Você está na página 1de 86

O HIDROGÊNIO

            1- A ligação de hidrogênio         

          A  ligação de hidrogênio, também conhecida como ponte de hidrogênio, é um enlace


químico em que o átomo de hidrogênio é atraído simultaneamente por átomos muito
eletronegativos, atuando como uma ponte entre eles. As ligações de hidrogênio podem
existir no estado sólido e líquido e em soluções. É condição essencial para a existência da
ligação de hidrogênio a presença simultânea de um átomo de hidrogênio ácido  e de
um receptor básico. Hidrogênio ácido é aquele ligado a um átomo mais eletronegativo do que
ele, de maneira que o seu elétrons sofra um afastamento parcial. Receptor básico é uma
espécie química que possua um átomo ou grupo de átomos com alta densidade eletrônica,
sendo que o ideal é a presença de pelo menos um par de elétrons livres. A ligação de
hidrogênio pode ser de dois tipos:

 Intramolecular - Nesse caso a configuração espacial da molécula é favorável à


formação da ligação entre um grupo doador e um receptor de prótons dentro da
própria molécula.

 Intermolecular - Envolve o grupo doador de prótons de uma molécula e o grupo


receptor de prótons de outra molécula.

            2- Ligações na água e no gelo

          A molécula de água apresenta dois pares de elétrons ligantes e dois pares não
ligantes. O ângulo de ligação esperado seria de 109o28' (geometria angular). No entanto,
verifica-se experimentalmente que esse ângulo é de 104o5'. Isso se deve ao fato de que a
repulsão existente entre pares eletrônicos não ligantes é mais intensa do que entre pares
ligantes (veja melhor em ligações químicas), o que causa um fechamento do ângulo de
ligação.

          No estado sólido as moléculas de água se agrupam de maneira a formar tetraedros


(unidas por ligações de hidrogênio) e dispõem-se linearmente, em camadas. Por se
rearranjarem em tetraedros, as moléculas de água no gelo ocupam um volume maior, o que
causa uma diminuição da sua densidade, já que d = m/V. Isso explica o fato de uma pedra de
gelo flutuar na água.

            3- Ligações policêntricas

          O hidrogênio pode formar ligações especiais com elementos que possuem baixa
densidade eletrônica, como o boro, com o qual pode formar o composto BH 3. Este, porém, é
instável à temperatura ambiente, e é substituído pelo composto de fórmula B 2H6 (borano),
com uma estrutura esquematizada abaixo:

          Como cada ligação envolve três núcleos atômicos, esse tipo de ligação é
dito tricentrada. Cada linha vermelha tracejada é uma ligação que envolve apenas um
elétron. Assim, os pares eletrônicos do hidrogênio fazem parte também dos átomos de
boro.

            4- estados de oxidação

          O hidrogênio poder ter dois estados de oxidação: +1 e -1. O primeiro ocorre quando
ele se liga a elementos mais eletronegativos. O hidrogênio com carga positiva corresponde a
um próton, e como se trata de um cátion de volume extremamente pequeno, sua carga
elétrica é mais intensa e, consequentemente, gera um maior campo elétrico, o que lhe
confere alto poder polarizante. O estado de oxidação negativo ocorre quando o hidrogênio
se liga a elementos menos eletronegativos (geralmente metais). Os compostos mais
importantes em que o hidrogênio adquire carga -1 são chamados hidretos.

          Os hidretos podem ser:

           Covalentes  ou  moleculares - São formados quando o hidrogênio se liga a elementos
com eletronegatividade próxima à sua. Estes hidretos geralmente são líquidos ou gases. Ex:
SiH4 (silano), PH3 (fosfina), AsH3 (arsina).

                    Iônicos  ou  salinos - São formados quando o hidrogênio se liga a metais alcalinos
ou alcalino-terrosos (com exceção do berílio e do magnésio). Os hidretos do grupo IA são
mais reativos do que os do grupo IIA, e esta reatividade cresce se formos descendo em um
mesmo grupo. Estes hidretos possuem elevado ponto de fusão.

                    Metálicos ou intersticiais - São formados quando o hidrogênio se liga a elementos


do grupo d ou f. Apresentam brilho metálico, conduzem corrente elétrica, possuem
propriedades magnéticas e são menos densos que os metais que lhes deram origem. A
densidade mais baixa se deve ao fato de ocorrer uma expansão da nuvem eletrônica na
ligação entre o metal e o hidrogênio (lembre-se que d=m/V e quanto maior o volume menor a
densidade).

            5- Momento magnético protônico

          De acordo com a mecânica quântica proposto por Heisenberg, quando dois átomos de
hidrogênio se unem para formar uma molécula de H2, pode ocorrer que o movimento de
rotação dos núcleos (spins) tenham o mesmo sentido ou sentidos opostos. Se tiverem o
mesmo sentido, serão chamados de orto-hidrogênios e se tiverem sentidos opostos serão
chamados de para-hidrogênios. Isto vale para qualquer molécula diatômica homonuclear
(átomos iguais). Veja maiores explicações sobre o fenômeno de acoplamento spin-spin de
átomos de hidrogênio na Espectrometria de RMN 1H.

            6- Algumas aplicações do hidrogênio

 Em maçaricos: o oxídrico (com temperatura em torno de 2700o C) e o atômico (com


temperatura em torno de 5000 o C - esse tipo de maçarico regenera o hidrogênio
molecular)

 Redutor na metalurgia - evita a oxidação do metal

 Síntese da amônia

 Combustível

 Bomba de hidrogênio

 Hidrogenação de óleos vegetais

 Gasolina sintética
GRUPO IA - Metais Alcalinos

Lítio, Sódio, Potássio, Rubídio, Césio, Frâncio

            1- Configuração eletrônica

         
  Os metais alcalinos apresentam configuração eletrônica terminada em ns 1. O único
elétron existente na camada de valência está relativamente afastado do núcleo, e
protegido pela camada interna preenchida. Por isso esse elétron pode ser removido com
facilidade. Em contraste, os elétrons internos estão próximos ao núcleo, mais firmemente
ligados, sendo muito difícil removê-los.

            2- Tamanho dos átomos e íons           

         
  Os elementos do grupo IA são os maiores nos seus períodos na tabela periódica.
Quando o elétron externo é removido para formar o respectivo cátion, o tamanho diminui
consideravelmente, pois além da camada externa ter sido completamente eliminada, a
remoção de um elétron permite que a carga positiva nuclear exerça maior força de atração
sobre os elétrons restantes, reduzindo mais ainda o raio do cátion. O tamanho dos íons
aumenta do Li+ para o Fr+, pois o número de camadas eletrônicas aumenta neste sentido.
Porém, a carga nuclear efetiva é a mesma para todos os elementos do grupo.

            3- Energias de ionização

         
  A primeira energia de ionização dos metais alcalinos é muito baixa (são os valores
mais baixos da tabela), ou seja, é fácil retirar o elétron de valência de um átomo alcalino
neutro - os átomos são muito grandes e o elétron externo é fracamente atraído pelo
núcleo. Do Li para o Fr o tamanho dos átomos aumenta, o elétron externo fica mais
afastado ainda do núcleo e a energia de ionização diminui.

         
  Por outro lado, a segunda energia de ionização é muito alta, porque envolve a
remoção de um elétron de um íon positivo menor, cujos elétrons estão mais fortemente
atraídos pelo núcleo. Além disso, a diferença entre a primeira e a segunda energias de
ionização de um metal alcalino é mais acentuada porque além dos fatores citados ela implica
na remoção de um elétron de um nível eletrônico completo. Por exemplo, para o sódio, a
primeira energia de ionização é de 5,14 eV e a segunda é de 47,3 eV. Em condições normais
não é possível remover um segundo elétron, porque a energia necessária é maior do que
aquela necessária par ionizar os gases nobres. Os elementos do grupo IA, portanto, formam
geralmente íons +1. Os metais alcalinos, quando em estado de vapor, existem sob a forma
de moléculas diatômicas. Isso é possível porque os elementos do grupo IA possuem o último
orbital s com um elétron desemparelhado, permitindo a ligação covalente sigma s-s.
            4- Estrutura cristalina

         
  À temperaturas normais, os metais do grupo IA adotam um tipo de retículo
cristalino cúbico de corpo centrado, com número de coordenação 8. Contudo, a
temperaturas muito baixas, o lítio forma uma estrutura hexagonal de empacotamento
denso com número de coordenação 12. Os metais são muito moles e podem ser cortados
com uma faca. O lítio é o de maior dureza entre eles.

         
  Os metais alcalinos possuem somente um elétron de valência que pode participar das
ligações, e esse fato, associado ao grande tamanho dos átomos e à natureza difusa do
elétron externo, tem como consequência o caráter mole dos metais alcalinos, sua
baixa energia de coesão (força que mantém os átomos unidos no sólido) e a fraqueza das
ligações. A ligação efetuada entre os átomos de um metal alcalino, portanto, é do tipo sigma
s-s, onde há pequena interpenetração de orbitais, sendo pouco eficiente.  Os átomos se
tornam maiores do Li para o Cs, as ligações se tornam mais fracas, as energias de coesão
diminuem e os metais se tornam mais moles.

          5- Densidade, Ponto de fusão e Ponto de ebulição

          Os metais alcalinos são extremamente leves. Como seus átomos são grandes,
apresentam densidades muito baixas, sendo inferiores ou pouco maiores que a densidade da
água. Os valores geralmente baixos de energia de coesão se refletem nos valores muito
baixos para os pontos de fusão e ebulição dos elementos do grupo. Do Li para o Cs as
energias de coesão decrescem; logo, os valores de PF e PE acompanham esse decréscimo.

            6- Eletronegatividade e tipos de ligação

          
  Os valores das eletronegatividades dos metais alcalinos são muito pequenos. De fato
são os menores valores encontrados na tabela. Assim, quando esses elementos se combinam
com outros elementos para formarem compostos, é provável uma grande diferença de
eletronegatividades dos átomos envolvidos, com a formação de ligações iônicas.

            7- Entalpias de formação dos compostos iônicos

          
  Com os halogênios menores, o lítio é o mais reativo, pois é um átomo que forma um
cátion pequeno e, ao se ligar a um ânion, também pequeno, gasta pouca energia, devida à
relativa facilidade de unir esses íons pequenos. Assim, maior quantidade de energia é
liberada. Por outro lado, os compostos formados têm baixos calores de formação, pois há
uma maior dificuldade de polarização de um ânion pequeno (com uma nuvem eletrônica
pequena), para efetuar a ligação. Assim, a energia gasta nesse processo é maior.
            8- Cores das chamas e espectros

         
  Como resultado da baixa energia de ionização, quando os elementos do grupo são
irradiados com luz, a energia luminosa absorvida pode ser suficiente para fazer o átomo
perder o elétron externo. Os elétrons emitidos dessa maneira são chamados
de fotoelétrons.

         
  Os elétrons também podem ser excitados facilmente a um nível energético mais
elevado, por exemplo, no teste da chama: uma amostra de um sal do metal mergulhado em
HCl concentrado, é aquecido sobre um fio de platina ou de níquel-cromo na chama de um
bico de Bunsen. O calor da chama excita um elétron externo a um nível energético mais
alto. Quando o elétron retorna ao seu nível energético original, a energia absorvida é
liberada em determinado comprimento de onda. Para os metais alcalinos essa energia
aparece como luz visível, provocando a cor característica da chama.

            9- Cor dos compostos

         
  A cor surge porque a energia absorvida ou emitida nas transições eletrônicas
corresponde aos comprimentos de onda da região da luz visível. Todos os íons dos metais do
grupo IA apresentam configuração eletrônica de gás nobre, no qual todos os elétrons estão
emparelhados. Assim, a promoção de um elétron requer uma certa energia para
desemparelhar os elétrons, uma certa quantidade de para romper um nível preenchido de
elétrons e outra quantidade de energia para levar o elétron a um nível mais alto de energia.
A quantidade total de energia é grande. Assim, não há transições eletrônicas adequadas: os
compostos são tipicamente brancos.

         
  Qualquer transição que porventura ocorra será de elevada energia e aparecerá na
região do ultravioleta e não da luz visível, e será, portanto, invisível ao olho humano.
Compostos de metais do grupo IA são brancos, exceto aqueles em que o ânion é colorido.
por exemplo, o cromato de sódio (amarelo), o dicromato de potássio (alaranjado) e o
permanganato de potássio (violeta). Nesses casos a cor é devida aos ânions e não aos metais
alcalinos.

            10- Solubilidade e Hidratação

         
  Todos os sais simples dos metais alcalinos se dissolvem em água, liberando íons e
formando soluções que são fortes eletrólitos. Como os íons Li + são muito pequenos,
deveríamos esperar que soluções de sais de lítio conduzissem melhor a corrente elétrica do
que soluções de sais dos outros metais alcalinos. Os íons pequenos deveriam migrar mais
facilmente para o cátodo, e conduzir melhor a corrente do que íons grandes. Contudo,
medidas de mobilidade iônica e medidas de condutividade em soluções aquosas mostram
uma sequência oposta: Cs+ > Rb+ > K+ > Na+ > Li+ .
         
  A causa dessa aparente anomalia um campo elétrico maior, que envolve maior número
de moléculas de água. O íon hidratado, portanto, terá maior dificuldade em se movimentar.
Já o Cs hidratado, e o raio do césio hidratado é menor do que o do lítio hidratado. Logo, o
Cs+ é menos hidratado move-se mais rapidamente e conduz melhor a eletricidade.

         
  O tamanho dos íons hidratados é importante fator que afeta a passagem desses íons
através das membranas celulares. O tamanho também explica o comportamento desses íons
em colunas de troca iônica, em que o Li+ se liga menos fortemente, sendo eluído primeiro. O
decréscimo da hidratação do ao Li+ ao Cs+ também se verifica nos sais cristalinos, pois
quase todos os sais de lítio são hidratados, geralmente como triidratos. Muitos sais de
sódio são hidratados e o potássio apresenta poucos sais hidratados. Rubídio e césio não
formam sais hidratados.

         
  Todos os sais simples dos metais alcalinos são solúveis em água. Quando um sal é
insolúvel, significa que sua energia reticular é maior que sua energia de hidratação. A
solubilidade em água da maioria dos sais do grupo IA diminui do Li para o Cs. Para que uma
substância dissolva-se, a energia liberada quando os íons se hidratam (energia de
hidratação) deve ser maior que a energia necessária para romper o retículo cristalino
(energia reticular). A energia reticular dos metais alcalinos diminui ligeiramente de cima
para baixo no grupo, ao passo que a energia de hidratação varia mais acentuadamente - por
causa disso a solubilidade dos metais alcalinos decresce do Li para o Cs. Os fluoretos e
carbonatos do grupo IA são exceções, pois suas solubilidades aumentam rapidamente de
cima para baixo no grupo. Isso porque a energia reticular apresenta maior variação quando
comparada à energia de hidratação.

LÍTIO ( Li )

          HISTÓRICO:  O lítio foi descoberto em 1817, por Arfevdson.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Os principais minerais onde o lítio se encontra são:

 Lepidolita ou Mica litífera: K2Li3(Si4O10)2 (F,OH)4


 Petalita: LiNaAlSi4O11
 Trifilita: (Li,Na) (Fe, Mn) PO4
          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O Li+ é muito menor que os outros íons do grupo IA e,
por causa disso, só se mistura com o sódio acima de 380o C, e é imiscível com os metais K,
Rb e Cs, mesmo quando fundidos. O lítio também não forma ligas por substituição com esses
metais. Já os demais metais alcalinos são miscíveis uns com os outros em todas as
proporções.

          Em solução, o lítio é o mais forte redutor conhecido e possui alto poder de corrosão.
Reage com a água, liberando gás hidrogênio. Queimando no ar, sua chama tem uma coloração
vermelha, e, em atmosfera rica em oxigênio, forma-se o óxido de lítio (Li 2O), que, reagido
com a água, forma o hidróxido de lítio. Reage facilmente com ácidos e halogênios, formando
os respectivos sais.

          UTILIZAÇÃO:  É usado na gaseificação do cobre e suas ligas e o endurecimento de ligas


à base de chumbo e cálcio. Na medicina o lítio é empregado sob a forma de bicarbonato,
utilizado no combate à uremia - excesso de ácido úrico no sangue - pela sua facilidade de
formar sais solúveis com este ácido. O hidreto (LiH) e o hidreto misto de lítio-alumínio
(LiAlH4) são empregados na química orgânica como fornecedores de íons hidreto (redutores
enérgicos) e o LiOH para absorver CO2.

          O cloreto, o sulfato e o nitrato são altamente deliquescentes, isto é, possuem uma
forte tendência a absorver água e a se liquefazerem. Por isso estes sais são utilizados em
sistemas de condicionamento de ar, participando da confecção de elementos higroscópicos.
Também utiliza-se o carbonato de lítio para endurecer vidros e espelhos.

          O estearato de lítio (C17H35COOLi) é usado na fabricação de graxas lubrificantes


para automóveis. O lítio encontra ainda emprego na fabricação de células eletroquímicas
(baterias primárias e secundárias).

SÓDIO ( Na )

           HISTÓRICO:  O sódio foi isolado em 1790 pelo químico inglês Humphry Davy.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Extremamente reativo, o sódio não ocorre naturalmente no


estado elementar. Entre os seus compostos naturais são particularmente importantes o
cloreto, o nitrato, o carbonato e o sulfato. O cloreto de sódio é uma das substâncias mais
abundantes na natureza, encontrando-se principalmente nos mares e lagos. O cloreto de
sódio é extraído diretamente das salinas por evaporação da água do mar. Como sal-gema o
cloreto é encontrado em jazidas que ocupam vastas superfícies.

          OBTENÇÃO E EXTRAÇÃO: O sódio no estado elementar é obtido, atualmente, pela


eletrólise do coreto de sódio fundido (método de Downs). É o método mais eficaz e menos
dispendioso até o momento.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Com água, o sódio reage fortemente, produzindo o


         
hidróxido (NaOH). Com amônia, produz o amideto de sódio:  2 Na + 2 NH3   2 NaNH2 +
H2

            Quando atacado por um álcool dá origem a um alcoolato: 2 Na + 2 ROH     2 RONa


+ H2

         
  Em liga com o chumbo (hidrona), o sódio ataca o cloroetano, dando origem ao chumbo
tetraetila - Pb(C2H5)4, muito utilizado como antidetonante da gasolina, embora a tendência
seja substituí-lo por outras substâncias que liberem menores quantidades de produtos
tóxicos:

 4 NaPb + 4 C2H5Cl   Pb(C2H5)4 + 4 NaCl + 3 Pb

          UTILIZAÇÃO:  O cloreto de sódio é largamente utilizado na alimentação, além de servir


para conservar carnes, para se obter misturas refrigerantes e para a preparação de outros
sais de sódio. O nitrato é usado como fertilizante, no tratamento de minérios de níquel, na
preparação de vidros e como integrante de misturas explosivas (a própria pólvora tem como
um de seus componentes o nitrato de sódio, conhecido como salitre do Chile).

         
  O carbonato de sódio é utilizado principalmente na indústria do vidro e na fabricação
de sabões. O sulfato de sódio é encontrado principalmente natenardita (Na2SO4) e
na mirabilita (Na2SO4 hidratado), também conhecida como sal de Glauber. Outro mineral de
sódio importante para a indústria é acriolita (Na3AlF6), usada na fabricação do vidro e na
metalurgia do alumínio. O hipoclorito de sódio (NaOCl) é usado como agente alvejante e
como desinfetante. O bicarbonato (NaHCO3) é usado como fermento químico.

         
  Sob a forma de vapor, o sódio é usado nas lâmpadas que iluminam os túneis e nas
lâmpadas de rua. É também utilizado no interior de válvulas de admissão de combustíveis e
nos cilindros de combustão dos aviões, impedindo que, durante a combustão, as válvulas
fiquem submetidas a temperaturas muito elevadas, o que provocaria o desgaste excessivo.
Também o hidróxido de sódio, conhecido como soda cáustica, é largamente utilizado na
fabricação de sabões e na refinação do petróleo e de um grande número de óleos vegetais,
na indústria do papel e do raiom e na regeneração da borracha velha.

POTÁSSIO ( K )
          HISTÓRICO:  O potássio foi descoberto em 1807, por Sir Humphry Davy.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Muito abundante na natureza, o potássio pode ser encontrado


em jazidas primárias, sob a forma de silicatos:

 Leucita: K2AlSi2O6
 Ortoclásio: KAlSi3O8
 Filipsita: KCaAl3Si5O16

          Mas também aparece em outros minerais, sob diversas formas:

 Silvita: KCl
 Carnalita: MgCl2 . KCl . 6 H2O
 Cainita: MgSO4 . KCl . 3 H2O

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Reage violentamente com a água, inflamando-se e
liberando gás hidrogênio. Queimando no ar, sua chama tem uma coloração violeta e, em
atmosfera rica em oxigênio, forma-se o superóxido (K2O4). O óxido de potássio (K2O) reage
com a água, formando hidróxido de potássio. Reage facilmente com ácidos e halogênios,
formando os respectivos sais.

            UTILIZAÇÃO:  O
potássio metálico apresenta pouco interesse industrial, mas combinado
com o sódio, na proporção de 70% do total, ele forma uma liga de grande aplicação,
servindo como veículo de condução de calor em máquinas térmicas, devido ao alto calor
específico dessa mistura. Encontra enorme importância no campo dos fertilizantes,
especialmente como cloreto e como sulfato.

            Nos
processos químicos os sais de potássio são preferidos aos de sódio, por
possuírem maior solubilidade e melhor cristalização. Na indústria de vidros e sabões é
importante o carbonato de potássio (K2CO3) e, na preparação da pólvora, o nitrato (KNO3).
O superóxido de potássio é empregado em aparelhos de respiração e em submarinos, e o
KBr encontra uso na fotografia.

RUBÍDIO ( Rb )
          HISTÓRICO:  O rubídio foi descoberto em 1861 por Bunsen e Kirchhoff.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Um dos isótopos naturais desse elemento, o rubídio-87, é


fracamente radiativo, e se transforma lentamente em estrôncio (para que uma quantidade
de rubídio-87 se reduza à metade, transformando-se em estrôncio, são necessários cerca
de 60 milhões de anos (meia-vida do rubídio).

          UTILIZAÇÃO:  Juntamente com o césio, é utilizado em masers - aparelhos usados para


amplificação de microondas por meio de emissão estimulada de radiação. Os masers são
gerados de microondas dotados de frequência rigorosamente constante. Dentre seus usos,
um dos mais importantes é servir de padrão de tempo para relógios de extrema precisão.
Também a relação entre rubídio e estrôncio numa rocha permite-nos conhecer sua idade.

CÉSIO ( Cs )

          HISTÓRICO:  O césio foi descoberto em 1860 por Bunsen e Kirchhoff.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O césio é um metal líquido a 28o C e extremamente


reativo.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O césio encontrado na natureza tem massa atômica 133, e é um


núcleo estável. Artificialmente foram obtidos isótopos radioativos deste elemento, sendo o
mais importante deles o de massa 137, que se desintegra emitindo radiação gama de
energia.
          UTILIZAÇÃO:  O césio-137 é empregado na terapia de tumores, em um aparelho
chamado "bomba de césio". Tendo forte afinidade com o oxigênio, o césio elementar pode
ser utilizado para absorver resíduos desse gás quando se exige o alto-vácuo, como acontece
nas válvulas termoiônicas. O metal é feito evaporar no interior da válvula, revestindo-lhe
internamente as paredes; o eventual oxigênio ainda existente vai depositar-se nas paredes,
aumentando o vácuo. O césio é também utilizado em células fotoelétricas, por ser muito
sensível ao efeito fotoelétrico.

FRÂNCIO ( Fr )

          HISTÓRICO:  O frâncio foi descoberto em 1939 por Marguerite Perey.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O frâncio é um elemento instável e radiativo que


aparece no desenvolvimento de uma série radioativa (a série do actínio), mas se desintegra
tão rapidamente como se forma. Por isso, o frâncio não pode ser visto; o gráfico acima
identifica esse elemento pela sua radiação.

          UTILIZAÇÃO:  É utilizado em reatores nucleares.

<< Voltar

Química 2000 - Wagner Xavier Rocha, 1999

 
GRUPO IIA - Metais Alcalino-Terrosos

Berílio, Magnésio, Cálcio, Estrôncio, Bário, Rádio

            1- Configuração eletrônica

         
  Os metais alcalino-terrosos apresentam configuração eletrônica terminada em ns 2,
ou seja, possuem dois elétrons na camada de valência.

            2- Tamanho dos átomos e íons           

         
  Os elementos do grupo IIA são grandes, mas menores que os correspondentes
elementos do grupo IA, pois a carga adicional no núcleo atrai mais fortemente os elétrons.
Analogamente também os íons são grandes, mas são menores que os do grupo IA,
especialmente porque a remoção de dois elétrons aumenta a carga efetiva. O raio atômico
aumenta ao descer no grupo e os pontos de fusão e ebulição diminuem. O aumento do
número atômico é diretamente proporcional ao tamanho dos átomos (maior raio) e a carga
nuclear efetiva é a mesma para todos os elementos do grupo (no estado neutro).

            3- Energias de ionização

         
  A energia de ionização para o Be2+ é alta, e seus compostos são tipicamente
covalentes. O Mg também forma alguns compostos covalentes. Contudo, os compostos
formados por Mg, Ca, Sr e Ba são predominantemente divalentes e iônicos. Como os átomos
são menores que os do grupo IA, os elétrons são ligados mais firmemente ao núcleo, e a
energia necessária para remover o primeiro elétron (primeira energia de ionização) é maior
que no grupo IA. A segunda energia de ionização, em relação à primeira, é quase o dobro do
seu valor, porque com um elétron a menos, a carga efetiva do núcleo aumenta. No entanto, o
fato de se formarem compostos iônicos mostra que a energia liberada quando se forma o
retículo cristalino compensa a energia gasta para produzir os íons M2+.

         
  Os metais alcalino-terrosos, quando em estado de vapor, permanecem sob a forma
de átomos, e não de moléculas diatômicas, como ocorre nos metais alcalinos. Isso acontece
porque os elementos do grupo IIA possuem o último orbital s completo com dois elétrons, o
que não permite a formação de uma ligação covalente. Seria necessário promover um desses
elétrons para um orbital p, de modo que se pudesse estabelecer as duas ligações - uma
sigma e uma pi. No entanto, a energia gasta nesse processo seria mais elevada do que a
energia liberada na formação das ligações. Por isso os elétrons permanecem emparelhados.
            4- Estrutura cristalina

         
  Os metais alcalino-terrosos têm cor branco prateada.  Eles possuem dois elétrons de
valência que podem participar das ligações, o que leva a uma maior eficiência da ligação e,
consequentemente, uma maior dureza do metal e uma maior energia de coesão. Além disso,
o menor tamanho dos átomos gera uma ligação mais curta, e, por isso, mais forte. Mas
apesar disso, os metais do grupo IIA ainda são relativamente moles.

            5- Densidade, Ponto de fusão e Ponto de ebulição

          Como os átomos dos metais alcalino-terrosos (IIA) possuem maior massa atômica e
são menores que os dos metais alcalinos (IA), os elementos do grupo IIA têm densidades
maiores que os do grupo IA.

          A energia de coesão dos átomos dos metais alcalino-terrosos é maior que a dos
metais do grupo IA, fazendo com que os valores dos pontos de fusão e ebulição sejam
maiores do que os destes últimos. O ponto de fusão varia dentro do grupo de modo
irregular, devido às diferenças entre as estruturas cristalinas que cada metal assume:

            Be e Mg - hexagonal compacta


            Ca e Sr - cúbica de face centrada
            Ba - cúbica de corpo centrado         

            6- Eletronegatividade e tipos de ligação

          
  Os valores das eletronegatividades dos metais do grupo IIA são pequenos, porém,
maiores que os do grupo IA. O valor para o Be é o mais elevado do grupo.O composto
BeF2 apresenta a maior diferença de eletronegatividade de todos os compostos do berílio,
e é o composto de berílio com maior caráter iônico. Porém, sua condutividade quando
fundido é muito baixa e esse composto é encarado como covalente.

            7- Entalpias de formação dos compostos iônicos

          
  Com os halogênios menores, o lítio é o mais reativo, pois é um átomo que forma um
cátion pequeno e, ao se ligar a um ânion, também pequeno, gasta pouca energia, devida à
relativa facilidade de unir esses íons pequenos. Assim, maior quantidade de energia é
liberada. Por outro lado, os compostos formados têm baixos calores de formação, pois há
uma maior dificuldade de polarização de um ânion pequeno (com uma nuvem eletrônica
pequena), para efetuar a ligação. Assim, a energia gasta nesse processo é maior.      
            8- Cor dos compostos

         
  Assim como os íons dos metais alcalinos, os íons dos metais alcalino-terrosos
apresentam configuração eletrônica de gás nobre, e é muito difícil promover transições
eletrônicas nesse estado. Por isso, a todos os compostos de do grupo IIA são incolores, a
não ser que o ânion seja colorido.

            9- Energias de hidratação

         
  As energias de hidratação dos íons do grupo IIA são cerca de quatro vezes maior
que as dos íons do grupo IA. Isso se deve ao menor tamanho e à maior carga, e o valor
de Hhidr decresce de cima para baixo no grupo, à medida que aumenta o tamanho dos íons.
Como são cátions menores e de maior carga, geram um campo elétrico maior, que envolve
maior quantidade de moléculas de água.

            10- Solubilidade e Energia reticular

         
  A solubilidade da maioria dos sais decresce com o aumento da massa atômica do
elemento, embora se observe uma tendência inversa com os fluoretos e hidróxidos deste
grupo. As energias reticulares são muito maiores que os valores dos correspondentes do
grupo IA, por causa do efeito do aumento da carga.

BERÍLIO ( Be )

          HISTÓRICO:  O berílio foi descoberto em 1828, por Wöhler e Bussy.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O berílio é encontrado primcipalmente sob a forma de um


mineral chamado berilo  - Be3Al2(Si6O18). O tipo mais comum de berilo - a água marinha - é
encontrada principalmente no Brasil.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O berílio é um metal tão duro que corta o vidro. É um


elemento muito tóxico - o óxido liberado na sua combustão, se respirado, pode produzir,
mesmo em quantidades inferiores a um miligrama, um envenenamento mortal - a berilose.
Esta não se manifesta imediatamanete, podendo mesmo aparecer anos depois.

          Em água, os sais de berílio sofrem extensa hidrólise, com a formação de uma série
de hidroxo-complexos de estrutura ainda desconhecida. Adicionando uma base a essas
soluções, os complexos se rompem e dão origem ao íon berilato - Be(OH) 42-. Muitos sais de
berílio contêm o íon hidratado Be(H2O)42+ em vez de Be2+, sendo o íon hidratado um
complexo tetraédrico.A formação de um complexo hidratado aumenta o tamanho efetivo do
berílio, distribuindo assim a carga sobre uma área maior. São conhecidos compostos iônicos
estáveis como Be(H2O)4SO4, Be(H2O)4(NO3)2 e Be(H2O)4Cl2.

          Os sais de berílio são ácido quando dissolvidos em água pura, por causa da hidrólise
dos íons hidratados, que originam prótons em solução:

H2O + Be(H2O)42+   [Be(H2O)3(OH)]+ + H3O+

           UTILIZAÇÃO:  Em liga com o cobre, é usado na fabricação de molas de grande


resistência, como os geofones para o estudo dos terremotos artificiais. Por ser muito leve,
é excelente para a consrtução de mísseis e outros objetos espaciais. Também é utilizado na
fabricação de reatores nucleares pela propriedade que seu núcleo tem de não absorver
nêutrons.

MAGNÉSIO ( Mg )

          HISTÓRICO:  O magnésio foi isolado em 1808 por Humphry Davy.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O magnésio é encontrados na natureza como cloreto (na água do


mar) e em diversos minerais:

 Magnesita: MgCO3
 Dolomita: MgCO3 . CaCO3
 Carnalita: MgCl2 . KCl . 6 H2O
 Brucita: Mg(OH)2

          EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO:  A extração do magnésio da água do mar responde pela maior


parte de sua produção industrial. nesse processo, o magnésio é precipitado como hidróxido
- Mg(OH)2 - pela adição de óxido de cálcio (CaO). Em seguida o hidróxido é filtrado e
tratado com ácido clorídrico, produzindo o cloreto de magnésio (MgCl2). Este, depois de
seco e misturado com outros sais (para que seu ponto de fusão abaixe) é fundido e
submetido a uma redução eletrolítica.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Quando exposto ao ar, o magnésio oxida-se facilmente


e, em estado finamente dividido, queima no ar com uma chama intensa, rica em raios
ultravioleta. O magnésio é um grande agente redutor e reage com vários ácidos, produzindo
hidrogênio. Não é atacado por bases e só a quente desloca o hidrogênio da água.

          UTILIZAÇÃO:  Entre os sais de magnésio, os mais usados são o sulfato, o cloreto e o


carbonato. O primeiro, conhecido como sal de Epson, é utilizado na agricultura, como
fertilizante. Diferentemente dos outros sulfatos de metais alcalino-terrosos, o
MgSO4 dissolve-se facilmente na água. O cloreto de magnésio, misturado com igual
quantidade de óxido de magnésio, fornece uma pasta bastante dura, usada na preparação
do cimento Portland. Quando as partes misturadas estão na proporção de 5 para 1 (5 MgO /
1 MgCl2) a pasta conduz a um outro tipo de cimento - o chamado cimento Sorel.

          O carbonato de magnésio produz, por calcinação o óxido - MgO - um pó branco de


elevado ponto de fusão (3000o C) usado como laxativo e na preparaçao de revestimentos
refratários. Outra classe de compostos importantes de magnésio são as séries organo-
metálicas, de fórmula geral RMgX, onde R é um grupo alquil ou aril e X é um halogênio. Tais
compostos são usados na preparação de siliconas (compostos orgânicos de silício), na
obtenção de aldeídos, ácidos carboxílicos e outras substâncias orgânicas.

CÁLCIO ( Ca )

          HISTÓRICO:  O cálcio elementar foi obtido em 1808 por Davy e Berzelius.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O cálcio ocorre na natureza sob diversas formas minerais:

 Calcita e Aragonita: CaCO3


 Dolomita: MgCO3 . CaCO3
 Gipsita: CaSO4 . 2 H2O
 Fosforita: Ca3(PO4)2
 Fluorita: CaF2

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Queima no ar com uma chama de coloração


avermelhada, todavia, bastam impurezas de sódio, estrôncio e bário para mascarar essa
cor. Combina-se com o oxigênio do ar para formar o óxido (CaO). Também pode-se obter o
óxido de cálcio a partir da decomposição térmica do carbonato:  CaCO3    CaO + CO2
          O óxido, reagindo com água, produz o hidróxido:  CaO + H2O   Ca(OH)2

         
  O hidróxido pode reagir com CO2, produzindo o carbonato: Ca(OH)2 + CO2    
CaCO3 + H2O

         
  Da eletrólise do óxido de cálcio resulta o carbeto (CaC2), conhecido como carbureto,
e este, reagindo com a água, produz o acetileno:  CaC2 + H2O       C2H2 + Ca(OH)2

         
  Insolúvel em água, o carbonato dissolve-se desde que esta contenha dióxido de
carbono. Como na atmosfera existe aproximadamente 0,04% de CO2, praticamente todas as
águas superficiais são soluções de gás carbônico. Consequentemente, todas essas águas
estão em condições de dissolver o calcário:

-
CaCO3 + CO2 + H2O   Ca2+ + 2 HCO3

         Na água utilizada industrialmente, a presença de íons cálcio e magnésio provoca


incrustações em caldeiras e tubulações e, em consequência, a sua rápida deterioração. É
muito importante conhecer o teor desses íons na água: quando em quantidades acima de
certos valores, fazem com que a água seja classificada como dura. Alguns dos
inconvenientes de uma água dura podem ser constatados na experiência diária. Por exemplo,
a emulsão de sabões nessa água forma pouca espuma. É que a presença de sais de cálcio e
magnésio provoca reações entre o sabão e os íons, produzindo sais orgânicos (os sabões
geralmente são sais alcalinos de ácidos graxos, especialmente o estearato e o palmitato de
sódio).

            Evitar esse fenômeno é especialmente importante para as indústrias que fazem uso
de sabão, seja como detergente, seja como reagente. A perda de sabão nas reações com os
íons Ca2+ e Mg2+ acaba onerando o custo industrial a um ponto quase intolerável. Além disso,
os sais insolúveis formados nessas reações depositam-se sobre as paredes das caldeiras,
reduzindo seu tempo de vida útil. Com esses exemplos, podemos compreender a
necessidade de um controle preciso em relação à dureza da água.

            O mais rápido método de determinação da dureza baseia-se no emprego do sal
sódico do ácido etileno diaminotetracético (EDTA), que dá complexos solúveis com os íons
Ca2+ e Mg2+. Usando indicadores adequados, pode-se titular as quantidades desses íons
presentes na água. A água é tamponada com cloreto de amônio e hidróxido de amônio, até
atingir um pH = 10. A seguir adiciona-se o indicador negro de eriocrome T, que, nesse pH,
tem coloração azul. Em presença de íons cálcio e magnésio, dá uma coloração vermelho-
vinho, em virtude da formação de complexos. Adiciona-se então a solução de sal de EDTA,
que se combina com os íons cálcio e magnésio presentes, destruindo os sais formados pelo
indicador com os metais. O indicador readquire, assim, sua coloração azul, que corresponde
à sua forma livre.

         
  O sulfato de cálcio é encontrado sob a forma de gipsita (CaSO 4 . 2 H2O), mineral
muito comum originado, na maior parte dos casos, de camadas de calcário que sofreram a
ação de ácido sulfúrico proveniente da oxidação de minerais de sulfetos. Quando
parcialmente desidratado, o sulfato forma o gesso:   CaSO4 . 2 H2O     CaSO4 . 1/2
O2 + 3/2 H2O
         
  Como a reação é reversível, o gesso passa a gipsita ao adquirir água, com expansão de
volume, e sendo por isso empregado em moldagens.

         
  UTILIZAÇÃO:  O fosfato de cálcio é usado como fertilizante e o sulfeto como
depilatório na preparação de couros e na fabricação de lintas luminosas. O fluoreto (CaF 2) é
largamente usado na indústria metalúrgica, na preparação de escórias de baixo ponto de
fusão. A cal apagada (hidróxido de cálcio) é utilizada na preparação de argamassas em
construção civil.

ESTRÔNCIO ( Sr )

            HISTÓRICO:  O estrôncio foi descoberto em 1808 por Crawford e Davy.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  Analogamente ao bário, o estrôncio é encontrado na natureza
sob a forma de carbonatos e sulfatos:

 Estroncianita: SrCO3
 Celestina: SrSO4

            EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO:  Os métodos de obtenção são semelhantes aos do bário.

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Muitos de seus compostos assemelham-se aos
compostos de bário e alguns distinguem-se pela diferença de solubilidade em água. O
estrôncio oxida-se facilmente, queimando no ar com chama vermelha intensa.

            UTILIZAÇÃO:  Alguns sais de estrôncio são usados pelos seus poderes diurético,
analgésico e sedativo.

BÁRIO ( Ba )
          HISTÓRICO:  O bário foi descoberto em 1770 por Wilhelm Scheele.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  As principais fontes de bário são os minerais:

 Witherita: BaCO3
 Barita ou Baritina: BaSO4 (As principais reservas de barita estão nos EUA,
Alemanha Ocidental, México e Canadá, mas também ocorrem na Itália e no Brasil)

         
  EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO:  A preparação do bário metálico pode ser feita por eletrólise do
cloreto de bário fundido ou pela redução do óxido, usando-se como redutor o alumínio ou o
silício:

3 BaO + 2 Al     3 Ba + Al2O3


3 BaO + Si     2 Ba + BaSiO3

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: No ar, o bário arde com chama verde-esmeralda.
Dissolve-se em água, gerando o hidróxido - Ba(OH)2 - de forte ação alcalina. Por
aquecimento em corrente de oxigênio, a temperaturas elevadas, o bário forma o peróxido -
BaO2.

          UTILIZAÇÃO:  As aplicações dos compostos de bário são bastante restritas. O sulfato


de bário, por ser opaco aos raios X, é usado em exames radiológicos do tubo digestivo.
Misturado com o sulfeto de zinco, o sulfeto de bário é usado como pigmento branco. O
fluorsilicato de bário (BaSiF6) é usado como inseticida e o titanato de bário é empregado
em agulhas fonográficas e condensadores. Todos os sais de bário são tóxicos.

RÁDIO ( Ra )
          HISTÓRICO:  O rádio foi descoberto em 1898 pelo casal Pièrre e Marie Curie.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Na natureza o rádio ocorre em muitos minerais, porém, sempre


em quantidades mínimas. Suas principais fontes são minérios de urânio, ainda que os mais
ricos entre eles jamais contenham quantidades superiores a 0,2 g de rádio por tonelada.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O rádio é um elemento radiativo, de massa atômica


226. Ao emitir partícular alfa e radiações gama, converte-se em uma substância gasosa,
o radônio, de massa atômica 222. O radônio tem uma vida bastante curta (3,85 dias) e, por
emissão de partículas alfa, converte-se em rádio-A (de massa 218). Este, por sua vez, dá
origem, por sucessivos decaimentos alfa, beta e gama, a novos elementos radiativos: rádio-
B e rádio-C e assim por diante. O último termo dessa série radiativa é o rádio-G, um
elemento estável e de propriedades químicas idênticas às do isótopo 207 do chumbo. Assim
como todos os metais alcalino-terrosos, seus sais geralmente são pouco solúveis. O cloreto
de rádio (RaCl2)é uma excessão.

          UTILIZAÇÃO:  Como elemento emissor de partículas alfa, beta e gama, o rádio é usado


em medicina, principalmente em oncologia, pela sua ação sobre as células cancerosas.

<< Voltar

Química 2000 - Wagner Xavier Rocha, 1999

 
GRUPO IIIA - Família do Boro

Boro, Alumínio, Gálio, Índio, Tálio

             1- Estados de oxidação e tipos de ligação            

           Os elementos desse grupo apresentam configuração eletrônica terminada em


ns2 np1, ou seja, com três elétrons na última camada eletrônica e, com exceção do Tl, eles
geralmente utilizam esses elétrons para fazer três ligações, levando a um estado de
oxidação +3. Três fatos sugerem a formação de ligações covalentes:

 O tamanho reduzido e sua elevada carga favorecem a covalência.


 A soma das três primeiras energias de ionização é muito grande, o que também
favorece a covalência.
 Os valores das eletronegatividades são maiores que os dos grupos IA e IIA, e
quando os elementos do grupo IIIA se combinam com outros elementos, a diferença
de eletronegatividade não deverá ser muito grande.

           Muitos compostos simples dos demais elementos, tais como AlCl 3 e GaCl3 são
covalentes quando anidros. Porém, Al, Ga, In e Tl formam íons quando em solução. O tipo de
ligação formada depende do que é mais favorável em termos de energia essa mudança de
covalente para iônico ocorre porque os íons são hidratados e a quantidade energia de
hidratação liberada excede a energia de ionização.

           Descendo pelo grupo, verifica-se uma tendência crescente dos elementos Ga, In e Tl
para formar compostos monovalnetes, ou seja, nos quais o Nox desse elemento é +1. A
monovalência pode ser explicada se os elétrons s  externa permanecem emparelhados, não
participando assim da ligação. É o chamadoefeito do par inerte. Se a energia necessária
para desemparelhar os elétrons for maior que a energia liberada na formação da ligação,
então os elétrons permanecerão emparelhados. Os íons monovalente são muito maiores do
que os trivalentes, e os compostos nos quais o elemento assume o estado de oxidação +1 são
iônicos, assemelhando-se em muitos aspectos aos compostos do grupo IA.

           O efeito do par inerte ocorre também em outro elementos mais pesados de outros
grupos do bloco p, como Sn e Pb (grupo IV) e Sb e Bi (grupo V). O estado de oxidação
inferior se torna mais estável de cima para baixo no grupo. O gálio é aparentemente
bivalente em alguns poucos compostos. No entanto, o Ga não é realmente divalente, pois
demonstrou-se que a estrutura do GaCl2 é Ga+[GaCl4] -, que contém Ga nos dois estados de
oxidação (+1 e +3).

           2- Tamanho dos átomos e íons           


           O boro é consideravelmente menor que os demais elementos. Os raios dos átomos
não podem ser comparados a rigor, pois existem muitas diferenças entre os elementos. O
boro não é um metal, o gálio tem uma estrutura incomum e nos demais há estruturas
metálicas de empacotamento denso. Já os raios iônicos aumentam de cima para baixo
dentro do grupo, embora não da maneira regular observada nos grupos IA e IIA. Há duas
razões para isto:

           1- Não há evidências da existência do íon B3+ em condições normais. O valor
apresentado é uma estimativa.

           2- As estruturas eletrônicas dos elementos são diferentes. Ga, In e Tl seguem


imediatamente após uma série de dez elementos de transição. Eles possuem, portanto, 10
elétrons d, que são menos eficientes na proteção (blindagem) da carga nuclear que os
elétrons s e p. A proteção fraca da carga nuclear leva a elétrons externos mais firmemente
ligados ao núcleo. Portanto, átomos com um subnível interno d 10 são menores e possuem
maior energia de ionização do que seria esperado. Essa diminuição do raio atômico é
chamada d contração do bloco-d. De uma maneira análoga, o Tl segue imediatamente a uma
série de 14 elementos de transição interna (bloco f). O tamanho e a energia de ionização do
Tl são afetados ainda mais pela presença de 14 elétrons f, que dão proteção ainda menor à
carga nuclear. A contração de tamanho provocada por esses elementos do bloco f é
chamada contração lantanídica.

           3- Energias de ionização

           As energias de ionização aumentam da forma esperada (primeira > segunda >
terceira). A soma das três energias é muito elevada. O boro não apresenta nenhuma
tendência a formar íons. Os outros elementos normalmente formam ligações covalentes,
exceto em solução.

           4- Estrutura cristalina

           O boro apresenta uma estrutura cristalina fora do comum, da qual resulta um ponto
de fusão muito elevado. Existem pelo menos quatro formas alotrópicas desse elemento,
todas formadas por unidades icosaédricas (poliedro de 20 faces) com átomos de boro nos
12 vértices. As diferenças alotrópicas surgem da maneira pela qual os icosaedros estão
ligados entre si. O gálio tem uma estrutura também pouco comum, na qual os átomos
tendem a formar moléculas diatômicas discretas, e não uma estrutura metálica. Assim se
explica o baixíssimo ponto de fusão do gálio (30o C). Além disso, o gálio também é incomum
porque o líquido se expande quando forma o sólido, isto é, o sólido é menos denso que o
líquido. Essa propriedade só é observada nos elementos Ga, Ge e Bi. Tálio, índo e alumínio
apresentam estruturas metálicas de empacotamento denso.
           5- Ponto de fusão e Ponto de ebulição

           Os pontos de fusão dos elementos do grupo IIIA não mostram uma tendência
regular de variação, como no caso dos grupos IA e IIA. Os valores não podem ser
comparados entre si com muito rigor, porque B e Ga apresentam estruturas cristalinas
incomuns. Embora os pontos de fusão decresçam do Al para o In, ele aumenta novamente
para o Tl. O ponto de ebulição do boro é incrivelmente elevado, mas os valores para Ga, In e
Tl diminuem de cima para baixo, como o esperado.

           6- Caráter eletropositivo

           A natureza eletropositiva desses elementos cresce do B para o Al e decresce do a


seguir até o Tl. Isso ocorre devido variação do raio atômico, que cresce do B para o Al,
facilitando a saída dos elétrons de valência, e decresce a seguir devido à contração
lantanídica.

            7- Entalpias de formação dos compostos iônicos

          
  Com os halogênios menores, o lítio é o mais reativo, pois é um átomo que forma um
cátion pequeno e, ao se ligar a um ânion, também pequeno, gasta pouca energia, devida à
relativa facilidade de unir esses íons pequenos. Assim, maior quantidade de energia é
liberada. Por outro lado, os compostos formados têm baixos calores de formação, pois há
uma maior dificuldade de polarização de um ânion pequeno (com uma nuvem eletrônica
pequena), para efetuar a ligação. Assim, a energia gasta nesse processo é maior.      

BORO ( B )

           HISTÓRICO:  O boro foi descoberto em 1808, por Gay-Lussac e Thénard.

           OCORRÊNCIA NATURAL:  O boro é encontrado na natureza sob a forma de ácido bórico


ou de boratos de cálcio, sódio e magnésio. Cerca de 90% da produção mundial de boratos
provém das jazidas existentes na Califórnia, EUA. Os principais minérios de boro são:
 Bórax ou Tincal: Na2B4O7 . 10 H2O
 Colemanita: Ca2B6O11 . 5 H2O
 Boracita: Mg3B7O13Cl

           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O boro tem grande afinidade pelos halogênios e


forma espontaneamente com eles vários compostos importantes: os trihaletos de boro -
compostos covalentes que se formam liberando grande quantidade de energia: BF 3, BCl3,
BBr3 e BI3. Entre eles destaca-se o fluoreto de boro, um composto gasoso usado como
catalisador de várias reações orgânicas. Como receptores de elétrons, a ordem crescente
segue do BI3 para o BF3. O boro faz três ligações covalentes e se estabiliza com seis
elétrons na última camada. A configuração eletrônica da camada de valência do boro é
2s2 2p1. Para efetuar as ligações ocorre a promoção de um elétron s para um orbital p vazio
(hibridação).

                                                                                      

           O orbital híbrido sp3 emparelha os elétrons fazendo três ligações com o halogênio.
No entanto, há ainda um orbital vazio que pode ser preenchido por uma ligação coordenada
pelo halogênio. Isso ocorre apenas no BF3, devido ao seu pequeno tamanho. Os demais
halogênios são átomos grandes e a distância de ligação impede o surgimento da ligação
coordenada. Assim, no BF3 os átomos de flúor alternam a ocupação do orbital vazio do boro
com um par eletrônico. Isso gera uma ressonância na molécula, que faz com que sua
capacidade de aceitar elétrons seja reduzida, pois como há elétrons em constante
movimento, originando formas canônicas, a repulsão à cargas negativas é maior.

           A temperaturas elevadas, o boro decompõe a água e liga-se ao oxigênio, formando o


óxido (B2O3), substância higroscópica e de aspecto vítreo. Pela dissolução do óxido em água
surge o ácido bórico (H3BO3), que é extremamente fraco e, por isso, pode-se utilizar as
propriedades anti-sépticas da acidez, usando-o sob a forma de solução aquosa, como colírio
(água boricada).

           Combinando-se diretamente com o nitrogênio, origina o nitreto (BN), que é ótimo


isolante térmico e elétrico. O boro também forma diversos compostos binários com o
hidrogênio - os boranos. Nestes compostos ocorre um tipo especial de ligação
dita policêntrica. Outro composto interessante do boro é o chamadoborazol  ou borazina,
semelhante à estrutura do benzeno, constituído por um anel de seis átomos, alternando
boro e nitrogênio. Esse composto possui, como o benzeno, propriedades de dissolver com
muita facilidade as gorduras.

           UTILIZAÇÃO: Dentre os diversos usos do boro, os boranos são substâncias altamente


energéticas, muito utilizadas na indústria como combustível. O ácido bórico é empregado
como colírio e o tetraborato de sódio (bórax) é usado na indústria do vidro e no método de
análise denominado pérola de bórax (teste da chama).

ALUMÍNIO ( Al )
           HISTÓRICO:  O alumínio foi obtido no estado elementar em 1825, por Oersted.

           OCORRÊNCIA NATURAL:  De grande reatividade, o alumínio não se encontra puro,


aparecendo geralmente em substâncias oxigenadas, na forma de óxidos, em fluoretos ou
silicatos de constituição complexa. Os minerais de alumínio mais comuns são:

 Bauxita: Al2O3 . n H2O


 Criolita: Na3AlF3
 Alumina: Al2O3

           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  As soluções aquosas de quase todos os sais de


alumínio são ácidas. Quando se adiciona uma base a essas soluções, forma-se um precipitado
branco gelatinoso - o hidróxido de alumínio - Al(OH)3. Com ácido clorídrico, o alumínio reage
violentamente, numa reação extremamente exotérmica. O alumínio, portanto, tem um
caráter anfótero, por reagir tanto com bases quanto com ácidos.

           UTILIZAÇÃO:  Além de ser utilizado em diversas ligas, é empregado largamente na


indústria por ser um metal extremamente leve, servindo como material de estrutura.
Quando se apresenta coberto por uma camada protetora de óxido, oferece, como o ouro e a
prata, excepcional resistência aos efeitos corrosivos da atmosfera, da água e de vários
agentes químicos. Por isso é utilizado na fabricação de embalagens de alimentos e na
manipulação de ácidos e solventes.

           O alúmen - Al2(SO4)3 . K2SO4 . 24 H2O (sulfato de alumínio e potássio) - é usado em


tinturaria, para fixação do corante ao tecido. A alumina (óxido de alumínio) é utilizada como
material refratário e como material de preenchimento nas colunas cromatográficas. Com o
óxido de ferro e areia silicosa o alumínio forma a termite, mistura que encontra aplicação
direta em operações de solda.

GÁLIO ( Ga )
           HISTÓRICO:  O gálio foi descoberto em 1875, por Lecoq de Boisbaudran.

           OCORRÊNCIA NATURAL:  Embora não seja tão raro, o gálio encontra-se em baixo teor
nos minerais e, por isso, não pode ser extraído diretamente. O gálio quase sempre
acompanha a bauxita. É no beneficiamento desse mineral que os compostos do gálio
aparecem como subprodutos. Para obtê-lo puro faz-se a eletrólise das soluções aquosas de
tais compostos.

           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O gálio é um metal muito mole, que funde a 30o C,


 

reduzindo seu volume. Muito estável, não reage com o oxigênio do ar, permanecendo
inalterado. Embora o ataque ácido seja muito lento, as bases o atacam sem nenhuma
dificuldade, formando o ânion hidroxigalato - Ga(OH)4-. O estado de oxidação III é o mais
estável.

           UTILIZAÇÃO:  É empregado na fabricação de termômetros especiais, de tubos de


 
quartzo, que podem ser usados mesmo acima de 1200o C. Isso porque, apesar do baixo ponto
de fusão (30o C), seu ponto de ebulição é bastante elevado: 1700o C.

ÍNDIO ( In )

           HISTÓRICO:  O índio foi descoberto em 1863, por F. Reich e T. Reichter.

           OCORRÊNCIA NATURAL:  O índio é muito raro, e acompanha sempre o zinco, o alumínio e


o chumbo. É obtido pela eletrólise de seu óxido com carvão:  In2O3 + 3 C     2 In + 3
CO.
           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Seu estado de oxidação mais estável é +3. O óxido -
In2O3 - e o hidróxido - In2(OH)3 - são obtidos tratando os sais solúveis com bases. O
sulfeto pode ser obtido tratando-se um sal solúvel de índio com gás sulfídrico:  2 InCl3 + 3
H2S     In2S3 + 6 HCl.

           UTILIZAÇÃO:  É empregado na fabricação de lâmpadas de mercúrio, nas quais é


misturado ao vapor de mercúrio, melhorando a iluminação. Também o índio é utilizado em
reatores atômicos, sob a forma de discos usados para medir o fluxo de nêutrons
produzidos e ainda na fabricação de rolamentos para motores de avião, combinado com o
chumbo.

TÁLIO ( Tl )

           HISTÓRICO:  O tálio foi descoberto em 1861, por William Crookes.

           OCORRÊNCIA NATURAL:  Não é encontrado livre na natureza e ocorre como componentes


de minerais ou impurezas nos compostos de alumínio, chumbo, zinco, selênio e enxofre. O
tálio forma alguns minerais, sendo os mais importantes a   crokesita, a corandita e
a  hutchinsonita. Também é encontrado acompanhando piritas e blendas.

           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O estado de oxidação mais comum no tálio é +1, sendo


os compostos monovalentes mais estáveis. Queimando-se o elemento no ar, obtém-se o
óxido taloso (Ta2O), que apresenta-se como um pó preto, ávido por água, com a qual reage,
dando o hidróxido TlOH, muito forte, como os hidróxidos de metais alcalinos. O cloreto,
TlCl, de coloração amarelada, assemelha-se ao cloreto de prata: é decomposto pela luz,
tornando-se negro, porque se reduz a metal.

           UTILIZAÇÃO:  É empregado na fabricação de lâmpadas de mercúrio, nas quais é


misturado ao vapor de mercúrio, melhorando a iluminação. Por ser altamente venenoso é
usado na fabricação de raticidas (Ta2S) e desinfetantes.

<< Voltar
 GRUPO IVA - Família do Carbono

Carbono, Silício, Germânio, Estanho, Chumbo

            1- Tamanho dos átomos

         
  Como regra geral, o primeiro átomo de cada grupo é sempre menor e mais
eletronegativo, e por isso apresenta maior energia de ionização e, sendo mais covalente e
menos metálico. Os raios covalentes, portanto, aumentam de cima para baixo. A diferença
de tamanho entre o Si e o Ge é menor do que seria de esperar, porque o Ge possui uma
camada 3d preenchida, e a blindagem da carga nuclear é menor eficiente. De um modo
semelhante, a pequena diferença de tamanho entre Sn e Pb se deve ao preenchimento de
um subnível 4f.

            2- Estados de oxidação e tipos de ligação           

          O carbono difere dos demais elementos do grupo por vários motivos. O principal
deles é a sua capacidade de se ligar a vários outros átomos de carbono, formando enormes
cadeias (catenação). Isso porque as ligações C-C são fortes, e as ligações Si-Si, Ge-Ge e
Sn-Sn diminuem progressivamente de energia. Além disso, o carbono é o único capaz de
formar ligações múltiplas (duplas e triplas ligações). Os demais elementos do grupo
dificilmente formam ligações múltiplas, principalmente porque seus orbitais atômicos são
muito grandes e difusos para permitir uma interação efetiva. Entretanto, eles podem
utilizar orbitais d para formar estas ligações, principalmente entre Si e N e entre Si e
O.         

          O efeito do par inerte se mostra em caráter crescente nos elementos mais pesados
do grupo. Há um decréscimo da estabilidade do estado de oxidação +4 e um aumento da
estabilidade do estado de oxidação +2.

          3- Energias de ionização

         
  As energias de ionização decrescem do C para o Si e a seguir variam de forma
irregular por causa dos efeitos do preenchimento dos subníveis d e f. A quantidade de
energia necessária para ionizar um átomo desse grupo é muito alta e, por isso, compostos
iônicos simples são raros. O único íon metálico significativo é o Pb2+.

          4- Pontos de fusão


         
  O carbono apresenta um ponto de fusão extremamente elevado. Silício e Germânio
fundem a temperaturas menores, mas ainda assim são bastante elevadas. Todos os
elementos do grupo IVA têm um retículo do tipo do diamante, e a fusão requer uma energia
muito grande para romper as ligações covalentes fortes existentes nesse retículo. Os
pontos de fusão decrescem de cima para baixo porque as ligações M-M se tornam mais
fracas à medida que os átomos aumentam de tamanho. Sn e Pb são metálicos e têm pontos
de fusão baixos, porque eles não aproveitam todos os quatro elétrons externos na ligação
(efeito do par inerte), contribuindo para a formação de uma ligação menos forte.

            5- Caráter metálico e não-metálico

          A transição de não-metal para metal com o aumento do número atômico é bem
ilustrada com os elementos desse grupo, onde o C e o Si são ametais, o Ge tem caráter
intermediário e o Sn e o Pb são metais. O aumento do caráter metálico se manifesta nas
estruturas e no aspecto dos elementos, através de propriedades físicas como maleabilidade
e condutividade elétrica., e através de propriedades químicas, como o aumento da tendência
a formar íons ou as propriedades ácidas ou básicas de óxidos e hidróxidos.

CARBONO ( C )

            OCORRÊNCIA NATURAL:  No


estado elementar, o carbono é encontrado em três formas:
diamante, grafita e carvão amorfo. Nas duas primeiras os átomos de carbono estão
dispostos segundo um retículo cristalino particular; na terceira, apresentam uma disposição
desordenada.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Aquecendo-se o carbono a uma temperatura acima de


1000o C, seus átomos se ordenam progressivamente, adquirindo a conformação reticular da
grafita. Este processo chama-se "grafitização", e é empregado para produzir grafita
sintética.

          O carbono forma compostos binários com vários elementos, denominados carbetos.
De longe, o mais importante deles é o carbeto de cálcio, obtido industrialmente pelo forte
aquecimento (cerca de 2 200o C) de cal com carvão coque:  CaO + C     CaC2

          Esse carbeto é usado na reação com a água, para produzir gás acetileno:
H2O + CaC2     HC   CH + CaO

         O CaC2 ainda é empregado, dentre várias aplicações, na produção de cianamida de


cálcio, um fertilizante nitrogenado:

CaC2 + N2     Ca(NCN) + C

         O carbeto de magnésio Mg2C3, quando reagido com água, fornece o propino (CH3-C   
CH).

         Com o oxigênio, o carbono forma alguns compostos importantes, como o dióxido de


carbono (CO2) e o monóxido de carbono (CO). As seguintes misturas são importantes
combustíveis:

 Gás d'água: CO + H2
 Gasogênio: CO + N2
 Gás de iluminação: CO + CO2 + CH4 + H2

         O CO é tóxico porque forma um complexo com a hemoglobina do sangue, impedindo-a


de transportar oxigênio para as células do organismo. Isso se deve ao fato de o C, no
monóxido de carbono, possuir um par de elétrons livres, capazes de efetuar uma ligação
coordenada com o metal. Essa ligação, particularmente chamada retrodoação, é fraca e, por
isso, se uma pessoa intoxicada por CO voltar a um ambiente bem arejado, ela volta a
respirar normalmente. A reação, portanto, é reversível.

          UTILIZAÇÃO:  O carvão amorfo possui muitas aplicações. Além de ser usado como
pigmento (negro-de-fumo), possui a propriedade de absorver grande quantidade de gás e de
solventes fortemente esfriados. Levado à temperatura do gelo seco (-53 o C) ou do ar
líquido (-190o C), o carvão amorfo é colocado dentro de instalações de vácuo, para retirar a
s moléculas de gás residual que as bombas não conseguem extrair.

          A grafita tem emprego amplo na indústria metalúrgica, usado na fabricação dos
eletrodos dos fornos de arco ou de certas células eletrolíticas, devida à sua boa
condutividade elétrica. A grafita é usada ainda como moderadora de nêutrons em reatores
nucleares. A estrutura da grafita permite que ela seja facilmente esfoliada em lâminas
planas, bem escorregadias, umas sobre as outras. esta propriedade é aproveitada para
produzir óleos com partículas de grafita em suspensão coloidal, que mantém suas ótimas
propriedades lubrificantes, mesmo sob fortes pressões.

          O diamante é a variedade mais preciosa do carbono, e encontra emprego na indústria


mecânica e na fabricação de brocas de perfuração na indústria do petróleo. Graças à sua
excepcional dureza, ele pode ser utilizado para cortar superfícies muito duras. Não se
conhece nenhum outro material na natureza capaz de riscar o diamante. Também utiliza-se
o diamante para fabricação de jóias.

          Foram descobertas há poucos anos, outras formas alotrópicas do carbono,


denominadas fulerenos ou buckballs, formadas por complexas estruturas C60e C70,
semelhantes a esferas multifacetadas. São substâncias simples utilizadas principalmente
em brocas de perfuração de petróleo, pois constituem excelentes lubrificantes.
SILÍCIO ( Si )

          HISTÓRICO:  O silício elementar foi obtido em 1823 por Berzelius.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Não ocorre livre na natureza, mas forma inúmeros minerais -


os silicatos - que compõe cerca de 95% da crosta terrestre. Também encontra-se sob a
forma de dióxido (SiO2), chamado de sílica.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O silício é um semimetal quebradiço e de cor cinza.


Sua obtenção no estado elementar pode ser feita de várias maneiras. Uma delas consiste
em aquecer o magnésio em presença de sílica:

2 Mg + SiO2     2 MgO + Si

          Industrialmente, o método preferido é a redução da sílica com carvão, apesar de o


produto conter um grau de impureza relativamente elevado:

SiO2 + 2 C   Si + 2 CO

          O silício elementar pode se apresentar em duas formas alotrópicas: cristalina


(semelhante ao diamante) ou amorfa. Inatacável pelos ácidos, com exceção do HF, o silício
reage com qualquer base, liberando hidrogênio e formando um silicato:

Si + 2 KOH + H2O   SK2SiO3 + H2

          Quando uma mistura de areia e coque é aquecida em forno elétrico, o resultado é o
carbeto de silício (SiC), conhecido como carborundum:

SiO2 + 3 C   SiC + 2 CO

          O silício também pode formar compostos orgânicos - as siliconas - Sob a forma de
óleos, tais produtos apresentam uma série de vantagens sobre os hidrocarbonetos,
principalmente porque não sofrem grandes alterações de viscosidade com o aumento da
temperatura e resistem sem se decompor.

          UTILIZAÇÃO:  São inúmeras as aplicações do dilício na indústria. Ele pode ser


adicionado ao aço para remoção de oxigênio, tornando o aço resistente à corrosão. É usado
na indústria do vidro e na indústria eletrônica, como compoenentes de transistores e
microprocessadores. Também é usado em cromatografia e como agente desidratante. Da
sílica ainda podem ser fabricados cadinhos e cápsulas para laboratório, devido ao seu baixo
coeficiente de dilatação.

GERMÂNIO ( Ge )

           HISTÓRICO:  O germânio foi descoberto em 1886, por C. Winkler.

           OCORRÊNCIA NATURAL:  Traços desse elemento são encontrados junto com o zinco e em


muitos silicatos, mas as principais fontes de germânio são:

 Argirodita (sulfeto de germânio e prata): Ag8GeS6 - abundante na Saxônia e na


Bolívia
 Germanita: Cu3(FeGe)S4 - descoberto no sul da África

           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O germânio é um semicondutor de eletricidade e


muito estável à temperatura ambiente, mas quando aquecido forma o dióxido de germânio
(GeO2). O semimetal não é atacado por ácidos não oxidantes, mas dissolve-se me bases,
prodiuzindo germanatos. Com o hidrogênio, forma o hidreto (GeH 4). Forma haletos com os
halogênios (GeX4), dos quais destaca-se o fluoreto, um gás que quando em contato com a
água dá lugar ao ácido hexafluorgermânico (H2GeF4).

           O dióxido de germânio, pouco solúvel em água, pode formar com esta o ácido
germânico (H4GeO4), coloidal - um ácido fraco. O germânio pode encontrar-se também no
estado de oxidação +2. O mais importante desses compostos é o óxido (GeO), obtido pelo
tratamento do dióxido com redutores muito enérgicos.

           UTILIZAÇÃO:  Assemelha-se com o silício, e é usado na fabricação de transistores,


retificadores de corrente, moduladores e detetores de células fotoelétricas. Comparece
também em prismas e lentes especiais.

ESTANHO ( Sn )
           OCORRÊNCIA NATURAL:  A principal fonte de estanho é a cassiterita, que contém óxido
de estanho (SnO2). As maiores reservas de cassiterita estão nas regiões oriental e
nordeste da Sibéria, Tailândia, na Malásia e nas ilhas de Bankga e Billiton (Indonésia).
Existem ainda reservas na Nigéria, Bolívia e no Brasil (Rondônia).

           PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Quando puro, em condições normais de temperatura e


pressão, o estanho é um metal branco, de densidade 7,28 g/cm 3, cristalizada no sistema
tetragonal, com a designação de estanho  ou estanho comum. Contudo, a temperaturas
inferiores a 13o C, sua tendência é assumir uma forma , uma variedade alotrópica
cristalizada no sistema cúbico, cuja densidade é 5,75 g/cm 3. A temperaturas superiores a
161o C, o estanho assume outra forma alotrópica - o estanho  - uma variedade rômbica.
Trata-se de um sólido quebradiço, que funde a 232o C, dando origem ao estanho líquido.

          O estado de oxidação do estanho pode ser +2 ou +4, embora este último seja o mais
encontrado. O metal, quando aquecido a altas temperaturas, oxida-se lentamente, gerando
o óxido estanoso (SnO). Este por sua vez, oxida-se facilmente a óxido estânico (SnO 2).
Este último, quando fundido com hidróxido de sódio, forma o estanato de sódio (Na 2SnO3).
Outra reação interessante é a do cloreto estânico (SnCl4) com o ácido clorídrico,
formando-se o ácido cloroestânico:

SnCl4 + 2 HCl     H2SnCl6

          UTILIZAÇÃO:  O estanho é empregado no revestimento de outros metais, em particular


o ferro (o ferro estanhado é comumente chamado folha-de-flandres), por via eletrolítica
ou por imersão no estanho fundido. No entanto, a maior parte do estanho é consumida na
formação de ligas com outros metais. Dentre as ligas importantes do estanho estão as
soldas e o bronze.

CHUMBO ( Pb )
         HISTÓRICO:  Embora tenha sido conhecido e utilizado desde épocas remotas, o chumbo
só encontrou seu verdadeiro campo no final do século XIX.

            OCORRÊNCIA NATURAL:  O


chumbo é raramente encontrado no estado elementar, mas
forma diversos minerais, dentre os quais apenas a galena (PbS) e a cerusita (PbCO 3) se
prestam à extração do metal. Os principais produtores de chumbo são a Austrália e os
países da ex-URSS.

  O chumbo apresenta valência +2 na maioria dos


            PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:
compostos, embora possa aparecer também com a valência +4. O metal é muito denso (11,3
g/cm3) e funde-se a uma temperatura relativamente baixa para um metal (327o C). Possui
quatro isótopos estáveis, de números atômicos 204, 206, 207 e 208, sendo este último, o
mais abundante.

          O chumbo e a maioria de seus compostos são muito venenosos, e o metal acumula-se
no sistema nervoso central, podendo causar, com o tempo, uma intoxicação
chamada saturnismo.

            UTILIZAÇÃO:  De
caráter fortemente metálico, o chumbo combina-se facilmente com o
oxigênio, formando óxidos, dos quais o Pb3O4 é muito importante, chamado zarcão, usado
como base na pintura de outros metais, para evitar a corrosão destes. Também o
PbO2 encontra aplicação como cátodo nas baterias de chumbo.

          Entre os compostos orgânicos do metal, são importantes o chumbo-tetraetila


Pb(C2H5)4 e o chumbo-tetrametila Pb(CH3)4, adicionados comumente à gasolina como
antidetonantes, embora hoje em dia tem-se procurado substitutos para estes compostos,
devido à liberação de gases tóxicos durante a queima do combustível.

          O chumbo é ainda usado em tubulações, em revestimentos protetores contra


radiações X e na fabricação de cargas para cartuchos de caça.

<< Voltar

Química 2000 - Wagner Xavier Rocha, 1999


GRUPO VA - Família do Nitrogênio

Nitrogênio, Fósforo, Arsênio, Antimônio, Bismuto

            1- Configuração eletrônica e estados de oxidação

         
  Todos os elementos desse grupo apresentam cinco elétrons na camada mais externa
e o estado de oxidação máxima é +5, quando utilizam todos os elétrons para fazer ligações.
O efeito do par inerte cresce com o aumento da massa atômica. Assim, geralmente só os
elétrons p são utilizados, resultando uma valência 3.

            2- Tipos de ligações e energia de ionização

          A maioria dos compostos formados pelos elementos do grupo VA é covalente. A


remoção dos cinco elétrons da camada de valência implica numa energia de ionização muito
elevada, de modo que não se formam íons M 5+. Contudo, os elementos maiores do grupo (Sb
e Bi) podem ser transformados em íons M3+, perdendo três de seus elétrons externos.

          Somente o nitrogênio existe sob a forma de molécula diatômica, porque os demais
átomos do grupo são grandes e seus tamanhos dificultam o estabelecimento de duas
ligações pi (M   M). Nos hidretos destes elementos a energia de ligação e a estabilidade
decrescem de cima para baixo no grupo. Assim, a arsina (AsH3), a estibina (SbH3) e a
bismutina (BiH3) só são obtidas em pequenas quantidades. Nestes hidretos, os ângulos de
ligação se tornam menores, à medida que se desce no grupo. Veja:

          Isso ocorre provavelmente devido ao tamanho crescente dos átomos centrais,
fazendo com que o orbital p, com dois elétrons, seja mais difuso e se aproxime da forma
esférica, "comprimindo" as ligações. Tanto a arsina quanto a estibina são gases tóxicos.

NITROGÊNIO ( N )
            HISTÓRICO:  O nitrogênio foi descoberto em 1722, por Priestley.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O nitrogênio gasoso constitui cerca de 78% do ar atmosférico
da Terra e forma vários sais solúveis presentes no solo, que são utilizados pelas plantas.

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O nitrogênio exige uma grande variedade de estados
de oxidação, que pode ser verificado pelos seguintes exemplos: -3 na amônia (NH 3), -2 na
hidrazina (N2H4), -1 na hidroxilamina (NH2OH), 0 no nitrogênio molecular (N2), +1 no óxido
nitroso (N2O), +2 no óxido nítrico (NO), +3 no ácido nitroso (HNO2), +4 no dióxido de
nitrogênio (NO2) e +5 no ácido nítrico (HNO3). Passando uma faísca elétrica através do
N2 gasoso a baixas pressões, pode-se obter o nitrogênio ativo. Essa forma de nitrogênio
atômico reage com diversos elementos, rompendo muitas moléculas normalmente estáveis.

          O composto de nitrogênio de maior importância é a amônia, cujo ponto de ebulição é


maior do que se deveria esperar, devido à formação de pontes de hidrogênio no estado
líquido. O caráter fortemente básico da amônia faz dela um excelente doador de elétrons.
Assim, ela forma sais de amônio [NH4]+ e também compostos de coordenação com íons
metálicos, como por exemplo o [Co(NH3)6]3+. A hidrazina (N2H4) é um líquido fumegante
quando exposto ao ar, de cheiro semelhante ao da amônia. Alguns de seus derivados são
utilizados como combustíveis para foguetes e ônibus espaciais. A hidrazina é obtida pelas
seguintes reações:

   NH3 + NaOCl     NH2Cl + NaOH     (lenta)


2 NH3 + NH2Cl     N2H4 + NH4Cl      (rápida)            

         
  UTILIZAÇÃO: O nitrogênio puro é obtido industrialmente pela destilação fracionada do
ar resfriado. O nitrogênio líquido (-180o C) é muito utilizado na conservação de embriões,
sêmen e outros materiais, além de encontrar emprego na medicina, como antisséptico e
para retirada de verrugas na pele. Os nitratos são empregados como fertilizantes agrícolas
e na fabricação de explosivos e o nitrito é usado em testes laboratoriais. Junto com o ácido
clorídrico, o ácido nítrico (na proporção 3:1) forma a água-régia - único solvente capaz de
dissolver o ouro e outros metais nobres, mais resistentes a ácidos.

FÓSFORO ( P )
            HISTÓRICO:  O fósforo foi isolado pela primeira vez em 1669, pelo alquimista Brand.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O fósforo é muito difundido na crosta terrestre (cerca de 12%
de sua composição), sendo encontrado em mais de 250 minerais. O mineral de fósforo mais
importante é a apatita, a qual pode se apresentar de três maneiras, de estruturas
semelhantes, sendo que as três podem se apresentar mescladas na mesma rocha:

 Fluorapatita: 3 Ca3(PO4)2 . CaF2
 Cloroapatita: 3 Ca3(PO4)2 . CaCl2
 Hidroxiapatita: 3 Ca3(PO4)2 . Ca(OH)2

          Existe também um mineral formado apenas por carbonatos e fosfatos de cálcio,
chamado fosforita. A extração do fósforo pode ser feita pelo aquecimento das fosforitas
em forno elétrico, a temperaturas próximas a 1000o C, com areia e carbono. O fósforo é
ainda um importante constituinte dos ossos e dentes dos animais.

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O fósforo existe sob três formas alotrópicas: O
fósforo amarelo é uma variedade venenosa e instável, que oxida-se espontaneamente a
temperaturas próximas de 40o C, gerando uma intensa luminosidade e liberando grande
quantidade de calor (a combustão produz o pentóxido de fósforo - P 2O5). Por isso ele deve
ser conservado imerso em água. Suas moléculas são formadas por quatro átomos de
fósforo, formando um tetraedro.

          Aquecendo-se o fósforo amarelo a temperaturas entre 250-300o C por cerca de


duas horas, obtém-se o fósforo vermelho, uma variedade estável e não-venenosa, formada
por dois tetraedros de átomos de fósforo ligados um ao outro (dimerização do fósforo
amarelo).Aquecendo o fósforo amarelo a cerca de 200o C, porém, a alta pressão, forma-se a
terceira variedade - o fósforo negro. Trata-se de uma forma polímera, constituída de
várias moléculas tetraédricas unidas entre si, formando longas cadeias. É uma substância
cinza-escura e de densidade maior do que as outras formas alotrópicas.

          O fósforo amarelo apresenta uma afinidade muito grande pelos demais elementos,
podendo formar com eles numerosos compostos. Sendo um redutor bastante enérgico,
transforma o ácido sulfúrico, a quente, em SO2. A mais de 600o C o fósforo decompõe a
água, formando ácido fosfórico e liberando hidrogênio:

P4 + 16 H2O    4 H3PO4 + 10 H2

          Com o oxigênio, o fósforo forma vários óxidos de caráter ácido: P 2O3 (P com valênica
+3), P2O5 (P com valênica +5), P2O4 (P com valênicas +3 e +5). Dos três, o pentóxido é o óxido
mais ávido por água, e constitui um dos melhores agentes desidratantes disponíveis no
laboratório e na indústria.

          O fósforo reage com halogênios, produzindo haletos, dentre quais os mais
importantes são os cloretos (PCl3 e PCl5). O PCl3 é obtido pela síntese direta do fósforto
com o halogênio. Fazendo-se borbulhar o cloro através do tricloreto, que é líquido à
temperatura ambiente, obtém-se o pentacloreto. O fósforo também forma o hidreto
PH3 (fosfina), mas o PH5 não existe porque o hidrogênio não possui orbitais d para distorcer
a nuvem eletrônica do fósforo e hibridizá-lo.

         
  UTILIZAÇÃO:  O ácido fosfórico é empregado na produção de fosfatos que são
utilizados como fertilizantes. Os fosfatos de sódio e potássio são ainda usado como
aditivos em detergentes. Os cloretos de fósforo (PCl 3 e PCl5) são muito utilizados em várias
sínteses orgânicas, como agente clorador.

ARSÊNIO ( As )

            HISTÓRICO:  O arsênio foi isolado no século XIII, por Roger Bacon.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  Em quantidades reduzidas (aprox. 0,00005%), o arsênio está
presente na matéria orgânica e em quase todos os sulfetos metálicos, e encontra-se ainda
dissolvido nas águas naturais. Raramente ocorre sob a forma elementar, e seus principais
minerais são:

 Ouro-pigmentado: As2S3
 Realgar: AsS
 Arsenopirita: FeAsS
 Arsenolita: As2O3

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Analogamente ao fósforo, o arsênio existe sob três
formas alotrópicas. A única estável à temperatura ambiente é uma substância cristalina de
cor cinza-escuro, de brilho metálico. As duas outras formas, instáveis, são o arsênio
amarelo e o arsênio negro. A primeira, obtida pelo resfriamento rápido de vapores de
arsênio, cristaliza-se no sistema cúbico e é constituída de moléculas tetratômicas. Além
disso é volátil e solúvel em solventes apolares. Já o arsênio negro é amorfo, resultando da
decomposição térmica do hidreto de arsênio AsH3 (arsina).
            A arsina pode ser obtida pela seguinte reação:

As2O3 + 6 Zn + 6 H2SO4    2 AsH3 + 6 ZnSO4 + 3 H2O

         
  Substituindo-se os hidrogênios da arsina por radicais orgânicos pode-se obter
derivados orgânicos do arsênio.

         
  A altas temperaturas o arsênio combina-se com muitos elementos, especialmente
alguns metais, com os quais forma ligas extremamente duras. Entre os halogenetos mais
conhecidos está o AsCl3, um líquido oleoso e incolor, muito venenoso e instável na presença
de ar. Fazendo passar uma corrente de gás sulfídrico (H2S) através de uma solução de
ácido arsênico (H3AsO4), forma-se um precipitado amarelo - o pentassulfeto (As 2S5) - que
se dissolve em presença de íons sulfeto.

         
  UTILIZAÇÃO:  Muitos compostos de arsênio são poderosos agentes venenosos,
decorrendo daí sua aplicação como inseticidas e raticidas. Para isto são usados
principalmente o anidrido arsenioso e os arseniatos de chumbo e cálcio. No caso de
envenenamento humano por arsênio, o Ca(OH)2, o MgSO4 e o Fe(OH)3 são antídotos
convenientes, pois todos eles provocam a formação de compostos insolúveis de arsênio,
impedindo, dessa forma, sua ação.

         
  Alguns compostos aromáticos de arsênio são empregados como medicamentos. Entre
eles o para-amino-fenil-arsenato de sódio, conhecido como Atonil, e o 3,3-diamiino-4,4-
diidróxi-arsenobenzeno, chamado Salvarsan. É empregado no tratamento de algumas
formas de malária e também no combate à sífilis.

ANTIMÔNIO ( Sb )

            HISTÓRICO:  O antimônio foi descoberto em 1450, pelo alemão Thölde.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se sempre associado a outros elementos, sendo
praticamente constante a presença de enxofre. Seu mineral mais importante - a antimonita
(Sb2S3) - representa a combinação mais simples. Na pirargirita e na estefanita existe, além
do enxofre, a prata. Quando o grupo SbS se liga ao cobre ou ao chumbo, os minerais são
chamados respectivamente tetraedrita e boulangerita. No entanto, de todos esses minerais
apenas a antimonita é usada como fonte de obtenção do semimetal, pois é o mais rico em
antimônio e também o mais difundido. Suas principais jazidas estão na China, Japão, Bolívia,
México, Peru e Iugoslávia.
         
  A extração do antimônio a partir da antimonita recorre a técnicas diversas. Uma
delas consiste em ustular o sulfeto, reduzindo, em seguida o óxido formado (como redutor
usa-se, geralmente, o carbono):

2 Sb2S3 + 9 O2     2 Sb2O3 + 6 SO2


2 Sb2O3 + 3 C     4 Sb + 3 CO2

         
  Entretanto, o antimônio assim obtido é bastante impuro. Através de sucessivas
refinações eletrolíticas pode-se obtê-lo com elevado grau de pureza (99,9%).

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O antimônio é um sólido acinzentado que apresenta
dificuldades na transmissão de calor e oferece grande resistência à passagem de corrente
elétrica. Além dessa forma aparentemente metálica, o antimônio ocorre sob outra forma
alotrópica: o antimônio amarelo, estável a -90o C e que, a -40o C, dá origem ao antimônio
negro (uma terceira forma alotrópica).Existe ainda o estado chamado antimônio explosivo,
obtido por eletrólise do tricloreto (SbCl3). Trata-se de uma variedade instável que, ao ser
aquecida, explode e se converte na forma cinzenta comum.

         
  Os estados de oxidação do antimônio são +5, +3 e -3. O estado -3 é o menos estável.
Um exemplo conhecido é o hidreto (SbH3), conhecido como estibina- um gás venenoso e
altamente instável: sob leve aquecimento decompões-se em hidrogênio e antimônio. O óxido
de antimônio III (Sb2O3) é um óxido anfótero, que se dissolve em ácidos, produzindo
+
cátions Sb(OH)2+ ou SbO  e na presença de bases, dá origem a ânions SbO  - ou Sb(OH)4-.

         
  O óxido de antimônio V (Sb2O5) é atacado por ácido nítrico concentrado em excesso,
produzindo o ácido antimônico (HSbO3 . 3 H2O). Existe ainda um óxido em que o antimônio
é aparentemente tetravalente - o Sb2O4. No entanto, trata-se de um composto em que um
dos átomos de Sb é trivalente e o outro pentavalente.

         
  UTILIZAÇÃO:  Apenas o antimônio cinza é aproveitado industrialmente, principalmente
na preparação de ligas. É usado também na preparação de vernizes, cerâmica e esmaltes.

BISMUTO ( Bi )

            HISTÓRICO:  O bismuto foi descoberto em 1753, por Georgius Agricola.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  Na natureza, o bismuto ocorre no estado livre. Geralmente,
porém, é encontrado sob a forma de compostos em alguns minerais. Destes, os mais
importantes são:
 Bismutina ou Bismutinita: Bi2S3
 Bismita ou Bismutocre: Bi2O3
 Bismutita: Bi2CO3(OH)4
 Telurobismutita: Bi2Te3
 Tetradimita: Bi2Te2S

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O estado de oxidação característico do bismuto é +3.
À temperaturas elevadas forma com o oxigênio o óxido de bismuto (Bi 2O3). Trata-se de um
óxido básico de coloração amarelo-escura, insolúvel em água. Reagindo-se esse óxido com o
ácido clorídrico obtém-se o cloreto de bismuto (BiCl3), um sal volátil e solúvel em água.
Dissolvendo-se o bismuto em ácido nítrico, forma-se o nitrato, que com um excesso de
água, precipita-se sob a forma de um sal básico, o Bi(OH)2NO3. O processo é reversível: um
excesso de ácido nítrico redissolve o precipitado, conduzindo-o à forma de nitrato
novamente.

         
  UTILIZAÇÃO:  O bismuto é utilizado na preparação de ligas de baixo ponto de fusão,
usadas na fabricação de fusíveis protetores de fusíveis protetores de circuitos elétricos.
Também usa-se o bismuto no endurecimento de placas de chumbo dos acumuladores, mas a
maior parte do elemento é utilizada pela indústria farmacêutica, que explora seu poder
adstringente e suas propriedades anti-sifilíticas. No entanto, deve-se administrá-lo em
quantidades controladas; caso contrário, resultaria em envenenamento. Outros compostos
de bismuto são usados no tratamento da úlcera gástrica, da artrite e ainda como
cicatrizante.

<< Voltar

Química 2000 - Wagner Xavier Rocha, 1999

GRUPO VIA - Calcogênios

Oxigênio, Enxofre, Selênio, Telúrio, Polônio


            1- Configuração eletrônica e tipos de ligações

          Todos os elementos desse grupo apresentam configuração eletrônica terminada em


s2p4. O oxigênio difere dos demais elementos do grupo por ser muito eletronegativo e,
portanto, o mais iônico em seus compostos. O oxigênio pode utilizar orbitais p para formar
duplas ligações fortes. Os outros elementos também formam ligações duplas, mas estas se
tornam mais fracas à medida que aumenta o número atômico.

OXIGÊNIO ( O )

            HISTÓRICO:  O oxigênio foi descoberto em 1714 por Priestley.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O oxigênio molecular está presente na atmosfera, constituindo


cerca de 22% desta. Também encontra-se combinado com o hidrogênio, formando a água
doas mares, rios e oceanos, além de constituir (a água) cerca de 2/3 do peso do corpo
humano.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O oxigênio tem um papel fundamental na manutenção


da vida no planeta, pois dele os seres vivos necessitam para a respiração. As plantas,
mediante o processo da fotossíntese, retiram da atmosfera o CO 2, que combina-se com a
água, segundo uma reação que pode ser assim simplificada:

CO2 + H2O     H2CO + O2

          O aldeído fórmico (H2CO), através de reações mais complexas, origina carboidratos,
aminoácidos e outras substâncias essenciais à matéria viva. Simultaneamente, ocorre a
liberação de oxigênio gasoso, que retorna à atmosfera e é absorvido pelos seres vivos para
a respiração. Neste processo, os seres vivos obtêm a energia que precisam e produz-se
CO2, que então retorna restitui a atmosfera, fechando o ciclo. Pequenas quantidades de
oxigênio para experiências em laboratório podem ser conseguidas pela eletrólise da água ou
pelo aquecimento de substâncias ricas em oxigênio, como o clorato e o permanganato de
potássio:
KClO3     KCl + 3/2 O2
2 KMnO4     K2O + 2 MnO2 + 3/2 O2

          Em estado sólido, líquido ou gasoso, o oxigênio exibe uma coloração levemente
azulada. Por ação da luz ultravioleta, o oxigênio diatômico origina uma forma alotrópica
formada por três átomos de oxigênio: o ozônio (O3). Graças a esta propriedade, o oxigênio
protege a vida na superfície terrestre de grande parte das radiações solares, nocivas aos
seres vivos.

          Muitas substâncias se combinam com o oxigênio, nas reações de combustão, que
desenvolvem grande quantidade de calor, formando a chama. Quando a combustão se dá
com oxigênio puro, a chama é sempre muito viva; já com o oxigênio do ar, é mais lenta e
menos ostensiva, por causa da baixa concentração desse gás em relação ao nitrogênio. Com
os ametais, o oxigênio forma óxidos ácidos, e com os metais, óxidos básicos.

         
  UTILIZAÇÃO:  O oxigênio puro, que ferve a -183o C, é obtido juntamente com o
nitrogênio, na destilação fracionada do ar líquido. Na indústria do aço o oxigênio é insuflado
nos conversores, através do ferro gusa, para queimar o carbono contido neste. Também é
usado no corte de chapas metálica, alimentando a combustão do acetileno em cilindros
especiais.

ENXOFRE ( S )

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O enxofre encontra-se na natureza sob a forma de inúmeros
sulfetos, sulfatos e no estado livre ou nativo. Na vizinhança dos vulcões existem grandes
quantidades deste último. Isso porque os gases emanados contendo enxofre, ao sofrerem
brusco resfriamento e diminuição de pressão, decompõem-se parcialmente, liberando o
enxofre elementar. Uma grande quantidade de enxofre é também encontrada no carvão,
chegando a constituir cerca de 2% do peso do carvão e prejudicando a utilização deste
como combustível. As maiores jazidas de enxofre nativo encontram-se nos EUA (maior
produtor mundial), Chile, México, Finlândia, Itália e Japão.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: A forma cristalina estável do enxofre é ortorrômbica,


         
mas quando aquecidos a cerca de 95,6o C, os cristais de enxofre são transformados em
outra forma alotrópica, o enxofre monoclínico. Diminuindo-se novamente a temperatura, os
cristais retornam à forma rômbica. Essa transformação é bem lenta. Por isso, quando se
aquece rapidamente o enxofre rômbico acima do seu ponto de fusão (119 o C), tem-se a
passagem direta ao estado líquido. Esse líquido vai se tornando progressivamente mais
viscoso, com o aquecimento, e em seguida diminui, quando sofre mudança de cor.  No estado
sólido o enxofre apresentam intensa coloração amarela e é ótimo isolante de eletricidade,
sendo, por isso, usado em experiências eletrostáticas.

         
  No estado sólido normal, o enxofre é formado por anéis octatômicos. Com o
aquecimento os anéis abrem-se e formam longas cadeias (aumento da viscosidade).
Continuando o aquecimento, as cadeias quebram-se, diminuindo a viscosidade. O
resfriamento súbito do líquido conduz a uma forma elástica, chamada enxofre plástico. Os
vapores de enxofre são formados também por moléculas octatômicas, mas quando a
temperatura ultrapassa 860o C, passam a ser constituídos por moléculas diatômicas (S2). A
temperaturas ainda mais elevadas essas moléculas dissociam-se em átomos. Nas soluções
com solventes orgânicos as moléculas também são diatômicas.

         
  Quando queima em atmosfera de oxigênio, o enxofre pode formar vários óxidos,
dependendo da disponibilidade do oxigênio: SO (monóxido), S 2O3(sesquióxido),
SO2 (dióxido), SO3 (trióxido).

         
  UTILIZAÇÃO:  O ácido sulfúrico é largamente usado na indústria de tecidos, em
baterias de automóveis, como catalisador em sínteses orgânicas etc. Os sais contendo
enxofre são muito importantes, e dentre eles destacam-se alguns:

 K2SO2 (hipossulfito) - estampagem de tecidos


 K2S2O3 (tiossulfato) - fixador em fotografias
 K2S2O4 (hidrossulfato) - estampagem de tecidos
 K2SO3 (sulfito) - conservação de alimentos e branqueamento de celulose da
madeira, lã e seda
 K2SO4 (sulfato) - fertilizante e explosivos

SELÊNIO ( Se )

            HISTÓRICO:  O selênio foi descoberto em 1817 por Berzelius.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se muito difundido pela crosta terrestre, quase
sempre sob a forma de selenetos, geralmente acompanhando sulfetos nos seguintes
minerais:
 Berzelianita: Cu4Se
 Tiemanita: HgSe
 Naumanita: Ag2Se           

         
  Os principais produtores de selênio são os EUA e o Canadá, seguidos pelo Japão,
Suécia e Zâmbia. O selênio livre é encontrado nos resíduos de combustão das piritas,
quando se prepara o ácido sulfúrico.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Oxidando o selênio com ácido nítrico, ele se


         
transforma em ácido selênico (H2SeO4). Este, por sua vez, se tratado com HCl, reduz-se a
ácido selenoso. Uma última redução com SO2 faz precipitar o selênio metálico. No ar,
queima com chama vermelho-azulada, produzindo SeO2, de cheiro muito desagradável.

         
  O selênio encontra-se sob diversas formas alotrópicas, podendo ser amorfo,
monoclínico vermelho (em duas formas, alfa e beta) e hexagonal cinza (a mais estável à
temperatura ambiente). No estado amorfo é mau condutor de eletricidade, enquanto no
cristalino a condutividde é tanto maior quanto mais ele estiver iluminado, ou seja, é
fotocondutor.

             UTILIZAÇÃO:  Devido
à sua propriedade fotocondutora no estado cristalino, é usado
em fotocélulas. Os retificadores (conversores de corrente alternada para corrente
contínua) servem-se de uma propriedade especial do selênio: a semi-condutividade, que lhe
permite conduzir a corrente elétrica em sentido único. Por isso é bastante difundido na
indústria de transistores. O selênio é usado também na indústria do vidro, em pequenas
quantidades, para encobrir a natural coloração verde dada pelas impurezas do ferro.

TELÚRIO ( Te )

            HISTÓRICO:  O telúrio foi descoberto em 1789, por M. H. Klaproth.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  No estado livre, o telúrio é raramente encontrado, a não ser no
Colorado e na Bolívia. Mais frequentemente encontra-se misturado ao enxofre. Sua
ocorrência mais comum é sob a forma de telureto, cujas maiores fontes estão nos EUA,
Canadá, México, América do Sul, Zâmbia, Suécia, Europa central e Rússia. Seus minerais
mais importantes são:

 Tetradimita: BiTe2S
 Hessita: Ag2Te
 Calaverita: AuTe2
 Altaíta: PbTe
 Silvanita: AgAuTe2

         
  EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO:  Para preparar o telúrio, dissolvem-se os sulfetos que o contém
em ácido clorídrico e trata-se a solução com SO 2. Assim, se precipita o telúrio metálico,
sob a forma de um pó negro.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Quando aquecido, resultam vapores amarelos de Te2,


         
muito venenosos. Dissolvendo-se o telúrio em ácido nítrico, obtém-se o ácido teluroso
(H2TeO2), que, oxidado com ácido crômico, transforma-se em ácido telúrico (H 6TeO6).         

POLÔNIO ( Po )

            HISTÓRICO:  O polônio foi descoberto em 1898 pelo casal Pièrre e Marie Curie.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O polônio é um elemento radioativo cujo núcleo, instável, se
transforma em chumbo, pela emissão partículas alfa. A baixas temperaturas tem estrutura
cúbica e a altas temperaturas assume uma forma romboédrica.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Os compostos de polônio têm pouca importância, uma


         
vez que só podem ser preparados em quantidades mínimas. Dentre os principais estão os
halogenetos e os óxidos.

         
  UTILIZAÇÃO:  Comercialmente, apresenta-se como uma fina película sobre um disco de
aço inoxidável (como na fotografia acima), forma em que é vendido como fonte de
partículas alfa para uso científico.

<< Voltar

GRUPO VIIA - Halogênios

Flúor, Cloro, Bromo, Iodo, Astato


            1- Estados de oxidação e tipos de ligações

          A maioria dos compostos formados pelos halogênios com metais são iônicos. Contudo,
alguns haletos como BeCl2 e AlCl3 são covalentes. Os halogênios apresentam configuração
eletrônica terminada em ns2 np5 e existem sob a forma de moléculas diatômicas. Cl, Br e I
podem apresentar valências elevadas, com números de oxidação +3, +5 e +7, pois têm
orbitais d disponíveis, o que não acontece com o flúor, cuja valência é sempre -1. Nas
moléculas Cl2, Br2 e I2 as ligações são mais fortes do que no F2, devido à hibridação de
orbitais p e d.

            2- Energia de ionização e afinidade eletrônica

          Os valores para a energia de ionização dos halogênios diminui de cima para baixo, à
medida que os elementos aumentam de tamanho. A energia de ionização do flúor é
consideravelmente maior que a dos outros elementos do grupo, por causa da repulsão entre
seus pares eletrônicos não ligantes em consequência do seu pequeno tamanho. Essa repulsão
é, em grande parte, responsável pela grande reatividade do flúor.

          A afinidade eletrônica diminui com o aumento do tamanho do elemento (de cima para
baixo). No entanto, do flúor para o cloro ocorre o contrário, ou seja, a afinidade eletrônica
do flúor é menor que a do cloro. Isso porque o flúor, devido ao seu pequeno tamanho, tem
dificuldade em acomodar o elétron recebido.

          4- Pontos de fusão e Pontos de ebulição

          À medida que aumenta o tamanho do elemento, descendo no grupo, as nuvens


eletrônicas tornam-se maiores e mais facilmente polarizáveis. Consequentemente,
aumentam as forças intermoleculares de Van der Waals e as moléculas são mais
fortemente unidas, aumentando o seu ponto de fusão e de ebulição e diminuindo a sua
volatilidade. À temperatura de 25o C o flúor e o cloro são gases, o bromo é líquido e o iodo é
sólido (à pressão atmosférica normal o iodo sublima-se).

FLÚOR ( F )
         
  HISTÓRICO:  O flúor foi descoberto em 1771 por Scheele, mas sua existência só foi
confirmada em 1801.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O mineral mais característico do flúor é a fluorita (CaF2), mas
ele ainda integra outros minerais como criolita (3 NaF . AlF3) e as apatitas. Além disso está
presente, em pequenas quantidades, na água do mar e nos ossos, unhas e dentes dos
animais.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O flúor é obtido geralmente pela eletrólise do ácido


         
fluorídrico (HF) dissolvido numa solução concentrada de fluoreto de potássio. O gás obtido
é venenoso, de coloração levemente amarelo-esverdeada e cheiro irritante, sendo
conservado em cilindros sob pressão. Sua utilização exige cuidado: um jato de flúor sob
pressão inflama instantaneamente a matéria orgânica, muitos metais e diversas outras
substâncias.

          O flúor é o mais reativo de todos os elementos químicos conhecidos, combinando-se


até mesmo com o carbono finamente dividido. Com o hidrogênio forma o ácido fluorídrico,
numa reação tão exotérmica que esses dois gases podem ser utilizados como combustível-
propulsor para mísseis potentes. O HF quando puro e seco não ataca o vidro, mas o ácido
fluorídrico deve ser acondicionado em tubos de plástico, pois consegue corroer o vidro. A
afinidade do flúor pelo hidrogênio é tão grande que ele consegue decompor a água para se
unir a ele, formando o HF. Possui ainda a propriedade de deslocar o oxigênio dos óxidos,
formando fluoretos. O flúor pode substituir também o oxigênio de ácidos, formando
fluorácidos, como o H2SiF6, análogo ao oxiácido H2SiO3.

         
  UTILIZAÇÃO:  O ácido fluorídrico é empregado na fabricação de vidros despolidos e o
flúor elementar é adicionado em pequenas quantidades em dentifrícios e na água dos
reservatórios urbanos, pois ajudam a prevenir as cáries dentárias. Em certos aparelhos de
alta tensão é usado o hexafluoreto de enxofre, sob forte pressão, que serve como isolante.
O gás freon (CCl2F2) é empregado nos aparelhos de refrigeração e em aerosóis.

CLORO ( Cl )
         
  HISTÓRICO:  O cloro foi descoberto em 1774 por Scheele, e confirmado em 1810 por
Davy.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  Assim como o flúor, o cloro também não é encontrado livre na
natureza, mas sob a forma de diversos minerais, especialmente o NaCl, presente na água do
mar, a silvita (KCl) e a carnalita (KCl . MgCl2 . 6 H2O).

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Muitas propriedades do cloro assemelham-se às do


         
flúor. O cloro gasoso pode ser obtido pela eletrólise de uma solução de ácido clorídrico
(HCl) ou de cloreto de sódio. O cloro é um gás amarelo-esverdeado, muito denso, que passa
facilmente ao estado líquido. É também bastante venenoso e de cheiro forte. O cloro
dissolvido em água é capaz de atacar o ouro, formando o cloreto correspondente, e pode
decompor a água. Os oxiácidos do cloro são muito importantes:

HClO - ácido hipocloroso


HClO2 - ácido cloroso
HClO3 - ácido clórico
HClO4 - ácido perclórico

             UTILIZAÇÃO:  O
gás freon (CCl2F2) é empregado nos aparelhos de refrigeração e em
aerosóis e o cloro gasoso é usado como desinfetante e descorante. O composto de cloro
mais importante é, sem dúvida, o ácido clorídrico, obtido pela síntese direta dos elementos
em presença de luz. Sua solução é conhecida comercialmente como "ácido muriático", muito
usado para limpar e branquear pedras nas casas. O clorato de sódio (NaClO 3) é usado como
agente exterminador de ervas daninhas, enquanto o de potássio encontra aplicação como
oxidante na fabricação de fósforos. O hipoclorito de sódio (NaClO) é usado como
branqueador na indústria do papel e como desinfetante, devido à sua propriedade de
liberar cloro gasoso quando em solução aquosa.

BROMO ( Br )
            HISTÓRICO:  O bromo foi descoberto em 1826 pelo químico francês Ballard.

            OCORRÊNCIA NATURAL:  

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O bromo é o único elemento não-metálico que, nas


         
condições usuais, apresenta-se no estado líquido. Muito denso e pouco viscoso, de cor
vermelho-escuro, evapora com muita facilidade à temperatura ambiente, produzindo
vapores com a mesma coloração e também muito densos. Possui odor semelhante ao do cloro
e é irritante para os olhos e a garganta. O bromo tem facilidade para se dissolver em
solventes orgânicos, o que permite extraí-lo de soluções aquosas.

          UTILIZAÇÃO:  Tecnicamente, o principal emprego do bromo é na indústria fotográfica,


como brometo de prata (AgBr), substância usada como reveladora, por sua propriedade de
escurecer as emulsões fotográficas. O KBr é usado no tratamento de epilepsia e como anti-
convulsivo. Além disso, o bromo é usado em várias sínteses orgânicas e o brometo de vinila
é usado como antidetonante na gasolina.

IODO ( I )

         
  HISTÓRICO:  O iodo foi descoberto em 1811 por um produtor de sal-gema, chamado
Courtois.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O iodo encontra-se em quantidades muito pequenas na natureza,
sendo encontrado principalmente na água do mar. Está presente também na tireoxina,
hormônio produzido na glândula tireóide humana, e a ausência desse elemento causa o bócio
("papo inchado"). Para remediar essa falta é obrigatório a adição de iodo no sal de cozinha.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O iodo, à temperatura de 25o C, apresenta-se como um


         
sólido na forma de cristais escuros, dispostos em lâminas quase negras e dotadas de um
brilho metálico. Muito volátil, forma vapores irritantes de coloração azul-violeta, muito
bonita. O iodo sublima-se com grande facilidade e é o menos reativo de todos os elementos
do grupo VIIA.

         
  O iodo é muito solúvel em solventes orgânicos e pouco solúvel em água. No entanto, a
mínima quantidade de 0,015% de iodo em água, a 22o C, já é o suficiente para produzir uma
coloração amarelada. O iodo pode formar, em soluções de certos solventes orgânicos, íons
-
positivos e negativos:  I2     I+ + I . Isso é possível porque o iodo é um átomo muito
grande e de baixa energia de ionização. Também por ser grande, o iodo é facilmente
substituído quando combinado com radicais orgânicos. Sua nuvem eletrônica é muito grande
e facilmente polarizável, podendo ser retirado para a entrada de outros grupos na molécula
(veja aqui um exemplo).

         
  UTILIZAÇÃO:  A tintura de iodo (solução de iodo em álcool) é usada como medicamento
externo, por suas propriedades bactericidas. O iodo é usado para revelar a presença de
amido nas substâncias orgânicas ou nos tecidos biológicos: o iodo colore o amido de azul-
escuro.

ASTATO ( At )

         
  HISTÓRICO:  O astato (ou astatínio) foi descoberto em 1940. Sua detecção foi
registrada no caderno de notas (acima) pelo físico americano D. R. Coroson, Mackenzie e
Segrè.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O astato 211 (o mais estável de seus isótopos) é obtido pelo
bombardeamento de átomos de bismuto 209 com núcleos de hélio. É radioativo e seu
período de meia-vida atinge um máximo de 8 horas e meia.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Pouco se sabe sobre esse elemento, mas parece


         
assemelhar-se bastante ao iodo.
GRUPO VIIIA - Gases nobres

Hélio, Neônio, Argônio, Criptônio, Xenônio, Radônio

            1- Configuração eletrônica e comportamento químico

         
  Todos os elementos desse grupo possuem uma particularidade que lhes confere uma
excepcional estabilidade química: a última camada completa com oito elétrons (exceto o
hélio, com 2 elétrons) - ns2 np6. Por isso, estes gases são praticamente inertes e se
encontram naturalmente sob a forma de átomos isolados, sem se combinarem entre si
formando moléculas. Não se pode dizer que são totalmente inertes porque, em condições
especiais de temperatura e pressão e em presença de certos catalisadores, consegue-se
alguns compostos, especialmente do xenônio (o exemplo mais comum é o XeF 6, que serve
como doador de íons fluoreto).

HÉLIO ( He )

         
  HISTÓRICO:  Somente por volta do fim do século XIX conseguiu-se isolar uma
apreciável do elemento, extraindo-o de um mineral de urânio.

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O hélio é formado no interior da crosta terrestre, a partir de
átomos mais pesados, como o urânio e o tório, elementos radioativos, que produzem hélio
pelo processo de desintegração nuclear. O átomo de hélio é formado por uma partícula alfa
(dois prótons e dois nêutrons) envolta por dois elétrons. Os átomos de hélio são muito leves
e atingem facilmente a atmosfera, terrestre, tendendo a se perder no espaço. Esse gás
está presente em mínimas quantidades no ar atmosférico, mas é o principal componente de
estrelas como o Sol, onde é produzido pela fusão nuclear de átomos de hidrogênio.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O hélio líquido, abaixo de 4,2 K, tem propriedades


         
similares às de um líquido comum, com uma densidade muito baixa (0,13 g/cm 3). Somente a
altas pressões (cerca de 25 atmosferas) o hélio forma o sólido. No intervalo de
temperatura entre 4,2 K e 2,19 K recebe o nome de hélio I. Abaixo de 2,19 K recebe o
nome de hélio II e mostra estranhas propriedades. Por exemplo, seu calor específico
aumenta 100 vezes e, sob um resfriamento ainda maior, o hélio II dilata-se ao invés de
contrair-se. Se colocado em um recipiente, o hélio II sobe pelas paredes, mesmo não-
capilares. Além disso, possui condutividade térmica cerca de 800 vezes maior que a do
cobre.

         
  UTILIZAÇÃO:  O hélio é utilizado sob a forma gasosa, por ser um gás mais leve que o ar
e não inflamável, para encher aeróstatos e dirigíveis. Também é utilizado em mistura com o
O2 nos balões de oxigênio de mergulhadores. Sob a forma anômala (hélio II) é usado para
detecção de escapamentos em instalações de vácuo, para manter constante a pressão em
reservatórios de foguetes que vão-se esvaziando do comburente e do combustível, e
também para manter em atmosfera inerte superfícies metálicas aquecidas.

NEÔNIO ( Ne )

         
  HISTÓRICO:  O neônio foi isolado em 1898, por William Ramsay, quando procedia à
destilação fracionada do ar.

            OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se em mínimas quantidades no ar atmosférico.

             UTILIZAÇÃO:  A
maior aplicação do neônio está na construção de anúncios luminosos,
pela agradável luz vermelho-alaranjado que emite quando atravessado por uma corrente
elétrica. Em mistura com outros gases, a coloração pode assumir outras tonalidades.
Também utiliza-se o neônio em válvulas estabilizadoras de tensão.

ARGÔNIO ( Ar )
         
  HISTÓRICO:  O argônio foi descoberto em 1875 por Cavendish e isolado por Lord
Rayleigh e William Ramsey, em 1894.

            OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se em mínimas quantidades no ar atmosférico.

             UTILIZAÇÃO:  O
argônio substitui o hélio na solda de metais de difícil obtenção. Serve
também para criar uma atmosfera inerte para a fusão de materiais que, a altas
temperaturas, oxidar-se-iam pelo ar.

CRIPTÔNIO ( Kr )

         
  HISTÓRICO:  O criptônio foi isolado em 1898, por William Ramsay, quando procedia à
destilação fracionada do ar.

            OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se em mínimas quantidades no ar atmosférico.

            UTILIZAÇÃO: Ainda não possui nenhuma aplicação vantajosa.

XENÔNIO ( Xe )

         
  HISTÓRICO:  O xenônio foi isolado em 1898, por William Ramsay, quando procedia à
destilação fracionada do ar. 

            OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se em mínimas quantidades no ar atmosférico.


         
  UTILIZAÇÃO:  O emprego mais importante do xenônio está na fabricação de flashes
eletrônicos, em fotografia. Ao ser atravessado por uma corrente elétrica, esse gás emite
uma luminosidade intensa, adequada para a filmagem e produção de películas
cinematográficas em cores. Também utiliza-se o xenônio em algumas iluminações urbanas,
devido ao seu elevado rendimento (cerca de 5 vezes maior) quando comparados a lâmpadas
de filamentos incandescentes.

RADÔNIO ( Rn )

         
  OCORRÊNCIA NATURAL:  O radônio se forma no decaimento radioativo de minerais de
rádio e de tório. Seu isótopo mais estável é o de massa atômica 222.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O radônio é um elemento radioativo de vida curta, que


         
transforma-se rapidamente em polônio.

         
  UTILIZAÇÃO:  Ainda não possui nenhuma grande aplicação, mas graças às suas
características radioativas, o radônio auxilia no estudo da geologia, servindo para a
determinação da idade das rochas.

<< Voltar
BLOCO D - Elementos de transição

            1- Introdução

         
  O preenchimento dos níveis eletrônicos 3d, 4d e 5d formam tr6es séries de
elementos que, em conjunto, constituem os elementos do bloco d, que são organizados em
grupos numerados de I a VIII B. São conhecidos como elementos de transição porque suas
propriedades são geralmente intermediárias entre os elementos metálicos dos blocos s e os
elementos não metálicos dos blocos p. Nos blocos s e p os elétrons vão sendo adicionados ao
nível eletrônico mais externo do átomo. Já no bloco d, os elétrons vão sendo adicionados ao
penúltimo nível, expandindo-se de 8 até 18 elétrons.

         
  Uma característica marcante dos elementos do bloco d é apresentar um subnível d
apenas parcialmente preenchido, com exceção do Pd, Cu, Ag, Au, Zn, Cd e Hg, que
apresentam um subnível d completo com 10 elétrons. Isso, no entanto, confere aos
compostos destes elementos diferenças em relação aos outros.

            2- Estados de oxidação e caráter metálico

         
  Um aspecto muito importante dos metais de transição é existência de diversos
estados de oxidação dos elementos. Isso porque ocorre a promoção de elétrons de
subníveis s ou p para um subnível d. Nos elementos do bloco d, o penúltimo nível eletrônico
se expande. Assim, eles apresentam muitas propriedades físicas e químicas comuns. Por
exemplo, todos os elementos de transição são metais. Portanto, são bons condutores de
eletricidade e de calor, apresentam brilho metálico e são duros, fortes e dúcteis. Formam
também ligas com outros metais.

            3- Formação de complexos

         
  Os elementos de transição apresentam uma grande tendência em formar compostos
de coordenação com bases de Lewis, isto é, com grupos capazes de doar um par eletrônico.
Esses grupos, que chamaremos de ligantes, podem ser moléculas ou íons. Essa capacidade
excepcional dos elementos do bloco para formarem complexos está relacionada com o fato
de formarem íons pequenos com carga elevada, contendo orbitais vazios de baixa energia,
capazes de receber pares de elétrons dos grupos ligantes.

            4- Tamanho dos átomos e íons


         
  Os raios covalentes dos elementos de transição decrescem da esquerda para a
direita ao longo de uma série, até próximo ao final, quando o raio aumenta ligeiramente. Os
átomos dos elementos de transição são menores que os dos grupos I e II do mesmo período
horizontal. Em parte isso é devido à adição de elétrons em subníveis d, que são maus
protetores do núcleo (efeito do par inerte), e não no nível mais externo. Descendo em um
grupo, o tamanho do átomo aumenta, devido à camadas eletrônicas adicionais. Há
decréscimo gradual de tamanho dos 14 elementos lantanídicos, do cério ao lutécio, por
causa dacontração lantanídica.

            5- Densidade, Ponto de fusão e Ponto de ebulição

         
  Os volumes atômicos dos elementos de transição são baixos quando comparados com
os elementos dos grupos vizinhos (IA e IIA). Isso se deve à fraca proteção da carga
nuclear aumentada, que assim atrai mais fortemente todos os elétrons. Além disso, os
novos elétrons adicionados ocupam orbitais internos. Em consequência, as densidades dos
elementos de transição são elevadas. Praticamente todos têm densidade superior a 5
g/cm3.

         
  Os pontos de fusão e ebulição dos elementos de transição geralmente são muito
elevados. Normalmente eles fundem a temperaturas superiores a 1000 o C. Três exceções
dignas de menção são o Zn, o Cd e o Hg (grupo IB), que fundem a, respectivamente, 420o C,
321o C e -38o C (o mercúrio, portanto, é líquido à temperatura ambiente). Isso ocorre
porque esses três elementos têm os dois últimos subnívis (d e s) completos, e os elétrons d
não participam da ligação metálica; logo, essa ligação é menos eficiente.

            6- Energias de ionização

         
  A facilidade com que se pode remover um elétrons de um átomo de transição, isto é,
sua energia de ionização, é intermediária entre aquelas dos blocos s e p. Os valores para as
primeiras energias de ionização variam num amplo intervalo, de 541 kJ/mol para o lantânio
até 1007 kJ/mol para o mercúrio. Os elementos de transição podem, portanto, formar
ligações iônicas ou covalentes, dependendo das condições. Geralmnete os estados de
oxidação mais baixos favorecem a ligação iônica e os mais altos favorecem a covalência. Os
elementos da primeira série de transição formam um número maior de compostos iônicos do
que os da segunda e terceira séries.

            7- Cor dos compostos

         
  Diversos compostos iônicos e covalentes dos metais de transição são coloridos,
devido à presença de orbitais d para as transições eletrônicas que absorvem radiações na
região visível do espectro. Também podem apresentar cor por causa da existência de
orbitais parcialmente preenchidos, que permitem transições eletrônicas, responsáveis pela
emissão luminosa. Os compostos dos elementos que apresentam todos os orbitais
preenchidos (Zn, Cd e Hg) normalmente não são coloridos.

            8- Outras propriedades

         
  Muitos dos compostos dos elementos de transição são paramagnéticos, isto é, podem
ser atraídos por um campo magnético, pois contêm níveis eletrônicos semipreenchidos. Em
particular, Fe, Co e Ni são ferromagnéticos, isto é, são magnetizados por um ímã - os
átomos se alinham e apontam todos para uma mesma direção.

         
  Vários metais de transição e seus compostos são utilizados em sínteses de outros
compostos devido à sua propriedade catalítica, podendo formar compostos intermediários
instáveis ou fornecer a superfície de contato adequada para a reação. Os metais de
transição estão presentes inclusive em algumas enzimas (proteínas que agem como
catalisadores biológicos) do corpo humano.
Grupo IB - Cobre, Prata, Ouro

COBRE ( Cu )

          HISTÓRICO:  Conhecido cerca de 5000 anos antes da era Cristã, o cobre foi


largamente usado pelo homem neolítico, na fabricação de diversos utensílios.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontrado apenas ocasionalmente em estado nativo, sob a


forma de filamentos cobertos superficialmente por um estrato oxidado, a maioria do cobre
natural apresenta-se sob a forma de compostos. Os principais minerais de cobre são:

 Calcopirita: CuFeS2
 Calcosita: Cu2S
 Covelita: CuS
 Malaquita: Cu2CO3 (OH)2
 Azurita: Cu3(CO3)2 (OH)2
 Turquesa: CuAl6(PO4)4(OH)8 . 5 H2O
 Torbernita: Cu(UO2)2(PO4)2 . 12 H2O

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O cobre geralmente é obtido pela seguinte reação:

Cu2S + 2 Cu2O    6 Cu + SO2

          O cobre possui dois isótopos estáveis, de números atômicos 63 e 65. Atacável pelo
ácido nítrico concentrado a quente ou a frio, o cobre resiste, porém, ao ácido clorídrico. O
ácido sulfúrico consegue atacá-lo, contudo, somente a quente. Depois de certo tempo de
exposição ao ar, o cobre apresenta-se coberto por uma substância esverdeada,
chamada pátina, formada por um carbonato básico, que protege o metal contra posteriores
agentes atmosféricos.

          UTILIZAÇÃO:  O cobre encontra uma variedade enorme de aplicações: motores e


circuitos elétricos, tubulações, serpentinas de aquecimento, telefones e telégrafos etc.
Devido à sua resistência a soluções moderadamente ácidas e alcalinas, é usado na
fabricação de evaporadores, alambiques e aparelhos químicos. Em liga com estanho forma o
bronze, de vasto emprego na indústria mecânica, e com o zinco forma o latão, dentre
diversas outras ligas metálicas.

          O sulfato cúprico (CuSO4) é utilizado como fungicida e o hidróxido cúprico amoniacal
- Cu(NH3)4(OH)2 - é utilizado no laboratório e na indústria por sua propriedade de dissolver
a celulose, sem alterar-lhe a estrutura.

PRATA ( Ag )

          HISTÓRICO:  A prata é conhecida pelos egípcios desde o século V a. C.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  A prata encontra-se tanto sob a forma elementar quanto sob a
forma de minerais. Os principais deles são:

 Argentita: Ag2S
 Cerargirita: AgCl
 Prustita: 3Ag2S . As2S3
 Pirargirita: 3Ag2S . Sb2S3

          Os maiores produtores mundiais de prata são: México, EUA, Canadá, Peru, Bolívia e
Austrália.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Branca e brilhante quando maciça, a prata apresenta-


se preta quando finamente dividida. Isso porque, quando pulverizada, os pequenos cristais,
dispostos desordenadamente, dispersam a luz em todas as direções. É o metal que melhor
conduz calor e eletricidade e, depois do ouro, é o mais maleável e dúctil. Muito mole quando
pura, a prata é usada em liga com o cobre, na cunhagem de moedas.

          Quando se adiciona uma base a soluções de sais de prata, forma-se um óxido
castanho, Ag2O, que se dissolve em uma solução aquosa de amônia, originando o íon
complexo [Ag(NH3)2]+. Na evaporação de soluções que contenham esse íon sobra um resíduo
sólido, violentamente explosivo, cuja composição ainda não é bem conhecida; já foi descrito
como amideto (AgNH2) e também como nitreto (Ag3N).

          Dissolvendo-se a prata em ácido nítrico, forma-se o nitrato (AgNO 3) com


desprendimento de vapores nitrosos. Entre os compostos de prata são particularmente
importantes os haletos: AgF, Ag, Cl, AgBr, AgI. Com exceção do fluoreto, são todos
insolúveis em água e instáveis às radiações luminosas. O brometo é talvez o mais sensível à
luz, sendo, por isso, usado na preparação de emulsões fotográficas.

          UTILIZAÇÃO: Pelo fato de não sofrer alterações em presença de oxigênio, a prata é


empregada para recobrir metais menos resistentes. Também é muito empregada em
joalheria.

OURO ( Au )

          HISTÓRICO:  O ouro já era procurado pelos egípcios entre as areias do Nilo, milhares
de anos antes da Era Cristã e foi alvo inatingido de todo alquimista medieval.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Nas jazidas chamadas primárias, o ouro aparece ligado ao


quartzo. Nas jazidas chamadas secundárias, o ouro apresenta-se sob a forma de palhetas
ou pepitas, acumuladas em areias provenientes da desagregação de rochas que o continham
anteriormente (ver intemperismo). Cerca de 50% do metal extraído anualmente em todo o
mundo provém da África do Sul. Seguem-se Canadá, EUA, Austrália, gana e ex-URSS. O
Brasil é o 15o produtor mundial de ouro e sua maior jazida é a de Morro Velho, situada no
município de Nova Lima, em minas Gerais.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O ouro sempre foi símbolo de riqueza, por causa da


relativa escassez de ocorrências na natureza e por ser praticamente inoxidável e
inalterável por agentes químicos. O ouro é atacado por poucas substâncias. Entre elas estão
a água-régia (solução de ácido clorídrico e ácido nítrico concentrados na proporção de 3:1),
o ácido iódico e o ácido selênico. Entretanto, o oxigênio gasoso, mesmo a quente, não
consegue oxidar o metal, que então conserva seu brilho característico por longo tempo.

          Os compostos de ouro em geral são instáveis e, sob aquecimento, liberam o ouro
metálico. O ouro pode apresentar os estados de oxidação +1 (compostos aurosos) e +3
(compostos áuricos). O composto auroso encontrado com maior frequência é o aurocianeto
de sódio - Na Au (CN)2. O cloreto, sulfeto, iodeto e fluoreto aurosos também ocorrem na
natureza. Dos compostos áuricos destacam-se, por sua relativa abundância, o cloreto
hidratado (AuCl3 . 2 H2O), óxido (Au2O3), o sulfeto (Au2S3) e o hidróxido - Au(OH)3. O
metal é extraído de seus compostos por meio de precipitação, provocada por agentes
redutores.
          Metal mole no estado elementar (como o estanho e o chumbo), o ouro é geralmente
usado sob a forma de liga com outros metais. O teor de ouro nas ligas é expresso
em quilates, que são partes de um total de 24. Dizer que certa liga tem 18 quilates equivale
a dizer que em 24 partes de liga, 18 são de ouro, ou seja, a liga tem 75% de ouro.
Extremamente maleável, o ouro pode ser facilmente transformado em delgados fios ou em
lâminas finíssimas, com espessura inferior a um milésimo de milímetro.

          UTILIZAÇÃO:  Considerável parcela da quantidade de ouro produzida anualmente é


empregada em joalheria, quase sempre em ligas com prata ou cobre. A sua inércia química é
largamente explorada na indústria: no revestimento de terminais de aparelhos eletrônicos,
assegurando contato elétrico perfeito, ou em naves espaciais, garantindo proteção aos
astronautas contra a possível incidência de radiações.

Grupo IIB - Zinco, Cádmio, Mercúrio

ZINCO ( Zn )

          HISTÓRICO:  O zinco foi descoberto no século XVI pelo alquimista Paracelso, embora
suas ligas já fossem conhecidas desde a antiguidade.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O zinco é encontrado em diversos minerais. Entre eles estão os


seguintes:

 Blenda: ZnS
 Calamina: Zn4Si2O7(OH)2
 Smithsonita: ZnCO3
 Franklinita: (Zn, Mn) Fe2O4
 Hidrozincita: Zn3(CO3)2(OH)2

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O zinco puro é um metal de coloração branco-azulada e


pontos de fusão relativamente baixo para um metal: 419,5o C e ponto de ebulição em torno
de 917,5o C. Os pontos de fusão e ebulição baixos, incomuns para um metal, são devidos
principalmente ao fato de que as duas últimas camadas eletrônicas do elemento estão
completas, e a ligação entre os átomos é dificultada. O resultado é uma ligação fraca. O
mesmo ocorre com os demais elementos do grupo: cádmio e mercúrio.

          O zinco metálico é facilmente atacado por ácidos, produzindo hidrogênio gasoso.
Esse, inclusive, é um dos métodos mais comuns para a produção desse gás. Um fato
interessante nesse processo é que a reação torna-se mais rápida quando o zinco contém
impurezas.

          Dos compostos de zinco, o mais simples é o óxido (ZnO), um pó muito branco obtido
pela queima do zinco metálico no ar. O sulfeto de zinco (ZnS), além de ser encontrado na
natureza, pode ser preparado sinteticamente, por meio de soluções amoniacais de sais de
zinco tratados com ácido sulfídrico. O sulfeto é fluorescente, quando impurificado por
pequenas quantidades de sais de metais pesados. Emite uma luz esverdeada quando é
excitado por luz branca, raios ultravioleta ou raios X, e essa luminescência ainda permanece
por certo tempo quando a radiação é cessada. O silicato (ZnSiO 4) também é fluorescente.
Essa propriedade permite a aplicação destes compostos na construção de telas
fluorescentes para aparelhos de raios X.

          UTILIZAÇÃO:  Cerca de um terço de todo o zinco produzido no mundo destina-se à


proteção do fero contra a corrosão. Outro terço é gasto na obtenção do latão (liga de
cobre e zinco). O terço restante é utilizado para a produção de diversos produtos químicos.
O óxido de zinco é usado como pigmento branco e também como elemento de pomadas
dermatológicas. O peróxido de zinco (ZnO2) é usado como antisséptico (de ação semelhante
à da água oxigenada). O zinco metálico é também muito utilizado em química orgânica, para
a redução de compostos.

CÁDMIO ( Cd )

          HISTÓRICO:  O cádmio foi descoberto em 1817 por Friedrich Strohmeyer.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O cádmio é um metal relativamente raro na natureza, e


encontra-se principalmente nos minerais de zinco (blenda, calamina, smithsonita e
hidrozincita), em porcentagens que variam de 0,1 a 0,3%. No Brasil não há produção desse
metal.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O cádmio é um metal de brilho prateado, de cor


branco-leitosa. Esse metal tem a propriedade de absorver os nêutrons lentos e, por isso, é
utilizado em reatores nucleares. Funde a 320,9o C e seu ponto de ebulição situa-se em
torno de 767o C.

          UTILIZAÇÃO:  O sulfeto de cádmio (CdS) é utilizado como pigmento, devido à sua


intensa coloração vermelho-alaranjada, e também usado na construção de
fotorresistências, por sua propriedade de retificar a corrente elétrica. O selenieto (CdSe)
é também utilizado como pigmento, por sua forte coloração amarela. O sulfato de cádmio
(CdSO4) tem dois empregos importantes: na oftalmologia, para preparação de unguentos e
pomadas, e na física experimental, para a construção de pilhas-padrão de Weston
(apresenta força eletromotriz constante). O cádmio é também empregado na fabricação de
acumuladores elétricos, juntamente com o níquel, e também usado na produção de ligas
metálicas.

MERCÚRIO ( Hg )

          HISTÓRICO:  A partir da idade Média o mercúrio recebeu esse nome pelos alquimistas.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Raramente é encontrado no estado elementar. O mais


importante composto de mercúrio é o sulfeto (HgS), que ocorre principalmente em duas
variedades alotrópicas: uma cristaliza no sistema trigonal - o cinábrio - e a outra no
sistema cúbico - a metacinabarita. As principais reservas de cinábrio localizam-se em
Nikitovka (Rússia), Almadén (Espanha), Idria (Iugoslávia) e Toscana (Itália).

          Do cinábrio o mercúrio é obtido por ustulação, ou seja, por aquecimento do sulfeto
em corrente de ar:

HgS + O2     Hg + SO2

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O mercúrio possui baixa condutibilidade elétrica e alta


densidade (13,6 g/cm3 a 20o C). É um metal volátil, embora em pequena intensidade, mas
seus vapores são extremamente tóxicos: cansaço, dificuldade de concentração e perda de
memória são os principais sintomas de intoxicação com esse metal. Também seus sais
(geralmente muito coloridos) são venenosos, principalmente os solúveis. À temperatura
normal (25o C) o mercúrio é o único metal líquido. Os estados de oxidação que o mercúrio
pode assumir são +1 e +2. Apesar da toxicidade dos sais de mercúrio, um deles, o cloreto
mercuroso (Hg2Cl2), conhecido como calomelano, encontra aplicação na medicina, como
estimulante de órgãos de secreção. Ele é obtido pela reação do nitrato mercuroso com o
cloreto de sódio:
Hg2(NO3)2 + 2 NaCl     Hg2Cl2 + 2 NaNO3

          O cloreto mercuroso, por sua vez, se tratado com água amoniacal, resulta um sal
complexo - o aminocloreto mercúrico, de cor branca:

Hg2Cl2 + 2 NH3     HgNH2Cl + Hg + NH4Cl

          O mercúrio pode reagir diretamente com cloro em excesso, obtendo-se o cloreto
mercúrico (HgCl2), embora o processo mais comum para sua obtenção seja outro. Trata-se
de um sal que sublima-se durante sua formação e possui poder de corrosão. Outro sal
interessante é o iodeto mercúrico, que é insolúvel em água pura, mas dissolve-se em uma
solução que contenha excesso de iodeto de potássio. Nessas condições forma-se o iodo-
mercurato de potássio - K2HgI4.

          UTILIZAÇÃO:  O mercúrio é muito utilizado na fabricação de termômetros, barômetros


e manômetros, além de lâmpadas fluorescentes - as lâmpadas de vapor de mercúrio. Ele
também é empregado em bombas de obtenção de alto-vácuo e na construção de
retificadores elétricos. O mercúrio é ainda utilizado na preparação de amálgamas - ligas
sólidas ou líquidas, formadas pela dissolução de diversos metais em mercúrio (somente o
ferro e a platina não participam de tais amálgamas).

          Os amálgamas de estanho, prata e ouro são usados na odontologia, o de zinco é


empregado na química orgânica como redutor de cetonas, na obtenção de ciclanos. Além
disso, alguns compostos organometálicos de mercúrio funcionam como fungicidas,
antissépticos e diuréticos.
Grupo IIIB - Escândio, Ítrio e Elementos de transição Interna

ESCÂNDIO ( Sc )

             HISTÓRICO:  O escândio foi descoberto em 1840 por Nilsson.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  O


escândio ocorre frequentemente sob a forma de compostos
misturados a diversos minerais ricos em terras raras, como a cerita, a ortita, a monazita e
a gadolinita.

             PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O escândio cristaliza-se em duas formas: uma de


estrutura hexagonal compacta e outra cúbica de face centrada. Esta última é a forma
estável a altas temperaturas. O metal tem grande capacidade para formação de ligas.
Quando aquecido a 450o C durante muitas horas seguidas, em presença de hidrogênio,
produz o hidreto, cuja relação estequiométrica entre Sc e H é de 1 : 2,07.

          O escândio é trivalente em seus compostos. São conhecidos haletos, óxidos,


hidróxidos e outros. Os escandatos do tipo MScO2 (M = Li, Na) foram obtidos mediante
aquecimento de carbonatos alcalinos e Sc2O3, a elevadas temperaturas. Também conseguiu-
se a obtenção de um peroxocomposto de escândio, de fórmula Sc(OOH)(OH) 2 . X H2O,
titulando soluções de cloreto ou sulfato de escândio com KOH em presença de H 2O2 e 1%
de uréia.

             UTILIZAÇÃO:  O escândio pode ser aplicado na preparação de ligas metálicas.

ÍTRIO ( Y )
             HISTÓRICO:  O ítrio foi descoberto em 1749 pelo químico finlandês Gadolin.

             OCORRÊNCIA NATURAL: Encontra-se principalmente nos seguintes minerais:

 Xenotima: YPO4
 Gadolinita: Y2FeBe2Si2O10

             PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O ítrio elementar, assim como o escândio, cristaliza-se


em duas formas: uma de estrutura hexagonal compacta e outra cúbica de face centrada. A
temperatura de transição de uma forma para outra é de 1530o C. Amostras do metal, em
forma finamente dividida, absorvem hidrogênio à temperatura ambiente, formando o YH 2.
O ítrio inflama no ar quando aquecido a 470o C. O metal é atacado lentamente pela água e
facilmente por ácidos diluídos.

             UTILIZAÇÃO:  O ítrio pode ser aplicado na preparação de ligas metálicas.

Grupo IVB - Titânio, Zircônio, Háfnio

TITÂNIO ( Ti )

             HISTÓRICO:  O titânio foi descoberto em 1795, por M. H. Klaproth.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se principalmente em minerais sob a forma de:

 Anatásio: TiO2
 Ilmenita: FeTiO3
 Perowskita: CaTiO3
 Titanita: CaTi(OSiO4)

             PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Pouco reativo em temperatura normal, o titânio


aquecido sofre a ação dos não-metais, dando compostos estáveis, duros e refratários, como
o nitreto (TiN), o carbeto (TiC) e os boretos (TiB e TiB 2). O titânio dissolve-se unicamente
no ácido fluorídrico, com o qual forma complexos de flúor. O estado de oxidação mais
estável do titânio é +4, embora existam compostos no qual sua valência é +2 ou +3.

             Um
composto muito importante é o dióxido de titânio (TiO 2), obtido pela reação do
tetracloreto de titânio com água, formando uma enorme quantidade de fumaça branca (HCl
e TiO2 finamente divididos), servindo à chamada cortina de fumaça.

             UTILIZAÇÃO:  O
titânio forma boas ligas com outros metais, como alumínio, cromo,
ferro, manganês, molibdênio, zircônio, silício, estanho e vanádio, sendo leves e resistentes,
excelentes para a aeronáutica. Também é um importante componente em aços especiais,
suportando temperaturas abaixo de -190o C, onde a maioria dos metais é muito frágil. O
dióxido de titânio é usado ainda em pastas e cremes dentais, como abrasivo.

ZIRCÔNIO ( Zr )

             HISTÓRICO:  O
zircônio foi descoberto em 1789 por M. H. Klaproth, mas foi isolado
somente em 1824, por Berzelius, embora ainda muito impuro. O elemento puro só foi
preparado em 1914.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  O


zircônio constitui cerca de 0,022% da crosta terrestre,
sendo encontrado principalmente sob a forma de:

 Zirconita: ZrSiO4
 Dióxido de zircônio: ZrO2

           
No Brasil, as principais reservas de zircônio são no litoral, RN, BA e ES (579.000
ton) e em Poços de Caldas (1.790.000 ton). Também é encontrado em Ceilão e Sião.
 O zircônio é muito pouco reativo. É atacado apenas
             PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:
pelo ácido clorídrico e pela água-régia (3 partes de HCl para 1 parte de HNO 3). Somente a
altas temperaturas é que ele reage com o oxigênio, formando o ZrO 2, e com o nitrogênio e o
carbono, dando, respectivamente, o nitreto (ZrN) e o carbeto (ZnC). No nitreto o zircônio
não é tetravalente.

             Possui
caráter anfótero, podendo reagir como hidróxido - Zr(OH) 2 - considerado uma
base relativamente forte, ou como ácido - H4ZrO4 - relativamente fraco. O dióxido é obtido
pelo aquecimento do hidróxido, sendo solúvel apenas no ácido sulfúrico concentrado.
Combina-se com bases fundidas, formando zirconatos, como K 2ZrO3 e K4ZrO4. Estes
compostos, se tratados com água oxigenada, dão peroxizirconatos, como o K 4ZrO8, que são
muitos estáveis quimicamente.

             Os
haletos do zircônio são preparados a quente, a partir do metal, do halogênio e do
carvão. Este reduz o dióxido a zircônio metálico, que então reage com o halogênio:

ZrO2 + 2 X2 + 2 C     ZrX2 + 2 CO

            UTILIZAÇÃO:  Graças
ao seu baixíssimo poder absorvente de nêutrons, o zircônio é
usado para recobrir as barras de urânio nas pilhas nucleares. O dióxido de zircônio, por seu
elevado ponto de fusão (2700o C) é utilizado na fabricação de utensílios refratários.

HÁFNIO ( Hf )

             HISTÓRICO: 
O háfnio foi descoberto em 1911 por G. Urbain, mas foi isolado somente
em 1923, por D. Coster e G. Van Havesey.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  O


háfnio está sempre presente nos minerais de zircônio, em
quantidades variáveis de 1 a 5% .

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O comportamento químico do háfnio é idêntico ao do
zircônio e todos os seus compostos são muito parecidos entre si. Os métodos de
preparação também são exatamente os mesmos.

             UTILIZAÇÃO: Ao
contrário do zircônio, o háfnio ainda não tem grandes aplicações na
tecnologia ou na indústria, pois além de sua extração ser muito difícil e dispendiosa, a sua
purificação é extremamente complicada e antieconômica. O uso mais frequente do háfnio
ocorre nos reatores nucleares, onde é empregado como elemento de controle (isto é,
absorvente de nêutrons), graças à sua grande seção de choque para nêutrons térmicos.

Grupo VB - Vanádio, Nióbio, Tântalo

VANÁDIO ( V )
             HISTÓRICO:  O
vanádio foi descoberto em 1830 pelo químico Selfström, mas o metal
puro só foi obtido em 1869 pelo químico inglês Roscoe.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  O


vanádio está presente na litosfera, constituindo
aproximadamente 0,03% da crosta terrestre. Entre os seus principais minerais encontram-
se os seguintes:

 Vanadinita: 3 Pb3(VO4)2 . PbCl2
 Patronita: V2S3
 Carnotita: vanadato de potássio e uranila
 Desclozita: hidroxivanadato de chumbo, zinco e cobre
 Motramita: de composição química semelhante à da desclozita, porém, de estrutura
ligeiramente diferente
 Volbortita: Vanadato hidratado de cobre

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O vanádio é obtido como subproduto da extração do
urânio. É um metal mole, de dureza semelhante ao estanho e ao chumbo. Todavia, quando em
liga com o aço. aumenta de muito a dureza deste último, mesmo que esteja presente na liga
em quantidades mínimas, em geral, 0,2%.

             O
vanádio possui estados de oxidação variados, que vão de +2 até +5. Todos os
compostos nos quais o vanádio apresenta valência inferior a +5 são coloridos

             UTILIZAÇÃO:  O
vanádio é utilizado principalmente em ligas com aço e outros metais,
para torná-los mais duros e resistentes. Também é utilizado como catalisador de muitas
reações, estando puro ou sob a forma de composto, como o pentóxido (V 2O5).

NIÓBIO ( Nb )
             HISTÓRICO:  O nióbio foi descoberto em 1800, por Hachett, sendo chamado, até 1950,
de colúmbio.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  Aparece principalmente nos seguintes minerais:

 Columbita: Fe(NbO3)2
 Eeuxenita: mistura de niobatos, tantalatos e titaniatos de terras raras
 Pirocloro: Ca(NbO3)2 . NaF
 Samarksita: mistura de niobatos e tantalatos de terras raras com presença de
urânio

         
  A maior fonte de nióbio do mundo está no Brasil, em Araxá (MG), que possui grandes
reservas de pirocloro.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Reage com bases fundidas e é atacado somente pelo


         
ácido fluorídrico. A altas temperaturas reage com hidrogênio e, sob condições especiais
reage com o carbono, formando o carbeto (NbC) e, com o nitrogênio, forma o nitreto
(NbN). O pentóxido de nióbio (Nb2O5) é um pó branco, insolúvel em água e em ácidos.
Fundido em presença de bases, esse óxido dá lugar à formação de niobatos, produtos
estáveis em soluções aquosas alcalinas.

             UTILIZAÇÃO:  O
nióbio é um metal de pouca utilidade, mas pode ser utilizado no aço,
em reatores atômicos, motores de propulsão a jato e foguetes.

TÂNTALO ( Ta )

             HISTÓRICO:  O tântalo (ou tantálio) foi descoberto em 1801, por Ekeberg.

             OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se principalmente nos seguintes minerais:

 Fergusonita: YTaO4
 Itriotantalita: Y4Ta2O7
 Microlita: Ca(TaO3)2 . NaF
 Samarksita: mistura de tantalatos e niobatos de terras raras com presença de
urânio
             PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O
tântalo é separado por intermédio da redução do
heptafluortantalato de potássio (K2TaF7), que se obtém quando se trata o minério fundido
de nióbio e tântalo com solução alcalina. Praticamente não é atacado por ácidos, com
exceção do ácido fluorídrico. Assim como o nióbio, pode ser atacado pelo hidrogênio e
também forma carbetos e nitretos.

             UTILIZAÇÃO:  O
tântalo serve especialmente para reparos cirúrgicos no corpo humano.
Substitui o osso (em placas cranianas, por exemplo), é transformado em lâminas delgadas
ou fios, que podem conectar nervos desfeitos, e também do metal faz-se tecido com gaze
para unir os músculos abdominais.

Grupo VIB - Cromo, Molibdênio, Tungstênio

CROMO ( Cr )

          HISTÓRICO:  O cromo foi descoberto em 1797 pelos químicos Vauquelin e Klaproth,


mas só foi obtido puro em 1859, por Friedrich Whöler.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O cromo é um metal relativamente raro na crosta terrestre


(aprox. 0,03%). Não é encontrado no estado livre, ocorrendo geralmente associado ao ferro
e ao chumbo. Também substitui frequentemente o alumínio em alguns minerais como o
berilo (3 BeO . Al2O3 . 6 SiO2) e o coríndon (Al2O3), geralmente em mínimas quantidades.
Entre os minerais de cromo destacam-se:

 Cromita: FeO . Cr2O3
 Crocoíta: PbCrO4

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O cromo é um metal muito duro e bastante resistente


à ação de agentes atmosféricos. Seu brilho metálico intenso conserva-se inalterado devido
à formação de uma película transparente de óxido. Decorre dessa propriedade a utilização
do cromo em galvanoplastia. A cromação é geralmente realizada por via eletrolítica: o
objeto a ser cromado funciona como cátodo e o ânodo pode ser uma barra de platina. Se os
objetos a serem revestidos forem previamente niquelados, a camada de cromo resultará
lisa e brilhante; caso contrário, ela será porosa e de difícil polimento.
          O cromo possui quatro isótopos estáveis, de números de massa 50, 52, 53 e 54. Seus
números de oxidação comuns são +2, +3 e +6. O íons crômico Cr 3+ é anfótero, e pode
originar sais solúveis tanto na presença de ácidos quanto de bases:

1)  Cr3+ + 3 HNO3   Cr(NO3)3 + 3 H2O


- -
2)  Cr  + 4 OH  
3+
 Cr(OH)3   CrO2  + 2 H2O

          Entre os sais de cromo trivalente destacam-se o cromito de sódio NaCrO 2, usado
como mordente em tinturaria, para fixação de corantes. No estado de oxidação +6, o cromo
é encontrado sob a forma de cromatos e dicromatos. Tratando-se o dicromato com ácido
sulfúrico concentrado forma-se o trióxido de cromo:

K2Cr2O7 + H2SO4   Cr2O3 + K2SO4 + H2O

          O trióxido é um sólido vermelho, usado na preparação de compostos orgânicos. Se a


reação acima for efetuada fazendo-se passar uma corrente de gás sulfídrico na solução,
ocorre a precipitação de enxofre, que turva ligeiramente o sistema:

K2Cr2O7 + 4 H2SO4 + 3 H2S   Cr2(SO4)3 + K2SO4 + 7 H2O + 3 S

          UTILIZAÇÃO:  O cromo é usado em galvanoplastia, para revestimento de peças


metálicas. O dicromato é muito utilizado como agente oxidante em sínteses orgânicas.

MOLIBDÊNIO ( Mo )

          HISTÓRICO:  O molibdênio foi descoberto em 1778 por Wilhelm Scheele.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Os principais minerais de molibdênio são:

 Molibdenita: MoS2
 Ferrimolibdita: Fe(MoO4)3 . 7 H2O

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  O molibdênio não é facilmente atacado por ácidos.


Reage apenas com uma mistura de ácidos nítrico e fluorídrico, ambos concentrados. A altas
temperaturas, reage com o oxigênio, formando o trióxido. Os estados de oxidação mais
comuns são +4 e +6, mas podem variar de +2 até +6.
          Quando uma solução de ácido molíbdico (H2MoO4) é reduzida com zinco, forma-se
uma suspensão coloidal - o azul de molibdênio. Trata-se de um óxido, de fórmula Mo 5O14,
que é usado no tingimento de fibras.

          UTILIZAÇÃO:  O molibdênio, sob a forma de lâminas ou fios, é utilizado em tubos de


raios X, fornos elétricos e em qualquer aparelhagem em que se desenvolvam altas
temperaturas locais.

TUNGSTÊNIO ( W )

          HISTÓRICO:  O tungstênio foi descoberto em 1783 pelos irmãos João José e Fausto
d'Elhuyar.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O tungstênio geralmente é encontrado sob a forma de


tungstatos, em alguns minerais:

 Wolframita: (Fe, Mn)WO4


 Scheelita: CaWO4
 Stolzita: PbWO4

          As maiores jazidas de tungstênio ocorrem na Ásia Oriental e Meridional, nos EUA,
Congo e Austrália. No Brasil existem consideráveis reservas de scheelita na Paraíba e no
Rio Grande do Norte.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS:  Os estados de oxidação do tungstênio variam de +2 a


+6, sendo este último o mais comum. O tungstênio não é facilmente atacado por ácidos.
Reage apenas com uma mistura de ácidos nítrico e fluorídrico, ambos concentrados. A altas
temperaturas, reage com o oxigênio, formando trióxido. Quando finamente dividido, o
tungstênio dissolve-se em peróxido de hidrogênio, mas o melhor solvente é o nitreto de
potássio fundido - nesse caso a reação é quase explosiva.

          UTILIZAÇÃO:  Seus sais mais importantes são os tungstatos, mas merecem destaque os


carbetos de tungstênio (WC e W2C), cuja dureza se aproxima da do diamante e, por isso,
encontram aplicação em brocas utilizadas na perfuração do subsolo. Por possuir o mais alto
ponto de fusão entre os metais, o tungstênio é utilizado em filamentos de lâmpadas,
válvulas eletrônicas e contatos elétricos.
Grupo VIIB - Manganês, Tecnécio, Rênio

MANGANÊS ( Mn )

          HISTÓRICO:  O manganês foi descoberto em 1774 por Scheele.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  As maiores reservas de manganês encontram-se na ex-URSS,


Brasil, África e Índia. O mineral mais importante de manganês é a pirolusita (MnO 2),
embora também se encontre em outros minerais como:

 Trifilita: Li (Fe, Mn)PO4


 Rodonita: Mn3Si3O9
 Rodocrosita: MnCO3
 Biotita: K (Mg, Fe, Mn)3 [(OH, F)2 AlSi3O10

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O manganês quando puro tem a mesma aparência da


prata, e apresenta-se em três formas alotrópicas: À temperatura ambiente, é estável na
forma cristalina , cúbica, que se transforma, a 742o C, na forma , também cúbica; e a
1100o recristaliza-se na forma , tetragonal. O metal puro oxida-se superficialmente
quando exposto ao ar e quando pulverizado, inflama-se espontaneamente (é pirofórico). O
metal pulverizado pode também decompor a água fervente em O2 e H2.

          Quando fundido em contato com o ar, misturado a carbonatos alcalinos, a cor negra
do dióxido de manganês (MnO2), conhecido como pirolusita, desaparece, dando lugar a um
verde escuro. Isso se deve à oxidação do dióxido, que forma o íon MnO 42-, que é estável em
solução alcalina, mas em meio ácido sofre uma mutação, gerando o íon permanganato
-
(MnO4 ) segundo a reação:

-
3 MnO42- + 4 H+   MnO2 + 2 MnO4  + 2 H2O

          Tratando-se o permanganato de potássio com ácido sulfúrico concentrado, forma-se


o heptóxido (Mn2O7), uma substância explosiva.
          UTILIZAÇÃO:  O manganês é amplamente usado na preparação de aços especiais, de
dureza e tenacidade suficientes para resistir à abrasão e ao martelo. Também é usado em
ligas não-ferrosas, como o bronze-manganês. O permanganato de potássio (KMnO 4) é muito
utilizado tanto em farmácia, como antisséptico dermatológico, quanto como agente
oxidante em sínteses orgânicas.

TECNÉCIO ( Tc )

          HISTÓRICO:  O tecnécio foi obtido pela primeira vez em 1937, pelos físicos Pierrer e
Emílio Segrè.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Metal muito instável, que rapidamente sofre decaimento


radioativo, o tecnécio não existe na natureza. O molibdênio, quando absorve um nêutron
(fornecido pelo deutério), converte-se em um isótopo instável, que decai emitindo uma
partícula beta e produzindo o isótopo 99 do tecnécio:

Mo98 + n   Mo99   Tc99 + 

          Atualmente, os produtos da fissão do urânio constituem a principal fonte do


tecnécio. O metal é isolado mediante extração com solventes e sucessivas reações de troca
iônica. Depois de purificado, o tecnécio é precipitado como sulfeto (Tc 2S7) e, em seguida,
reduzido pelo hidrogênio ao estado elementar.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O tecnécio comporta-se como tetra ou heptavalente.


Dentre os compostos mais comuns do tecnécio estão o TcO 2, de cor negra, o TcO3, de cor
púrpura, e o Tc2O7, de cor amarela. Reagindo diretamente com halogênios, o tecnécio
produz haletos coloridos. O elemento é solúvel em água oxigenada.

          UTILIZAÇÃO:  O tecnécio, sob a forma de pertecnato de potássio (KTcO 4), impede a


corrosão de aços. A sua aplicação é muito limitada, devido à relativa escassez do elemento
e à sua difícil obtenção.

RÊNIO ( Re )
          HISTÓRICO:  O rênio foi descoberto em 1925 pelos químicos Noddack, Ida Tacke e
Berg.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O rênio é um elemento muito raro, e encontra-se em


quantidades muito pequenas na molibdenita (MoS2) e em alguns minérios cupríferos,
particularmente abundantes em Mansfeld, na Alemanha.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Em muitas de suas propriedades o rênio assemelha-se


ao tungstênio. Possui dois isótopos estáveis, de números de massa 185 e 187, e isótopos
radioativos de números de massa situados entre 177 e 191, que decaem, emitindo
partículas ou capturando elétrons.

          No estado elementar o rênio é um metal branco, semelhante à platina. Quando


aquecido ao ar, forma o heptóxido (Re2O7), um sólido volátil, amarelo-claro. Este, ao reagir
com água, dá origem a uma solução incolor de ácido perrênico (HReO 4). O ácido perrênico e
seus sais, ao contrário dos ácidos permangânicos e seus sais, não possuem propriedades
oxidantes. Inatacável pelo ácido sulfúrico diluído, o rênio dissolve-se em ácidos oxidantes,
como o HNO3.

          O rênio exibe normalmente valências +3, +5 e +6. Dos seus compostos, são comuns o
Re2O3 . H2O, de cor negra, o ReO2, marrom, o ReO3, vermelho, o Re2O5, azul, e o Re2O7,
amarelo. O rênio, assim como o tecnécio, reage diretamente com halogênios, produzindo
haletos coloridos. Tanto o tecnécio quanto o rênio possuem grande capacidade de formar
complexos.

          UTILIZAÇÃO:  Em liga com o tungstênio, o rênio é utilizado em filamentos de lâmpadas


elétricas e em liga com a platina, é usado na construção de pares termelétricos.

Grupo VIIIB - [Ferro, Rutênio, Ósmio] ; [Cobalto, Ródio, Irídio] ; [Níquel, Paládio, Platina]

FERRO ( Fe )
          HISTÓRICO:  O ferro é conhecido pelo homem desde épocas remotas, da civilização
pré-histórica. O ferro sempre foi largamente utilizado para a produção dos mais diversos
utensílios.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  O ferro é um dos metais mais difundidos na Terra, sendo muito
abundante na crosta terrestre. cada tonelada de rocha contém em média 50 kg de ferro.
Os maiores produtores mundiais de ferro são os EUA. Existem inúmeros minerais que
contêm esse elemento; dentre eles destacam-se:

 Hematita: Fe2O3
 Magnetita: Fe3O4
 Pirita: FeS2
 Limonita: Fe2O3 . n H2O
 Siderita: FeCO3

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: As propriedades mecânicas do ferro e suas ligas


tornaram-no indispensável ao desenvolvimento da civilização.

          UTILIZAÇÃO:  O ferro é utilizado na metalurgia e na siderurgia, na fabricação de ligas


das mais diversas e em vários setores da indústria, na produção de numerosos utensílios.

RUTÊNIO ( Ru )

          HISTÓRICO:  O rutênio foi descoberto em 1845 por Claus.


          OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se, associado à platina e em alguns sulfetos, em
pequenas quantidades na Rússia, Bornéu e Brasil.

  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Insolúvel em todos os ácidos, até mesmo em água-


         
régia, o rutênio reage com cloro elementar dando o cloreto RuCl 3 e com bases fundidas,
formando uma solução alaranjada de rutenato. O estado de oxidação do rutênio pode variar
de II até VIII, embora os mais estáveis sejam III e IV.

             UTILIZAÇÃO:  Como catalisador de algumas reações de oxidação.

ÓSMIO ( Os )

          HISTÓRICO:  O ósmio foi descoberto em 1803 por Smithson Tennant.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Encontra-se, associado à platina e em alguns sulfetos, em


pequenas quantidades na Rússia, Bornéu e Brasil.

         
  PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Há compostos de ósmio com números de oxidação que
variam de II a VIII. O único composto octavalente conhecido é o tetróxido de ósmio
(OsO4). O ósmio é o metal mais denso que se conhece (22,48 g/cm 3).

             UTILIZAÇÃO:  O
ósmio pode ser utilizado como agente redutor em sínteses orgânicas,
devido à sua grande afinidade com o hidrogênio.

COBALTO ( Co )
          HISTÓRICO:  O cobalto foi descoberto em 1735 por Brandt.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Esse metal não é muito difundido na natureza, e geralmente


encontra-se associado ao níquel e, às vezes, a minerais de cobre e ferro. Os minerais de
cobalto mais importantes são:

 Esmaltina: CoAs2
 Cobaltina: CoAsS

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O cobalto comporta-se como um metal bivalente ou


trivalente. Os mais importantes compostos de cobalto +2 são o cloreto, o sulfato, o nitrato
e o cianeto. Dentre os mais importantes compostos de cobalto +3 estão o hidróxido, o
fluoreto, o nitrato e vários tipos de sulfatos mistos de cobalto e outros elementos. O
cobalto possui um único isótopo estável (Co59), mas quando bombardeado por nêutrons
lentos, esse elemento captura um nêutron e emite raios gama, transformando-se em Co 60,
usado como fonte radioativa para fins medicinais (bomba de cobalto), especialmente na
terapia do câncer.

          O cloreto cobaltoso (CoCl2), anidro, é um sal de coloração azul. Se, porém, for
hidratado, torna-se praticamente incolor, e se for aquecido, o sal perde água novamente e
volta à sua coloração azul. Tal propriedade é utilizada para compor as chamadas "tintas
invisíveis"; o escrito aparece por aquecimento da superfície onde ela foi aplicada.

          UTILIZAÇÃO:  O cobalto é utilizado principalmente na preparação de ligas especiais e


seus compostos como pigmentos de corantes.

RÓDIO ( Rh )
 

          HISTÓRICO:  O ródio foi descoberto em 1803, por William Hyde Wollaston.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O ródio puro é obtido pela redução do cloreto de


pentaminoródio - Rh(NH3)5Cl3. Nos óxidos, hidróxidos e sulfetos, o ródio participa com
valência +3. O óxido (Rh2O3) é obtido pela oxidação a quente do metal. O hidróxido de ródio
tem caráter anfótero, dissolvendo-se tanto em ácidos quanto em bases.

          UTILIZAÇÃO:  Além de servir como catalisador em numerosas reações químicas, o ródio


participa de ligas metálicas muito utilizadas em espectroscopia e revestimentos galvânicos.
Suas suspensões coloidais são de extraordinário poder bactericida. Uma fina camada de
ródio vaporizado sobre vidro produz excelentes espelhos.

IRÍDIO ( Ir )

          HISTÓRICO:  O irídio foi descoberto em 1803, por Smithson Tennant.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: As principais característica do irídio são a sua


insolubilidade em água-régia (poderoso reagente químico à base de ácido nítrico e
clorídrico, que dissolve até mesmo o ouro) e a propriedade de se combinar com bases
fundidas. O estado de oxidação mais estável é +4, embora apresente valência +1 em alguns
compostos, como os carbohalogenetos - ex: K(Ir(CO) 2Cl2).

          UTILIZAÇÃO:  Seu principal uso é com a platina, formando ligas particularmente


resistentes e de elevado ponto de fusão.
NÍQUEL ( Ni )

          HISTÓRICO:  O níquel foi descoberto em 1751 por Cronstedt.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Metade da produção mundial de níquel provém do Canadá. Os


minerais que contém esse metal mais importantes são:

 Millerita: NiS
 Niquelita: NiAs2
 Gersdorfita (sulfoarsenieto)
 Garnierita (silicato hidratado)

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O níquel é um metal tenaz, dúctil, bom condutor de


eletricidade, inoxidável a frio e não atacado pelos ácidos, exceto o nítrico. Absorve
facilmente hidrogênio, quando pulverizado em finos grãos, e por isso é utilizado como
catalisador nas reações de hidrogenação, como acontece nos processos de saturação de
óleos vegetais.

          O níquel praticamente só exibe a valência +2 em seus compostos, que, em geral, não
têm aplicações importantes. Conhecem-se o óxido, o cloreto, hidrato, sulfato, nitrato,
cianeto, sulfeto simples e duplo, e ainda os arseniatos.

          UTILIZAÇÃO:  As maiores aplicações do níquel são as do metal em estado elementar,


para revestir metais contra a corrosão (niquelação), ou em ligas. A niquelação é mais eficaz
do que a cromagem de peças metálicas, pois a camada de cromo rompe-se com certa
facilidade, abrindo caminho para a oxidação do metal. Junto com cromo e ferro, o níquel
forma o aço inoxidável. O níquel é muito utilizado também em ligas com o zinco, na
construção de resistências elétricas de precisão e pilhas.

PALÁDIO ( Pd )
 

          HISTÓRICO:  O ródio foi descoberto em 1803, por William Hyde Wollaston.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: O paládio é obtido durante a purificação e separação


do níquel, como um subproduto. No estado metálico, possui uma coloração semelhante à da
platina e, quando aquecido em presença de oxigênio, combina-se com este para formar o
óxido de paládio (PdO).

          UTILIZAÇÃO:  Em ligas com outros metais, presta-se à fabricação de instrumentos de


alta precisão e peças delicadas, como as guarnições de balanças e ferramentas cirúrgicas,
bem como a elaboração de objetos de ornamentação. Pela sua extraordinária capacidade de
absorver oxigênio, a platina é também utilizada como catalisador em certas reações
químicas. Usa-se também o paládio com ouro, prata e outros metais, para dar rigidez as
incrustações e pontes dentárias.

PLATINA ( Pt )

          HISTÓRICO:  A platina foi descoberta em 1738 pelo espanhol Antonio de Ullos.

          OCORRÊNCIA NATURAL:  Embora pouco abundante na litosfera, a platina é encontrada em


depósitos concentrados, sob a forma de pepitas ou grânulos, o que torna fácil a sua
separação. Geralmente ocorre associada ao rutênio, ródio, paládio, ósmio e irídio. As jazidas
mais ricas de platina estão na Rússia e no Canadá. Muitas vezes a platina é encontrada na
argila dos rios, por causa da fragmentação (ver intemperismo) sofrida pelas rochas por
ação das águas. O metal então se desprende dessas rochas e deposita-se no leito dos rios.

          PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: Dissolvendo platina em água-régia e procedendo, em


seguida, a várias evaporações acompanhadas de adição de ácido clorídrico, pode-se obter o
ácido cloroplatínico (H2PtCl6), ponto de partida para a obtenção de muitos compostos de
platina. O metal resiste a vários tipos de ataques químicos, e por isso é usado na fabricação
de diversos utensílios de laboratório, principalmente quando endurecida por pequena
quantidade de irídio. Deve-se evitar, porém, o contato de hidróxidos fundidos com objetos
de platina, pois esta dissolve-se, formando platinatos. Também deve-se evitar o contato
com cianetos, tiossulfatos e sulfetos ou com o fósforo, arsênio, silício, antimônio e chumbo,
pois estes últimos formam com a platina ligas de baixo ponto de fusão. Assim, o
aquecimento de um cadinho de platina que os contenha pode provocar a contaminação das
suas paredes, e sua fusão. Uma interessante propriedade da platina (e também do paládio)
é a de ser porosa ao hidrogênio.

          UTILIZAÇÃO:  Um importante composto da platina é o tetracianoplatinato II de bário,


usado na fabricação de telas de aparelhos de radioscopia, pis é fluorescente. Por ser muito
dúctil e maleável, a platina metálica é usada na fabricação de fios delgados, lâminas e
agulhas de pequenas dimensões e na fabricação de vários utensílios para laboratório, como
já foi dito. Industrialmente, o principal uso da platina é como catalisador de muitas reações
químicas.

FONTE: http://www.oocities.org/vienna/choir/9201/indice_quimica_inorganica.htm
http://www.oocities.org/vienna/choir/9201/grupo_VIIA.htm

Principais fontes de pesquisa utilizadas:

Enciclopédia Ciência Ilustrada


Editora Abril - São Paulo, 1971

Química Geral 2a edição / vol. 1 - John B. Russell


MAKRON Books do Brasil Editora ltda - São Paulo, 1994

Química Inorgânica vols. 1 e 2 - Otto Alcides Ohlweiler


Editora da Universidade de São Paulo - São Paulo, 1971
Química Inorgânica Concisa 4a edição - J. D. Lee
Editora Edgard Blücher ltda - São Paulo, 1996 
(traduzida da edição inglesa de 1991 - Concise Inorganic Chemistry)

Você também pode gostar