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1.

BREVE APONTAMENTO SOBRE A RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL

No ano de 1868, foi publicado na Alemanha por Oskar von Bullow a obra “ A
teoria das Exceções Processuais e os Pressupostos Processuais” que foi um marco
da autonomia do processo diante o direito material. Surgindo assim o direito
processual como ciência.

Os conceitos dessa relação jurídico-processual é, no entanto, complexa e


dinâmica, e compreende vários fatores de direitos sendo, ônus, deveres, faculdades,
poderes e obrigações. Logo, essa complexidade e a dinamicidade advinda dessa
relação processual, decorrentes de um constante movimento, possibilitam alterações
nos vínculos estabelecidos entre os seus sujeitos.

Há também o princípio da cooperação que é voltado à conduta no


processo, em posição de comando, afastando-se da imagem do juiz que funciona
tão somente como um distante fiscal da observância das regras legais.

O processo em latim, que significa  (procedere) = seguir adiante, foi durante


muito tempo visto como um procedimento, ou seja, como sendo uma simples
sucessão de atos processuais. A doutrina nos diz que no processo existe uma
força que motiva e justifica a prática dos atos do procedimento, interligando os
sujeitos processuais. O processo, então, pode ser observado pelo aspecto
dos atos que dão ênfase nessas relações e igualmente pelo aspecto entre as partes
e os seus sujeitos. 

Logo, o processo não é mais uma relação processual e sim um


procedimento que se desenvolve em contraditório. Podemos ver essa mudança
buscando uma comparação entre alguns artigos do Código de Processo Civil de
1973 e Novo Código de Processo Civil de 2015.

A Constituição Federal brasileira dá sustentação para a sua implementação.


Nosso atual Código de Processo Civil contém dispositivos que dão respaldo às
regras de cooperação.
Portanto, nasce então, a teoria a partir do momento em que o Estado assume
para si a obrigação de solucionar o conflito de interesses, existentes, o que antes
era feito de forma particular através da autotutela.

Com o passar do tempo o Estado foi sendo requerido pelos indivíduos para
solucionar os problemas concernentes ás relações. O Estado deixa de ser mero
espectador das relações realizadas entre os particulares e passa a ter o poder de
jurisdição tendo, portanto, a obrigação de resolver os conflitos de interesses.

Há um processo que visa assegurar direitos, especialmente os direitos


fundamentais. É um processo assentado na cooperação e participação dos
integrantes dessa relação processual, como falamos anteriormente.

“Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se


obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”

Dessa forma há sim uma notável mudança de entendimento o que


possibilita que o processo civil possua uma nova construção de decisões eficazes
e um processo mais legítimo e eficiente, é o que se espera.

Para Luís Mário Leal Salvador Caetano,

A teoria do processo como relação jurídica surge como um  gigantesco


avanço no estudo da essência processual, já que, finalmente, aparecia uma teoria
que lembrava que, ao contrário do que era considerado nas teorias contratualistas,
os indivíduos não tinham real poder sobre o processo jurisdicional, uma vez que o
Estado não permitia aos cidadãos sua autodefesa (a não ser em exceções, quando
o Estado não podia estar presente, como por exemplo na legítima defesa) dos bens
jurídicos, trazendo para si a obrigação de exercer não só a jurisdição, como também
os processos coercitivos e executórios, algo hoje impensável de se deixar nas mãos
de particulares – estes, agora, reconhecidamente submetidos ao poder estatal
através da justiça e suas peculiaridades de agir. 
Por fim, verifica- se a relação jurídico processual. O processo não pode ser
visto apenas como relação jurídica, mas sim como algo que tem grande relevância
para a democracia e, por isso deve ser legítimo.

O processo deve legitimar pela sua participação , adequado à tutela dos


direitos e aos direitos fundamentais e ainda assim produzir uma decisão legítima
entre autor, réu e juiz.

Foi a partir daí que se reconheceu a autonomia do processo ante o conteúdo


do direito material.  Sem dúvida, um grande avanço muito mais completo e eficiente.
Sendo de suma importância a participação do juiz para o processo se desenvolver.

CAETANO, Luis Mário Leal Salvador. O processo como relação jurídica.


Disponivel em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5887/O-processo-como-
relacao-juridica>.

AGUIAR, Cynara Silde Mesquita Veloso de; COSTA, Fabrício Veiga; SOUZA, Maria Inês
Rodrigues de. Processo, Ação e jurisdição em Oskar von Bülow. In: LEAL, Rosemiro
Pereira (Coord.). Estudos continuados de Teoria do Processo. v. VI. Porto Alegre: síntese,
2005. p. 14-37.

.
https://luisavieirap.jusbrasil.com.br/artigos/363695992/a-relacao-processual-no-novo-
cpc-sistema-cooperativo-comparticipativo

https://jus.com.br/artigos/36061/breves-apontamentos-sobre-a-teoria-do-processo-
como-relacao-juridica
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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