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Neste documento, irei desenvolver, ao mesmo tempo que traduzo, os conceitos

que Carl Jung desenhou em seu livro “Tipos Psicológicos”, reorganizando o sistema e o
misturando com as investigações de Kretschmer, e de forma que reinvente o assunto,
planejo puxar o tópico mais para o lado da psiquiatria e da neurologia, ou pelo menos
associar com o que se conhece atualmente.

Quando se traduz literalmente, temos que as funções psicológicas definidas por Jung
seriam sensação, intuição, sentimento e pensamento. Aušra Augustinavičiūtė, fundadora
da teoria psicológica “Sociônica” (ela baseou sua teoria nos conceitos criados por Jung e
misturou com a ideia de metabolismo de informação desenvolvida por Antoni Kępiński),
renomeou as funções pensamento e sentimento para lógica e ética, respectivamente, e
manteve intuição e sensação como estavam. Ainda assim, eu particularmente discordo de
como está. O substantivo ‘pensamento’ não realmente consegue descrever o que Jung
estava se referindo, nem ao que estamos interpretando como tal função e outros. Mesma
situação com sentimento, e o caso desta função é pior ainda. Lógica e ética também não
satisfazem e podem ser até mais confusos do que pensamento e sentimento, a meu ver. O
uso do termo intuição para conceitualizar a função psicológica nomeada também não
parece muito certeiro, já que “intuitivo” é uma qualidade muitas vezes definida como
conhecimento e raciocínio a priori ou simples “achismos”, percepções e decisões tomadas
de forma passiva, indireta, vaga etc. O que quero dizer é, ‘intuitivo’ é um nome fraco,
‘pensamento’ e ‘lógica’ são nomes que confundem, ‘sentimento’ e ‘ética’ são mais
confusos e errados ainda. Apenas sensação parece ser realmente descrita com uma única
palavra. Acerca de Kretschmer, irei falar mais especificamente dos temperamentos do
que os tipos de físico. De início, vou abordar a discussão do que é uma “função
psicológica”, iniciando um estudo de processos cognitivos e alterações químicas,
neurofisiológicas etc. Uma filosofia de processos, visualizando não um elemento ou
conjunto específico mas uma realidade dinâmica, abstraindo e concluindo do que se
conhece sobre o cérebro e alguns sistemas (sistema límbico, sensorial, cérebro emocional,
córtex pré-frontal etc.); um vir-a-ser que constrói a noção de “função”. O conceito de
diferenciação, que pode se entender como desenvolvimento de uma função (não muito
recomendado), também será estudado, junto com a ideia de acentuação e manifestação.
Há também o que eu chamo de ‘atualização’ (o que seria um tal desenvolvimento).
Sumário
Funções Psicológicas ............................................................................................. 3

Processos neurológicos, cognitivos etc. ............................................................ 4

Acentuação, diferenciação, manifestação etc. ................................................... 7

Lexicalidade, socialidade, imaginação e sensação ............................................ 9

Lexicalidade e o tipo lexical .......................................................................... 9

Socialidade e o tipo social ........................................................................... 11

Imaginação e o tipo imaginativo ................................................................. 12

Sensação e o tipo sensitivo .......................................................................... 14

Textura e formato de temperamento, humor e mentalidade: Os tipos racionais e os


tipos irracionais ............................................................................................................... 15

Racionalidade: Lexical e social ....................................................................... 15

Irracionalidade: Imaginativo e sensitivo ......................................................... 16

Introversão e Extraversão .................................................................................... 17

Organização do nome do tipo.............................................................................. 18

Atualização e subtipos ..................................................................................... 18


Funções Psicológicas
Jung define que as funções psicológicas seriam sensação, intuição, pensamento e
sentimento. Na tipologia de Jung, temos dois tipos de função psicológica: as de percepção
(irracionais) e as de tomada de decisões (racionais). Pensamento e sentimento seriam
funções de decisão que se contradizem, formando uma oposição onde ou você decide com
base no pensamento (raciocínio lógico, diretrizes objetivas e fatos etc.) ou você decide
com base no sentimento (senso de injustiça, valores éticos pessoais ou coletivos etc.).
Muitos visualizam, atualmente, a função “sentimento” como literalmente sentimental, ou
melhor, emocional. Na realidade, Jung diferencia o sentimento passivo e o sentimento
ativo ou direcionado, assim como o pensamento passivo e o pensamento direcionado. Ao
longo do tempo ele foi desenvolvendo e categorizando os conceitos, por exemplo, o
pensamento passivo seria apenas uma forma de pensamento vinda da intuição,
consequentemente, pensamento passivo é nomeado de “intuição intelectual”. Sentimento
e pensamento criariam racionalidade pois envolvem o ato de se comportar de acordo com
alguma lei ou senso de razão, seja ela baseada em lógica ou fatores humanos, de
personalidade e estado emocional etc. A irracionalidade, conectada com funções de
percepção (intuição e sensação), é mais definida como “fora da razão” – intuição
desenvolve conclusões retiradas do inconsciente, de uma forma mística, quebrando leis e
fórmulas. Sensação é completamente independente e estrangeira à razão, sendo
basicamente sentidos físicos e o realismo máximo que alguém pode ter, evitando
estabelecer algum sentido ou ordem. Então, se o sentimento não realmente desenvolve
uma personalidade de caráter emocional (coloquialmente, irracional), então qual o sentido
de nomear a função como sentimento? E se o pensamento, na verdade é uma
multiplicidade transbordando de inúmeras formas e definições de pensar, então não seria
recomendável nomear o conceito de pensamento. Planejo definir ou tentar estabelecer os
conceitos de forma sólida, e deixar bem claro que, uma pessoa cuja personalidade pode
ser resumida como “emocional”, seria uma pessoa que se enquadra como um tipo
irracional, em meu entendimento. Emocional, relativo à emoção, em que há transtorno
afetivo, comoção e significado sentimental. Reações contra estímulos, excitação mental,
conexão com motivação e vontade. Há teorias e classificações, estudos sobre a emoção,
e devemos buscar tais estudos: Emoções intuitivas (vindas da amígdala) seriam situadas
dentro da função “intuição” e “sensação”, irracionais. Emoções cognitivas (vindas do
córtex pré-frontal) estariam dentro da função “sentimento”, racionais.
Processos neurológicos, cognitivos etc.
Uma abordagem neurológica distingue entre duas classes de emoção: "emoções
clássicas", que incluem luxúria, raiva e medo, são sentimentos evocados por um "estímulo
ambiental" (como, por exemplo, respectivamente, sexo/luta/fuga). Já emoções
homeostáticas humanas são sentimentos evocados por estados internos corporais, cada
um modulando nosso comportamento. Sede, fome, sentido de calor ou frio, sentimento
de sono, desejo de sal e ar, são exemplos de emoções homeostáticas; cada uma é um sinal
do corpo dizendo "Coisas não estão certas em mim, preciso de bebida/comida/movimento
para obter sombra/calor/dormir/comer sal/respirar". Estes tipos de emoção são
particularmente bem correspondentes à função “sensação”.
“Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que impele um
organismo para a ação. A emoção se diferencia do sentimento, porque, conforme
observado, é um estado neuropsicofisiológico”.
Quando a emoção é filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, sendo
“racionalizada”, ela se tornaria sentimento. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência
Emocional, discute esta diferenciação por extenso. Racionalidade, as funções de
pensamento e sentimento, não é apenas tomada de decisões de forma simples,
aparentemente. Racionalidade envolve comunicação, direcionamento e estrutura,
organização de comportamento. Sentimento e pensamento são ambas formas de estrutura
e organização mental, que moldam o mundo em categorias ou sistemas, administrando o
comportamento e direcionamento de um objeto. Emoções, na racionalidade, sempre são
filtradas, tudo é colocado – no sentido de meticulosamente posicionado – de acordo com
um senso de razão, um conjunto de leis e padrões ou direções afirmadas pelo
discernimento e julgamento. Quando se estuda o cérebro e vários aspectos da
personalidade, em algum momento nos deparamos com um caos. Vários sistemas e
processos cognitivos, neurofisiológicos e reações químicas etc estão variando e formando
os “fatos” que abstraímos para formar o conceito de função psicológica: Jung partiu de
uma perspectiva naturalmente filosófica. A memória semântica é muito utilizada dentro
da função de pensamento, mas o sistema inteiro e os mecanismos de memória parecem
construir a função de intuição. O corpo físico e as sensações ou emoções de dor,
excitação, prazer, euforia entre outros constroem a função de sensação mas a filtração e
organização de tais fatos constroem a função de sentimento.
O comportamento social, que seria parte do sentimento, é conectado com a
emoção, que no geral constrói até mesmo a intuição. “Cognição diz respeito ao
conhecimento: então, emoção cognitiva é aquela que sentimos e que sabemos definir o
porquê de senti-la. A avaliação cognitiva é importante pois através dela podemos aprender
a controlar uma determinada emoção”, e olhando de forma divergente a outro conceito:
O sistema 1 e sistema 2 no cérebro; o sistema 1 refere-se ao sistema intuitivo, cujo
processamento da informação é rápido, ou seja, automático e paralelo. É associativo,
emotivo, controlado pelos hábitos e, por isso, difícil de controlar, depende do acesso a
memórias de longo prazo, além de ser um sistema ambíguo. Tal sistema seria composto
e causador de irracionalidade, especificamente intuições intelectuais. É o sistema
responsável por pensamento passivo. Sistema 2 refere-se ao sistema deliberativo, cujo
processamento da informação, ao contrário do sistema 1, é lento, ou seja, requer maior
esforço e é voluntário, sequencial, monitorizado, monitoriza as decisões do sistema 1,
sobrepondo-se a este, o que exige redução da consciência e maior gasto de energia e é
baseado em regras. Este constrói racionalidade e é o pensamento direcionado, consistente
e consciente, formulado em raciocínio lógico e linguagem, uma realidade verbal-
linguística e matemática. Pensamento e sentimento, por natureza, são normativos. A
distinção entre o sistema intuitivo e o sistema deliberativo ajuda a explicar os diversos
domínios tais como, a razão, a categorização, a tomada de decisão, julgamentos morais,
resolução de problemas, entre outros.
No que refere às decisões intuitivas, estas exigem pouca reflexão, sendo baseadas
em experiências passadas, bem como no pensamento hipotético, ou seja, modelos mentais
ou simulações de futuras possibilidades. Em termos neuronais, o sistema intuitivo está
correlacionado com os núcleos da base, amígdala, córtex temporal lateral. Por outro lado,
o sistema deliberativo está correlacionado com o córtex cingulado anterior, Córtex pré-
frontal dorsolateral. Racionalidade envolve a capacidade da mente humana que permite
chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. A razão permite identificar e
operar algum objeto em abstração ou interação “tangível”, resolver problemas – e
‘problema’ é construído por percepções, sendo um problema algo presente e real
(sensorial) ou apenas situado na ficção e possibilidade (imaginativo). Encontrar coerência
ou contradição entre dados e, assim, descartar ou formar novos conceitos (fluxos de
redução ou construção, existentes dentro da forma de introversão versus extraversão).
Compreender, ponderar e julgar seriam as essências de racionalidade.
A este ponto, se percebe que todos temos racionalidade e irracionalidade. Nos
tópicos posteriores iremos concluir que todos temos introversão e extraversão.
O Sistema Límbico compreende todas as estruturas cerebrais que estejam
relacionadas, principalmente, com comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem,
memória, motivação, mas também com algumas respostas homeostáticas. Resumindo, a
sua principal função será a integração de informações sensitivo-sensoriais com o estado
psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afetivo a esses estímulos, a informação é
registrada e relacionada com as memórias pré-existentes, o que leva à produção de uma
resposta emocional adequada, consciente e/ou vegetativa. Estas formações podem
dividir-se em componentes corticais e componentes subcorticais, estando associadas a
esta região cerebral um conjunto de estruturas que, contribuem para a execução das
funções deste sistema. Tal sistema em certo entendimento representa a essência de
irracionalidade: É emocional, integra informações e coleta dados, registra (memoriza)
episódios e fatos, ideias e outros pacotes de ciência. Se atribui conteúdo afetivo e se
constrói narrativa ou caráter físico. A zona anterior do lobo parietal (localizado na parte
superior do cérebro), designa-se por córtex somatossensorial e tem por função possibilitar
a recepção de sensações, como o tato, a dor, a temperatura do corpo. Nesta área primária,
que é responsável por receber os estímulos que têm origem no ambiente, estão
representadas todas as áreas do corpo. São as zonas mais sensíveis que ocupam mais
espaço nesta área, porque têm mais dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta
recebem um grande número de estímulos, precisando, por isso, de uma maior área. Tal
componente de nosso cérebro é um dos múltiplos fatores que em harmonia emergente
cria a função psicológica “sensação”. O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-
motor e o córtex pré-frontal, está envolvido no planejamento de ações e movimento, assim
como no pensamento abstrato. Pensamento abstrato envolve a intuição, então logo aqui
se nota que vários fatores que criam o que chamamos de racionalidade também cria
intuição em algum sentido.
De forma similar, transtornos de personalidade e vários comportamentos são
resultados de inúmeras interações e convergências de funções e fatores. Partindo direto
para a questão “o que seriam funções psicológicas?”, eu defino que ‘função’ se refere a
um conjunto entendido via abstração que é caracterizado por fatores e elementos
específicos dos quais produzem uma propriedade ou habilidade fundamental da pessoa.
São operações executadas pela mente reunidas em uma só categoria a havendo um papel
de atividades.
Acentuação, diferenciação, manifestação etc.
As funções que Jung define, sendo elas todas originadas numa multiplicidade de
processos neurológicos, cognitivos e outros fatores, funcionam de forma borrada: Se um
fator influencia a natureza de duas funções, alterar tal fator irá alterar toda a harmonia
entre essas duas funções e consequentemente, num efeito borboleta, causa uma mudança
na personalidade ou psiquê inteira. Em sua tipologia, é estabelecido que inicialmente
todas as funções estão borradas e misturadas uma na outra, não há muita consciência
pessoal. A personalidade viria de acordo com um processo de diferenciação: Diferenciar
uma função, ou melhor, um conjunto de fatores e elementos, de uma outra função (outro
conjunto de elementos). Nessa diferenciação, cria-se uma identificação de uma habilidade
ou propriedade particular da personalidade que alguém tem, criando em seguida uma
forma de identidade ou persona. Em efeito borboleta, diferenciação cria desenvolvimento,
quanto mais diferenciada uma função for das outras, mais identificável ela fica, e quanto
mais a mente se identificar na emergência de tal função, mais importante, relevante e
dominante ficam os fatores que constroem a função. Em outras palavras, a construção de
uma função e identificação dela em uma forma de ego, faz com que a função se estabeleça
como predominante. O conjunto que a função for ser inicia a ditar o resto da
personalidade, e é aqui que visualizamos uma hierarquia sistemática onde uma função
tem poder sobre as outras e causa o comportamento e essência de alguém. Quanto mais
dominante for uma função, mais reprimida e contida será as outras funções. A função
mais reprimida e inferiorizada seria completamente primitiva e arcaica. Se percebe que
há muitos momentos em que a função mais inferior se rebela e causa conflito, e é desta
forma que Jung constrói sua teoria acerca de neurose. Uma neurose seria caracterizada
pelo conflito entre a função mais dominante e a função mais inferior. A superior é
consciente e forma o ego, enquanto a inferior é inconsciente e incapaz de ser identificada
no ego. “Manifestação” seria o termo que eu usaria para quando a função inferior se rebela
e causa anarquia. A neurose é a manifestação das funções inferiores na consciência e ego.
Uma pessoa de personalidade completamente sensorial iria inferiorizar ao máximo a
imaginação. Neste caso, é possível que em algum momento a imaginação se manifeste e
invada a personalidade tangível, em alguma forma de alucinação, religiosidade,
misticismo, contos de fada, medo de fantasmas e trovões e outras manifestações. O
conceito de acentuação seria o momento em que uma função superior começa a dominar
a mentalidade ao ponto em que ela causa algum transtorno. É também uma acentuação
quando alguma função inferiorizada espontaneamente se torna diferenciada e desenvolve
para uma função superior, tendo mais caracterização e nuance, possuindo peso e
relevância na mentalidade de alguém. Em alguns casos, a pessoa não diferencia nenhuma
função secundária, permanecendo com um ego composto somente por uma única função
– a mais predominante na hierarquia. Nestes casos, é possível que a pessoa use uma
função secundária momentaneamente e depois a descarte, ou que não expresse nenhuma
função secundária. O sistema é dinâmico, afinal, suas raízes são dinâmicas. O pensamento
abstrato é construído pelo mesmo elemento que constrói a racionalidade, nesta situação,
é válido questionar como seriam as funções: Uma pessoa completamente imaginativa
possui traços de racionalidade ou ela realmente inferioriza todas as funções, até mesmo
as racionais?. Uma acentuação típica das personalidades caracterizadas por imaginações
como função predominante é a esquizofrenia e transtornos de psicose, pensamento e
raciocínio desorganizado e religiosidade, misticismo. Claro, as vezes é genético: a
hierarquia de funções não é necessariamente construída por decisões que uma pessoa
toma, na realidade, geralmente não desenvolvemos uma personalidade especifica por
consciência própria, nós somos apenas condicionados para tal personalidade, via
genética, ambiente e outros fatores. Há também a acentuação de racionalidade e a de
irracionalidade, além de introversão e extraversão. O conceito de manifestação também
se estende a tais qualidades de personalidade, portanto, temos casos de uma personalidade
introvertida espontaneamente manifestar a extraversão reprimida, e casos de uma
personalidade geralmente racional manifestar irracionalidade. Racionalidade e
irracionalidade em si e em relação a uma a outra, ao meu entender, não são opostas (no
sentido de mutuamente exclusivas). Não defino que irracional é “não-racional” (o
irracional sempre possui qualidades de racional e vice-versa), estritamente.
Filosoficamente, não visualizo nenhuma partícula em uma relação de exclusão ou de
idênticos ou inclusão, eu enxergo tudo como uma infinita expansão (entropia) de formas
de oposições ou diferenças (igualdade é uma falsidade). Todas as funções se opõem e
diferem uma da outra, ao mesmo tempo que compartilham traços similares, elas são uma
coisa em si, independente. A intuição antagoniza a sensação no sentido de que
representam realidades que contrastam (o real versus o que não é real), porém, elas
convivem juntas na mesma realidade, elas são incapazes de transcender tal realidade em
que vivem. Em outras palavras, temos inúmeras moedas distintas uma da outra, e alguns
conceitos são uma única moeda, porém em lados opostos. Uma função deve ser entendida
como algum espectro também, já que são variáveis desenvolvimentos.
Lexicalidade, socialidade, imaginação e sensação
Irei agora renomear as funções psicológicas e explorar livremente algumas
relações entre funções e temperamentos etc. O conceito que é a função ‘intuição’
facilmente poderia ser reduzido e nomeado de apenas ‘imaginação’ (o que faz muito mais
sentido até). A função ‘sentimento’, como eu disse antes, é problemática quando
entendida literalmente através de seu nome, e creio que no momento um nome melhor
para representar e reunir todas as propriedades da função seria ‘socialidade’ (pode soar
como ética, mas não carrega a energia e potencialidades que o termo ética carrega).
Lógica seria um nome útil para a função de pensamento, porém, não abrange realmente a
essência que eu enxergo no momento. Por isso, nomearei a função como lexicalidade.
Uma relação interessante de analisar é a socialidade em função da irracionalidade. Uma
acentuação de tal relação seria o transtorno de personalidade borderline ou o transtorno
de personalidade histriônica. Lexicalidade ou apenas racionalidade em função de
irracionalidade poderia ser acentuada e transformada em um transtorno obsessivo-
compulsivo, enquanto o transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva seria uma
acentuação de racionalidade extrema.

Lexicalidade e o tipo lexical


Na lexicalidade, destaco compreensão gramatical, sistematicidade de ideias,
conceitos e fatos, direcionamento e estrutura matemática entre objetos ou coisas, uma
organização de relações mensuráveis através da lógica ou formas de raciocínio. O
processamento da linguagem e a racionalidade, o pensamento em função de diretrizes e
premissas, trabalho axiomático, teórico ou movimentos de economia. Discernimento
enraizado em análise sintática ou um estudo de causa e efeito. De acordo com alguns
estudos, as palavras são percebidas através de um centro especializado de recepção de
palavras (área de Wernicke) que está localizado na junção temporoparietal esquerda. Essa
região, junto com o córtex frontal, são responsáveis pela compreensão das palavras e
articulação de frases. Destes elementos surge o conjunto que nomeio lexicalidade –
associado ao léxico; o conjunto de palavras existente em um determinado idioma. Aqui
se predomina um pensamento verbal-linguístico puramente contido em um sistema de
significados em função de relações ou valores quantitativos, qualitativos, propriedades de
origem matemática etc. Áreas relacionadas com planejamento e execução motora também
são incluídas na lexicalidade. É envolvido nesta função psicológica um posicionamento
e desenho de como coisas trabalham e qual a direção do trabalho, em outras palavras, a
economia e o economizar são colocados dentro e ao redor de lexicalidade. Na
lexicalidade, especificamente no plano de racionalidade, há a acentuação de denotação,
também referida como sentido denotativo e sentido literal, que é o emprego de palavras
ou enunciados em seus sentido próprio, comum, habitual, preciso. A comunicação
puramente lexical é basicamente informativa, ou seja, não produz emoção ao leitor.
Lexicalidade extrema resulta em informações e manipulação de informações direcionadas
com somente o objetivo de informar e estruturar coisas – uma concentração de função
referencial. Dependendo das outras funções, tal linguagem pode ser corrompida e
confundida; o lexical que preferir imaginação irá andar dentro de uma linha abstrata e
metafórica, trabalhando com o imaginário, as ficções de um mundo. O trabalho
matemático é um exemplo de lexicalidade, pois consiste em procurar e relacionar padrões,
de modo a formular conjecturas cuja veracidade ou falsidade é provada por meio de
deduções rigorosas a partir de axiomas e definições. Na lexicalidade, se formula objetos
de valores verdadeiro ou falso, correto ou incorreto de acordo com alguma lei ou conjunto
de diretrizes, válido ou inválido e outros valores similares. Generalizando, o tipo lexical
carrega uma energia metálica e distímica, sem muita agitação ou “extrovertimento”. O
tipo lexical, mentalmente, possui uma orientação instintiva à codificação: listagem de
dados, análise de detalhes e relações de caráter intertextual ou contextual, um processo
de formular um enunciado linguístico de acordo com as regras de uma língua, considerada
como código. Um princípio de ordem e conhecimento, ou normas e regras em função de
uma direção exata tais como “satisfação das necessidades humanas”, movimentos de
preservação, maximização, cálculo etc. Não necessariamente uma pessoa com
conhecimento acerca de lógica mas uma pessoa com uma natureza ou fluxo de conhecer
enraizado no léxico e no raciocínio com significado, muitas vezes causando um
distanciamento, bloqueio de emoções devido ao caráter de racionalidade. Frieza e “não-
sentimentalismo” são traços do tipo lexical, uma falta de intimidade ou familiaridade com
o processo de definir um objeto ou pessoa favorita, problemas com reconhecer gosto e
desgosto em termos de nuance. A lexicalidade e o tipo lexical, essencialmente, pode se
reduzir à capacidade de interagir com ‘definição e definir’. Filosofia e refletir são formas
de lexicalidade.
Socialidade e o tipo social
Na socialidade, metaforicamente, encontro o fenômeno do bebe chorando: No
início da vida, crianças se comunicam chorando. Pelo choro do bebê, ele mostra se está
com fome, frio, cansado, inseguro, sentindo dor ou desconforto. Da mesma forma, nós
nos comunicamos via expressões faciais e corporais. A voz é um objeto de representação
da função de socialidade, pois é com a voz que cantamos ou gritamos, exclamando algum
significado ou direção, uma estrutura ou vaga textura organizacional de necessidades,
desejos, emoções etc. Se a lexicalidade é o filtro que determina linguagem e palavra, a
socialidade é o filtro que determina adaptação e convivência social, cultura e expressões
de emoção, relações de favorito, ódio, familiar, estrangeiro etc entre pessoas. A
lexicalidade lida com objetos enquanto socialidade lida com pessoas, considerando que
objeto significa neste caso uma partícula com propriedades exatas e mensuráveis, uma
grandeza escalar ou vetorial, física ou imaginativa, que pode ser analisada e quebrada em
multiplicidades ou valores binários e assim vai. E ‘pessoa’ neste contexto significa
qualquer partícula caótica dentro de um sistema transbordando de entropia, uma situação
de realidade relativista e fundamentada na persona – mascaras sociais e contextos,
intersubjetividade etc. Com objetos, pode se prever via dedução, generalizar e padronizar
via indução e redefinir ou reduzir à essência via abdução. Com qualquer coisa animada e
viva, só irá restar formas de relacionamento e estados de excitação, estes serão parte da
composição da função de socialidade. Aqui se destaca a inteligência emocional e social,
a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim
como a capacidade de lidar com eles. Na socialidade, há a produção de sentimentos
morais: o senso de injustiça dentro do relacionamento entre alguém e você ou o senso de
amizade dentro de um relacionamento de algum terceiro com um amigo seu etc. O ciúmes
faz parte da socialidade, porém, puxa para o caso da socialidade em função da
irracionalidade. A socialidade extrema seria uma personalidade enraizada em convivência
social e política, tomando um caráter carismático ou moral e educado. Socialidade
envolve empregar informações emocionais para facilitar o pensamento e o raciocínio,
captar variações emocionais nem sempre evidentes, regularização e transformação da
emoção de um corpo ou ambiente, seja imaginativo ou real. Destaco também o
gregarismo, que é uma estratégia protetora de se agrupar em populações mais ou menos
estruturadas, permanentes ou temporárias, visando a proteção dos indivíduos que a
compõem. Simpatia seria o que mais representa socialidade, considerando os tipos de
simpatia definidos por Max Scheler: imitação emocional, resultando em transpatia,
unipatia, compatia e simpatia genuína etc. A dramatização e personificação são outras
formas de socialidade. Atuação - tomar um cargo social ou emprego dentro de um
contexto humano – e representar um personagem. Generalizando, o tipo social é mais
caracterizado por um pensamento de natureza humanista, centralizando e concentrando o
fator de personalidade e ideais de bom, ruim, desgosto e gosto. Há uma drástica diferença
entre irracionais e racionais do tipo social. Sérgio Buarque define uma personalidade, ‘o
homem cordial’, que se encaixa como uma personalidade de tipo social - ele é
caracterizado por apropriação afetiva: o sufixo “inho”, colocado em palavras como
“senhorzinho” (“sinhozinho”), que revela a vontade de aproximar o que é distante do
nível do afeto. Extraversão, introversão, irracionalidade, racionalidade, imaginação,
sensação, tais qualidades podem diversificar a textura de socialidade. Uma forma de
socialidade é a política e moralidade, educação – movimentos sociais e revoluções,
criação de bolhas sociais, cultos ou participação em teatro etc.

Imaginação e o tipo imaginativo


Nesta função, o elemento principal seria a memória e a associação. O centro
emocional do cérebro, é bem próximo do hipocampo, que lida com memórias: a memória
é mais significativa quando emocional. Memórias são fortalecidas por estruturas de
narrativa e abstração. Quanto mais associadas memórias são, melhor é recordar das
memórias, e quanto mais criativo, organizado em formato de história e possibilidade,
melhor a textura das memórias. A capacidade de criar imagens mentais e associar,
conectar e manipular livremente a imagem é um aspecto “nuclear” aqui. Literalmente,
imaginação – a palavra é similar com ‘imagem’. A construção de ideias e idealização de
essências é uma manifestação da predominância do processo imaginativo. A distorção e
reformulação de memórias, esse caráter dinâmico e questionável, de natureza fictícia. A
noção de identidade e personalidade é mais concentrada ao redor da imaginação, e o senso
de ritmo e harmonia em relação ao mundo ou às coisas também faz parte deste conjunto
que associo à imaginação. Nossas memórias são falhas e bem errôneas, mas nós as
mantemos em termos de evolução. O porquê é justamente a imaginação: recordar de
eventos é uma capacidade enraizada num sistema ou mecanismo que nos permite
imaginar o futuro e possibilidades, situações que não são reais. Experiencias passadas e
futuras, a reprodução de memória e simultânea associação, todas estas propriedades são
unidas nesta função, e melhor representadas pela flexibilidade de corromper informações
armazenadas: a capacidade de solucionar experiencias futuras, visualizar como eventos
possam se desenrolar, obstáculos que podem surgir e maneiras alternativas de lidar com
alguma coisa. Quando a imaginação toma posse do ego, ela é caracterizada muitas vezes
por inúmeras qualidades encontradas nos sonhos. Uma serotonina reduzida, uma
personalidade inclinada à melancolia e ansiedade, transtornos psicóticos, pânico etc. Ou
uma sensação de grandiosidade e realização mística, confiança extrema em previsões. O
tipo imaginativo teria inibição latente baixa, hipersensibilidade à materiais psicológicos,
criatividade fantástica, experiencias alucinatórias ou apego ao pensamento simbólico e de
caráter fictício. Fascinação faz parte da função. A irracionalidade é expressa assim como
nos sonhos: o sonho REM possui a qualidade de ser puramente emocional, pois o
discernimento é desligado durante esse tipo de sonho. Níveis baixos de serotonina
possivelmente fazem com que o cérebro imagine que tudo que for observado e tudo que
ele estiver se conectando é de grande importância: um fascínio e idealização característico
da imaginação. Imaginação produz o fenômeno cognitivo de percepção de padrões ou
conexões em dados aleatórios (apofenia): o fenômeno psicológico que envolve um
estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo
distinto e com significado. Quando a imaginação predomina e inferioriza as sensações,
pode se acentuar e transformar-se numa forma de anedonia - a perda da capacidade de
sentir prazer - e a impulsividade nervosa de excitação sexual é destruída. Neuroses e
acentuações, transtornos como ideação delirante e aberrações perceptivas caracterizam o
tipo imaginativo. Uma inferiorização de racionalidade pode criar perturbações mentais
em que o pensamento se manifesta confuso. Entre as perturbações específicas de
pensamento estão o descarrilamento do pensamento, pobreza de discurso, discurso
tangencial, ilogicidade, perservação do pensamento e bloqueio de pensamento.
Pressentimentos e grandes inquietações; preocupação, receio, temor seriam complicações
da imaginação, caso sejam relacionados com a visualização de possibilidades – um
instinto de olhar para dentro da natureza de algo, ou melhor dizendo, de construir uma
“imagem-identidade” para um objeto via dados “aleatórios”. Manifestações positivas de
imaginação são geralmente epifanias – o efeito eureca por exemplo. Na comunicação
imaginativa, há a predominância de figuras de linguagem, fundidas como uma pintura
borrada da fluidez de ideias e reinvenções feitas por meios imaginativos. Obsessões
seriam outras manifestações. Essencialmente, o tipo imaginativo é basicamente uma
mentalidade mais centralizada em perceber o surreal e o possível invés do tangível e real.
Sensação e o tipo sensitivo
Aqui, é literalmente os 5 sentidos e maioria do sistema límbico. Uma dopamina
maior e compulsivamente liberada e preferida, uma perseguição da adrenalina ou uma
calmaria e relaxamento, paz de espirito. Enquanto o imaginativo visualiza passado e
futuro, o sensitivo é responsivo apenas ao presente. O sensitivo é focado e concentrado
nos sentimentos físicos e emoções de textura carnal e tangível. Uma sensação estética e
artística, ou uma sensação brutal e violenta. Quando se diferencia a sensação, é possível
perceber distintas formas de cheiro e gosto, toque e cor. Uma nuance e multiplicidade de
estímulos sensoriais é mais bem compreendida e reunida quando se predomina a
sensação. Um sistema sensorial consiste em neurônios sensoriais (incluindo as células
receptoras sensoriais), caminhos neurais e partes do cérebro envolvidas na percepção
sensorial. Sistemas sensoriais comumente reconhecidos são aqueles visão, audição, tato,
paladar, olfato e equilíbrio. Em suma, os sentidos são transdutores do mundo físico para
o reino da mente, onde interpretamos a informação, criando nossa percepção do mundo
que nos rodeia. A inicialização da sensação decorre da resposta de um receptor específico
a um estímulo físico. Os receptores que reagem ao estímulo e iniciam o processo de
sensação são geralmente caracterizados em quatro categorias distintas:
quimiorreceptores, fotorreceptores, mecanorreceptores e termorreceptores. Todos os
receptores recebem estímulos físicos distintos e traduzem o sinal em um potencial de ação
elétrica. Esse potencial de ação, em seguida, viaja ao longo de neurônios aferentes para
regiões específicas do cérebro onde é processado e interpretado.
Sensação então, resumidamente, é a reação física do corpo ao mundo físico, sendo
regida pelas leis da física, química, biologia, etc. que resulta na ativação das áreas
primárias do córtex cerebral. Vivência simples, produzida pela ação de um estímulo
(externo ou interno: luz, som, calor, etc.) sobre um órgão sensorial, transmitida ao cérebro
através do sistema nervoso. Os tipos sensitivos identificam consistentemente tais
processos sensoriais e direcionam mais relevância a tais processos, centralizando a
personalidade ao redor de um caráter realista e pé no chão.
Textura e formato de temperamento, humor e
mentalidade: Os tipos racionais e os tipos irracionais
Desenvolvemos muito o conceito de racionalidade e irracionalidade ao longo do
documento (perdão pelo espalhamento e fluidez de informações ou qualquer coisa do
tipo, pois eu, o escritor, sou um tipo irracional). O tipo racional lexical seria capaz de
sistematicamente organizar dados e excluir casos acidentais ou dinâmicos, reduzindo caos
e informação aleatória ou caótica, enquanto o tipo irracional lexical, ainda capaz de
sistematicamente escolher e estruturar informações em uma linha de raciocínio pontual e
objetiva, não consegue realmente organizar informações num sistema consistente,
excluindo casos acidentais e dinâmicos. A lexicalidade enquanto irracionalidade
predomina é limitada e dependente da percepção da psiquê da pessoa, logo, a
comunicação perde rumo e direção facilmente, de vez em quando. A linguagem da pessoa
emerge como uma fluidez de ideias poéticas, e este seria o meu caso. O comportamento
social do irracional é drasticamente diferente do racional também, pois o irracional é
levado pelas percepções, processos sensoriais e imaginativos, emoção não filtrada, o
sistema límbico, a amígdala (cérebro emocional).

Racionalidade: Lexical e social


Nos tipos completamente racionais, onde se predomina a lexicalidade ou a
socialidade, há um temperamento mais controlado e discernido, direcionado. Há uma
tendência à padrões repetitivos restritos de comportamento, adesão inflexível a rotinas
e/ou rituais, calmaria e tranquilidade, figurativamente. O lexical é caracterizado por uma
natureza metálica, o tipo racional que for lexical expressa frieza e distância caso
inferiorize a socialidade. O social é mais carismático e literalmente sociável, capaz de
regular e dar atenção plena à sua emoção ou às emoções alheias, organizando e
direcionando, filtrando os sentimentos num geral. O lexical tende a ter preocupação com
a ordem, perfeccionismo e controle deles mesmos e de situações, eles explicam e
desconstroem significados excessivamente para que alguém entenda consistentemente,
focalizam regras, detalhes minuciosos, procedimentos, cronogramas e listas, vai variando.
A natureza normativa do racional é expressa como uma vontade ou instinto de que tudo
seja feito de uma maneira específica, encontrando felicidade mais em reações e situações
realizadas de forma esperada, do que reações e situações realizadas de forma espontânea.
A textura e formato do temperamento racional é organizada numa proporção
variando entre frieza e sensibilidade romântica, uma curva de estabilidade ou estranha
alternância entre pensamentos e sentimentos. Respostas inadequadas e restringidas em
relação ao estímulo, soam como madeira. Um racional ao ser atacado por emoções, usa o
discernimento e autocontrole para avaliar e julgar tais estados emocionais e concluir o
que deve ser feito para resolver o problema e evoluir em relação ao passado e em
consideração do futuro. O racional tende a trabalhar para criar um sentimento, algum
estado emocional, invés de trabalhar em resposta a um estado emocional prévio. A escrita
e comunicação, generalizando, é com boa pontuação ou com boa clareza e suavidade,
usualmente, o racional não escreve coisas tudo em maiúsculo sem decidir fazer isso para
causar um impacto ou se expressar de acordo com expectativas e formas de educação. Ao
lidar com uma situação frustrante e sofrer stress, há uma maior chance de conter emoções
e se manter formal. O humor tende a se permanecer, ou melhor, se repetir e consistir.

Irracionalidade: Imaginativo e sensitivo


Com os irracionais, há uma textura completamente distinta. São de certa forma
impulsivos e possuem menos capacidade de se concentrar numa tarefa. O temperamento
é caracterizado por um foco maior em sentimentos, eles são naturalmente emocionais,
podendo ter períodos hipomaníacos e períodos de minidepressão que duram poucos dias
ou vários tempos. Diversidade de humor e emoção dinâmica, uma hora pode estar alegre,
eufórico, outra hora pode estar chorando, disfórico. Quando acentuada, se transforma em
perturbações de alternância entre períodos de melancolia e períodos de ânimo e mania. O
irracional tende a ser mais irritável e nervoso, fóbico (processos imaginativos), mais
excitável e hipersensível à estímulos sensoriais (sistemas de sensação). Por ser mais
“emocional-associativo-metafórico-sensitivo”, pode estar envolvido com transtornos de
desrealização e despersonalização, estresse agudo e compulsão: recordações invasivas e
comportamentos instintivos enraizados em medos irracionais ou “prazeres”. Diferente do
racional, o irracional responde de acordo com estímulos sensoriais e emocionais, sendo
indulgente, hiperativo ou possuindo déficits de atenção. Tendem a trabalhar para mudar
o estado emocional em que estão, evitando sentimentos ou se orientando à uma imersão
de sentimentos. Ao serem atacados por uma emoção, eles tendem a ter vontade de alterar
o presente, podendo comer algo por tédio ou falta de direção. Tipos sociais com
irracionalidade predominante podem manifestar traços borderline, histriônico etc. Tipos
lexicais com irracionalidade predominante podem ficar paranoicos e perfeccionistas.
Introversão e Extraversão
Chegando à melhor parte. Muito se fala de introvertido e extrovertido e por aí vai.
Introversão e extraversão, digo extraversão para diferir do sentido “normal” de
extroversão, são fluxos e formas de orientação de energia. Uma figura que represente o
introvertido e o extravertido seria um tipo de ser vivo que há mecanismos de defesa fracos
porém poderosa capacidade de se reproduzir, e o outro tipo tem fraco poder de reprodução
mas vários mecanismos de defesa que auxiliam a preservação deles mesmos. A
introversão é caracterizada essencialmente por um movimento energético de sempre fugir
de algo (note que introversão e extraversão são apenas realmente existentes quando
posicionadas em função de algum objeto ou relação com alguma coisa), enquanto
extraversão seria um movimento energético de sempre correr em direção a alguma coisa.
Muita atenção no ‘sempre’, pois todos os tipos aqui são apenas realmente válidos quando
vistos num contexto de tempo: o introvertido é quase sempre, consistentemente, ou
regularmente, ‘normalmente’ introvertido e o extravertido é a mesma dinâmica, ele é
‘normalmente’ extravertido. O mesmo para a racionalidade e irracionalidade e assim em
diante. As naturezas e distintos tipos de caráter vistos aqui são identificáveis numa certa
instância, mas para realmente dizer que é natureza, deve se verificar se aquilo é ‘natural’
– típico ou atípico do comportamento da pessoa. A introversão tem qualidade de
complicar realidades e abstrair objetos, formando uma subjetividade alta e personalidade
individualista. A extraversão teria qualidade de simplificar e contagiar realidades,
concretizando objetos e formando uma personalidade coletivista. O introvertido tende a
viver em correspondência às impressões que ele tem do mundo, visualizando sua relação
com as coisas, abstraindo-se de objetos e contextos ou complicando e formando ideias de
objetos e contextos, apenas compreendidas por um sujeito ou um processo subjetivo
específico. O extravertido tende a viver em correspondência aos fatos que o mundo
introjeta nele, visualizando as coisas em si e contagiando o mundo, há um caráter de
visualizar alguma coisa e entender aquilo como “ainda vazio”, e se intrometer na natureza
daquele objeto, reproduzindo e transmitindo uma qualidade própria para o objeto e outros.
O extravertido reduz as coisas ao mais tangível possível e estende aquela natureza ao
resto do mundo, compreendendo coisas de acordo com um processo definido de forma
externa. A tomada de decisões do introvertido é enraizada no próprio entendimento dele,
enquanto a do extravertido tende a ser enraizada no entendimento comum ou consenso.
A percepção do introvertido é subjetiva e complexa enquanto a do extravertido é objetiva
e simplificada. Uma pessoa geralmente tende a ter introversão em relação a uma coisa e
simultaneamente extraversão em relação a outra coisa, então realmente varia e depende
do ponto de vista. Em perspectiva de comportamento, podemos estabelecer que
introvertido tende a ter falta de energia e extravertido tende a ter excesso de energia. Um
mobiliza efetivamente para uma atividade, enquanto outro mobiliza de forma lenta e
retardada. O real caráter do introvertido é ‘fugir’ e o do extravertido seria ‘enfrentar’.

Organização do nome do tipo


É melhor não abreviar por enquanto.
Os tipos serão nomeados de acordo com a hierarquia das funções psicológicas. Se alguém
tiver imaginação como função predominante, então é um tipo imaginativo. Se este mesmo
alguém tiver lexicalidade como uma função superior, mas secundária e ditada pela
predominante, então é um tipo imaginativo-lexical. Se a pessoa for introvertida, então
definimos que o tipo dela é “Imaginativo-Lexical Introvertido”.

Atualização e subtipos
O conceito de atualização é simplesmente o que se entende intuitivamente de tal
termo. É quando atualizamos os conhecimentos e processos que formam uma função ou
múltiplas funções, ou quando introversão e extraversão são alteradas e o fluxo de energia
motivacional da pessoa é totalmente alterada ou apenas particularmente adaptada para
uma situação e por assim em diante. Uma atualização também pode ser uma vontade
consciente e pessoal da pessoa de estudar ou lidar com alguma coisa, particularmente uma
função inferior. “Subtipo” é um assunto controverso, e no momento só posso visualizar
subtipo em função do conceito de acentuações e atualizações, ou manifestações. Subtipo
significaria que há um subpadrão ou forma de personalidade dentro do tipo (que já é um
padrão ou forma de personalidade) que se distingue de uma outra forma de personalidade
dentro do mesmo tipo. No entanto, não se encontra evidências para nenhum padrão ou
distintos comportamentos típicos dentro do mesmo tipo. Em outras palavras, “subtipo”
está na área do imaginário e só posso me apegar ao fato de que o sistema é dinâmico e
possui casos acidentais ou atípicos e coisas similares. Manifestação, acentuação,
diferenciação, atualização e possíveis formas de funções operarem são a base da tipologia
além da classificação e organização dos tipos de mentalidade, ‘racionalidade’ e
‘irracionalidade’. A introversão e a extraversão são formas de libido e orientação, atitude,
que podem filosoficamente descrever e estruturar novas ordens de tipo e função.

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