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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

COLECTOMIA PARCIAL EM FELINO DEVIDO A MEGACÓLON


ASSOCIADO À FECALOMA - RELATO DE CASO
Vanessa Sacramento de Melo1, Adriano Machado de Souza2, Robério Silveira de Siqueira Filho3, Ana Luísa Fonsêca
Marinho4, Jéssica Raposo Emery5, Fábio Eduardo Campelo de Borba Maranhão6, Maria Cristina de Oliveira Cardoso
Coelho7·.

Introdução
O megacólon é caracterizado por uma dilatação importante de todo cólon ou parte dele apresentando ausência de
peristaltismo, presença de constipação e retenção fecal (coprostase), podendo induzir o aparecimento de fecaloma. Pode
ser de origem congênita ou adquirida (Bojrab, 2005), traumática, mecânica, metabólica, neurológica, tumoral
(Moraillon et al. 2013), distensão prolongada, distúrbio comportamental, endócrina ou idiopático que pode acomete
gatos e cães adultos ou idosos, sem predisposição de sexo (Fossum et al., 2009).
Gatos com megacólon idiopático apresentam uma disfunção generalizada da musculatura lisa do cólon que afeta a
ativação os miofilamentos musculares, que com uma retenção de fezes por tempo prolongado pode provocar danos
irreversíveis a essas fibras e nervos, o que acabará gerando a inércia. A inércia colônica é uma das indicações cirúrgica
do intestino grosso (Fossum et al., 2009).
Os sinais clínicos apresentados em caso de megacólon são de incapacidade progressiva de evacuar as fezes, tenesmo,
anorexia, vômito, desidratação, emagrecimento, apatia (Moraillon et al., 2013; Bojrab, 2005).
O diagnóstico dar-se através do exame clínico com palpação transabdominal, em que se percebe distensão do cólon
por fezes normalmente dura, exame radiológico, ultrassonográfico, endoscópico e ressonância magnética, além da
tomodensiometria em caso de exploração das síndromes de cauda equina (Moraillon et al., 2013; Fossum et al., 2009).
Inicialmente deve-se tentar tratamento conservador com laxantes, enemas e evacuação digital (Moraillon et al.,
2013; Bojrab, 2005). Em situações recorrentes é indicado o tratamento cirúrgico que consiste da colostomia ou a
colectomia, que consiste na ressecção parcial ou completa do cólon (Fossum et al., 2009).
Objetivo deste trabalho é relatar um caso de colectomia parcial em felino devido à megacólon recidivo.

Material e métodos
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) um felino, macho, sem
raça definida, de seis anos de idade, pesando 3,6 Kg, com histórico de constipação a 56 dias. O tutor relatou que o
animal havia sido submetido duas vezes a colotomia para retirada de fecaloma e a dieta do paciente era à base de ração
úmida. À palpação abdominal, notou-se presença de massa endurecida em topografia de cólon e desconforto do animal
no momento do exame. O diagnóstico definitivo de fecaloma associado à megacólon foi feito através de radiografia
abdominal (Fig. 1). Um hemograma foi realizado, apresentando valores normais para a espécie.
Pela patologia apresentada, juntamente com o histórico reincidivante de fecaloma, optou-se por submeter o paciente à
colectomia parcial. Foi feito um jejum prévio de sólidos de 8 horas e líquido de 4 horas associado à antibioticoterapia
profilática com metronidazol (25mg/kg BID).
No ato operatório, o cólon apresentava-se dilatado, com conteúdo endurecido em seu interior e em inércia colônica.
Primeiramente foi realizada colotomia para retirada das fezes, seguida por colectomia parcial e anastomose. Realizada a
omentalização dos pontos, seguida por síntese da cavidade abdominal e pele. No pós-operatório imediato foi ministrado
meloxicam (0,02mg/kg IM).
Foi solicitado jejum total de 48 horas no pós-cirúrgico e durante esse período, o animal foi mantido em fluidoterapia
endovenosa. Receitou-se como terapia medicamentosa Cefalotina (30mg/kg, BID, por 10 dias, EV), Metronidazol

1
Primeiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N,
Recife, PE CEP: 52171-900. E-mail: samelo84@hotmail.com
2
Segundo Autor é Discente do Curso de Especialização em Práticas Hospitalares em Medicina Veterinária na área de Cirurgia de Pequenos
Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife, PE CEP: 52171-900.
3
Terceiro Autor é Médico Veterinário do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N,
Recife, PE CEP: 52171-900.
4
Quarto Autor é Discente do Curso de Especialização em Práticas Hospitalares em Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife, PE CEP: 52171-900.
5
Quinto Autor é Discente do Curso de Especialização em Práticas Hospitalares em Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife, PE CEP: 52171-900.
6
Sexto Autor é Médico Veterinário do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife,
PE CEP: 52171-900.
7 Sétimo Autor é Docente do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros,
S/N, Recife, PE CEP: 52171-900.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

(25mg/kg, BID, por cinco dias, EV), Meloxicam (0,01mg/kg, SID, por quatro dias, IM), Ranitidina (2mg/kg, BID, por
10 dias, SC) e Cloridrato de Tramadol (4mg/kg, BID, por 5 dias, SC).
Após dois dias de restrição total de alimento oral, o paciente iniciou sua dieta com alimentação líquida a base de
ração com água por cinco dias, seguida de alimentação pastosa durante toda a vida do animal.

Resultados e Discussão
O paciente recuperou-se satisfatoriamente, sem apresentar quadro de febre, depressão ou anorexia. Após o jejum pós-
cirúrgico forçado, o animal voltou a ter apetite e a defecar. Segundo a tutora, a defecação ocorria de 5 a 7 vezes por dia
e com consistência amolecida. Após 10 dias de cirurgia os pontos foram removidos e o paciente foi novamente pesado
onde houve um acréscimo de 900 gramas em seu peso.
O diagnóstico de megacólon associado à fecaloma foi obtido através do histórico do animal, avaliação clínica e
realização de radiografia abdominal (Moraillon et al., 2013; Fossum et al., 2009). A antibioticoterapia pré e pós-
operatória é indispensável para casos de cirurgias consideradas contaminadas (Moraillon et al., 2013) para reduzir o
risco de infecção. Pelo histórico do animal e por se tratar de uma patologia reincidivante, foi escolhido a realização da
colectomia parcial, técnica descrita por Fossum e tal. (2009) como sendo uma das formas de tratamento para esse tipo
de patologia. A alimentação pastosa no pós-cirúrgico foi indicada para minimizar o risco do aparecimento de novo
fecaloma e para suplementar a ingesta de água pelo paciente já que sua absorção foi comprometida devido à natureza da
cirurgia.
Com esse estudo podemos observar que em alguns casos recidivastes de fecaloma, optar por colectomia parcial se
torna uma escolha satisfatória para tratamento de gatos com esse tipo de patologia.

Agradecimentos
Agradeço a todos aqueles que ajudaram na elaboração deste trabalho, a meu supervisor da clinica cirúrgica de
pequenos animais do HOVET da UFPRE, Dr. Fábio Campelo e aos médicos veterinários Robério, Adriano, Ana Luísa e
Jéssica.

Referências
Bojrab, M.J. Técnicas atuais em Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2005. 896 p.
Fossum, T.W.; Hedlund, C.; Jhonson, An.L.; Schulz, K.S.; Seim III, H.B.; Bahr, W.A.; Carroll, G.L. Cirugía en
pequeños animales. 3ed. Espanha: Elsevier, 2009.
Moraillon, R,; Legeay, Y.; Boussarie, D.; Sénécat, O. Manual Elsevier de Veterinária: Diagnóstico e tratamento de
Cães, gatos e animais exóticos. Megacólon. 7ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

Figura 1. Radiografia abdominal em projeção latero-lateral do gato apresentando fecaloma.

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