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Unidade 3B (Interpretar textos de carácter reflexivo):

Escrita Biográfica: A Carta e o Auto-Retrato

1. Leia o poema que se segue.


Cartas de amor Quem me dera no tempo em que
escrevia
Todas as cartas de amor são ridículas. Sem dar por isso
Cartas de amor ridículas.
Não seriam cartas de amor se não
fossem ridículas. A verdade é que hoje
As minhas memórias
Também escrevi em meu tempo cartas Dessas cartas de amor
de amor, como as outras, ridículas. É que são ridículas.

As cartas de amor, se há amor, (Todas as palavras esdrúxulas,


Têm de ser ridículas.
Como os sentimentos esdrúxulos,
Mas, afinal
São naturalmente ridículas.)
Só as criaturas que nunca escreveram
cartas de amor é que são ridículas. Álvaro de Campos, 21-10-1935
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Actividade 1:

Pequeno questionário:

1. Neste poema há uma aparente contradição. Por um lado "as cartas de amor têm de
ser ridículas", por outro, as pessoas que nunca as escrevem "é que são ridículas".
Explique, por palavras suas, o pensamento do poeta.

2. O poeta tem saudades do tempo em que escrevia cartas de amor.


Transcreva a estrofe que contém essa afirmação.

3. O que pensa das cartas de amor?

1
Actividade 2:

“ Puzzle”

Recorte e cole gravuras que ilustram sua rotina diária. Não se esqueça de nenhum

detalhe (as horas a que costuma acordar, as tarefas que executa, onde costuma ir, as horas de

lazer e tempos livres, os momentos em família, as refeições.)

1. Imagine que tem de escrever uma carta a Lizzie, a mãe do


Frank, ("Querido Frank") a contar-lhe o que faz todos os
dias. Utilizando o trabalho que fez anteriormente, com as
gravuras, reconte a sua rotina diária em forma de carta
informal. (Entregue-a à formadora.)

2
Auto-retrato
O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja1 de través2
a ferida desdenhosa3 e não cicatrizada.
Se a visagem4 de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente5 estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe demais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...

Poemas com endereço (1962)

Após a leitura do poema, responda às questões que se seguem:

1. Indique em que pessoa está feito o discurso deste auto-retrato.


1.1. Mencione a razão que, na sua opinião, o motivou a fazê-lo.

2. Delimite, no poema de O'Neill, a apresentação dos seus traços:


- físicos - morais - afectivos

1
ultrapassa
2
esguelha
3
desprezada
4
cara
5
que se move

3
3. Proceda ao seu auto-retrato. Pode fazê-lo em forma de poema, ou estilo
narrativo. (Entregue-o à formadora.)

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