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2º ANO – CURSOS DE ENGENHARIA

AERONÁUTICA
E
ENGENHARIA MECÂNICA
UC de Materiais Metálicos Aeronáuticos (CEA) e UC de Engenharia e
Seleção de Materiais (EM).

SUPERLIGAS
Manuel Fonte
Uma superliga, ou liga de alto desempenho, é uma liga
metálica que apresenta elevada resistência mecânica e
resistência à fluência a altas temperaturas, e também
resistência à corrosão e oxidação.

Superligas à base de níquel são conhecidas desde a década de


1930, e utilizadas principalmente em aplicações aeroespaciais e
instalações de geração de energia, presentemente.

As superligas têm tipicamente uma matriz com uma estrutura


cristalina austenítica cúbica de faces centradas (CFC).
Um pouco de
história do aço
inoxidável
O que é o aço inox?

O aço inox, também chamado aço inoxidável, é


uma liga metálica composta de ferro, crómio,
carbono e níquel
Uma das características mais importantes deste material
é que, diferentemente dos aços comuns que sofrem o
efeito de ferrugem (oxidação), o aço inoxidável é
bastante resistente à corrosão. E porquê?

Ocorre em função da película protetora formada pelo


crómio (óxido de crómio, chamado película passivante)
que se combina com o oxigénio. Para isso, o aço inox
precisa de apresentar, no mínimo, 11 % de crómio na sua
composição.
O aço inoxidável pode enferrujar?
Sim. Desde que a película ou camada passivante seja destruída.
Exemplo de uma superliga comercial com
extrema resistência à corrosão:

Inconel – liga à base de níquel e crómio


Monel – liga à base de níquel e cobre
O elemento base de uma superliga é geralmente níquel, cobalto,
ou ferro - níquel.

O desenvolvimento das superligas tem dependido muito de


inovações na química metalúrgica e nos processos
impulsionados sobretudo pelas indústrias aeroespacial e da
energia.

Além das turbinas a jato, as superligas de níquel encontram aplicações


variadas em ambientes de altas temperaturas, como em foguetões,
veículos espaciais em geral, reatores nucleares, submarinos, instalações
termoelétricas, equipamentos petroquímicos, etc.
Superligas comercialmente mais conhecidas:

Inconel 738, a Mar-M 421, a Udimet 710, e,


posteriormente, ligas com maior resistência
mecânica mantendo alta resistência à corrosão,
como a René 80, a Inconel 792 e a Mar-M 432
Aços inoxidáveis:

propriedades,
e
microestruturas
Aços inoxidáveis classificados segundo a sua
microestrutura:
Aço inoxidável austenítico Aço inoxidável ferrítico Aço inoxidável martensítico
Usar o tipo de aço inox adequado a cada aplicação

Torna-se muito importante saber escolher o tipo de aço inox ideal


para cada aplicação, a fim de não ter algum tipo de corrosão.

Na hora de comprar o material adequado para uma dada aplicação,


deve consultar-se uma empresa do ramo que seja credível e tenha
experiência (know-how).
Aço Inox ferrítico, tipo 409, no estado de laminado
Aço inoxidável supermartensítico
(aplicado em material cirúrgico e indústria do petróleo)
Aço inoxidável duplex
Aço inoxidável duplex
Em 1927 surgiram os primeiros resultados sobre a microestrutura duplex (austenítica – ferrítica),
porém somente a partir de 1930 os aços inoxidáveis duplex se tornaram comercialmente
disponíveis.

Aço duplex é um tipo de aço inoxidável composto pela combinação de dois tipos de
microestrutura: ferrítica e austenítica. A sua principal característica é a excelente resistência
à corrosão em meios agressivos, devido à sua habilidade em se passivar (ou seja acionar a
camada superficial que é responsável pela proteção deste aço em meios agressivos.

Devido ao efeito da refinação do grão obtido pela estrutura austenítica-ferrítica e ao


endurecimento por solução sólida, estes aços apresentam resistência mecânica superior aos aços
inoxidáveis austeníticos e ferríticos. Suas aplicações são principalmente no ramo da indústria
petroquímica (em unidades de dessalinização, dessulfuração e equipamentos para destilação) e
papel e celulose (em digestores, instalações de sulfito e sulfato e sistemas de branqueamento).
Comparação entre o aço Duplex (S31803) e o aço 304 L

Composição química do aço Duplex (S31803)


C Si Mn P S Cr Mo Ni N Al Cb Cu W
0.024 0.220 1.550 0.023 0.002 22.400 2.980 5.700 0.157 - 0.130 0.090 -

Composição química do aço 304L (Austenítico)


C Si Mn P S Cr Mo Ni N Al Cb Cu W
0.027 0.320 1.230 0.024 0.003 18.100 0.480 8.200 - - 0.11 0.31 -

Principais propriedades mecânicas, entre os dois


Aço σ0.2% [MPa] σ1% [MPa] σR [MPa] εR [%] Dureza Vickers [HV]
304L 256 280 698 52 258 ± 15
Duplex 478 - 789 34 296 ± 19

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PROPRIEDADES

Composição química do aço Duplex (S31803)


C Si Mn P S Cr Mo Ni N Al Cb Cu W
0.024 0.220 1.550 0.023 0.002 22.400 2.980 5.700 0.157 - 0.130 0.090 -

Composição química do aço 304L (Austenítico)


C Si Mn P S Cr Mo Ni N Al Cb Cu W
0.027 0.320 1.230 0.024 0.003 18.100 0.480 8.200 - - 0.11 0.31 -

Duplex, Metal base Duplex, Metal base 304L, Metal base


X100 X1000 X100

Ferrite

Austenite 23
Micrografia de aço inoxidável duplex
Microestrutura
Os Duplex podem ser definidos como aços bifásicos, de microestrutura composta de ferrite e austenite, sendo que
cada uma destas fases possui teor de cromo superior ao necessário para garantir as propriedades características
dos inoxidáveis, sendo que cada fase sempre se apresenta em volume apreciável em relação ao total da liga,
diferentemente de ligas bifásicas onde um dos constituintes encontra-se sob a forma de
pequenos precipitados.

A microestrutura duplex é composta de aproximadamente 45 – 65% de austenita dispersa sob a forma de ilhas em uma
matriz de ferrita 55 – 35%.

A combinação das fases austenite e ferrite nos duplex conduz a uma série de propriedades otimizadas em relação às
propriedades observadas para aços monofásicos com estrutura austenítica ou ferrítica.
A primeira aplicação para aço duplex deu-se na Suécia em
1930 em indústrias de papel, a fim de reduzir problemas de
corrosão intergranular que ocorria em aços inoxidáveis
austeníticos.

Em 1936 a França lançou a primeira patente para o


precursor que mais tarde seria conhecido como Uranos 50, o
que tornou evidente que um aço com matriz austenítica e
ferrítica balanceadas favorece a resistência à corrosão por
tensão causada sobretudo por cloro.
O fim dos anos 60 e início dos anos 70 foram anos notáveis para a evolução das ligas de aços
Inoxidáveis Duplex devido à escassez do níquel, o qual acarretou o aumento do preço de aços
Inoxidáveis austeníticos, combinado com uma grande demanda de aços que suportassem ambientes
agressivos para indústrias de óleo e gás.

Uma segunda geração de aços Inoxidáveis Duplex é introduzida no início dos anos 80, UNS
S31803/S32205, uma liga agora com soldabilidade melhorada através da adição de nitrogénio. A
adição de nitrogénio como elemento de liga aumenta a resistência à corrosão e, quando comparado
com aços austeníticos comuns, apresenta mais que o dobro de resistência elástica (tensão limite de
elasticidade).

A sua elevada resistência à corrosão combinada com a resistência mecânica, garantem a estes aços
uma vasta opção de aplicação. Os aços Inoxidáveis Duplex são comumente utilizados em
equipamentos offshore para extração de petróleo, que se encontram em contacto com elementos
agressivos como H2S ou cloretos.
Na década de 70 os aços duplex tiveram um rápido crescimento na
indústria de petróleo e gás, papel e celulose, e químico-petroquímica,
resolvendo problemas relacionados com corrosão por pitting e
corrosão sob tensão (CST), sendo estes responsáveis pelo maior
número de falhas por corrosão dos aços inoxidáveis.

Os aços duplex também possibilitaram o uso de construções mais


leves face às suas melhores propriedades mecânicas.

Possuem pelo menos 11% de crómio na sua composição química. Têm


a designação de Duplex porque são constituídos por duas fases,
austenite & ferrite, distribuídas igualmente na sua composição.
Processo de fabrico
O processo inicia-se com a ESPECIFICAÇÃO DO CLIENTE, que nos leva a dois
caminhos paralelos (aqui chamados de A e B) na fabricação do produto:

A-) Composição química do aço: realiza-se uma análise das condições em que o
material trabalhará, ou seja, de temperatura ambiente e temperatura do processo no
qual ele será aplicado; o ambiente em que ele ficará exposto; grau de resistência à
corrosão que ele deverá suportar; propriedade mecânicas e soldabilidade.

Com estas informações, define-se a composição química do material, especificando


então o tipo de aço inoxidável que será usado.

B-) Modelação e fundição: Especifica-se desenhos da peça que será fundida, para se
projetar os moldes; ou os processos de laminação, extrusão, forjamento e
calandragem (no caso de um tubo com costura).

Com todas os parâmetros já especificados, inicia-se então a produção do material.


Depois de moldado ou laminado (ou outro processo citado anteriormente) realiza-se os tratamentos
térmicos, que no caso dos aços inoxidáveis Duplex, recebe o nome de SOLUBILIZAÇÃO. Na
solubilização, o aço inoxidável Duplex é levado à temperatura de aproximadamente 1100 °C e
arrefecido muito rapidamente com água ou ar. O tempo de arrefecimento varia de acordo com o
tamanho da peça, mas de maneira rápida.

No gráfico abaixo 1: temperatura vs tempo (o arrefecimento tem que ocorrer de forma rápida, com
uma taxa que varia de acordo com o tamanho da peça, para não entra na zona em que ocorre fragilização
das fases)

(minutos ou horas)
Composição Química
No final dos anos 80 e início dos anos 90 o grande interesse de diferentes tipos de indústria pelos
aços inoxidáveis duplex culminou em um intenso desenvolvimento destes materiais, fazendo com
que o número de ligas comercialmente disponíveis aumentassem:

➢ - Aços inoxidáveis duplex de baixa liga: devido ao menor teor de elementos de liga são materiais
económicos, não possuem molibdénio na composição química e podem substituir aços inoxidáveis
austeníticos como o TP 304L e 316L.

➢ Aços inoxidáveis duplex de média liga: nesta família enquadram-se os duplex mais utilizados.
Apresentam resistência à corrosão intermediária entre os austeníticos comuns TP304L/316L e ligas
superausteníticos e aços inoxidáveis super-duplex. Possuem amplo campo de aplicação em diversos
segmentos industriais, em especial papel e celulose, química e petroquímica, além da indústria de
petróleo e gás.

➢ - Aços inoxidáveis duplex de alta liga: comumente chamados de Superduplex, apresentam


resistência à corrosão por pite muito elevada, que pode ser evidenciada pelo equivalente de
resistência a pite (PRE ou PREN*) maior que 40. Encontram grande aplicação em ambientes
contendo elevados teores de cloreto, como água do mar. Possuem resistência à corrosão
comparável aos superausteníticos contendo 5-6 % de molibdénio.

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