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IMUNOLOGIA SUPERIOR

sumário
INTRODUÇÃO AO SISTEMA IMUNOLÓGICO 03
Estrutura e Função dos Anticorpos e Receptores de Células T 13
Biologia dos Linfócitos T e B 22
Complexo Principal de Histocompatibilidade 30
Biologia das Citocinas 38
Imunologia das Mucosas 47
Sistema Complemento 56
Imunidade Mediada por Células T 65
Resposta Humoral 76
Inflamação 84
Base Genética dos Anticorpos 94
Genética dos Receptores de Células T 103
Bases Genéticas do Mhc 110
Respostas Imunes a Doenças Infectoparasitárias: Introdução 116
Infecções Bacterianas 123
Infecções Virais 133
Infecções Por Helmintos, Protozoários e Ectoparasitas 141
Doenças Emergentes 147
Manipulação Da Resposta Imune - Primeira Parte 154
Manipulação Da Resposta Imune - Segunda Parte 161
Manipulação Da Resposta Imune - Terceira Parte 169
Manipulação Da Resposta Imune - Quarta Parte 174
Transplantes 180
Autoimunidade 186
INTRODUÇÃO AO
SISTEMA IMUNOLÓGICO
ELEMENTOS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO
E SEU PAPEL NA DEFESA
Embora nós, os seres humanos, vivamos
cercados de microrganismos, e sendo que
muitos destes podem causar doenças, raramente
ficamos doentes. Nosso sucesso em evitar que
microrganismos patogênicos desenvolvam
doenças se deve ao sistema imunológico, ou
sistema imunitário, e a imunologia é o ramo da
ciência que estuda os mecanismos utilizados
por este sistema frente a diferentes agentes
patogênicos.
derivaram de células-tronco hematopoiéticas

IMUNOLOGIA
pluripotentes (CTHP) encontradas na medula
óssea. Estás células são as responsáveis por
COMPONENTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO iniciar a hematopoese, que é o processo pelo
O sistema imunológico é formado por uma série qual todas as células do sangue são formadas,
de células e moléculas que atuam conjuntamente isso inclui as células que do sistema imunológico.
na defesa do organismo. Cada tipo celular
desempenha uma função peculiar, bem como A CTHP, encontrada na medula óssea,
cada molécula produzida pelas células do se divide inicialmente em progenitores e
sistema imunológico. subsequentemente em precursores que
originarão todos os tipos celulares encontrados
As diferentes células que compõe o nosso sistema na corrente sanguínea. Inicialmente é observada
imunológico têm origem comum: todas elas a formação de dois progenitores: o progenitor
linfoide e o progenitor mieloide.

Esquema simplificado do processo de hematopoese na medula óssea. Os linfócitos T são as únicas células que completam o seu processo de diferenciação em outro
órgão: no timo. As células dendríticas, não representadas na figura, podem ser originadas a partir do progenitor mieloide bem como do progenitor linfoide.

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A partir de um progenitor mieloide pode- microrganismos, eliminando-os usando enzimas
se observar o surgimento dos eritroblastos e e substâncias antimicrobianas encontradas nos
dos megacarioblastos. Estes dois precursores seus grânulos.
originarão os eritrócitos e as plaquetas,
respectivamente. Além disso, o progenitor Os eosinófilos e os basófilos, tal qual os
mieloide pode originar o progenitor de neutrófilos, possuem grânulos ricos em enzimas
macrófagos e granulócitos, que são os e conteúdos tóxicos para patógenos. Estes tipos
responsáveis pela formação de boa parte dos celulares possuem atividade contra grandes
leucócitos sanguíneos, incluindo os neutrófilos, patógenos multicelulares, como os helmintos, e
monócitos, eosinófilos e basófilos. desempenham papel importante na vigência de
respostas alérgicas.
Além dos progenitores já mencionados, há
também o progenitor linfoide. Este progenitor MACRÓFAGOS
é responsável por originar os diferentes tipos
de linfócitos: os linfócitos B, linfócitos T e as Macrófago é a forma madura de um monócito
células NK (sigla em inglês natural killer). Há que migrou da corrente sanguínea para ocupar
uma peculiaridade no processo de formação dos os diferentes tecidos. Este processo de migração
linfócitos T: os precursores de célula T deixam do sangue para os tecidos ocorre continuamente
a medula em direção ao timo onde concluem o e é importante para a colonização dos diversos
processo de diferenciação originando assim as tecidos por células do sistema imunológico. São
células T virgens. células fagocíticas capazes de ingerir uma grande
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variedade de agentes patogênicos. Uma vez que


Um outro tipo celular com importante papel no os macrófagos ocupam os diferentes tecidos e
funcionamento do sistema imunológico é a célula são células com boa atividade fagocitárias, estas
dendrítica. Esta célula pode ser formada a partir células são muito importantes para iniciar uma
de ambos os progenitores, mieloide e linfoide. resposta imune.
No entanto, a maioria das células dendríticas se
desenvolve a partir de progenitores mieloides. LINFÓCITOS B

NOTA: O processo de diferenciação e maturação Os linfócitos B, ou células B, são células


dos leucócitos, sejam eles da linhagem linfocítica derivadas do progenitor linfoide da medula
ou mieloide, é muito mais complexo do que o
exemplificado neste momento. óssea. O processo de diferenciação do linfócito
B é iniciado e concluído na medula óssea,
GRANULÓCITOS dando origem ao linfócito B virgem. Ancorado
à membrana plasmática deste linfócito B
Os granulócitos são células contendo grânulos encontra-se uma imunoglobulina, ou anticorpo,
em seus citoplasmas, os quais são facilmente que funciona como receptor da célula B. Este
corados em lâminas histológicas. Neutrófilos, BCR (sigla em inglês para B cell receptor) pode
eosinófilos e basófilos são os granulócitos do se ligar diretamente à superfície de patógenos,
nosso sistema imunológico. sendo este receptor o responsável pelo processo
de ativação do linfócito B virgem, o qual se
Os neutrófilos são os primeiros leucócitos diferenciará em plasmócito.
recrutados na vigência de um processo
inflamatório, sendo rapidamente mobilizados LINFÓCITOS T
da medula óssea para o tecido no qual uma
lesão foi desencadeada. Este tipo de leucócito é Semelhantemente aos linfócitos B, os linfócitos T,
eficiente em fagocitar uma grande variedade de ou células T, são derivados do progenitor linfoide

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encontrado na medula óssea. Contudo, o linfócito células APCs. Três tipos de células são capazes
T só conclui o seu processo de diferenciação no de exercer esta função de apresentação de
timo. Este tipo de linfócito também possui um antígenos: as células dendríticas, os macrófagos
receptor ancorado à membrana plasmática, e os linfócitos B.
porém não é uma imunoglobulina. O TCR (sigla
em inglês para T cell receptor) não é capaz de NOTA: Toda célula apresentadora de antígeno faz
fagocitose, porém nem todo fagócito é capaz de fazer
interagir diretamente com os antígenos. Sendo a apresentação de antígenos para os linfócitos T.
assim, a célula T necessita do apoio de células
que exerçam a atividade de célula apresentadora
de antígeno (APC, sigla em inglês para antigen-
MOLÉCULAS QUE COMPÕE O SISTEMA
presenting cell).
IMUNOLÓGICO
CÉLULAS NK Para garantir a defesa do organismo, o nosso
sistema imunológico possui um grande número
Este tipo de célula, derivado do progenitor de células que circulam pelo corpo afim de
linfoide, não possui receptores de antígenos garantir que nenhum patógeno desencadeie uma
semelhante às células T e B. Trata-se de uma doença. Para que essa tarefa seja bem-sucedida,
célula especializada em matar outras células, por algumas moléculas são responsáveis por atacar
isso seu nome – célula NK, ou célula matadora diretamente o patógeno ou potencializar a
natural. Possui um importante papel na defesa resposta das células do sistema imunológico.
do organismo contra infecções virais e contra

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tumores. Entre as moléculas mais conhecidas estão os
anticorpos, ou imunoglobulinas. Estas proteínas
CÉLULAS DENDRÍTICAS formam o BCR, o receptor de membrana
responsável por reconhecer antígenos e levar
As células dendríticas são especialistas no à ativação da célula B. Uma vez ativados os
processo de captura de antígenos. Isso porque linfócitos B se diferenciarão em plasmócitos, que
uma das características peculiares deste tipo são células especializadas em produzir e secretar
celular é a macropinocitose, que é a internalização anticorpos. Anticorpos secretados podem, entre
de grande quantidade de líquido do entorno outras funções, neutralizar toxinas evitando
celular, podendo trazer consigo patógenos que dano tecidual.
desencadeariam doenças. Estas células formam
um elo de ligação entre o sistema imune inato e Um conjunto de moléculas solúveis chamado
o sistema imune adaptativo. de sistema complemento também possui
papel importante na defesa do patógeno. Este
conjunto de proteínas plasmáticas pode se
CÉLULA APRESENTADORA DE ANTÍGENO - APC
ligar à superfície de patógenos extracelulares,
APC é a função pela qual um tipo de célula é capaz sinalizando para que células como os
de internalizar conteúdo do meio extracelular, macrófagos façam a fagocitose (este processo de
processar este conteúdo internalizado em seu sinalização que auxilia na fagocitose é chamado
meio intracelular e, por fim, apresentar pequenos de opsonização). Além disso, as proteínas do
fragmentos destes componentes internalizados sistema complemento podem lesar a membrana
aos linfócitos T. A estes fragmentos apresentados plasmática de bactérias levando à citólise destes
aos linfócitos se dá o nome de antígenos. Como microrganismos.
já mencionado, os linfócitos T são incapazes
Uma série de outras moléculas faz parte do sistema
de interagir diretamente com os antígenos.
imunológico, incluindo citocinas, quimiocinas,
Portanto, sua ativação depende diretamente das
proteínas de fase aguda, mediadores lipídicos.

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Por enquanto basta sabermos que o sistema imunológicas impedem que microrganismos
imunológico utilizará tanto de atividade celular adentrem ao corpo humano, o que poderia
(resposta celular) como das diferentes moléculas resultar em doenças e até mesmo levar à morte.
(resposta humoral) na defesa do organismo.
Entre as barreiras imunológicas está a pele, a qual
ÓRGÃOS LINFOIDES funciona como uma barreira física impedindo o
acesso de micróbios aos tecidos mais profundos.
Os órgãos linfoides são estruturas especializadas As células epiteliais estão intimamente
em promover a resposta imunológica, seja ligadas, de modo que se confere uma proteção
dando origem aos diferentes tipos celulares mecânica ao nosso corpo. Moléculas com ação
ou fornecendo ambiente adequado para a antimicrobiana também são encontradas na
potencialização de uma resposta imune. Estão pele, incluindo as defensinas produzidas pelas
divididos em órgãos linfoides primários e órgãos células epiteliais.
linfoides secundários.
O fluxo de ar e líquidos também atua como
Os órgãos linfoides primários são responsáveis barreira imunológica. O ato de tossir ou espirrar,
por criar o ambiente no qual todas as células bem como vômitos e diarreia, expulsam um
do sistema imunológico são formadas. volume grande de ar e líquidos, evitando que
Este processo de produção e diferenciação microrganismos se instalem no nosso trato
celular ocorre na medula óssea e no timo. A respiratório e digestório. Enzimas nas lagrimas
hematopoese se inicia no saco vitelínico e e saliva, como a lisozima, também funcionam
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durante a vida fetal o fígado e o baço são os como barreira antimicrobiana. Além disso, o
principais órgãos hematopoiéticos. No entanto, movimento de muco realizado pelos cílios do
após o nascimento o órgão responsável pela trato respiratório auxilia na expulsão de agentes
hematopoese é a medula óssea, ficando o patogênicos.
timo restrito a completar a diferenciação dos
linfócitos T. Mas, e se o patógeno tiver sucesso em vencer as
barreiras imunológicas? Neste caso, as células e
Já os órgãos linfoides secundários formam moléculas acima mencionadas serão utilizadas
ambientes nos quais a resposta imunológica como um exército defendendo o território. Toda
pode ser potencializada. Isso porque nestes vez que um patógeno consegue vencer essas
órgãos há uma grande concentração de linfócitos barreiras o sistema imune inato inicia um contra-
B e T, além de circulação de APCs, favorecendo ataque. Caso este sistema não consiga eliminar
o reconhecimento de antígeno pelas células o agente agressor o sistema imune adaptativo
do sistema imune adaptativo. Os inúmeros iniciará sua ativação.
linfonodos, o baço e o tecido linfoide associado
às mucosas (MALT, sigla em inglês para mucosa IMUNIDADE INATA
associated-lymphoid tissues) formam os órgãos
linfoides secundários. A imunidade inata, também chamada de
imunidade natural ou imunidade inespecífica,
atua principalmente através da atividade
IMUNIDADE INATA E ADAPTATIVA fagocítica de macrófagos e neutrófilos, além da
O corpo humano foi evoluindo de tal modo ação de células NK. Trata-se da primeira linha de
que barreiras imunológicas fossem criadas, defesa do hospedeiro contra os patógenos que
com a intenção de manter o organismo a salvo ultrapassaram as barreiras imunológicas.
da ação dos diversos patógenos pelos quais
Para que se inicie a resposta celular do sistema
estamos expostos no dia-a-dia. Estas barreiras
imune inato, é necessário que receptores de

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reconhecimento de padrão (PRRs, sigla em inglês vesícula intracelular chamada de fagossoma.
para pattern recognition receptors) reconheçam Esta vesícula se funde com uma vesícula pré-
os seus ligantes expressos na superfície do existente, chamada de lisossoma. Após a fusão
patógeno. Vários receptores de membrana estas duas vesículas se tornam uma só – o
celular fazem parte desta classe de PRRs, fagolisossoma. É neste fagolissoma que ocorre a
incluindo os receptores semelhante ao Toll (TLR, fragmentação do patógeno, e consequentemente
sigla em inglês Toll-like receptor), receptores de sua morte.
manose, receptores de lipopolissacarídeo. Estes
receptores expressos em células fagocíticas se Este mecanismo pode ser suficiente para
ligam a estruturas moleculares que são comuns eliminar o foco infeccioso. Porém, não raramente
a mais do que um patógeno especificamente, os fagócitos teciduais necessitam de auxílio na
os chamados PAMPs – padrões moleculares eliminação destes microrganismos.
associados aos patógenos (sigla em inglês para
Após a interação dos PRRs com PAMPs,
pathogen-associated molecular patterns). Por
os macrófagos liberam moléculas no meio
isso o termo de “reconhecimento de padrão”,
extracelular, em especial citocinas e quimiocinas.
pois se observa a ligação com padrões comuns a
Estas moléculas são as responsáveis por recrutar
diversos patógenos.
mais leucócitos para o sítio infeccioso. Com isso,
Por exemplo, macrófagos teciduais possuem comumente se observa infiltrado leucocitário nos
TLR-4 ancorados à sua membrana, um tipo de tecidos onde um processo inflamatório esteja
PRR que se liga ao LPS (lipopolissacarídeo). O em curso. Esse recrutamento leucocitário faz-se

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LPS é um constituinte comum a bactérias gram- necessário para eliminar de vez os micróbios que
negativas, não sendo específico a apenas uma desencadearam a resposta do sistema imune
bactéria. Por isso o nome de “padrão molecular inato. O primeiro leucócito a chegar no local onde
associado ao patógeno”. O reconhecimento a resposta foi desencadeada é o neutrófilo – isso
do LPS via TLR-4 leva à fagocitose da bactéria justifica o quadro de neutrofilia observado em
e consequente eliminação da mesma. Este é paciente que estejam em processo de inflamação
apenas um dos mecanismos efetivos de defesa aguda. Na sequência monócitos podem
do sistema imune inato! transmigrar para o local, onde desempenharão
de forma eficaz o papel de fagocitose e passarão
Uma vez que os receptores de membrana de a ser chamados de macrófagos. Por fim, se estas
um macrófago tecidual se ligam à superfície células do sistema imune inato não conseguirem
de um patógeno, tem-se início o processo eliminar o patógeno, entra em cena o sistema
de fagocitose. Primeiramente o conteúdo imune adaptativo com o recrutamento de
extracelular é englobado e alocado em uma linfócitos para o sítio infeccioso.
Janeway’s Immnunobiology, Bed. (© Garland Science 2012)
A B C

Macrófagos fazem fagocitose e liberam citocinas e quimiocinas que auxiliam no recrutamento leucocitário para o sítio infeccioso. A)
macrófago fagocita o patógeno e libera citocinas e quimiocinas; B) mediadores liberados por macrófagos aumentam a permeabilidade
vascular e causam vasodilatação; C) células inflamatórias migram para o tecido em direção ao local da infecção.

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IMUNIDADE ADAPTATIVA imunológica. Uma vez que um linfócito, seja
ele T ou B, se ativou pelo reconhecimento do
A imunidade adaptativa, também chamada de antígeno específico, uma pequena parte das
imunidade adquirida ou imunidade especifica, células originadas dessa ativação originará as
é a ferramenta mais especializada do sistema células de memória. Estas células responderão
imunológico na defesa do organismo. O de modo mais rápido num segundo contato
principal tipo celular atuante na resposta imune com o antígeno específico que as deu origem.
adaptativa são os linfócitos B e T. As vacinas são excelentes exemplos de
memória imunológica. Após a imunização
Diferentemente do que se observa na imunidade
nosso sistema imunológico se torna capaz de
inata, a imunidade adaptativa atua através de
responder rapidamente ao antígeno, impedindo
receptores expressos na membrana dos linfócitos
o desenvolvimento de doenças.
com altíssima especificidade. Não são, portanto,
reconhecidos PAMPs. Em vez disso, os TCRs e As células dendríticas são consideradas APCs
os BCRs reconhecem antígenos específicos profissionais. Isso porque estas células, após
peculiares aos patógenos. realizarem a macropinocitose, migram pelos
vasos linfáticos até os linfonodos. Ao chegarem
Uma vez que um BCR se liga a um antígeno,
nos linfonodos as células dendríticas interagem
inicia-se o processo de ativação do linfócito
com inúmeros linfócitos T virgens. As células
B o qual levará a formação de plasmócitos
dendríticas possuem moléculas expressas em
secretores de anticorpos. De modo semelhante,
sua superfície que auxiliarão no processo de
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a ativação de um linfócito T, via TCR, se inicia


ativação do linfócito T virgem. Uma vez que
pelo reconhecimento do antígeno apresentado
um linfócito T virgem reconheça o antígeno
na superfície da APC. Esta interação da célula
apresentado pela célula dendrítca este se tornará
T com a APC levará a diferenciação do linfócito,
ativado e se diferenciará em linfócito T efetor.
originando os linfócitos T efetores.
Por esta razão podemos dizer que os órgãos
Uma das principais características observadas na linfoides secundários são os responsáveis em
imunidade adaptativa é chamada de memória potencializar a resposta imune.

Janeway’s Immnunobiology, Bed. (© Garland Science 2012)

A B C

FNos órgãos linfoides secundários ocorre a apresentação de antígenos aos linfócitos T por células dendríticas. A) Células dendríticas
residentes nos tecidos fazem macropinocitose; B) Células dendríticas migram para os linfonodos através dos vasos linfáticos; C)
Células dendríticas ativam os linfócitos T virgens através da apresentação do antígeno.

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Uma característica importante observada de tolerância ocorre surgem as doenças
no desenvolvimento das células do sistema autoimunes, que são patologias nas quais as
imunológico é a tolerância a antígenos células do sistema imunológico ataca o próprio
próprios. Quando uma falha nesse mecanismo organismo.

Comparação entre imunidade inata e imunidade adaptativa e suas características.

IMUNOLOGIA
Para que o sistema imunológico tenha êxito adaptativa atuem em cooperação, utilizando de
faz-se necessário que as imunidades inata e mecanismos de resposta celular ou humoral.
Janeway’s Immnunobiology, Bed. (© Garland Science 2012)
A B C D E

Células da imunidade inata e adaptativa atuando na eliminação de patógenos. A) Patógenos aderem ao epitélio; B) Lesões na pele podem permitir que os
patógenos ultrapassem a barreira epitelial; C) Observa-se infecção local e início da resposta imune inata; D) Células dendríticas internalizam o patógeno e
migram para os linfonodos onde apresentam o antígeno aos linfócitos, dando início à resposta imune adaptativa; E) Células efetoras e moléculas do sistema
imune adaptativo migram para o tecido infectado auxiliam na eliminação do patógeno.

ANOTAÇÕES

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EXERCÍCIOS
1 Explique como as células do sistema imune inato 6 As células T virgens são incapazes de se tornarem
podem reconhecer patógenos e eliminá-los sem o ativas a partir do contato direto com os antígenos.
auxílio da imunidade adaptativa. Como se inicia o processo de ativação de um linfócito
T?

2 Os linfócitos T e B são células que compõe o


sistema imune adaptativo. Como são formados 7 Os granulócitos são células que contem grânulos
estes leucócitos? Quais os locais de produção e facilmente corados por técnicas histológicas. Estes
diferenciação deste tipo celular? grânulos contem mediadores da resposta inflamatória,
auxiliam a eliminação de patógenos, potencializam
a resposta alérgica, entre outras funções. Como se
dá a produção destes tipos celulares? Onde eles são
produzidos?
EXERCÍCIOS

3 O que são células apresentadoras de antígeno? Quais


são as células que desempenham essa função?

8 As células dendríticas são consideradas como elo de


ligação entre imunidade inata e adquirida. Isso porque
estas células possuem características importantes
que auxiliam tanto na eliminação de patógenos como
na ativação de linfócitos T virgens. Como as células
dendríticas podem internalizar patógenos e ativar o
4 Cite três características da imunidade inata e três da sistema imune adaptativo?
imunidade adaptativa.

9 Os progenitores linfoides são responsáveis


5 Os órgãos linfoides são constituintes importantes por produzir os linfócitos T e B no processo de
do sistema imunológico, sendo divididos em órgãos hematopoese. Além disso, estes progenitores são os
linfoides primários e órgãos linfoides secundários. responsáveis por originar um tipo celular peculiar à
Qual a função desses órgãos? Quais as estruturas imunidade inata. Que célula é esta? Qual a função
que os compõe? desta célula?

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10 A memória imunológica é uma das características
marcantes da imunidade adaptativa. Explique como
se dá esse processo de geração de memória. Após um
primeiro contato com um antígeno, como seriam as
respostas subsequentes?

ANOTAÇÕES

EXERCÍCIOS

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GABARITO DJOW
INTRODUÇÃO AO SISTEMA IMUNOLÓGICO

1 - Fagócitos possuem receptores de reconhecimento de padrão nestes órgãos linfoides secundários. Um fragmento do antígeno
ancorados à membrana plasmática. Uma vez que estes receptores processado no interior da célula dendrítica será apresentado ao
interagem com padrões moleculares associados ao patógeno a linfócito T virgem. Caso o receptor de célula T destes linfócitos se
célula fagocítica inicia o processo de internalização do micróbio. ligue ao fragmento antigênico na superfície da célula dendrítica,
O conteúdo fagocitado será acondicionado em uma vesícula o processo de ativação dos linfócitos T virgens se inicia.
intracelular chamada de fagossoma. Em seguida esta vesícula
se fundirá com uma segunda vesícula, chamada de lisossoma,
contendo enzimas digestivas e outras substâncias tóxicas para 7 - Semelhante ao processo de geração dos linfócitos, os
os micróbios. Esta fusão origina o fagolisossoma, que é o local granulócitos também são gerados no processo de hematopoese,
onde o patógeno será digerido pela célula fagocítica. a qual se inicia a partir de uma célula-tronco hematopoiética
pluripotente na medula óssea. Estas células-tronco originarão
um progenitor chamado de progenitor mieloide que, em seguida,
2 - O processo de produção de linfócitos se inicia na medula originará um segundo progenitor, chamado de progenitor de
óssea, a partir de uma célula-tronco hematopoiética macrófagos e granulócitos. Este processo resultará na formação
pluripotente. Este tipo de célula tronco originará um progenitor de diferentes leucócitos sanguíneos, os neutrófilos, eosinófilos,
celular chamado de progenitor linfoide, que por sua vez dará basófilos e monócitos. Os monócitos, por sua vez, quando
origem aos linfócitos T e B virgens. A diferenciação do linfócito deixarem a corrente sanguínea para os diferentes tecidos se
B é concluída na medula óssea, porém o linfócito T conclui o seu diferenciarão em macrófagos.
processo de diferenciação no timo.

8 - As células dendríticas possuem projeções celulares que


3 - Células apresentadoras de antígenos são células que possuem auxiliam no processo de macropinocitose. Neste processo uma
a capacidade de internalizar antígeno extracelular, processá-lo grande quantidade de conteúdo extracelular é internalizada.
através da formação do fagolisossoma, e, por fim, apresenta-lo Estás células, então, deixam os tecidos onde realizaram a
IMUNOLOGIA

às células T. Uma vez que o receptor de célula T é incapaz de macropinocitose e migram para os linfonodos via vasos
interagir diretamente com antígenos, as células apresentadoras linfáticos. Nos linfonodos as células dendríticas apresentaram os
de antígeno possuem papel central na ativação da imunidade antígenos aos linfócitos T, podendo, portanto, ativar a resposta
adaptativa. Células B, macrófagos e células dendríticas são as imune adaptativa.
células com capacidade de realizar a função de apresentação
de antígenos.
9 - As células matadoras naturais, ou células NK. Estas células não
possuem receptores de membrana semelhantes aos linfócitos T e
4 - A resposta imune inata entra em ação nas primeiras horas B originados pelos progenitores linfoides. No entanto, as células
após a invasão de um patógeno, enquanto que a resposta imune NK tem uma função muito importante no controle de infecções
adaptativa pode demorar dias para iniciar sua atuação. O sistema virais e na defesa contra células tumorais.
imune inato tem um número limitado de especificidades, ao passo
que o sistema imune adquirido possui inúmeras especificidades,
as quais são altamente seletivas. Além disso, a resposta inata 10 - Quando ativados, linfócitos virgens se multiplicam e se
é constante, não evoluindo ao longo do processo de resposta diferenciam em células efetoras. Linfócitos B se diferenciarão
imunológica, nem sequer gerar memória imunológica. Já o em plasmócitos, os quais são células especializadas na produção
sistema imune adaptativo tem sua resposta melhorada ao longo de anticorpos, e os linfócitos T se diferenciarão em células T
do tempo e é capaz de gerar memória imunológica. efetoras, as quais podem produzir moléculas que auxiliam na
atividade dos demais componentes do sistema imunológico. No
entanto, uma pequena quantidade de linfócitos que foi ativado
5 - Os órgãos linfoides primários, constituídos por medula se diferenciará em linfócitos de memória. Estas células, que
óssea, são os locais nos quais o repertório de células que não são mais linfócitos virgens, serão capazes de se ativar mais
constituem o sistema imunológico é gerado. Na medula óssea rapidamente num segundo contato com os antígenos. Portanto,
ocorre a hematopoese que dará origem a todos os tipos de uma segunda infecção com o mesmo patógeno resultará numa
células do sangue. Já no timo ocorre a conclusão do processo resposta imune adaptativa mais rápida do que a resposta que
de diferenciação dos linfócitos T. Os órgãos linfoides secundários o precedeu. Isso garantirá uma eliminação mais rápida dos
são locais capazes de potencializar a resposta imunológica, uma patógenos.
vez que nestes órgãos ocorre intensa apresentação de antígenos
pelas células apresentadoras de antígeno aos linfócitos.
Linfonodos, baço e tecido linfoide associado às mucosas são os
órgãos linfoides secundários.
REFERÊNCIAS

6 - Uma vez que o receptor de célula T não é capaz de se ligar 1. MURPHY, Kennet, Imunobiologia de Janeway, Artmed,
diretamente aos antígenos, os linfócitos T virgens necessitam 8. Ed. 2014.
do auxílio de células que realizam a função de células 2. ABBAS, Abul K., LICHTMAN, Andrew H., PILAI, Shiv,
apresentadoras de antígeno. Embora as células apresentadoras Imunologia Celular e Molecular, Elsevier, 8. Ed. 2015.
de antígenos possam ativar linfócitos T, apenas as células
dendríticas conseguem tal feito quando um linfócito T ainda é 3. ROITT, Ivan M., DELVES, Peter J., BURTON, Dennis R.,
considerado virgem. Uma vez que a célula dendrítica internalizou MARTIN, Seamus J., Roitt - Fundamentos de Imunologia,
um patógeno e o processou, esta célula se dirige aos linfonodos Guanabara Koogan, 12. Ed. 2013.
onde manterão contato com linfócitos T virgens residentes

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