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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2017.0000697540

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2028563-77.2017.8.26.0000, da Comarca de Barueri, em que é agravante
BRUXELAS ADMINISTRAÇÃO E CORRETORA DE SEGUROS LTDA, é
agravado TOKIO MARINE SEGURADORA S/A.

ACORDAM, em 34ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


GOMES VARJÃO (Presidente) e NESTOR DUARTE.

São Paulo, 13 de setembro de 2017.

KENARIK BOUJIKIAN
RELATORA
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Agravo de Instrumento nº 2028563-77.2017.8.26.0000


Agravante: Bruxelas Administração e Corretora de Seguros Ltda
Agravado: TOKIO MARINE SEGURADORA S/A
Comarca: Barueri
Voto nº 7862

EMENTA: Agravo de instrumento. Execução de título


extrajudicial. Carta precatória para avaliação de bens
imóveis. Aditamento para admitir praceamento de bens.
Possibilidade.
1.É certo que, após a avaliação dos bens, o curso legal da
execução prevê sua expropriação, nos termos dos artigos
876 e seguintes do NCPC.
2. Com efeito, não há notícia nos autos de pedido de
adjudicação ou de alienação por iniciativa particular, de
modo que não vislumbro qualquer irregularidade no
deferimento da alienação em leilão judicial.
3. Não se verifica qualquer irregularidade no aditamento da
carta precatória (fls. 70 e 72), que ocorre em prol da
celeridade processual.
4. Impossível a condenação da agravante por litigância de
má-fé, por falta de subsunção às hipóteses do art.80, do
NCPC.
Recurso não provido.

Vistos.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por


Bruxelas Administração e Corretora de Seguros Ltda (fls. 01/08) contra
decisão (fls. 70) proferida nos autos nº 0044982-12.2011.8.26.0068, que
deferiu o pedido da exequente para que seja aditada a carta precatória
para que, além da avaliação dos imóveis penhorados, seja feito também
o seu praceamento.

Agravo de Instrumento nº 2028563-77.2017.8.26.0000 -Voto nº 7862 2


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Pugna a agravante pelo efeito suspensivo a fim


de suspender o praceamento dos bens penhorados ou qualquer outro ato
de alienação judicial. Alega a agravada que peticionou nos autos
principais informando que o efeito suspensivo do agravo de instrumento
interposto anteriormente perdera sua validade e requereu,
maliciosamente, induzindo em erro a MM. Magistrada, o aditamento da
carta precatória para que além da avaliação dos imóveis, seja feito
também o seu praceamento. Sustenta o risco de grave dano e de difícil
reparação ante a alienação judicial dos bens. Defende que a decisão do
juízo singular foi prematura, pois deverá ser feita a avaliação nesta
oportunidade e, somente após todas as etapas legais, poderá ocorrer a
expropriação dos bens.

Ao recurso foi atribuído o efeito suspensivo (fls.


95/96).

As partes foram intimadas para se manifestarem


sobre a realização de julgamento virtual (fls. 95/96) e o agravante se
opôs, requerendo o julgamento presencial (fls. 100).

O agravado apresentou contraminuta (fls.


101/106) e documentos (fls. 107/580), sustentando que a execução de
título extrajudicial tem fundamento em escritura pública de confissão de
dívida com garantia hipotecária. Os embargos à execução foram
julgados improcedentes e os demais recursos não providos, pendente de
julgamento agravo regimental em agravo em recurso especial. Alega,

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ainda, que, não bastasse, a agravante opôs exceção de pré-executividade


tentando inovar a matéria de defesa, rejeitada pelo juízo de primeiro
grau e em julgamento de agravo de instrumento (nº
2014752-84.2016.8.26.0000). Após, afirma que a execução prosseguiu
regularmente e que o aditamento da carta precatória para o praceamento
dos bens, depois de efetuada a avaliação, em nada fere os ditames
processuais vigentes. Defende, por fim, o acerto da decisão e afirma que
os imóveis hipotecados foram penhorados e estão sendo avaliados para,
em caso de não pagamento da agravante, serem leiloados. Requer a
aplicação das penalidades previstas nos arts. 79 e 81, do CPC/2015.

É o relatório.

O recurso não comporta provimento.

Trata-se de pedido para que se reforme a decisão


que permitiu o aditamento da carta precatória de avaliação dos bens
imóveis para admitir também a expropriação dos bens.

Sustenta, para tanto que a decisão do juízo


singular foi prematura, pois deverá ser feita a avaliação nesta
oportunidade e, somente após todas as etapas legais, poderá ocorrer a
expropriação dos bens. Todavia, não esclarece quais seriam as “etapas
legais” que não foram observadas pelo juízo a quo.

É certo que, após a avaliação dos bens, o curso

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legal da execução prevê sua expropriação, nos termos dos artigos 876 e
seguintes do NCPC.

Com efeito, não há notícia nos autos de pedido


de adjudicação ou de alienação por iniciativa particular, de modo que
não vislumbro qualquer irregularidade no deferimento da alienação em
leilão judicial.

Também não se verifica qualquer irregularidade


no aditamento da carta precatória (fls. 70 e 72), que ocorre em prol da
celeridade processual e em consonância com a ordem de trâmite legal
do processo de execução.

Em verdade, o praceamento é consequência legal


do curso natural dos autos, de modo que a parte agravante não trouxe
elementos que justifiquem sua não realização por aditamento à carta
precatória.

No caso em questão, ante a inexistência de


pedido de adjudicação ou alienação por iniciativa particular, acertado o
deferimento da realização do leilão judicial, por ora, à satisfação da
execução.

Portanto, a decisão agravada não merece


qualquer reparo.

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Destarte, ante o não provimento do recurso, não


subsiste o efeito suspensivo outrora concedido.

Por derradeiro, impossível a condenação por


litigância de má-fé da agravante na forma requerida pelo agravado.

As hipóteses de litigância de má-fé estão


previstas no art. 80, do NCPC, sendo que todas versam sobre pretensão
temerária, distorcida e mentirosa.

A propósito, Nelson Nery Junior e Rosa Maria de


Andrade Nery prelecionam que “o litigante de má-fé é a parte ou
interveniente que, no processo, age de forma maldosa, com dolo ou
culpa, causando dano processual à parte contrária. É o improbus litigar,
que se utiliza de procedimentos escusos com o objetivo de vencer ou
que, sabendo ser difícil ou impossível vencer, prolonga deliberadamente
o andamento do processo procrastinando o feito. As condutas aqui
previstas, definidas positivamente, são exemplos do descumprimento do
dever de probidade estampado no art. 14, do CPC” (Código de
Processo Civil comentado e legislação extravagante. 11ª ed. São Paulo:
RT, 2010, p. 226).

No caso dos autos, a conduta da agravante não se


enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 80, do NCPC,
pois não gerou qualquer dano processual à parte contrária. Em verdade,
vê-se que a agravante apenas se valeu do seu direito de recorrer.

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Isto posto, conheço e nego provimento ao


recurso interposto.

Kenarik Boujikian
Relatora

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