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O Criador
Existe uma coisa que é muito interessante para quem estuda a evolução
da idéia da humanidade sobre Deus, e isso principalmente para os espíritas,
que compreendem de modo mais claro a função da evolução.
Como são múltiplas as coisas que fizeste! / Estão ocultas das faces do
homem. / Ó Deus único , nenhum outro se iguala! / Tu próprio criaste o
mundo de acordo com tua vontade, / Enquando ainda estavas só: / Todos os
homens , gado e animais selvagens / Tudo que na terra caminha sobre seus
próprios pés, / E o que fica nas alturas, voando por suas próprias asas.
Com o fracasso no Egito, uma nova tentativa foi dada, - vejam que ironia da
História! -, a um povo que foi escravizado pelo Egito. José, filho de Jacó
(também chamado Israel), cativou os egípcios com suas previsões dos anos de
seca pelo qual esta terra passaria. Com seu auxílio, o Egito passou firme e
forte pelas dificuldades. Algum tempo depois, José fez com que seu pai,
Israel, e seus irmãos, as doze tribos de Israel (incluindo José), viessem habitar
no Egito. Com o desencarne de José, os israelitas foram lançados à própria
sorte. E eis então que, - com mais uma ironia da História -, Moisés, homem
israelita e criado na corte do Faraó, tornou-se o libertador do povo de Israel e
seu condutor. Toda a história da Bíblia gira em torno desta libertação, do
cativeiro egípcio.
Mas tornemos ao tema do estudo. Já vimos que algumas mudanças foram
tentadas para mudar as noções que o homem fazia da divindade. Do culto a
vários deuses, iniciou-se uma tentativa de introduzir o culto a um único, de
modo sutil e lento. Observando o início da Primeira Revelação, relatado no
Antigo Testamento, podemos ver algumas coisas interessantes. Vejamos um
pequeno trecho:
Mas a Igreja teve culpa nisto, ao unir o "útil ao agradável". Vendo que a
última moda das religiões politeístas era adorar a Deus como trino, formado
de três entidades, deu um jeitinho e trouxe esta idéia para o cristianismo. E foi
daí que nasceu esta idéia de adorar a Deus como Pai-Filho-Espírito Santo: a
Trindade. Certa vez, ao debater esta questão da Trindade com um amigo
protestante, ele contra-argumentou: "ora, no Antigo Testamento a palavra
"Deus" foi traduzida do hebraico elohim, que é uma palavra no plural... logo,
há mais de uma pessoa em Deus". Oh, homens! Vós não haveis jurado para o
Cristo de largar casa e família para segui-lo? Pois bem, largai antes as idéias
pré-concebidas e provenientes de visão pequena e egoísta, e sigais apenas ao
Cristo, vosso irmão e cooperador na Obra do Pai! Jesus não era Deus, assim
como vós também não O sois. Se na Primeira Aliança Deus aparece como
vários, é porque os homens viram anjos julgando ver Deus... se na Segunda
Aliança Deus aparece como três, e Jesus como Deus, é porque os homens
ainda não estavam desprovidos desta idéia de deuses e semi-deuses, e ainda
cooperou a funesta má vontade da chamada Igreja do Cristo, que está longe de
o ser... mas e na Terceira Aliança?
Pois bem! Aí está! E vejam que esta foi a primeira resposta dada pela
Terceira Aliança, no frontispício de O Livro dos Espíritos, para exatamente
corrigir este erro histórico que a "santa igreja" tanto cooperou em manter.
Vejamos a evolução da idéia sobre o que é Deus... o homem já pensou que
haviam vários deuses... já pensou que poderia haver Hum havendo vários... já
pensou que poderiam haver Três em Hum, parafraseando o famoso shampoo...
o homem já pensou tanta coisa... pensou coisa demais. Mas eis que agora vem
a Doutrina Espírita para mostrar que Deus é um só, e que seus emissários não
se confundem com O própio, mas antes já encarnaram e em sua maioria já
passaram pelas mesmas dificuldades que nós. Deus é um só, acima de todas as
definições humanas, muita além de todos os elogios que se possa querer fazer
a Deus... ao mesmo tempo que parece tão longe, Deus está muito mais perto
de nós do que possamos imaginar...
De tudo o que fica, resta a seguinte pergunta: "sabendo Deus que todas estas
dificuldades iriam se apresentar, por que não auxiliou Akenaton a levar
adiante sua missão no Egito?". A resposta é muito simples. Os egípcios
tinham Ciência, mas não tinham Moral. Deus preferiu ver Sua Moral se unir à
Ciência milhares de anos depois da revelação de Moisés, com o Espiritismo,
do que ver sua revelação diminuida à mera estimuladora de vaidade em povos
orgulhosos, tais como o Egito. É bem verdade que os israelitas em muito se
orgulharam de ser "o povo escolhido", e foi por isso que disse o Cristo: "Bem-
aventurados os humildes de Espírito, porque deles é o Reino dos Céus"
A Criação
Primeiramente, comecemos lendo um pequeno trecho do Antigo Testamento;
o frontispício da Primeira Revelação, a página primeira da série de revelações
que culminou na Revelação Espírita:
6 E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre
águas e águas. 7 Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que
estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E
assim foi. 8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia
segundo. 9 E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo
do céu, e apareça o elemento seco. E assim foi. 10 Chamou Deus ao elemento
seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus que isso era bom. 11
E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores
frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua
semente, sobre a terra. E assim foi.
Olhando ainda por uma outra visão... vejamos uma coisa interessante. Deus
disse: haja luz, e houve luz; Deus disse: ajuntem-se num só lugar as águas..., e
assim foi; Deus disse: produza a terra..., e assim foi. Agora, interpretemos isto
no âmbito moral; haverá coisa mais bela e digna da excelsa perfeição do Pai?
Deus não criou as coisas, propriamente falando; ele disse para que houvesse, e
houve. Queridos irmãos, assim é com todos nós. Desde que somos criados,
enquanto Espíritos, o Pai deseja que estejamos sempre caminhando para o
Bem, incessantemente; mas nos dá o livre-arbítrio, e não interfere. Assim é,
que por nossa própria vontade, escolhemos ficar no início da estrada
evolutiva, enquanto poderíamos estar bem mais à frente... mas o Criador é
benévolo. Deus quer que todos os seus filhos gozem da felicidade divina,
proveniente da depuração de nossas primitividades... mas deixa a nós o mérito
de trabalhar para isso. Afinal, de que serviria ao homem ser apenas um joguete
nas mãos de Deus? Aliás, foi exatamente a visão contrária que imbuiu os
judeus da idéia de que foram eleitos por Deus, e esta idéia patrocinou muitas
de suas "guerras santas"... esta idéia animou até mesmo alguns apóstolos do
Cristo, e ainda anima indivíduos de algumas igrejas "cristãs" da atualidade.
Caros irmãos, todos os filhos de Deus estão propensos a gozar da felicidade
dos Bons; basta que assumamos nossas responsabilidades, e tenhamos o firme
propósito de operar mudanças em nosso caráter. Não nos aborreçamos com as
dificuldades que irão se nos apresentar... tenhamos sempre em mente que
estamos caminhando para perto do Pai, e que os Espíritos benévolos estarão
sempre ao nosso lado, nos ajudando a remover as pedras da estrada.
A Escada de Jacó
Diante desta alegoria, cabe buscar seu fundamento. Os judeus pensavam que
um indivíduo poderia pecar até mesmo antes de nascer, ainda no ventre
materno. E consultando a História, vemos que Jacó foi precursor dos israelitas,
e Esaú dos edomitas, dois povos que mais tarde vieram a ter muitos atritos.
Como provavelmente o escritor desta passagem vivenciou a guerra entre os
dois povos, ele buscou colocar os dois irmãos como inimigos desde o ventre
materno, tentando justificar a inimizade que se deu mais tarde, entre os dois
povos. Mas a convivência de Jacó com Esaú também foi bastante turbulenta.
Esaú foi homem rude e caçador, enquanto Jacó era uma pessoa mais
"educada". Mas essa "educação" não passava de verniz, pois Jacó foi homem
ambicioso e queria a qualquer custo o direito à primogenitura (pertencente a
Esaú), a fim de poder ter direito aos bens de seu pai. Isaac tinha preferência
por Esaú, e Rebeca por Jacó.
As escrituras nos contam que ao menos uma vez Jacó tentou fazer "armações"
com Esaú para tomar seu direito à primogenitura. Então, Isaac ficou velho e
prestes a morrer, e deu a Esaú a incumbência de preparar seu prato predileto, e
assim a benção seria sua. E então saiu Esaú para caçar. Rebeca, tendo ouvido
a conversa, tramou com Jacó para que ele recebesse a benção. E assim foi.
Jacó enganou a seu pai Isaac, então cego, e recebeu a benção. Chegando Esaú
com a caça, preparou o prato de seu pai e o levou até ele. Mas seu pai lhe
disse, emocionado, que não poderia lhe dar a benção, visto que só havia uma
benção a ser dada e isto já havia ocorrido. Esaú soltou grande grito e chorou
copiosamente, implorando a benção de seu pai. E então Esaú começou a odiar
Jacó, tendo tramado matá-lo assim que se desse a morte de Isaac. Rebeca
ouviu rumores da trama de Esaú, e ordenou a seu filho Jacó que fugisse para
junto de seu tio Labão e tomasse uma de suas filhas como esposa.
Nesta passagem, pela primeira vez, Javeh promete ao patriarca dos israelitas o
selamento de sua aliança para a conquista da terra prometida, fato este que só
se deu sob o comando de Josué, que sucedeu a Moisés. Mas não é
necessariamente este o nosso foco de estudo, hoje. Nosso foco de estudo é o
sonho de Jacó.
Só sobra uma dúvida, que sobre muitos deve estar a pairar. Qual o significado
dos anjos subindo e descendo a escada? Podem os seres retrogradar? Poderia
um ser de luz à base da escada retornar e um parasita de plantas, disforme, se
tornar? Não, não pode, e isso jamais ocorrerá. Com maestria Kardec destruiu a
base da crença na metempsicose, crença oposta a lógica. Mas então, como se
explica a subida e descida dos anjos? Retirai pois o véu da letra que mata e
enxergais de acordo com o Espírito que vivifica. Tais anjos são os mesmos
seres que vós sois, e tendo galgado um conhecimento intelecto-moral maior, já
estão mais próximos da felicidade e dos gozos prometidos pelo Paracleto da
Verdade. Ao descer a escada, não estão a retrogradar; estão a cumprir suas
afáveis missões dadas pelo Criador, e seres primitivos estão a ajudar. Errado,
seria pois, se o Criador abandonasse seus filhos menores, e não permitisse que
os maiores fossem lhes ajudar.
Leonardo Vianna