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DIREITO PROCESSUAL PENAL

CURSO RETA REGULAR

Professor Paulo Henrique Helene

INQUÉRITO POLICIAL
1. DEFINIÇÃO E NATUREZA JURÍDICA
É o procedimento administrativo, presidido pela Autoridade Policial, que visa colher indícios de
autoria e prova da materialidade da infração penal, para que posse ser proposta a ação penal.

DICA ➔ Tem natureza instrumental com função preservadora (evitar acusações infundadas) e
preparatória (colher elementos de informação para a ação penal) e se desenvolve num procedimento
flexível.

2. POLÍCIA JUDICIÁRIA
Composta por polícias civil ou federais e dirigida por Autoridade Policial de carreira, é o órgão estatal
com atribuição para exercer as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais.

(CPP) Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades


administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

DICA ➔ A Polícia Militar não tem função investigatória, mas apenas função administrativa (Polícia
administrativa), de caráter ostensivo, ou seja, sua função é agir na prevenção de crimes, não na sua
apuração.

3. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO


O inquérito policial pode ser instaurado por portaria baixada pela autoridade policial, por
representação ou requerimento do ofendido, pela requisição do juiz ou membro do Ministério Público
ou pela lavratura de auto de prisão em flagrante.

(CPP) Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;


b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o


chefe de Polícia.
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem
ela ser iniciado.

§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

➔ O QUE É NOTITIA CRIMINIS?


Segundo Renato Brasileiro, notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte
da autoridade policial, acerca de um fato delituoso.

Subdivide-se em:

a) notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): ocorre quando a autoridade


policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. É o que
acontece, por exemplo, quando o delegado de polícia toma conhecimento da prática de um
crime por meio da imprensa;

b) notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): ocorre quando a autoridade policial
toma conhecimento da infração penal através de um expediente escrito. É o que acontece, por
exemplo, nas hipóteses de requisição do Ministério Público, representação do ofendido, etc.

c) notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma


conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante

➔ O QUE É DELATIO CRIMINIS?


De acordo com Renato Brasileiro, a delatio criminis é uma espécie de notitia criminis, consubstanciada
na comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade policial, e não
pela vítima ou seu representante legal.

Pode ser:

- Delatio criminis simples – Comunicação feita à autoridade policial por qualquer do povo
(art. 5º, §3º do CPP).

- Delatio criminis postulatória – É a comunicação feita pelo ofendido nos crimes de ação
penal pública condicionada ou ação penal privada, mediante a qual o ofendido já pleiteia a
instauração do IP.
- Delatio criminis inqualificada – É a chamada “denúncia anônima”, ou seja, a comunicação
do fato feita à autoridade policial por qualquer do povo, mas sem a identificação do
comunicante.

DICA ➔ Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito
policial, verificar a procedência e veracidade das informações por ela veiculadas por meio de um
procedimento preliminar chamado de verificação de procedência das informações (VPI). Na dicção
da Suprema Corte, a instauração de procedimento criminal originada apenas em documento apócrifo
revela-se contrária à ordem jurídica constitucional, que veda expressamente o anonimato.

4. NEGATIVA DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO


Se a Autoridade Policial se recusar a instaurar o procedimento investigatório, caberá recurso
administrativo ao CHEFE DA POLÍCIA.

(CPP) Art. 5º, § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de Polícia.

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