra.”
O rei estava prestes a ser testado. Suas ações seriam proféticas.
Sem saber o que o profeta estava para fazer, ele atirou as flechas
contra a terra três vezes.
O profeta ficou indignado. “Você terá vitória sobre os seus inimigos
três vezes e então eles o conquistarão”, disse. “Deveria ter atirado
as flechas pelo menos cinco ou seis vezes, pois então os teria
conquistado!”
Essa história não me parece justa. Como é que o rei ia saber que
deveria ter atirado mais vezes? Acho que o ponto é que se Deus diz
para atirar três vezes, então você atira três vezes. Mas se Deus
simplesmente diz atira, então deveria atirar até Ele mandar parar!
Deus buscava uma ação profética, mas não obteve o que queria.
Nem o rei!
As pessoas eram curadas nas Escrituras por uma ação profética.
Jesus fez argila com saliva, esfregou os olhos do homem cego e lhe
disse para ir se lavar no tanque de Siloé (ver João 9:6,7). Naamã, o
leproso, mergulhou no Rio Jordão sete vezes (ver 2 Reis 5:10-14).
“Eu não quero”, ele disse. “Então, não fique curado”, respondeu o
servo de Naamã. Por quê? Porque Deus escolheu operar daquela
maneira. E quando Deus escolhe determinado método, nada mais
funciona.
Cindy Jacobs descreve as ações proféticas em seu livro A Voz de
Deus:
Outras vezes, Deus pedia ao Seu povo, como um todo, para fazer algo
que não só era profético, mas também tinha grande poder como modo
de intercessão para efetuar uma mudança profunda quando obedecido.
[...] Em 1990, uma equipe da Women’s Aglow [Mulheres Radiantes] foi
para a Rússia interceder por aquela nação. Elas foram guiadas a fazer
várias ações proféticas. Nossa viagem ocorreu antes da queda do
comunismo soviético e várias coisas aconteceram que nos levaram a
acreditar que estávamos sendo monitoradas. Antes de partirmos, minha
amiga Beth Alves teve um sonho que havíamos literalmente enterrado a
Palavra de Deus no solo. Isso mais tarde resultou em uma ação
profética crítica em nossa viagem.
Uma estratégia que usamos para intercessão era pegar um ônibus para
turistas e fazer um tour pela cidade. Esses passeios pela cidade são
ótimos porque levam os visitantes a todos os sítios históricos. Um dos
lugares que visitamos foi a Universidade Estadual de Moscou, um
bastião do ensino comunista. Enquanto estávamos sentadas ali em um
muro perto da faculdade, de repente me lembrei do sonho de Beth e
pensei no folheto sobre As Quatro Leis Espirituais que eu tinha em
minha bolsa. Em um flash sabia que era ali que devia fazer o que Beth
havia visto em sonho.
Pulei rapidamente (só tínhamos alguns minutos antes do ônibus seguir)
e disse: “Vamos lá, vamos plantar a Palavra na terra!” Várias das
senhoras me acompanharam. Arfando enquanto corríamos, eu lhes
lembrei do sonho de Beth e lhes contei sobre o folheto. Olhei ao redor e
vi o abrigo de algumas árvores no qual podia fazer a ação profética.
(Tínhamos encontrado alguém na Praça Vermelha naquele dia que
estávamos bastante certas tratar-se de um agente da KGB, e como não
estávamos interessadas em ser lançadas em um prematuro ministério
na prisão, tínhamos de ter cautela!)
Ao encontrar um local abrigado, me ajoelhei e cavei. Foi um fracasso,
visto que tudo o que consegui foi quebrar as minhas unhas. Finalmente,
consegui um graveto e fiz um buraco. Joguei o folheto e o cobri
rapidamente enquanto as senhoras oravam. Apontando para a
universidade, comecei a profetizar: “A semente deste folheto vai crescer
em escolas de evangelismo, e teologia será ensinada aqui.” Mais tarde,
depois da queda do comunismo na Rússia, Billy Graham começou
escolas de evangelismo ali. A Irmã Violet Kitely, uma amiga minha, me
disse que o Shiloh Christian Center (uma igreja grande em Oakland,
Califórnia) estabeleceu uma igreja na Universidade Estadual de Moscou.
O que acontece com essas ações proféticas? Elas são intercessoras por
natureza. Na verdade, poderiam ser chamadas de ações intercessoras.
Certos aspectos do que acontece podem parecer de natureza
especulativa. Não podemos provar a correlação entre obediência em
fazer uma ação profética e, digamos, começar escolas de evangelismo.
Mas, vezes sem conta, vemos nas Escrituras que Deus falou aos Seus
filhos para fazerem uma ação profética de intercessão, e operou
poderosamente como resultado disso.1

DECLARAÇÃO PROFÉTICA
Vejamos alguns exemplos bíblicos de palavras proféticas que
procederam a ação por parte de Deus. Em Jeremias 6:18,19,
Jeremias profetizou e disse: “Portanto, ouvi, ó nações [...] ó terra.”
Semelhantemente, em Jeremias 22:29, ele voltou a profetizar
dizendo: “Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor.”
Muitos me considerariam um louco varrido se eu saísse de casa e
dissesse, “Toda a terra, ouça-me agora! E, todas as nações, estou
falando com vocês.” Mas foi o que Jeremias fez. Ele fez uma
declaração profética que no natural não fazia nenhum sentido.
Devemos entender que não é uma questão do que as nossas
palavras normalmente fazem, mas sim o falar por Deus que libera o
Seu poder para realizar algo. Não é o que acontece quando
pregamos ou declaramos o evangelho, que é o poder de Deus para
salvação (ver Romanos 1:16)?
A nossa boca, ao falar a Palavra de Deus, libera o poder dessas
palavras. Não é isso também o que acontece quando falamos Sua
Palavra e a usamos como uma espada na guerra espiritual? Ele
enche nossas palavras de poder divino. Por que então Ele não
permitiria que fôssemos a Sua voz em outras situações? Quando
Jeremias disse, “ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor!”, era
como se o Próprio Deus estivesse dizendo, “ó terra, terra, terra!
Ouve as Minhas Palavras!”.
Deus disse a Jeremias antes que ia usá-lo para “arrancar,
despedaçar, arruinar e destruir; para edificar e plantar” (Jeremias
1:10). Note, então, em Jeremias 31:28 que Ele diz que fez justo isto:
arrancar, despedaçar, arruinar e destruir. É imperativo que vejamos
que Deus fez essas coisas pelas palavras de Seu profeta.
Em Miqueias 1:2, o profeta disse: “Ouçam, todos os povos;
prestem atenção, ó terra e todos os que nela habitam.”
Você não se sentiria um pouco tolo dizendo, “ó terra e tudo o que
há nela, Deus quer que eu fale com você. Estão ouvindo?” Mas foi o
que Miqueias fez. Obviamente ele não foi ouvido por toda a terra,
tampouco a tempestade ouviu Jesus lhe dizer para acalmar ou a
figueira o ouviu mandá-la morrer. Quer algo nos ouça quer não,
essa não é a questão. O que estamos tentando entender é o poder
da declaração inspirada pelo Espírito Santo — ela libera o poder de
Deus nas situações.

TORNAMO-NOS A VOZ DE DEUS


“Mas eles eram os profetas e Jesus”, alguns podem argumentar.
Sim, mas depois de repreender a tempestade, Jesus repreendeu os
discípulos pelo seu medo e sua descrença, implicando que eles
deveriam tê-la repreendido. Após ter amaldiçoado a figueira, Ele nos
deixou uma promessa de que poderíamos dizer às montanhas que
se precipitassem ao mar. Ele estava descrevendo o poder da
declaração inspirada pelo Espírito Santo. Tornamo-nos a voz de
Deus sobre a terra.
Em seu livro The Praying Church [A igreja que ora], Sue Curran
cita S. D. Gordon:

A oração certamente influencia Deus. Ela não influencia o Seu propósito.


Mas influencia Sua ação. Tudo pelo que já foi orado, claro que falo de
tudo o que é certo, Deus já Se propunha a fazer. Mas Ele não faz nada
sem o nosso consentimento. Seus propósitos têm sido impedidos por
não estarmos dispostos. Quando entendemos os Seus propósitos e
fazemos deles as nossas orações, damos-lhe a oportunidade de agir.2

Oséias 6:5 é um versículo poderoso que fala do julgamento de


Deus: “Por isso Eu os despedacei por meio dos Meus profetas, Eu
os matei com as palavras da Minha boca.” Como é que Ele fez isso?
Por meio das Suas palavras ditas pelos profetas. As palavras de
Deus, que os Seus humanos liberaram por Ele.
É importante afirmarmos claramente que para as declarações
serem eficazes, devem ser as palavras e as ações que Deus nos
manda dizer e fazer. “Assim também ocorre com a palavra que sai
da Minha boca: ela não voltará para Mim vazia, mas fará o que
desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei” (Isaías 55:11, grifo
do autor).
Por favor, entenda que, quando Deus diz isso, não está falando
sobre Ele mesmo falar do céu, das nuvens. Ele se refere ao que Ele
dizia, e ainda estava dizendo a eles pelo profeta Isaías. Em
essência estava declarando: “As palavras deste homem são as
Minhas palavras. Ele é a Minha voz. Suas palavras não voltarão
para Mim vazias, mas farão exatamente o que Eu as enviei a fazer
através deste homem!” Isso é muito impressionante!
É claro que tem gente que diz que Deus não fala nada diretamente
a nós hoje em dia — que Ele só usa a Bíblia — e, portanto, só
podemos declarar as Escrituras por Ele. Tenho o maior respeito
pelos meus irmãos e irmãs que creem nisso, e gostaria de encorajá-
los a dizerem as palavras da Bíblia apropriadas em todas as
situações. Mas, para outros que acreditam que o Espírito Santo
pode falar aos nossos espíritos, ouçam a Sua orientação ao orar e,
quando sentirem-se guiados, falem e façam ousadamente o que Ele
os instruir. É claro que tudo o que fazemos deve ser julgado pelas
Escrituras e não deve nunca violá-las.
Beth Alves, em seu notável manual de oração, Becoming a Prayer
Warrior [Tornando-se um guerreiro de oração], nos dá instruções
excelentes e detalhadas sobre ouvir a voz de Deus.3 Seria prudente
estudá-lo, ou estudar outro livro semelhante, para certificar-se de
que está aprendendo a ouvir a voz de Deus. Além disso, verifique
com líderes divinos e maduros antes de fazer alguma coisa de
natureza pública ou algo que pareça extremamente estranho. Não
dê uma de Isaías saindo nu pela cidade (ele provavelmente vestia
um saco). Use de sabedoria e, na dúvida, sempre verifique com
alguém. Se não for possível, não faça. Nunca faça nada que
contradiga as Escrituras ou que possa ser uma vergonha para o
nome do Senhor.
DIZER O QUE DEUS DIZ
A palavra no Novo Testamento para “confissão” é homologia, que
significa “dizer o mesmo”.4 A confissão bíblica é dizer o que Deus
diz — nem mais nem menos. Se não for o que Deus está dizendo
sobre uma situação, não faça nada. Mas se é o que Ele diz, realiza
muito.
A Palavra de Deus é chamada de “semente” nas Escrituras. A
palavra base no grego é speiro. Spora e sperma são variações
dessa palavra, ambas traduzidas por “semente” no Novo
Testamento. É fácil ver as palavras “espora” e “esperma” nelas.
O método de reprodução ou de dar vida de Deus é a Sua Palavra,
pela qual nascemos de novo (ver 1 Pedro 1:23), somos limpos (ver
João 15:3), amadurecemos (ver Mateus 13:23), somos libertos (ver
João 8:31,32), curados (ver Salmos 107:20) — e obtemos muitos
outros resultados. Quando Deus fala a Sua palavra, Ele jorra
sementes que darão fruto. A Palavra de Deus nunca é ineficaz; ela
sempre produz algo. Quando falamos as Palavras de Deus nas
situações, como o Espírito Santo nos orienta, estamos semeando as
sementes de Deus, que então lhe possibilita fazer com que haja
vida!
Jó 22:28 (NVI) declara: “O que você decidir será feito, e a luz
brilhará em seus caminhos.” A palavra “decidir” significa literalmente
“decidir e decretar”5 — determinar algo e então decretá-lo. O
significado real de omer, a palavra traduzida por “o que” é “uma
palavra; uma ordem; uma promessa”.6
Seria mais preciso dizer, “você deverá decretar ou declarar uma
palavra”. E Ele então diz que aquilo será feito. “Será feito ou
estabelecido” é a palavra qum, que significa não só fazer, mas
também “surgir ou levantar”.7 Acredito que o que Deus está dizendo
é: “você decretará uma palavra e ela surgirá. Você regará Minha
semente. Ela surgirá (crescerá) e fará alguma coisa na terra.”
Por que você não promove alguma salvação na terra decretando
as sementes de salvação? Determine a libertação de alguém
declarando sementes de liberdade. Determine que haja união em
sua igreja ou cidade, dando ordens às sementes de união.
Estabeleça o destino de Deus para os seus filhos plantando
sementes de destino. Plante seu jardim. Cuide bem dele. Veja só se
a Palavra de Deus não vai produzir uma seara. Represente a vitória
do Calvário com sua boca!
Jó 6:25 diz: “Como são persuasivas as palavras retas!”
“Persuasiva” é a palavra marats, que também significa “pressionar”.8
Como o anel do rei que é pressionado em um documento para selá-
lo, nossas palavras também selam as coisas. Elas selam nossa
salvação, as promessas de Deus, os nossos destinos e muitas
outras coisas.9
Eclesiastes 12:11 nos diz: “As palavras dos sábios são como
aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas,
dadas pelo único Pastor.” As nossas palavras são como pregos para
construir no espírito. Assim como um prego é usado para manter
algo em seu lugar, as palavras são usadas para manter as
promessas de Deus em seu lugar, permitindo-nos construir e edificar
coisas no espírito.10

PROFETIZANDO PARA OS OSSOS E O ESPÍRITO


A passagem de Ezequiel e o Vale dos Ossos Secos é outro exemplo
de declaração profética. “Profetiza a estes ossos!”, disse Deus ao
profeta.
Dá para imaginar o que Ezequiel pensou? Falar com ossos? Deus,
se Você quer que algo seja dito a esqueletos, por que não diz Você
mesmo? Mas Ezequiel obedeceu e disse: “Ossos secos, ouvi a
palavra do Senhor.” E foi o que fizeram! Os ossos se juntaram, e
cresceu carne neles.
Contudo, eles não tinham vida, e a nova incumbência de Ezequiel
me impressiona ainda mais do que profetizar para ossos. O Senhor
disse, “Profetiza ao espírito”. Mais adiante nessa passagem,
ouvimos que o espírito para o qual ele estava profetizando era o
Espírito Santo. Deus não disse: “Profetiza através do Espírito
Santo”, nem disse, “Profetiza no lugar do Espírito Santo”. Deus
disse: “Quero que você profetize para o Espírito Santo.” Ezequiel fez
isso e o Espírito de Deus fez o que o homem lhe disse para fazer.
Incrível!
O profeta deu uma ordem ao Espírito Santo? Na verdade não. Ele
não estava dando ordem a Deus, mas sim por Deus. Esse tem sido
o plano e a intenção de Deus desde a Criação: operar em parceria
com o homem. “Pai e Filhos Ltda.”, administrando o planeta! Deus
operando através da declaração profética de um ser humano. Quem
consegue entender um negócio desses?

FALANDO AO MURO
Há vários anos, o Senhor enviou Dick Eastman, presidente da Every
Home for Christ [Todo lar para Cristo], para Berlim. Imagine receber
uma incumbência dessas de Deus? O Muro de Berlim ainda existia,
e Dick sentiu que o Espírito Santo o estava impelindo com as
seguintes instruções: Quero que pegue um avião, voe para a
Alemanha, vá até o Muro de Berlim, imponha as mãos nele e diga
estas cinco palavras: “Em nome de Jesus, caia!” Era tudo — fim da
incumbência! Cinco palavras e poderia voltar para casa.11
Que acha deste diálogo entre você e sua esposa:
— Sabe, querida, o Senhor me disse algo.
— É mesmo, o quê?
— Olha, Ele quer que eu vá para a Alemanha.
— Tudo bem, o que você vai fazer lá?
—Vou para o Muro de Berlim.
— Quê? O que vai fazer no Muro de Berlim?
— Vou colocar as minhas mãos nele e dizer, “Em nome de Jesus,
caia!” e aí volto para casa.
Seria uma conversa interessante, não acha?
Mas foi exatamente o que Dick fez, porque ele entendia o poder da
ação e da declaração profética. Dick nunca proclamaria ter sido a
única pessoa usada por Deus para fazer cair o Muro de Berlim.
Contudo, pouco depois disso o muro caiu.
UMA VISÃO PARA OS JOVENS
Anos atrás, eu estava em Washington, na capital dos Estados
Unidos, para o Dia Nacional de Oração com o Master’s Commission,
um grupo de jovens de Spokane, Washington. Ceci, minha esposa,
e eu os acompanhávamos porque, embora ministrasse para eles há
dois meses, vi um quadro incrível — acredito que foi uma visão. Era
um estádio cheio de jovens radicalmente compromissados com
Deus. Ao observar melhor, vi que essa multidão de jovens saía do
estádio e inundava a nação, levando um reavivamento da fé com
eles.
Contei a minha visão a esses jovens e um espírito de intercessão
caiu sobre nós por uns trinta minutos. Foi verdadeiramente uma
hora de oração incrível pelos jovens dos Estados Unidos. Quando
terminamos de orar, senti que devia me unir a esses jovens em sua
futura viagem a Washington.
Pouco depois de chegarmos à capital, senti o Senhor falando
comigo: Vou confirmar para você nesta viagem que estou enviando
um reavivamento a esta nação. Também lhe mostrarei que os
jovens vão desempenhar um papel importante nisso.

A VISÃO CONFIRMADA
Minha primeira confirmação foi no Dia Nacional de Oração. Havia
provavelmente de 400 a 500 pessoas reunidas na primeira reunião
de oração da manhã — senadores, congressistas, figuras do
governo e líderes espirituais da nação. Eu não fazia parte do
programa, mas estava ali para concordar em oração, como a
maioria dos participantes. O Master’s Commission havia, de algum
modo, recebido permissão para estar no programa, e isso em si era
um milagre. Quando esses jovens foram convidados para subir ao
palco para os seus quinze minutos, foram pelo corredor cantando,
Heal Our Land [Sara a nossa terra].
Ao cantarem, o Espírito de Deus caiu sobre o lugar como um
cobertor. Talvez “pairou” seja uma palavra melhor para descrever o
que aconteceu. A presença de Deus não foi sentida tão fortemente
em nenhum outro momento. Não vi ninguém presente que não
estivesse chorando. Dr. James Dobson, que falou depois do
Master’s Commission, comentou, entre lágrimas, que não é sempre
que testemunhamos um momento no qual se faz história. Tenho
certeza de que todos os presentes acreditam que aquele dia
impactou a história da nossa nação.
Aqueles jovens então tiveram um encontro com Norm Stone, um
senhor de sua igreja, a Harvest Christian Fellowship. Deus chamou
Norm anos atrás para cruzar os Estados Unidos sete vezes como
uma ação profética de arrependimento e intercessão pelos bebês
assassinados em abortos no país. Isso é uma ação profética! O
grupo do Master’s Commission, formado por jovens cuja maioria
pertencia à mesma igreja, o seguiram, caminhando trinta e cinco
quilômetros por dia por duas semanas, orando.
Na noite antes desses jovens se unirem a Norm, ouvi as seguintes
palavras do Senhor: Esta é uma declaração profética Minha de que
esta geração que Satanás está tentando aniquilar pelo aborto —
Minha próxima geração de guerreiros na terra — não foi e não será
destruída. Estou enviando estes jovens para marcharem atrás de
Norm como uma mensagem profética que diz, “Não! Esta geração é
Minha, Satanás, e você não a terá!”
Mais tarde, naquela noite, ouvi as palavras: Vou confirmar a você,
mais uma vez, que estou enviando um reavivamento da fé a esta
nação, no qual os jovens têm um papel proeminente. Farei isso
através da sua leitura da Bíblia esta noite.
Eu estava escalado para uma maratona de leitura de três dias, na
qual a Bíblia seria lida na íntegra por diversos indivíduos voltados
para o prédio do Capitólio. Cada participante podia ler por quinze
minutos, não mais. Estávamos preparados para ler a partir de onde
o último leitor havia parado. Não escolhi o momento em que ia ler —
alguém havia me escalado no dia anterior e me informado que eu
deveria estar lá à meia-noite do dia seguinte.
Dada a natureza das maneiras como o Senhor tratava comigo na
época, eu lhe disse: “Senhor, só tem um jeito de eu saber com
certeza que Você está me confirmando essas coisas com a leitura
da Bíblia. Quando eu chegar, eles terão de me dizer que posso ler
ou o livro de Habacuque ou de Ageu.” Não era uma prova do velo
da lã, nem eu estava colocando Deus à prova. Fiz aquilo por causa
do que já sentira o Senhor falar comigo quando li esses dois livros.
Sabe o tamanho desses livros? Eles têm oito páginas na minha
Bíblia. Quais seriam as chances de eu chegar lá e alguém me dizer
para ler justamente aquelas oito páginas, sendo que não havia
escolhido o que iria ler, nem mesmo o momento?
Fui até a senhora responsável.
— O senhor é Dutch Sheets?
— Sou eu mesmo.
— O senhor vai ler daqui a quinze minutos, depois dessa pessoa.
Fica à sua escolha. Pode ler o livro de Ageu ou o de Habacuque.
Eu quase desmaiei! Pode crer que li a Palavra do Senhor com
autoridade, fazendo uma declaração profética sobre o governo
desta nação com plena fé no reavivamento que estava por vir.
FAÇA O QUE ELE DISSER, NÃO IMPORTA O QUÊ!
Deus está chamando a Igreja para um novo entendimento da ação e
da declaração profética, para servirem como Sua voz e Corpo na
terra. Quando Ele nos fala de Seu plano, por mais tolo que pareça
— levante sua vara, fale com os espiritualmente mortos, ande pelo
seu bairro, marche em nossas ruas, bata em rochas, cruze os
Estados Unidos a pé, leia a Bíblia para o Capitólio, fale a uma nação
que não está ouvindo — Ele precisa que façamos o que Ele diz!
O Senhor talvez o oriente a ir para o quarto de um filho rebelde e
ungir com óleo e orar pelas suas roupas, falar para a cama de seu
filho, ou fazer alguma outra ação simbólica. Outros serão chamados
para fazerem declarações às suas cidades e aos seus governos.
Alguns serão instruídos para marcharem na terra, proclamando o
Reino de Deus. Faça o que Ele lhe disser, não importa o quê.
Declare com ousadia a Palavra de Deus sobre e nas situações.
Espalhe a semente da Palavra de Deus na terra e espere uma
colheita. Será feito. Vai surgir! Haverá vida!
“Você agora sabe que foi chamado para fazer isto, não sabe,
amado?”
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Defina ação e declaração profética. Explique como elas


“liberam” Deus. Agora dê alguns exemplos bíblicos.
Pode explicar a conexão entre a palavra de Deus, sementes e
as nossas declarações inspiradas pelo Espírito Santo?
Pode citar alguns versículos das Escrituras que seriam bons
para decretar a salvação de alguém? A cura? E os versículos
que pode decretar pela sua cidade?
Deus não é bom?
Capítulo Quatorze

A Unção da Sentinela

A PRAGA GENÉTICA

A única coisa pior do que fazer compras é assistir a alguém fazer


compras. Com exceção da minha esposa, é claro. Eu não me
incomodo nem um pouco de segui-la pelo shopping por duas ou três
horas. Eu me mostro interessado de vez em quando com pequenas
expressões de apoio — “Hu-hum... Hã... Hum.” E algumas vezes até
uso palavras — “sim”; “não”; “claro”; “Quanto?!” Eu aprendi
rapidinho a corrigir essa última: “Puxa, que preço ótimo!” Acho que a
única coisa que se compara com assistir a alguém fazer compras é
uma competição de costura.
É por isso que eu estou sentado na praça de alimentação
enquanto minha esposa e minha filha caçula, Hannah, fazem
compras. É um desses shoppings com ponta de estoque, onde eles
vendem peças com pequenos defeitos “em promoção”. Minha filha
mais velha, Sarah, está comigo lendo. Ela também não gosta de
fazer compras — ainda. No caminho para o nosso “refúgio da praça
de alimentação” eu a ensinei sobre os genes que ela tem — genes
que Deus deu a todas as mulheres — só que não começaram a se
manifestar ainda. Expliquei que ela não precisa se preocupar, um
dia desses vai acontecer.
Em meus estudos dessa praga genética — estudos que em sua
maioria acontecem em conversas com outros homens nas praças
de alimentação —, eu descobri que ninguém sabe ao certo quando
esse gene desperta ou o que o estimula. Pode ocorrer em qualquer
momento entre os 6 e os 13 anos de idade. Às vezes acontece no
meio da noite; elas de repente acordam tremendo — sintomas
semelhantes aos de uma virose. Quando chegou a vez da Hannah,
eu estava pronto para ungi-la com óleo, mas Ceci me avisou que
isso não iria adiantar.
— Como assim, não vai adiantar? — eu perguntei surpreso. —
Claro que vai.
— Não — ela me disse —, é o gene das compras despertando.
Nós temos que levá-la ao shopping imediatamente.
A mãe estava certa, é claro. Ela sempre está. Hannah voltou pra
casa toda orgulhosa com sua sacola, parecia que tinha pescado seu
primeiro peixe. Mulheres! Quem consegue entendê-las?
Para provar minha teoria, eu acabei de contar a quantidade de
homens e mulheres na praça de alimentação e nas lojas ao redor —
26 do sexo feminino e 9 do sexo masculino. Metade dos homens era
de crianças que tinham sido arrastadas até ali contra sua vontade.
Outro homem escrevia — este cujas palavras você está lendo neste
momento — e o restante estava gemendo, “Humm”. Fiquei com
pena de um cara; ele parecia mesmo um zumbi. Eu acho que ele
acabou surtando por conta do estresse.
Ceci e Hannah estão de volta para beber algo e nos mostrar seus
“achados”. Eu estou grunhindo. Ceci está na verdade deixando a
Hannah comigo para que ela possa voltar correndo para comprar
mais uma coisa. Compradoras aprendizes de sete anos de idade
não conseguem acompanhar o tempo todo o ritmo das profissionais.
Elas ainda não tiveram aquelas aulas de aeróbica, cuja verdadeira
motivação é, na verdade, o condicionamento físico para as compras.
CUIDADO COM O QUE VOCÊ ASSISTE
Por que Deus não poderia ter feito as mulheres gostarem de coisas
normais como sentar em uma floresta com um frio abaixo de zero
esperando que um veado ou um antílope apareça de repente?
Puxa, isso sim é especial! Ou assistir ao jogo de futebol! Eu não
gosto tanto assim de assistir à televisão — a não ser que seja um
bom programa de esportes. Ceci nem sempre me entende nessa
área, mas ela tenta ser compreensiva.
— Para quem você está torcendo? — às vezes ela pergunta.
— Não faz diferença quem ganha ou não — eu normalmente
respondo.
— Um desses é seu time favorito?
— Não exatamente.
— Ah, então talvez tenha um ou dois jogadores prediletos?
— Não, eu não sei nada sobre esse pessoal não.
— Então por que você está assistindo a esse jogo? — ela
pergunta, curiosa.
— Porque é um jogo de futebol — eu explico com toda a paciência
do mundo.
As pessoas algumas vezes não conseguem enxergar o óbvio. Vou
contar o que me intriga — o porquê de ela e minhas filhas gostarem
de assistir a coisas que as fazem chorar. Vai entender!
Há uma variedade de coisas que se pode assistir: televisão, um
desfile, observar o relógio, observar a bolsa de valores, observar os
pássaros (se equipara com competições de costura para mim), e
milhões de outras coisas. Eu gosto de ver crianças rindo, eu odeio
ver pessoas chorando. Tenho assistido a indivíduos nascer e tenho
assistido a indivíduos morrer.
Certa vez, observei uma mulher em San Pedro, Guatemala,
procurar um relógio. Era de seu marido — ele morreu no terremoto
de 1976. Três de seus filhos também morreram naquele terremoto.
Tudo que restou para ela e seu bebê sobrevivente eram as roupas
que vestiam. Sua pequena casa de sapê virara um monte de terra.
Quando o nosso intérprete perguntou o que ela procurava ao
cavar, ela respondeu: “Um saco de feijão que tínhamos e o relógio
do meu marido. Ele estava dormindo mais ou menos aqui quando
morreu”, disse ela, apontando para uma área de aproximadamente
três metros quadrados. “Significaria tanto para mim se eu pudesse
encontrar seu relógio.”
Nós começamos a cavar.
Embora fosse como procurar uma agulha em um monte de palha,
nós pedimos a Deus que nos ajudasse, e entramos naquele monte
de entulho de um metro de profundidade. Naquele momento eu
enfrentaria o inferno por aquele relógio. Nós o encontramos pouco
mais de uma hora depois.
“Muchas gracias”, ela repetia entre lágrimas, enquanto apertava o
relógio ao peito.
“Tesouro” é um termo tão relativo, eu pensei ao limpar as lágrimas
dos meus olhos. Eu queria que o mundo pudesse ver isso. Quem
sabe algumas prioridades mudariam.
Também observei outra mulher, segurando sua filha de três anos,
se afastando da fila de alimentos onde eu ajudava a servir. Ela era a
última na fila para pegar a sopa. Ela estendeu a jarra que havia
encontrado, nós olhamos para ela e dissemos, “No mas” [Não tem
mais]. Eu então a observei se afastando, segurando sua criança
faminta.
As coisas começaram a se complicar daquele dia em diante em
minha vida. Minhas listas bonitinhas de coisas que eu precisava
comprar desapareceram. Certos objetivos importantes se tornaram
estranhamente irrelevantes. Coisas que antes eram importantes de
repente perderam valor. Contas de banco assumiram uma forma
diferente; sucesso foi redefinido. Estranho como um rápido olhar nos
olhos de duas pessoas pode causar um caos tão grande! Em muitos
sentidos a ordem nunca mais foi restaurada.
Cuidado com o que você assiste.
FIQUE ALERTA
A Bíblia fala sobre vigiar — das mais variadas maneiras e por
diferentes razões, das quais a menos importante certamente não é
vigiar em oração. Este capítulo é sobre a “unção da sentinela” —
nosso chamado e nossa preparação como intercessores para
estarmos cientes e orarmos de antemão contra os esquemas e
planos de Satanás. É um aspecto vital da nossa intercessão.
Efésios 6:18 diz, “com toda oração e súplica, orando em todo tempo
no Espírito e para isso vigiando com toda perseverança e súplica
por todos os santos” (grifo do autor).
Em 1 Pedro 5:8, ao alertar-nos sobre o nosso inimigo, a Bíblia diz:
“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em
derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”
(grifo do autor). O contexto de ambos os versículos é de batalha
espiritual. Cada um menciona nosso adversário e nos desafia a
estar alertas ou vigilantes, tanto por nós mesmos como para nossos
irmãos e irmãs em Cristo.
Outro versículo relacionado, o qual discutimos minuciosamente no
capítulo 9, é 2 Coríntios 2:11: “para que Satanás não alcance
vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.” Então,
para não duplicar o material, eu vou simplesmente resumir o
significado que deduzimos do versículo com base nas palavras
gregas utilizadas: “A ponto de nosso adversário levar vantagem
sobre nós, nos fazer sua presa, nos defraudar do que é nosso, e
ficar com a maior parte na mesma medida em que formos
ignorantes da sua maneira de pensar e operar — seus planos,
esquemas, desígnios e enganos.”
Vou ressaltar quatro conclusões tiradas desses três versículos —
Efésios 6:18; 1 Pedro 5:8 e 2 Coríntios 2:11— como uma introdução
a esse ensinamento:

Proteção contra os ataques do nosso inimigo — até para


crentes — não é automática. Há uma parte que nós mesmos
temos de fazer. Apesar de Deus ser soberano, isso não
significa que Ele esteja no controle de tudo que acontece. Ele
tem permitido que muitas coisas dependam das escolhas e
ações da humanidade. Se Deus fosse nos proteger ou
salvaguardar dos ataques de Satanás, independentemente do
que fizemos, esses versículos seriam totalmente irrelevantes
para os cristãos. Em algum lugar na nossa teologia, nós
devemos reconhecer o papel da responsabilidade humana. Em
algum momento devemos começar a acreditar que nossas
ações têm importância, que somos relevantes, para nós
mesmos e para os outros.
O plano de Deus para nos avisar e conscientizar das táticas de
Satanás. Isso é deduzido do simples fato que desde que Deus
nos disse para não sermos ignorantes dos ardis do diabo, Ele
deve estar disposto a nos fazer conscientes deles. Se Ele nos
diz para estarmos alertas, isso deve dizer que, se estivermos,
Ele irá nos avisar. Deus não iria nos responsabilizar por uma
tarefa para a qual Ele também não tenha nos capacitado para
cumprir.
Nós devemos estar alertas — permanecermos em guarda — ou
não seremos capazes de perceber quando Deus tentar nos
advertir sobre os ataques e planos de Satanás. Se esses
ataques fossem sempre óbvios, estar alerta não seria
necessário. Isaías 56:10 fala das sentinelas cegas. Que
alegoria! Receio que seja uma descrição relativamente boa de
muitos de nós em nossa tarefa enquanto sentinelas. Somos
frequentemente como os antigos discípulos: nós temos olhos,
mas não podemos ver (veja Marcos 8:18). Está na hora de
fazermos mais do que observar, devemos vigiar atentamente!
Se nós não estivermos alerta e vigiando, se somos ignorantes
dos esquemas de Satanás, ele ficará com a porção maior. Ele
nos vencerá, aproveitando-se da nossa ignorância. Contrário à
crença popular, podemos ser efetivamente destruídos devido à
nossa ignorância (veja Oséias 4:6). Nós não gostamos de
admitir, mas, na verdade, Satanás tem ganhado muito território.
Não sejamos como o nômade no deserto que decidiu fazer um
lanchinho no meio da noite. Ele acendeu uma vela e mordeu
uma tâmara. Olhando a tâmara perto da vela, ele viu um
bichinho e imediatamente jogou fora a tâmara. Pegou outra e
mordeu, e essa também tinha um bichinho e ele a jogou fora.
Percebendo que não conseguiria comer se isso continuasse,
ele apagou a vela e comeu as tâmaras.1

Às vezes nós também preferimos a escuridão à luz da verdade. A


verdade pode vir a doer, mas ainda assim é a verdade. Negar não
muda nada. Vamos reconhecer onde Satanás tem conseguido a
vantagem, e nos determinar a tomá-la de volta!
Duas palavras do Novo Testamento para “vigiar” fazem a conexão
com o conceito do Antigo Testamento das sentinelas: gregoreuo e
agrupneo. As duas querem dizer essencialmente estar acordado, no
mesmo sentido em que um guarda precisa abdicar do sono. Alguns
versículos onde encontramos essas palavras:

Perseverai na oração, vigiando com ações de graças (Colossenses 4:2).

E lhes disse: “A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai
aqui e vigiai. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito,
na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Marcos 14:34;38).

Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor,


como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8).

Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente,


fortalecei-vos (1 Coríntios 16:13).

Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica,


orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda
perseverança e súplica por todos os santos (Efésios 6:18).

Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas
estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do
Homem (Lucas 21:36).
Os últimos dois versículos combinam agrupneo com kairós, o
tempo estratégico (do qual falamos no capítulo 6), nos desafiando a
estarmos à espera dos tempos kairós e agirmos de acordo. Para
não ser repetitivo, não citarei aqui todos os conceitos. Entretanto, ler
novamente as definições completas de paga e kairós no capitulo 6 o
ajudará a fazer a conexão entre ser uma sentinela e formar um
cerco de proteção.
OS TROFÉUS DA INTERCESSÃO
Eu usarei uma história para ilustrar melhor essa questão. Cindy
Jacobs, em seu livro Possuindo as Portas do Inimigo, conta sobre
estar na unção da sentinela durante o tempo kairós. Enquanto
participava de uma reunião de oração em 1990, ela acordou de
repente com uma sensação de urgência. Ao buscar o Senhor, Ele
trouxe à sua mente a visão de um casal e seus três filhos, uma
família que ela sabia que estava a caminho daquela reunião em
uma van. Na visão que ela teve, uma das rodas da van se soltava
causando um acidente terrível.
Cindy orou fervorosamente pela segurança deles e continuou a
fazê-lo durante toda a noite. Quando o casal chegou no dia
seguinte, ela perguntou se eles tiveram algum problema com a roda
do lado direito. Embora não houvesse até então nenhum problema,
Cindy insistiu que eles verificassem em uma oficina. O mecânico
ficou impressionado com o que viu. Ele disse que de modo algum
eles teriam viajado naquela van sem aquela roda se soltar.
Ao retornar da oficina, o marido de Cindy que havia ido junto com
aquele irmão, segurava um saco plástico declarando, “Os troféus da
intercessão!” Ali estavam os parafusos gastos da roda direita
dianteira.2
Essa é a unção da sentinela em ação, percebendo o perigo em um
tempo kairós (estratégico) e estabelecendo um cerco de proteção
(paga) através da intercessão.
SENTINELAS BÍBLICAS
Vamos ampliar nosso entendimento das sentinelas bíblicas. Quais
eram os seus propósitos? O termo sentinela vem do Antigo
Testamento e era usado para descrever o que hoje chamamos de
vigias, guarda-costas ou seguranças. Esses indivíduos eram
inicialmente responsáveis pela proteção de duas áreas: as videiras
ou as plantações dos ladrões, de animais e proteger as cidades das
forças invasoras.
As sentinelas que guardavam a lavoura tinham seu posto em
rochas, torres ou construções para conseguirem um campo de visão
mais amplo. Essas torres contavam com alojamentos porque
durante a colheita era necessário vigiar noite e dia. As sentinelas se
revezavam — enquanto um dormia, o outro trabalhava — e assim o
campo era vigiado vinte e quatro horas por dia.
Há aí um grande simbolismo para a atualidade. Em épocas de
colheita, há um senso de urgência em vigiar, porque o “ladrão” fará
tudo o que puder para roubar e se aproveitar. Não é de se espantar
que Deus tenha preparado o terreno para a maior colheita de almas
que o mundo já viu — a qual está acontecendo agora — com o
maior reavivamento de oração da história. O Senhor da colheita é
sábio. Eu posso afirmar que Ele tem seguranças vinte e quatro
horas “vigiando” a colheita. Que possamos dizer com o nosso
Senhor: “Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome,
que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o
filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura” (João 17:12).
Essas sentinelas também estavam a postos nas muralhas das
cidades, onde atuavam como porteiros. Aqui estão algumas
referências do Antigo Testamento:

Pois assim me disse o Senhor: “Vai, põe o atalaia, e ele que diga o que
vir. Quando vir uma tropa de cavaleiros de dois a dois, uma tropa de
jumentos e uma tropa de camelos, ele que escute diligentemente com
grande atenção.” Então, o atalaia gritou como um leão: “Senhor, sobre a
torre de vigia estou em pé continuamente durante o dia e de guarda me
ponho noites inteiras” (Isaías 21:6-8).
Arvorai estandarte contra os muros de Babilônia, reforçai a guarda,
colocai sentinelas, preparai emboscadas; porque o Senhor intentou e fez
o que tinha dito acerca dos moradores da Babilônia (Jeremias 51:12).

Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a
noite jamais se calarão; vós, os que fareis lembrado o Senhor, não
descanseis (Isaías 62:6).

Das muralhas das cidades elas procuravam por duas coisas:


mensageiros e inimigos.

ESPERANDO PELOS MENSAGEIROS


Elas esperavam os mensageiros para informar os guardas dos
portões sobre quando deveriam abrir os portões e quando não
deveriam abri-los. Naqueles dias era costume haver corredores,
homens ligeiros que levavam mensagens de uma cidade para outra,
e as sentinelas avisavam com um grito quando um mensageiro
aliado estava chegando. Sentinelas habilidosas podiam até
reconhecer os corredores pelo seu tipo de passo antes mesmo de
poder ver seus rostos. Em 2 Samuel 18:27, a sentinela disse: “Vejo
o correr do primeiro; parece ser o correr de Aimaás.” Você consegue
ver algum simbolismo importante aqui?
Sentinelas veteranas são frequentemente alertadas pelo Espírito
Santo, antes mesmo de terem qualquer evidência concreta, que não
se deve confiar em certos “mensageiros”. Eles reconhecem “lobos”
enviados para devorar o seu rebanho, ou “mercenários” com
motivos obscuros. Eles trazem avisos para os que estão na
liderança. Eles os reconhecem “pelo seu passo” por assim dizer —
que alguma coisa parece não estar certa. Eles sentem e discernem.
Para ter certeza, nós devemos nos acautelar da desconfiança
humana e do julgar com os olhos da carne. Mas eu tenho aprendido
a escutar minhas sentinelas de confiança (uma delas é a minha
esposa) quando elas me dizem que estão receosas em relação a
isso ou aquilo. Elas geralmente estão certas.
Às vezes, elas não conseguem me dar razões específicas, o que é
difícil para a minha atitude analítica, mas eu tenho aprendido a
confiar nelas. Em geral, a maioria das falsas doutrinas, divisão e
destruição no Corpo de Cristo poderiam ser evitadas se as
sentinelas observassem e os líderes as escutassem! Pedro fala
dessa necessidade em 2 Pedro 2:1,2:

Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também


haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão,
dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o
Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas e, por causa
deles, será infamado o caminho da verdade.

Paulo alertou os efésios sobre isso em Atos 20:28-31:

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele
comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha
partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o
rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando
coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto,
vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de
admoestar, com lágrimas, a cada um.

É evidente que obedeceram ao conselho de Paulo, porque o


Senhor os elogia em Apocalipse 2:2:

Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e


que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a
si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos.

EM GUARDA CONTRA O INIMIGO


As sentinelas na muralha também estão em guarda contra os
inimigos. Quando avistavam um perigo em potencial se
aproximando, elas soavam um alarme, ou aos gritos ou com um
toque de trombeta. Os soldados então se preparavam para a
batalha e para defender a cidade. Sentinelas fazem o mesmo hoje
em dia, em um sentido espiritual. Elas alertam o Corpo de Cristo
sobre os ataques do inimigo, tocando o alarme. Quando as
sentinelas estão fazendo o seu trabalho direito, nós não precisamos
ser pegos de surpresa por Satanás e suas forças.
Como sentinelas nós não vivemos com medo de nosso adversário,
nem vivemos em ignorância dele. Contrário ao ensinamento de
alguns, estar alerta e vigiar não é o mesmo que se preocupar. Eu
devo ressaltar: é uma tática comum do inimigo dissuadir os cristãos
de permanecer em guarda acusando-os de estar dando uma ênfase
errada à questão.
É triste dizer, mas essa mensagem é difundida com frequência por
cristãos bem intencionados. Eles ensinam que Satanás deve ser
ignorado ou que devemos não prestar muita atenção a ele. Não há
nenhuma passagem na Bíblia que confirme isso. É claro que não é
necessário nos concentrarmos em Satanás, mas um bom soldado é
um soldado bem informado sobre o inimigo. Concentre-se em Jesus
e se maravilhe com Jesus — mas esteja consciente do inimigo. Ame
a adoração, não a batalha espiritual; mas quando necessário, vá à
luta.
Em seu livro How to Pray for Your Family and Friends [Como orar
por sua família e amigos], Quin Sherrer e Ruthanne Garlock contam
sobre um pastor de um amigo que tinha essa atitude. “Eu não acho
que você deveria ensinar sobre a guerra espiritual”, o pastor disse
para Hilda um dia. “Concentre-se em Jesus, e não no diabo.”
A resposta dela demonstrou sua sabedoria e experiência. “Pastor,
eu me concentro mesmo em Jesus e na vitória dele”, ela respondeu
com respeito. “Jesus nos ensinou que nós temos autoridade sobre o
maligno. Antes de eu começar a utilizar a autoridade de Cristo na
batalha espiritual eu tinha quatro filhos a caminho do inferno, eu
aprendi a atar a obra do inimigo na vida dos membros da minha
família. Atualmente todos os meus filhos e netos servem ao Senhor.
Eu já vi os resultados da batalha espiritual, e eu quero ajudar
outros.”3
A SENTINELA VÊ ADIANTE
Sentinelas não guardavam somente as lavouras e as cidades nas
Escrituras. As palavras em hebraico traduzidas como “sentinelas”
são nastar, shamar e tsaphah. Elas significam guardar ou proteger
vigiando, mas também “construindo uma cerca ao redor”4 como uma
cerca viva de espinhos. Essas palavras até têm uma conotação de
“esconder ou trancar algo”.5 A sentinela — por meio da intercessão
— cria um lugar secreto de proteção (veja Salmos 91).
Outro significado interessante para tsaphah é “inclinar-se e
observar ao longe”. A conexão com a oração aqui é óbvia. A
sentinela vê ao longe, “inclina-se e observa a distância”6 para prever
os ataques do inimigo. Ela é proativa, e não reativa. Isso é
intercessão profética!
Vejamos várias referências onde essas palavras são utilizadas, e
em cada situação se referindo a guardar ou proteger algo diferente.
A primeira é Gênesis 2:15, a qual é também a primeira vez que uma
dessas palavras é utilizada na Bíblia. “Tomou, pois, o Senhor Deus
ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o
guardar” (grifo do autor).
Teólogos têm uma teoria conhecida como “a lei da primeira
menção”. Essa teoria se refere a uma regra geral que diz: a primeira
vez que um assunto importante é mencionado na Bíblia, dados
significantes são revelados sobre esse assunto que se manterão
constantes e relevantes em todas as Escrituras.
Por exemplo, a primeira menção na Bíblia sobre a serpente —
Satanás — foi em Gênesis 3:1: “Mas a serpente, mais sagaz que
todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à
mulher: ‘É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do
jardim?’” É fácil perceber essa lei aplicada nessa passagem, porque
o versículo fala da malícia e da esperteza de Satanás. Deus está
nos informando sobre um dos fatores mais importantes que
devemos lembrar sobre Satanás: ele é bem mais perigoso para nós
como uma serpente do que como um leão que ruge.
FIQUE NA DEFENSIVA — NÃO DEIXE A SERPENTE ENTRAR!
Adão foi incumbido em Gênesis 2:15 de manter ou “guardar” o
jardim. Guardar do quê? Tinha de ser da serpente! Eu presumo que
seja porque, antes de qualquer coisa, está bem de acordo com a
natureza divina tê-lo alertado. Se houvesse sido diferente não seria
condizente com o caráter de Deus. Em segundo lugar, nem Adão
nem Eva pareciam chocados quando a serpente falou com eles. É
evidente que não foi uma grande surpresa. Terceiro, o que mais
poderia existir de perigo antes da Queda? Do que mais o jardim
tinha de ser guardado, mantido e protegido? Somente da serpente.
Eu quero enfatizar esse ponto importante — a primeira menção
desse termo nas Escrituras nos dá nossa responsabilidade
primordial como sentinelas: Não deixar a serpente entrar! Guardar e
proteger o que Deus tem nos confiado para cuidar da invasão sutil
da serpente. Não a deixe entrar no seu jardim! Ou na sua casa, na
sua família, na sua igreja, na sua cidade, na sua nação! Mantenha a
serpente do lado de fora!
Essa palavra é utilizada novamente em Gênesis 3:24, quando
Deus colocou um querubim na entrada do jardim para manter o
homem longe da árvore da vida. Adão não protegeu o jardim da
serpente, então um anjo teve de manter o homem do lado de fora.
Em Gênesis 30:31, o conceito da sentinela foi utilizado para
guardar um rebanho. Não é necessária muita profundidade para
notar a correlação aqui. Nós podemos guardar o rebanho do Senhor
através da intercessão. Eclesiastes 12:3 se refere a proteger uma
casa. O Salmo 127:1 está mencionando guardar uma cidade. E 1
Samuel 26:15 e 28:12 fala sobre fazer isso com uma pessoa.
Provérbios 4:23 nos instrui a guardar nosso coração.
Essas três palavras em hebraico são também traduzidas de muitas
outras maneiras. Vou listá-las aqui com uma breve explicação, para
proporcionar um entendimento mais abrangente desse conceito.
Como poderá ver, páginas poderiam ser escritas comentando o
simbolismo e a conexão que existe com a oração. Para ser mais
conciso eu não o fiz, mas gostaria de incentivá-lo a pensar e meditar
sobre cada um, permitindo que o Espírito Santo lhe dê uma
perspectiva pessoal do assunto.

1. Manter ou mantenedor
Esse é certamente o uso mais frequente dessas palavras — pelo
menos duzentas e cinquenta vezes. Sentinelas mantêm coisas,
lugares e indivíduos seguros. Elas se asseguram de que não haverá
perda, roubo ou dano. Elas mantêm as coisas intactas e em sua
possessão.

2. Guarda
Sentinelas são guardas. Essa palavra se assemelha de maneira
bem óbvia com a seguinte.

3. Guarda-costas
Sentinelas guardam indivíduos, protegendo-os do perigo ou de
acidentes. Elas são escudos — os agentes do serviço secreto do
reino, guardando e protegendo outros.
Frequentemente, intercessores em nosso grupo me contam sobre
ocasiões em que eles passaram tempo me cobrindo em oração.
Mais de uma vez me disseram: “Pastor, fiquei acordado a noite toda
orando por você.” E de vez em quando perguntam: “Aconteceu
alguma coisa?”
“Não”, eu repondo normalmente, “e esse deve ter sido o porquê.”
Muitas vezes meus problemas e minhas distrações são colocados
sobre os outros e eles os levam para longe de mim. Eu fico
agradecido e sou sábio o suficiente para saber que muito do meu
sucesso é resultado da fidelidade deles. Que reconfortante é saber
que tenho guarda-costas espirituais! Haveria menos perdas em
nosso exército se tivéssemos mais sentinelas fiéis.
Peter Wagner, em seu livro Escudo de Oração, oferece cinco
razões por que pastores e outros líderes cristãos têm uma
necessidade tão grande de sentinelas que intercedam por eles:
1. Pastores têm o peso da responsabilidade e do prestar contas.
Tiago 3:1: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós,
mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.”
2. Pastores estão mais sujeitos à tentação. Não se engane,
quanto mais alto seu posto na hierarquia de Liderança Cristã,
mais você sobe na lista de procurados de Satanás.
3. Pastores são alvos de escolha na batalha espiritual. Durante os
últimos anos já chegou ao conhecimento geral que há uma
aliança maligna feita por satanistas, bruxos, seguidores da Nova
Era, praticantes do ocultismo e espiritistas, e outros servos das
trevas com o intuito de orar a Satanás para quebrar os
casamentos de pastores e líderes cristãos.
4. Pastores têm mais influência sobre os outros. A quarta razão
por que pastores necessitam mais de intercessão é porque,
devido à natureza do seu ministério, eles têm maior influência
sobre os outros.
5. Pastores estão sempre em evidência. Porque pastores estão
sempre lá na frente, sendo vistos por todos, eles estão
constantemente sujeitos a fofocas e críticas.7

Nesse livro, Wagner define com mais detalhes cada uma das
razões. Ele também diz: “Os líderes recebem proteção contra os
dardos inflamados do maligno à medida que os intercessores oram,
acima e além de toda a armadura de Deus que eles têm a
responsabilidade de usar.”8 Esse livro excelente oferece ótimos
conselhos sobre intercessão para líderes cristãos.
Na lista fantástica de leituras para treinamento, Becoming a Prayer
Warrior [Tornando-se um Guerreiro de Oração], Beth Alves oferece
um plano de oração diária para líderes espirituais, o qual Wagner
resume da seguinte maneira:

Domingo: Favor para com Deus (revelação espiritual, unção, santidade).


Segunda- Favor para com os outros (congregações, equipe de ministério, não
feira: salvos).
Terça-feira: Visão ampliada (sabedoria e esclarecimento, motivos, instrução).
Espírito, alma, corpo (saúde, aparência, atitudes, plenitude espiritual e
Quarta-feira:
física).
Quinta-feira: Proteção (tentação, enganos, inimigos).
Sexta-feira: Finanças (prioridades e bênçãos).
Sábado: Família (geral, cônjuge, filhos).9

4. Porteiro
Por ser obviamente similar com a definição seguinte, comentarei
sobre ambos ao mesmo tempo.

5. Guarda de Portão
Sentinelas têm a habilidade espiritual — no aposento da oração —
de determinar quem ou o que entra ou sai de seus lares, sua vida
familiar, suas igrejas, suas cidades, etc. Elas discernem pelo
Espírito Santo o que devem permitir, e pela oração, podem abrir ou
fechar a porta de acordo. Elas convidam a obra do Espírito Santo e
rejeitam as obras da escuridão. Elas estabelecem limites, deixando
de fora os inimigos. Eventualmente quando informado pelos
intercessores que algo indesejável tem infiltrado nosso convívio,
minha reação é perguntar a eles, “O que aconteceu? Vocês não
estavam em oração?” Eu simplesmente explico para o Corpo de
Cristo, “não culpem os pastores por tudo. Vocês também são
responsáveis por permanecerem em guarda”.

6. Preservar ou o que preserva


Sentinelas preservam ou evitam a ruína ou destruição. Elas
preservam vidas, unções, movimentos de Deus e uma lista de
outras coisas cobrindo-as com oração. Sherrer e Garlock nos
contam sobre quatro senhoras que trabalhavam como sentinelas de
suas fazendas. Essas mulheres caminhavam todo o perímetro de
suas fazendas enquanto seus maridos trabalhavam, algumas vezes
cobrindo até 10 quilômetros por dia.
Elas oravam por proteção contra insetos, pragas, geada e
estiagem. Elas pediam a Deus para dar a seus maridos sabedoria
em cuidar da lavoura e dos negócios e oravam por anjos que se
encarregassem dos esforços deles.
Os resultados foram surpreendentes. Acabou sendo um de seus
melhores anos. Nenhuma tempestade ou ataque de insetos,
nenhuma decisão ruim e um lucro considerável — ao passo que
outros da região tiveram um ano difícil com pouco lucro.
Às vezes, simplesmente não somos práticos o suficiente com
nossas táticas de intercessão. Essas senhoras, vigiando em
intercessão, abriram o caminho para as bênçãos de Deus sobre os
projetos financeiros de suas famílias.10

7. Prestar atenção
Sentinelas devem estar alerta. Elas devem prestar atenção.
Apesar de parecer óbvio, é importante o suficiente para ser
enfatizado. Como soldados, Deus “chama a nossa atenção”. Vidas
estão em jogo. A colheita deve ser protegida. Sentinelas, prestem
atenção!

8. Observar
Esse fator inclui o mesmo conceito de prestar atenção, mas vai
além, somando concentração e precisão. Não olhe simplesmente;
veja. Seja observador. Resumindo, sentinelas ficam de olho!
Eles percebem o que outros não conseguem ver. Podemos
perceber muito através da oração, muitas vezes até mesmo antes
de acontecer.

9. Contemplar
Semelhante a observar, é claro, mas incluo aqui para dar ênfase
renovada à necessidade de ver claramente.

10. Acautelar
Sentinelas devem estar vigilantes, conscientes e alertas. Mais uma
vez, 1 Pedro 5:8 nos adverte a sermos sóbrios de espírito. Sempre
tome cuidado, intercessor! Fique de olho no leão e quando você o
vir em ação, imediatamente o enfrente, proclamando a vitória do
Calvário com a “unção da ursa”.
11. Proteger
Da mesma maneira que sentinelas guardam e mantêm, sentinelas
protegem. Elas constroem muros ou limites de proteção contra os
ataques do diabo. Elas distribuem a bênção do Senhor.

12. Manter
Sentinelas mantêm coisas para o Senhor. Elas são o pessoal da
manutenção. Elas talvez não estabeleçam metas, construam ou
plantem como muitos outros, mas elas mantêm. Elas mantêm as
coisas em bom funcionamento, sem obstáculos. Elas mantêm
unção, integridade, saúde e muitas outras bênçãos essenciais ao
Reino.

Resumindo, Deus está levantando intercessores proféticos —


sentinelas — para manter a serpente do lado de fora! Homens e
mulheres que “se curvarão para a frente, olhando ao longe”, de olho
nos ataques do inimigo. Porteiros, guarda-costas, seguranças,
construtores de cercas e preservadores do Seu Reino. Este é, na
verdade, um alto chamado!
ASSUMA A OFENSIVA — SITIE!
Há outro fator sobre esse tipo de oração, entretanto, para nossa
consideração. Uma das cosias mais surpreendentes que descobri
quando estudava essas palavras é que elas incluem não só uma
conotação de proteção e defesa, mas também de ataque.
As palavras significam “subjugar ou sitiar uma cidade”,11 o
conceito de ficar atento e não permitir que habitantes ou
mercadorias entrem ou saiam da cidade. Uma definição era “espiar”
ou “ficar de tocaia e preparar uma emboscada para alguém”.12
Essas palavras, na verdade, foram traduzidas nesse sentido em 2
Samuel 11:16, Isaías 1:8, Jeremias 4:16,17, Jeremias 51:12 e
Juízes 1:24.
Em 1989, quando o Senhor me deu essa instrução, ele falou
claramente no meu coração que ele estava derramando a unção da
sentinela, a qual capacitaria indivíduos a sitiar cidades e nações por
meio da oração. Onde Satanás ganhou terreno e tomou a maior
parte, o povo de Deus receberia instruções sobre como sitiar nessas
situações, cortando suas rotas de suprimentos e removendo a
origem daquilo que deu lugar a ele.
Isso aconteceu antes que se falasse tão abrangentemente como
hoje em cerimônias de reconciliação, arrependimento de
identificação, investigação espiritual, caminhadas de oração,
marchas e jornadas — todos esses termos associados com o ato de
remover sistematicamente Satanás e seu controle sobre lugares e
pessoas e tomá-las para Cristo. Essas e outras estratégias são
parte da unção da sentinela que Deus tem derramado sobre a
Igreja.
O Corpo de Cristo tem aprendido a romper sistematicamente as
fortalezas da escuridão. Deus está nos dando a habilidade — pelo
Seu Espírito — para discernir os planos do inimigo, seus pontos
fortes, suas fraquezas e suas vias de acesso — para eliminá-lo e
tomar posse de nações, cidades e pessoas por meio da oração. As
correntes da escuridão estão sendo destruídas. Os prisioneiros das
fortalezas satânicas estão sendo libertados. Cercos estão sendo
formados no espírito. Deus está nos mostrando para ligar e desligar,
e como fazê-lo. E é claro que há oposição.
Uma razão que afasta as pessoas desse tipo de oração é o
elemento tempo. O próprio conceito de sitiar implica tomar tempo.
Talvez leve dias, semanas ou anos de intercessão diária para
alcançar um livramento. Certamente acredito que esse processo
pode ser acelerado pela atitude de orar de modo inteligente e bem
informado, como também pela multiplicação de poder gerada pela
submissão.
Entretanto, nada pode mudar o fato de certas situações
requererem uma quantidade de tempo. Eu sitiei um cisto da minha
esposa por trinta dias. Polly Simchen, que mencionamos no capítulo
10, sitiou as opressões em seu filho por quatro anos. Deus deu a ela
e a seus amigos muita estratégia nas orações, esclarecendo o que
eles deveriam eliminar e o que proclamar. Isso é sitiar. Eles
discerniram as artimanhas de Satanás, “espionando” seus planos.
Será que valeu a pena todo o tempo e esforço? Absolutamente.
Elas ganharam terreno.
Esse conceito de sitiar é bem ilustrado na história sobre Theresa
Mulligan, editora da revista para intercessores chamada
Breakthrough, contada por Sherrer e Garlock em How to Pray for
your Family and Friends [Como orar por sua família e amigos].
Theresa e uma amiga mantiveram uma caminhada de oração pela
sua vizinhança durante toda uma estação, parando em frente de
cada casa, dando as mãos e concordando em oração pela salvação
dos moradores.
Os relatórios começaram logo a chegar: a esposa de um coronel
aceitou a Cristo, a filha adolescente de uma família israelita
encontrou Jesus, uma mulher com artrite fez um compromisso com
Cristo e uma jovem universitária de outra família veio ao Senhor.
Mesmo depois de ela ter se mudado, Theresa continuou ouvindo
histórias de seus antigos vizinhos encontrando a salvação.13
Isso é sitiar! Isso é a unção da sentinela na sua melhor versão e
qualquer um pode exercê-la.
TOMANDO CIDADES E NAÇÕES PARA DEUS
Neste livro, eu tenho focado mais no assunto da intercessão para
indivíduos. Agora vou comentar sucintamente sobre a intercessão
por cidades e países, especialmente o aspecto da sentinela e de
sitiar.
A Bíblia mostra claramente que Deus se relaciona e lida não só
com indivíduos, mas também com grupos de pessoas. Devido aos
conceitos de autoridade, responsabilidade, livre arbítrio, semear e
colher, etc., os quais operam não só no âmbito individual, mas
também no nível corporativo, onde os indivíduos se juntam, vemos
que Deus se relaciona com grupos. Por quê?
Muitas das decisões que nós tomamos, os direitos e privilégios
que desfrutamos, não são individualistas, mas são feitas em
conjunto com as pessoas com quem nos relacionamos. Por
exemplo, eu tomo muitas decisões pessoais sobre a minha vida.
Mas sobre os aspectos que afetam nossa família — filhos, finanças,
lar, horários, etc., minha esposa e eu temos de tomar essas
decisões juntos.
O mesmo princípio de autoridade compartilhada pode ser
grandemente expandido até o nível nacional — desde organizações,
a cidades, regiões, estados e países. Esses agrupamentos podem
ser tanto seculares como religiosos. Em qualquer segmento em que
haja direitos, autonomia e liberdade, haverá também um grau de
responsabilidade equivalente. Quando se compartilha as decisões
sobre leis, líderes, morais, interesses, tolerâncias ou intolerâncias,
consequentemente se compartilhará as ramificações resultantes.
Por exemplo, eu não sou a favor do aborto, mas eu não posso
escapar dos efeitos dos julgamentos de Deus por esse holocausto
trágico, embora esses sejam indiretos. Se Deus traz seca ou tempo
inclemente que afeta nossa agricultura, eu também pagarei preços
mais altos. Ao nos entregar aos nossos desejos degradantes e
pervertidos, acidentes e doenças se multiplicam, o que aumentará
também minhas taxas de seguro. Se o julgamento por acaso for
guerra, eu também pagarei impostos mais altos e participarei no luto
devido à perda de vidas norte-americanas. Vários outros exemplos
podem ser citados aqui.
Embora essa noção talvez não nos agrade, nenhum homem é
uma ilha. Ainda que nós, como crentes, possamos contar com certo
nível de proteção desses julgamentos — talvez Deus até aumente a
minha renda para que eu possa pagar impostos e preços mais
elevados — não há maneira alguma de evitar totalmente o princípio
da responsabilidade compartilhada.
OS JULGAMENTOS CORPORATIVOS DE DEUS
Depois de vermos a razão para isso, quero corroborá-la com uma
lista das várias maneiras como Deus julgou cidades e regiões na
Bíblia de modo corporativo:

Cidades foram avisadas ou profecias foram recebidas sobre


elas: Jonas 1:2; Naum 3:1; Miqueias 6:9; Apocalipse 2 e 3.
Cidades e nações que foram julgadas: Nínive, Sodoma,
Gomorra, Tiro, Sidão, Betsaida, Cafarnaum, Jericó, Jerusalém e
outras. A nação de Israel foi julgada como um todo em muitos
lugares nas Escrituras, assim como outras nações.
Cidades e nações que foram perdoadas e livradas de
julgamento: Nínive; Sodoma poderia ter sido, se houvesse lá
pessoas justas suficientes; a nação de Israel foi perdoada como
um todo, entre outras.
Cidades e nações que tiveram propósitos e chamados divinos:
Israel, Jerusalém, as sete cidades-refúgio, entre muitas outras.
Cidades foram citadas como sendo preservadas ou protegidas
por Deus: Salmos 127:1.
Cidades e nações que tinham principados governando-as: Tiro
(ver Ezequiel 28:12); Pérsia (ver Daniel 10:13); Éfeso (ver Atos
19:28); Pérgamo (Apocalipse 2:12).
Grupos de pessoas que têm uma justiça corporativa ou nível de
pecado: qualquer nação (ver Provérbios 14:34); Sodoma e
Gomorra (ver Gênesis 18:20,21); os Amorreus (ver Gênesis
15:16).
Cidades com um nível corporativo de fé ou de descrença:
Nazaré (ver Marcos 6:5,6).
Cidades com paz ou bem-estar corporativo (ver Jeremias 29:7).
Cidades podem ter um reavivamento: Nínive (ver Jonas 3:5-10).
Cidades podem perder um reavivamento: Jerusalém (ver Lucas
19:41-44).
Eu preparei essa lista e a explicação que a antecede para provar
efetivamente uma coisa: Deus lida com as pessoas como grupos,
não só como indivíduos. Esse fato também é o que dá a base para
intercedermos pelas pessoas como grupos.
Abraão foi bem-sucedido ao interceder por uma cidade (ver
Gênesis 18:22,23); Moisés intercedeu por uma nação (ver Êxodo
32:9-14). Exilados de Jerusalém foram avisados para interceder
pelas cidades que eles passaram a habitar (ver Jeremias 29:7). Nós
lemos em 2 Crônicas 7:14 que nossas orações e nossos estilos de
vida podem trazer cura a uma nação. Eclesiastes 9:15 e Provérbios
21:22 nos informam que uma cidade pode receber sabedoria e
destruir potestades.
Sem dúvida, Deus está derramando uma unção para sitiar cidades
e nações e tomá-las para Ele! Ele está nos capacitando para
espionar os planos e as fortalezas do inimigo, criando emboscadas
para ele no espírito. Nós somos a ordem dos sacerdotes de
Melquisedeque profetizada no Salmo 110. Nós somos um exército
santo, elevando o cetro do nosso herói conquistador, governando
em meio a nossos inimigos. Venha, junte-se a nós!
Para os que quiserem se aprofundar sobre o tema de tomar posse
de cidades, o livro de Peter Wagner Breaking Strongholds in Your
City [Destruindo potestades na sua cidade] contém uma riqueza de
informações. Nele, Vitor Lorenzo conta sobre um plano de três anos
para evangelizar a cidade de Resistencia, na Argentina. Um dos
elementos-chave dessa façanha foi o traçado espiritual da cidade de
Lorenzo. Com essa pesquisa, ele descobriu quatro forças espirituais
influenciando a cidade. O autor nos conta que orou contra essas
forças e aqui estão os resultados que se seguiram:

No dia seguinte, nossa equipe foi até a praça com pastores das igrejas
de Resistencia, um grupo de intercessores experientes e Cindy Jacobs.
Nós lutamos ferozmente contras as forças invisíveis daquela cidade por
quatro horas. Nós as atacamos no que assumimos ser a ordem de
hierarquia, de baixo para cima. Primeiro foi Pombero, depois Curupi,
então San La Muerte, depois o espírito da maçonaria livre, então Rainha
do Céu, e depois o espírito de Píton — o qual nós suspeitávamos ter o
papel de um coordenador para todas as forças do mal naquela cidade.
Quando nós terminamos, havia uma sensação quase tangível de paz e
liberdade sobre todos que participaram. Ficamos confiantes de que essa
primeira batalha tinha sido ganha e que a cidade poderia ser tomada
para o Senhor.
Depois disso, a igreja de Resistencia estava pronta para uma
evangelização intensiva. Descrentes começaram a reagir ao Evangelho
como nunca. Como resultado da nossa campanha de três anos, a
frequência às igrejas mais que dobrou. O efeito foi claro em todos os
níveis sociais. Podíamos estruturar projetos comunitários, como, por
exemplo, suprir água potável para os carentes. A imagem pública da
igreja evangélica melhorou imensamente, ganhando respeito e
aprovação dos líderes políticos e sociais. Fomos convidados para
divulgar nossa mensagem na mídia. A batalha espiritual e o
mapeamento que fizemos abriram novas portas para a evangelização na
cidade de Resistencia, progressos sociais e para a colheita espiritual.14

Essa é a unção da sentinela! Nós podemos impactar nossas


cidades e nossos países com a intercessão. Podemos sitiá-los,
tomando posse deles para Deus. Fortalezas da escuridão podem se
tornar fortalezas de luz.
CIDADES TRANSFORMADAS
Canaã, uma terra amaldiçoada (ver Gênesis 9:25) se tornou a Terra
Prometida de bênçãos.
Jerusalém, que era uma fortaleza de gigantes ímpios, se tornou
uma cidade de paz.
Sete cidades, que uma vez foram governadas por gigantes do mal
se tornaram cidades de refúgio onde as pessoas que haviam
matado alguém sem ter a intenção podiam se proteger e ficar em
segurança. Hebrom, a mais conhecida dessas sete, costumava se
chamar Quiriate-Arba, que significa cidade de Arba. Arba era a
maior cidade dos Anaquins, ou gigantes (ver Josué 14:15). Hebrom,
seu nome novo, significa “associação, amizade, convívio,
comunhão”.15 Portanto, Abraão, o amigo de Deus, está enterrado lá.
Calebe, um homem de fé e coragem, foi usado para transformar a
fortaleza de um gigante em um lugar onde as pessoas encontravam
doce convívio e comunhão com Deus. Isso pode acontecer com
nossas cidades!
Além disso, como uma cidade-refúgio, Hebrom era uma alegoria
de Cristo. Alguém que houvesse matado outra pessoa
acidentalmente podia encontrar refúgio em um desses dois lugares:
uma cidade-refúgio ou segurando nas pontas do altar do Lugar
Santo (como proteção imediata).
Em Hebreus 6:18, o Senhor utiliza essas duas ilustrações em uma
frase: “para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já
corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança
proposta.” De uma maneira muito interessante, os indivíduos que
estavam lá como refúgio tinham de permanecer na cidade até a
morte do alto sacerdote da época (ver Números 35:28), e depois
disso eles estavam livres para saírem de lá com segurança. Que
ilustração do nosso grande Sumo Sacerdote que morreu para que
nós pudéssemos ficar livres do julgamento e da pena!
O ponto que desejo ressaltar ao relatar essa história, além de
simplesmente compartilhar uma linda alegoria de Jesus, é
demonstrar que o que antes fora uma fortaleza de gigantes foi
transformada em um lugar de tanta proteção, refúgio e convívio com
Deus, que passou a ser uma imagem do próprio Cristo.
Será que Deus ainda pode fazer isso hoje? Nossas cidades
podem ser transformadas tão radicalmente assim? Sim, claro, a não
ser que Deus tenha mudado nos últimos três mil anos! Isso se Ele
conseguir achar alguns Calebes... Se Ele conseguir achar
matadores de gigantes... Se Ele puder encontrar algumas atitudes
do tipo, “nós somos mais do que capazes”.
Deus está nos pedindo, como pediu a Ezequiel, para olhar para os
ossos secos da nossa nação — homens e mulheres, jovens e
idosos, ricos e pobres, os que sofrem e os que pensam estar
saudáveis — e responder a mesma pergunta que Ele fez ao profeta:
“Esses ossos podem reviver?” Eu digo que podem. O que você diz?
VOCÊ ESTÁ PRONTO?
Precisamos ser como Sam e Jed. Quando escutaram falar de uma
recompensa de cinco mil dólares para captura e extermínio de
lobos, eles se tornaram caçadores de recompensa. Ao acordar uma
noite, Sam se deparou com cinquenta pares de olhos flamejantes —
lobos selvagens famintos babando por suas presas. “Jed, acorda”,
ele sussurrou para seu parceiro adormecido. “Nós estamos ricos.”16
Precisamos observar a multidão de descrentes ao nosso redor não
como ameaças, mas como oportunidades. Nossa tarefa seria
avassaladora não fosse pela nossa dependência da força e da
habilidade de Deus, em vez da nossa. Mesmo que um exército nos
cerque, nós ainda podemos estar confiantes (Salmos 27:3). Os
trezentos de Gideão eram mais do que o suficiente para derrotar
cento e trinta e cinco mil com Deus do lado deles. Se Ele é por nós,
quem será bem-sucedido contra nós (ver Romanos 8:31)?
Vamos lá! Vamos abrir caminho para Deus se levantar e Seus
inimigos ficarem desnorteados. Vamos encher nossas bolsas com
as pedras da vitória e correr para encontrar Golias. Vamos tomar
Queriate-Arba. Vamos correr por entre tropas e pular sobre
muralhas.
Vamos demonstrar a grandeza do nosso Deus. Vamos crescer!
Vamos rugir! Vamos deixar Jesus viver através de nós!
Ele está pronto — e você?
Você está pronto para caminhar no seu chamado como um
intercessor? Para representar Jesus como um reconciliador e um
guerreiro? Para distribuir Seus benefícios e vitórias? Para encontrar,
retirar e estabelecer fronteiras?
Você está pronto para nascer, liberar e alcançar a meta? Para
encher algumas taças, fazer algumas declarações, para vigiar e
orar?
Você está pronto?
Lembre: “A vida é frágil, cuide dela com paga!”
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Você pode resumir as quatro conclusões tiradas de Efésios


6:18, 1 Pedro 5:8 e 2 Coríntios 2:11? Usando os próprios
versículos, dê razões para essas conclusões.
Descreva as funções e as responsabilidades das sentinelas do
Antigo Testamento. Como elas simbolizam sentinelas de
intercessão?
Onde foi utilizada pela primeira vez a palavra em hebraico para
“sentinela” na Bíblia? Que perspectiva importante podemos
analisar com isso?
Com base nas definições e na utilização das três palavras que
significam “sentinela”, você pode dar algumas afirmações
resumidas sobre o papel defensivo da unção da sentinela?
Como você pode aplicar isso à sua família?... Seu pastor?...
Sua igreja?
Descreva o aspecto de ofensiva da unção da sentinela. Você
pode relacioná-lo com a intercessão por um indivíduo? E por
uma cidade?
Você pode explicar a razão por que Deus lida com grupos de
pessoas, e não apenas individualmente? Cite três ou quatro
exemplos bíblicos.
Pense em maneiras como você e seu grupo de oração podem
sitiar sua cidade. Coloque-as em prática!
Manual de Debate Para Líderes

O propósito deste livro é despertar e dar poder à vida de oração


daqueles que o leem. À medida que o grupo cresce em fé e união,
você talvez queira colocar em prática algumas das táticas de oração
aqui mencionadas, como usar mantos de oração, caminhadas de
oração ou participar na luta espiritual uns pelos outros.
Como líder, é importante estar atento ao grau de maturidade do
grupo. É também importante que você não imponha suas crenças
sobre pessoas que tenham uma maneira diferente da sua de adorar
ao Senhor.
O tamanho ideal para um grupo de debate é de dez a quinze
pessoas. Um grupo menor do que esse pode causar um problema
de continuidade quando poucos membros comparecerem. Um grupo
de tamanho maior irá requerer uma forte capacidade de liderança
para criar uma sensação de pertencimento e de ter uma
participação significativa em cada um dos membros.
Se você está liderando um grupo que já se reúne regularmente,
como um grupo de escola dominical ou grupo de estudo semanal
nos lares, decida quantas semanas vocês dedicarão a essa série.
Certifique-se de planejar qualquer feriado que acontecer durante
suas reuniões pré-agendadas.
Use de criatividade. Os quatorze capítulos deste livro podem se
encaixar em treze semanas de um trimestre, se alguns deles forem
combinados para que haja tempo para compartilhar as experiências
pessoais.
A primeira reunião pode ser um momento perfeito para um fórum
aberto com o intuito de criar um senso de união entre os
participantes ao dar início à série. Um tempo de introdução seguido
de perguntas descomplicadas também ajuda a criar laços mais
profundos dentro do grupo. Considere uma ou mais das perguntas a
seguir:

1. Você está satisfeito com a sua vida de oração? Se não, quais


são as áreas em que enfrenta dificuldades no momento?
2. Por que você acha que a oração é uma disciplina tão ausente
no Corpo de Cristo?
3. O que você espera aprender ao estudar este livro?
4. Depois de ler o primeiro capítulo, você acha que devemos orar
uma vez só, ou você acha que devemos ser persistentes? Por
quê?
5. Se você pudesse fazer a Deus uma pergunta sobre oração,
qual seria?

Perguntas assim ajudam a formar uma sensação de identidade


entre os membros do grupo e ajuda-os a descobrir o que eles têm
em comum.
Muitas perguntas pessoais surgirão que podem vir a contribuir
significativamente para o entendimento do grupo sobre o assunto.
As pessoas no grupo devem ser encorajadas a fazer uma lista com
as suas perguntas. Sugira que essas listas sejam entregues
anonimamente e compile as perguntas para evitar repetição. Muitas
perguntas serão respondidas à medida que a série se aproximar de
sua conclusão. Por isso, é uma boa ideia esperar até a última
sessão para debatê-las.
Escolha um assistente para ajudar a liderar as reuniões, alguém
que possa ligar para as pessoas para lembrá-las as datas das
reuniões, os horários e os locais. Seu assistente pode também
organizar lanches e recrutar voluntários para cuidarem das crianças.
As pessoas vão apreciar mais os seus livros se elas se
responsabilizarem pelo pagamento deles. Elas estarão também
mais dispostas a terminarem o curso se tiverem investido em seu
material pessoal.
Certifique-se de ter Bíblias extras à disposição. A versão Bíblia
Viva é normalmente uma ajuda para quem tem pouca ou nenhuma
base bíblica, entretanto, é importante explicar que a Almeida Revista
e Atualizada é bastante diferente e foi a versão principal utilizada
neste livro.
Esteja sintonizado com os princípios básicos de dinâmica de
grupo, tais como:

1. Posicione os assentos em semicírculo. O líder da reunião deve


estar sentado junto com todos em vez de estar de pé na frente
do grupo. Isso incentiva a participação.
2. Crie uma atmosfera condizente com o debate. As seguintes
dicas são boas para guiar uma reunião:
a. Receba as opiniões dos membros dos grupos sem julgá-las,
ainda que você não concorde com elas. Se elas forem
claramente contra a Bíblia ou forem injustas, você pode fazer
perguntas para esclarecer o assunto; mas rejeição sumária de
comentários irá abafar a participação livre.
b. Se uma questão ou um comentário desviar do assunto em
pauta, sugira que possam esperar e comentar mais tarde em
outra ocasião, ou pergunte ao grupo se quer se aprofundar
naquele outro assunto a partir dali.
c. Se uma pessoa monopolizar a discussão, dirija algumas
perguntas específicas a alguém mais. Ou de uma maneira
delicada, interrompa o dominador ao dizer: “Com licença, esse é
um bom ponto e imagino o que as outras pessoas pensam sobre
isso.” Fale com essa pessoa em particular e peça ajuda a ela
para incentivar a participação dos outros.
d. Facilite para que todos se sintam à vontade para participar ou
fazer perguntas, mas não insista que eles o façam. Pessoas que
relutam participar podem se animar com a ideia aos poucos se
você pedir a elas que leiam uma passagem do livro. Faça
duplas, juntando uma pessoa tímida com alguém mais falante
para fazerem uma discussão que não seja com todo o grupo, ou
peça às pessoas relutantes para escreverem comentários que
possam ser compartilhados com o grupo maior.
e. Se alguém fizer uma pergunta para a qual você não tem a
resposta, admita e prossiga. Se a pergunta exigir a perspectiva
de alguém com experiência pessoal, convide outros a comentar,
entretanto, tome cuidado para limitar esses comentários. Se
requerer conhecimento específico, ofereça-se para pesquisar na
biblioteca ou perguntar a um pastor ou teólogo, e trazer depois
suas conclusões para o grupo.
3. Evite resgatar as pessoas. O propósito desse grupo é aprender
a orar pelos outros, não tentar consertar as pessoas. Isso não
significa que momentos de emoção não vão ocorrer ou que
problemas trágicos não serão compartilhados, mas o grupo é
para compartilhar e para oração — não para consertar os
outros. O líder deveria ser aberto e sincero sobre seu desejo de
crescer junto com o grupo, em vez de parecer uma autoridade
sobre o assunto.
4. Comece e termine na hora, de acordo com o horário combinado
no começo da programação. Isso é especialmente importante
para aqueles que têm de contratar uma babá ou levantar cedo
para trabalhar na manhã seguinte.
5. Durante cada sessão, guie os membros do grupo para fazerem
os debates, as perguntas e os exercícios no fim de cada
capítulo. Se você tiver mais do que oito ou dez membros,
considere dividir em grupos menores, então convide cada grupo
a compartilhar uma ou duas conclusões com o grupo maior.
6. Seja sensível. Algumas pessoas talvez se sintam confortáveis
orando por outros, mas não force aqueles que não se sentirem
à vontade. É necessário separar um tempo ou no começo ou no
fim de cada reunião para orar por aqueles que precisarem.
7. Incentive os membros do grupo a orarem diariamente uns pelos
outros. Isso irá perpetuar um sentido de união e amor.
8. Como líder, ore regularmente pelas reuniões e pelos
participantes, pedindo ao Espírito Santo que esteja sobre cada
pessoa durante a semana. O Senhor honrará sua
disponibilidade em guiar o Seu povo a um relacionamento mais
íntimo com Ele.
Notas

Capítulo 1: Eis a Questão...


1. John L. Mason, An Enemy Called Average (Tulsa, OK: Harrison
House, 1990), p. 20.
2. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993), p.128.
3. Ibid., p. 75.

Capítulo 2: A Necessidade da Oração


1. Paul E. Billheimer, Destined for the Throne (Fort Washington,
PA: Christian Literature Crusade, 1975), p. 51.
2. Ibid.
3. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 120.
4. William Wilson, Old Testament Word Studies (Grand Rapids,
MI: Kregel Publications, 1978), p. 236.
5. The Consolidated Webster Encyclopedic Dictionary (Chicago:
Consolidated Book Publishers, 1954), p. 615.
6. Ibid.
7. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p.1768.
8. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
1819.
9. R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr., Bruce K. Waltke,
Theological Wordbook of the Old Testament (Chicago: Moody
Press, 1980; Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing
Co., edição revisada, 1991), p. 426.
10. Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible, p. 1826.
11. Andrew Murray, The Ministry of Intercessory Prayer
(Mineápolis, MN: Bethany House Publishers, 1981), pp. 22-23.
12. Billheimer, Destined for the Throne, p. 107.
13. C. Peter Wagner, Confronting the Powers (Ventura, CA: Regal
Books, 1996), p. 242.
14. Jack W. Hayford, Prayer Is Invading the Impossible (South
Plainfield, NJ: Logos International, 1977; edição revisada, Bridge
Publishing, 1995), p. 92, 1977 revisada.

Capítulo 3: Representar Jesus


1. The Consolidated Webster Encyclopedic Dictionary (Chicago:
Consolidated Book Publishers, 1954), p. 384.
2. Ibid., p. 450.
3. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 1834.
4. Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Chicken Soup for the Soul
(Deerfield Beach, FL: Health Communications, Inc., 1993), p. 74.
5. R. Arthur Mathews, Born for Battle (Robesonia, PA: OMF
Books, 1978), p. 106.
6. Usei a frase “efetivar a vitória do Calvário” no decorrer deste
livro. Embora não seja uma citação direta de outra fonte, a
semente foi plantada em minha mente por Paul Billheimer em:
Destined for the Throne (Fort Washington, PA: Christian
Literature Crusade, 1975), p. 17.
7. Mathews, Born for Battle, p. 160.

Capítulo 4: Encontros: os Bons, os Ruins e os Péssimos


1. Francis Brown, S. R. Driver, Charles A. Briggs, The New Brown-
Driver, Briggs- Gesenius Hebrew and English Lexicon (Peabody,
MA: Hendrickson Publishers, 1979), p. 803.
2. Spiros Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary (Iowa
Falls, IA: Word Bible Publishers, 1992), p. 1375.
3. Ibid.
4. William Wilson, Old Testament Word Studies (Grand Rapids,
MI: Kregel Publications, 1978), p. 263.
5. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1583.
6. Ibid.
7. Jack Canfield e Mark Victor Hansen, Chicken Soup for the Soul
(Deerfield Beach, FL: Health Communications, Inc., 1993), p. 74.

Capítulo 5: Face a Face


1. Joseph Henry Thayer, A Greek-English Lexicon of the New
Testament (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1977), p. 45.
2. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1993), p. 144.
3. Ibid., p. 99.
4. Francis Brown, S. R. Driver, Charles A. Briggs, The New Brown-
Driver, Briggs- Gesenius Hebrew and English Lexicon (Peabody,
MA: Hendrickson Publishers, 1979), p. 671.
5. F. F. Bosworth, Christ the Healer (Grand Rapids, MI: Baker Book
House/Revell, 1973), p. 26.
6. S. D. Gordon, What It Will Take to Change the World (Grand
Rapids, MI: Baker Book House, 1979), pp. 17-21, adaptado.
7. New American Standard Exhaustive Concordance of the Bible
(Nashville, TN: Holman Bible Publishers, 1981), ref. nº 2428.
8. R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr., Bruce K. Waltke,
Theological Wordbook of the Old Testament (Chicago: Moody
Press, 1980; Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing
Co., edição revisada, 1991), p. 453.
9. Spiros Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary (Iowa
Falls, IA: Word Bible Publishers, 1992), p. 1128.
10. Harris, Archer, Waltke, Theological Wordbook, p. 453.
11. Letra de Julia Ward Howe, melodia norte-americana atribuída
a William Steffe.
12. Larson, Illustrations for Preaching, p. 26.

Capítulo 6: Proibido Ultrapassar


1. The Spirit-Filled Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson
Publishers, 1991), p. 1097.
2. A primeira vez que ouvi a frase “oração para criar cercos” foi em
uma mensagem de Jack Hayford em Dallas, Texas, em 1976.
Desde então, ele escreveu sobre isso em seus livros.
3. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 3427.
4. Francis Brown, S. R. Driver, Charles A. Briggs, The New Brown-
Driver, Briggs- Gesenius Hebrew and English Lexicon (Peabody,
MA: Hendrickson Publishers, 1979), p. 533.
5. Ethelbert Bullinger, A Critical Lexicon and Concordance to the
English and Greek New Testament (Grand Rapids, MI:
Zondervan Publishing House, 1975), p. 804.
6. Ibid.

Capítulo 7: Borboletas, Camundongos, Elefantes e Alvos


1. Francis Brown, S. R. Driver, Charles A. Briggs, The New Brown-
Driver, Briggs- Gesenius Hebrew and English Lexicon (Peabody,
MA: Hendrickson Publishers, 1979), p. 803.
2. E. Vine, The Expanded Vine’s Expository Dictionary of New
Testament Words (Minneapolis, MN: Bethany House Publishers,
1984), p. 200.
3. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1812.
4. Spiros Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary (Iowa
Falls, IA: Word Bible Publishers, 1992), p. 400.
5. Ouvi pela primeira vez a conexão entre Gênesis 28:11-22 e
Romanos 8:26-28 junto com vários pensamentos relacionados
ao assunto, inclusive a ilustração da borboleta, em uma
mensagem ao vivo de Jack Hayford em Dallas, Texas, em 1976.
Desde então, ele escreveu sobre isso em um de seus livros.
6. Isso me foi comunicado pelo aluno israelita Avi Mizrachi no
Instituto Christ for the Nations em Dallas, Texas.
7. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 4878.

Capítulo 8: Parto Sobrenatural


1. The Consolidated Webster Encyclopedic Dictionary (Chicago:
Consolidated Book Publishers, 1954), p. 749.
2. E. Vine, The Expanded Vine’s Expository Dictionary of New
Testament Words (Minneapolis, MN: Bethany House Publishers,
1984), p. 110.
3. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 8414.
4. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1790.
5. C. F. Keil, F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament
Volume 1 (Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans Publishing
Co., reimpresso 1991), p. 48.
6. William Wilson, Old Testament Word Studies (Grand Rapids,
MI: Kregel Publications, 1978), p. 175.
7. The Consolidated Webster Encyclopedic Dictionary (Chicago:
Consolidated Book Publishers, 1954), p. 89.
8. Francis Brown, S. R. Driver, Charles A. Briggs, The New Brown-
Driver, Briggs- Gesenius Hebrew and English Lexicon (Peabody,
MA: Hendrickson Publishers, 1979), p. 934.
9. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance ref. nº
3205.
10. Ibid., ref. nº 2342.
11. Ibid., ref. nº 1411.
12. Ibid., ref. nº 1982.
13. Joseph Henry Thayer, A Greek-English Lexicon of the New
Testament (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1977), p. 242.
14. Spiros Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary (Iowa
Falls, IA: Word Bible Publishers, 1992), p. 1366.
15. Vine, The Expanded Vine’s Expository Dictionary, p. 268.
16. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993), p. 165, adaptado.

Capítulo 9: Lutadores Profissionais


1. R. Arthur Mathews, Born for Battle (Robesonia, PA: OMF
Books, 1978), p. 113.
2. Jack Hayford, Prayer Is Invading the Impossible (South
Plainfield, NJ: Logos International, 1977; edição revisada, Bridge
Publishing, 1995), p. 45, 1977, revisada.
3. R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr. Bruce K. Waltke,
Theological Wordbook of the Old Testament (Chicago: Moody
Press, 1980; Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing
Co., edição revisada, 1991), p. 715.
4. Hayford, Prayer Is Invading the Impossible, p. 5.
5. Ethelbert Bullinger, A Critical Lexicon and Concordance to the
English and Greek New Testament (Grand Rapids, MI:
Zondervan Publishing House, 1975), p. 400.
6. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1797.
7. Spiros Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary (Iowa
Falls, IA: Word Bible Publishers, 1992), p. 1173.
8. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 4122.
9. Bullinger, A Critical Lexicon and Concordance, p. 28.
10. Geoffrey Bromiley, Theological Dictionary of the New
Testament Abridged (Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans
Publishing Co., 1985), p. 935.
11. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
4314.
12. Ibid., ref. nº 1747.
13. Ibid., ref. nº 2442.
14. Harris, Archer, Waltke, Theological Wordbook, p. 791.
15. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
6960.
16. Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible, p. 1733.
17. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
4049.
18. Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible, p. 1796.
19. Ibid.
20. Gordon Lindsay, The New John G. Lake Sermons (Dallas:
Christ for the Nations, Inc., 1979), pp. 29-30.
21. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
7218.
22. Joseph Henry Thayer, A Greek-English Lexicon of the New
Testament (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1977), p. 240.
23. Hayford, Prayer Is Invading the Impossible, p. 140.
24. Bullinger, A Critical Lexicon and Concordance, p. 731.

Capítulo 10: O Homem Altíssimo


1. Spiros Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary
(Dicionário Completo de Estudo da Palavra, título em tradução
livre) (Iowa Falls, IA: Word Bible Publishers, 1992), p. 816.
2. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 575.
3. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993), p. 98.
4. Zodhiates, The Complete Word Study Dictionary, p. 1464.
5. Ibid., p. 1463.
6. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
1994.
7. Ibid., ref. nº 1124.
8. Ibid., ref. nº 3056.
9. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1718.
10. E. Vine, The Expanded Vine’s Expository Dictionary of New
Testament Words (Minneapolis, MN: Bethany House Publishers,
1984), p. 125.
11. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance ref. nº
5188.
12. Ibid., ref. nº 5187.
13. Larson, Illustrations for Preaching, p. 134.
14. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
1415.
15. Ibid., ref. nº 2507.
16. Walter Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Testament,
p. 386.
17. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
2192.
18. Zodhiates, The Complete Word Study, p. 923.
19. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
5313.
20. Bauer, A Greek-English Lexicon, p. 851.

Capítulo 11: O Relâmpago de Deus


1. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1846.
2. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993), p. 133.
3. Ibid., p. 72, adaptado.
4. Joseph Henry Thayer, A Greek-English Lexicon of the New
Testament (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1977), p. 422.
5. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 7931.

Capítulo 12: A Substância da Oração


1. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 3115.
2. Dick Eastman, No Easy Road (Grand Rapids, MI: Baker Book
House, 1971), pp. 96-97.
3. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993), p. 245, adaptado.
4. Eastman, No Easy Road, pp. 97-98.
5. Larson, Illustrations for Preaching, p. 114.
6. Joseph Henry Thayer, A Greek-English Lexicon of the New
Testament (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1977), p. 38.
7. Jack Hayford, Prayer Is Invading the Impossible (South
Plainfield, NJ: Logos International, 1977; edição revisada, Bridge
Publishing, 1995), p. 55, 1977 revisada.
8. Thayer, A Greek-English Lexicon, p. 14.
9. Gordon Lindsay, Prayer That Moves Mountains (Dallas: Christ
for the Nations, Inc., edição 1994), p. 43.
10. Thayer, A Greek-English Lexicon, p. 422.
11. Paul E. Billheimer, Destined for the Throne (Fort Washington,
PA: Christian Literature Crusade, 1975), p. 107.
12. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
4057.
13. Ibid., ref. nº 5228.
14. Ibid., ref. nº 2596.
15. Larson, Illustrations for Preaching, p. 177, adapted.

Capítulo 13: Ações que Falam e Palavras que Agem


1. Cindy Jacobs, The Voice of God (A Voz de Deus) (Ventura, CA:
Regal Books, 1995), pp. 251-253.
2. Sue Curran, The Praying Church (Blountville, TN: Shekinah
Publishing Company, 1987), p. 140.
3. Elizabeth Alves, Becoming a Prayer Warrior (Ventura, CA:
Renew Books, 1998), pp. 167-210.
4. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1861.
5. R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr., e Bruce K. Waltke,
Theological Wordbook of the Old Testament (Chicago: Moody
Press, 1980; Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing
Co., edição revisada, 1991), p. 158.
6. Ibid., p. 118.
7. Ibid., p. 793.
8. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 4834.
9. Adaptado de uma mensagem do Pastor Tim Sheets,
Middletown, Ohio.
10. Ibid.
11. Dick Eastman, The Jericho Hour (Orlando, FL: Creation
House, 1994), pp. 10-11, adaptado.

Capítulo 14: A Unção da Sentinela


1. Craig Brian Larson, Illustrations for Preaching and Teaching
(Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993), p. 59, adaptado.
2. Cindy Jacobs, Possessing the Gates of the Enemy (Grand
Rapids, MI: Chosen Books, 1991), pp. 21-22, adaptado.
3. Quin Sherrer with Ruthanne Garlock, How to Pray for Your
Family and Friends (Ann Arbor, MI: Servant Publications, 1990),
p. 127.
4. James Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance of
the Bible (Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990), ref.
nº 8104.
5. Ibid., ref. nº 5341.
6. Ibid., ref. nº 6822.
7. C. Peter Wagner, Prayer Shield (Ventura, CA: Regal Books,
1992), pp. 66-73.
8. Ibid., p. 180.
9. Ibid., p. 177.
10. Sherrer with Garlock, How to Pray for Your Family, pp. 152-
153, adaptado.
11. Spiros Zodhiates, Hebrew-Greek Key Study Bible — New
American Standard (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984;
edição revisada, 1990), p. 1752.
12. Ibid., p. 1787.
13. Sherrer with Garlock, How to Pray for Your Family, p. 95,
adaptado.
14. C. Peter Wagner, Breaking Strongholds in Your City (Ventura,
CA: Regal Books, 1993), pp. 176-177.
15. Strong, The New Strong’s Exhaustive Concordance, ref. nº
2275.
16. Larson, Illustrations for Preaching, p. 12, adaptado.
Bibliografia

Alves, Elizabeth. Becoming a Prayer Warrior. Ventura, CA: Renew Books,


1998.
Bauer, Walter. A Greek-English Lexicon of the New Testament. Chicago, IL:
The University of Chicago Press, 1979.
Billheimer, Paul. Destined for the Throne. Fort Washington, PA: Christian
Literature Crusade, 1975.
Bosworth, F. F. Christ the Healer. Grand Rapids, MI: Baker Book
House/Revell, 1973.
Bromiley, Geoffrey. Theological Dictionary of the New Testament, Abridged.
Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans Publishing Co., 1985.
Brown, Francis, S. R. Driver, Charles A. Briggs. The New Brown-Driver,
Briggs-Gesenius Hebrew and English Lexicon. Peabody, MA: Hendrickson
Publishers, 1979.
Bullinger, Ethelbert. A Critical Lexicon and Concordance to the English and
Greek New Testament. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House,
1975.
Canfield, Jack, Mark Victor Hansen. Chicken Soup for the Soul. Deerfield
Beach, FL: Health Communications, Inc., 1993.
The Consolidated Webster Encyclopedic Dictionary. Chicago, IL: Consolidated
Book Publishers, 1954.
Curran, Sue. The Praying Church. Blountville, TN: Shekinah Publishing
Company, 1987.
Eastman, Dick. The Jericho Hour. Orlando, FL: Creation House, 1994.
————. No Easy Road. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1971.
Gordon, S. D. What It Will Take to Change the World. Grand Rapids, MI: Baker
Book House, 1979.
Harris, R. Laird, Gleason L. Archer Jr., Bruce K. Waltke. Chicago, IL: Moody
Press, 1980; Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Co., edição
revisada, 1991.
Hayford, Jack. Prayer Is Invading the Impossible. South Plainfield, NJ: Logos
International, 1977; edição revisada, Bridge Pub-lishing, 1995.
Jacobs, Cindy. Possessing the Gates of the Enemy. Grand Rapids, MI:
Chosen Books, 1991.
————. The Voice of God. Ventura, CA: Regal Books, 1995.
Keil, C. F., F. Delitzsch. Commentary on the Old Testament, Volume 1. Grand
Rapids, MI: William B. Eerdmans Publishing Co., reimpressão 1991.
Larson, Craig Brian. Illustrations for Preaching and Teaching. Grand Rapids,
MI: Baker Books, 1993.
Lindsay, Gordon. The New John G. Lake Sermons. Dallas, TX: Christ for the
Nations, Inc., 1979.
————. Prayer That Moves Mountains. Dallas, TX: Christ for the Nations,
Inc., edição 1994.
Mason, John L. An Enemy Called Average. Tulsa, OK: 1990.
Mathews, R. Arthur. Born for Battle. Robesonia, PA: OMF Books, 1978.
Murray, Andrew. The Ministry of Intercessory Prayer. Minneapolis, MN:
Bethany House Publishers, 1981.
New American Standard Exhaustive Concordance of the Bible. Nashville, TN:
Holman Bible Publishers, 1981.
Sherrer, Quin, Ruthanne Garlock. How to Pray for Your Family and Friends.
Ann Arbor, MI: Servant Publications, 1990.
The Spirit-Filled Bible. Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1991.
Strong, James. The New Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible,
Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1990.
Thayer, Joseph Henry. A Greek-English Lexicon of the New Testament. Grand
Rapids, MI: Baker Book House, 1977.
Vine, W. E. The Expanded Vine’s Expository Dictionary of New Testament
Words. Minneapolis, MN: Bethany House Publishers, 1984.
Wagner, C. Peter. Breaking Strongholds in Your City. Ventura, CA: Regal
Books, 1993.
————. Prayer Shield. Ventura, CA: Regal Books, 1992.
Wilson, William. Old Testament Word Studies. Grand Rapids, MI: Kregel
Publications, 1978.
Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary. Iowa Falls, IA: Word
Bible Publishers, 1992.
————. Hebrew-Greek Key Study Bible — New American Standard.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 1984; edição revisada, 1990.
DUTCH SHEETS é um conferencista, pastor e autor
internacionalmente conhecido. Escreveu muitos livros
entre eles Autoridade na Oração e seu best-seller
Oração Intercessória ele viaja por todo mundo como
orador convidado e é fervoroso em seu desejo de
fortalecer os cristãos com o poder para orar
apaixonadamente e buscar reavivamento que vai
mudar o mundo. Dutch é diretor executivo do instituto
bíblico Christ For The Nations (CFNI) em Dallas,
Texas.

Você também pode gostar