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Edição: 01/2021

NESTA EDIÇÃO

Infância e a tecnologia

Mediação entre a criança e a


tecnologia
Tempo de telas
Cultura Digital
O desafio do uso da
tecnologia na Educação
Infantil
Desde março de 2020, a educação precisou
reavaliar seus planejamentos e suas
metodologias, em função da educação
remota, provocada pela pandemia do
coronavírus. Na Educação Infantil, um tema
vem sendo especialmente debatido e exige
nossa reflexão para além do período de
educação emergencial: a tecnologia na
Educação Infantil.

A manutenção do vínculo entre professoras


e crianças tem acontecido por meio de
aplicativos, de programas online de ensino
remoto, de aulas gravadas e de recursos
impressos, que os responsáveis buscam nas
escolas para que as crianças realizem as tarefas
em casa. As famílias que mantiveram as
crianças matriculadas conseguiram
acompanhar o desenvolvimento dos pequenos
por intermédio das possibilidades de interação,
de brincadeiras e de experiências, oferecidas
de forma online, pelas professoras.

Escola e família mudaram o atendimento às


crianças e, com isso, outras preocupações
surgiram, como o impacto do tempo frente às
telas, o aprendizado que, de fato, ocorre no
espaço virtual, assim como a ausência de
convívio presencial com os colegas.

A pandemia não modificou as convicções


apontadas por pesquisas sobre como as
crianças aprendem, e sim a maneira como as
experiências chegam até elas, mediadas pela
tecnologia. A educação infantil é um espaço
coletivo e de experimentação, onde as crianças
aprendem, brincam e convivem com outras
crianças, em relações que envolvem tentativas,
derrotas, vitórias e riscos. A troca entre pares é
fundamental para o desenvolvimento
cognitivo e emocional das crianças.
Tecnologias
E A CULTURA DIGITAL

As tecnologias digitais
surgiram no século XX e
revolucionaram a indústria, a
economia e a sociedade,
alterando formas de
armazenamento e de difusão
da informação. A tecnologia
está presente nas nossas
casas, nos telefones, nas
agências bancárias, nos
painéis dos carros, nas urnas
das eleições, entre outros. Isso
significa que crianças bem
pequenas já convivem com
esses sistemas, operando
celulares, tablets, máquinas
fotográficas e outros recursos.
Elas estão imersas, portanto,
em uma cultura na qual digital
e real são universos
complementares e
inseparáveis, que as permitem
empregar várias linguagens,
usar imagens, textos, captar
sons etc. A pandemia nos
permitiu considerar a
tecnologia digital e esta
cultura nos materiais e nas
práticas cotidianas com as crianças, seja produzindo registros
imagéticos e verbais, seja usando jogos para aprender, seja
lendo e escrevendo em dispositivos digitais. Convém
considerar que as crianças que já nasceram inseridas nessa
cultura passam a pensar e a agir com esses dispositivos,
independente da educação remota.

A cultura digital, como o conjunto de práticas, de costumes e


de formas de interação social, realizada a partir da tecnologia
digital, está presente na Base Nacional Comum Curricular.
Uma das competências gerais da Educação Básica propõe
“utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
do cotidiano (incluindo as escolares) ao se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver
problemas”. (BNCC, p. 9)

Desde a Educação Infantil, as crianças são capazes de utilizar


tecnologias digitais e refletir sobre a presença de
equipamentos na escola. Não é necessário que a escola tenha
um laboratório e muitos equipamentos para discutir sobre a
cultura digital na qual vivemos. Uma proposta interessante é
discutir com as crianças a diferença de interagir com um livro
de literatura impresso e um livro digital, explorando, por
exemplo, os modos de ler, de passar as páginas e explorar as
imagens. Comparar jogos impressos e digitais também pode
ser uma possibilidade interessante de levar as crianças a
valorizarem múltiplas experiências, sejam elas mediadas ou
não pela tecnologia.
A tecnologia e a Infância
Após vivenciar muitos desafios durante a adaptação às aulas
remotas, as consequências negativas do excesso de exposição
às telas ficam em evidência, mas também é verdade que a
tecnologia tem servido para aproximar as pessoas e garantir a
manutenção dos vínculos com amigos e professores. O
problema, desse modo, não são as aulas remotas, mas a
superação que esse modelo nos provocou:

A superação em construir, com qualidade, um modelo de


ensino voltado à realidade virtual, considerando que não é
possível simplesmente transpor o volume de atividades e
de horas curriculares realizadas presencialmente.
A superação de conseguir capacitar mediadores para
acompanhar as crianças no momento virtual;
A superação ao conseguir oferecer diferentes possibilidades
para que cada família fizesse adaptações de acordo com o
espaço e os materiais que estão disponíveis em casa;
A superação ao aproximar os familiares cada vez mais da
escola, para que percebessem a intencionalidade
pedagógica das propostas oferecidas para as crianças.
A superação enfrentada na organização dos agrupamentos
de crianças, que, às vezes, necessitam de atendimento
individual para que sejam ouvidas e atendidas de maneira
ainda mais personalizada.
O espaço virtual pode oferecer riscos, mas também permite a
construção de conhecimentos, valores e atitudes, já que a
criança não é apenas consumidora, mas também produtora,
crítica e autora de conteúdos. O mais importante é manter a
mediação entre a criança e as possibilidades nas diversas
ferramentas disponíveis na internet, pois apesar de serem
nativos digitais, falta para elas a compreensão da real
dimensão pública do universo online.
COMO MEDIAR A RELAÇÃO ENTRE
AS CRIANÇAS E A TECNOLOGIA?

Para um bom uso das tecnologias durante a infância e


para não prejudicar o desenvolvimento da criança,
precisamos tanto família quanto escolas estarmos
atentos:

Ao tempo dedicado às telas;


À qualidade e à adequação do conteúdo;
Ao melhor momento do dia para a exposição;
Ao local apropriado aos estudos;
À forma de acesso às tecnologias digitais.

A reflexão acerca dos papéis das escolas e das famílias


é que os pais continuem no seu papel de pais, e sejam
intermediadores da criança, da escola e do uso da
tecnologia que o isolamento pode demandar. E que as
escolas, principalmente as de Educação Infantil, não
sustentem suas práticas com a exposição de
conteúdos, mas invistam na ampliação de seu valor
como espaço simbólico de criação de vínculos e
promoção de encontros, como um local em que se
aprende a viver no coletivo e a exercer a cidadania por
meio da mobilização dos conhecimentos
O EQUILÍBRIO ENTRE A
TECNOLOGIA DIGITAL E O BRINCAR

A Educação Infantil é percebida como


espaço privilegiado de formação e deve ser
guiada por princípios éticos, políticos e
estéticos que preservem os direitos da
infância. Além disso, não deve ser falha no
seu compromisso de cuidar e de educar,
proporcionando uma educação integral
coerente com cada faixa etária.

Nessa perspectiva, o Bernoulli Sistema de Ensino desenhou


uma arquitetura pedagógica das soluções educacionais,
voltadas para a educação Infantil, que garantisse o acesso às
ferramentas digitais, mas também o brincar com objetos
pouco estruturados e com sucatas. De acordo com Machado
(1995, p. 45), o brinquedo-sucata permite a quem brinca com
ele desvendá-lo e significá-lo, pois é um objeto que possui
inúmeros significados que não são óbvios, nem evidentes.
Surgem, assim, novas e inusitadas relações que podem ser
absurdas, incongruentes, desregradas”. Construir brinquedos
utilizando sucatas é uma maneira simples e atrativa de mostrar
às crianças que materiais que costumam ter como destino o
lixo podem ser todos objetos úteis e interessantes. Uma das
vantagens do brinquedo feito com a sucata em relação ao
industrial é o processo de construção, o que por si só já se torna
uma brincadeira para a criança.
SELECIONAMOS ALGUNS CONTEÚDOS QUE CONTRIBUIRÃO
PARA ENRIQUER AINDA MAIS SEUS CONHECIMENTOS

INDICAÇÃO DE CURSO ON-LINE

Sala de aula digital: práticas de ensino por meio


das tecnologias digitais.
O curso é ministrado pelas professoras Juliana
Glória (Doutora em Educação pela UFMG) e
pela Ghisene Alecrim (Mestre em estudos
linguísticos pela UMFG).Nele, serão abordados
conceitos, como:

FAÇA cultura escrita digital;


alfabetização e letramento digital;
multiletramentos;
recursos multimodais e multissemióticos;
jogos digitais e atividades digitais.

Período: 07 de junho a 02 de julho.


Investimento: RS100,00

Inscreva-se
INDICAÇÃO DE ARTIGO:

Leitura digital na infância: habilidades e


construção de sentido do texto.
A leitura digital é realizada por crianças desde
muito pequenas, por meio de dispositivos
como tablets e smartphones, pertencentes
LEIA cada vez mais às próprias crianças, e não aos
pais. O artigo busca compreender como
crianças pequenas constroem o sentido dos
textos digitais lidos.
Leia

INDICAÇÃO DE ARTIGO:

Excelente artigo. Nas páginas 5, 6 e 7, o


destaque é a parceria entre família e escola,
além do texto trazer uma reflexão sobre o uso
de TICs na Educação infantil.
EDUCAÇÃO INFANTIL E TECNOLOGIAS
DIGITAIS: REFLEXÕES EM TEMPOS DE
LEIA PANDEMIA Early childhood education and
digital technologies: reflections in times of
pandemic

Leia
INDICAÇÃO DE LIVRO

No livro “Tela com cautela: um guia prático


para criar filhos na era digital (sem perder a
sanidade)”, Rafaela Carvalho e Roberta Ferec
trazem uma abordagem de como encarar
essas dificuldades do dia a dia com muita
LEIA criatividade e muito planejamento.

INDICAÇÃO DE VÍDEO

Seis encontros, que giram em torno de como


“ser criança no mundo digital”, promovidos
pelo Instituto Alana, abordam temas
relacionados ao uso da tecnologia por
crianças e adolescentes e discutem o papel
VEJA da família, das escolas, do Estado, das
empresas e de plataformas de tecnologia no
mundo digital.

Assista
FIQUE DE olho

A Sociedade Brasileira de Pediatria organizou um documento para


orientar os pais em relação ao tempo de tela entre crianças de seis
e dez anos. O período de exposição é de, no máximo, uma a duas
horas ao dia, sempre com a supervisão de pais ou responsáveis. No
caso do ensino remoto, a recomendação é ter equilíbrio entre o
brincar, o cuidado, a interação com outras pessoas e o contato com
a natureza de forma a propiciar outras experiências para a criança.

Leia na íntegra
FIQUE DE olho

BERNOULLI PLAY
O Bernoulli Play, na Coleção Educação Infantil, compreende
diversos games e animações de aprendizagem interativos, que
proporcionam a ampliação de habilidades e de experiências
diferentes daquelas do material impresso. Assim, a utilização desse
moderno recurso abre novas possibilidades para a relação entre a
criança e o aprendizado. Esses objetos podem ser utilizados pelos
Leia na íntegra
professores durante as aulas, enriquecendo-as e permitindo mais
envolvimento, motivação e compreensão dos conteúdos
trabalhados. Além disso, eles podem ser utilizados pelas crianças e
suas famílias também fora da escola, o que contribui para o
rompimento espaço-temporal escolar, favorecendo a
aprendizagem para além das aulas mediadas pelo(a) professor(a).
JÁ EXISTE!
V O C Ê N Ã O S A B I A ?
O Instituto Alana, com o apoio do NIC.br, elaborou o guia “A Escola
no Mundo Digital: dados e direitos de estudantes”. O material tem o
objetivo de auxiliar educadores, gestores escolares e famílias a
entender melhor o contexto atual de uso da internet por crianças e
por adolescentes, além de recomendar o cuidado em relação aos
dados pessoais estudantis.

Leia na íntegra
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum


Curricular. Brasília, 2018.
https://internetsegura.br/pdf/guia-internet-segura.pdf

MACHADO, Marina Marcondes. O Brinquedo de sucata e a


criança: a importância do brincar, atividades e materiais. 3° ed.
SP: Loyola, 1999.
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