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A) ABOLITIO CRIMINIS
Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova já não incrimina fato que
anteriormente era considerado como ilícito penal. A nova lei, demonstrando não haver mais, por
parte do Estado, interesse na punição do autor de determinado fato, retroage para alcançá-lo.
(adultério era típico, mas se tornou atípico com a Lei 11.106/05) É decorrência da previsão do
art. 5º, XL, CF, e art. 2º, do CP.
Além da abolitio criminis, a lei nova pode favorecer o agente de várias maneiras. A lei
posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado (Art. 2, parágrafo único do CP).
A quarta hipótese refere-se à nova lei mais severa a anterior (a nova lei de drogas, Lei
n. 11.343/06, no art. 33, aumentou a pena do crime de tráfico de drogas). Incide, no caso, o
princípio da irretroatividade da lei penal: "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu"
(art. 5º, XL).
É o que diz a Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência”.
2.1) Conceito
* LEIS EXCEPCIONAIS: são feitas para durar enquanto um estado anormal ocorrer. Cessam a
sua vigência ao mesmo tempo em que a situação excepcional também terminar. Portanto, são
aquelas promulgadas em caso de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos,
epidemias, etc.
2.2) Características
A) São autorrevogáveis
Em regra, uma lei somente pode ser revogada por outra lei, posterior, que a revogue
expressamente, que seja com ela incompatível ou que regule integralmente a matéria nela
tratada (art. 2º, § 1º da LICC).
As leis de vigência temporária constituem exceção a esse princípio, visto que perdem
sua vigência automaticamente, sem que outra lei as revogue.
B) São ultrativas
Ex. homicídio: o mais importante é detectar o instante da ação (desfecho dos tiros), e
não o momento do resultado (ocorrência da morte).
4.1) INTRODUÇÃO
A Lei Penal é elaborada para vigorar dentro dos limites em que o Estado exerce a sua
soberania.
Via de regra, pelo princípio da territorialidade, aplica-se as leis brasileiras aos delitos
cometidos dentro do território nacional. Esta é uma regra geral, que advém do conceito de
soberania, ou seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as leis pertinentes aos acontecimentos
dentro do seu território.
Nos termos do artigo 5º, § 1º, do CP, duas situações de território brasileiro por
equiparação:
Extraterritorialidade: é uma exceção. Mesmo que o crime seja cometido fora do Brasil, os agentes
se sujeitam à lei brasileira, nas hipóteses mencionadas no art. 7º, do CP, quais sejam:
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente Nestes casos, o agente é punido segundo a lei
da República; brasileira, ainda que absolvido ou condenado
b) contra o patrimônio ou a fé pública da no estrangeiro.
União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem
está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil;
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se Nestes casos, a aplicação da lei brasileira
obrigou a reprimir; depende do concurso das seguintes
b) praticados por brasileiro; condições:
c) praticados em aeronaves ou embarcações a) entrar o agente no território nacional;
brasileiras, mercantes ou de propriedade b) ser o fato punível também no país em
privada, quando em território estrangeiro e aí que foi praticado;
não sejam julgados. c) estar o crime incluído entre aqueles
pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
Cometido por estrangeiro contra brasileiro se, reunidas as condições:
fora do Brasil. a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que
foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos
quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
+
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da
Justiça.
Princípio da Representação ou da Bandeira: por este princípio, aplica-se aos delitos praticados no
interior de embarcação ou aeronave a lei do país em que esteja registrada ou da bandeira adotada
(art. 7º, II, c, do CP).
Segundo o art. 8º do Código Penal, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
A sentença estrangeira pode ser homologada no Brasil, quando a aplicação da lei brasileira produz
na espécie as mesmas consequências. Pode ser homologada para: obrigar o condenado à
reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; ou sujeitá-lo a medida de segurança.
Entretanto, a homologação depende:
a) de pedido da parte interessada, se for para reparar o dano;
6.1) CONCEITO
A) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
A norma especial, ou seja, a que acresce elemento próprio à descrição legal do crime
previsto na geral, prefere a esta.
A norma do art. 123 do CP, que trata do infanticídio, prevalece sobre a do art. 121, que
cuida do homicídio, porque possui, além dos elementos genéricos deste último, os seguintes
especializantes: “próprio filho”, “durante o parto ou logo após” e “sob a influência do estado
puerperal”.
B) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
O crime de ameaça (art. 147) cabe no de constrangimento ilegal mediante ameaça (art.
146), o qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão (art. 158). O sequestro (art. 148) no de
extorsão mediante seqüestro (art. 159). O disparo de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 15)
cabe no de homicídio cometido mediante disparos de arma de fogo (art. 121). Há um único fato,
o qual pode ser maior do que a norma subsidiária, só se pode encaixar na primária.
B.2) Espécies
Ocorre quando a própria lei indica ser a norma subsidiária de outra. Quando a
norma, em seu próprio texto, subordina a sua aplicação à não-aplicação de outra, de maior
gravidade punitiva.
Ex. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
A norma nada diz, mas, diante do caso concreto, verifica-se a sua subsidiariedade.
C) PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
C.1) Conceito
Ocorre quando um ato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou
normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui
conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática
atinente àquele crime.
Em outras palavras, quando a infração prevista na primeira norma constituir simples
fase de realização da segunda infração, prevista em dispositivo diverso, deve-se aplicar apenas
a última.
1) DO FATO TÍPICO
a) a conduta
b) o resultado
c) o nexo de causalidade
d) a tipicidade
1.1) CONDUTA
Ausente a vontade ou consciência, não haverá conduta punível, como, por exemplo, na
coação física irresistível, movimentos reflexos e estado de inconsciência.
Assim, não havendo vontade, não há conduta. Não havendo conduta, não há fato típico.
Não havendo fato típico, não há crime. Logo, o fato praticado mediante coação física irresistível
é atípico. Não responde por crime nenhum.
No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, em face
da inexigibilidade de conduta diversa.
Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não se há falar
em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte, do CP (causa de exclusão da
culpabilidade).
Em síntese:
coação física irresistível: causa de exclusão da tipicidade
coação moral irresistível: causa de exclusão da culpabilidade
coação moral resistível: atenuante (art. 65, III, “c”, CP)
b) Movimentos reflexos
São atos reflexos, puramente somáticos, aqueles em que o movimento corpóreo ou sua
ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso.
Nestes casos, o estímulo exterior é recebido pelos centros sensores, que o transmitem
diretamente aos centros motores, sem intervenção da vontade, como ocorre, por exemplo, em
um ataque epilético (ex...).
Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras,
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano (ex. tosse,
espirro, etc.).
c) Estados de inconsciência
Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou
de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de
ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando
os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de
socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o
maior salário mínimo vigente no País.
Nesses casos, o crime se perfectibiliza a partir da conduta omissiva. A norma impõe que
o agente pratique uma ação para que o delito não se consume. Se deixar de praticar a ação, terá
cometido o delito omissivo.
Nos crimes omissivos impróprios, o agente não tem simplesmente a obrigação de agir,
mas a OBRIGAÇÃO DE AGIR PARA EVITAR UM RESULTADO, isto é, deve agir com a
finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento. Nos crimes comissivos por omissão
há, na verdade, um crime material, isto é, um crime de resultado.
De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso
que tenha o dever jurídico de impedir o resultado. E esse dever está previsto no artigo
13, § 2º:
É um dever decorrente de lei. Dever esse que aparece numa série de situações, como,
por exemplo, o dever de assistência que se devem mutuamente os cônjuges (art. 1564 do CC),
que devem os pais aos filhos (art. 1634 do CC).
A doutrina não fala mais em dever contratual, uma vez que a posição de garantidor
pode advir de situações em que não existe relação jurídica entre as partes. O importante é que
o sujeito se coloque em posição de garante da não-ocorrência do resultado, haja
contrato ou não, como nas hipóteses em que voluntariamente assume encargo sem mandato ou
função tutelar.
Ex: médico plantonista; salva-vidas, com relação aos banhistas; babá, em relação à
criança.
Nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo para
bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado
a evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão.
Ex. exímio nadador convida uma criança para nadar e se omite na hipótese de o infante
estar se afogando.
3) DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo ou
liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime.
Via de regra, a conduta do agente produz o resultado criminoso de forma direta. Trata-
se de relação de causa (conduta) e efeito (resultado): Nexo de causalidade.
Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para o
resultado. É a chamada concausa.
A) CONCEITO
São aquelas que não têm origem na conduta do agente. O advérbio de intensidade
“absolutamente” serve para designar que a causa não partiu da conduta, mas de fonte totalmente
distinta.
Além disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si sós
produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta.
a) Preexistentes
Ex: “A” desfecha um tiro de revólver em “B”, que vem a falecer pouco depois, não em
conseqüência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno.
b) Concomitantes
São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o resultado
independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que
a ação é realizada.
Ex: “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por
força de um ataque cardíaco.
c) Supervenientes
Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B” que, quando está tomando a refeição,
vem a falecer em consequência de um desabamento ou posterior atropelamento.
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados
antes de sua produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal.
A) CONCEITO
Aqui não há, via de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as causas,
que, ao final, conduzem ao resultado lesivo.
a) Preexistentes
Ex: “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em face
da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe
isoladamente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de
forma independente, produzindo por si só o resultado.
b) Concomitantes
São as causas que atuam exatamente no instante em que a ação é realizada. Ex:
considera-se o ataque à vítima, por meio de faca, que, no exato momento da agressão, sofre
ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-se que a soma desses fatores (causas) produziu a
morte, já que a agressão e o ataque cardíaco, considerados isoladamente, não teriam o condão
do produzir o resultado morte.
c) Supervenientes
Ex. A vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por
esse motivo, a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e
não pelo atentado, mas essa independência é relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima
não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo atuado posteriormente à conduta,
denomina- se causa superveniente.
No dolo direto o agente quer o resultado representado como fim de sua ação. A vontade
do agente é dirigida à realização do fato típico. Adota-se, pois, a teoria da vontade.
Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se
projeta de forma direta no resultado morte.
Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é,
admite e aceita o risco de produzi-lo.
O agente não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê o
resultado e age. Percebe que é possível causar o resultado e, não obstante, realiza o
comportamento. Entre desistir da conduta e causar o resultado, prefere que este se produza.
Sobre o dolo eventual, o Código Penal adota a teoria do consentimento, segundo a qual
o sujeito não leva em conta em conta a possibilidade do evento previsto, agindo e assumindo o
risco de sua produção.
A) CONCEITO
B) ELEMENTOS DA CULPA
O fato se inicia com a realização voluntária de uma conduta de fazer ou não fazer. O
agente não pretende praticar um crime nem quer expor interesses jurídicos de terceiros a perigo
de dano. Falta, porém, com o dever de cuidado exigido pela norma.
b) Resultado involuntário
c) Nexo de causalidade
Deve haver atenção a este ponto, porquanto o crime culposo precisa estar
expressamente previsto no tipo penal. Ex: não existe menção, no art. 155 do CP, à culpa, de
forma que não há “furto culposo”.
e) Previsibilidade objetiva
f) Ausência de previsão
É necessário que o sujeito não tenha previsto o resultado. Se o previu, não estamos no
terreno da culpa, mas do dolo. O resultado era previsível, mas não foi previsto pelo sujeito. Daí
falar-se que a culpa é a imprevisão do previsível.
C) MODALIDADES DE CULPA
a) Imprudência
b) Negligência
c) Imperícia
5.1) DA CONSUMAÇÃO
A) CONCEITO
Determina o artigo 14, I, do CP que o crime se diz consumado “quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição legal”.
* ITER CRIMINIS
Iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. É o caminho do crime.
Compõe-se das seguintes etapas:
a) Cogitação
b) Atos preparatórios
c) Execução
d) Consumação
A) CONCEITO
a) Crimes culposos
Na tentativa, o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado, mas este não
ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade.
b) crimes preterdolosos
É incompreensível a tentativa de crime preterdoloso, uma vez que neste o resultado vai
além do que o agente desejou e naquele ele não atinge o evento pretendido.
e) Os crimes unissubsistentes
f) Os crimes habituais
O agente, nesse caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas
resolve interferir para evitar a sua consumação.
Ex: se estava tentando matar “A” e desiste, já tendo alvejado a vítima, responderá
unicamente pelas lesões corporais causadas.
A) CONSEQUÊNCIA
Nos termos da parte final do artigo 15 do CP, não obstante a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz, o agente responde pelos atos já praticados. Desta forma, retiram a
tipicidade dos atos somente com referência ao crime cuja execução o agente iniciou.
A) CONCEITO
A) CONCEITO
Ocorre quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza, é
absolutamente incapaz de produzir o resultado.
Ex. pretender atirar na vítima com arma defeituosa, sem condições de efetuar disparos.
Obs: a ineficácia do meio, quando relativa, leva à tentativa e não ao crime impossível.
Ex: uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta a eliminar
um diabético.
Ocorre quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta, ou
quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo
agente.
Ex: “A”, pensando que seu desafeto está a dormir, desfere punhaladas, vindo a provar-
se que já estava morto.
9) ERRO DE TIPO – Art. 20
9.1) CONCEITO
Ex. No crime de lesão corporal seguida de aborto, o sujeito não responde por este crime
se desconhecia o estado de gravidez da vítima. É que neste caso ele supõe inexistente uma
circunstância do crime (o estado de gravidez da vítima), subsistindo o tipo fundamental doloso
(lesão corporal leve).
Daí o nome erro essencial: incide sobre situação de tal importância para o tipo que, se
o erro não existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos, não naquelas
circunstâncias.
Ocorre quando não pode ser evitado pela normal diligência. Qualquer pessoa,
empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se
viu o sujeito, incidiria em erro.
O erro de tipo essencial invencível exclui o dolo e a culpa, pois o sujeito não age
dolosa ou culposamente.
II) ERRO VENCÍVEL (OU INESCUSÁVEL)
Ex. Suponha-se que o agente vá caçar em mata próxima a zona urbana, onde costumam
passar pessoas, e efetua um disparo de arma de fogo contra um vulto pensando ser um animal,
atingindo, na verdade, uma pessoa que passava pelo local, matando-a. No caso, não obstante
ter se verificado o erro de tipo, o erro, pelas circunstâncias, não era plenamente justificável,
porquanto o agente agiu com imprudência, sem o devido cuidado objetivo, devendo responder
por homicídio culposo.
O erro de tipo essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que previsto
em lei o crime culposo.
Incide sobre dados irrelevantes da conduta típica. Não impede o sujeito de compreender
o caráter ilícito de seu comportamento. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta seria
antijurídica.
Há erro sobre objeto quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre determinada
coisa, sendo que, na realidade, ela incide sobre outra.
Exs:
I) CONCEITO
Aqui a relação é entre pessoa e pessoa. Ou seja, o agente pretende atingir uma pessoa
e acerta outra.
Existe a aberratio ictus com resultado único quando em face de erro na conduta causal
um terceiro vem a sofrer o resultado, que pode ser lesão corporal ou morte.
Ex: O agente pretende matar o próprio pai, que se acha conversando com Pedro,
estranho. Atira e mata o terceiro (Pedro). Sobre o fato incide a circunstância agravante.
Ocorre quando o agente atinge a vítima virtual e terceira pessoa. Aplica-se a 2ª parte
do art. 73: “(...) No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código”, ou seja, a regra do concurso formal de crimes.
D) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio criminis) – Art. 74
I) CONCEITO
Significa desvio do crime. Enquanto na aberratio ictus, o agente quer atingir uma pessoa
e ofende outra (ou ambas). Na aberratio criminis, o agente quer atingir um bem jurídico e ofende
outro (de espécie diversa).
Ex: o agente joga uma pedra contra uma vidraça e acaba acertando uma pessoa, em
vez do vidro.
II) ESPÉCIES
Só atinge o bem jurídico diverso do pretendido. Ou seja, o agente quer atingir uma
coisa e atinge uma pessoa. Responde pelo resultado produzido a título de culpa (homicídio ou
lesão corporal culposos).
O agente quer atingir uma coisa, vindo a ofender esta e uma pessoa. Responde por
dois crimes: dano (art. 163) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso formal (concurso
entre crime doloso e culposo). Aplica-se a pena do crime mais grave com o acréscimo de 1/6 até
metade (regra do concurso formal de crimes – art. 70).
A) CONCEITO
É a causa excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Ela não existe
na realidade, mas o sujeito pensa que sim, porque está errado. Só existe, portanto, na mente,
na imaginação do agente. Por essa razão, é também conhecida como descriminante imaginária
ou erroneamente suposta.
Logo, é possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias do
caso concreto, suponha encontrar-se em estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal ou em exercício regular do direito. Quando isso ocorre, aplica-se o
disposto no art. 20, § 1º, 1ª parte.
Em relação às consequências, o Código Penal, tendo adotado a teoria limitada da
culpabilidade, disciplina o tema da seguinte forma:
Se vencível, fica excluído o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo. (matar
o vigia pensando ser o ladrão).
Quando, entretanto, o erro do sujeito recai sobre os limites legais (normativos) da causa
de justificação, aplicam-se os princípios do erro de proibição: se inevitável, há exclusão da
culpabilidade; se evitável, não se exclui a culpabilidade, subsiste o crime doloso atenuando-se a
pena (art. 21).
Existe o erro provocado quando o sujeito a ele é induzido por conduta de terceiro. A
provocação pode ser dolosa ou culposa.
Responde pelo crime a título de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo do
induzimento.
a) Tratando-se de erro invencível, não responde pelo crime cometido, quer a título de
dolo, quer de culpa.
12.1) CONCEITO
Surge o erro de proibição: O erro de proibição é o erro que incide sobre a ilicitude
do fato. O sujeito, diante do erro, supõe lícito o fato por ele cometido. Ele sabe o que faz, mas
supõe inexistir a regra de proibição.
Ex. um jornal de grande circulação, por engano, divulga que o novo CP foi aprovado,
trazendo como excludente de ilicitude a eutanásia. Um leitor apressa a morte de um parente,
crendo agir sob o manto da causa de justificação inexistente. Trata-se de erro escusável.
B) INESCUSÁVEL OU EVITÁVEL:
Trata-se de erro sobre a ilicitude do fato que não se justifica, pois, se tivesse
havido um mínimo de empenho em se informar, o agente poderia ter tido conhecimento da
realidade.
13) DA ANTIJURIDICIDADE
13.1) CONCEITO
a) Estado de necessidade;
b) legítima defesa;
c) estrito cumprimento do dever legal
d) exercício regular de direito.
I) CONCEITO
I) CONCEITO
É uma causa de exclusão da ilicitude que consiste em repelir injusta agressão, atual ou
iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários.
II) REQUISITOS
O fundamento reside no fato de que não há crime quando o agente pratica o fato no
“estrito cumprimento de dever legal”. Quem cumpre um dever legal dentro dos limites impostos
pela lei obviamente não pode estar praticando ao mesmo tempo um ilícito penal, a não ser que
aja fora daqueles limites.
A condição essencial para que exista excesso é a preexistência de uma situação objetiva
de legítima defesa. Deve haver uma agressão injusta, de modo que o excesso se refere aos
limites da conduta do agredido, não à sua inicial ilicitude. Por isso, chama-se de excesso à
intensificação desnecessária de uma conduta inicialmente justificada.
a) Excesso doloso
Ocorre quando o agente, ao se defender de uma injusta agressão, emprega meio que
sabe ser desnecessário ou, mesmo tendo consciência de sua desproporcionalidade, atua com
imoderação.
Ex: já prostrado seu agressor, que não pode continuar a agressão, o agredido
prossegue na conduta de feri-lo. De uma conduta lícita passa a um comportamento ilícito.
Responde por crime doloso (art. 23, parágrafo único).
b) Excesso culposo
14) DA CULPABILIDADE
14.1) CONCEITO
I) INIMPUTABILIDADE
c) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28, § 1º, do CP)
Para que seja considerado inimputável não basta que o agente seja portador de “doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado”. É necessário que, em consequência
desses estados, seja “inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento” (no momento da conduta).
a) Conceito
b) embriaguez acidental
Se o sujeito comete uma infração penal sob efeito de embriaguez voluntária ou culposa,
não há exclusão da imputabilidade e, por consequência, não fica excluída a culpabilidade. Ele
responde pelo crime.
A) CONCEITO
Quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo- se o ser
humano da sua diligência ordinária, trata-se de uma hipótese de exclusão da culpabilidade.
Ex. um jornal de grande circulação, por engano, divulga que o novo CP foi aprovado,
trazendo como excludente de ilicitude a eutanásia. Um leitor apressa a morte de um parente,
crendo agir sob o manto da causa de justificação inexistente. Trata-se de erro escusável.
Além dos dois primeiros elementos, exige-se que nas circunstâncias do fato tivesse o
agente possibilidade de realizar outra conduta, de acordo com o ordenamento jurídico.
Ao contrário, quando não lhe era exigível comportamento diverso, não incide o juízo de
reprovação, excluindo a culpabilidade.
Quando o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não praticará crime por
ausência de conduta, aplicando-se o disposto no art. 13, “caput”, do CP. Trata-se de causa
excludente da tipicidade.
A coação moral deve ser irresistível. Tratando-se de coação moral resistível não
há exclusão da culpabilidade, incidindo uma circunstância atenuante (CP, art. 65, III,
c, 1ª figura).
B) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA – Art. 22
15.2) AUTORIA
I. CONCEITO
Várias teorias buscam definir o conceito de autor, merecendo destaque duas posições
apontadas pela doutrina:
De acordo com a teoria do domínio do fato, autor é quem tem o controle final do fato.
É quem domina o decurso do crime e decide sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. O
partícipe não tem o domínio do fato, pois apenas coopera, induz e incita a prática do delito.
Por essa razão, o mandante, embora não realize o núcleo da ação típica, deve ser
considerado autor, uma vez que detém o controle final do fato até a sua consumação,
determinando a prática delitiva.
B) Teoria restritiva
Segundo essa teoria, autor é aquele que pratica a ação descrita no verbo nuclear do
tipo penal, isto é, o que pratica o verbo nuclear do tipo: mata, subtrai, constrange, etc.
Em síntese, autor é aquele que realiza a conduta descrita no verbo nuclear do tipo, ao
passo que partícipe seria o agente que contribui para a prática delituosa, induzindo, instigando
ou auxiliando materialmente seu autor.
Sinala-se, por fim, que a coautoria é a realização conjunta, por mais de uma pessoa,
de uma mesma infração penal. É, em última análise, a própria autoria.
15.3) PARTICIPAÇÃO
Conforme a teoria restritiva de autoria, partícipe é quem contribui para que o autor ou
coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo nuclear do tipo,
concorre de algum modo para a produção do resultado.
A) Moral
1
Guilherme de Souza Nucci; André Estefam; Fernando Capez, Aníbal Bruno, Mirabete, René Ariel Dotti, dentre outros.
Ex: Rafa incute na mente de Iuri a ideia homicida contra Jonas. A característica da
determinação é a inexistência da resolução criminosa na pessoa do autor principal. Se Iuri matar
Jonas, Rafa responde por homicídio na condição de partícipe.
A.2) Instigação
Instigar é reforçar uma idéia já existente. O agente já a tem em mente, sendo apenas
reforçada pelo partícipe.
No caso do exemplo acima, Iuri já tinha em mente matar Jonas. Rafa apenas reforçou
a ideia homicida. Rafa é partícipe do crime de homicídio, enquanto Iuri responde pelo crime na
condição de autor.
B) Material
Ocorre na forma de auxílio. Considera-se, assim, partícipe aquele que presta ajuda
efetiva na preparação ou execução do delito.
Como a conduta do partícipe não descrita no tipo penal, faz-se necessária uma norma
de extensão que viabilize a adequação típica da conduta do partícipe à norma incriminadora.
Trata-se de uma norma de ligação entre a conduta do partícipe e o tipo penal. E essa norma se
encontra no artigo 29 do Código Penal, segundo o qual quem concorrer, de qualquer forma, para
um crime por ele responderá.
Nesse sentido, o artigo 29 do Código Penal viabiliza que o agente que contribuiu para
um resultado sem praticar a ação descrita no tipo penal seja enquadrado no crime praticado por
conta de uma conduta principal (do autor). Assim, quem ajudou a matar não praticou a conduta
descrita no art. 121 do Código Penal, mas, como concorreu para o seu cometimento, será
alcançado pelo tipo do homicídio, graças à regra do art. 29.
Para a participação ser punível, afigura-se imprescindível que o ato executório do crime
tenha sido iniciado.
Ex: Fabrício contrata Félix para matar Mafalda. Félix sai em busca de Mafalda e, ao
avistá-la, apiedado, não dá início ao intento executório. Nesse caso, tanto Fabrício quanto Félix
não respondem pelo delito de homicídio, pois sequer foi dado início ao ato executório.
Todos os que contribuem para a prática do delito cometem o mesmo crime, não
havendo distinção quanto ao enquadramento típico entre autor e partícipe.
Daí decorre o nome da teoria: todos respondem por um único crime (Teoria
unitária).
A teoria pluralista foi adotada, como exceção, no § 2º do art. 29 do CP, que dispõe: “se
algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste...”.
I) PLURALIDADE DE CONDUTAS
Assim, para que haja concurso de pessoas, exige-se que cada um dos agentes tenha
realizado ao menos uma conduta relevante. Pode ser em coautoria, onde há duas condutas
principais; ou autoria e participação, onde há uma conduta principal e outra acessória, praticadas,
respectivamente, por autor e partícipe.
Assim, se Tereza Cristina simplesmente diz que vai concorrer no homicídio a ser
cometido por Ferdinand não há participação. Agora, se Tereza Cristina instiga Ferdinand a matar,
ocorrendo pelo menos tentativa de homicídio, existe participação.
Os agentes devem atuar conscientes de que participam de crime comum, ainda que
não tenha havido acordo prévio de vontades. A ausência desse elemento psicológico inviabiliza o
concurso de pessoas, ensejando condutas isoladas e autônomas.
Importante lembrar que a lei não requer acordo prévio entre agentes, sendo suficiente
a consciência por parte das pessoas que de algum modo contribuem com o fato.
Nos termos do artigo 29, todos que concorrem para o crime respondem pelo
mesmo delito.
Ex: Alguém planeja a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um desvia
a atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-
se do local com o produto do furto.
I) AUTORIA MEDIATA
Trata-se de uma modalidade de autoria, que ocorre quando o agente se vale de pessoa
não culpável, ou que atua sem dolo ou culpa, para executar o delito.
Ex: o médico que, dolosa e insidiosamente, entrega uma injeção de morfina, em dose
demasiadamente forte, para enfermeira, que, sem desconfiar de nada, a aplica em enfermo,
matando-o.
O médico é autor mediato de homicídio doloso, pois usou sua assistente como
instrumento de sua agressão, ao passo que a enfermeira não será partícipe deste delito,
respondendo por crime culposo, desde que tenha atuado com imprudência ou negligência, ou
por crime nenhum, se o seu erro tiver sido inevitável.
Ex. Suponha-se que “A” e “B”, pretendendo matar “C” com tiros, postam-se de
emboscada, ignorando cada um o comportamento do outro. Ambos atiram na vítima, que
vem a falecer unicamente em razão dos ferimentos causados pela arma de “A”. Não há
coautoria nem participação. “A” responde por homicídio consumado; “B” por tentativa
de homicídio.
Dá-se a autoria incerta quando, na autoria colateral, não se apura a quem atribuir
a produção do resultado. Suponha-se a hipótese acima. Não foi descoberto de quem partiu o
tiro fatal. A solução é punir os agentes como autores de tentativa de homicídio,
abstraindo-se o resultado, cuja autoria não se apurou.
A ressalva “na medida da sua culpabilidade” feita aos limites da culpabilidade no art.
29 diz respeito somente à graduação da pena para os agentes que praticaram o mesmo crime.
Portanto, todos respondem pelo mesmo crime (teoria monista ou unitária). Todavia, a
unidade criminosa não importa necessariamente na aplicação de pena idêntica a todos os que
contribuíram para a prática do crime, pois cada um deverá responder na medida da sua
culpabilidade.
A participação aqui referida diz respeito exclusivamente ao partícipe. Isso porque, ainda
que tenha sido pequena, a contribuição do coautor não pode ser considerada de menor
importância, uma vez que atuou diretamente na execução do crime. A sua culpabilidade,
naturalmente superior à de um simples partícipe, será avaliada nos termos do art. 29, caput, do
CP, e a pena a ser fixada obedecerá aos limites abstratos previstos pelo tipo penal infringido.
Esse dispositivo cuida da hipótese de o autor principal cometer delito mais grave que o
pretendido pelo partícipe ou coautor.
Ex. “A” determina “B” a espancar “C”. “B” mata “C”. Segundo o art. 29, § 2º, “A”
responde por crime de lesão corporal, cuja pena deve ser aumentada até metade se a morte da
vítima lhe era previsível.
Ex: “A”, funcionário público, comete um crime de peculato (art. 312), com a participação
de “B”, não funcionário público. A condição pessoal (funcionário público) é elementar do crime
de peculato, comunicando-se, portanto, ao agente que não é funcionário público. Logo, os dois
respondem por crime de peculato.
3) TEORIA DA PENA
1) CONCEITO DE PENA
Pena é a sanção imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao criminoso como
retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes.
1.2) FINALIDADE
A pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a prática do crime, pela
reeducação e pela intimidação coletiva.
De acordo com a doutrina hoje dominante, a pena estatal não se justifica só porque
seria retribuição ao delito cometido (teorias absolutas) nem só porque seria meio de prevenção
de futuros delitos (teorias relativas).
Segundo o Código Penal, sobretudo diante da parte final do artigo 59, a pena
apresenta natureza mista: é retribuitiva e preventiva.
a) prestação pecuniária
b) perda de bens e valores
c) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
d) interdição temporária de direito
e) limitação de fim de semana
a) Quantidade da pena
b) o agente não reincidente, cuja pena seja superior a 04 anos e não exceda a 08,
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o agente não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 04 anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
Nos termos da Súmula 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semi-
aberto aos reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 04 anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais”.
Mesmo para o condenado a pena inferior a 04 anos, não reincidente, pode ser fixado o
regime inicial fechado ou semiaberto de acordo com as circunstâncias judiciais reveladas no
processo.
Não se tratando de pena superior a 08 anos (art. 33, § 2º, letra “a”, do CP), a imposição
de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada em face do que dispõem as
alíneas “b”, “c” e “d” do mesmo parágrafo (2º) e também o § 3º c/c o art. 59 do mesmo diploma.
Merece, ainda, destaque a Súmula 718 do STF, segundo a qual “a opinião do julgador
sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de
regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.”
e) importante: não existe regime inicial fechado na pena de detenção (art. 33, caput),
a qual começa obrigatoriamente em regime semiaberto ou aberto.
Conforme prevê o artigo 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), os
condenados por crimes hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura devem
necessariamente iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, mesmo sendo a pena
imposta inferior a 08 anos.
Ocorre, contudo, que, no dia 27 de junho de 2012, o STF, por oito votos contra três,
declarou inconstitucional tal dispositivo, por considerar que a obrigatoriedade do regime inicial
fechado viola o princípio constitucional da individualização da pena (HC 111.840/ES e Informativo
670).
Nos termos do artigo 33, § 2º, do Código Penal, as penas privativas de liberdade devem
ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do condenado. Em outras palavras,
adota-se no Brasil o sistema progressivo de cumprimento de pena, no qual o condenado, após
cumprir parte da pena e demonstrar merecimento, passará gradativamente de um regime mais
severo para outro mais brando.
Conforme o artigo 112 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), para que se processe
a progressão exige a lei, em primeiro lugar, dois requisitos: um de caráter objetivo, que é o
cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior, e um de caráter subjetivo, que se refere ao
mérito do condenado indicando a oportunidade da transferência.
I) REQUISITOS
a) Requisito objetivo
Em primeiro lugar, para obter a progressão de regime, deve o condenado ter cumprido
1/6 da pena ou do total das penas que lhe foram impostas no regime inicial.
Nesse sentido é a Súmula 715 do STF “a pena unificada para atender ao limite de
trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do código penal, não é considerada para
a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.”
b) Requisito subjetivo
É nesse sentido, aliás, a Súmula 439 STJ, segundo a qual “admite-se o exame
criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”.
A partir do disposto no artigo 5º, XLII, da Constituição Federal, o legislador editou a Lei
nº 8.072/90, estabelecendo regras específicas para os crimes hediondos e equiparados (tráfico
de drogas, tortura e terrorismo).
A redação original do artigo 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, previa que os condenados por
crimes hediondos ou equiparados deveriam cumprir a pena integralmente em regime fechado.
Ou seja, os condenados por tais delitos não tinham direito à progressão de regime.
Todavia, no dia 23 de fevereiro de 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF), nos autos
do HC 82.959/SP, declarou inconstitucional tal dispositivo, considerando que a vedação à
progressão de regime violava o princípio da individualização da pena e da dignidade da pessoa
humana.
Além disso, o lapso temporal para progressão de regime ao condenado por crimes
hediondos e equiparados passou a ser de 2/5, se primário, e 3/5 se reincidente. Convém registrar
que esses lapsos temporais valem somente para os crimes praticados a entrada em vigor da Lei
11.464/2007, já que a lei nova não pode retroagir para prejudicar o réu.
Por evidente, que, além do requisito objetivo, o condenado por crime hediondo ou
equiparado deverá preencher o requisito objetivo, revelando mérito para a obtenção do benefício.
A aferição do requisito subjetivo segue também a redação do artigo 112 da LEP, sendo
suficiente atestado de bom comportamento carcerário produzido pelo diretor do presídio.
Todavia, o juiz da execução criminal poderá determinar a realização de exame criminológico. É
nesse sentido o teor da Súmula Vinculante 26 do STF e Súmula 471 do STJ.
Súmula 471 STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos
antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984
(Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional”.
Não é permitida pela LEP, a qual exige o cumprimento de 1/6 da pena no regime
anterior. Por essa razão a lei vigente torna obrigatória a passagem pelo regime intermediário
(semiaberto).
I) CONCEITO
Se, por exemplo, o agente ficou preso provisoriamente pelo prazo de 06 meses e, ao
final, restou condenado a uma pena de 04 anos, terá de cumprir 03 anos e 06 meses, já que o
período da prisão provisória deve ser computado na pena privativa de liberdade.
Até a alteração do § 2º do artigo 387 do Código de Processo Penal, entendia-se que o
tempo de prisão provisória não influenciava na fixação do regime inicial carcerário a ser
estabelecido pelo juiz na sentença.
De fato, a Lei 12.736/2012 incluiu no artigo 387, §2º, do CPP, a seguinte redação: “O
tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro,
será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”.
Nesse sentido, se o agente ficou preso provisoriamente por 01 ano, sendo, ao final
condenado a 08 anos e 06 meses (o que exigiria a fixação do regime inicial fechado), com a nova
regra o Magistrado da condenação deverá considerar, na fixação do regime carcerário, o período
de prisão provisória, fixando, considerando-se o agente primário, o regime inicial semiaberto, já
que com a desconto da prisão provisória a pena restante é de 07 anos e 06 meses.
I) CONCEITO
As penas restritivas de direitos são substitutivas. Significa que o juiz, em primeiro lugar,
deve fixar a pena privativa de liberdade, para depois substituí-la por uma ou mais alternativas,
conforme o caso.
A) REQUISITOS OBJETIVOS
As penas restritivas de direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa.
B) REQUISITOS SUBJETIVOS
É necessário que o sujeito não seja reincidente em crime doloso. O texto não trata de
qualquer reincidente. Refere-se ao não reincidente em crime “doloso”, de modo que não há
impedimento à aplicação da pena alternativa quando:
Convém notar que esses requisitos constituem uma repetição das circunstâncias
constantes do art. 59, caput, do CP, salvo duas: comportamento da vítima e consequências do
crime, coincidentemente as únicas de natureza objetiva. Assim, o art. 44, III, do CP somente
levou em conta as circunstâncias subjetivas do mencionado art. 59.
Nos termos do artigo 17 da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, “É
vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de penas que implique
o pagamento isolado de multa”.
Vê-se, pois, que há vedação parcial da aplicação de pena restritiva de direitos à hipótese
de violência doméstica, limitando-se a vedação à “cesta básica”, prestação pecuniária e multa
isolada. Não há, portanto, restrições às outras espécies restritivas de direitos.
6) DA PENA DE MULTA
I) CONCEITO
A quantidade dos dias-multa não é cominada pela norma penal incriminadora, que só
faz referência à multa. Deve ser fixada pelo juiz, variando de, no mínimo, 10 dias-multa a, no
máximo, 360 dias-multa (art. 49).
O valor do dia-multa deve ser também fixado pelo juiz na sentença, não podendo ser
inferior a um trigésimo do salário mínimo mensal de referência vigente ao tempo do fato, nem
superior a 05 vezes esse salário (art. 49, § 1º).
III) MULTA COMO DÍVIDA DE VALOR – Art. 51
No direito penal vigente o não pagamento da multa estatal não conduz, em nenhuma
hipótese, à aplicação da pena de prisão. Ninguém pode ser privado da liberdade em razão do não
pagamento de uma multa estatal.
Nos termos da Lei 9.268/96, que alterou a redação do art. 51 do CP, transitada em
julgado a sentença condenatória, o valor da multa deve ser inscrito como dívida ativa em favor
da Fazenda Pública. A multa permanece com sua natureza penal. A execução é que se procede
em termos extrapenais. Em face disso, a obrigação de seu pagamento não se transmite aos
herdeiros do condenado.
7) DA APLICAÇÃO DA PENA
Por antecedentes deve-se entender os fatos anteriores praticados pelo réu, que podem
ser bons ou maus.
a) PROIBIÇÃO DO BI S I N I DEM
Ex: se o sujeito pratica homicídio por motivo fútil (art. 121, § 2º, II), não incide a
agravante do art. 61, II, “a”, 1ª figura (ter sido o crime cometido por motivo fútil), pois a
circunstância genérica funciona como “qualificadora” do homicídio (qualifica o delito).
B) DA REINCIDÊNCIA – Art. 63
I) CONCEITO
Em que pese tal discussão, o Código Penal, em sua Parte Geral, manteve a reincidência
como circunstância agravante. A exacerbação da pena justifica-se para aquele que, punido
anteriormente, voltou a delinquir, demonstrando que a sanção anteriormente imposta foi
insuficiente.
Ex. o sujeito pratica um crime, sendo processado e condenado. Não recorre, vindo a
sentença transitar em julgado. Meses depois, vem a praticar novo crime. É considerado
reincidente uma vez que cometeu novo delito após o trânsito em julgado de sentença que o
condenou por prática de crime.
Assim, segundo DAMÁSIO DE JESUS (2010, p. 610), podem ocorrer várias hipóteses:
Se o agente vier a cometer novo crime depois de cinco anos da extinção da primeira
pena, a anterior sentença condenatória não terá força de gerar a agravação da pena, uma vez
que o réu não será considerado reincidente.
Nos termos do art. 64, inciso I, o termo a quo do prazo de 05 anos é a data:
a) do cumprimento da pena
Trata-se das penas de reclusão, detenção, prisão simples, restritiva de direitos ou multa.
Quando impostas cumulativamente, como p. ex., reclusão e multa, cumprida a primeira e não
satisfeita a segunda, o prazo ainda não começa a correr. Isso somente ocorre quando o
condenado efetuar o pagamento da sanção pecuniária. Se paga em parcelas mensais, o prazo se
conta do pagamento da última prestação.
O art. 64, II, preceitua que “Para efeito de reincidência, não se consideram os crimes
militares próprios ou políticos”.
Se a condenação definitiva anterior for por crime militar próprio, a prática de crime
comum não leva à reincidência. Se o agente, porém, pratica crime militar próprio, após ter sido
definitivamente condenado pela prática de crime comum, será reincidente perante o CPM (Código
Penal Militar), pois este não tem norma equivalente.
b) Crimes políticos
São circunstâncias que não estão previstas expressamente em lei e que servem de
meios diretivos para o juiz aplicar a pena.
I) CONCEITO
Ocorre o concurso material quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput).
Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas,
pelo concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico
para cada um dos delitos.
Nos termos do art. 69, caput, quando o agente realiza o concurso real de crimes,
“aplicam-se cumulativamente as penas em que haja incorrido”. Portanto, no concurso material
as penas são cumuladas, somadas.
I) CONCEITO
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput). Difere do concurso material pela
unidade de conduta. Ex. o agente, com um só tiro ou um golpe só, ofende mais de uma pessoa.
Está previsto na primeira parte do artigo 70. Ocorre quando o agente pratica duas ou
mais infrações penais através de uma única conduta. Resulta de um único desígnio. O agente,
por meio de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados.
Ex: o agente dirige um carro em alta velocidade e acaba por atropelar e
matar três pessoas.
Ex: o agente incendeia uma residência com a intenção de matar todos os moradores.
O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos moradores
da residência.
Neste caso o concurso continua sendo formal, mas, na aplicação da pena, manda o
CP que seja realizada com base na regra do concurso material: as penas devem ser
somadas.
Se, da aplicação da regra do concurso formal, a pena tornar-se superior à que resultaria
da aplicação do concurso material (soma de penas), deve-se seguir este último critério (art. 70,
par. único). Portanto, na dosagem da pena, deve esta ser fixada com prudência para que o sujeito
não seja prejudicado.
Ex: Suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples e uma lesão
corporal leve em concurso formal. Aplicado o princípio do concurso material, sofreria pena mínima
de sete anos de reclusão (seis anos pelo homicídio, mais 1/6 previsto no art. 70 do CP).
Aplicada a pena de acordo com o concurso material, seria de 06 anos de reclusão pelo
homicídio e 03 meses de detenção pela lesão corporal leve (06 anos e 03 meses de pena privativa
de liberdade).
Em face disso, a pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se
fosse caso de concurso material. Daí a razão da regra do parágrafo único do art. 70: “não poderá
a pena exceder a que seria cabível” pelo princípio do concurso material.
I) CONCEITO
Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da MESMA ESPÉCIE, devendo os subsequentes, pelas condições de
TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO E OUTRAS SEMELHANTES, ser havidos como
continuação do primeiro.
II) REQUISITOS
A) Pluralidade de condutas
O mesmo agente deve praticar duas ou mais condutas. Se houver uma conduta, ainda
que desdobrada em vários atos ou vários resultados, o concurso poderá ser formal.
Assim, há possibilidade de haver crime continuado entre furto simples (art. 155,
“caput”) e furto qualificado (art. 155, §4º). Todavia, não pode haver crime continuado entre furto
(art. 155) e apropriação indébita (art. 168), entre furto (art. 155, “caput”) e roubo (art. 157) ou
entre roubo (art. 157) e extorsão (art. 158).
C) Condições de tempo
Deve haver uma conexão temporal entre as condutas praticadas para que se configure
a continuidade delitiva. Deve existir, em outros termos, uma certa periodicidade que permita
observar-se um certo ritmo, uma certa uniformidade, entre as ações sucessivas, embora não se
possam fixar, a respeito, indicações precisas.
A jurisprudência tem admitido crime continuado quando entre as infrações penais não
houver decorrido período superior a 30 dias.
Deve existir entre os crimes da mesma espécie uma conexão espacial para caracterizar
o crime continuado.
E) Maneira de execução
A lei exige que a forma de execução das infrações continuadas seja semelhante,
traduzindo-se no modo, forma e os meios empregados para a prática dos delitos.
Ex: o furto fraudulento, por exemplo, não guarda nexo de continuidade com o furto
mediante arrombamento ou escalada.
Admite-se nexo de causalidade entre crimes que lesam interesses jurídicos pessoais,
ainda que praticados contra vítimas diversas
Assim, admite a reforma penal nexo de continuidade entre homicídios, lesões corporais
ou roubos contra vítimas diversas, podendo o juiz, de acordo com as circunstâncias judiciais do
art. 59, caput, aumentar a pena de um dos delitos até o triplo, desde que a pena não seja superior
à que seria imposta se o caso fosse de concurso material.
Mesmo que o crime seja contra vítimas diferentes, se não houver violência – real ou
ficta – contra a pessoa, não haverá a continuidade específica, mesmo que haja violência contra
a coisa.
Se a ação criminosa for praticada contra vítimas diferentes, com violência à pessoa,
mas não for produto de uma conduta dolosa, não estará caracterizada a exceção.
Nada obsta a que o agente, num ou em vários processos, seja condenado a tempo
superior: a duração da execução da pena (cumprimento da pena) é que não pode ser superior a
trinta anos.
Esse limite só se refere ao tempo de cumprimento de pena, não podendo servir de base
para o cálculo de outros benefícios, como o livramento condicional e progressão de regime.
Nesse sentido é o teor da Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao
limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é
considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime
mais favorável de execução”.
10) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA (SURSIS) – Art. 77
I) CONCEITO
Além disso, a pena privativa de liberdade não pode ser superior a 02 anos, ainda
que resulte, no concurso de crimes, de sanções inferiores a ela.
Somente se aplica o sursis caso não caiba substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
Nos termos do artigo 77, § 1º, se a condenação anterior quanto ao crime doloso gerou
aplicação exclusiva de pena de multa, igualmente se mostra possível a suspensão condicional da
pena.
b) Circunstâncias judiciais favoráveis ao agente
1º) prestar serviços à comunidade, nos termos do art. 46 (art. 78, § 1º, 1ª parte); ou
2º) submeter-se à limitação de fim de semana, de acordo com o artigo 48 (art. 78, § 1º, 2ª
parte).
Tratando-se de sursis especial (art. 78, § 2º), satisfeitos os seus requisitos, as condições
alternativas da prestação de serviços à comunidade e a limitação de fim de semana são
substituídas por:
2º) proibição de ausentar-se o condenado da comarca onde reside, sem autorização judicial; e
3º) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades (art. 78, § 2º, alíneas a e c).
O período de prova pode ser prorrogado, nas hipóteses do artigo 81, § 2º, do CP.
A lei não faz ressalva no sentido de que a condenação deva ser por crime praticado no
curso da suspensão condicional da pena. Logo, não se mostra relevante se o crime foi praticado
antes ou depois ao início da suspensão condicional da pena. Basta que tenha havido sentença
condenatória transitada em julgado pela prática de crime doloso, independentemente de quando
foi praticado.
Todavia, se a nova condenação se referir somente à pena de multa, não haverá
revogação do benefício.
Se o período de prova termina sem que haja ocorrido motivo para a revogação, não
mais se executa a pena privativa de liberdade (art. 82).
Assim, expirado o prazo de suspensão ou de prorrogação, sem que tenha havido motivo
para a revogação, o juiz deve declarar extinta a pena privativa de liberdade.
I) CONCEITO
A) REQUISITOS OBJETIVOS
Tal como ocorre com a suspensão condicional, somente a pena privativa de liberdade
pode ser objeto do livramento condicional. Esse instituto somente poderá ser concedido à pena
privativa de liberdade igual ou superior a dois anos (art. 83 do CP). A soma das penas é permitida
para atingir esse limite mínimo, mesmo que tenham sido aplicadas em processos distintos.
Nos termos do artigo 83, I e II, do CP, o criminoso primário deve cumprir mais de 1/3
da pena privativa de liberdade.
Assim também o reincidente, desde que não o seja em crime doloso. Para tanto, é
necessário que apresentem bons antecedentes.
Nos termos do art. 91, I, do CP, a condenação torna certa a obrigação de indenizar o
dano resultante do crime. Assim, o condenado não pode obter o livramento condicional enquanto
não repara o dano causado, salvo quando insolvente.
Tratando-se de condenado por crime doloso cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa, a concessão do livramento fica subordinada, além dos requisitos do art. 83, à
constatação, mediante perícia, de condições pessoais que façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir (CP, art. 83, parágrafo único).
Suponha-se que o sujeito tenha sido condenado a seis anos de reclusão. Primário, tenha
obtido o livramento condicional após cumprir dois anos. O período de prova corresponde a quatro
anos.
Se, durante esse lapso de tempo, o liberado vier a cometer novo delito, sendo
condenado irrecorrivelmente a pena privativa de liberdade, haverá revogação obrigatória do
livramento condicional.
Nos termos do art. 87, o juiz poderá também revogar a medida se o liberado deixa de
cumprir qualquer das obrigações constantes na sentença ou é irrecorrivelmente condenado, por
crime ou contravenção, a pena de multa ou restritiva de direitos.
1º) o sentenciado tem de cumprir a pena que se encontrava com execução suspensa;
3º) não pode mais ser favorecido por novo livramento condicional em relação a essa pena.
IV) PERÍODO DE PROVA – Art. 89
Se, ao término do período de prova, o liberado está respondendo por crime cometido
durante a sua vigência, o prazo do período de prova é prorrogado, não podendo o juiz declarar
a extinção da punibilidade enquanto não transitar em julgado a sentença absolutória. Se for
condenatória, o livramento condicional será revogado.
O artigo 91, II, ressalva o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé. Logo, o confisco
só pode recair sobre objeto que pertença ao autor ou partícipe do crime.
Nesses casos, a condenação só produz o efeito específico quando impõe pena privativa
de liberdade por tempo igual ou superior a um ano.
Nos demais casos, isto é, nos crimes comuns cometidos por funcionário público, a
referida perda advém de condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro
anos.
c) a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso.
* que o veículo tenha sido utilizado “como meio” para a sua prática.
I) CONCEITO
Trata-se de uma forma de sanção penal, com caráter preventivo e curativo, visando a
evitar que o autor de um fato havido como infração penal, inimputável ou semi-imputável,
mostrando periculosidade, torne a cometer outro crime e receba tratamento adequado (NUCCI,
2013, p. 593)
Nos termos do art. 97, caput, se o agente for inimputável, o juiz, absolvendo-o,
determinará sua internação (periculosidade presumida). É a chamada medida de segurança
detentiva.
Se, contudo, a pena abstrata prevista para o crime por ele cometido for de detenção,
poderá submetê-lo a medida de segurança restritiva e não detentiva, que é a sujeição a
tratamento ambulatorial (periculosidade real).
A sentença que permite a aplicação de medida de segurança denomina-se absolutória
imprópria, tendo em vista que, a despeito de considerar que o réu não cometeu delito, logo, não
é criminoso, merece uma sanção penal (medida de segurança).
Ou seja, a norma não prevê prazo máximo de internação, mas define o período mínimo
que o agente deverá ficar submetido a medida de segurança (01 a 03 anos).
No entanto, para parte da doutrina, embora não seja pena, a indeterminação do prazo
de duração da medida de segurança possui caráter de perpetuidade, violando a própria
constituição.
Nesse sentido, o STJ editou a Súmula 527, segundo a qual “O tempo de duração da
medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao
delito praticado.”
I) CONCEITO
Em regra, a prescrição alcança todas as infrações penais. Nos termos da CF, porém,
não se aplica aos CRIMES DE RACISMO (art. 5º, XLII; Lei 7716/89, com alterações da Lei
9459/97) e aos referentes à AÇÃO DE GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES, CONTRA A
ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO (XLIV). De modo que o decurso do
tempo não extingue a prescrição em qualquer de suas formas.
A prescrição é regulada pelos prazos previstos no artigo 109 do Código Penal. Ou seja,
os prazos previstos nesse artigo servem de parâmetro para o cálculo da prescrição da pretensão
punitiva e executória.
Convém destacar que as penas restritivas de direitos, que substituem a pena privativa
de liberdade, prescrevem no mesmo prazo das penas substituídas, nos termos do artigo 109,
parágrafo único, do Código Penal.
Exemplo: Supõe-se que o agente tenha sido condenado a 01 ano pela prática do crime
de furto, sendo a pena privativa de liberdade substituída por uma prestação de serviços à
comunidade. Essa pena prescreverá em 04 anos.
O art. 115 determina que SÃO REDUZIDOS DE METADE os prazos da prescrição quando
o criminoso era, AO TEMPO DO CRIME, MENOR DE 21 ANOS ou MAIOR DE 70 ANOS na DATA
DA SENTENÇA.
Para saber qual o prazo de prescrição da pretensão abstrata punitiva devemos verificar
o limite máximo da pena imposta em abstrato no preceito sancionador e enquadrá-lo
em um dos incisos do art. 109 do CP.
Ex., Suponha-se que um sujeito cometa um crime de lesão corporal leve (pena de 03
meses a 01 ano), não se descobrindo a autoria. Se o Estado, dentro de 04 anos, não exercer o
direito de punir, opera-se a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva. Aplica-
se o disposto no art. 109.
Ex. calúnia (art. 138). Máximo da pena abstrata: 02 anos. Prazo prescricional da
pretensão punitiva: 04 anos (art. 109, V).
O primeiro termo inicial é a data da consumação do delito (I). Constitui exceção à teoria
da atividade, pois, na prescrição, adota-se a teoria do resultado.
Nesse sentido, se uma criança de 10 anos for vítima de crime de estupro de vulnerável,
por exemplo, e a ação ainda não tiver sido instaurada, o prazo prescricional passará a correr a
partir da data em que ela completar 18 anos.
Existe uma ressalva no texto legal, segundo a qual a prescrição começará a correr antes
de a vítima completar 18 anos se a esse tempo já tiver sido proposta ação penal para apurar a
infração penal. Ex: crime contra criança de 10 anos em que a vítima conta o ocorrido aos pais e
o Ministério Público oferece denúncia quando ela tem 15 anos. O prazo prescricional neste caso
começará a correr da propositura da ação penal, e não da data do crime; se até o oferecimento
da denúncia a prescrição não estava ocorrendo, o termo inicial é o da propositura da ação, não
retroagindo à data do fato. (ESTEFAM; GONÇALVES, 2013, p. 704).
Como visto, nos termos do que dispõe o art. 109, caput, do CP, a prescrição da
pretensão punitiva, salvo a exceção do § 1º do art. 110, é regulada pelo máximo da sanção
privativa de liberdade.
Há, porém, no art. 110, § 1º, uma primeira exceção: caso em que, não obstante
TRATAR-SE DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, TRANSITANDO EM JULGADO a
sentença condenatória para a ACUSAÇÃO, ou SENDO IMPROVIDO o seu recurso, a partir da
sua publicação começa a correr prazo prescricional regulado pela PENA CONCRETA.
Nos termos do artigo 110, caput, a prescrição, depois de transitar em julgado a sentença
condenatória, REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA e verifica-se nos prazos
fixados no art. 109, os quais se aumentam de 1/3 se o condenado é reincidente.
A incidência das causas do art. 117, salvo a do inciso V, faz com que seja extinto o
prazo decorrido antes da interrupção, recomeçando a correr a prescrição por inteiro (§ 2º).
II - PELA PRONÚNCIA
A pronúncia também interrompe a prescrição (art. 117, II). A decisão do juiz tem força
de interromper a prescrição, ainda que o réu venha a ser absolvido no Júri.
O art. 117, IV, determina que a prescrição se interrompe pela sentença condenatória
recorrível. A interrupção ocorre na data da publicação da sentença, i.e., no dia em que o escrivão
recebe a sentença do juiz e a junta aos autos, independentemente do registro e de outras
diligências.
O ACÓRDÃO CONDENATÓRIO, ainda que não unânime, e por isso sujeito a embargos
infringentes, TAMBÉM INTERROMPE O PRAZO PRESCRICIONAL da pretensão punitiva. Isso
ocorre quando, tendo sido absolvido em primeiro grau, O RÉU VEM A SER CONDENADO PELO
ACÓRDÃO DO TRIBUNAL. Trata-se de acórdão recorrível.
VI - PELA REINCIDÊNCIA.
A REINCIDÊNCIA SOMENTE INTERROMPE O PRAZO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA, SENDO INAPLICÁVEL À PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (ART. 109). Nesse
sentido, a Súmula 220 do STJ: “A reincidência não influiu no prazo da prescrição da pretensão
punitiva”.
I) CONCEITO
Com a prática do crime, o direito de punir do Estado, que era abstrato, torna-se
concreto, surgindo a punibilidade, que é a possibilidade jurídica do Estado impor a sanção.
Todavia, o Código Penal prevê hipóteses de extinção da punibilidade.
Assim, o CP prevê causas extintivas da punibilidade fora do rol dessa disposição. Exs:
art 82: término do período de prova do sursis, sem motivo para revogação da medida;
art. 90: o término do período de prova do livramento condicional sem motivo para
revogação
art. 312, § 3º, 1ª parte: a reparação do dano no peculato culposo, antes da sentença
final irrecorrível extingue a punibilidade.
A) MORTE DO AGENTE
NÃO É APLICÁVEL, porém, aos delitos referentes a “prática de tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos” (art. 5º,
XLIII, CF/88, art. 2º, I, da Lei 8072/90).
Assim, vindo a ser agraciado ou indulto, o sujeito que cometer novo crime será
considerado reincidente.
Nos termos do art. 5º, XLIII, da CF/88, a graça e a anistia não podem ser aplicados em
relação a delitos referentes à prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo e aos definidos como crimes hediondos.
A lei penal retroage, atingindo fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, sempre
que beneficiar o agente de qualquer modo (art. 5º, XL, CF/88 e art. 2° do CP).
A abolitio criminis é causa de extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, inciso
III, do CP, e gera o efeito de fazer cessar a execução e os efeitos penais da sentença condenatória
(reincidência, maus antecedentes, lançamento do nome do réu no rol dos culpados).
Todavia, não apaga os efeitos civis da prática delituosa, já que a lei fala em cessação
dos efeitos “penais” da sentença.
a) DECADÊNCIA
E) DA RENÚNCIA
Assim, é oportuna a renúncia dentro dos seis meses previstos para o exercício da ação
penal privada (art. 103 CP).
PERDÃO é o ato pelo qual INICIADA A AÇÃO PENAL PRIVADA, o ofendido ou seu
representante legal desiste de seu prosseguimento, nos termos do art. 105, caput, do CP.
O perdão NÃO PRODUZ EFEITOS QUANDO RECUSADO PELO QUERELADO (art. 106,
III), pois este pode ter o interesse de provar a sua inocência.
Assim, havendo dois réus, o perdão aceito por um produz efeito de extinguir a
punibilidade também em relação ao outro, SALVO SE OCORRE RECUSA. Neste caso, a ação penal
continua em relação ao querelado que o recusou.
G) DO PERDÃO JUDICIAL
Perdão judicial é o instituto pelo qual O JUIZ, não obstante comprovada a prática da
infração penal pelo sujeito culpado, deixa de aplicar a pena em face de justificadas circunstâncias.
O perdão judicial constitui causa extintiva da punibilidade de aplicação restrita (art. 107,
IX). Significa que não é aplicável a todas as infrações penais, mas somente àquelas especialmente
indicadas pelo legislador.
O PERDÃO JUDICIAL SE DISTINGUE DO PERDÃO DO OFENDIDO, também causa
extintiva da punibilidade (CP, arts. 105, 106 e 107, V, parte final).
01) HOMICÍDIO
I) CONCEITO
O crime de homicídio por ser praticado por ação ou omissão, como, por exemplo, no
caso da mãe que deixa de alimentar o filho, causando-lhe a morte.
Ex: o agente buscar ceifar a vida da vítima com simulacro de arma de fogo (arma de
brinquedo); se a perícia constatar que a arma era totalmente inapta a desferir disparos por algum
defeito; arma descarregada, sem que haja munição para carregá-la ao alcance do agente.
De outro lado, se o revólver estava carregado com balas velhas ou que falham, que
podem ou não disparar, o meio utilizado é relativamente ineficaz para produzir o resultado,
podendo, nesse caso, caracterizar a tentativa de homicídio.
O art. 121, § 1º, do CP, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o sujeito
cometer o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode reduzir
a pena de 1/6 a 1/3.
Ocorre quando a causa do delito diz respeito a um interesse coletivo. A conduta, então,
é ditada em face de um interesse que diz respeito a todos os cidadãos de uma coletividade.
Ex: pai desesperado pelo vício que impregna seu filho e vários outros alunos, mata um
traficante que distribui drogas num colégio, sem qualquer ação eficaz da polícia para contê-lo.
b) Motivo de relevante valor moral
Será motivo de relevante valor moral aquele que, em si mesmo, é aprovado pela ordem
moral, pela moral prática, como, por exemplo, a compaixão ou piedade ante o irremediável
sofrimento da vítima.
A última figura típica privilegiada descreve o homicídio cometido pelo sujeito sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação do ofendido.
O texto legal exige, ainda, que o impulso emocional e o ato dele resultante sigam- se
imediatamente à provocação da vítima, ou seja, tem de haver a imediatidade entre a provocação
injusta e a conduta do sujeito.
B) MOTIVO FÚTIL
A) Conceito
É um tipo penal aberto, que depende, pois, da interpretação do juiz para poder ser
aplicado. A culpa, conforme o artigo 18, II, do CP, é constituída de “imprudência, negligência ou
imperícia”. Portanto, matar alguém por imprudência, negligência ou imperícia concretiza o tipo
penal incriminador do homicídio culposo.
a) Imprudência
b) Negligência
Ex. deixar criança de tenra idade no interior de um veículo, que, algum tempo depois,
morre asfixiada.
c) Imperícia
Ex: Engenheiro que constrói um prédio cujo material é de baixa qualidade, vindo este
a desabar e a provocar a morte dos moradores.
Ex. o pai que provoca a morte do próprio filho, num acidente fruto de sua imprudência,
já teve punição mais do que severa. A dor por ele experimentada é mais forte do que qualquer
pena que se lhe pudesse aplicar. Por isso, surge a hipótese do perdão. O crime existiu, mas a
punibilidade é afastada.
I) CONCEITO DE SUICÍDIO
Para que haja o delito de participação em suicídio é necessário que a vítima tenha
capacidade de resistência. TRATANDO-SE DE ALIENADO MENTAL E CRIANÇA, A AUSÊNCIA DE
VONTADE VÁLIDA FAZ COM QUE O DELITO SEJA DE HOMICÍDIO.
Embora, em tese, fosse possível, por se tratar de crime material, NÃO EXISTE
TENTATIVA DE PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO.
Motivo egoístico é o excessivo apego a si mesmo, o que evidencia o desprezo pela vida
alheia, desde que algum benefício concreto advenha ao agente. Logicamente, merece maior
punição.
Ex: É o caso, por exemplo, de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar com a
herança.
b) Se a vítima é menor
Em segundo lugar, a pena é agravada quando a vítima é menor. Qual a idade para
efeito da qualificadora?
A terceira qualificadora prevê a hipótese de a vítima ter diminuída, por qualquer causa,
a capacidade de resistência, como enfermidade física ou mental, idade avançada.
Por fim, é de ressaltar que o suicida com RESISTÊNCIA NULA, pelos abalos ou situações
supramencionadas, incluindo-se a idade inferior a 14 anos, é vítima de HOMICÍDIO, e não de
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.
I) CONCEITO
Trata-se de homicídio cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou recém-nascido,
sob a influência do estado puerperal.
O infanticídio ocorre quando a ação é praticada durante o parto ou logo após. Antes
de iniciado o parto existe o aborto e não infanticídio.
Não incidem as agravantes previstas no art. 61, II, “e” e “h”, do CP (crime cometido
contra descendente e contra criança), vez que integram a descrição do delito de infanticídio. Caso
incidissem, haverá bis in idem.
A ação nuclear é o verbo matar, assim como no delito de homicídio, que significa
destruir a vida alheia, no caso, a eliminação da vida do próprio filho pela mãe.
A ação física, todavia, deve ocorrer durante ou logo após o parto, não obstante a
superveniência da morte em período posterior.
Admite-se a forma omissiva, visto que a mãe tem o dever legal de proteção, cuidado e
vigilância em relação ao filho.
Ex: Mãe, sob influência do estado puerperal, percebe que o filho está morrendo
sufocado com o leite materno e nada faz para impedir o resultado morte. Incide, no caso, o
disposto no artigo 13, § 2º, do CP.
Estado puerperal é o estado que envolve a mulher durante o parto. Há profundas
alterações psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições
de entender o que está fazendo.
a) Sujeito ativo
A autora do infanticídio SÓ PODE SER A MÃE. Cuida-se de CRIME PRÓPRIO, uma vez
que não pode ser cometido por qualquer autor.
O tipo penal exige qualidade especial do sujeito ativo. Entretanto, isso não impede que
terceiro responda por infanticídio diante do concurso de agentes.
b) Sujeito passivo
Segundo boa parte da doutrina, estando a mulher sob influência do estado puerperal,
responde ela por infanticídio, delito que também será atribuído aos eventuais concorrentes do
fato, uma vez que se trata de circunstância de caráter pessoal que constitui elementar do crime.
Logo, comunica- se aos coautores ou partícipes, nos termos do art. 30 do CP.
IV) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Trata-se de crime material. Diante disso, admite-se a tentativa, desde que a morte não
ocorra por circunstâncias alheias à vontade da autora.
Ex: a genitora, ao tentar sufocar a criança com um travesseiro, tem a sua conduta
impedida por terceiros.
04) ABORTO
Trata-se de crime de mão própria, pois somente a gestante pode realizá-lo, contudo
isso não afasta a possibilidade de participação no crime em questão.
É a própria mulher quem executa a ação material do crime, ou seja, ela própria emprega
os meios ou manobras abortivas em si mesma.
Em tese, a gestante e o terceiro deveriam responder pelo delito do art. 124. Contudo,
o CP prevê uma modalidade especial de crime para aquele que provoca o aborto com o
consentimento da gestante (art. 126).
a) DISSENTIMENTO PRESUMIDO
Para o CP, quando a vítima não é maior de 14 anos ou é alienada mental, não possui
consentimento válido, levando à consideração de que o aborto se deu contra a sua
vontade.
b) DISSENTIMENTO REAL
Quando o agente emprega violência, grave ameaça ou mesmo fraude, é natural supor
que extraiu o consentimento da vítima à força, de modo que o aborto necessita encaixar-se na
figura do art. 125.
Para que se caracterize a figura do aborto consentido (art. 126), é necessário que o
consentimento da gestante seja válido, isto é, que ela tenha capacidade para consentir. Ausente
essa capacidade, o delito poderá ser outro (art. 125).
Entretanto, o legislador para punir mais severamente o terceiro que provoca o aborto,
criou o art. 126, aplicando a teoria dualista (ou pluralista) do concurso de pessoas.
A lei não exige autorização judicial, processo judicial ou sentença condenatória contra
o autor do crime de estupro para a prática do aborto sentimental, ficando a intervenção a critério
do médico. Basta prova idônea do atentado sexual.
A lesão corporal de natureza grave (ou mesmo a gravíssima) é uma ofensa à integridade
física ou à saúde da pessoa humana, considerada muito mais séria e importante do que a lesão
simples ou leve.
b) PERIGO DE VIDA
Portanto, o tipo só admite o preterdoloso, uma vez que, se houver dolo quanto ao
perigo de vida, o agente responderá por tentativa de homicídio.
Não se exige que seja uma debilidade perpétua, bastando que tenha longa duração.
Ex. perda de um dos dedos (membro); perder a visão num dos olhos (sentido); perda
de um dos rins é debilidade permanente e não perda de função, pois se trata de órgão duplo.
d) ACELERAÇÃO DE PARTO:
Se, em virtude da lesão corporal praticada contra a mãe, a criança nascer morta, terá
havido lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º, V).
b) ENFERMIDADE INCURÁVEL
d) DEFORMIDADE PERMANENTE
Nesta hipótese, o agente, ao lesionar a vítima, não quer nem mesmo assume o risco
do advento do resultado agravador aborto.
O evento morte não deve ser querido nem eventualmente, ou seja, não deve ser
compreendido pelo dolo do agente, senão será de homicídio.
Calúnia é o fato de atribuir a outrem, falsamente, a prática de fato definido como crime.
O CP tutela a honra objetiva (reputação).
A lei exige expressamente que o fato atribuído seja definido como crime. O fato
criminoso deve ser determinado, ou seja, um caso concreto, não sendo necessário, contudo,
descrevê-lo de forma pormenorizada, detalhada, como, por exemplo, apontar dia, hora, local.
A calúnia verbal não admite a figura da tentativa. Ou o sujeito diz a imputação, e o fato
está consumado, ou não diz, e não há conduta relevante para o Direito Penal.
Já a calúnia escrita admite a tentativa. Ex. o sujeito remete uma carta caluniosa e ela
se extravia. O crime não atinge a consumação, por intermédio do conhecimento do destinatário,
por circunstâncias alheias à vontade do sujeito.
Dizer que uma pessoa é caloteira configura uma injúria, ao passo que espalhar o de
que ela não pagou aos credores “A”, “B” e “C”, quando as dívidas X, Y e Z venceram configura a
difamação.
Ao contrário dos delitos de calúnia e difamação, que tutelam a honra objetiva, o bem
protegido por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento próprio
de cada pessoa acerca de seus atributos morais (chamados de honra-dignidade), intelectuais e
físicos (chamados de honra-decoro).
A injúria, quando cometida por escrito, admite a tentativa; quando por meio verbal,
não.
Aquele que se dirige a uma pessoa de determinada raça, insultando-a com argumentos
ou palavras de conteúdo pejorativo, responderá por injúria racial, não podendo alegar que houve
uma injúria simples, nem tampouco uma mera exposição do pensamento (como dizer que todo
“judeu é corrupto” ou que “negros são desonestos”), uma vez que não há limite para tal liberdade.
Assim, quem simplesmente dirigir a terceiro palavras referentes a “raça”, “cor”, “etnia”,
“religião” ou “origem”, com o intuito de ofender, responderá por injúria racial.
a) IMUNIDADE JUDICIÁRIA
Exige-se que haja uma relação processual instaurada, pois é esse o significado da
expressão “irrogada em juízo”, além do que o autor da ofensa precisa situar-se em local próprio
para o debate processual.
b) IMUNIDADE LITERÁRIA, ARTÍSTICA E CIENTÍFICA
Esta causa de exclusão diz respeito à liberdade de expressão nos campos literário,
artístico e científico, permitindo que haja crítica acerca de livros, obras de arte ou produções
científicas de toda ordem, ainda que sejam pareceres ou conceitos negativos.
c) IMUNIDADE FUNCIONAL
O funcionário público, cumprindo dever inerente ao seu ofício, pode emitir um parecer
desfavorável, expondo opinião negativa a respeito de alguém, passível de macular a reputação
da vítima ou ferir a sua dignidade ou seu decoro, embora não se possa falar em ato ilícito, pois
o interesse da Administração Pública deve ficar acima dos interesses individuais.
a) Regra
Nos crimes contra a honra, a regra é a de que ação penal privada da vítima ou do
seu representante legal.
b) Exceções
b.1) Resultando na vítima lesão física (injúria real com lesão corporal), apura-se o crime
mediante ação penal pública incondicionada. No entanto, com o advento da Lei 9.099/95, alguns
autores entendem que se trata de ação penal pública condicionada a representação, já que é a
prevista para os crimes de lesão corporal leve.
b.2) Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra
funcionário público, no exercício das funções (art. 141, II) e condicionada à requisição do Ministro
da Justiça no caso do nº I do art. 141 (contra o Presidente da República ou Chefe de Governo
Estrangeiro).
IMPUTAR
FALSAMENTE
CALÚNIA
Art. 138 CP
FATO
CRIME
DIFAMAR
FATO
DIFAMAÇÃO
Art. 139 CP
OFENSIVO REPUTAÇÃO
EXCEÇÃO VERDADE
DIGNIDADE
DECORO
INJÚRIA
Art. 140 CP
EXPRESSÃO NEGATIVA
I) CONCEITO
A tentativa é admissível. Ocorre sempre que o sujeito ativo não consegue, por
circunstâncias alheias à sua vontade, retirar o objeto material da esfera de proteção e vigilância
da vítima, submetendo-a à sua própria disponibilidade.
A corrente majoritária sustenta ser de pequeno valor a coisa que não ultrapassa quantia
equivalente a um salário mínimo vigente à época do fato.
* abuso de confiança
É a confiança que decorre de certas relações (que pode ser a empregatícia, a decorrente
de amizade ou parentesco) estabelecidas entre o agente e o proprietário do objeto. O agente,
dessa forma, aproveita-se da confiança nele depositada para praticar o furto, pois há menor
vigilância do proprietário sobre os seus bens.
* Mediante fraude
É o ardil, artifício, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir a
vigilância da vítima e realizar a subtração. São exemplos de fraude: agente que se disfarça de
empregado de empresa telefônica e logra entrar em residência alheia para furtar, ou agente que,
a pretexto de realizar compras em uma loja, distrai a vendedora, de modo a lograr apoderar-se
dos objetos.
* Mediante escalada
Escalada, que em direito penal tem sentido próprio, é a penetração no local do furto
por meio anormal, artificial ou impróprio, que demanda esforço incomum. Escalada não implica,
necessariamente, subida, pois tanto é escalada galgar alturas quanto saltar fossos, rampas ou
mesmo subterrâneos, desde que o faça para vencer obstáculos.
* Mediante destreza
Importa dizer que se a vítima perceber a subtração no momento em que ela se realiza,
considera-se o furto tentado na forma simples, pois não há que se falar no caso em destreza do
agente (ex: a vítima sente a mão do agente em seu bolso).
Chave falsa é qualquer instrumento de que se sirva o agente para abrir fechaduras,
tendo ou não formato de chave.
Violência
Grave ameaça
I) AÇÃO NUCLEAR
Violência física à pessoa consiste no emprego de força contra o corpo da vítima. Para
caracterizar essa violência do tipo básico de roubo é suficiente que ocorra lesão corporal leve
ou simples vias de fato, na medida em que a lesão grave ou morte qualifica o crime.
b) Grave ameaça
Ameaça grave (violência moral) é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua
vontade e impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça objetiva criar na vítima
o fundado receio de iminente e grave mal, físico ou moral, tanto a si quanto as pessoas que lhes
são caras. É irrelevante a justiça ou injustiça do mal ameaçado, na medida em que, utilizada para
a prática de crime, torna-se antijurídica.
Cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não constitua violência
física ou grave ameaça, como, por exemplo, fazer a vítima ingerir bebida alcoólica, narcóticos,
soníferos ou hipnotizá-la.
II) ESPÉCIES DE ROUBO: PRÓPRIO E IMPRÓPRIO
AGRESSÃO
DEPOIS
SUBTRAÇÃO IMPRÓPRIO
a) Roubo próprio
b) Roubo impróprio
ROUBO IMPRÓPRIO ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa para ele ou para terceiro (§ 1º).
São exemplos típicos de roubo impróprio aquele em que o sujeito ativo, já se retirando
do portão com a res furtiva, alcançando pela vítima, abate-a (assegurando a detenção), ou,
então, já na rua, constata que deixou um documento no local, que o identificará, e, retornando
para apanhá-lo, agride o morador que o estava apanhando (garantindo a impunidade).
Em outros termos, “logo depois” de subtraída a coisa não admite decurso de tempo
entre a subtração e o emprego da violência, ou seja, o modus violento somente é caracterizador
do roubo se for utilizado até a consumação do furto que o agente pretendia praticar (posse
tranquila da res, sem a vigilância). Superado esse momento, o crime está consumado e,
consequentemente, não pode sofrer qualquer alteração; portanto, eventual violência empregada
constituirá crime autônomo (lesão corporal, por exemplo), em concurso com furto consumado.
Nos termos da Súmula 582 do STJ, “Consuma-se o crime de roubo com a inversão
da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo
e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada."
Pode haver concurso material entre roubo majorado e quadrilha armada, pois os bens
jurídicos são diversos. Enquanto o tipo penal de roubo protege o patrimônio, o tipo da quadrilha
ou bando guarnece a paz pública.
A pena é agravada se a vítima, regra geral por dever de ofício (caixeiro viajante,
empresa de segurança especialmente contratada para o transporte de valores), realiza serviço
de transporte de valores (dinheiro, joia, etc).
Ocorre quando o agente segura a vítima por tempo superior ao necessário ou valendo-
se de forma anormal para garantir a subtração planejada.
Ex. subjugando a vítima, o agente, pretendendo levar-lhe o veículo, manda que entre
no porta-malas, rodando algum tempo pela cidade, até permitir que seja libertada ou o carro seja
abandonado.
Em suma: antes da lei nº 13.654/18, tanto a arma de fogo quanto a arma branca eram
causas de aumento de pena, agora, após a entrada em vigor da referida lei, apenas o emprego
da arma de FOGO é causa de aumento de pena.
A arma de brinquedo não serve para majorar a pena, uma vez que não causa à vítima
maior potencialidade lesiva. Pode, no entanto, gerar grave ameaça e, justamente por isso, servir
para configurar o tipo penal do roubo, na figura simples.
É uma das hipóteses de delito qualificado pelo resultado, que se configura pela presença
de dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (lesões
corporais graves).
O roubo qualificado pelas lesões corporais de natureza grave não se inclui no rol dos
crimes hediondos, ao contrário do crime de latrocínio.
Lesão grave consumada + roubo consumado = roubo qualificado pelo resultado lesão
grave.
Lesão grave consumada + tentativa de roubo = roubo qualificado pelo resultado lesão
grave, dando-se a mesma solução para o latrocínio.
Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vítima”.
A) AÇÃO NUCLEAR
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O fato é definido como “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem como condição ou preço de resgate”.
É crime hediondo.
II) CONSUMAÇÃO
A regra, repetindo, é que, nesses crimes, o resultado agravador seja sempre produto
de culpa. Contudo, na hipótese em apreço, a extrema gravidade das sanções cominadas uniu o
entendimento doutrinário que passou a admitir a possibilidade, indistintamente, de o resultado
agravador poder decorrer tanto de culpa quanto de dolo, direto ou eventual.
b) Se resulta morte
A Lei 8.072/90, que instituiu os crimes hediondos, houve por bem criar, no Brasil, a
delação premiada, que significa a possibilidade de se reduzir a pena do criminoso que entregar
o(s) comparsa(s) a qualquer autoridade capaz de levar o caso à solução almejada, causando a
liberação da vítima (delegado, juiz, promotor, entre outros).
Destruir quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar. Inutilizar significa tornar inútil ou
imprestável alguma coisa aos fins para os quais se destina. Deteriorar é a conduta de quem
estraga ou corrompe alguma coisa parcialmente.
É o dolo. Não há a forma culposa, nem se exige qualquer elemento subjetivo do tipo
específico (dolo específico).
Basta a vontade de destruir, não sendo exigível o fim especial de causar prejuízo ao
ofendido, pois a figura penal não faz referência expressa a nenhum elemento subjetivo do tipo.
Deteriorar
DANO
Destruir FINALIDADE
ECONÔMICA
Danificar
De acordo com o art. 167, a ação penal privada é cabível no crime de dano simples
(caput) e qualificado (somente na hipótese do inciso IV do parágrafo único).
O núcleo do tipo é o verbo “apropriar-se”, que significa fazer sua a coisa alheia. Tendo
o sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dado momento faz mudar o título da
posse ou da detenção, comportando-se como se dono fosse.
A apropriação pode ser classificada em:
a) EM DEPÓSITO NECESSÁRIO;
Para que se configure a agravante especial em exame é necessário que o sujeito tenha
recebido a posse ou detenção do objeto material em razão do emprego, ou seja, deve existir um
nexo de causalidade entre a relação de trabalho e o recebimento.
POSSE DO
OBJETO É
DESVIGIADA
APROPRIAÇÃO
INDÉBITA
POSSE
APROPRIAR-SE
DE OBJETO INICIALMENTE
LÍCITA
DETENÇÃO
I) AÇÃO NUCLEAR
O meio de execução deve ser apto a enganar a vítima. Tratando-se de meio grotesco,
que facilmente demonstra a intenção fraudulenta, não há nem tentativa, por atipicidade do fato.
Se o indivíduo emite um cheque na certeza de que tem fundos disponíveis para o devido
pagamento pelo banco, quando na realidade não há qualquer numerário depositado na agência
bancária, não se pode falar em ilícito criminal, ante a ausência de má-fé.
O que a lei penal pune é o pagamento fraudulento. Nesse sentido é o teor da Súmula
246 do STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque
sem fundos”.
Emitir cheque significa pôr em circulação o título de crédito; frustrar o pagamento quer
dizer iludir ou enganar o credor, evitando a sua remuneração.
c) Consumação
Segundo o art. 4º, § 1º, da Lei 7.357/85, a existência de fundos disponíveis é verificada
no momento da apresentação do cheque para pagamento. Destarte, o crime se consuma no
momento e no local em que o banco sacado recusa o pagamento, pois só nesse momento ocorre
o prejuízo (trata-se de crime material).
Esse é o teor da Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem
provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”.
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime, ou
seja, após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “O
pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal”.
ESTELIONATO OBTER
Art. 171, CP
VANTAGEM
PREJUÍZO VÍTIMA
INDUZIR
FRAUDE ERRO
MANTER
Sem provisão
fundos
EMITIR
POR MEIO CHEQUE
CHEQUE
Art. 171, §2º, VI, CP
Frustrar Pagamento
I) CONCEITO
Nos termos do artigo 180, “caput”, do CP, a receptação é o fato de adquirir, receber,
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio coisa que sabe ser produto de
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
É pressuposto do crime de receptação a existência de crime anterior. Trata-se de delito
acessório, em que o objeto material deve ser produto de crime antecedente, chamado de delito
pressuposto.
A receptação culposa constitui o fato de o sujeito adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece,
deve presumir-se obtida por meio criminoso (art. 180, § 3º).
Forma qualificada - § 1º: Tem como elemento subjetivo o dolo, seja direto ou eventual.
Forma culposa - § 3º: O código refere coisa que, “pela sua natureza, deve presumir- se
obtida por meio criminoso”. A expressão “deve presumir-se” é indicativo de culpa na modalidade
imprudência.
Nos termos do artigo 180, § 5º, 1ª parte, do CP, na hipótese da receptação culposa, se
o criminoso é primário, deve o juiz, tendo em consideração determinadas circunstâncias, deixar
de aplicar a pena. No caso, fixaram a doutrina e a jurisprudência, que, além da primariedade,
deve-se exigir o seguinte: a) diminuto valor da coisa objeto da receptação; b) bons antecedentes;
c) ter o agente atuado com culpa levíssima.
Neste caso, ao contrário da imunidade absoluta, o autor do crime não é isento de pena,
mas os crimes de ação penal pública incondicionada passam a ser condicionados à representação
do ofendido.
IMUNIDADES
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
I- do cônjuge desquitado ou
judicialmente separado;
I- se o crime é de roubo ou de
extorsão, ou, em geral, quando
haja emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa;
Com a lei nova, outra inovação substancial diz respeito ao sujeito passivo.
Anteriormente à reforma, o sujeito passivo do crime de estupro era apenas a mulher.
Atualmente, o estupro poderá ter como sujeito passivo homens ou mulheres, quando
constrangidos à prática de atos libidinosos de qualquer natureza.
Atinente ao sujeito ativo, por sua vez, pode ser homem ou mulher, indistintamente.
Antes da Lei nova, se ocorresse conjunção carnal e atos libidinosos substanciais contra
a mesma mulher, tínhamos estupro e atentado violento ao pudor. Discutia-se, apenas, se deveria
incidir a continuidade delitiva ou se se tratava de concurso material de crimes.
MESMO
CONTEXTO CRIME ÚNICO
CONJUNÇÃO FÁTICO
CARNAL/
OUTRO ATO
LIBIDINOSO CONTEXTOS
CRIME
FÁTICOS
CONTINUADO
DISTINTOS
IV) FORMAS QUALIFICADAS – art. 213, §§ 1º e 2º
Duas são as hipóteses: 1ª) ocorrência de lesões graves (que abrangem as lesões
gravíssimas) decorrentes da conduta do agente. 2ª) vítima maior de 14 anos e menor de 18 anos
na data do fato.
Quanto às lesões graves (ou gravíssimas), devem ocorrer da conduta. Com isso, deixou
claro o legislador que tais resultados devem decorrer da conduta, portanto da violência ou grave
ameaça empregadas contra a vítima.
O parágrafo 2º do artigo 213, por sua vez, prevê o resultado qualificador morte,
também decorrente da conduta. Neste particular, houve redução da pena máxima, que
anteriormente era de 25 anos, passando para 20 anos de reclusão.
Em ambos os casos, consoante já se tinha definido por ocasião do revogado artigo 223
do Código Penal, os resultados lesões graves (ou gravíssimas) e morte devem ocorrer
a título de culpa do agente.
SE RESULTA LESÃO
CORPORAL GRAVE
OU GRAVÍSSIMA
(ART. 213, §1º)
SE A VÍTIMA É
FORMAS MENOR DE 18 OU PRETERDOLOSOS
QUALIFICADAS MAIOR DE 14 ANOS
(ART. 213, §1º)
SE RESULTA MORTE
(ART. 213, §2º)
A nova redação do artigo 215, nominada de violação sexual mediante fraude, unificou
as antigas figuras da posse sexual mediante fraude e atentado ao pudor mediante fraude, a
exemplo do que ocorreu com o estupro e o atentado violento ao pudor.
Passou-se a ter exclusivamente a figura do artigo 215, que abarca a prática de
conjunção carnal ou a prática de ato libidinoso diverso contra homens ou mulheres, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Quanto à fraude, não há inovações, tratando-se de conduta que ludibrie, iluda, submeta
a vítima ou a mantenha em erro, possibilitando a obtenção de conjunção carnal ou outro ato
libidinoso. Exemplo que se tem visto é a prática de simulações por médico no sentido de
sugestionar estar examinando o(a) paciente para obter aludidos atos libidinosos. Ou mesmo
rituais de cura fraudulentamente praticados com o mesmo fim.
Atentar para que não se configure a hipótese prevista no novel parágrafo 1º do artigo
217, que prevê o tipo penal de estupro contra vulnerável, isto é, quando a vítima, além das
demais hipóteses lá elencadas (vítima menor de 14 anos, pessoa que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a prática do ato), por qualquer
outra causa, não possa oferecer resistência. Se a vítima, por exemplo, estiver absolutamente
embriagada, absolutamente narcotizada, dormindo, em estados de inconsciência, elevada
senilidade, deficiência física que a incapacite de resistir, etc., teremos estupro contra vulnerável.
Inicialmente, destaca-se que o sujeito ativo e passivo da aludida infração penal pode
ser homem e mulher, indistintamente. Trata-se, pois, de crime comum.
Tratando-se, no entanto, de menor de 14 anos o crime será o do art. 217-A do CP
(estupro de vulnerável)
Tal como ocorre no estupro, consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem,
sendo perfeitamente possível a tentativa quando, iniciada a execução, o ato sexual visado não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com
cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos
participantes:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Antes da Lei 12.015/2009, o ato sexual com pessoa vulnerável configurava, a depender
do caso, estupro ou atentado violento ao pudor, mesmo que praticado sem violência física ou
moral, pois presumida no art. 224 do CP. Este dispositivo agora está expressamente revogado,
subsumindo-se a conduta ao disposto no art. 217-A do CP.
O crime é punido a título de dolo, devendo o agente ter ciência de que age em face de
pessoa vulnerável.
Nos termos do art. 217-A, § 5º, do CP, as penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e
4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima. É o que consta na
Súmula 593 do STJ.
Logo, ainda que a vítima menor de 14 anos tenha consentido com o ato sexual, estará
caracterizado o crime.
O crime se verifica quando o sujeito ativo induzir (aliciar, persuadir) menor de 14 anos
a satisfazer a lascívia (sensualidade, libidinagem, luxúria) de outrem.
A conduta deve recair sobre pessoa determinada, pois se o agente induz a vítima a
satisfazer a lascívia de um número indeterminado de pessoas, o crime passará a ser o de
favorecimento da prostituição (art. 218-B).
24.2) SUJEITOS DO CRIME
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, isolada ou
associada a outra.
Não distingue a lei o sexo do sujeito passivo (ambos podem ser induzidos à satisfação
dos desejos eróticos de terceiro).
Neste tipo penal, diversamente do artigo 218 anteriormente analisado, o agente pratica,
na presença de pessoa menor de 14 anos de idade, ou a induz a presenciar, ato libidinoso de
qualquer espécie, com o fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Veja-se que são duas as condutas:
a) Praticar, na presença de pessoa menor de 14 anos, ato libidinoso, a fim de satisfazer
a lascívia própria ou de outrem.
Nesta hipótese o agente não interfere na vontade do menor, mas aproveita-se da sua
espontânea presença para realizar o ato sexual, visando, desse modo, satisfazer a lascívia própria
ou de outrem.
b) Induzir o menor de 14 anos a presenciar ato de libidinagem, com o fim de satisfazer
a própria lascívia ou a lascívia de outrem.
Hipótese em o agente faz nascer na criança ou no adolescente (menor de 14 anos) a
ideia de presenciar o ato de libidinagem.
Em nenhuma das hipóteses a vítima participa do ato sexual, limitando-se a observar,
pois, caso contrário, haverá estupro de vulnerável (art. 217-A do CP).
O sujeito passivo, neste tipo penal, mais uma vez, é exclusivamente homem ou mulher
vulnerável em razão da idade inferior a 14 anos de idade.
Inicialmente, destaque-se que esta figura típica revogou tacitamente o artigo 244-A do
Estatuto da Criança e do Adolescente, na medida em que dispôs sobre a mesma matéria por meio
de lei posterior.
Quanto aos verbos induzir ou atrair, o sujeito passivo, em tese, não pode ser pessoa já
prostituída. Quanto ao verbo dificultar, facilitá-la e impedir que alguém a abandone, pode-se
considerar também sujeito passivo a pessoa já prostituída.
Para completar as condutas típicas do sujeito ativo é preciso a habitualidade da conduta
da vítima. A indução, por exemplo, somente pode ser relevante se a vítima efetivamente passar
a se prostituir com habitualidade ou for explorada sexualmente.
Desta forma, se ocorrer a conduta do sujeito ativo de induzir, atrair, facilitar, dificultar
ou impedir que alguém abandone a prostituição, ou deixe de ser explorada sexualmente, o crime
estará consumado quando a vítima efetivamente, com habitualidade, submeter-se à prostituição
ou exploração sexual.
Para os fins deste tipo penal temos por vulnerável o homem ou mulher menor de 18
anos e aqueles que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário
discernimento para a prática do ato.
São nove as ações nucleares que compõem o tipo penal: oferecer, trocar, disponibilizar,
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar.
Assim, quem promove a divulgação de cena de sexo, nudez ou pornografia sem o
consentimento dos envolvidos, bem como de quem possibilita a publicação de cenas reais de
estupro ou de estupro de vulnerável, estará praticando o crime do artigo 218-C do CP, se o fato
não constituir crime mais grave.
O crime pode ser praticado por qualquer meio, inclusive aqueles de comunicação de
massa ou sistemas de informática ou telemática, isto é, qualquer meio que permita a transmissão
de arquivos de fotos ou vídeos, como, por exemplo, e-mail, WhatsApp, Messenger, etc. ou que
admita a transmissão audiovisual (streaming), inclusive em tempo real.
Os objetos materiais do crime são fotografias, vídeos ou outros registros audiovisuais
que: a) contenham cena de estupro ou de estupro de vulnerável; b) façam apologia ou induzam
a sua prática: não é necessário que as imagens veiculem cenas sexuais. c) consistam em registros
de cenas de sexo, nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima: não se trata de cenas
de violência sexual, mas de sexo, nudez ou pornografia sem que a pessoa fotografada ou gravada
tenha dado consentimento para a difusão. Ex: namorado que grava a cena de sexo com a
namorada e divulga, sem autorização.
Trata-se de crime comum, podendo, portanto, ser praticado por qualquer pessoa.
Da mesma forma, não se exige qualidade especial do sujeito passivo.
Todavia, se a vítima mantém ou manteve relação íntima de afeto com o autor, aumenta-
se a pena de um a dois terços (§1o.).
Além disso, tratando-se de vítima menor de dezoito anos, o comportamento do agente
pode subsumir-se ao disposto nos arts. 241 ou 241-A, ambos do ECA, a depender das
circunstâncias do caso concreto.
Nos termos do artigo 218-C, § 2º, incide causa especial de excludente de ilicitude para
as situações em que o fato é praticado em publicação de natureza jornalística, científica, cultural
ou acadêmica, desde que sejam adotados recursos que impossibilitem a identificação da vítima.
Se, por exemplo, um jornal televisivo exibe cena de estupro que tenha sido gravada e divulgada
pelo próprio autor do crime, e o faça para facilitar a identificação daquele indivíduo, preservando
a identidade da vítima, não se cogita a ocorrência do crime.
Com a redação dada pela Lei 13.718/2018, os crimes contra a dignidade sexual
passaram a ser todos de ação pública incondicionada.
I) CONCEITO
A) PECULATO-APROPRIAÇÃO:
B) PECULATO-DESVIO:
Está previsto na segunda parte do caput do art. 312: “ou desviá-lo, em proveito próprio
ou alheio”.
O agente tem a posse da coisa e lhe dá destinação diversa da exigida por lei,
agindo em proveito próprio ou de terceiro.
Trata-se de crime próprio. Somente o funcionário público (art. 327, caput) e as pessoas
a ele equiparadas legalmente (art. 327, §§1º e 2º) podem praticar o delito de peculato.
Estamos agora diante de um crime de furto, só que praticado por funcionário público,
o qual se vale dessa qualidade para cometê-lo. Aqui o agente não tem a posse ou detenção
do bem como no peculato-apropriação ou desvio, mas se vale da facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário público para realizar a subtração.
O funcionário para ser punido insere-se na figura do garante, prevista no art. 13, § 2º.
Assim, tem ele o dever de agir, impedindo o resultado de ação delituosa de outrem. Não o
fazendo, responde por peculato culposo.
Ex. se um vigia de prédio público desvia-se de sua função de guarda, por negligência,
permitindo, pois, que terceiros invadam o lugar e de lá subtraiam bens, responde por peculato
culposo.
A reparação do dano, para dar causa à extinção da punibilidade, deve ser anterior ao
trânsito em julgado da sentença criminal.
Deve ser completa e não exclui eventual sanção administrativa contra o funcionário. A
extinção da punibilidade somente aproveita o funcionário, autor do peculato culposo.
I) AÇÃO NUCLEAR
Ex. carcereiro que exige dinheiro dos presos sob sua custódia. Na hipótese, o simples
fato de os presos encontrarem-se sob a guarda daquele gera neles o temor de eventuais
represálias.
Contudo, não pratica esse delito, mas o de extorsão ou roubo, por exemplo, o policial
militar que exige vantagem indevida da vítima utilizando-se de violência, ou ameaçando-a
gravemente de sequestrar seu filho.
I) MODALIDADES
* EXIGÊNCIA INDEVIDA:
A tentativa é possível.
I) AÇÃO NUCLEAR
Aqui a proposta parte de terceiros e a ela adere o funcionário, ou seja, o agente não só
aceita a proposta como recebe a vantagem indevida.
Ao contrário da primeira modalidade, é condição essencial para sua existência que haja
a anterior configuração do crime de corrupção ativa, isto é, o oferecimento de vantagem indevida
(art. 333). Sem essa oferta pelo particular, não há como falar em recebimento de vantagem.
II) CLASSIFICAÇÃO
Também configura o crime a prática de ato legítimo, lícito, justo. É a chamada corrupção
passiva imprópria.
Ex. oficial de justiça solicita vantagem econômica ao advogado, a fim de dar prioridade
ao cumprimento do mandado judicial expedido em processo em que aquele atua.
Trata-se de crime próprio. Portanto, o delito só pode ser cometido por funcionário
público em razão da função (ainda que esteja fora dela ou antes de assumi-la).
O tipo penal não exige que o funcionário pratique ou se abstenha da prática do ato
funcional. Se isso suceder, haverá mero exaurimento do crime, o qual constitui condição de maior
punibilidade (causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 317).
A tentativa é de difícil ocorrência, mas não é impossível. Basta que haja um iter criminis
a ser cindido. Ex. solicitação feita por carta, a qual é interceptada pelo chefe de repartição.
A) RETARDAR: É atrasar, adiar, protelar, procrastinar, não praticar o ato de ofício dentro do
prazo estabelecido (crime omissivo).
Ex. atendente de cartório judicial que, devendo expedir alvará de soltura, por não
simpatizar com o advogado, deixa de fazê-lo com a brevidade que a medida exige.
C) PRATICAR (contra disposição expressa de lei): cuida-se aqui de conduta comissiva, em que
o agente efetivamente executa o ato, só que de forma contrária à lei.
A) se o ato praticado, retardado ou omitido tiver sido objeto de acordo anterior entre
o funcionário e o particular, visando aquele indevida vantagem, o crime passará a ser outro:
corrupção passiva;
* sentimento pessoal:
Sentimento pessoal reflete um estado afetivo ou emocional do próprio agente, que pode
manifestar-se em suas mais variadas formas, tais como amor, paixão, emoção, ódio.
35) CORRUPÇÃO ATIVA – Art. 333
I) AÇÃO NUCLEAR
OFERECER vantagem indevida, ou seja, propor ou apresentar para que seja aceita;
Trata-se de crime formal, uma vez que a consumação se dá com a simples oferta ou
promessa de vantagem indevida por parte do agente ao funcionário público, isto é,
independentemente de ele aceitá-la ou recusá-la. Também não é necessário que o funcionário
pratique, retarde ou omita o ato de ofício de sua competência.
A tentativa é possível.
I) AÇÃO NUCLEAR
II) CONSUMAÇÃO
Trata-se de crime formal, ou seja, delito que não exige, para sua consumação,
resultado naturalístico, consistente no efetivo prejuízo para a administração da justiça.
Não se exige que a autoridade policial formalmente instaure o inquérito policial para
que se consume o crime. Basta que inicie investigação policial no sentido de coletar dados que
apure a veracidade da denúncia.
CONHEÇA O