O documento discute as tradições e hierarquias do candomblé de raízes Angola/Kongo no Brasil. Detalha os principais cargos, divindades cultuadas, e rituais como a iniciação.
Descrição original:
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Título original
Não me cabendo a responsabilidade pelas contradições nos dialetos ou funções exercidas nas diversas casas de candomblés Angola
O documento discute as tradições e hierarquias do candomblé de raízes Angola/Kongo no Brasil. Detalha os principais cargos, divindades cultuadas, e rituais como a iniciação.
O documento discute as tradições e hierarquias do candomblé de raízes Angola/Kongo no Brasil. Detalha os principais cargos, divindades cultuadas, e rituais como a iniciação.
Não me cabendo a responsabilidade pelas contradições nos dialetos ou funções
exercidas nas diversas casas de candomblés Angola/Kongo de raízes tradicionais
diferentes. Para que não haja uma discordância de opiniões, é preciso consenso, união e colaboração recíproca, pois devemos praticar as nossas tradições, sem a interferência de etnias alheias, para que o soerguimento deste importante segmento, se mantenha vivo, com sua própria tradição religiosa e cultural, ramificando suas crenças e costumes em diversas regiões do País. A diversidade Cultural e religiosa Africana em nosso País, é fruto da união de povos de etnias diferentes, cujos rituais e costumes eram diferenciados, resultando em uma metamorfose promovida por negros escravos remanescentes de várias tribos africana, unidas por um propósito de liberdade e de culto aos Deuses Africanos, nos denominados Kilombos. Não se tem o registro preciso da vinda dos primeiros escravos africanos para o Brasil, mas segundo alguns estudiosos esta data varia entre os anos de 1540/1543, sendo estes escravos provenientes da África Bantu. Angola, Moçambique, que também eram colônias portuguesas e devido a tal fato, as negociações de compra de mão de obra africana para agricultura no Brasil colônia, eram geradas diretamente com os Sobas (rei) das tribos e por tais razões, não era comum à vinda de sacerdotes e adivinhos bantu, por tal fato dá-se à escassez de conhecimento sobre a prática de alguns ritos bantu- brasileiros no período colonial. A descoberta do processo contra a liberta angolana Luzia Pinta, nascida por volta do ano de 1692, residente nas minas do Sabará no segundo quartel do século XVIII, presa e sentenciada pelo Tribunal do Santo Ofício, no ano de 1739. Este relato, constitui em um marco importante revelando a biografia de uma sacerdotisa angolana, cuja vida e feitos se encontram sumarizadas no processo nº 252, da Inquisição de Lisboa, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Apesar dos horrores da escravidão muitos conseguiram resistir e nos presentear com seus costumes, músicas, danças, culinárias, mitos, ritos e dialetos que se infiltrou em nosso cotidiano. Algumas das principais casas de tradições bantu- brasileiras, que contribuíram para o crescimento dos candomblés Angola/Kongo no Brasil: Ntoma Nsi/ Tumba Nsi, atual Tumbenci – (Roberto Barros Reis e Maria Genoveva do Bonfim), este Terreiro ainda continua a maior referencia do candomblé de tradição angola kongo no Brasil dirigido nos dias de hoje pela sobrinha-neta de Maria Nenén, dona Gereuna Passos Santos; Mam`etu Lembamuxi, uma das mais importantes das mães de santo do candomblé angola-kongo no Brasil; Tumba Junsara – (Manoel Ciríaco Nascimento de Jesus e Manoel Rodrigues do Nascimento); Bate- Folha – (Manuel Bernardino da Paixão); Angolão Paketan – (Mariquinha Lembá); Calabetão – (Maria Calabetão); Goméia – (João Torres Filho); Beiru – (Rufino do Beiru). A hierarquia do candomblé de tradição angola-kongo Os cargos máximos e reconhecidos dentro da liturgia da Religião Bantu-Brasileira nas casas de culto com tradição Angola/Kongo são: Mama (mãe), Tata (pai) – dialeto “Kímbúndù” (Angola);Néngua (mãe), Taata (pai) – dialeto “Kíkóóngò” (Kongo); Nganga (sacerdote) – dialeto “Kímbúndù” e “Kíkóóngò”; Mam’etu/ Mama Mukixi ou Tat’etu/ Tata Mukixi, Tata Kimbanda (mãe ou pai de santo), Nenguá Nkisi ou Tata / Tat’etu Nkisi (mãe ou pai de santo), Tata/ Nganga Ngombo (adivinho), a partir de agora denominado “Sacerdote ou Sacerdotisa”. Os principais cargos e concedidos na tradição (Angola/Kongo), pelos sacerdotes são: Tata Kambundu/Kambondu/kambanda- (Homens que não entram em estado de transe e que escolhido pela divindade, exercem funções superiores.) :Tata Utala (responsável pelos altares e outras funções), Tata Pokó (sacrificador consagrado a Nkosi), Tata Kivonda (sacrificador consagrado a outras divindades), Tata Kanzumbi/ Tata Nsalu/ Tata Nzo Vumbi (responsável por sacudimentos, carregos, ritos fúnebres, inzo ia Vumbi e os guardiões da casa),Tata Kisaba (cargo ligado às folhas e suas atribuições),Tata Ngimbi (pai dos Cânticos), Tata Kixika ia ngoma/ Sika a ngoma (tocador de atabaque) ,Tata Muxike (tocador/ músico), Tata Mabaia (responsável pelo barracão), Tata Lubitu/Lumbitu (responsável pelos compartimentos sagrados da casa de santo, detentor das chaves), Tata Fufu/Nfunfu (prepara os pós que são utilizados nos rituais sagrados); Kota Maganza/Kiakaxi (Rodantes/médiun com idade superior a 7anos); Mama/Mam’etu/ Nenguá ou Tata/Tat’etu – Ndenge (mãe pequena ou pai pequeno); Mama/Mam’etu – Kusasa (mãe criadeira); Mama/Mam’etu – Mulongi (mãe dos cânticos e rezas); Mama/Mam’etu – Mutintá (preparo das tintas rituais); Mama/Mam’etu/Tata/Tat’etu/Kota -Hongolo Matona (pintura coloridas); Mama/Mam’etu/Tata/Tat’etu – Luvembá (pintura branca), Mama/Mam’etu/Kota - Mulambi (preparo das comidas ritualísticas); Mama/Mam’etu/Kota – Rinvula (responsável pela cozinha);Tata/Tat’etu / Mama/Mam’etu/Kota – Dianda (responsável pela comunidade). Dikota/Kota – (Mulheres que não entram em estado de transe e que escolhidas pela divindade, exercem funções superiores); Kota Nbakisi (cuida das divindades); Kota Ambelaí (responsável pelos iniciados); Kota Rinvula (superiora da cozinha); Kota Kididi (mantém a paz e a harmonia na casa de Santo); Kota Masoioio (a superior mais antiga da casa) ; Mukaxi (Médiun) – Muzenza (iniciada); Ndumbe (não iniciada). Os cargos concedidos pelo sacerdote citados são exclusivos dos iniciados na tradição religiosa Angola/kongo. O título de Sacerdote só será reconhecido (se tiver cargo), mediante a comprovação de sua iniciação e se tiver idade acima de 7 anos de iniciação, e com suas obrigações em dia e as obrigações de ano de feitura, se atrasadas, não serão reconhecidas se feitas de uma só vez, devendo-se manter um intervalo de uma para a outra. Os trabalhos gerados através de consultas, Sakamene (sacudimentos), Makesu (noz de kola) e Kudia Mutue (comida à cabeça), não criam vínculos de filiação com a casa. A liturgia Algumas Divindades cultuadas pela etnia Bantu-Brasileira (Angola/Kongo): Pambu Njila (divindade protetora dos templos e dos caminhos), Ngamba (guardião) , Nkosi/Hosi (Deus da guerra), Mukumbi,Ngangula,Xauê (divindades ligadas à agricultura e protetores dos ferreiros), Katende,Mpanzu (divindades ligadas às folhas), Mutakalambo (Deus da caça), Kabila (divindade protetora dos pastores e caçadores), Nkongo Mbila (príncipe protetor dos pescadores e caçadores), Nzazi (divindade ligada ao raio), Luango (divindade do trovão, e auxiliar de Vunji no nascimento de crianças) , Vunji (Deus da justiça,e atua no nascimento das crianças), Hongolo, Hongolo Meia / Menha (Deus das águas e do arco-íris), Nzinga Lumbondo (divindade que atua sobre os astros e arco-íris), Kavungo, Kingongo, Nsumbo/Nsambo (Deuses protetores das pestes e doenças,também atua na sorte), Ntoto (divindade ligada a terra), Kitembu/Tembu (Deus dos ventos e atua na cura de doenças), Telekompensu/Teleku Mpensu (divindades dos pescadores e caçadores), Ndanda Lunda, (Divindade da água potável e atua no brotar das raízes), Matamba (divindade guerreira), Bambulu Sena/ Mbulu Sena/Mvula (divindades atuantes nas tempestades e chuva), Kaiango/Kaiong’u (divindades ligadas aos espíritos e a caça), Samba Kalunga (Deusa do Mar),Samba ni Nambuá (divindade protetora dos adivinhos e Caçadores), Samba Nzundu (divindade protetora dos caçadores e foi uma das mulheres de Mutakalambo), Kuk’etu (divindade das águas salgadas), Kisanga (divindade das baías e auxilia Vunji no nascimento das crianças), Kaiala/Kaiaia (divindades que atua no encontro das águas do rio com o mar), Nzumba (divindade que atua sobre o eclipse e nas águas turvas dos pântanos), Lembá (Deus da procriação) , Ndundu (Deus dos albinos), Ngonga (divindade da prosperidade e da sorte), Nzambi (Deus da criação). As Divindades cultuadas pela etnia Bantu-Brasileira são denominadas por: Hamba (Mahamba), Mukixi (Akixi), Nkisi (Jinkisi). Os sacerdotes devem cumprir os rituais de iniciação de acordo com as normas tradicionais exigidas pela sua etnia ou Raiz. A cultura Bantu deve ser preservada nas tradições ritualística e dialética, tais como: Inzo = (Casa), Kizomba = (festa), Kituminu = (obrigação), Muimbu = (Canto), Dijina = (Nome). O trio de ngoma (tambor), de proveniência Cokwe, usados nos rituais sagrados, são denominados por : Ngoma Txina (o grande), Ngoma Mukundu (o médio) e Ngoma Kasumbi (o pequeno) Alguns dos rituais públicos denominados por Kizomba (festa),ou Kituminu (obrigação), que são reconhecidos nas tradições Bantu-Brasileira (Angola / Kongo), são : Izomba – Dijina ria Muzenza (nome de iniciado), Kundula kua Kambundu/ Dikota (confirmação), Kutambula Utanda (entrega de cuia), Dilonga ria Lembá (procissão de lembá), Makunde ria Nkosi (feijoada de Nkosi), Dibangulangu ria Nzazi (comida votiva-gamela com pirão, carne de boi e quiabos), Dijiku ria Ngonga Umbanda (fogueira onde é consagrado os pós ritualísticos), Kituminu kia Tembu (obrigação de Tembu), Kuku’ana kua Makuria (divisão das comidas em louvor as divindades das doenças), Kizomba kia Mahamba Kiamuhatu (festa das divindades femininas), Kalulu ka Vunji/Kivúdia (comida votiva), Kitanda kia Muzenza (ritual de vendas dos iniciados). Ituminu – Kudia kua Mutue (alimentar a cabeça), Kituminu Makesu (noz de cola), Sakamene (sacudimento), Kizúa kia dizenhi (dia da caída), Lukambu lua Kijila (quebra de kizila), Tambi/ Ntambi (ritual fúnebre), Kukatula Lukuaku lua Nvumbi (tirar mão de morto) . Para iniciação é pré-determinado um período de reclusão e resguardo, onde deve ser respeitado, em no mínimo de 14 a 21 dias antes da iniciação do neófito.