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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
MÓDULO 2:
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Blumenau, SC
ETSUS Blumenau Dr. Luiz Eduardo Caminha
2018
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição
Não Comercial 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta
obra, desde que para uso não comercial e com citação da fonte.
CDU 616-083.98
Catalogação na publicação por Clarissa Cezário da Cunha – CRB-7 / 6123
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BVM – Bolsa-valva-máscara
CM – Cardiomiopatias
DM – Diabetes Mellitus
ECG – Eletrocardiograma
EV – Endovenosa
FC – Frequência Cardíaca
HGT – Hemoglicoteste
HO – Hipotensão Ortostática
IC – Insuficiência Cardíaca
IgE – Imunoglobulina E
IM – Intramuscular
SAMPLA – Sinais vitais, Alergias, Medicamentos em uso, Passado médico, Líquidos e alimen-
tos, Ambiente
SF – Soro Fisiológico
SL – Sublingual
SV – Sinais Vitais
TV – Taquicardia Ventricular
VD – Ventrículo Direito
VO – Via Oral
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 7
SÍNCOPE .......................................................................................................................................... 16
1. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................... 16
2. QUADRO CLÍNICO.................................................................................................................. 17
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO ......................................................................................... 17
BRONCOESPASMO ........................................................................................................................ 22
1. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................... 22
2. QUADRO CLÍNICO.................................................................................................................. 22
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO ......................................................................................... 23
3.1. Sequência de Intubação Rápida .............................................................................. 23
ANAFILAXIA .................................................................................................................................... 26
1. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................... 26
2. QUADRO CLÍNICO.................................................................................................................. 26
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO ......................................................................................... 27
TRANSPORTE .................................................................................................................................. 29
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 30
APRESENTAÇÃO
Urgência é dita como uma “ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco po-
tencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata”. Por sua vez, Emer-
gência está classificada como “a constatação médica de condições de agravo à saúde que
impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso exigindo, portanto, tratamento
médico imediato”, segundo o Conselho Federal de Medicina (1995), através da Resolução
CFM nº 1.451, de 17 de março de 1995. Num conceito ampliado, pode-se considerar que a
Urgência difere da Emergência em função de quem a sente ou a percebe, pois pode estar
associada a uma ruptura de ordem do curso da vida (BRASIL, 2006).
A crescente demanda por serviços de saúde nesta área, devido ao crescimento do número
de acidentes, da violência urbana e à insuficiente estruturação da rede de saúde, são fatores
que têm contribuído decisivamente para a sobrecarga de serviços de Urgência e Emergência
disponibilizados para o atendimento da população. Isso tem transformado esta área numa
das mais problemáticas do nosso Sistema de Saúde (BRASIL, 2002).
Com base nesta realidade, foi publicada pelo Ministério da Saúde a Portaria GM/MS nº 2.048,
de 2002 (BRASIL, 2002), criando o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e
Emergência, considerando a área de urgência e emergência como um importante componente
de assistência à saúde. Este regulamento estabeleceu princípios e diretrizes, que normatiza o
atendimento às urgências e emergências e ainda criando os núcleos de educação em urgência.
Sendo assim, a ETSUS Blumenau, ao ofertar qualificação, colabora para a difusão do conhe-
cimento e capacitação das equipes de saúde. Ofertando o curso de Aperfeiçoamento em
Urgência e Emergência, nos seus diferentes módulos, a ETSUS Blumenau tem como objetivo
atender às necessidades de formação dos profissionais da saúde, como enfermeiros(as),
médicos(as), técnicos(as) e auxiliares de enfermagem, cirurgiões dentistas e técnicos(as) em
saúde bucal das Unidades de Atenção Básica dos 53 municípios de abrangência da escola.
Este material didático tem o intuito de dar suporte e sugerir rotinas aos atendimentos das
Unidades de Atenção Básica de Saúde (UBS) dos municípios, como unidades de atendimen-
to pré-hospitalar inseridas na Rede de Atenção às Urgências, dentro de suas capacidades
instaladas de atendimento, até que o paciente possa ser transferido a um hospital para re-
cebimento do tratamento definitivo. A partir desta realidade e da demanda dos municípios
atendidos pela ETSUS Blumenau, desde 2014, esta escola vem ofertando capacitação na
área de Urgência e Emergência aos funcionários da rede básica da região.
DOR TORÁCICA
1. CONSIDERAÇÕES
No atendimento inicial de paciente com dor torácica, a meta deve ser descartar Síndrome
Coronariana Aguda (SCA) sem esquecer outras causas potencialmente fatais como: embolia
pulmonar; pneumotórax; dissecção de aorta; pericardite ou ruptura esofágica.
A SCA ocupa papel central no diagnóstico diferencial da dor torácica pelo aumento em sua
incidência e pelas terapêuticas e ações populacionais que têm sido desenvolvidas para re-
duzir seu impacto sobre os indicadores de saúde pública.
1 SOUZA, D. M. et al. Enfermagem na ETSUS Blumenau. In: SOUZA, D. M.; Danielski, K. (Org). ETSUS
Blumenau 60 anos. Blumenau, 2016.
2 SOUZA, D. M. et al. Enfermagem na ETSUS Blumenau. In: SOUZA, D. M.; Danielski, K. (Org). ETSUS
Blumenau 60 anos. Blumenau, 2016.
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O perfil clínico dos pacientes com SCA demonstrou que 30% são mulheres e 23% são
diabéticos (fator com pior prognóstico); há, ainda, um número crescente de idosos e por-
tadores de doença renal crônica (sendo fatores associados à não realização de terapia de
reperfusão, apesar de elegíveis).
FATORES DE OUTROS
TIPO LOCALIZAÇÃO DURAÇÃO DESENCADEANTES
MELHORA ASPECTOS
Opressiva Esforço
Síndromes Precordial Repouso Circadiano
Angústia 5-15 min Estresse
isquêmicas Retrosternal Nitratos Reposta
Constrição Repouso
Opressiva Sentar
Precordial Infecção
Pericardite Constrição Contínua AINH
Retrosternal IAM
Ardência AIH
Pontada
Dissecção da Face anterior HAS
Facada Contínua
aorta do tórax Espontânea
Lancinante
Tromboembolismo Pontada
Tórax > 30 min Espontânea Repouso Dispneia
pulmonar (TEP) Pleurítica
Espasmo Espontânea
Vesícula Epigástrica Horas Analgésicos Cólica
Aperto Alimentação
Fonte: Manuseio de dor torácica no PS, DR Miguel A. Mosetti. FACC.FAHA. InCor – HC – FMUSP.
A Síndrome Coronariana Aguda (SCA) pode ser dividida em dois grandes grupos: a SCA com
supradesnível de segmento ST e a SCA sem supradesnível de segmento ST – esta pode, ain-
da, ser dividida em angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM) sem supradesnível de
segmento ST. A maioria das mortes por IAM ocorre após os primeiros sinais de manifestação
da doença (40-65% dos óbitos ocorrem na primeira hora; 80%, nas primeiras 24 horas) ge-
ralmente em ambiente extra-hospitalar.
2. QUADRO CLÍNICO
Dor em aperto, pressão, queimação, desencadeada por estresse físico ou emocional, aliviada
com repouso. A dor pode durar alguns minutos (geralmente entre dez a 20 minutos); no
caso de infarto, ela pode durar mais de 30 minutos.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar paciente para sala de emergência;
Colocá-lo na maca com cabeceira elevada a 45º;
Realizar avaliação primária (ABCDE) e tranquilizar o paciente;
Proceder à monitorização com aferição dos sinais vitais completos;
Administrar O2 suplementar em cateter (3-4 litros/min se a SatO2 < 94%);
Garantir acesso venoso calibroso.
Realizar avaliação secundária – anamnese e exame físico direcionados: realização do
SAMPLA (aferição de sinais vitais – SSVV, alergias, medicamentos em uso, passado médico,
líquidos e alimentos, ambiente) com análise de fatores de risco (tabagismo, hipertensão
arterial sistêmica – HAS, diabetes mellitus – DM, hipercolesterolemia, histórico familiar,
LDL aumentado, idade elevada, obesidade, sedentarismo) e verificação da pressão arterial;
Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações (se disponível na unidade) em dez minutos.
V1 V2
V6
V3 V5
V4R V4
LATERAL
V5, V6, DI, aVL
SEPTAL
V1, V2
ANTERIOR
V3, V4
INFERIOR
DII, DIII, aVF
Fonte: https://cardiopapers.com.br/curso-basico-de-eletrocardiograma-parte-12-areas-inativas/
Abordagem medicamentosa:
Ácido acetilsalicílico (AAS) 300mg macerado (contraindicação: hipersensibilidade, úlcera
péptica, discrasia sanguínea ou hepatopatia grave);
Clopidogrel 300mg via oral via oral (VO) (contraindicação: hipersensibilidade, sangra-
mento ativo, intolerância a galactose). Para pacientes candidatos a angioplastia primá-
ria, a dose é de 600mg;
Dinitrato de isossorbida 5mg sublingual (SL). Pode ser repetido até duas vezes (máx.
15mg) com intervalo de 3 a 5 minutos entre as administrações. Limitar diminuição da PA
em 10% em normotensos e em 30% em hipertensos (contraindicação: pacientes com PAS
< 90mmHg; Frequência cardíaca < 50bpm ou > 100bpm; suspeita de IAM de ventrículo
direito (VD) ou pacientes que fizeram uso de medicação para disfunção erétil nas últimas
48 horas);
Morfina 2-4mg endovenosa (EV) em bolus em caso de dor constante. Repetir a aplicação
em intervalos de cinco a dez minutos até alívio da dor;
**Atropina 0,5-1,5mg EV está indicada se houver hipotensão severa com Pressão Arterial
Sistólica (PAS) < 90mmHg e/ou FC < 50bpm.
Fazer contato com hospital de referência para Intervenção Coronariana Percutânea (ICP).
1. CONSIDERAÇÕES
Na Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA) ou agudização de ICC crônica, tem-se evolução rápida
e progressiva, geralmente ao longo de dias.
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Pode ocorrer no paciente hígido ou naquele já portador de insuficiência cardíaca e que apre-
senta descompensação por alguns fatores como infecção, SCA, arritmias cardíacas, não ade-
são ao tratamento, álcool, tromboembolismo, diabetes descompensado, AVC etc. Devido à
alta prevalência, ao alto impacto em morbimortalidade e aos custos gerados, o edema agu-
do de pulmão é considerado um grande problema de saúde pública.
2. QUADRO CLÍNICO
Presença inicial de taquipneia e dispneia leves, tosse seca, hipoxemia; com o tempo, este
quadro clínico evolui para dispneia intensa, taquipneia, ortopneia, tosse com expectoração
clara ou rósea, estertores pulmonares à ausculta (com ou sem roncos e sibilos), opressão
torácica, palidez cutânea, extremidades frias, sudorese e cianose.
É importante traçar o perfil hemodinâmico inicial do paciente, o que pode ser determinado
a partir da análise dos seguintes fatores: nível de consciência; ausculta pulmonar; estase
jugular; terceira bulha; refluxo hepatojugular e tempo de enchimento capilar.
Quente Quente
Não
Seco Congesto
Baixa perfusão
em repouso?
Frio Frio
Sim
Seco Congesto
Fonte: Fisioterapia Intensiva – blog destinado a discussões sobre Terapia Intensiva (https://ligadafisiointensiva.
blogspot.com/).
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar paciente para sala de emergência;
Colocar paciente na maca, na posição sentada, com pernas pendentes e/ou posição
confortável;
Realizar avaliação primária – ABCDE;
Proceder à monitorização e aferição de sinais vitais completos;
Administrar O2 suplementar de acordo com necessidade: máscara não reinalante, bolsa-
-valva-máscara (BVM), intubação orotraqueal (IOT);
Garantir acesso venoso;
Realizar avaliação secundária – SAMPLA;
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Abordagem medicamentosa:
Se PAS > 90mmHg: dinitrato de isossorbida 5mg SL, podendo ser repetida em um inter-
valo de cinco a dez minutos;
Se PAS < 90mmHg: morfina 2mg EV, aplicada lentamente em um intervalo de cinco mi-
nutos (máximo de 20mg);
Furosemida 40 a 80mg (1mg/Kg) EV (máximo de 200mg em pacientes congestos);
Transferir paciente para hospital de referência.
1. CONSIDERAÇÕES
Os AVCs estão entre as principais causas de morte e incapacidade física em todo o mundo.
Ataque isquêmico transitório (AIT): quando sinais e sintomas regridem totalmente em me-
nos de 24 horas; AVCH pode ser sugerido por um déficit neurológico agudo associado à
cefaleia, convulsão ou rebaixamento do nível de consciência, embora seja absolutamente
necessário um exame de imagem para confirmação.
Todo déficit neurológico agudo deve ser visto como um AVCI, até prova em contrário.
Avaliar sempre presença de tabagismo, HAS, DM, dislipidemias, cardiopatias, uso de anti-
concepcionais orais, uso de drogas como cocaína e anfetaminas.
A conduta inicial para AVC e Ataque Isquêmico Transitório (AIT) deve ser uniforme e rotineira.
O paciente deve ser enviado para serviço de referência em neurologia a fim de realizar ava-
liação por um especialista e exames complementares.
2. QUADRO CLÍNICO
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar paciente para sala de emergência;
Colocar paciente na maca;
Realizar avaliação primária:
cuidados com vias aéreas e ventilação;
decúbito elevado (consciente) ou lateral (inconsciente);
aspiração de orofaringe, se necessário;
Realizar avaliação neurológica: Escala de Cincinnati; Escala de Coma de Glasgow, reação
pupilar;
Realizar avaliação secundária: SAMPLA, com ênfase na hora do início dos sinais e sinto-
mas;
Proceder à monitorização e aferição dos sinais vitais completos;
Administrar O2 suplementar com máscara não reinalante se SatO2 < 94%;
Garantir acesso venoso no membro superior não parético;
Se convulsão: administrar Fenitoína (dose de 15-20mg/kg, diluída em 250ml de soro fisio-
lógico a 0,9% EV) em 20 minutos;
Se temperatura axilar > 37,8ºC: administrar dipirona 1g EV;
Se glicemia < 80mg/dL, administrar de 30 a 50ml de glicose 50% EV;
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Não reduzir PAS, exceto se PAS > 220mmHg ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) >
110mmHg ou se houver patologia de risco associada (dissecção de aorta, IAM, EAP) – nes-
tes casos, administrar Captopril 25mg VO (início de ação em 15 a 30 minutos);
Fazer contato com hospital de referência e preparar paciente para transferência – uso de
trombolítico intravenoso em AVCI não deve ultrapassar as primeiras quatro horas e meia
do início do quadro.
CRISE CONVULSIVA
1. CONSIDERAÇÕES
Crise convulsiva é uma alteração paroxística da função neurológica causada pela despolariza-
ção síncrona e rítmica dos neurônios corticais. É um episódio de contração muscular excessi-
va e anormal, usualmente bilateral, que pode ser sustentada ou interrompida. Habitualmen-
te o paciente chega à unidade de saúde no período pós-ictal (pós-crise), sonolento e confuso.
Estado de mal convulsivo (status epiléptico) é uma crise suficientemente prolongada ou re-
petitiva que causa uma condição fixa e duradoura, com mais de cinco minutos de duração
ou de 20 a 30 minutos de crises contínuas subentrantes com, no mínimo, três convulsões
em uma hora.
Sempre realizar histórico clínico minucioso: uso de medicamentos ou drogas ilícitas, possi-
bilidade de abstinência medicamentosa, de drogas ou de álcool; lesão neurológica prévia;
trauma; medicações anticonvulsivantes usadas.
Conduta farmacológica é reservada para casos selecionados, uma vez que a maioria das
crises é autolimitada.
2. QUADRO CLÍNICO
Perda súbita de consciência, com contrações musculares involuntárias; cianose; sialorreia, lá-
bios e dentes cerrados; eventual liberação de esfíncteres. Na fase pós-convulsão: sonolência,
confusão mental, agitação; flacidez muscular; cefaleia; relato do ocorrido por acompanhante.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar paciente para a sala de emergência;
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TEMPO DE CHEGADA
SEQUÊNCIA TERAPÊUTICA
AO PRONTO-SOCORRO
Estabilização: vias aéreas, acesso venoso, coleta de exames,
Até 5 minutos
oxigênio, monitor e glicemia capilar
Diazepam: 1-2mg/min EV até 10-20mg;
De 5 a 10 minutos
repetir por até duas vezes se o paciente continuar em convulsão
Fenitoína: 15-20mg/kg EV, diluído em SF, administrado a uma
De 10 a 20 minutos
velocidade de 50mg/min
SÍNCOPE
1. CONSIDERAÇÕES
Síncope é a perda transitória e súbita da consciência, associada com perda de tônus postural,
ocasionada pela hipoperfusão cerebral global e caracterizada por rápido início, curta dura-
ção e recuperação completa e espontânea. Aproximadamente 40% dos pacientes que apre-
sentam síncope necessitam internação.
• Hereditária
2. QUADRO CLÍNICO
Perda súbita de consciência com diminuição do tônus muscular.
Podem existir sintomas prodrômicos: náuseas, sudorese, fraqueza, escurecimento visual.
A anamnese deve ser cuidadosa, buscando fatores de risco para internação como: doença
cardíaca, hipertensão, doença vascular na família, medicações em uso, morte súbita na
família.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar paciente para sala de emergência;
Colocar paciente na maca;
Realizar avaliação primária: verificar responsividade e comprovar a inconsciência do paciente;
Observar expansibilidade torácica e checar pulso carotídeo ou femoral:
1. Caso não haja respiração e pulso, iniciar RCP;
2. Caso não haja respiração e haja pulso, considerar obstrução de via aérea e iniciar pro-
cedimentos para tal;
3. Caso haja respiração e pulso, prosseguir atendimento.
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INTOXICAÇÃO EXÓGENA
1. CONSIDERAÇÕES
2. QUADRO CLÍNICO
Averiguar a presença de odor de álcool no hálito; fala pastosa; alterações de humor; nível
de consciência; prejuízo de coordenação motora; ansiedade; taquicardia; irritabilidade;
sudorese; hiper ou hipotensão; agitação psicomotora; fraqueza; tremores; febre; convul-
são e delírio.
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3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Avaliar risco da intoxicação. Centro de Informações Toxicológicas – CIT. Telefone: 0800 643 5252.
O uso do carvão ativado é indicado nas intoxicações por via oral em até 60 minutos (36%
de recuperação do tóxico);
Contraindicação: nos mesmos casos de lavagem gástrica; substâncias não adsorvidas
pelo carvão álcool: metanol, etilenoglicol, cianeto, ferro, lítio e flúor.
3.5. ANTÍDOTOS
Naloxona (Narcan): antídoto de opioides – 0,4-0,8mg EV lentamente. Pode ser repetido.
Flumazenil (Lanexat): antídoto de benzodiazepínicos – 0,1-0,2mg EV. Pode ser repetido
(máximo de 1mg).
4.1. SINTOMAS
Tosse, cianose, broncoespasmo, broncorreia;
Bradicardia, hipotensão;
Polaciúria, incontinência urinária;
Dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia;
Distúrbios visuais, miose, lacrimejamento e salivação excessiva.
SURTO PSICÓTICO
1. CONSIDERAÇÕES
Agitação psicomotora pode ser causada por inúmeras razões, desde hipóxia obstrutiva, pas-
sando por crise emocional ou reagudização de quadro psicótico.
Contenção física deve ocorrer somente quando estritamente necessária. Sempre relatar to-
das as condutas necessárias à contenção do paciente no prontuário.
Após saída da crise, liberar o paciente para o CAPS ou encaminhar para referência.
2. QUADRO CLÍNICO
Inquietação, movimentação excessiva, reatividade aumentada a estímulos externos; às
vezes, agressividade verbal ou física.
Delírio (alteração do juízo) e/ou alucinações (alteração da sensopercepção), com compor-
tamento incomum e agressivo.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Avaliar ambiente, sujeitos e segurança (método ACENA);
Avaliar situação, visando sempre à segurança da equipe e do paciente (se necessário, so-
licitar auxílio da Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros);
Caso seja necessária contenção física, fazê-la da maneira adequada, de preferência por
equipe capacitada;
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BRONCOESPASMO
1. CONSIDERAÇÕES
A maioria dos casos de broncoespasmos atendidos nas unidades de saúde é por exacerbação
de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A exacerbação da DPOC é um evento agudo
caracterizado por piora aguda dos sintomas respiratórios, tosse e/ou expectoração do pa-
ciente, além da sua rotina, prejudicando a qualidade de vida, piorando sua função pulmonar.
Está relacionada com altas taxas de mortalidade e altos custos para o sistema de saúde, com
pior prognóstico para os idosos.
2. QUADRO CLÍNICO
Oximetria deve ser verificada em todos os pacientes; se > 90%, administra-se oxigênio su-
plementar.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar o paciente para sala de emergência;
Colocar o paciente na maca;
Realizar avaliação primária, manter paciente sentado e/ou em posição confortável;
Proceder à monitorização e aferir vitais completos;
Administrar O2 suplementar por máscara com reservatório se SatO2 < 94%. No paciente
DPOC, se SatO2 < 90%, administrar O2 com cautela sob cateter nasal;
Garantir acesso venoso periférico;
Realizar avaliação secundária – SAMPLA;
Abordagem medicamentosa direcionada:
Salbutamol aerossol com espaçador e máscara: 4 a 8 jatos. Pode ser repetido a cada 20
minutos (até 3 nebulizações), ou;
Nebulização com Fenoterol (Berotec) 10 gotas em 5ml de SF com O2, administrado a
um fluxo de 6 L/min – 3 nebulizações com intervalos de 20 minutos;
Na asma grave, pode-se associar 40 gotas de brometo de ipratrópio (Atrovent) à nebu-
lização com Fenoterol;
Hidrocortisona 200-300mg EV;
Sulfato de magnésio 1-2g (2-4ml) EV diluído em 50ml de SF – infusão lenta em 20-30
minutos. Pode ser repetido em 20 minutos;
Indicação de intubação: presença de hipoxemia refratária (SatO2 < 90% persistente), ins-
tabilidade hemodinâmica, rebaixamento do nível de consciência, exaustão e fadiga da
musculatura respiratória;
Transferir paciente para hospital de referência, se não houver melhora.
Pré-tratamento:
DROGA DOSE TEMPO DE INÍCIO DURAÇÃO
Lidocaína 2% 1,5mg/Kg 45-90s 10-20min
Fentanil 0,1-0,3mg por Kg 2 a 3min 30-60min
Sedação:
Midazolam (0,5mg/Kg);
Etomidato (0,3mg/Kg);
Ketamina (1,5mg/Kg);
Propofol (2,5mg/Kg);
Tiopental (4mg/Kg).
Paralisia muscular:
Succinilcolina (1mg/Kg);
Rocurônio (0,6-1mg/Kg).
Posicionamento: posicionar a cabeça do paciente de maneira adequada a permitir a la-
ringoscopia. Cuidado com pacientes vítimas de trauma.
Posição com confirmação: checar posição do tubo através da ausculta do epigástrio,
bases e ápices pulmonares, fixando-o com esparadrapo (pediatria) ou cadarço.
Pós-intubação: estar atento às complicações do procedimento, principalmente intuba-
ção esofágica e seletiva.
1. CONSIDERAÇÕES
A obstrução de via aérea por corpo estranho (OVACE) é um evento súbito bastante comum
na faixa pediátrica e em idosos, no qual o indivíduo, previamente hígido, subitamente evolui
para uma dificuldade respiratória.
Pode ocorrer também em casos de pacientes vítimas de intoxicação alcoólica aguda ou por-
tadores de patologias neurológicas, nos quais têm-se em comum os distúrbios de deglutição.
As causas mais frequentes de OVACE são: alimentos, próteses dentárias, pequenos objetos,
leite e material regurgitado.
2. QUADRO CLÍNICO
Nos casos de obstrução parcial da via aérea, o paciente tem tosse com sibilos e estridores,
desconforto respiratório leve a moderado. Consegue falar.
Nas obstruções totais, a tosse é ineficaz, fraca; há ruídos respiratórios estridentes ou, ainda,
ausência de movimentos respiratórios; gemência, dificuldade respiratória acentuada com
cianose, podendo evoluir para uma parada cardiorrespiratória em pouco tempo.
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3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar rapidamente paciente para sala de emergência.
Avaliar a severidade: obstrução leve (capaz de responder) ou grave (não fala, não respira
ou respiração ruidosa, tosse silenciosa e/ou inconsciência).
No caso de o paciente evoluir para uma parada cardiorrespiratória (PCR), iniciar mano-
bras de reanimação cardiopulmonar;
Paciente com obstrução grave, inconsciente, com ausência de respiração e com pulso: se
o corpo estranho (CE) estiver visível e próximo à arcada dentária, pode ser retirado cuida-
dosamente com pinça de Magill.
DESCE OMBROS
SOBRE AS
MÃOS
BRAÇOS
ESTICADOS
USAR A BASE
DAS MÃOS
ANAFILAXIA
1. CONSIDERAÇÕES
É uma condição que pode ameaçar a vida; sendo assim, seu reconhecimento precisa ser
imediato.
2. QUADRO CLÍNICO
Geralmente, as manifestações clínicas são imediatas ou demoram menos de 30 minutos
para iniciar;
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Emergências Clínicas | SC – 2018
Na maioria dos casos, a anafilaxia tem sintomas premonitórios como: prurido na palma
da mão e planta do pé; formigamento na boca e na língua; sensação de aperto no peito,
de “nó na garganta” e calor. Tontura e síncope podem ocorrer pela hipotensão;
Urticária e angioedema em cerca de 90% dos casos;
O edema de laringe, que pode causar dor e rouquidão, é a principal causa de morte por
anafilaxia;
Podem haver sintomas gastrointestinais, principalmente se a crise for causada por agente
alimentar.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar o paciente para sala de emergência;
Colocar o paciente na maca;
Realizar avaliação primária com ênfase na preservação da permeabilidade de vias aéreas;
posição de conforto;
Realizar avaliação secundária: SAMPLA;
Proceder à monitorização;
Administrar oxigênio suplementar se SatO2 < 94%;
Garantir acesso venoso;
Adrenalina: 1:1000 (1mg/ml) na dose de 0,01mg/Kg (máximo de 0,5mg) via IM (EV somen-
te em casos graves com PCR). Pode ser repetida a cada 5-15 minutos;
Na ocorrência de choque anafilático, repor volemia 1-2 litros SF 0,9% EV;
Hidrocortisona 5-10mg/Kg EV (máximo de 100mg) ou Metilprednisolona 125mg EV;
Salbutamol aerossol com espaçador e máscara, 1 jato para cada 2Kg de peso (máximo de
4-8 jatos), com intervalos de 15 a 20 minutos entre as aplicações;
Difenidramina (Benadryl): 25-50mg EV (máximo de 100mg), ou Ranitidina 50mg EV;
Transferir para hospital de referência.
1. CONSIDERAÇÕES
2. QUADRO CLÍNICO
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar o paciente para sala de emergência.
Colocar o paciente na maca;
Realizar avaliação primária com ênfase na responsividade e permeabilidade de vias aéreas;
Realizar avaliação secundária – SAMPLA;
Proceder à monitorização e aferir sinais vitais completos – avaliar glicemia capilar;
Administrar oxigênio por máscara não-reinalante com fluxo de 10-15L/min se SatO2 < 94%;
Garantir acesso venoso;
Abordagem medicamentosa:
Glicose 50%: 30-50ml EV/IO, repetir hemoglicoteste (HGT) e administrar glicose, se ne-
cessário;
Tiamina 100mg IM antes da glicose para prevenção da encefalopatia de Wernicke-
-Korsakoff em pacientes etilistas, hepatopatas ou desnutridos;
Transferir para hospital de referência, nos casos de refratariedade ou na presença de cau-
sa secundária para hipoglicemia (infecção, tratamento inadequado do diabetes).
1. CONSIDERAÇÕES
A CAD é mais comum em jovens com DM tipo 1, enquanto a EHH é mais comum em idosos
com DM tipo 2.
2. QUADRO CLÍNICO
Cetoacidose diabética (CAD): glicemia capilar > 250mg/dL: hiperglicemia + cetonemia +
acidemia. Fadiga, náuseas, hálito cetônico, vômitos, polidipsia, poliúria, estupor men-
Urgência e Emergência – Módulo 2:
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Emergências Clínicas | SC – 2018
tal e até coma. Pode provocar, ainda, dor abdominal e desidratação. Quadro geral-
mente agudo;
Estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH): glicemia capilar > 600mg/dL, alteração variável
no nível de consciência, até coma e sinais de desidratação severa. Geralmente leva vários
dias até semanas.
Achados físicos: turgor de pele diminuído; hálito cetônico; respiração de Kussmaul; taqui-
cardia; hipotensão; alteração do estado mental; choque e até coma.
3. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Realizar o acolhimento do paciente;
Encaminhar o paciente para sala de emergência;
Colocar o paciente na maca;
Realizar avaliação primária com ênfase na responsividade;
Realizar avaliação secundária – SAMPLA;
Proceder à monitorização e aferir sinais vitais. Se glicemia > 250mg/dL: considerar cetoa-
cidose diabética; se glicemia > 600mg/dL com alteração de nível de consciência e desidra-
tação: considerar estado hiperosmolar hiperglicêmico.
Administrar oxigênio por máscara não-reinalante 10-15l/min, se SatO2 < 94%;
Garantir acesso venoso;
SF 0,9% EV rápido na velocidade de 500-1000ml/h;
Se Glasgow inferior a 8, considerar intubação;
Transferir para hospital de referência.
TRANSPORTE
O transporte do paciente até um hospital a partir de uma unidade básica de saúde pode ser
interpretado de duas maneiras:
REFERÊNCIAS
______. Resolução CFM n. 1.672, de 9 de julho de 2003. Dispõe sobre o transporte inter-
hospitalar de pacientes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29
jul. 2003, seção 1, p. 75-78. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/
cfm/2003/1672_2003.htm>. Acesso em: 24 jul. 2018.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BONNIN, M. J.; PEPE, P. E.; KIMBALL, K. T. et al. Distinct criteria for termination of
resuscitation in the out-of hospital setting. JAMA, v. 270, n. 12, p. 1457-1462, sep. 1993.
CAVALCANTI, Ismar Lima; CANTINHO, Fernando Antônio de Freitas; ASSAD, Alexandra (Ed.).
Medicina Perioperatória. Rio de Janeiro: Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de
Janeiro, 2006.
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Emergências Clínicas | SC – 2018
KELLERMANN, Arthur L.; HACKMAN, Bela B.; SOMES, Grant. Predicting the outcome of
unsuccessful prehospital advanced cardiac life support. JAMA, v. 270, n. 12, p. 1433-1436,
1993.
MARTINS, Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antônio; SCALABRINI NETO, Augusto et
al. Emergências Clínicas: abordagem Prática. Disciplina de Emergências Clínicas – Hospital
das Clínicas da FMUSP. 10. ed. rev. ampl. São Paulo: Manole, 2015. 1424 p.
STEEN, S.; LIAO, Q.; PIERRE, L. et al. Evaluation of LUCAS, a new device for automatic
mechanical compression and active decompression resuscitation. Resuscitation, v. 55, n.
3, p. 285-289, 2002.
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ANOTAÇÕES