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GRANDES CIENTISTAS SOCIAIS Colecéo coordenada por Florestan Fernandes DURKHEIM José Al FEBVRE Carlos Guill Julio Cezar M W. KOHLER Arno Engelmann LENIN Florestan Fernandes KEYNES Tamés Semrecsényi comme Evaristo do Moraes Filho L von RANKE Sergio B. de Holanda Robarto C. de Oliveirs PAVLOV ias Possotti MAX WERER Gabriel Cohn DELLA VOLPE Wileon J. Pereira ENGELS José Paulo Netto OSKAR LANGE Lenina, Pomeranz CHE GUEVARA Eder Sader LwKAcs José Paulo Netto GODELIER Edgard do Assis Corvalho TRoTsK ‘Dried Mirands | Pande: Seigeelnen ~ dos 0s tipos de hostilidades latentes ou meio esquecidas de seus 0s do outro grupo vém a tona. Desse modo; a guerra 1pOs costuma evocar num terceiro a malevoléncia ¢ o-ressen- chegado a uma eclosdo, mas agora que um outro grupo achou o caminho, por assim dizer, levam o terceifo grupo a se juntar a ele em sua acéo, Isso est bem de acordo com o que, em relagées genéricas ¢ convergentes re 0s povos tomaram essas relagdes individuais possiveis, mas ndo as criaram por si mesmos, 11. SOCIABILIDADE — UM EXEMPLO DE SOCIOLOGIA PURA OU FORMAL * No capitulo introdutério, mencionet'o motivo responsével pela cons- Contetidos (materiais) versus formas de vida social ‘O motivo deriva de duas proposicdes: uma delas € que em qualquer 4 interago.entre individuos. Essa interacdo sempre sur certos impulsos ou em fungo de certos propésitos. Os (8 interesses objetivos, os impulsos religiosos e propésit ataque, de ganho ou jogo, de auxilio ou instrucio, ¢ incontéveis outros, fazem com que © homem viva com outros homens, aja por eles, com eles, contra eles, organizando dese modo, reciprocamente, as suas con- 166 digdes — em resumo, para influenciar os outros ¢ para ser influenciado A importincia dessas interagées esté no fato de obrigar os que possuem aqueles instintos, interesses, etc., a formarem idade — precisamente, uma “sociedade”. Tudo que esté presente ‘nos individuos’ (que so 0s dedos concretos ¢ imediatos de qualquer realidade histérica) sob a forma de impulso, interesse, propésito, incli- nagdo, estado psiquico, movimento — tudo que esta presente neles a engendrar ou mediar influéncias sobre outros, ou que fluéncias, designo como contetido, como matéri ago. Em si mesmos, essas matérias com a5°q fa, as motivagées que a impulsionam, nfo sio soci nem fome, nem amor, nem trabalho, nem x nem tecnologia, nem as fungdes e resultados da inteligéncia so socizis. ‘So fatores de_sociagdo apenas quando transformam o mero agregado de individuos isolados em formas especificas de ser com ¢ para um ‘outro — formas que esto agrupades sob o conceito geral de interagiio. Desse modo, 2 sociagéo é a forma (realizada de incontiveis manciras diferentes) pela qual os individuos se agrupam em unidades que satis- fazem seus interesses. Esses interesses, quer sejam sensuais ou ideais, temporérios ou duradouros, conscientes ou inconscientes, causais ou légicos, formam a base das. sociedades humanas, A autonomizagio de contedidos Esses fatos tém conseqiléncias de longuf alcance. Na base das ligéncia, nossa vontade, nossa criatividade nossos sentimentos trabalham os materiais que desejamos arrancar da vida. De acordo com nossos propésitos, damos esses materiais certas formas e apenas sob estes formas nés os aciona- ‘mos © usamos como elementos de nossa vida. Mas acontece que est ‘materiais, estas forgas ¢ interesses, afastam-se, de um modo do exercicio de vida que originariamente os produziu e emp! gou. Tornam-se auténomos no sentido de que nao sio mais insepariiveis dos objetos que criaram ¢ através dos quais eram utiliziveis para nossos propésitos. Passam a viver livremente em si mesmos e por si mesmos; produzem ou fazem uso de materiais que servem exclusivamente a0 seu préprio funcionamento ou realiza¢ Qualquer conhecimento, por exemplo, parece ter sido originalmente uum recurso na Tuta pela sobrevivéncia, O conhecimento exato do com- portamento das coisas ¢, de fato, de extraordinéria utilidade para a 167 ‘manutencéo e promocio da vida. No entanto, o conhecimento néo é mais, usado a servigo desse empreendimento prético: a ciéncia tornou-se um valor em si mesma; escothe seus objetos de forma completamente auté- noma, modela-os de acordo com suas préprias nevessidades néo se {nteressa por mais nada além de sua propria perfeico. Outro exemplo: a interpretacdo de realidades concretas ou abstratas, em termos de siste- ‘mas espaciais, ou de ritmos ou sons, ou de importincia e organizacio, teve certamente suas origens em necessidades priticas. Entretanto, essas interpretagées tornaram-se um fim em si mesmas, efetivas em sua pro- pria forga e em seu proprio direito, seletives e criativas de maneira total- ‘mente independente de seu envolvimento com a vida pritica, e nfo por causa dele, Essa é a origem da arte. Completamente estabelecida, a arte é inteiramente separada da vida. Toma dela apenas aquilo que pode usar, criando-se desse modo a si mesma, por assim dizer, uma segunda vez, Ainda assim, as formas peles quais a arte faz isto, e nas quais, realmente consiste, foram produzidas pelas exigéncias ¢ pela propria dinmica da vida. ‘A mesma dialética determina a natureza do diteito. Os requisitos da existéncia social forgam ou legitimam certos tipos de comportamento individual que assim so validos seguidos, precisamente porque satis- fazem tais requisitos préticos. Mas com o surgimento do “

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