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José Alberto - Advogado

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ DE DIREITO DA VARA


DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE XXX

Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº , CPF nº ,


residente e domiciliado na endereço, sem e-mail, vem por meio de seu
advogado infra-assinado, com endereço profissional no rodapé da peça, nos
termos do art. 319 do CPC, interpor:

MANDADO DE SEGURANÇA C/C PEDIDO DE TUTELA DE


EVIDÊNCIA

Em face do Autoridade Coatora, que poderá ser encontrado para


ser intimado endereço da autoridade coatora.

PRELIMINARMENTE

1.0 DA TEMPESTIVIDADE

Mensura-se que o presente ato está em conformidade com


art. 23 da lei do mandado de segurança 8.019, onde há a previsão de 90 dias
para impetrar ação, nesse sentindo, requer o prosseguimento do presente
mandado que visa garantir direito liquido e certo do impetrante.
2.0 DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Diante da insuficiência de recursos financeiros ao pagamento das
despesas processuais e honorários advocatícios, e da presunção legal
estabelecida para a pessoa natural, com esteio no art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal e nos arts. 98 e 99, §3º do Código de Processo Civil,
requer o deferimento da justiça gratuita, sendo bastante à consecução desse
fim a afirmação de  debilidade econômica do postulante, conforme declarado
nos documentos  anexos .
DO MÉRITO
1.0 DOS FATOS

O impetrante é Policial Militar, lotado no 15º BPM (Batalhão da


Polícia Militar), onde presta os serviços de policiamento ostensivo habituais.

Ocorre que todo o ano, o Estado da Bahia realiza uma operação,


denominada “operação verão”, em que envia diversos policiais de todos os

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Batalhões da Bahia para Porto Seguro-Ba, onde deverão realizar o


patrulhamento ostensivo.

Cumpre assinalar, que durante o período em que ficam a


disposição na Operação Verão, os policiais militares ficam sob os auspícios do
8º BPM, que fica responsável por emitir todos os documentos relacionados ao
interesse dos impetrantes.

Ocorre que após ter servido, em diversos na “Operação Verão”,


sem receber diárias, o impetrante descobriu recentemente que o Estatuto da
Polícia Militar prevê o pagamento de diária quando o policial militar é deslocado
da sua lotação habitual por interesse do serviço público.

Neste diapasão, com o fito de embasar eventual ação de


cobrança, o impetrante solicitou da Administração Público as suas Escalas
relacionadas aos últimos cinco anos em que serviu à Operação Verão.

Frisa-se, que este documento é de suma importância para Ação


de Cobrança, porque é ele que comprova que o policial militar efetivamente
serviu à Administração Pública.

Entrementes, o impetrante solicitou, no seu Batalhão de origem


cópia das Escalas dos últimos 05 (cinco) anos, sendo que foi informado pela
Administração que o pedido foi remetido para a 8ªBPM e que seriam logo
liberados.

Entretanto, apesar da promessa de logo entregar as Escalas, os


Estado da Bahia permanece inerte, tendo se passado mais de trinta dias
desde pedido realizado pelo autor.

Diante do exposto, não restou outra alternativa ao requerente a


não ser provocar o Poder Judiciário para a resolução de seu problema.

2.0 – DO DIREITO

2.1. DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

É clássica a lição de Hely Lopes Meirelles a respeito da definição


de direito líquido e certo, a autorizar a concessão da segurança, conforme
ensinava o festejado professor:
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“Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua


existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no
momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para
ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em
norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua
aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa; se sua
extensão ainda não estiver delimitada; se seu exercício depender de
situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à
segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais.”

O IMPETRANTE reúne todas as condições necessárias à sua


proteção pela via mandamental. O requerimento encaminhado pelo
IMPETRANTE fundamenta-se no direito de acesso à informação pública, que
possui status de direito fundamental, consagrado na Constituição Federal e em
legislação infraconstitucional.

2.2. DA ELEIÇÃO DA VIA ADEQUADA

A Professora Maria Silvya Zanella di Pietro 1 faz uma distinção


entre o direito de receber informações dos órgãos públicos amparado pelo
instituto do mandado de segurança e o conhecimento da informação protegido
pelo habeas data:

“Embora o dispositivo assegure o direito à informação de interesse


particular ou de interesse coletivo, ela não se confunde com a
informação protegida pelo habeas data, que é sempre relativo à
pessoa do impetrante, com a particularidade de constar de banco ou
registro de dados. O direito à informação, que se exerce na via
administrativa é mais amplo e pode referir-se a assuntos mais
variados como o conteúdo de um parecer jurídico, de um laudo
técnico; não se refere a dados sobre a própria pessoa do requerente;
e pode ter como finalidade a defesa de um interesse particular”.

Ainda sobre a adequação da via eleita, nossos tribunais decidem da seguinte


forma:

"CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. HISTÓRICO DO REMÉDIO


CONSTITUCIONAL. VIA INADEQUADA PARA OBTENÇÃO DE
CERTIDÃO PERANTE REPARTIÇÃO PÚBLICA. PRECEDENTES. 1.
O hábeas data é remédio constitucional apropriado para que o
cidadão possa ter conhecimento das informações existentes a seu
respeito nos registros das entidades públicas, que atentam contra sua
vida privada, podendo contraditá-las e requerer, se for o caso, sua
retificação. 2. O histórico de seu surgimento remonta ao período de
ditadura militar no Brasil, quando os órgãos de repressão eram
municiados por agências secretas de informação, que funcionavam
junto aos ministérios militares. 3. Essas informações, muitas das

1
Di Pietro. Maria Silvya Zanela. Curso de Direito Administrativo, 13. ed. São Paulo: Atlas,
2001. p. 615.

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vezes, violavam direitos individuais e descambavam para a


perseguição política. 4. A via apropriada para compelir o órgão
público a expedir certidão é o mandado de segurança. 5.
Precedentes. AI 2005.002.15568. Relator desembargador nametala
Jorge. 13ª. Câmara Cível. Julgado em 20.10.2005. AC
2005.001.35170. Relator desembargador antonio saldanha palheiro.
5ª. Câmara Cível. Julgada em 25.10.2005. Hd 00005/2003. Relator
desembargador Luiz Eduardo rabello. Órgão especial. Julgado em
14.02.2005. 6. Provimento do recurso. (TJ-RJ; AC 2005.001.46444;
Oitava Câmara Cível; Relª Desª Leticia Sardas; Julg. 16/05/2006)"

2.3 – DO DIREITO A INFORMAÇÃO


Conforme exposto nos fatos acima, podemos concluir que não
foram respeitados os princípios basilares da administração pública, previsto no
Art. 37 CAPUT da CRFB/88, que menciona: “A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte…”.

O princípio da publicidade administrativa é um dos pilares da


administração pública, e o no caso em liça a autoridade coatora violou de forma
clara o presente princípio ao não publicar o Ato processual de chamamento da
impetrante para o cumprimento dos requisitos legais.

Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de


seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado” (art. 5º, XXXIII da
CF).

A Jurisprudência é pacífica no que versa o tema:

MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO PÚBLICO –


CONVOCAÇÃO APENAS NO DIÁRIO OFICIAL - FALTA DE
CONVOCAÇÃO PESSOAL - PERDA DE PRAZO - INOBSERVÂNCIA
DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PUBLICIDADE -
RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO - SEGURANÇA
CONCEDIDA. "[.] 4. MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO
PÚBLICO – CONVOCAÇÃO APENAS NO DIÁRIO OFICIAL - FALTA
DE CONVOCAÇÃO PESSOAL - PERDA DE PRAZO -
INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA
PUBLICIDADE - RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO -
SEGURANÇA CONCEDIDA."[.] 4. MANDADO DE SEGURANÇA –
CONCURSO PÚBLICO – CONVOCAÇÃO APENAS NO DIÁRIO
OFICIAL - FALTA DE CONVOCAÇÃO PESSOAL - PERDA DE
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PRAZO - INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA


PUBLICIDADE - RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO -
SEGURANÇA CONCEDIDA. "[.] 4. MANDADO DE SEGURANÇA –
CONCURSO PÚBLICO – CONVOCAÇÃO APENAS NO DIÁRIO
OFICIAL - FALTA DE CONVOCAÇÃO PESSOAL - PERDA DE
PRAZO - INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA
PUBLICIDADE - RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO -
SEGURANÇA CONCEDIDA."[...] 4. Mesmo não havendo previsão
expressa no edital do certame de intimação pessoal do candidato
acerca de sua nomeação, em observância aos princípios
constitucionais da publicidade e da razoabilidade, a Administração
Pública deveria, mormente em face do longo lapso temporal decorrido
entre as fases do concurso (mais de 1 ano e sete meses), comunicar
pessoalmente a candidata acerca de sua nomeação. 5. A
jurisprudência desta Corte Superior é sentido de que o candidato,
cuja nomeação tardia decorreu de decisão judicial, não tem direito à
indenização pelo tempo que aguardou a solução definitiva pelo
Judiciário. 6. Mandado de segurança parcialmente concedido".
(MANDADO DE SEGURANÇA Nº 15.450 – DF (2010/0115933-5)
RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES) (TJ-MT -
MS: 00481484020158110000 MT, Relator: MARIA APARECIDA
RIBEIRO, Data de Julgamento: 06/08/2015, TURMA DE CÂMARAS
CÍVEIS REUNIDAS DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO, Data de
Publicação: 14/08/2015
MANDADO DE SEGURANÇA. ACESSO A DOCUMENTOS
PÚBLICOS DA ADMINISTRAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO
DA PUBLICIDADE. Não sendo o caso das hipóteses de exceção
previstas na Constituição Federal, de sigilo imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado, e tendo em vista o princípio
da publicidade, tem o impetrante direito de acesso e obtenção de
cópias de documentos públicos de seu interesse.Veja Também-
STJ:EREsp 002.71.05.008765-5, DE 13/08/2007. (TRF-4 -
APELREEX: 8 PR 2008.70.08.000008-4, Relator: MARGA INGE
BARTH TESSLER, Data de Julgamento: 01/07/2009, QUARTA
TURMA, Data de Publicação: D.E. 20/07/2009)

Portanto, conforme a jurisprudência e a legilação, não há o que se


falar em legalidade na atitude da Autoridade coatora, devendo ser revista por
este Juízo, para determinar que o agente Coator disponibilize cópia dos últimos
cinco dos documentos de Escalas, que provam que ele participou da Operação
Verão, nos últimos cinco anos.

3.0 – DA TUTELA DE EVIDÊNCIA

O Código de Processo Civil, no seu art. 311, dispõe que será


concedida a tutela de evidência, independentemente da demonstração de
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, quando:

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(…) II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante ;

(…)

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos


fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova
capaz de gerar dúvida razoável.

Entende o autor que o pedido para Liminar encontra respaldo na


legislação e jurisprudência já expostas, bem como pelo requerimento
administrativo com data de protocolo juntado nesta assentada, que prova a
omissão do Coator de fornecer os documentos solicitados.

4.0 – DOS PEDIDOS

 Requer seja aceita o Pedido de Gratuidade Judiciária;


 Requer que seja aceito o pedido central, concedendo a segurança,
determinando a Autoridade Coatora que disponibilize ao impetrante
cópias de todas as escalas relacionadas a ele nos últimos cinco anos;
 Requer que seja deferida o Pedido de Tutela de Evidência;
 A intimação da Autoridade Coatora para, se quiser, vir a se manifestar
sobre os fatos alegados, sob pena de revelia;
 A condenação nas custas judiciais e honorários da autoridade coatora;
 Requer ainda que todas as intimações sejam feitas no nome do Bel.
José Alberto Barreto Nascimento Júnior, OAB nº 64452, sob pena de
nulidade;

Alega ainda o impetrante a utilização de todos os meios de provas


admitidos no direito, nos termos do art. 369 e seguintes, especialmente a
prova documental.

Dá-se o Valor da Causa de R$ 100,00 (cem reais), para meros efeitos de


alçada.

Nesses termos,

Pede-se e Espera Deferimento

Itajuípe-Ba, datado e assinado digitalmente

José Alberto Barreto Nascimento Júnior

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Advogado – OAB nº 64452

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