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REVESTIMENTOS PROTETORES ORGÂNICOS
A tinta
É muito difícil estabelecer uma data para o surgimento da tinta. O homem não estava
procurando criar ou inventar algo que embelezasse ou protegesse sua casa quando a tinta
surgiu, mesmo porque, naquela época, ele ainda morava em cavernas. Foi graças à incessante
necessidade do homem expressar os seus pensamentos, emoções e a cultura de seu povo que
ela foi descoberta. De início, as tintas tiveram um papel puramente estético. Somente mais
tarde, quando introduzidas em países do norte da América e da Europa, onde as condições
climáticas eram mais severas, o aspecto "proteção" ganharia maior importância.
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Pintura da época dos faraós.
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como se fossem um "segredo de Estado", as fórmulas de tintas eram enterradas com seu
inventor.
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• 1886 – Fundação, em Blumenau, da Paulo Hering – primeira indústria de
tintas historicamente registrada no país.
• A partir de 1920 surgem lacas e outros revestimentos à base de nitrocelulose.
Inovam-se, em decorrência, os métodos de aplicação industrial. A partir de 1930
sucedem-se as gerações das resinas sintéticas. A pintura imobiliária a látex é lançada
na década de 50. Em 1960 começa a ser empregada industrialmente a pintura
eletrostática.
resina surgimento (década séc. XX)
Alquídica 20
Vinílica 20
Acrílica 30
Borracha clorada 30
Epóxi 40
Poliuretana 40
Silicone 40
Fonte: Tintas & Vernizes - Volume 1 - Ciência & Tecnologia - 2ª edição - Abrafati (Associação
Brasileira dos Fabricantes de Tintas)
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II - COMPOSIÇÃO DAS TINTAS
A tinta é composta por até 4 macro constituintes, A resina (veículo não volátil ou
veículo fixo), os pigmentos, o solvente (veículo volátil) e um conjunto de aditivos.
Pigmento
Material sólido finamente dividido, insolúvel no meio. Utilizado para conferir cor,
opacidade, certas características de resistência e outros efeitos.
São divididos em pigmentos coloridos (conferem cor e opacidade), não-coloridos
(cargas) e anticorrosivos (conferem proteção aos metais).
O índice de refração (IR) está diretamente relacionado ao poder de cobertura. Os
pigmentos coloridos devem possuir IR maior que 1,5 (IR das resinas). As cargas tem IR
próximos a 1,5, sendo transparentes ou quase transparentes.
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função do pigmento
• Proteção contra corrosão (Pb3O4, Zn, etc.)
• Conferir cor e opacidade
• Melhorar propriedades mecânicas (cargas)
• Propriedades biocidas
• Funcionais
• Orgânicos/inorgânicos
• Pode não existir
a. pigmento funcional
Cu2O - Anti fouling
Fosforecentes, fluorescente, etc.; para efeitos especiais
b. Orgânicos - melhor resistência química
c. Inorgânicos - melhor resistência à radiação UV.
d. Sintéticos - + puros, partículas uniformes
e. Naturais - normalmente associados à sílica e estão disseminados na crosta
terrestre.
• TiO2 Pigmento branco mais utilizado para tintas brancas e tons claros. Elevado
poder de cobertura ou opacidade (alto IR) e tamanho médio de partículas ~0,3
µm. Excelente Resistência química. O TiO2 possui duas estruturas cristalinas:
Rutilo – mais utilizado, IR maior, 2,71, maior opacidade e resistência a
UV.
Anatásio – menor IR, 2,55, 30% a 40% menos poder de cobertura.
• Alumínio - Um dos mais utilizados para revestimentos protetores contra a
corrosão de superfícies metálicas. Possui alto poder de cobertura com cor
metálica. Tem estrutura lamelar, o que favorece proteção por barreira por
dificultar o acesso do eletrólito ao substrato metálico.
• Óxidos de Ferro - A maioria de origem mineral, porém alguns sintéticos. Mais
importantes:
Fe2O3 Óxido de Ferro Vermelho, anticorrosivo para fundos e
intermediários. Boa opacidade, resistência química e baixo preço.
Fe2O3 Micáceo, partículas com formato lamelar (daí o nome), cor cinza
chumbo cintilante, anticorrosivas intermediárias. Melhora a aderência.
Fe3O4 e Fe3O4.H2O Óxidos de ferro preto e amarelo, respectivamente,
utilizados como opacificantes para cores.
• Pó de Zinco - Usado na forma metálica, como partículas esféricas com
diâmetro de 1 a 10 µm. Eficiente só em altas concentrações (+ 85% massa
seca), com proteção catódica. Usada com resina silicato de etila.
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• Zarcão - Pb3O4 é um dos pigmentos anticorrosivos mais antigos e eficientes.
Está sendo abandonado pelas características tóxicas.
• Cromato de Zinco 4ZnO.K2O.4CrO3.3H2O - é um dos pigmentos mais
eficientes na proteção anticorrosiva do aço. Mecanismo de passivação anódica
por liberação do íon cromato.
• Fosfato de Zinco - Zn3(PO4)2.2H2O pigmento corrosivo atóxico, desenvolvido
pela necessidade de eliminação dos cromatos de zinco e Zarcão.É pó branco
sem poder opacificante, necessitando associação com óxidos de ferro e de
titânio.
Pigmentos de maior uso
Principais cargas
Solventes
Líquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, utilizado nas tintas e correlatos
para dissolver a resina e controlar a viscosidade.
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Classificam-se em verdadeiros (dissolvem), auxiliares (aumentam o poder dos
verdadeiros) e falsos (para reduzir custos).
função do solvente
• Modificar viscosidade
• Controlar tempo de secagem
• filmógenos.
• Pode não existir
Diluentes
Para ajudar na viscosidade de aplicação
ADITIVOS
Ingrediente que, adicionado às tintas, proporciona características especiais às mesmas
ou melhorias nas suas propriedades. Utilizado para auxiliar nas diversas fases da fabricação e
conferir características necessárias à aplicação. Existe uma variedade enorme de aditivos
usados na indústria de tintas e vernizes, como secantes, anti-sedimentantes, niveladores, anti-
pele, anti-espumante, etc.
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III - O QUE É PINTURA??
É o conjunto de operações que visa depositar, sobre uma superfície, uma película
formada por constituintes orgânicos e inorgânicos que tende a endurecer com o tempo ou com
a aplicação de meios auxiliares
A formação da película depende da coesão entre os constituintes do revestimento e da
adesão do revestimento ao substrato. Caso a coesão entre os constituintes seja máxima, a
adesão será nula.
Para a tinta ser bem formulada, deverá proporcionar grande aderência sem prejuízo de
sua coesão.
a. Evaporação do solvente
Produtos já polimerizados e solubilizados.
Resinas Acrílica, Vinílica, Borracha clorada, Betume, Asfalto e Alcatrão de Hulha e
Nitrocelulose.
Vantagens
• Monocomponentes
• Boa aderência entre demãos (intervalo entre demãos não é crítico)
Desvantagem
• Fraca resistência a solventes
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c. Ativação térmica
Pré-polímero dissolvido aplicado sobre substrato, seguido de aquecimento. Ocorre
polimerização por condensação e formação de película.
Resinas Fenólicas, epoxi-fenólicas, alquídicas-melamina, silicones
e. Hidrólise
Reação da resina com umidade do ar
Silicato de etila (primer rico em Zn) e algumas uretânicas.
f. Coalescência
Partículas da resina, esféricas, dispersas no solvente. Com evaporação, formam
película coesa.
g. Fusão térmica
Tintas em pó (resina epóxi, poliéster, epóxi-poliéster) aplicada com pistolas
eletrostáticas e após fusão a ~230 °C.
Excelentes propriedades mecânicas, anticorrosivas e estéticas.
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Vantagens:
• Cura extremamente rápida.
• Não libera VOC’s
Desvantagens
• Dificuldade de cura de tintas pigmentadas
• Necessita geometrias simples (planas)
• Curta vida de armazenamento das tintas
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IV – Algumas características das principais resinas
b) Acrílicas
Obtidas pela esterificação de ácido acrílico e metacrílico. Bastante usadas para
concreto – aderência a substrato alcalino e não são saponificáveis. Permitem passagem de
vapor d’água (saída de umidade do concreto sem empolamento).
Vantagens
• Elásticas ou rígidas (permite usinagem)
• Excelente retenção de cor (resistem a UV)
• Resist. Óleos e graxas quando com outras resinas
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Desvantagens
• Flash-rust (corrosão devido presença de água). Exige presença de pigmentos
inibidores.
c) Borracha clorada
Cloração da borracha natural (67% Cloro). Evita-se o contato direto com a superfície
metálica.
Vantagens
• Boa resistência a químicos, umidade, não inflamável.
• Muito impermeável (equip submersos)
Desvantagens
Necessita plastificante para adesão
• UV, Metal, T< 65 °C, decompõe com liberação de HCl.
• Necessita estabilizadores.
e) nitrocelulose
Empregadas em conjunto com plastificantes ou alquídicas. A fabricação da
nitrocelulose não emana subprodutos tóxicos, que degradam o meio ambiente ou a camada de
ozônio, é atóxica e biodegradável. São usados como Seladores e acabamentos para madeira,
tintas de impressão por rotogravura e flexografia, esmaltes para unha, acabamentos para
couro.
Vantagens
Secagem muito rápida.
a) óleos vegetais
b) alquídicas modificadas com óleos
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c) fenólicas modificadas com óleos
a) óleos vegetais
Tintas a óleo – único veículo é um óleo (secagem lenta e amarelo). Óleos mais usados
são o tungue, a linhaça, a soja, a oititica, o coco e a mamona.
Boa resistência em ambientes moderados. Os óleos podem ser secativos, semi
secativos e não secativos.
b) alquídica
Conhecidas como SINTÉTICAS, são formadas pela condensação de ácidos
dicarboxílicos com álcoois poliídricos e modificados com ácidos graxos, para melhorar a
solubilidade.
São saponificáveis, de fácil aplicação, baixo custo e são muito utilizadas em
manutenção industrial.
a) epóxi
b) poliuretanas
a. epóxi ou epoxídicas
Termofixo que endurece com um agente catalisador ou "endurecedor“ (poliaminas ou
poliamidas). As resinas epóxi mais frequentes são produtos de uma reação entre
epiclorohidrina e bisfenol-a.
Usados como revestimento interno de embalagens de cerveja, refrigerante, cítricos,
epóxi. Para produção de placas de circuito impresso, pisos industriais, tintas anticorrosivas,
pintura em pó.
Vantagens
• Excelente aderência.
• Grande resistência química.
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• Grande resistência à abrasão e impacto.
• Usadas como fundo, intermediário e acabamento.
Desvantagens
• Baixa resistência UV (exteriores) com gizamento.
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PROPRIEDADES GERAIS DOS REVESTIMENTOS
REVESTIMENTOS CONVERSÍVEIS
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V - PROCESSOS DE PINTURA
“Uma tinta só se torna um produto acabado quando for aplicada sobre uma superfície:
portanto, o método de aplicação é uma etapa crítica de um sistema de pintura”
Preparação de tintas:
Recomendações para armazenamento e preparação das tintas:
1- Armazenamento: entre 15 e 25 °C. Girar tambores periodicamente, descartar tintas
vencidas;
2- Mistura: quando realizada adequadamente, evita material sobrenadante ou depósitos.
Misturar vernizes cuidadosamente (mesmo límpidos). Melhor método: mistura mecânica,
com hélices motorizadas. Aplicar velocidade baixa de mistura para formar apenas um
pequeno vortex e evitar absorção de ar e formação de espuma (especialmente tintas látex).
Pode-se realizar a mistura manualmente. Cuidado especial deve ser tomado com tintas
de dois componentes.
Se um dos dois componentes é uma pasta ou pó e o outro um líquido (tinta rica em Zn
ou Al), adicionar na ordem recomendada pelo fabricante.
Adicionar lentamente enquanto mistura, procurando evitar a formação de grumos.
A diluição de tintas só deve ser realizada caso recomendado pelo fabricante (aplicação
air-spray).
A tinta pode ser tixotrópica (viscosidade diminui durante a aplicação), não
necessitando solvente.
O solvente deve ser adicionado lentamente até que se atinja a homogeneidade da tinta.
Deve-se evitar modificar a cor com pigmentos ou corantes.
Usar tintas com cores compatíveis e adquirir quantidade suficiente de um mesmo lote.
Temperatura ideal de aplicação/manuseio: 15-27 °C.
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¾ o objeto a ser pintado (parede ou um automóvel);
¾ a localização do objeto (um prédio, uma ponte, no interior de um tanque);
¾ configuração do objeto (plano ou desenho complicado);
¾ o tempo disponível para o trabalho;
¾ o tipo de tinta a ser aplicada (látex, 2 componentes);
¾ a habilidade do pintor;
¾ o orçamento do trabalho.
Aplicação on-site: edifícios, pontes, plantas, etc.
Aplicação na planta: realizada pelo fabricante do equipamento (automóveis,
eletrodomésticos, etc.).
MÉTODOS DE PINTURA:
Podemos dividir os métodos de pintura em 5, a saber:
1. a - Imersão - Simples
É o sistema de aplicação mais simples. Normalmente esta solução é usada com
objetivos protetivos, nos casos onde uma função estética não é necessária.
Na pintura por imersão, os componentes são imersos em um tanque contendo a tinta.
Neste processo as peças são previamente presas em ganchos e realiza-se a imersão
A pintura por imersão ganhou um notável desenvolvimento com o advento das tintas à
base de água, que eliminam o risco de incêndio.
Vantagens:
• Mão de obra mínima
• Baixo custo do investimento.
• Automação total.
• Minimiza perdas.
• Fácil operação.
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Desvantagens:
• As peças devem ter um formato que não apresente pontos de acúmulo de tinta
(bacias).
• Presença de gotejamento, não deixando o aspecto estético de boa qualidade.
• Espessura irregular.
• Escorrimentos.
• Baixa espessura.
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• Possibilidade de alta produtividade
• Uniformidade de espessura
• Ausência de gotas
Desvantagens:
• Investimentos elevados
• Impossibilidade de troca de cor
• Necessidade de pessoal especializado para o controle dos banhos
O processo de pintura abrange várias fases. Como a peça costuma sair da montagem
bruta, impregnada de óleo, limalhas de ferro e outras impurezas, o primeiro passo consiste em
fazer um pré-tratamento com duchas e imersão: a lavagem retira o óleo e as impurezas.
Após normalmente aplica-se a fosfatização ou outro tratamento prévio (nanocerâmico,
silanização, terras raras), criando pontos de aderência favoráveis para a próxima camada de
tinta.
Na estufa, a 150/180 °C por 15 a 30 minutos, a pintura eletroforética passa por um
processo de cura.
O equipamento completo consiste de:
a) Tanque: normalmente retangular e com dimensões suficientes para receber a peça e
permitir sua imersão total na tinta. O tanque, que pode conter até 250 m3 de tinta,
contém eletrodos para permitir a passagem da corrente entre eles e a peça a ser
revestida;
b) Tanque de pré-mistura, agitadores, bomba de circulação e filtros;
c) Ultrafiltração, estações de enxágue, deionizador;
d) Trocador de calor;
e) Controle de energia: controla potenciais da ordem de 200-250 V e correntes de 300-
450 A, corrente contínua retificada;
f) Transportador (conveyor), que é carregado quando a peça entra no tanque e até que a
peça esteja revestida;
g) Tanque de armazenamento: para viabilizar operações de limpeza.
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Automóvel recebendo E-coat
2 - ASPERSÃO
É o método mais rápido de aplicação. Pode ser utilizado em peças de todas as formas,
com relativamente pouca perda em eficiência.
O método apresenta as seguintes vantagens sobre outros métodos de pintura manual:
a) é método rápido em todas as superfícies;
b) é o melhor método para aplicação de tintas de secagem rápida (lacas);
c) produz acabamentos de ótima aparência
Partes do sistema:
1. pistola: o coração do sistema. A tinta é atomizada pelo ar sob pressão dentro ou logo
na saída do bico para formar uma nuvem de gotículas de tinta que são projetadas sobre
a superfície onde elas fluem para formar o filme de tinta.
2. depósito de tinta: a tinta é armazenada num recipiente ligado a pistola. Seu tamanho
varia de ¼ até 1 litro (pequenos trabalhos) ou até 50 litros (peças grandes ou
numerosas).
3. alimentador da pistola: a tinta é aspirada pelo ar sob pressão que passa por um sifão
(na conexão entre o reservatório e a pistola ou pela tinta alimentada a partir de um
reservatório externo).
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4. atomizador: a tinta deve ser atomizada dentro (menor pressão e volume de ar
necessários) ou fora do orifício da pistola.
5. Acessórios: compressor de ar (30-85 psi), regulador de pressão/filtro (óleo e água),
extensores (até 3,5 metros), exaustores (capelas para proteção do operador).
a. Simples (convencional)
É o primeiro e mais popular dos métodos de spray: um compressor fornece ar sob
pressão através de um tubo até uma pistola na qual o ar atomiza a tinta formando um fino
spray que é projetado na superfície.
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Sistema bomba-motor para aspersão airless.
Vantagens do processo airless sobre o spray convencional:
• produção 2 vezes mais rápida e os filmes são mais espessos. O jato é mais eficiente: o
overspray é menos que a metade do processo a ar comprimido. Pode-se utilizar
equipamentos mais compactos, com apenas uma mangueira.
• maior economia: maior rapidez de pintura utilizando menos tinta, com menor
overspray: vantagens relativas na segurança (perigo de incêndio menor) e no impacto
ambiental
c. Pistola eletrostática
O efeito de atração da tinta pela peça carregada torna o overspray praticamente
negligenciável, podendo ser aplicado em estacionamentos e perto de fluxo de veículos e em
peças de formatos variados: cercas, perfis, cabos, canos.
Pode-se usar pistolas airless ou spray, após acrescentar um transformador elétrico de
alta potência ao sistema. A pistola é feita de material isolante devido à tensão usada, que pode
ser de 60 kV. No bico, um eletrodo carrega o spray de gotículas de tinta que sai da pistola,
que é mais longa que a convencional para evitar retorno de carga ao operador.
A peça a ser pintada é aterrada; assim as gotículas carregadas são atraídas para a peça,
independente de sua forma, pintando inclusive pontos localizados no lado oposto do objeto.
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Pintura eletrostática a pó
Vantagens da pintura eletrostática
Cobertura completa de peças complexas, overspray mínimo (=perdas mínimas), obtenção
de camadas muito uniformes (camada aplicada age como um isolante, forçando o
revestimento de partes polarizadas e não cobertas),
e. Leito fluidizado
Usado para revestimento a base de pós
Pó em suspensão - Objeto aquecido é mergulhado no leito fluidizado
Há pouco interesse pela indústria nesta tecnologia devido à alguns inconvenientes como o
grande volume de pó requerido, falta de flexibilidade no formato das peças, problemas
com mudanças na coloração e a idéia errônea de que somente filmes mais espessos que
250 µm podem ser aplicados
f. Pincéis (trinchas)
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Para equipamentos industriais e ao ar livre. Não exige mão de obra especializada e tem
bom poder de cobertura (filme espesso). Oferece Baixo rendimento
Método de aplicação relativamente lento, porém é geralmente empregado quando se
tratam de pequenas áreas, retoques, repasse em áreas de solda, rebites, quinas e cantos.
As tintas de alta espessura foram desenvolvidas para aplicação por pulverização
airless, sendo, assim, difícil conseguir uma uniformidade sem que haja a formação de sulcos
provenientes das cerdas do pincel.
Ao repintar sistemas termoplásticos (como borracha clorada, vinílico, acrílico, etc.),
deve-se tomar o máximo cuidado, pois, com a força aplicada sobre a demão anterior, poderá
solubilizar novamente a tinta e começar a formar grumos na aplicação.
g. Rolos
Para superfícies planas e área grandes, não exige mão de obra especializada e oferece
alto rendimento. Tem como inconveniente a dificuldade em controlar a espessura
Este método é frequentemente utilizado na pintura de superfícies de porte médio. Para
a sua aplicação deve-se utilizar rolo com lã de carneiro, pois as tintas contêm compostos
orgânicos que afetam o de espuma.
Geralmente tinta de alta espessura aplicada a rolo não alastra suficientemente,
deixando o filme irregular, podendo acarretar a falta de cobertura em pontos de baixa
espessura. Este fato se dá devido às tintas de alta espessura serem formuladas para não
escorrerem quando da sua aplicação, apresentando uma alta viscosidade tixotrópica.
Ao repintar sistemas termoplásticos (como borracha clorada, vinílico, acrílico, etc.),
deve-se tomar o máximo cuidado, pois, com a força aplicada sobre a demão anterior, poderá
solubilizar novamente a tinta e começar a formar grumos na aplicação e também ocorrer o
sangramento.
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c. nas mangueiras e tanques de pressão, devido às quantidades de materiais que
ficam nas paredes sem condições de reaproveitamento.
5. tipo de substrato e condições da superfície em que o produto será aplicado. Se a
pintura for realizada em tubulações, grades, vigas, etc., obviamente as perdas serão
altas,
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VI - TIPOS DE FALHAS OU DEFEITOS
a. EMPOLAMENTO – BOLHAS
causas prováveis
• Uso inadequado de aditivos.
• Utilização de diluentes muito rápidos.
• Presença de umidade no substrato
• Presença de sais solúveis na superfície.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder a limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar.
b. CRATERAS
Assemelham-se muito aos olhos de peixe, sendo maiores em tamanho e geralmente
incorporam pequenas partículas de matérias estranhas.
causas prováveis
• Contaminação da linha de ar, Uso inadequado de aditivos.
• Preparação incorreta da superfície.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder a limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar.
c. BRANQUEAMENTO
A pintura fica com aparência leitosa e sem brilho, logo após a aplicação.
causas prováveis
• evaporação muito rápida do solvente, que em ambiente muito úmido pode
ocasionar condensação de umidade e o branqueamento.
correção
• Repintar em ambiente menos úmido e com solvente mais pesado.
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d. ENRUGAMENTO
Tem aparência de distorção ou encolhimento da tinta durante a secagem.
causas prováveis
• Temperaturas inadequadas.
• Aplicação de camada excessiva por demão.
• Secagem forçada em estufa, incidência de sol ou aplicação sobre superfícies
quentes.
• Tempo insuficiente de secagem entre demãos.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder a limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar.
e. ESCORRIMENTO
Ocorre quando se aplica em espessuras superiores às indicadas.
causas prováveis
• Temperatura baixa.
• Excesso de diluição.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder a limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar com menos diluição ou com leque mais aberto.
f. FERVURA
Apresenta microbolhas em toda a película.
causas prováveis
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• Espessura elevada em PU.
• Uso inadequado de aditivos.
• Utilização de solventes muito rápidos.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder a limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar.
g. FLUTUAÇÃO DE PIGMENTOS
Apresenta aspecto não homogêneo.
causas prováveis
• Uso inadequado de aditivos.
• Produtos incompatíveis.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder a limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar.
h. MANCHA QUÍMICA
É a perda de coloração através de ataque químico.
causas prováveis
• Lavagem prematura da pintura. Má utilização do produto.
correção
• Lixar a superfície afetada e proceder à limpeza com solventes ou
desengraxantes. Repintar.
• Em casos mais graves, retirar toda a pintura e aplicar produto mais resistente.
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i. PERDA DE ADERÊNCIA
A falha ocorre entre demãos ou entre o substrato e o primer.
causas prováveis
• Uso de produtos incompatíveis.
• Má preparação da superfície.
• Intervalo de repintura vencido.
correção
• Remover toda a pintura.
j. SANGRAMENTO
É a solubilização parcial dos pigmentos da demão anterior.
causas prováveis
• Contaminação da linha de ar.
• Aplicação sobre alcatrão de hulha.
correção
• Remover a pintura através de lixamento ou jateamento
k. MARCAS DE LIXA
Ranhuras no acabamento, dando a impressão de linchamento exagerado na base, que
podem ser mais bem observadas em cores escuras.
causa
• Grana muito grossa da lixa usada.
correção
• Lixar a superfície com lixa de grana fina até que a mesma não apresente mais o
problema e, se necessário, preparar a superfície com Massa Rápida.
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l. CASCA DE LARANJA
Aparência muito granulada, semelhante a uma casca de laranja. Às vezes é desejado
por esconder defeitos.
causas
• Ambiente muito quente durante a.pintura.
• Alta viscosidade da tinta.
• Uso de thinners ou solventes não recomendados.
• Regulagem inadequada do revólver de pulverização.
• Velocidade de aplicação e distância entre o revólver e a superfície incorretas
(muito longe).
• Aceleração da secagem com jato de ar.
• Aplicação de camada muito seca ou fina.
• Intervalo insuficiente entre demãos.
correção
• Esperar secar e polir com Massa de Polir
• Em casos mais graves lixar até a obtenção de uma superfície lisa e repintar
conforme especificação técnica.
m. FISSURAS
Fissuras são trincas estreitas, rasas e descontínuas.
causas
• Podem se originar de aplicação de camada grossa ou aplicação de camada
espessa sobre camada antiga vitrificada
Correção
• Raspar e lixar a superfície, remover o pó e repintar.
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n. TRANSPARÊNCIA - FALTA DE COBERTURA
causas
• Falta de agitação da tinta.
• Diluição demasiada.
correção
• Misturar bem a tinta, com espátula larga e rígida, até que ela fique homogênea.
• Lixar se houver brilho e aplicar de uma a duas demãos
• Usar o diluente e a diluição recomendados pelo fabricante.
o. SAPONIFICAÇÃO
Caracteriza se pela presença de manchas na superfície da pintura e descascamento da
tinta.
causas
• Alcalinidade natural do cal e do cimento que compõe o reboco não curado.
correção
• Antes de pintar, aguardar a total secagem do reboco (28 dias no mínimo).
• Para correção, raspar, escovar e lixar a superfície danificada, aplicar uma
demão de Fundo Preparador.
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correção
• Lavar a superfície com água sem esfregar. Se houver demora em lavar a
superfície, as manchas não desaparecerão e neste caso a superfície deve ser
repintada.
r. PRESENÇA DE FUNGOS
causas
• Locais quentes e úmidos, com pouca ventilação ou mal iluminados.
correção
• Lavar o local afetado com água sanitária, deixando agir por 20 minutos,
enxaguar com água em abundância, deixar secar totalmente e repintar.
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IIV - PINTURA EM PLÁSTICOS DE ENGENHARIA
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a. Limpeza com solventes
Os solventes podem ser aplicados por imersão, por pulverização sob pressão ou em
fase vapor, no qual o vapor de solvente condensa sobre a peça, efetuando dessa forma a
limpeza. A grande vantagem dos solventes é seu alto poder de dissolução de compostos
orgânicos, como desmoldantes e gorduras que frequentemente são encontrados em superfícies
poliméricas.
A limpeza por solvente na fase vapor tem como vantagem o fato de só solvente limpo
entrar em contato com a peça, excluindo-se assim a recontaminação devido à secagem do
solvente sujo sobre a mesma. Suas desvantagens são a dificuldade de remover sujeiras
particuladas, incompatibilidade com alguns polímeros, perigo para a saúde, risco de incêndio
e risco para o meio ambiente.
Na escolha de um solvente deve-se levar em conta o nível de ataque químico à peça,
podendo ocorrer amolecimento da superfície e ou fissuramento sob-tensão.
Os solventes mais utilizados são a base de hidrocarbonetos halogenados e aromáticos.
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• Emulsão em água a 10-20% para aplicação por imersão ou jateamento.
• Concentrados, para aplicação por imersão, em combinação com enxágue em
água, formando assim emulsão.
Estes agentes são indicados quando se deseja remover óleos, graxas ou ceras que são
difíceis de remover com agentes de limpeza aquosos.
4. PRÉ-TRATAMENTO DO SUBSTRATO
Estes tratamentos visam aumentar a polaridade superficial em polímeros apolares ou
parcialmente polares e criar condições de ancoramento mecânico através da oxidação do
polímero e erosão superficial do substrato respectivamente, aumentando dessa forma a
aderência da tinta ao substrato polimérico.
a. Flambagem
Este tratamento consiste na queima superficial do substrato polimérico, alterando-se
dessa forma a polaridade superficial e aumentando sua tensão superficial.
Vantagens
• Tratamento rápido.
• Custos operacionais baixos.
• Pequena influência no meio ambiente.
Desvantagens
• Risco de incêndio.
• Em casos de parada de operação na fábrica durante o tratamento, pode ocorrer
destruição da peça pelo calor.
• Parâmetro como tempo, temperatura e distância entre a chama e a peça devem
ser rigidamente controlados.
b. Tratamento Corona
Este tratamento consiste de uma descarga elétrica de alta frequência (14-40 kHz) à
tensões que variam entre 10 e 20 kV. Tal descarga elétrica flui entre dois eletrodos, onde se
localiza o substrato a tratar.
Vantagens
• Baixo consumo de energia.
• Processo rápido (da ordem de segundos).
Desvantagens
• A distância entre os eletrodos e a peça é crítica, encontrando-se portanto,
dificuldades em peças cujo perfil não é uniforme.
• Necessidade de equipamentos especiais, quando se trata de superfícies
irregulares, pois se deve utilizar eletrodos do mesmo formato da peça, de modo que a
superfície polimérica seja tocada por uma cortina de descarga elétrica que se amolda a peça a
ser tratada.
Em geral este método é muito utilizado em filmes, devido ao seu perfil uniforme.
c. Tratamento com Plasma
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Difere do tratamento Corona no que se refere à pressão onde é efetuado o tratamento.
O tratamento com Plasma é efetuado em vácuo moderado, com pressão máxima de 0,1 mbar.
Vantagens
• Em decorrência do vácuo, o tratamento de superfícies complexas é facilitado.
• Devido as partículas possuírem alta energia, consegue-se alterações
superficiais de até 1microm de profundidade.
Desvantagens
• Equipamento de custo elevado.
• Liberação de gases como o Argônio, CF, entre outros.
d. Primer de aderência
Uma melhoria pronunciada quanto à aderência em resinas parcialmente polares e
apolares pode ser alcançada através da aplicação de películas (~3 µm) de primer, que
compatibiliza a superfície polimérica à tinta.
Vantagens
• Baixo custo.
• Impede o ataque na peça pelo solvente da tinta, mantendo a resistência ao
impacto original.
• Facilidade de aplicação.
• Aplicável em qualquer perfil.
Desvantagens
• É um processo relativamente mais lento, pois geralmente necessita que ocorra a
cura do primer antes da aplicação da tinta. Pode-se eliminar esta desvantagem utilizando-se
primer úmido-úmido
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Outra resinas tais como poliuretanos e acrílicos também podem ser utilizadas na
fabricação de primers monocomponentes, porém estas resinas são solúveis em grande parte
dos solventes orgânicos, perdendo assim a vantagem de proteção do substrato. Estes primers
são utilizados somente quando se deseja encobrir defeitos na superfície do polímero.
Primers bi-componentes
Enquanto que no primer monocomponente forma-se uma película termoplástica. Nos
bi-componentes se obtém uma camada de material termofixo ou elastomérico, com
características do oligômero original , tornando-os altamente resistentes a solventes e
promovendo proteção ao substrato para substancias agressivas proveniente do acabamento.
Os primers bi-componentes são basicamente compostos por dois sistemas de resinas
listados abaixo:
• Epóxi / Poliamida
• Polímeros Hidroxilados / Isocianato
O primeiro possui as seguintes características:
• Promovem superfícies duras. Isso se deve à presença de uma resina termofixa,
facilitando o lixamento posterior, quando esta operação é necessária.
• Após a aplicação do primer, este permite a aplicação do acabamento após
longos períodos.
• Tempo de uso (pot-life) é em torno de 15 horas, sendo recomendado em
processos onde há a disponibilidade de estufa.
• Grande poder de encobrir defeitos superficiais.
Os sistemas poliuretânicos são divididos em 3 categorias:
PU/Acrílico
PU/Alquídico
PU/Poliéster
Basicamente estes primers diferem do anterior nos seguintes aspectos:
• Em geral promovem superfícies flexíveis até a -40 °C, sendo indicados em
aplicações onde a pintura necessite acompanhar a flexibilidade do substrato, como por
exemplo em um pára-choque.
• Após a aplicação, estes permitem a aplicação do acabamento mesmo depois de
longos períodos, porém o sistema Acrílico/Poliuretano pode comprometer a aderência com o
acabamento se a aplicação deste for muito demorada.
• O tempo de uso é menor, em torno de 5 horas, sendo mais indicados em
processos onde não se dispõe de estufas.
• O poder de encobrimento de defeitos superficiais é menor em relação ao
sistema anterior.
5. APLICAÇÃO DA PINTURA
Numerosas técnicas de aplicação de pintura têm sido empregadas para pintura de
peças feitas em plásticos de engenharia, dentre elas se incluem pistola convencional (Air
spray), pintura hidráulica (Airless spray) e pintura eletrostática (Spray eletrostático).
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6. ACABAMENTOS
A função básica do acabamento é conferir ao substrato a aparência desejada, além de
melhoria da resistência ao intemperismo, resistência química, etc.
Os acabamentos também se dividem em:
• Sistemas monocomponentes
• Sistemas Bi-componentes
Comumente os sistemas monocomponentes utilizados são os poliacrilatos e nitratos de
celulose, os quais são conhecidos também como Laca Acrílica e Laca Nitrocelulose
respectivamente. Estes sistemas requerem pequenos investimentos de instalação e
manutenção, refletindo em um baixo custo, porém se prestam somente a promoverem estética,
já que possuem limitada resistência química e ao intemperismo. Desta forma, estes sistemas
são indicados em aplicações que não sejam expostas a ambientes agressivos.
Na grande maioria dos casos utiliza-se os sistemas uretânicos, quando se trata de
sistemas Bi-componentes.
Os mais frequentes são:
• Poliuretano/Acrílico: Quando se utiliza o acrílico como polímero, se obtém
sistemas de excelente resistência ao intemperismo e resistência química.
• Poliuretano/Poliéster: Esta combinação não fornece a mesma performance de
resistência a intempéries, porém sua resistência química é excelente e apresenta boa
flexibilidade, característica esta que se faz notar até a -40 °C.
Quando se trata de cores metálicas/perolizadas obtém-se efeito desejado aplicando-se
sobre o acabamento um verniz transparente PU/Acrílico. Cores lisas não necessitam deste
verniz.
7. CURA DA TINTA
A cura tanto de primers como de acabamentos pode ser feita à temperatura ambiente
ou em estufa, dependendo do sistema de pintura envolvido. No caso da cura ser feita em
estufa, a temperatura máxima a ser aplicada deve ser em torno de 10 °C inferior ao HDT
(temperatura de deflexão térmica) do material a ser pintado.
Bibliografia
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Blucher, 3ª edição.
2. Vicente Gentil, Corrosão, LTC Editora, 4ª edição.
3. William D. Callister Jr. - Ciência de Engenharia de Materiais: uma Introdução, LTC
Editora, 5ª edição, 2002.
4. Espinosa, A.F.I et all, Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície, São Paulo.
5. Hoch Renato, Manual de Pintura Industrial, Edição do autor, 2005.
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