Você está na página 1de 27

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Reinventar

Discentes: Aline Moraes


Ana Beatriz Oliva
Ana Flávia Kawasoko
Beatriz Delgado
Elis Regina Campos Vasques
Gabriela Santiago
Ingrid Cardoso

Prof.ª. Adriana Martinez

RESUMO

O Projeto Interdisciplinar do 5º semestre tem como desafio criar um projeto e moda


composta por cinco looks para o público-alvo 60+, abordando o Design de Moda e o
Desenvolvimento Sustentável, refletindo sobre a responsabilidade social de um
designer em relação ao seu papel como agente transformador e a importância disso
diante de uma realidade socioambiental. Durante toda a pesquisa foi abordado o
Conceito de criação Reinventar. À vista disso, foram explorados a transformação de
tecidos trocados no Banco de Tecidos e o trabalho com materiais de descarte
inusitados para confecção das peças, relevando as demandas do público sobre as
suas necessidades.

Palavras-chave: design, moda, sustentabilidade, inovação, terceira idade.


1. Introdução

Este projeto tem como objetivo abordar o Design de Moda e Desenvolvimento


Sustentável, levando em conta a função de um designer em relação a realidade na
qual está inserido, o seu papel como agente transformador, sua responsabilidade
social e o seu desenvolvimento criativo vinculado à ética. Será levado em
consideração a demanda contemporânea sobre a relevância das ações sustentáveis
e a importância da sua aplicação à realidade socioambiental.

O desafio foi criar uma coleção que cumprisse com os pressupostos de


sustentabilidade, considerando que para uma peça ser verdadeiramente sustentável,
tais parâmetros devem ser aplicados em todas as etapas. A coleção também deveria
ser inovadora e propor uma reflexão sobre o papel social do designer dentro deste
contexto, na qualidade de solucionador de problemas.

Para tanto, foram exploradas: a transformação de tecidos trocados no Banco


de Tecidos e o trabalho com materiais de descarte inusitados para confecção das
peças, com intuito de preencher, no mínimo, 50% da tabela de sustentabilidade
adotada.

Observações sobre a facilidade em vestir, materiais que não agredissem a pele


e permitissem mobilidade e conforto guiaram a escolha dos tecidos e aviamentos
utilizados: houve preferência por botões de pressão, visando a mobilidade reduzida
dos dedos; modelagens que facilitassem o ato de vestir, no caso de mangas, casacos
e sobreposições tipo envelope.

2. Reinventar

O conceito de design sustentável tem-se tornado uma questão de grande


importância dentro do cenário socioambiental. Ao levar em consideração o processo
de desenvolvimento de um produto, desde sua criação até o seu descarte, muitos
designers aplicam a teoria dos 3 R’s (reduzir, reutilizar e reciclar), buscando introduzir
a sustentabilidade em seus projetos. A professora Anne Anicet explica que:

Uma primeira abordagem busca a redução na fonte, ou seja, através da


redução de resíduos gerados pela fabricação e consumo de produtos, conforme
definição da EPA/Environment Protection Agency. A reutilização, por sua vez, é
caracterizada pela utilização de produtos já existentes, ou de parte deles, muitas
vezes com uma nova função ou aplicação. E a reciclagem trata da recuperação da
matéria-prima constituinte dos produtos a fim de beneficiá-la novamente para o
desenvolvimento e produção de novos produtos. (ANICET, 2011 – p.2).

Mesmo essa teoria sendo uma das mais conhecidas e utilizadas quando se
trata de sustentabilidade, na sua ligação com a moda, outros R’s podem entrar em
questão, se tornando igualmente essenciais no pensamento por trás da construção
de um projeto. Um deles é o “Reinventar”. A palavra Inventar¹ por si só significa
“descobrir, criar algo que não havia sido concebido, fabricado.” Colocando o prefixo
RE, a palavra ganha o significado de fazer tudo isso novamente, de pegar algo que já
havia sido criado e descoberto e transformá-lo em novo mais uma vez, de tornar algo
existente surpreendente, ou seja, reinventar.

Todos os projetos de design demandam uma função. Assim sendo, o primeiro


passo é o de compreender essa condição e depois definir o que deve ser feito para
que ela seja atendida (GWILT, 2015). Fazer com que isso aconteça de forma básica,
ajuda a diminuir o excesso da produção de itens dispensáveis, ou seja, responder as
exigências reais ao invés do que o mercado “quer” seria uma maneira positiva de
reduzir o material e os recursos empregados. Porém, ainda assim, somente abordar
as necessidades práticas dos usuários não é o caminho mais abrangente a se seguir.
A usabilidade e a praticidade são elementos de grande relevância, mas “as pessoas
também precisam de uma moda que, por exemplo, implique em bem-estar emocional,
estimule a independência e ofereça segurança. ” (GWILT, 2015 p. 112).

À vista disso, esse novo R, o Reinventar, pode ser o componente que faltava
para dar vida a essa reflexão. Ele se torna a ferramenta diferencial do designer para
que um projeto atenda tanto aos desejos do usuário quanto aos parâmetros
sustentáveis. E como vivemos num mundo em que a economia do conhecimento dá
grande valor à propriedade intelectual, a criatividade humana é enaltecida e se torna
um elemento essencial na concepção de um projeto e, portanto, na vida de um
designer. O ato de reinventar se torna uma qualidade imprescindível pois, num mundo
em que tudo parece já ter sido inventado, é papel do designer renovar e continuar
surpreendendo.
___________________________________________________________________
¹ Míni Houaiss Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, 2008.
Diante disso, o trabalho do designer é uma atividade que adquire a
característica de mão dupla, ou seja, ele busca a matéria-prima na natureza e devolve
para a sociedade um produto reelaborado, buscando solucionar um problema. Assim
o design se torna capaz de modelar pensamentos, construir valores, símbolos e novos
significados, dialogando com a sociedade.

Enquanto solucionador, o designer de moda se depara com mais um problema:


o planeta atingindo seus limites naturais, sendo preciso aprender a adequar suas
criações, e mais do que nunca entender como elas o afetam. Segundo Neide Schulte,
para um designer é importante:

[...] conhecer a cadeia produtiva por trás dos produtos que chegam ao
mercado para serem consumidos, geralmente produzidos sem que seja
considerado o impacto que os mesmos geram ao meio ambiente. É
importante considerar também o pós-consumo, verificando qual o destino das
peças de vestuário após o descarte, assim como, a fase de uso: lavar, passar
e secar que têm um impacto ambiental ainda maior, informação que
geralmente é desconhecida pela maioria dos consumidores. (SCHULTE,
2011, p. 1).

O conceito de sustentabilidade ligado ao campo do design de moda é uma


união que ainda se encontra em desenvolvimento, mas tem-se tornado cada vez mais
essencial no pensamento de um projeto de design. Assim, entende-se que o designer
é responsável pelo impacto que suas criações causam no meio ambiente, e, portanto,
deve conhecer as etapas envolvidas na criação, distribuição e descarte das peças,
para orientar suas escolhas de maneira a contribuir para reduzir os insumos.

Uma alternativa para o melhorar esse cenário é explorar o desenvolvimento


sustentável e as suas contribuições para o percurso do ciclo de vida do produto. Definir
o conceito de desenvolvimento e design sustentável é primordial para que seja viável
a sua aplicação na indústria da moda e também a sua difusão para os consumidores.
Segundo o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BSCD,
2007)², “Design sustentável é racionalmente caminhar no sentido de manter o nível
dos recursos disponíveis, em harmonia com uma evolução econômica, cultural e
tecnológico.”, por isso, o desafio deste Projeto Interdisciplinar é trabalhar com
materiais inusitados buscando a sustentabilidade dentro da área de moda. Foram
utilizados nesse projeto materiais como: banners, papeis e plásticos descartados por
gráficas e lojas.
Além desses materiais, foram utilizados tecidos reaproveitados de trabalhos e
aulas anteriores. Esses foram trocados no Banco de Tecidos para que as cores se
aproximassem mais das observadas no painel semântico. Esses materiais foram
escolhidos levando em conta a proposta de sustentabilidade pois se trata de materiais
que seriam descartados; são materiais que apresentam grande durabilidade,
principalmente os compostos por polímeros, que facilitam a lavagem e o cuidado; ao
serem incorporados nas peças podem aumentar seu ciclo de vida; além de conferir
personalidade às peças, tornando-as inovadoras. A coleção será destinada ao
público-alvo 60+ e por isso, é importante levar em conta o intuito de produzir uma
coleção que reinvente o estilo dessas mulheres e que promova a durabilidade das
peças, através do uso de materiais incomuns.

3. Painel Semântico e Conceito de Criação

Partindo do Conceito de Criação Reinventar, uma série de reflexões foram


desenvolvidas, buscando a que melhor se encaixasse no contexto. Foi pensado em
como a sombra de um objeto pode alterar-se de acordo com a superfície em que ela
se reflete, e em como o objeto pode ser percebido de maneiras diferentes sob a
incidência da luz.

Esses primeiros estudos levaram a principal ideia de que a palavra Reinventar se


remete a algo cíclico, orgânico, algo que está sempre se renovando. Diante disso, a
luz branca foi escolhida como elemento para o painel, pois ela revela uma variedade
de cores através do fenômeno de refração da luz, que se dá com o contato com uma
superfície translúcida. Um exemplo desse fenômeno na natureza é o arco-íris, que se
forma pela refração da luz nas gotas de chuva presentes na atmosfera (BASSALO,
1987).

De forma semelhante à ação da luz, o olhar criativo do designer também revela


diferentes possibilidades sobre diversos tipos de materiais. Assim, concluiu-se que o
uso de Cd’s descartados seria adequado, tanto pela oportunidade de reutilizá-los,
como por sua capacidade de reproduzir o efeito ótico mencionado. Para tanto, foi
retirada a camada adesiva dos Cd’s utilizando fitas colantes de forma que eles
___________________________________________________________________

²BCSD- Conselho Empresarial para o desenvolvimento sustentável. Disponível em:


http://www.bcsdportugal.org/ acesso em: 09/04/2016 14:16:33
ficassem transparentes, possibilitando a passagem da luz branca.

Figuras 1 e 2 – Integrantes do grupo retirando a camada adesiva dos Cd’s.


Fonte: Acervo do grupo.

A partir daí, várias experimentações foram feitas com diferentes fontes de luz,
dentre elas, velas, lanternas e a luz de led, tornando possível perceber como em cada
situação o comportamento das cores era diferente. A vela foi escolhida como fonte de
luz pois ao iluminar os Cd’s a dispersão da luz ficava bem nítida, o que acontece
devido ao fato de a vela ser uma fonte de luz natural (primária), como o sol.

Para captar essa dispersão, foram usadas duas velas como fonte de luz,
juntamente com os discos suspensos na frente das mesmas em um ambiente escuro.
Utilizaram-se câmeras fotográficas, alternando entre vídeos e fotos, para obter
imagens do Espectro da luz, alterando sempre os Cd’s de lugar, e obtendo diferentes
resultados, imagens e formas.

Figura 3 – Montagem de fotos com os Cd’s em diferentes posições sob a iluminação da vela.
Fonte: Acervo do grupo.
Com o resultado das fotos, foi feita uma seleção das melhores delas e em
seguida uma montagem sobrepondo essas figuras, para que surgissem novas formas
a partir das registradas pela câmera. Essa sobreposição foi feita com o auxílio do
Photoshop e o resultado do painel é um conjunto dessas imagens, que destaca a
incidência da luz sobre as formas dos Cd’s e o espectro da luz formado, além da
sensação orgânica de continuidade e movimento, ligada ao conceito de Reinventar.

Figura 4 – Painel Semântico.


Fonte: Acervo do grupo.

4. O Público-alvo 60+

A vida propõe desafios ao longo de todo o percurso. Para enfrentar alguns


deles, às vezes é preciso se transformar, se refazer: ser algo mais, algo diferente do
que se foi um dia. A geração 60+, público alvo deste trabalho, é um grande exemplo
da capacidade de se reconstruir perante os desafios no caminho.

No entendimento de Lima (2001), a velhice está surgindo como uma


possibilidade de se pensar uma nova maneira de ser velho, justificada essa afirmação
pelo fato de que os idosos estão se organizando em movimentos que avançam
politicamente na discussão de seus direitos. A velhice vista como representação
coletiva, começa a mostrar outro estilo de vida para os idosos, que ao invés de ficarem
em casa, saem em busca do lazer para os bailes, as viagens, os teatros, os bingos,
os grupos, os clubes e universidades abertas à terceira idade. O lazer tem um papel
muito significativo, pois, é possível realizá-lo fora do tempo das obrigações, em que
as pessoas podem se expressar, sentirem prazer, utilizarem-se de sua criatividade
para se divertirem, descansarem e se desenvolverem. (BRAMANTE, 1998).

As pesquisas revelaram que os idosos mudaram e não se encaixavam mais


nos estereótipos normalmente aplicados a eles (SZMIGIN & CARRIGAN, 2001). Eles
são mais inovadores que as gerações anteriores, cada vez mais discriminativos
quanto aos anúncios que vêem, e desejosos de participar ativamente em atividades
de consumo, também são consumidores entusiastas e possuem os meios e o desejo
de comprar bens e serviços, além de se preocuparem com a aparência e com os
prazeres da vida.
Vê-se assim que claramente o público da terceira idade está em busca cada
vez mais de qualidade de vida, e para isso ele tem que ter acesso à saúde, educação,
lazer, cultura, moradia e vestuário adequado.
O vestuário está inserido nos itens que influenciam a qualidade de vida do ser
humano, e sendo a moda uma incitadora de sonhos, é mais do que urgente que ela se
direcione a este nicho de consumidor para que as empresas não percam este público,
que já está se tornando uma grande parcela do mercado, só precisam ter ainda uma
atenção especial.
Para McCracken (2003), o vestuário é um tipo de produto sabidamente rico em
conteúdos simbólicos, e que propicia a observação de facetas expressivas da cultura
material em uma de suas manifestações mais criativas. Apesar de o conceito de moda
não depender diretamente de um único tipo de produto, foi o vestuário quem mais
encarnou ostensivamente o processo de moda ao longo dos anos (LIPOVETSKY,
1989).
Em uma perspectiva mais abrangente, não apenas o vestir-se, mas também
o adornar-se genericamente – como através de diferentes penteados,
brincos, perfumes, tatuagens – ao longo de toda a evolução do homem,
representa uma complexidade muito maior do que aquela percebida à
primeira vista. O ato de consumir, atualmente, está intimamente associado a
satisfazer necessidades de ser, pertencer, fazer e ter (BELK, 1988).

Contrariando a concepção equívoca de que, quando alguém entra para a


terceira idade, automaticamente se torna desinteressada por moda, Moschis (2003)
fez uma comparação entre os consumidores da terceira idade e os mais jovens,
afirmando que, no geral, os idosos: economizam e investem mais; gastam mais em
produtos de luxo; consideram a compra como um evento social; são bastante
orientados pela conveniência dos produtos e preferem mecanismos de venda mais
tradicionais ou com maior reputação.
Figura 5 – Painel de Público-alvo.
Fonte: Acervo do grupo.

5. Elementos Formais e Projetuais

Com base na análise do painel foram observados como elementos: as formas, a


disposição dos elementos e a composição. É possível perceber a predominância de
linhas orgânicas, resultantes da ação da luz sobre o contorno dos objetos produzindo
sombras que auxiliam no destaque das formas; há também a sobreposição de
elementos que é observada graças à sua transparência; cores e brilho reflexivo,
conforme o efeito óptico provocado pela dispersão da luz. Com base nisso, foram
destacadas as formas predominantes no painel, provenientes do encontro dos Cd’s e
das suas interseções, destacando as suas linhas orgânicas:

Figura 6 – Formas destacadas no painel.


Fonte: Acervo do grupo.
A partir das formas evidenciadas no painel semântico, foram retiradas as
figuras geométricas com linhas côncavas e convexas, que deram início ao processo
de experimentação dos moldes que usamos como referência para os croquis da
coleção. Esses moldes foram baseados em dobraduras feitas com as formas
geométricas, que geraram ideias durante o processo de criação.

Figura 7 – Formas geométricas abauladas retiradas do painel.


Fonte: Acervo do grupo.

Figura 8 – Alguns testes de dobraduras feitas com as formas geométricas.


Fonte: Acervo do grupo.
6. Cartela de Cores

Selecionamos as cores da cartela de acordo com as tonalidades do painel


semântico e com os tecidos disponíveis no banco de trocas. A partir das cores do
arco íris presentes na dispersão da luz nos Cds, foram retiradas cores quentes e
vibrantes, como o laranja e o amarelo mostarda. E das sobreposições e sombras
foram derivados os tons escuros e mais fechados, puxando para tonalidades terrosas.

Figura 9 – Cartela de cores.


Fonte: Acervo do grupo.

7. Silhueta

Em uma sociedade que supervaloriza a juventude, observa-se um descaso


quanto ao corpo idoso na moda. Esse corpo demanda uma atenção especial,
considerando as mudanças decorrentes da passagem do tempo: os ossos diminuem,
o esqueleto torna-se arcado, há uma alteração na posição dos seios, bem como perda
do contorno da cintura. Com essas informações em mente, definimos uma silhueta
retangular ligeiramente côncava, que comportaria melhor as novas formas do corpo,
além de estar em harmonia com os elementos extraídos do painel.

Figura 10 – Representação da silhueta retangular.


Fonte: Acervo do grupo.
8. Tabela de sustentabilidade

Após o preenchimento da tabela, podemos concluir que os looks produzidos pelo


projeto cumprem 73% do proposto, sendo o mínimo aceitável 50%. A ação
sustentável com propriedade estética é garantida principalmente através do reuso, já
que a coleção será construída com tecidos reaproveitados de outros semestres que
foram trocados no Banco de Tecidos, além do reuso de materiais inusitados como
banners e plásticos, que seriam descartados por gráficas, e foram reutilizados. As
peças não seguem uma tendência de moda específica, além de serem direcionadas
ao uso para o lazer, o que prolonga a sua durabilidade estética por se adequar
facilmente a diversas situações dentro desse uso. A modelagem é valorizada pois as
peças possuem a menor quantidade de cortes possível, sendo ajustadas através de
pences, mantendo boa parte das costas e da frente de forma inteiriça.

Critérios Pontuação
-1 0 +1

Possui propriedade estética com vínculo em uma ação X


sustentável?
É durável (qualidade de resistência dos materiais)? X
Possui durabilidade estética? X
Atende às funções do produto vestuário? X
Utiliza materiais renováveis, reciclados(áveis)? X
Reduz o consumo de materiais naturais não X
renováveis?
Emprega algum principio de redução, reuso ou X
reciclagem no processo?
Utiliza algum principio de sustentabilidade social? X
Otimiza o tempo das etapas do processo produtivo? X
Reduz o consumo de água e energia nos processos? X
A modelagem é valorizada na hora do corte? X
Total +1= 8 Total em 73%
porcentagem

Tabela 1 – Tabela de sustentabilidade.


9. Construção da Coleção

A construção da coleção foi baseada nas dobraduras feitas através do estudo de


formas feito sobre o painel. Essas dobraduras deram origem a ideias e moldes para
as peças que comporiam coleção, em que dentre os elementos mais presentes pode-
se notar as linhas côncavas e convexas e as sobreposições. Foi levado em
consideração utilizar as características que o público-alvo procura, como roupas que
escondem o pescoço, a parte superior dos braços e das pernas, o que resultou em
blusas com golas e mangas, e comprimentos no joelho e mídi.

9.1. Croquis

Figura 11 – Croqui look 1.


Fonte: Acervo do grupo
Figura 12 – Croqui look 2.
Fonte: Acervo do grupo.

Figura 13 – Croqui look 3.


Fonte: Acervo do grupo.
Figura 14 – Croqui look 4.
Fonte: Acervo do grupo.

Figura 15 – Croqui look 5.


Fonte: Acervo do grupo.
9.2. Processos

Figura 16 – Bando de Tecidos (onde os tecidos foram trocados).


Fonte: Acervo do grupo.

Figura 17 –Tecidos utilizados: linho (bege e marrom escuro), sarja de algodão (marrom), malha (coral
e mostarda), bember (forro).
Fonte: Acervo do grupo.
Primeiramente, para a execução dos looks foram feitos moldes de todas as
peças no papel e no algodão cru, para termos a possibilidade de provar e ajustar as
roupas antes de passar para o tecido original, garantindo maior precisão.

Figura 18 – Montagem de fotos dos moldes e do processo no algodão cru.


Fonte: Acervo do grupo.

Após a prova na modelo, efetuamos algumas adaptações, e posteriormente o


tecido foi cortado a partir do molde correto e costurado. A maioria das peças,
principalmente as saias foram pensadas para ter o mínimo de costuras possíveis,
aproveitando maior quantidade de tecido sem desperdício desnecessário e com isso,
tendo maior facilidade de vestir, pois os fechamentos ficaram todos laterais e frontais.
Por fim, a colocação dos colchetes e botões foram feitos com acabamentos manuais.
9.3. Peça 1 – Vestido

Figura 19 – Dobradura referência para a construção do vestido.


Fonte: Acervo do grupo.

Figura 20 – Moldes do vestido (sendo


a parte das costas e metade da frente feitas no tecido alaranjado sem cortes, apenas pences para
ajuste).
Fonte: Acervo do grupo.

9.4. Peça 2 – Saia mídi

Figura 21 – Dobradura referência para a construção da saia mídi.


Fonte: Acervo do grupo.
Figura 22 – Molde da saia mídi (sendo a parte das costas e metade da frente feitas no mesmo tecido
marrom escuro, sem cortes, apensas pences para ajuste).
Fonte: Acervo do grupo.

9.5. Peça 3 – Saia na altura do joelho

Figura 23 - Dobradura referência para a construção da


saia na altura do joelho.
Fonte: Acervo do grupo.

Figura 24 – Molde da saia no joelho (sendo a parte das costas e metade da frente feitas no mesmo
tecido marrom, sem cortes, apensas pences para ajuste).
Fonte: Acervo do grupo.
9.6. Peças 4 e 5 – Colete e casaco curto

As peças contam com materiais inusitados, como a lona e o plástico, ambos


doados por uma gráfica. Utilizamos a lona para fazer o colete, e o plástico branco para
o design de superfície do colete e do casaquinho. Como a lona é um material
estruturado, as costuras laterais e do ombro foram sobrepostas para termos um
acabamento menos grosso.

Figura 25 – Processo de construção com a lona.


Fonte: Acervo do grupo.

Para as aplicações contamos com um cortador de formato circular, geralmente


usado para cortar papel e plástico, auxiliando para que todos ficassem similares entre
si. Após cortarmos o plástico, os posicionamos no local desejado do mesmo jeito que
interseccionamos as formas do painel de semântico, e com a máquina reta
costuramos sua superfície com uma linha invisível para ficar discreto e de maneira
que houvesse sobreposições e movimento das aplicações.

Figura 26 – Processo de construção das aplicações no colete de lona.


Fonte: Acervo do grupo.
Figura 27 – Processo de construção das aplicações no casaco curto.
Fonte: Acervo do grupo.

9.7. Peças 6 e 7- Blusas com gola

Figuras 28 e 29 – Blusas com gola alta entreteladas com entretela de malha.


Fonte: Acervo do grupo.

Figura 30 – Detalhe na manga feito com aplicação de lona.


Fonte: Acervo do grupo.
10. Editorial

Figuras 31, 32 e 33 – Look 1 do editorial.


Fonte: Acervo do grupo.
Figuras 34, 35 e 36 – Look 2 do editorial.
Fonte: Acervo do grupo.
Figura 37, 38 e 39 – Look 3 do editorial.
Fonte: Acervo do grupo.
11. Considerações Finais

O intuito do projeto interdisciplinar do 5 semestre foi criar uma conexão entre o


design de moda e o desenvolvimento sustentável, demonstrando o papel do designer
como agente principal de mudanças e inovações, procurando aplicar a
sustentabilidade na realidade e na prática, não somente na teoria.

E também buscar atender ao público feminino 60+, que envolve inúmeras


questões que geralmente não são pensadas ao criar um produto para essas mulheres.
Questões essas como a transformação do corpo durante a vida, como atender melhor
a essa mudança e suas demandas. Sendo um desafio do projeto a criação de roupas
que se adequassem perfeitamente ao corpo idoso, que valorizassem sua silhueta e
que fossem confortável e não agredissem a pele, e que fossem de fácil vestimenta e
peças inovadoras.

Buscou-se aplicar o conceito Reinventar em todo o processo e um ponto de


relevância para o projeto que é o quesito sustentável, foi apresentado através de
novas alternativas de confecção, como nos materiais e no processo de criação,
utilizando plásticos e lona doados por uma gráfica que não teriam mais finalidade para
a mesma e trocando tecidos no Banco de Tecidos.

O objetivo do projeto foi alcançado tendo em vista que o grupo conseguiu realizar
a coleção associando todo o processo com o conceito de criação Reinventar e
atendendo as necessidades do público e do uso de lazer diurno, cumprindo também
os quesitos sustentáveis do projeto.
Bibliografia

GWILT, Alison. Moda sustentável - Um guia prático. Coleção GGmoda, São Paulo,
2015.

ANICET, Anne. Reaproveitamento de resíduos têxteis através da colagem têxtil.


Universidade de Aveiro - Projeto de Doutoramento em Design, 2011.

ALBRECHT, Christian Freire; BARCELOS, Renato Hübner; ESTEVES, Priscila Silva;


LAVOURAS, Daniel Fonseca; SLONGO, Luiz Antônio; A Moda para a Consumidora
da Terceira Idade. XXXII Encontro da ANPAD, São Paulo, 2009.

BALLSTAEDT, Ana Luiza Maia Pederneiras. Comportamento e Estilo de Vida da


População Idosa e seu Poder de Consumo. 2006

BASSALO, José Maria Filardo. A crônica da óptica clássica. Departamento de


física. UFPA, Belém, PA, 1987.

GRECO, A. The fashion-conscious elderly: A viable but neglected market


segment. The Journal of Consumer Marketing, V. 3, N.4, 1986.

LIMA, M. P. Gerontologia educacional: uma pedagogia específica para o idoso -


uma nova concepção de velhice. São Paulo: LTr, 2001. Disponível em
<http://docplayer.com.br/2555255-Comportamento-e-estilo-de-vida-da-populacao-
idosa-e-seu-poder-de-consumo-ballstaedt-ana-luiza-maia-pederneiras-1.html>
Acesso em: 11 maio de 2016.

SCHULTE, Neide Köhler. Contribuições da ética ambiental biocêntrica e do


veganismo para o design do vestuário sustentável. Tese (Doutorado em Artes e
Design) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

MORI, Guilherme; SILVA, Luciene. Lazer na terceira idade: desenvolvimento


humano e qualidade de vida. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/motriz/v16n4/a15v16n4.pdf> Acesso em: 11 de maio de
2016.
SLONGO, Luiz, Et Al. A Moda para a Consumidora da Terceira Idade. Disponível
em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/MKT2769.pdf> Acesso em 12 de maio de
2016.

MATOS, Cássio. Envelhecimento, terceira idade e consumo cultural. Disponível


em: <http://www3.ufrb.edu.br/ebecult/wp-content/uploads/2012/04/Envelhecimento-
terceira-idade-e-consumo-cultural.pdf> Acesso em 22 de maio de 2016.

PAPALEO NETTO, M. O Estudo da Velhice no Século XX: Histórico, Definição do


Campo e Termos Básicos. In: FREITAS, E. ET al (Orgs). Tratado de Geriatria e
Gerontologia.Rio de Janeiro:Guanabara Kroogan, 2002.

McCRACKEN, G. Vestuário como Linguagem. Cultura & Consumo. Coordenação:


Rocha, E. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.

LIPOVETSKY, G. O Império do Efêmero: A Moda e seus Destinos nas Sociedades


Modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

BELK, R. Possessions and the Extended Self. Journal of Consumer Research. V.15,
N.2,1988. pp. 139-168.

BRAMANTE, A. C. Lazer: concepções esignificados. Licere, Belo Horizonte, vol.1, no:


1,p.09-17, 1998

SZMIGIN, I; CARRIGAN, M. Learning to love the older consumer, Journal of


Consumer Behaviour, V. 1, N. 1, 2001. pp. 22-34.

Você também pode gostar