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Manual de Formação

FORMAÇÃO MODULAR

Curso: Agente em Geriatria

Formador/a: Diana Sousa

DEONTOLOGIA E ÉTICA PROFISSIONAL


NO APOIO À COMUNIDADE
Módulo: Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade
Formadora: Diana Sousa

Metodologia da Formação e Avaliação:

➢ A avaliação final deste módulo resultará da apreciação dos seguintes elementos:


registos de participação (20%); assiduidade (10%); avaliação qualitativa ao longo
das sessões (70%).

Carga horária: 25 horas

Recursos materiais e pedagógicos:


➢ Manual do formando, incluindo os conteúdos técnicos de suporte a intervenções
formativas.

Objetivos do Curso:
➢ Reconhecer e aplicar os princípios fundamentais da deontologia e ética
profissional, na função de acompanhamento de pessoas idosas.
➢ Reconhecer e respeitar os direitos da pessoa humana.

Conteúdos Programáticos:

➢ Princípios fundamentais
o Deontologia e ética profissional
o Atos lícitos e ilícitos
o Atos legítimos e ilegítimos
o Responsabilidade
o Segredo profissional

➢ Direitos da pessoa humana


o Direitos da pessoa humana e da pessoa idosa em particular
o A vida e a morte
o O Agente em Geriatria e a morte

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Módulo: Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade
Formadora: Diana Sousa

Índice:

Introdução ……………………………………………………………………………………………………… 4
Princípios fundamentais ……………………………………………………………………..……. 5
Ética e deontologia profissional ……………………………………………….…………. 5
Atos lícitos e ilícitos …………………………………………………………..………………. 16
Atos legítimos e ilegítimos …………………………………………………..……………. 16
Responsabilidade ………………………………………………………………………….….. 17
Sigilo profissional ……………………………………………………………………….…….. 17
Direitos da pessoa humana ……………………………………………………..…………….. 19
Direitos da pessoa humana e da pessoa idosa em particular……………… 19
A vida e a morte ……………………………………………………………………………….. 21
O agente em geriatria e a morte ………………………………………………………. 22
Bibliografia …………………………………………………………………………………………….. 25

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Introdução:

O presente manual pretende constituir uma ferramenta funcional de trabalho para


os formandos de “Deontologia e Ética Profissional no apoio à Comunidade”
Tem o intuito de servir como instrumento de consulta no decorrer da atividade
profissional do agente de geriatria, sempre que sinta necessidade de recorrer ao
suporte bibliográfico para o seu desempenho.
De um modo pragmático, com uma linguagem clara e concisa, pretende-se que os
formandos, que trabalham ou venham a desenvolver funções na geriatria,
conheçam os conceitos e metodologias de trabalho mais eficazes para aplicar na
área da institucionalização de pessoas idosas.
Atribuem-se, na atualidade, várias designações ao séc. XXI, contudo, parece
pertinente denominá-lo o “século dos idosos”.
O nosso mundo caracteriza-se pela era da longevidade, logo, suscita diversos
problemas e desafios à nossa sociedade.
O envelhecimento da população portuguesa fez emergir consequências de várias
ordens, mas não significa por si só, que seja algo negativo.
Desta forma, pretende-se que este manual possa ser um pequeno contributo para
o tema da 3.ª idade, bem como mais apreciado e estimado ganhando maior
importância na sociedade atual.

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Princípios fundamentais:

Ética e Deontologia Profissional:

Existem conflitos éticos nos cuidados que envolvem o contacto com o próximo, não só
na esfera científica ou de investigação. Estes existem no cuidado dos idosos em
situações que vão desde a dinâmica do dia-a-dia como em situações de maior
complexidade.
O termo ético tem origem no grego “ethiké” ou do latim “ethica”, vinda da filosofia
como objetivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento
correto e o incorreto. Os seus princípios constituem como diretrizes para os humanos,
enquanto sujeitos sociais, com a finalidade de dignificar um comportamento. Os
códigos de ética são, dificilmente, separáveis da deontologia profissional pelo que é,
igualmente, pouco usual serem utilizados indistintamente.
A deontologia deriva das palavras gregas “déon”, que significa dever, que se traduz
como discurso ou tratado. Assim, é o tratado do dever ou conjuntos de deveres,
princípios e normas adaptadas a um grupo profissional. É uma disciplina da ética
especial adaptada ao exercício de uma profissão.
Existem inúmeros códigos deontológicos, sendo esta codificação da responsabilidade
de associações ou ordens profissionais. Regra geral, os códigos deontológicos têm por
base as grandes declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético
expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada
grupo profissional. Para além disso, estes códigos propõem sanções, segundo
princípios e procedimentos explícitos, para os infratores do mesmo. Alguns códigos

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não apresentam funções normativas e vinculativas, oferecendo apenas uma função


reguladora.

Como enfrentar os problemas éticos nos lares:

No cuidado com as pessoas idosas em lares, surgem conflitos éticos. Alguns dos que
podemos encontrar são, por exemplo, os relacionados com as diretrizes antecipadas,
ou testamento vital, os maus tratos, as restrições físicas, a tutela, a negação de
tratamentos ou indicações terapêuticas e a oportunidade ou não de persuasão, assim
como quanto tem que ver com as atitudes nos cuidados e a formação adequada dos
cuidadores. Os passos aconselhados a seguir para resolver conflitos devem ser:

a) Deliberação

A deliberação é um procedimento de diálogo, um método de trabalho quando se quer


abordar em grupo um conflito ético. Parte-se do pressuposto que ninguém é detentor
da verdade moral e de uma vontade racional, cada um dá as suas razões e está aberto
a que os outros possam modificar o seu ponto de vista pessoal.
Algumas condições para que se produza a
deliberação:
✓ Ausência de restrições externas;
✓ Boa vontade;
✓ Capacidade de dar razões;
✓ Respeitar os outros quando se discorda;
✓ Desejo de entendimento, cooperação e
colaboração;
✓ Compromisso.

Atrás da atitude deliberativa está um modo de conceber o conflito ético não só como
dilema, mas também como problema. Quem vê nos conflitos somente dilemas,
quando dialoga, arranca de um ponto de partida fixo (crenças, preferências…),

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considera as questões éticas como algo que tem sempre de ter resposta e para as
quais tem sempre de haver uma solução apropriada, já que formula um dilema entre
duas posições, defendendo-se a que se julga mais correta.
Em contrapartida, quem vê nos conflitos éticos sobretudo problemas e não dilemas,
situa-se de maneira aberta no debate ético, considera que não tem a solução desde o
início, que se pode mudar de ponto de vista, que o ponto de chegada terá decisões
prudenciais e não certezas nem soluções únicas (a ética não é matemática).

b) A Persuasão

Muitas vezes, ao cuidar-se das pessoas idosas, é necessário recorrer à persuasão,


particularmente perante as negativas, as indicações terapêuticas e, de modo especial,
quando tal negativa tem repercussões indesejáveis sobre terceiros ou graves
consequências na saúde. Pode acontecer que o caso seja tão simples como a pessoa
idosa, não deixar que a ajudem a tratar da sua higiene pessoal ou não querer comer ou
ir ao hospital fazer uma análise ou exame.
Se é verdade que é importante acompanhar um idoso a adotar estratégias
construtivas, adaptativas e favoráveis ao processo terapêutico, também não nos
escapa a dificuldade que tem a persuasão por ter uma relação tão próxima com a
manipulação. De preferência recomenda-se aos Cuidadores de idosos que evitem a
tentativa de persuadir os ajudados, dando maior importância aos processos de tomada
de decisão autónomos individuais. Caso contrário, está-se a contribuir para o perigo de
criar atitudes de dependência relativamente ao ajudante, alimentando assim a
imaturidade psíquica.
Na relação entre o cuidador e a pessoa idosa, há situações em que podemos falar
claramente de persuasão. Está claro que, diante de um paciente que não quer lavar-se,

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diante de uma pessoa que não quer abandonar atitudes antissociais, o agente terá de
adotar estratégias de persuasão, mas com alguns critérios, entre os quais os seguintes:

✓ A prudência e a humildade de quem não quer conduzir a vida dos outros nem
se considera dono da verdade;
✓ Acompanhamento na tomada de decisões responsáveis e saudáveis para si
mesmo e para os outros;
✓ Promoção do máximo de responsabilidade;
✓ Simplificação para que as condutas sejam adotadas por razões que a pessoa
ajudada encontre dentro de si como válidas, ou descubra a sua validade,
embora inicialmente venha de fora.

➢ O segredo está:
- No peso dos argumentos em si;
- Na bondade da intenção;
- No modo de induzir o outro (os meios utilizados);
- Nos valores que orientam quem persuade;
- No objetivo da persuasão, não centrado na lei nem na norma, mas na pessoa e
as suas possíveis repercussões sobre terceiros.

Aqui, a relação de ajuda tem de entrar em diálogo aberto com as posições éticas de
respeito pela autonomia da pessoa idosa, em possível conflito com os outros princípios
éticos. Convém ter sempre em atenção que, a linha divisória entre a persuasão, a
manipulação e a coerção, é muito subtil.
Existe coerção quando alguém, intencional e efetivamente, influi noutra pessoa,
ameaçando-a com danos indesejados e evitáveis tão severos que a pessoa não pode
resistir a não agir, a fim de evitá-los.
A manipulação, pelo contrário, consiste na influência intencional e efetiva de uma
pessoa por meios não coercivos, alterando as opções reais ao alcance de outra pessoa
ou alterando por meios não persuasivos a perceção dessas escolhas pela pessoa.
Finalmente, a persuasão é a influência intencional e conseguida de induzir uma pessoa

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mediante procedimentos racionais, a aceitar livremente as crenças, atitudes, valores,


intenções ou ações defendidas pelo persuasor.
As pessoas persuasivas geram confiança, segurança e são consideradas “credíveis”
e “desinteressadas” e são, quase sempre, pessoas assertivas, que sabe mover-se de
maneira harmoniosa. Quanto às mensagens “persuasivas”, é preferível que sejam
explicados os motivos que levam aquela recomendação.
Se prevemos oposição ao nosso conselho, tornar-nos-emos mais persuasivos se
começarmos com os argumentos que o apoiam para, no fim, introduzir a
recomendação. Não sendo este o caso, preferiremos iniciar sempre a nossa
intervenção diretamente pelas conclusões e, depois, argumentá-las de maneira
conveniente.
Quando a opinião da pessoa idosa é radicalmente diferente da nossa e não
conseguimos convencê-la, a nossa imagem sofrerá alguma desvalorização. O idoso não
pode aguentar a contradição de nos julgarmos melhores que ele (ou mais bem
informados) e, ao mesmo tempo, pensarmos que é ele quem tem razão. Por
conseguinte, ele diminui essa contradição, desvalorizando a imagem que tinha de nós.

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Código Ético e Deontológico dos Agentes em Geriatria:

É considerado profissional de Geriatria (adiante designado de Agente de Geriatria -


A.G.) toda a pessoa habilitada desde que
legalmente reconhecido com certificação
profissional legalmente reconhecida.
A geriatria tem em consideração os aspetos
deontológicos da conduta profissional e do
exercício da profissão de acordo com este
código, assenta em quatro princípios interdependentes:

➢ Respeito pelos direitos e dignidade da pessoa


➢ Competência
➢ Responsabilidade
➢ Integridade

➢ Respeito Geral

Os A.G. defendem e promovem o desenvolvimento dos direitos fundamentais,


dignidade e valor de todas as pessoas. Respeitam os direitos dos indivíduos à
privacidade, confidencialidade, autodeterminação e autonomia.
No exercício da profissão o A.G. deve:
• Respeitar a diversidade individual e cultural, nomeadamente, decorrente da
raça, nacionalidade, etnia, género, orientação sexual, idade, religião, ideologia,
linguagem e estatuto socioeconómico dos idosos com quem se relaciona;
• Respeitar o conhecimento e experiência de todos os idosos com quem se
relaciona;
• Respeitar a diversidade individual resultante das incapacidades dos idosos,
garantindo assim igualdade de oportunidades;
• Não impor o seu sistema de valores perante as pessoas.

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➢ Privacidade e Confidencialidade

No exercício da profissão o A.G. respeita o direito à privacidade e à


confidencialidade dos idosos. Este tem o dever de manter a confidencialidade, e
fornecer apenas a informação estritamente relevante para o assunto em questão.

➢ Limites da Confidencialidade

No exercício da profissão, deve informar os idosos, quando considerar apropriado,


acerca dos limites legais da confidencialidade, divulgar informação dos relatórios a
terceiros quando tal lhe seja imposto com
legitimidade jurídica e, neste caso, informa, obrigatoriamente o idoso.
No exercício da profissão o A.G. tem o dever de informar, de forma compreensível
para o idoso e para terceiras partes relevantes, todos os procedimentos que vai
adotar e obter destes o consentimento explícito. Quando a relação com o idoso
for mediada pela terceira parte relevante é a esta que compete o consentimento
informado.

➢ Autodeterminação

No exercício da profissão o A.G. deve:


• Respeitar e promover a autonomia e o direito à autodeterminação dos
idosos;
• Assegurar-se de forma fundamentada que é respeitada a liberdade de
escolha do idoso no estabelecimento da relação profissional;
• Respeitar e promover o direito do idoso de iniciar, continuar ou
terminar a relação profissional;
• Ter em conta que a autodeterminação do idoso pode ser limitada pela
idade, capacidades mentais, nível do desenvolvimento, saúde mental,
condicionamentos legais ou por uma terceira parte relevante. Os Agentes em
Geriatria empenham-se em assegurar e manter elevados níveis de competência
na sua prática profissional. Reconhecem os limites das suas competências
particulares e as limitações dos seus conhecimentos. Proporcionam apenas os

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serviços e técnicas para os quais estão qualificados mediante a educação,


treino e experiência;
• Ter um conhecimento aprofundado e atualizado deste Código
Deontológico;
• Ter uma reflexão crítica contínua sobre a sua conduta e em qualquer
contrato que o A.G. estabeleça, deve ter em conta o preconizado no Código
Deontológico, tendo um conhecimento aprofundado e atualizado da lei geral,
no que concerne na sua prática;
• Fornecer apenas os serviços para os quais está legalmente habilitado e
estando atento as suas limitações pessoais e profissionais, sempre que o A.G.
não tenha necessária competência profissional ou pessoal para trabalhar com
determinados idosos deve, na medida do possível encontrar soluções
alternativas;
• Apenas utilizar métodos e técnicas cientificamente validadas e ter
obrigatoriamente em conta as limitações dos métodos e técnicas que utilizam,
bem como os dados que recolhe, e deve manter-se atualizado a nível
profissional e justificando a sua conduta profissional á luz do estado atual da
ciência;
• Estar particularmente atento às limitações físicas e psicológicas,
temporárias ou impeditivas de uma adequada prática profissional. Caso estas
existam, não deve dar início ou manter qualquer atividade profissional. “Os
A.G. estão conscientes das suas responsabilidades” profissionais e científicas
para com os seus clientes. A comunidade e a sociedade em que trabalham e
vivem;
• Evitar causar prejuízo e ser responsável pelas suas próprias ações,
assegurando eles próprios e tanto quanto possível que os seus serviços não
sejam mal utilizados;
• Contribuir para o desenvolvimento da disciplina de Geriatria
responsável pela qualidade e consequências da sua conduta profissional e deve
assegurar a manutenção de elevados padrões de integridade e conhecimento

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científico e deve trabalhar em instalações convenientes e locais adequados que


garantam a dignidade dos seus atos profissionais e o Idoso;
• Assumir a responsabilidade de uma difusão adequada da Geriatria,
quando se dirige ao público em geral e aos media;
• Evitar causar dano ou prejuízo a qualquer pessoa, deve ponderar de
forma sistematizada os prejuízos que a sua ação possa vir a causar, utilizando
todos os dispositivos para os minimizar. Nas circunstâncias em que o prejuízo
seja inevitável, os A.G. devem avaliar de forma fundamentada a relação custo/
benefício da sua ação.

➢ Aptidão necessária ao A.G.

• Maturidade e capacidade de adaptação (trabalhar para o idoso e não só


com o idoso;
• Empatia e sensibilidade (colocar-se no lugar do outro para melhor
compreender o que ele sente, aceitá-lo e respeitá-lo);
• Amor pelos outros (o idoso é um ser humano global cujo potencial é
necessário conhecer);
• Objetividade e espírito crítico (estas qualidades permitem que os A.G.
tenham uma visão alargada dos problemas ligados ao envelhecimento e á
morte e que possam estabelecer soluções adequadas);
• Sentido social e comunitário (trabalhar de forma a manter a população
idosa no máximo de autonomia facilitando a abolição de atitudes sociais
negativas);
• Flexibilidade e polivalência (ser capaz de se adaptar ao ritmo do idoso e
trabalhar em parceria com profissionais de saúde);
• Criatividade (campo em que cada um deve exercer a sua criatividade).

➢ Responsabilidade alargada

No exercício da profissão, A.G. é também responsável pelo cumprimento do presente


Código Deontológico por parte daqueles que com ele colaboram, colegas de profissão

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hierarquicamente superiores ou inferiores apoiando-os, nas necessidades


deontológicas e profissionais.

➢ Resolução de Dilemas

No exercício da profissão o A.G. deve ter consciência da potencial ocorrência de


dilemas éticos e da sua responsabilidade para os resolver de uma forma que seja
consistente com este Código Deontológico. No exercício da profissão, quando
confrontado com um dilema ético, o A.G. deve procurar com os colegas o objetivo de
encontrar a melhor solução. Se ocorrer um conflito de interesses entre as obrigações
para com o idoso ou terceiras partes relevantes e os princípios deste Código
Deontológico, o A.G. é responsável pelas suas decisões. Se estas contrariarem este
Código Deontológico, o A.G. tem o dever de informar os idosos e/ou as terceiras partes
relevantes fundamentando a sua relação.

➢ Reconhecimento das limitações profissionais

No exercício da profissão deve evitar situações que possam levar a juízos enviesados e
interfiram com a sua capacidade para o exercício da prática profissional. O A.G. deve
procurar apoio profissional e/ou supervisão para a resolução de situações pessoais que
possam prejudicar o exercício da profissão.

➢ Honestidade e Rigor

No exercício da profissão o A.G. deve:


• Reger-se por princípios de honestidade e verdade;
• Assegurar-se que as suas qualificações são entendidas de forma inequívoca
pelos outros;
• Ser objetivo perante terceiras partes relevantes, acerca das suas obrigações sob
o Código Deontológico, e assegurar-se que todas as partes envolvidas estão
conscientes dos seus direitos e responsabilidades;

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• Assegurar que terceiras partes relevantes ou outros (pessoas ou entidades)


estão conscientes de que as suas principais responsabilidades são, geralmente,
para com o idoso;
• Expressar as suas opiniões profissionais de forma devidamente fundamentada.

➢ Franqueza e Sinceridade

No exercício da profissão o A.G. deve:


• Fornecer aos idosos e terceiras partes relevante, de forma clara e exata,
informação sobre a natureza, os objetivos e os limites dos seus serviços;
• Tentar, por todos os meios possíveis, minimizar a ocorrência de erro. Se este
ocorrer deve, de forma clara e inequívoca, acionar os mecanismos para a sua
correção;
• Evitar todas as formas de logro na sua conduta profissional.

➢ Conflito de interesses e exploração

No exercício da profissão, o A.G. não se pode servir as suas relações profissionais com
os idosos com o objetivo de promover os seus interesses pessoais ou de terceiros.

➢ Relações entre colegas

As relações entre os A.G. devem basear-se nos princípios de respeito recíproco,


lealdade e solidariedade. O A.G. deve apoiar os colegas que lhe solicitem ajuda para
situações relacionadas com a prática profissional. Quando o A.G. tem conhecimento de
uma conduta deontologicamente incorreta por parte de um colega deve, de forma
fundamentada, apresentar-lhe a sua critica e tentar, com ele, estabelecer formas para
a corrigir. Se esta conduta se mantiver deve informar a instituição dando disso
conhecimento ao colega.

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✓ Atos lícitos e ilícitos


✓ Atos legítimos e ilegítimos

O critério de distinção é o de conformidade com a lei, projeta-se esta distinção


igualmente no regime dos efeitos jurídicos do ato, é uma distinção privativa dos atos
jurídicos. A razão de ser desta delimitação reside na circunstância de a ilicitude
envolver sempre um elemento de natureza subjetiva que se manifesta num não
acatamento, numa rebeldia à Ordem Jurídica instituída. Envolve sempre uma violação
da norma jurídica, sendo nesse sentido a atitude adotada pela lei a repressão,
desencadeando assim um efeito tipo da violação – a sanção.
Assim, podemos dizer que:

Os atos ilícitos envolvem sempre uma violação da norma jurídica, sendo nesse sentido
atitude adotada pela lei a repressão, desencadeando assim um efeito tipo da violação
– a sanção.
São contrários à Ordem Jurídica e por ela reprovados, importam uma sanção para o
seu autor (infrator de uma norma jurídica).

Os atos lícitos são conformes à Ordem Jurídica e por ela consentidos. Não podemos
dizer que o ato ilícito seja sempre inválido.

• Um ato ilícito pode ser válido, embora produza os seus efeitos sempre
acompanhado de sanções. Da mesma feita, a invalidade não acarreta também
a ilicitude do ato.

Os atos legítimos são de ação fundado no direito e na razão, com carácter legal,
valido, genuíno, verdadeiro e justo.

Os atos ilegítimos são uma ação não fundada na razão, com carácter inválido, falso e
ilegal.

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Responsabilidade do cuidador de idosos

Responsabilidade define-se como a obrigação que o individuo tem em dar conta dos
seus atos e suportar as suas consequências do mesmo. Diz que alguém é responsável
quando age com conhecimento e liberdade dos atos e estes possam ser considerados
dignos, devendo responder por eles, dentro de um grupo. A relação entre o
Profissional/Utente resulta na forma como o Agente de Geriatria deve cuidar do
utente, com respeito, como uma pessoa que tem direito de tomar as suas decisões de
ser autodeterminação e que merece a defesa ou a confidencialidade das suas
informações.

Sigilo Profissional

A palavra sigilo está relacionada à


ideia de segredo, ou ainda, com
algo que precisa de ser guardado
frente a uma verdade. Assim,
definido o sigilo podemos concluir
que se procura estabelecer
vínculos de confiança. Contudo,
gostaria de apresentar o sigilo não como um imperativo técnico ou moral na relação
que mantemos com o outro, mas sim como uma dimensão ética da própria relação.
Manter sigilo é silenciar frente a algo que se encontra posto. A partir deste contexto,
podemos entender que o sigilo parece indicar antes de um uso técnico, uma ação que
se prolonga no mundo como espaço para a escuta do silêncio. Este silêncio torna o
homem detentor de uma verdade ao mesmo tempo que aberto para outras
possibilidades de constituir sentido e significado ao vivido. Do sigilo ao silêncio parece
ser a postura esperada. Portanto, podemos afirmar que constitui obrigação do agente
de geriatria:
• A salvaguarda do sigilo sobre os elementos que tenha recolhido no exercício da
sua atividade profissional, porém, se utilizar alguns desses elementos deverá
ter o cuidado de não identificar as pessoas visadas;

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• Obrigação de, quando o sistema legal exige divulgação de dados, fornecer


apenas a informação relevante para o assunto em questão e, de outro modo,
manter confidencialidade;
• O sigilo é referido à difusão oral, ou escrita da informação.

A violação da confidencialidade é o desrespeito por uma determinada pessoa, é uma


irresponsabilidade do profissional, já que o seu papel é responsabilidade perante a
sociedade. Manter o sigilo profissional ajuda o utente a manter a sua própria
integridade moral.

Deveres do Agente em Geriatria

1) Exercer com competência e zelo a atividade, no campo que tiver confiado;


2) Observar e fazer observar rigorosamente as leis e regulamentos, defendendo
todas as circunstâncias;
3) Honrar os seus superiores na hierarquia administrativa, tratando-os em todas
circunstâncias com consideração e respeito;
4) Guardar segredo profissional sobre todos os assuntos que por lei não estejam
expressamente autorizados a revelar;
5) Desempenhar, com pontualidade e assiduidade, o serviço que lhe estiver
confiado.

a) Respeito e dignidade;
b) Remuneração/horas de trabalho;
c) Promoção da saúde e prevenção da doença.

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Direitos da pessoa humana

Direitos da pessoa humana e da pessoa idosa, em particular

Direitos dos Idosos

(Princípios das Nações Unidas para o


Idoso, Resolução 46/91 - Aprovada na
Assembleia Geral das Nações Unidas,
16/12/1991)

➢ Independência

✓ Ter acesso à alimentação, à água, à habitação, ao vestuário, à saúde, a ter


apoio familiar e comunitário;
✓ Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de
rendimentos;
✓ Poder determinar em que momento se deve afastar do mercado de trabalho.
✓ Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e
requalificação profissional;
✓ Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua preferência pessoal, que
sejam passíveis de mudanças;
✓ Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável.

➢ Participação

✓ Permanecer integrado na sociedade, participar ativamente na formulação e


implementação de políticas que afetam diretamente o seu bem-estar e
transmitir aos mais jovens conhecimentos e habilidades;
✓ Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando
como voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades;

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✓ Poder formar movimentos ou associações de Idosos.

➢ Assistência

✓ Beneficiar da assistência e proteção da família e da comunidade, de acordo


com os seus valores culturais;
✓ Ter acesso à assistência médica para manter ou adquirir o bem-estar físico,
mental e emocional, prevenindo a incidência de doenças;
✓ Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem
proteção, reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, num
ambiente humano e seguro;
✓ Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de
autonomia, proteção e assistência;
✓ Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em
instituições que lhe proporcionem os cuidados necessários, respeitando-o na
sua dignidade, crença e intimidade;
✓ Deve desfrutar ainda do direito de tomar decisões quanto à assistência
prestada pela instituição e à qualidade da sua vida.

➢ Autorrealização

✓ Aproveitar as oportunidades para o total desenvolvimento de suas


potencialidades;
✓ Ter acesso aos recursos educacionais, culturais, espirituais e de lazer da
sociedade.

➢ Dignidade

✓ Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objeto de exploração e maus-
tratos físicos e/ou mentais;
✓ Ser tratado com justiça, independentemente da idade, sexo, raça, etnia,
deficiências, condições económicas ou outros fatores.

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A Vida e a Morte

Todos os seres vivos, incluindo os humanos, estão sujeitos ou condenados à morte.


Nascer é começar a morrer. Todavia,
embora se possa morrer em qualquer
idade e sem aviso prévio, os idosos,
sabem com certeza que não lhes resta
muitos anos de vida (segundo a sabedoria
popular: quem não vai de novo, de velho
não escapa; hoje com saúde, amanhã no ataúde; contra a morte não há remédio).

• O que é a morte?

A morte, ainda hoje, é um tabu, a nível pessoal, embora seja exibida em altas doses
nas televisões, jornais, etc. Todo o ser humano, mais cedo ou mais tarde, confronta-se
com esse drama existencial e mais ainda à medida que a vida vai declinando,
assumindo o morrer e a morte não apenas como uma dimensão biológica (de doença e
cuidados contínuos), mas também psicológica (consciência da finitude e fragilidades da
vida) e sociológica (isolamento do moribundo e outros problemas sociais).
Em todo o caso, preparar a própria morte é uma das tarefas mais importantes, senão a
mais importante, de todo o ser vivo pensante e mais ainda o idoso. A morte deve ser
encarada com naturalidade e não como um fatalismo ou fracasso da medicina. Para
além de que a aceitação ou não desta fase terminal depende, com frequência, do grau
com que a pessoa idosa continua a situar-se em relação à família, aos amigos, à sua
comunidade, assim como aos seus valores e à sua consciência de continuar a ser útil
aos outros.
Apresenta-se mesmo uma perspetiva (positiva, mas não sem algumas apreensões)
quanto à velhice no século XXI, supondo-se que a ansiedade face à morte pode evoluir
positivamente em alguns aspetos mas também negativamente noutros; por exemplo,
no futuro pode-se ter mais medo de ser vítima de violência e também, a nível mais
pessoal, de ficar suspenso entre a vida e a morte, considerado nem vivo nem morto,
dadas as possibilidades da tecnologia e da medicina. Mas em geral, pode supor-se que

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o envelhecimento e a morte se tornarão menos marginais e mais integrados


socialmente. Os idosos podem beneficiar com o pensamento consciente sobre as suas
preferências a respeito da qualidade vs quantidade de vida ou sobre o género
específico de tratamento e do contexto que preferem a sua morte. Ainda a respeito
do pensamento da morte, os idosos tendem também a fazer mais seguros de vida, a
preocupar-se com o testamento, a fazer (alguns deles) uma autobiografia ou ao menos
a transmitirem oralmente as suas vontades, para além de outros comportamentos
psicossociais, como voltar-se mais para si mesmos, relativizar certos acontecimentos,
etc.

• Medo da morte

O medo da morte relaciona-se na maior parte das vezes com o seu processo, o facto
de ser destruído, de deixar as pessoas mais significativas, medo do desconhecido, da
sorte do corpo. A morte não só bate à porta dos idosos como também dos jovens. É
comum a todas as idades, embora o jovem espere durar ainda muito tempo, enquanto
tal expectativa não a pode ter o velho, a menos que seja insensato; neste sentido, o
idoso encontra-se em melhor situação por já ter alcançado o que esperou. Uma boa
atitude face à morte leva a uma melhor vivência do tempo no presente: passam as
horas, os dias, os meses, certamente os anos; o tempo que passou já não volta e
desconhecemos o futuro; deve cada um contentar-se com aquela porção de tempo
que lhe foi dada para viver. Mais importante que a quantidade é a qualidade do
tempo: o tempo para se viver, ainda que breve, é suficientemente longo para se viver
bem e com honra.

• O Agente Geriátrico e a morte

A aceitação da morte e do luto são processos complexos. Muitas pessoas estão sós
quando se encontram perante a morte. Aqui o agente de geriatria desempenha um
papel fundamental no acompanhamento na morte, ou no auxílio à ultrapassagem do
luto. Estas duas experiências, embora muito dolorosas, podem conduzir o indivíduo a
um estado sereno face à morte ou a um novo período da sua vida no qual se sente
psicologicamente mais forte. A morte é incontornável e as nossas sociedades devem

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reintegrá-la, a fim de auxiliar os idosos a partir dignamente. É importante que o agente


de geriatria se consciencialize que numa fase em que a morte está perto, se deve
transmitir serenidade e paz interior ao moribundo. Para o auxiliar a atingir este estado,
é necessário que o cuidador esteja sereno perante a morte e suficientemente
equilibrado relativamente a esta questão. Para que o idoso ultrapasse o estado de
angústia e chegue a uma fase de aceitação, são necessárias muitas horas de diálogo e
escuta. É também de extrema relevância um trabalho de aconselhamento e de apoio
aos pais, filhos amigos, etc... Na maior parte dos casos, o idoso apenas reclama apoio e
atenção. Qualquer que seja a sua forma, o acompanhamento na morte faz parte do
direito que toda a pessoa tem de morrer em dignidade.

• Etapas do processo da morte e do luto

✓ Negação: o Idoso não quer acreditar que vai morrer e rejeita a ideia da morte.

✓ Revolta: o Idoso indigna-se e questiona-se “porquê eu?”.

✓ Melancolia: período de tristeza (dita depressiva), o Idoso desliga-se do seu


meio e isola-se.

✓ Medo: depois da tristeza vem o medo ligado ao sentimento de abandono, o


medo geralmente manifesta-se por sintomas físicos, angustia ou reações
agressivas.

✓ Negociação: o Idoso aceita a morte, mas dá-se conta de que o tempo lhe falta,
que a sua vida está a acabar e tenta ganhar tempo negociando. Ex. “sim, eu vou
morrer, mas falta algum tempo”.

✓ Aceitação: não é feliz nem infeliz é um estádio da paz e conformismo “a minha


hora vai chegar em breve e estou pronto”.

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✓ Reajustamento da rede social: o Idoso tenta encontrar outras pessoas fontes


positivas de energia para encher o seu vazio interior.

✓ Perdão: o Idoso torna-se capaz de se desligar concretamente de alguém ou de


alguma coisa e de se desprender, o que lhe permite integrar o que vive da sua
experiência pessoal.

• Meios para reforçar o sentido da vida nos Idosos:

✓ Reminiscência: através de uma discussão orientada, facilitar o exame da vida


passada, de modo a resolver os conflitos latentes, realçar os êxitos/ talentos e
transmitir as lições da experiência.

✓ Compromisso: dar aos Idosos ocasiões de consagrar/ dedicar o seu tempo e


energias a uma tarefa ou a outra pessoa.

✓ Otimismo: Evocar acontecimentos em perspetiva e manter a esperança de um


futuro melhor. “É olhando para o futuro que se tem melhores oportunidades
de ultrapassar as dificuldades presente.”

✓ Religião: encorajar as crenças religiosas e as práticas enriquecedoras. “Quando


tudo está perdido, incluindo a saúde, a faculdade espiritual de tender para
Deus continua a ser um meio eficaz de combater o absurdo da vida e o
desespero.”

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Bibliografia:

http://eticahojeeagora.blogspot.com/2013/10/etica-e-deontologia-profissional_9.html

https://sites.google.com/site/terceiraidadeativa/deontologia-e-etica-profissional

https://www.passeidireto.com/arquivo/29638162/atos-licitos-e-ilicitos

http://lucidus.com.br/artigos/17-legitimo-e-ilegitimo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade

https://cezannehr.com/pt/hr-blog/2014/08/importancia-sigilo-profissional/

https://apav.pt/idosos/index.php/direitos-da-pessoa-idosa

https://www.maisquecuidar.com/direitos-dos-idosos-em-portugal

https://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/2396/1/TESE_Ana_Gomes.pdf

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