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AS CEM LINGUAGENS DA CRIANÇA
“Abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância” e
“A experiência de Reggio Emilia em transformação”
(EDWARDS, GANDINI,FORMAN)
INTRODUÇÃO

- Reggio Emilia – cidade da região de Emilia Romagna: possui um dos melhores sistemas de educação do mundo.
- Pedagogia: abordagem de Reggio Emilia
- Abordagem que incentiva o desenvolvimento intelectual das crianças por meio de um foco sistemático sobre a representação
simbólica. As crianças pequenas são encorajadas a explorar seu ambiente e a expressar a si mesma através de todas as suas
“linguagens” naturais ou modos de expressão, incluindo palavras, movimento, desenhos, pinturas, montagens, escultura, teatro de
sombras, colagens, dramatizações e música.
- Salas de aula: organizadas para apoiar a aprendizagem por meio de um enfoque altamente cooperativo de solução de problemas.
- Agrupamento: uso de pequenos grupos na aprendizagem de projetos.
- Professores: continuidade de professores/alunos, em que dois professores trabalham juntos com a mesma classe por três anos.
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HISTÓRICO

- A educação precoce na Itália tem sido uma presa da emaranhada teia de relações entre a Igreja e o Estado (conflitos de poder).
- 1820: no nordeste e no centro da Itália começaram a emergir as instituições de caridade. Surgiram os centros para a primeira infância (Asili
Nido – atendimento a bebês de 4 meses a 3 anos e escolas de primeira infância, atendendo crianças de 3 a 6 anos de idade).
- Industriais estabeleceram as primeiras creches em suas fábricas.
- Fim do século XIX: tentativa de instauração de programas que combinassem prevenção e assistência financiados por setores privados e
públicos.
- 1925: aprovação da lei nacional para a Proteção e Assistência à Infância (organização de centros infantis).
- 1922: já havia assumido o poder em 1922, tomou para si todos os méritos dessa iniciativa (Os centros da Organização Nacional para a
Maternidade e Infância adotaram o modelo médico-sanitário de cuidados infantis.
- 1971: nova lei nacional institui uma nova espécie de centro para cuidados na primeira infância (Novos centros: oferta de serviço social para
as famílias e garantia do desenvolvimento harmonioso dos bebês). A cidade de Reggio Emilia inaugurou os primeiros centros municipais
para a primeira infância).

- Observação: Método Montessori – aplicado nas Casa dei Bambini (influência de educadores progressistas). O método foi deposto pelo
regime fascista.

- Anos 50: muitos educadores e pais se conscientizaram da urgência de uma educação precoce maior e melhor. O movimento “escola
popular” vindo da França e os escritos trazidos de educadores progressistas como Celestin Freinet e John Dewey serviram de influência e
base para os debates.
- Em 1951 o Movimento de Cooperação Educativa foi formado. Bruno Ciari liderou o movimento e introduziu inovações didáticas. Loris
Malaguzzi participou dos debates e conheceu Ciari. (Crença: a educação deveria liberar a energia e as capacidades infantis e promover o
desenvolvimento harmonioso da criança como um todo, em todas as áreas).
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- Mudanças importantes entre 1968 e 1977
- 1968: Estabelecimento da educação pré-escolar mantida pelo Governo.
- 1971: Estabelecimento de licença-maternidade.
- 1971: Estabelecimento de Asili Nido (centros para a primeira infância), mantidos pelo Governo.
- 1975: Instituição de uma nova lei sobre a família.
- 1977: Instituição de paridade no trabalho (pagamento igualitário pelo trabalho igual) entre homens e mulheres.

- Nessa paisagem social em transformação, com conquistas legislativas notáveis, os educadores foram recompensados por suas visões
sobre educação e cuidados infantis, que respondiam às novas expectativas.
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O QUE PODEMOS APRENDER COM REGGIO EMILIA?

Ideias baseadas em visitas a escolas de Reggio Emilia (lições extraídas)


1) TRABALHO COM PROJETOS E ARTES VISUAIS PARA CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
- O trabalho com projetos visa a ajudar crianças pequenas a extrair um sentido mais profundo e completo de eventos e fenômenos de seu
próprio ambiente e de experiências que mereçam sua atenção. As crianças são encorajadas a tomar suas próprias decisões e a fazerem suas
próprias escolhas, geralmente em cooperação com seus colegas, sobre o trabalho a ser realizado.
2) TRATANDO COM SERIEDADE O TRABALHO DAS CRIANÇAS
- As representações visuais não são apenas produtos decorativos para serem levados para casa no final do dia. Elas são como recursos para
uma exploração adicional e para um maior aprofundamento do conhecimento sobre o tópico.
3) REPRESENTAÇÃO REALÍSTICA E IMAGINATIVA
- A extensa experiência das crianças de desenhar a partir de suas próprias observações não parece inibir o desejo ou a capacidade de
desenhar, pintar, e assim por diante, a partir de sua imaginação. (Não existem razões para se acreditar que os professores devem optar entre
encorajar a expressão visual realística ou imaginativa como duas alternativas mutuamente exclusivas).
4) O CONTEÚDO DO RELACIONAMENTO ENTRE PROFESSOR-CRIANÇA
- Os relacionamentos precisam conter interesse e envolvimento mútuo,, cujos pretextos e textos proporcionem a interação adulto-criança.
5) IMPRESSÃO DAS CRIANÇAS SOBRE O QUE OS ADULTOS CONSIDERAM IMPORTANTE
- As crianças sentem e têm um certo nível de consciência do que é importante para os adultos ao seu redor, sobre o que eles consideram
válido, interessante ou digno provar, dispender tempo e focalizar a atenção. (Entendem que os adultos consideram seu trabalho e suas ideias
muito seriamente).
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Ideias baseadas em visitas a escolas de Reggio Emilia (lições extraídas)
6) MODELOS E METÁFORAS PARA OS PROGRAMAS PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA
- O modelo da grande família: De diversas maneiras, as escolas de Reggio Emilia são modeladas de acordo com as grandes famílias e
comunidades. As pré-escolas parecem casas; são aconchegantes, confortáveis e atraentes (intimidade associada à vida familiar).
7) OTIMIZAÇÃO DOS RECURSOS DE FAMÍLIAS E INSTITUIÇÕES
- As pré-escolas municipais de Reggio Emilia nos mostram uma combinação ótima das qualidades dos relacionamentos em família e
integridade das práticas profissionais de diversas maneiras.
Primeiro: a inclusão e envolvimento dos pais em cada aspecto do funcionamento da escola é deliberado e fundamental ao planejamento e
operação das escolas pré-primárias.
Segundo: a abordagem do currículo parece ser a de que as características, aptidões, necessidades e interesses de cada criança individual são
examinadas e monitoradas por extensos registros e documentação.
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OS EDUCADORES DE REGGIO EMILIA DESCREVEM SEU PROGRAMA (ENTREVISTAS)

- FILOSOFIA: As fontes da nossa inspiração


- 1960: Os trabalhos de J. Dewey, Henri Wallon, Edward Claparède, Ovide Decroly, Anton Makarenko, Lev Vygotsky ... Tornavam-se
conhecidos. (Tradição italiana: baseava-se em Rosa Agazzi e Maria Montessori).
- 1970: influência de psicólogos e outros autores da neurociência, dentre eles, Howard Gardner.
- Em busca de uma abordagem educacional para as crianças mais jovens: a casa e o centro se tornaram dois locais agradáveis na vida
da criança.

- PRINCÍPIOS BÁSICOS
- A combinação estrutural de opções educacionais e organização: a escola para crianças pequenas foi pensada para ser um organismo
dinâmico, de interações, integrações (ambiente amistoso onde crianças, famílias e professores sintam-se confortáveis).
- Estrutura: hall de entrada, praça, ateliê, laboratório, sala de música, paredes para exibição dos trabalhos dos alunos.
- Trabalho coletivo (planejamento).
- Por uma pedagogia da relação: professores focados nas crianças, mais intensas relações entre família e escolas. Estrutura-se uma
educação baseada no relacionamento e na participação.
- Relacionamento e aprendizagem: os relacionamentos e a aprendizagem coincidem dentro de um processo ativo de educação (O que
as crianças aprendem não ocorre como um resultado automático do que lhes é ensinado. Ao contrário, isso se deve em grande parte
à própria realização das crianças como uma consequência de suas atividades e de nossos recursos.
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- IMAGENS DA INFÂNCIA
- Varrendo a infância para baixo do tapete: As crianças são seres capazes, cheios de energia, curiosos, autônomos, competentes.
Porém, algumas imagens retratam a infância como vazia, impotente e completamente moldada por adultos.
- Diferenças entre as crianças: Devemos ampliar a variedade de tópicos e objetivos, os tipos de situações que oferecemos e seu nível
de estrutura, os tipos e as combinações de recursos e materiais e as possíveis interações com objetos, companheiros e adultos. A
ampliação da faixa de possibilidade para as crianças faz com que os professores sejam mais atentos e conscientes, e torna-os mais
capazes de observar e de interpretar os gestos e a fala das crianças (tornam-se mais sensíveis aos feedbacks oferecidos pelas
crianças).

- TEORIAS DA APRENDIZAGEM
- Adulto: tem papel determinante no oferecimento de estruturas semânticas e sistemas de significado que permitem que a mente
infantil se comunique.
- Criança: são capazes, de um modo autônomo, de extrair significado de suas experiências cotidianas através de atos mentais
envolvendo planejamento, coordenação de ideias e abstrações.
- Importância de Piaget: levar as crianças a sério, através do diálogo com elas. (Construtivismo – as palavras não devem ser usadas
como atalho para o conhecimento).
- Importância de Vygotsky: pensamento e linguagem operam juntos para a formação de ideias e para o planejamento da ação e,
depois, para a execução, controle, descrição e discussão desta ação.
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- DA TEORIA À PRÁTICA
- Uma profissão que não pensa pequeno: o efeito das teorias pode ser inspirador e oneroso ao mesmo tempo. Isso é especialmente
verdade quando é o momento de arregaçar nossas mangas e avançar com a prática educacional.

- O sucesso de uma teoria vem na prática: em geral, quando os colegas trabalham juntos e compartilham problemas comuns, isto
facilita o alinhamento de comportamentos e uma modificação das teorias pessoais. A teoria ajuda os professores a entenderem
melhor a natureza dos seus problemas.

- Da pesquisa à ação: Os professores também precisam ser pesquisadores. Aprender e a reaprender com as crianças é a linha de
trabalho das escolas de Reggio Emilia.

- Nenhum planejamento, muito reconhecimento: as escolas de Reggio Emilia não têm um currículo planejado com unidades e
subunidades (planos de lições). (Malaguzzi: “Isso levaria nossas escolas para o ensino sem aprendizagem”).Naturalmente, os
professores dos bebês e de crianças pré-escolares não começam cada ano escolar do zero. Eles têm em sua retaguarda um
patrimônio de talento, de conhecimentos, de experimentos, de pesquisas, de documentação e de exemplos mostrando sucessos e
fracassos. Os professores seguem as crianças, não seguem planos.

- Se os currículos são encontrados nas crianças: A escola para crianças pequenas precisa responder a elas, deve ser um rodeio
gigantesco, onde aprendem como cavalgar 100 cavalos, reais ou imaginários. O que se sabe é que estar com crianças é trabalhar
menos com certezas e mais com incertezas e inovações. (Muitos experimentos são assumidos com as crianças).
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A PARCERIA COMUNIDADE-PROFESSOR NA ADMINISTRAÇÃO DAS ESCOLAS

- Participação social (ou comunitária) das crianças pequenas: desde os anos 70, essa participação evoluiu em duas formas diferentes: em
primeiro lugar, por meio do sistema de administração baseada na comunidade (gestão social) em creches e pré-escolas operadas pelo
município; e, em segundo lugar, por meio de comitês nas escolas públicas, com ampla representação em cada nível – primário, médio e
secundário.
- 1971: formalização da ideia de participação com a aprovação de leis nacionais.
- A Junta de Conselheiros: atenção voltada para a abordagem expressa das necessidades das famílias e dos educadores. (Trabalham nela
educadores, pais e munícipes).

- Formas de envolvimento dos pais nas creches e pré-escolas:


1. Encontros no nível de sala de aula individual.
2. Pequenas reuniões em grupos
3. Conversas individuais entre pai-mãe/professor
4. Reuniões envolvendo um tema
5. Encontros com um especialista
6. Sessões de trabalho
7. Laboratórios
8. Feriados e celebrações
9. Outras possibilidades.
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CURRÍCULO EMERGENTE

- Debates sobre o planejamento do currículo

- Um ponto de vista define planejamento como um método de trabalho que estabelece de antemão objetivos educacionais gerais,
juntamente com objetivos específicos para cada atividade.

- Um segundo ponto de vista define planejamento como um método de trabalho no qual os professores apresentam apenas objetivos
educacionais gerais. Em vez dos objetivos específicos, formulam hipóteses sobre o que poderia ocorrer, com base em seu
conhecimento das crianças e das experiências anteriores.
- Carlina Rinaldi: “Em nosso trabalho, falamos sobre planejamento, entendido no sentido de preparação e organização do
espaço, dos materiais, dos pensamentos, das situações e das ocasiões para aprendizagem. Isso permite o intercâmbio e a
comunicação entre os três protagonistas e parceiros interativos da escola: crianças, educadores e famílias. A instituição
educacional é um sistema de comunicação e interação entre esses três protagonistas.
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O PAPEL DO ATELIERISTA

- O atelier serve para duas funções:


- PRIMEIRO: oferece um local onde as crianças podem tornar-se mestres de todos os tipos de técnicas, tais como pintura, desenho e
trabalhos com argila (todas as linguagens simbólicas).
- SEGUNDO: ele ajuda que os professores compreendam como as crianças inventam veículos autônomos de liberdade expressiva, de
liberdade cognitiva, de liberdade simbólica e vias de comunicação.

- Interesse atual do trabalho: direciona-se cada vez mais para a análise dos processos de aprendizagem e interconexões entre as diferentes
ideias, atividades e representações das crianças.

- Importante: Toda a documentação – as descrições escritas, as transcrições das palavras das crianças, as fotografias e atualmente as
gravações em vídeo – torna-se uma fonte indispensável de materiais que usamos todos os dias, para sermos capazes de “ler” e refletir,
tanto individual quanto coletivamente, sobre a experiência que estamos vivendo, sobre o projeto que estamos explorando.

- Ponto fundamental: O prazer e a diversão são assumidos pelas crianças em seu processo autodirigido de aprendizagem.

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