Cabo Delgado: Serviços locais de Saúde recusaram grávidas em fuga Pg.

08

Centro de Saúde de Ca- Caiu índice de transpa- "Prisão de activistas em

nhandula já está reabi- rência de 0,29 para 0,26 Tete não tem fundamen-
litado e ampliado com nas empresas extracti- to legal" - Justiça Am-
novos serviços vas em Moçambique biental
Pg.05 Pg.16 Pg.22
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50 MT
Sexta-feira, 26 de
Novembro de 2021
Jornal

Nº de Registo: 017/GABINFO-DEPC/2020

Ano 1. Edição nr 47. Vila-sede de Nhamatanda, 5º bairro-25 de Junho

Directora: Luísa Franque. Editor: Muamine Benjamim
ZONA TAMPÃO
Parque Nacional da Gorongosa e parceiros
formam 400 jovens em diversas áreas PG.07

“Abastecemos
em 60% da
cidade da
Beira”
- SDAE Nhamatanda

Pg.13

É
como o caso do ção Social. A morte e o tribunal têm "Basta ver como a comunicação so-
“Profundus" que sido as promessas locais. cial está a lidar com o caso das dívidas
continua a receber A impressão é de que, desde o as- ocultas, que envolve pessoas, alta-
ameaças depois de sassinato de Carlos Cardoso, o jorna- mente, poderosas e tem como centro
reportar factos so- lismo investigativo em Moçambique os serviços secretos moçambicanos.
ciais no distrito. E recentemente, marcou passo. Plácido entende que os Estão aí os jornalistas que continuam
quando reportou a fragilidade do profissionais mais experientes deste a denunciar os grandes escândalos. É
Município de Nhamatanda ao dei- ramo, que se pautavam por reporta- por isso que temos este julgamento",
xar que a nova pedreira destrua as gens de investigação, preferem estar opina. Os seis assassinos de Carlos
instalações do Órgão de Comunica- colados ao poder político. Cardoso foram condenados.....
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Sociedade
Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021
JORNALISMO INVESTIGATIVO MOÇAMBICANO
Continuam manifestações contra morte do
jornalista moçambicano

O
dia 22 de novembro
tornou-se uma data de
reflexão para os jor-
nalistas em Moçam-
bique. Há exactos 21 anos, Carlos
Cardoso foi assassinado numa zona
nobre de Maputo, capital moçam-
bicana devido à uma apuração jor-
nalística.
Editores de alguns jornais de Mo-
çambique dizem que o dia 22 de no-
vembro sempre será muito importante
para o jornalismo investigativo e a
liberdade de imprensa no país.
Foi nesta data, em 2000, que o jor-
"Já não visam directamente [o jor- jornalísticas bem investigadas. Para
nalista Cardoso Cardoso foi assassi-
nalista], como fizeram com Cardoso, o editor do Zambezi, este esforço dos
nado no início da noite na avenida dos
porque aprenderam muito com isso. profissionais de imprensa moçam-
Mártires da Machava, região central
Fazer os jornalistas deixarem de de- bicanos é o grande legado de Carlos
de Maputo. O jornalista deixava a re-
sempenhar os seus trabalhos nas re- Cardoso.
dacção do jornal Metical, do qual era
dacções para frequentarem os tribu- "Além da coragem que ele tinha para
o proprietário, quando foi alvejado
nais também é uma forma de algemar afrontar o poder político. São valo-
com uma rajada de metralhadora den-
as palavras. É uma forma de intimida- res que quase mais ninguém poderá
tro da sua viatura. O crime ocorreu
ção", avalia Carmona. fechar. [Cardoso] tinha uma forma
numa altura em que Cardoso levanta-
É como o caso do “Profundus" que única de lidar com esses assuntos. É
va informações sobre uma fraude de
continua a receber ameaças depois de verdade que alguma coisa está a ser
14 milhões de dólares (cerca de 896
reportar factos sociais no distrito. E feita. Há outros tantos bons jornalistas
milhões de meticais) no antigo Banco
recentemente, quando reportou a fra- que fazem mais ou menos aquilo que
Comercial de Moçambique.
gilidade do Município de Nhamatanda o Cardoso fazia", considera.
O jornalista Egídio Plácido, associa
ao deixar que a nova pedreira destrua Francisco Carmona lembra que o as-
esta data à luta pela liberdade de im-
as instalações do Órgão de Comuni- sassinado de Cardoso no ano 2000 foi
prensa no país. O editor executivo do
cação Social. A morte e o tribunal têm um recado do crime organizado aos
semanário Zambezi crê que ainda há
sido as promessas locais. jornalistas, por isso, houve pânico nas
dificuldades para o exercício da pro-
A impressão é de que, desde o as- redacções à época. Por outro lado, nos
fissão em Moçambique. Plácido cita,
sassinato de Carlos Cardoso, o jorna- dias de hoje, os jornalistas moçam-
por exemplo, o recente caso que en-
lismo investigativo em Moçambique bicanos mostram-se cada vez mais
volveu o Mediafax e o Canal de Mo-
marcou passo. Plácido entende que os corajosos. Para o editor do Savana, a
çambique, que citava o antigo Presi-
profissionais mais experientes deste consolidação desta "coragem" foi um
dente Armando Guebuza.
ramo, que se pautavam por reporta- processo paulatino, mas visível hoje
"Os jornalistas foram à barra do tri-
gens de investigação, preferem estar em dia.
bunal só por terem replicado uma opi-
colados ao poder político. "Basta ver como a comunicação so-
nião de um economista do Instituto
Para o editor do Zambezi, há uma cial está a lidar com o caso das dívi-
de Estudos Sociais e Económicos",
certa dependência política do jorna- das ocultas, que envolve pessoas, al-
lembra.
lista. "Se formos a ver, os jornalistas tamente, poderosas e tem como centro
Carlos Cardoso foi membro funda-
mais experientes do país são assesso- os serviços secretos moçambicanos.
dor do grupo Mediacoop - integrado
res de políticos. Resta os menos ex- Estão aí os jornalistas que continuam
pelo diário electrónico Mediafax e
perientes, [que] não têm ferramentas a denunciar os grandes escândalos. É
pelo semanário Savana. O actual edi-
para o trabalho de investigação", la- por isso que temos este julgamento",
tor do Savana, Francisco Carmona,
menta Egídio Plácido. opina.
não tem dúvidas de que o poder po-
Apesar da pouca experiência, Plá- Os seis assassinos de Carlos Cardoso
lítico mudou de táctica para intimidar
cido crê que os jornalistas menos foram condenados em 2003 a penas
os jornalistas.
experientes tentam trazer matérias entre 23 e 28 anos de prisão.

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EUA doam 840 mil doses de vacinas Johnson

& Johnson a Moçambique

N
(Da esquerda à direita) Embaixador dos EUA em Moçambique, Dennis Walter Hearn; e ministro da Saúde, Armindo Tiago

uma cerimónia reali- da população, até o final do presente cinas, o Governo Moçambicano rece-
zada na segunda-feira ano. E com isso criar uma imunida- beu, também, dos EUA, 60 cilindros
(22.11), no edifício- de comunitária, que contribuirá para a de oxigénio terapêutico, para serem
-sede do Ministério retoma da normalidade social e eco- usados no tratamento de pacientes in-
da Saúde (MISAU), Moçambique nómica no nosso país. fectados pelo SARS-COVI 2.
recebeu dos Estados Unidos da Presente na cerimónia, Van Xilan- Os EUA, também, estão a instalar
América (EUA), representado no der, novo representante da Organi- um sistema de oxigénio na província
acto pelo seu embaixador, Dennis zação Mundial da Saúde (OMS) em de Nampula, norte de Moçambique,
Walter Hearn, um lote de 840 mil Moçambique, disse que a doação dos que permitirá que as unidades sanitá-
vacinas de dose única da Johnson & EUA, não apenas vai ajudar o nosso rias produzam e se abasteçam, local-
Johnson (J&J). país a atingir a meta da cobertura de mente, do oxigénio.
Trata-se de vacinas da iniciativa vacinação, mas, também, a alcançar A cerimónia de recepção de vacinas
COVAX Global e foram financiadas o objectivo recomendado pela sua or- e cilindros de oxigénio terapêutico foi
pelo governo dos EUA, resultando ganização, que consiste em alcançar testemunhada pela representante do
compromisso daquele país na luta quarenta por cento da população vaci- UNICEF em Moçambique, Katarina
mundial contra o novo Coronavírus. nada até dezembro de 2021. Johansson e alguns quadros do MI-
As vacinas chegam numa altura em Para além das 840 mil doses de va- SAU.
que, o país prossegue com a execução
da terceira fase de vacinação, cuja pri-
meira etapa termina a 20 de dezembro
próximo.
Com o lote entregue na segunda-fei-
ra, Moçambique, eleva-se ao total de
vacinas doadas pelos EUA ao país,
através da COVAX, para 1.478.000
doses, tal como destacou o diplomata
americano na sua intervenção.
Na ocasião, o ministro da saúde, Ar-
mindo Tiago, afirmou que através de
iniciativas como o COVAX, o Gover-
no de Moçambique, pretende atingir a
meta de vacinar cerca de 60 por cento cilindros de oxigénio terapêutico

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 Breves
Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Nangade: Militares atiram contra membro da força local
No âmbito dos esforços de combate ao terrorismo que assola os distritos do centro e norte da província de Cabo Delgado,
combatentes da luta armada de libertação nacional e seus descendentes foram apelados para se juntaram as iniciativas governa-
mentais para proteger as aldeias, mas, o convívio entre estes e membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) não tem sido
pacífico.
Na vila sede do distrito de Nangade tem sido recorrente maus-tratos entre as partes, e muito, recentemente, um cidadão foi es-
pancado, até perder sentidos, por um militar por lhe ter negado o cigarro. No dia 15, na aldeia de Ndenganamade, um membro
da força local, que na altura portava uma arma e vestido do uniforme, disse que ia ter com o comandante do grupo para receber
ordens e que se não concordassem tinha o telefone para o ligar ou mesmo poderiam ir juntos. Consta que, os militares não con-
cordaram e acabaram baleando em uma das suas pernas e abandonaram-no no local, onde graças a pedido de socorro, foi levado
a um tratamento tradicional.

Inspecção Geral do Trabalho detectou cerca de 16 mil infracções trabalhistas de janeiro a setembro
A Inspecção-Geral do Trabalho detectou, de janeiro a setembro deste ano, 15.839 infracções trabalhistas, em 7.628 estabele-
cimentos inspeccionados. Do total dos infractores, 13.079 (82,58%) receberam advertências. Os dados foram partilhados na
segunda-feira pela Ministra do Trabalho e Segurança Social, Margarida Talapa, na abertura do VI Conselho Consultivo da
Inspecção-Geral do Trabalho, que decorre na cidade de Maputo, capital de Moçambique.
Apesar dos números, Talapa disse ainda haver necessidade de se continuar a aprimorar os serviços de inspecção, de modo a
se melhorar o desempenho macro e micro económico, assim como garantir-se a protecção da Saúde, Higiene e Segurança dos
trabalhadores.

Militar mata a tiro seu chefe por negar-lhe refrigerante durante almoço
Um militar das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) foi detido por suspeitas de ter matado a tiro o comandante,
que se encontrava em casa, disse Miguel Caetano, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia, du-
rante uma conferência de imprensa. A vítima e o militar terão tido uma desavença à hora do almoço: o comandante terá impedido
que lhe entregassem um refrigerante, o que o enfureceu.
Após ingerir "quantidades consideráveis" de bebidas alcoólicas, avançou a polícia, o militar terá levado, "ilegalmente, uma arma
de fogo do tipo AKM, com oito carregadores cheios, totalizando 240 munições" e seguido para a casa do seu superior. "Chegado
à casa do comandante de pelotão, abriu fogo contra ele, tendo-o alvejado mortalmente". O suspeito foi detido numa mata, onde
estava escondido e foi aberto um processo-crime

Decorre pavimentação do troço SDAE e Praça dos Namorados na vila de Nhamatanda

Decorre pavimentação da Praça dos Namorados ao Serviço Distrital de Actividades Económicas em Nhamatanda. O término das
obras está previsto para um mês, por enquanto está pavimentada 50 por cento da área.

Edil de Nampula leiloará produtos não perecíveis enquanto oferece os perecíveis

Para o próximo dezembro, o conselho autárquico de Nampula, através da sua Polícia Municipal e de Fiscalização vai proceder a
venda, em leilão, dos vários produtos não perecíveis recolhidos durante as actuações da corporação contra vendedores informais
nas ruas da urbe.
De acordo com a chefe de Educação Pública na polícia Municipal e Fiscalização da cidade de Nampula, Zaina Muatamurro, os
produtos perecíveis deverão ser oferecidos a instituições como os estabelecimentos penitenciários. “Durantes estes nove meses,
nós da polícia Municipal e Fiscalização desmantelamos um número maior de vendedores ambulantes, e sendo assim não temos
um número claro dos vendedores”, embora continuem renietntes, disse a fonte, esclarecendo o programa de venda em leilão ser
irreversível.

Autoridades moçambicanas retêm 23 imigrantes ilegais no centro do país

O grupo de homens, com idades entre 18 e 46 anos, foi localizado e retido através de uma denúncia, na noite do último domingo,
na cidade de Moatize, disse a porta-voz do SENAMI em Tete, Amélia Direito. Os 23 imigrantes, dos quais 18 são paquistaneses
e cinco bengaleses, “não tinham visto de entrada e nem efectuaram o movimento migratório”, referiu a fonte, acrescentando que
o grupo vai ser repatriado. Os imigrantes eram oriundos do Malawi e seguiam para a África do Sul.
Um total de 2.520 estrangeiros foi repatriado desde janeiro por várias irregularidades migratórias em Tete. De entre os repa-
triados, a maioria era de nacionalidade paquistanesa, etíope, malauiana e bengalesa e tinham, maioritariamente, a África do Sul
como destino. Moçambique é ponto de trânsito de milhares de migrantes que anualmente atravessam as fronteiras para tentar
chegar à África do Sul, uma das maiores economias do continente africano. (Lusa).

Restabelecida energia nos distritos da zona norte de Cabo Delgado

A Electricidade de Moçambique (EDM) concluiu com sucesso, esta semana, os trabalhos de restabelecimento de energia a todos
os distritos da zona norte da província de Cabo Delgado afectados pelos ataques terroristas, refere um comunicado.

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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda

Acções do governador de Sofala marcam a

semana em Dondo

O
governador de pro-
víncia de Sofala, Lou-
renço Ferreira Bulha,
inaugurou na terça-
-feira (23.11), o novo Centro de
Saúde do Tipo II de Canhandula,
um sistema de abastecimento de
água e no dia seguinte a entregou
uma ambulância. Foram as acções
marcantes da semana no distrito de
Dondo.
O Centro beneficiou de uma reabili-
tação e ampliação, incorporando no-
vos serviços e gabinetes de trabalho, ção do património recebido, e para os se impõem ao sector da Saúde junto
nomeadamente, laboratório, farmácia, membros do comité de gestão pediu das comunidades, contribuindo para a
consultas externas de adultos, pedia- rigorosidade na manutenção dos mes- redução da mortalidade materna, peri-
tria e maternidade, e residências para mos. natal e neonatal.
profissionais da unidade Sanitária. Ainda na ocasião, o Chefe do Con- Falando durante a solenidade, Lou-
E espera-se com a entrada desta Uni- selho Executivo Provincial de Sofala renço Bulha agradeceu ao parceiro
dade Sanitária, beneficiar mais de10 aproveitou exortar aos reassentados Santo Egídio pela cooperação, e afir-
mil habitantes, que vivem na zona de para se dedicarem na prática da agri- mou que está ciente das preocupações
influência directa do Centro de Saúde cultura na presente campanha agrí- que apoquentam as populações a nível
e provenientes dos bairros circunvizi- cola, para ajudar na sustentabilidade de Sofala, sobretudo, nos centros de
nhos. familiar. reassentamento, onde há um aglome-
Falando na ocasião, Lourenço Bulha Outrossim, Bulha na sua visita a dis- rado dos compatriotas, vítimas de de-
afirmou que o acto reflecte a melhoria trito do Dondo, escalou a fábrica de sastres naturais.
do rácio habitante-técnico de saúde, GG Travessas, na cidade do Dondo e O dirigente disse ainda que vai con-
com impacto directo na melhoria da visitou o empreendedor de criação do tinuar a envidar esforços, na expansão
saúde da população. Gado Leiteiro e de Corte no bairro de da rede sanitária e melhoria da qua-
O dirigente reiterou o compromisso Mafarinha. lidade dos serviços de saúde, com o
de continuar a trabalhar para que cada No dia seguinte, (24.11), no mesmo objectivo único, de ter uma população
comunidade tenha uma Unidade Sa- distrito, Dondo, o governador proce- saudável.
nitária com todos os serviços básicos. deu a entrega de uma nova ambulân- Por fim, Bulha apelou aos benefi-
“Líderes comunitários, líderes reli- cia à comunidade do bairro de reas- ciários do meio circulante, para o uso
giosos, pessoas influentes e a popu- sentamento de Savane. racional, respeitando a componente
lação de Canhandura, conservem esta Lourenço Ferreira Bulha entregou de manutenção para assegurar a sua
Unidade Sanitária que hoje inaugura- na manhã da quarta-feira a nova am- durabilidade e que a mesma sirva por
mos, pois, este, é o património do es- bulância que se espera garantir a flexi- muito tempo, sob forma a alcançar o
tado que entregamos para o uso desta bilidade dos serviços de atendimento objectivo para o qual foi adquirido,
comunidade, por isso, a sua longevi- e resposta aos demais desafios que “salvar vidas humanas”.
dade depende em grande medida do
envolvimento de todos”, apelou Bu-
lha.
No mesmo dia, mais de 500 famílias
do bairro de reassentamento de Mutua
começou a beneficiar de água potável,
com a entrada em funcionamento de
um sistema de abastecimento de água,
entregue por Bulha.
Dirigindo aos presentes na cerimó-
nia que marcou a entrega, Lourenço
Bulha apelou aos residentes do centro
de reassentamento para a conserva-

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Alarga-se a rede do narcotráfico no porto de
Nacala com novos actores
O
tráfico de drogas, ten-
do como principal
ponto de entrada o
porto de Nacala, na
província de Nampula, está a tor-
nar-se cada vez mais forte e com o
envolvimento de novos actores. Já
tínhamos reportado em março des-
te ano sobre os contornos de uma
larga apreensão.
Uma investigação levada a cabo
apurou que devido às dificuldades
para o manuseamento de drogas proi-
bidas na República de Moçambique,
os responsáveis da rede tiveram de
alargar a base dos actores envolvidos
nos processos.
Com efeito, e para evitar situações
de intercepção e captura pelas auto-
ridades policiais, a rede decidiu por
envolver funcionários dos sectores
responsáveis pela fiscalização.
O trânsito de drogas no porto de Na-
cala não é algo novo, e é tido como
sendo um ponto estratégico na Áfri-
ca Austral para o baldeamento para
o efeito antes do seu envio, via ter-
restre, para a África do Sul e depois
deste pais para mercados europeus e
asiáticos.
Quem, também, passou a fazer parte
da rede são os condutores de camiões
que, para o porto de Nacala, vão fazer
o levantamento de mercadoria diversa
para distribuir pelo país e para outros
países da região.
Houve tempos em que as drogas
eram logo apreendidas antes de en-
trar para o mercado nacional. Nessa
época, os técnicos das Alfândegas
não faziam parte do circuito de mo-
vimentação. Aliás, os técnicos que
controlavam as câmaras de vigilân-
cia, também, não faziam parte dos es-
quemas, por isso, as denúncias eram
frequentes.
Entretanto, de um tempo a esta parte
o cenário mudou. É que as operações
deste calibre são do conhecimento
de todos os funcionários, tanto é que
quando uma equipa de inspecção de-
cide fazer uma visita ao local, ocorre
uma comunicação no sentido de se
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Embarcação retirando droga do porto de Nacala para a
Praia do Fernão Veloso
travar as operações ilícitas.
Os serviços de scanner estão a cargo
da empresa Kudumba Investiments,
Limitada. Trata-se de um negócio ad-
judicado pelo Governo, com o apadri-
nhamento de altas figuras do Estado
para viabilizar a entrada de drogas,
como descreve o Ikweli.
O nosso repórter apurou, ainda, que
outros contentores contendo as dro-
gas passam pelo Porto de Nacala,
mas criam-se mecanismos de evitar a
passagem pelo scanner. Quando isso
acontece, há o envolvimento da direc-
ção do Porto de Nacala, que dá ordens
aos conferentes para não questionar a
proveniência e o destino da carga.
As nossas fontes, que pediram ano-
nimato por temerem represálias por
parte dos superiores hierárquicos, dis-
seram que essas operações acontecem
a meia-noite para evitar qualquer tipo
de fuga de informação.
Os conferentes recebem ordens
acompanhadas de ameaças sob risco
de perder o emprego, caso alguém ten-
te frustrar a movimentação de merca-
dorias ilícitas. “Quando a mercadoria
é ilícita surgem ordens para não exi-
gir documentos, não fazer anotações
do contentor e muito menos obrigar
a passar pelo scanner. A partir desse
momento começamos a desconfiar o
tipo de carga”, disse a fonte.
Olhando para os investimentos que
estão a acontecer no Porto de Nacala,
do ponto de vista de obras de reabili-
tação e a melhoria dos níveis de segu-
rança, o nosso jornal ficou a saber que
não há espaço para essas manobras
sem o envolvimento directo de gente
graúda.
Dizem que os profissionais das Al-
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fândegas estão, directamente, ligados
ao movimento de drogas. O director
do Porto de Nacala, Neimo Induna é
apontado como sendo a pessoa que dá
as caras para dirigir as operações se-
cretas. Contudo, as nossas fontes afir-
mam que ele só está a ser usado por
figuras que não podem aparecer.
O director do Porto de Nacala é
apontado como a pessoa que liderou
a contratação de novos funcionários,
dentre eles amigos e familiares, atra-
vés dos quais instalou uma equipa de
supervisão para controlar os movi-
mentos estranhos. É esse grupo que
tem a responsabilidade de comunicar
ao “chefe” sobre qualquer trabalhador
que tenta promover a fuga de informa-
ção referente as operações secretas.
Nos últimos tempos, os membros da
referida rede de traficantes adoptaram
uma medida para despistar a atenção
de quem quer que seja a pessoa curio-
sa. É que os documentos que acompa-
nham os contentores já não apresen-
tam detalhes do tipo de mercadoria
em trânsito.
O portfólio que apresenta o Pro-
grama de operação de contentores,
emitido pela direcção dos Caminhos
de Ferro de Moçambique, órgão que
gere o Porto de Nacala, omite o tipo
de mercadoria, limitando-se a refe-
renciar “Carga diversa” e o nome do
cliente, ou seja, o proprietário da mer-
cadoria.
Trata-se de um pormenor que é ob-
servado em todos os contentores que
entram naquelas infra-estruturas por-
tuárias.
Os nossos informantes revelaram
que as drogas que são apreendidas e
anunciadas na imprensa os seus pro-
prietários recusam-se a “colaborar”
com todos os intervenientes no esque-
ma de movimentação. Até ao fecho
da nossa edição, todas as tentativas
de ouvir a versão do director do porto
foram infrutíferas. Mas prometemos
continuar a envidar esforços de o ofe-
recer o direito que o assiste: o do con-
traditório.
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Parque Nacional da Gorongosa e parceiros
formam 400 jovens em diversas áreas
N
um total de 445 ado-
lescentes dos Clubes
de Jovens do Parque
Nacional da Gorongo-
sa (PNG) estão a ser formados em
Reparação de computadores, In-
formática, Electricidade, Sistema
de frio, Culinária, Serralharia Ci-
vil, e Corte e Costura. A iniciativa
apenas envolve aqueles que vivem
nos arredores daquela conservador
animal e que estejam a estudar.
Com a luta de igualdade de género e
empoderamento juvenil, a política de
formação do PNG é de incluir jovens
de ambos géneros com as mesmas
oportunidades e direitos. A terminar
nos próximos 45 dias, as formações
decorrem nas Escolas Secundárias lo-
calizadas na zona tampão do Parque.
“Em Cheringoma temos 40 jovens,
destes, 20 são mulheres; [em] Nha-
matanda temos 80, dos quais 40 mu-
lheres; em Gorongosa temos 280, dos
quais 140 são mulheres”, disse o ges-
tor do Programa Clubes de Jovens do
PNG, Alfredo Jochoma na entrevista
com o “Profundus”, que reiterou “50
por cento de mulheres” a igual núme-
ro de homens nos distritos envolvi-
dos”.
O Programa já inclui três distritos da
zona tampão do PNG, antes envolvia
dois. “A iniciativa [de capacitar] co-
meçou em 2019 nos distritos de Go-
rongosa e Inhaminga-Cheringoma.
Em 2020 chegamos de incluir Nha-
matanda”. Futuramente, almeja-se in-
cluir outros distritos limítrofes como
Maríngue, Muanza e Dondo, ainda
na província de Sofala, centro de Mo-
çambique.
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Os formadores são professores das
Escolas Secundárias. “Eles [profes-
sores] que chamamos de supervisores
dos Clubes [de Jovens] foram forma-
dos pela Academia de Maputo”, disse
Alfredo Jochoma. “A Escola Secun-
dária de Nhamatanda e a de Metuchi-
ra estão a formar os jovens, acrescen-
tou”.
“Cada Clubes [de Jovens] tem um
formador que é professor e um pro-
motor que é um aluno que terminou a
12ª classe e não tem nada a fazer- este
foi formado para ser assistente. Traba-
lham com 40 alunos em cada Clube”.
“Para Nhamatanda, 40 estão na Es-
cola Secundaria Geral [vila-sede] e 40
na Escola Secundária de Metuchira
[noroeste do distrito] ”.
Questionado sobre o enquadramento
desta iniciativa, o gestor respondeu:
“empoderamento de jovens. O objec-
tivo geral do Programa é aumentando
a empregabilidade. Quando termina-
rem o ensino secundário vão ao mer-
cado de emprego, muito mais o em-
preendedorismo. Queremos equipar
esses jovens”.
Na ocasião, Jochoma apresentou os
requisitos necessários para o ingresso
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de jovens à iniciativa de capacitação
do PNG. “Devem ser jovens que são
carentes, mas não gostaríamos de ape-
nas juntar os carentes, senão parecerá
um motivo de gozo de carentes; que
servem como embaixadores em ac-
ções comunitárias; 50 por cento dos
membros devem sair da zona tampão
do Parque Nacional da Gorongosa; e
50 por cento testemunhas [igualdade
de género].
A informação sobre se é um jovem
ou uma jovem e a sua proveniência é
encontrada nos Bilhetes de Identidade
que os pretendentes fornecem.
Com a ambição de facilitar o proces-
so de ensino e aprendizagem, princi-
palmente, a componente prática, os
jovens beneficiaram-se de várias fer-
ramentas segundo a área de formação,
tal é o caso de máquinas de costura,
uniformes, computadores e entre ou-
tros equipamentos.
“Para essa camada juvenil, o seu fu-
turo é hoje. Afinal de contas, quando
é melhor emprego, é acordar para se-
guir ordens ou você ter o seu emprego
para trabalhar segundo as metas? Ter-
minou com a questão, lamentando o
facto de muitos jovens não formados
serem despedidos nas empresas pela
Covid-19.
A materialização das capacitações
conta resulta do Programa Clubes de
Jovens do PNG em parceria com o
Instituto Young Africa e AAS Tec-
nologias. Também, pretende-se com
esta iniciativa, despertar o interesse
dos jovens nas diversas áreas.
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Política
Cabo Delgado: Serviços locais de Saúde
recusaram grávidas em fuga
A
lguns serviços locais
de saúde em Palma,
em Cabo Delgado
(Moçambique) recusa-
ram grávidas em fuga, descreve um
relatório humanitário que alerta
para o aumento de conflitos entre
deslocados e comunidades.
Serviços locais de saúde nalgumas
aldeias de Palma, em Cabo Delgado,
recusaram atender grávidas em fuga,
descreve um relatório de organiza-
ções humanitárias que alerta para o
aumento de conflitos entre deslocados
e comunidades de acolhimento.
“Provas de discriminação contra
deslocados foram mencionadas em
relação a prestadores de serviços. Mu-
lheres grávidas ou que acabaram de
dar à luz relataram ter caminhado du-
rante cinco horas até serviços de saú-
de para serem rejeitadas”, descreve o
documento sobre uma missão lidera-
da pelo Escritório das Nações Unidas
para a Coordenação de Assuntos Hu-
manitários (OCHA).
“A tensão entre anfitriões e desloca-
dos foi identificada e pode tornar-se
numa grande preocupação” ligada à
“falta de acesso a serviços básicos”
e devido a “assistência e recursos na-
turais limitados”, de acordo com as
reuniões e conversas mantidas pelas
organizações humanitárias com a po-
pulação.
“Ambas as comunidades”, anfitriões
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
e deslocados, “sentem que as relações
são negativas e parecem estar a dete-
riorar-se”, lê-se no relatório.
Há líderes comunitários que negam
o acesso de crianças à escola e pro-
movem a exclusão das famílias des-
locadas das listas de distribuição de
alimentos e outros bens, ouviram os
agentes humanitários.
Segundo outro relato, na aldeia de
Monjane (ou Mondlane) os desloca-
dos são acusados de destruir mudas
de caju da comunidade anfitriã e de
ocupar casas e abrigos
O relatório sugere que sejam identi-
ficados os principais intervenientes na
tensão entre comunidades por forma
a “desenvolver um plano de coesão
social”.
A tarefa requer maior presença de
organizações humanitárias em coope-
ração com o Governo, o que ainda é
difícil por causa dos receios de segu-
rança na zona, lê-se no relatório.
O aumento de conflitos internos é um
reflexo de problemas estruturais rei-
08 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
terados no documento: falta comida,
serviços básicos, há traumas de guerra
e riscos sérios de violência e abusos
sexuais contra mulheres e crianças,
por vezes por nem sequer haver noção
de que não devem ser permitidos.
A província de Cabo Delgado é rica
em gás natural, mas aterrorizada des-
de 2017 por rebeldes armados, sendo
alguns ataques reclamados pelo grupo
extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100
mortes, segundo o projecto de registo
de conflitos ACLED, e mais de 817
mil deslocados, de acordo com as au-
toridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tro-
pas governamentais com o apoio
do Ruanda a que se juntou depois a
Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral (SADC) permitiu
aumentar a segurança, recuperando
várias zonas onde havia presença de
rebeldes, nomeadamente, a vila de
Mocímboa da Praia, que estava ocu-
pada desde agosto de 2020.
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda

Mais de 200 jovens deslocados serão formados

em Cabo Delgado

M
ais de 200 jovens
deslocados e resi-
dentes das comu-
nidades de acolhi-
mento serão formados em diversas
áreas do saber na província de Cabo
Delgado, norte de Moçambique,
numa iniciativa de formação profis-
sional promovida pela Agência das
Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR), em parceria com o Ins-
tituto de Formação Profissional e
Estudos Laborais Alberto Cassimo
(IFPELAC).
Segundo o ACNUR, a iniciativa irá
abarcar nove áreas profissionais, no-
meadamente, carpintaria, serralharia
civil, técnica de fabrico de blocos, pe-
dreiro, canalização, secretariado, frio
e climatização, pintura civil e electri-
cidade instaladora. Serão envolvidos
jovens de todos os sexos.
De acordo com uma nota de impren-
sa, o projecto está avaliado em mais
de 11,7 milhões de Meticais e visa
prover ferramentas e aptidões de vida,
bem como oportunidades de apren-
dizagem aos afectados pelos ataques
terroristas naquele ponto do país.
“O ACNUR tem o prazer de ofere-
cer a estes jovens espaços de apren-
dizagem seguros. Esta oportunidade
contribui para a coesão social e pro-
move a auto-suficiência”, refere o re-
presentante do ACNUR em Moçam-
bique, Samuel Chakwera, citado na
nota.
“A colaboração entre as duas insti-
tuições visa incentivar o desenvolvi-
mento económico de Cabo Delgado
e “garantir mais e melhores recursos
e qualificações laborais pensadas de
acordo com demandas do mercado”,
lê-se no documento.
Além de apoiar os custos de inscri-
ção, o apoio do ACNUR permite a
compra de ferramentas e consumí-
veis, kits de trabalho e uma ajuda de
custo para que os formandos possam
atender a formação.
“Esta parceria é, extremamente, im-
portante, visto que permite que, em
tempo real, o IFPELAC consiga al-
cançar um número maior de jovens
preparados para o acesso a um traba-
lho decente”, considera o Delegado
do IFPELAC, João Massingue, con-
clui no documento.

Murrupula: Arrancou o processo de DDR

para perto de 590 homens da RENAMO
Arrancou na manha da terça-feira
(23.11), o processo de Desmilitari-
zação, Desmobilização e Reintegra-
ção (DDR) dos homens residuais no
norte de Moçambique. O primeiro
grupo está sendo beneficiado no
posto administrativo de Cazuzu, no
distrito de Murrupula.
Naquele ponto do país, espera-se
que, pelo menos, 587 antigos guerri-
lheiros da perdiz sejam reintegrados ção e uma nova fase na vida dos mo- tenham as suas vidas em progresso.
na sociedade, no âmbito dos esforços çambicanos. O evento movimentou altas figuras
da manutenção da paz em Moçambi- Na ocasião, Magibire tratou de feli- do Estado e da Renamo, destacada-
que. citar os seus companheiros pela nova mente o Secretário-Geral e represen-
O General Paulo Chachine voltou a fase das suas vidas, por isso pediu ao tante da RENAMO na Comissão dos
referir-se o papel que as lideranças do governo para que respeite estes cida- Assuntos Militares (André Magibire),
Governo, Filipe Nyusi, e da RENA- dãos que passam a ter um novo estatu- o General Paulo Chachine, represen-
MO, Ossufo Momade, têm tido para to na República de Moçambique. tante do governo na Comissão dos
a manutenção da paz em todo o país, Igualmente, este político mantem a Assuntos Militares, e Mety Gondola,
por isso, o acto que foi testemunhado esperança de que os subsídios atribuí- Secretário de Estado na província de
em Murrupula deve servir de inspira- dos neste âmbito passem a ser regula- Nampula.
res para que os antigos guerrilheiros

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Política
Moçambique é democrático na teoria - Análise
A
nalistas dizem que não
espanta o facto de Mo-
çambique fazer parte
de países, parcialmen-
te, livres, onde está a registar-se um
declínio na qualidade da democra-
cia, segundo o relatório do Instituto
Internacional para a Democracia e
Assistência Eleitoral (IDEA), divul-
gado na segunda-feira (22.11).
O relatório sobre o estado global da
democracia, referente ao ano de 2020,
revela que o mundo está a tornar-se
mais autoritário e que os governos
democráticos estão a retroceder, re-
correndo a práticas repressivas e en-
fraquecendo o Estado de Direito.
Na opinião de analistas, em Moçam-
bique assiste-se a situações que colo-
cam em causa o processo democrá-
tico, realçando que no plano formal,
constitucional ou legal, "o país está
bem, porque, entre outros aspectos, a
Constituição da República é favorável
à realização de eleições, por exemplo,
mas tem muitos problemas no plano
prático".
Para o político Raúl Domingos, a
democracia em Moçambique "não
está bem", porque, por exemplo, na
Assembleia da República, "muitas
vezes, as leis são aprovadas sem se
Forças da SADC abatem 9 insurgentes e seus
2 comandantes em Cabo Delgado
Em apoio às Forças Armadas de
Defesa de Moçambique (FADM),
a missão militar da África Austral
(SAMIM, sigla inglesa) lançou uma
operação ofensiva no dia 18 [quin-
ta-feira] que resultou na morte de
11 terroristas do Al Sunnah wa Ja-
ma'ah (ASWJ)", lê-se num comuni-
cado.
Nove pessoas foram abatidas "numa
troca de tiros" no distrito de Maco-
mia, no centro, enquanto outros dois
foram mortos na área de Ninga, dis-
trito de Nangade, no extremo norte de
Cabo Delgado.
Entre os mortos, "estão dois coman-
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Foto ilustrativa
respeitar o debate e a opinião contrá-
ria".
No capítulo da liberdade de impren-
sa, o comunicador Tomás Vieira Má-
rio diz que o país não está bem, re-
cordando o facto de, recentemente, ter
sido incendiada a Redacção do Jornal
Canal de Moçambique, para além de
vários aspectos no domínio dos direi-
tos humanos e noutros.
O analista político, Lázaro Mabun-
da, diz serem vários problemas, mas
aponta, por exemplo, o facto de, prati-
camente, todas as instituições públicas
em Moçambique estarem partidariza-
das, "e uma das questões fundamen-
tais em democracia é que as institui-
ções sejam despartidarizadas".
"A Frelimo", acusou aquele acadé-
dantes operacionais terroristas do
ASWJ: Rajabo Fiquir e Abu Quitali"
e "nenhuma vítima foi registada do
lado das forças do SAMIM".
No distrito de Nangade, que faz
fronteira com a Tanzânia, "uma base
foi capturada e posteriormente des-
truída", acrescentou a SAMIM.
Durante as operações, as forças alia-
das de apoio a Moçambique confisca-
ram armas, entre as quais "lançadores
RPG 7, metralhadoras PKM, fuzis
AK47, granadas e dispositivos elec-
trónicos, entre outras".
Numa análise à situação militar, o
comunicado refere que " as forças
10 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
mico, "não está interessada numa ver-
dadeira democracia".
O filósofo e docente universitário,
Alberto Ferreira, considera que Mo-
çambique, "governado por um parti-
do hegemónico, não tem conseguido
dar um salto para um país, totalmente,
democrático", realçando que a Fre-
limo se esforça por não só silenciar
como também reduzir a zero a oposi-
ção".
O relatório do Instituto Internacional
para a Democracia e Assistência Elei-
toral avalia também aspectos ligados
às eleições, e o analista Francisco Ma-
tsinhe diz que, relativamente, a esta
questão, a oposição moçambicana não
confia nos órgãos eleitorais.
do SAMIM continuam a dominar e a
perseguir os insurgentes na área ope-
racional, uma vez que neste momento
se encontram desalojados das suas ba-
ses principais a sul do rio Messalo".
As forças conjuntas que apoiam Mo-
çambique "continuam a criar as con-
dições necessárias para um regresso
à vida normal na província de Cabo
Delgado", conclui.
Entretanto, num outro confronto re-
gistado na madrugada da segunda-fei-
ra (22.11), em Litandacua, no distrito
de Macomia, outras três pessoas mor-
reram, disse à Lusa uma fonte local.
Dois supostos terroristas foram aba-
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tidos por forças locais, que do seu
lado perderam um elemento.
A província de Cabo Delgado é rica
em gás natural, mas aterrorizada des-
de 05 de outubro de 2017 por rebeldes
armados, sendo alguns ataques recla-
mados pelo grupo extremista Estado
Islâmico.
Caso INSS: o “bluff” de Margarida Talapa
R
eagindo à polémica em
curso sobre a subsídios
de início de função, re-
centemente, aprovados
pelo Conselho de Administração do
Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS), a Ministra do Traba-
lho e da Segurança Social Marga-
rida Talapa, disse na segunda-feira
(22.11) o seguinte:
“Ouvimos e logo de imediato, na
quinta-feira, fizemos um despacho
para o Conselho de Administração
para uma análise profunda para de-
pois trazermos um resultado e até ago-
ra estou à espera. Também no mesmo
dia [quinta-feira passada], mandamos
a nossa Inspecção-Geral, através do
Controle Interno, para fazer um tra-
balho a nível do INSS e depois disso,
trazer-nos alguma informação”.
Foi numa breve entrevista à STV, à
margem do VI Conselho Consultivo
da Inspecção-Geral do Trabalho, que
decorre desde segunda-feira na capi-
tal do país. Talapa estava a ensaiar
uma fuga para frente, como se não
soubesse de nada. “Carta” apurou de
uma fonte do INSS que Talapa sabia
de tudo.
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
O conflito já provocou mais de 3.100
mortes, segundo o projecto de registo
de conflitos ACLED, e mais de 817
mil deslocados, de acordo com as au-
toridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tro-
pas governamentais com o apoio
do Ruanda a que se juntou depois a
Aliás, a polémica gerada na opinião
pública descurou uma coisa. Os sub-
sídios em causa estão generalizados
nos institutos públicos e Fundos do
Estado. O caso do INSS não é o único.
Os subsídios dos gestores do Insti-
tuto Nacional de Segurança Social, e
de outros organismos públicos, estão
cobertos no decreto 75⁄2017, de 27
de Dezembro, que cria o subsídio de
início de funções. Serve para benefi-
ciários do direito de alienação a viatu-
ra, que podem optar pela aquisição do
veículo ou por um subsídio pecuniá-
rio.
Os três administradores do INSS
(incluindo o seu PCA, o empresário
nampulense Kabhir Ibrahim) optaram
por receber dinheiro em vez de viatu-
ras. O decreto estabelece que, no caso
dessa opção, o pagamento é feito uma
única vez aos funcionários e agentes
do Estado que exerçam funções de di-
recção, chefia e confiança.
Com a atribuição do subsídio de iní-
cio de funções, cessa a obrigatorieda-
de de afectação permanente e de alie-
nação de uma viatura do Estado. A lei
estabelece ainda que o início de fun-
ções é devido a partir da data do visto
11 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral (SADC) permitiu
aumentar a segurança, recuperando
várias zonas onde havia presença de
rebeldes, nomeadamente a vila de
Mocímboa da Praia, que estava ocu-
pada desde agosto de 2020.
do Tribunal Administrativo, em caso
de nomeação para um cargo superior,
à correspondente compensação, pela
diferença entre o valor recebido e do
novo cargo.
No caso concreto do INSS, aque-
las três figuras abdicaram de viaturas
novas, mas outros membros CA (no-
meados pelo Governo) e directores e
gestores na Direcção Geral vão rece-
ber viaturas novinhas em folha.
Na entrevista à STV, Margarida
Talapa tentou vender uma narrativa
de espanto sobre o assunto, distan-
ciando-se, ao invés de assumir que as
mordomias de rapina estão estabele-
cidas na lei. Ela garantiu que, para
além de se reunir com o Conselho de
Administração do INSS, irá também
manter um encontro com os parceiros
sociais, nomeadamente, os emprega-
dores e trabalhadores. “O grande pro-
blema do INSS é que não é a tutela
que toma decisão. Quem toma deci-
são é o Conselho de Administração,
que é tripartido: tem os trabalhadores,
os empregadores e o Governo. Mas,
também pedi um encontro com os
parceiros para ouvir o sentimento de-
les”. Um autêntico “bluff”. Carta.
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 Economia e Negócios
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“Abastecemos em 60% da cidade da Beira”
- SDAE Nhamatanda
O
director do Serviço
Distrital de Activi-
dades Económicas
(SDAE), Fernando
Armando Chim-
buia, numa entrevista exclusiva
com o “Profundus”, além de falar
de desafios do sector, apresentou o
balanço anual e a potencialidade
do distrito de Nhamatanda na qual
disse estar a abastecer, maioritaria-
mente, a cidade da Beira, capital da
província de Sofala, centro de Mo-
çambique.
“A nossa campanha [2020/2021]
agrícola já findou. Naquilo que foram
os resultados, em resumo, foi uma
campanha satisfatória, apesar de al-
gumas dificuldades em termos de pro-
dutividade, especificamente, para o
milho, devido aos ciclones, em algum
momento as inundações e excesso
de precipitações. Estamos a iniciar a
campanha 2021/2022”, adiantou Fer-
nando Chimbuia.
“Temos a segurança alimentar ga-
rantida, porque no distrito existe pro-
duto a venda, saindo dos produtores.
É verdade que um e outro teve baixa
produção, mas no geral, temos a segu-
rança alimentar garantida”, avaliou o
director.
O SDAE diz estar preparado para a
campanha e já comunica a previsão
para a produção e produtividade em
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Nhamatanda. “Para esta campanha
[2021/2022], também, estamos pre-
parados. Estamos a avançar às nossas
comunidades” para a informar o pon-
to de situação. “Teremos chuvas aci-
ma do normal e estamos a falar com
os produtores no sentido de não apos-
tarem muito em zonas baixas, sim em
zonas altas. Às baixas, apenas para a
segunda época, [é] para não desperdi-
çarmos os nossos esforços”.
“Estamos a falar para os nossos pro-
dutores para que usem sementes me-
lhoradas para garantir a produtivida-
de”, disse Chimbuia.
O director diz ter comunicado aos
produtores sobre os impasses na Agri-
cultura. “Temos um constrangimento
que tem ocorrido no processo do de-
senvolvimento das culturas, principal-
mente, a do milho, que é a inclusão da
lagarta do funil - esta em algum mo-
mento tem deixado abaixo os esforços
dos produtores”, explicou Chimbuia,
reiterando que “estamos a comunicar
sempre que existe um foco”.
Ainda sobre constrangimentos, o
SDAE pede colaboração da comu-
nidade para uma produção rentável
apesar das adversidades. “Pedimos
que os produtores e as comunidades
aproximem aos nossos ´extensionis-
tas´- que além de comunicar, dão os
amanhos para todo tipo de tratamento
que poderão fazer para colmatar esses
12 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
cenários”. Para este ano “temos 39
´extensionistas´”, frisou.
Um dos desafios do SDAE é promo-
ver a produção de hortícolas em es-
tufas, considerando a potencialidade
desta prática em Nhamatanda. “Numa
época normal, a produção é satisfa-
tória, mas para a época do verão, a
tendência das hortícolas é de desapa-
recer. Temos um desafio de fazermos
a produção em estufas”.
“Temos também o grande desafio
que é o lema do nosso Governo - au-
mentar a produção e a produtividade.
Aumenta-se através de algumas técni-
cas, estamos a falar de semear as cul-
turas em compasso, fazer o controlo
das culturas e todos aqueles amanhos
necessários”, mencionou.
“O outro desafio muito grande é
melhorar as vias de acesso. Este ano
nós tivemos duas vias quase intran-
sitáveis. Tivemos a via Metuchira-
-Matenga e Metuchira-Nhampoca”,
ambas localidades a noroeste de da
vila-sede de Nhamatanda. “Estamos a
apostar porque são zonas agrícolas”,
reconheceu.
Ciclicamente, por essas alturas do
ano, a ponte sobre o rio Metuchira fica
submersa. O Governo diz estar preo-
cupado desde que a obra foi destruída
pelas águas do ciclone Chalane que
afectou o centro de Moçambique no
último 30 de dezembro.
 Economia e Negócios
https://jornal-profundus.negocio.site Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Ponte sobre rio Metu-
chira
Questionado pelo “Profundus”, se
existe um plano para a construção da
ponte sobre o rio Metuchira, o direc-
tor do SDAE é 5ª pessoa a afirmar
que “sim, o plano existe, só que é um
de médio e longo prazo. Em algum
momento, é um plano que provém
da província [capital Beira], não po-
demos confirmar o estágio deste pla-
no”. Rio Metuchira sem ponte
A confirmação, também, foi dada
para pagar, diariamente, as canoas na te para a camada estudantil do curso
pelo antigo chefe da localidade de
travessia; e condiciona a fome porque nocturno que atravessa o rio às escu-
Metuchira, Agostinho Domingos de-
os agricultores não conseguem chegar ras, considerando que a via não tem
pois de uma visita de trabalho da se-
a tempo nas suas machambas, cuidar iluminação pública. Em momentos
cretária de Estado em Sofala, Stella da
das sementes lançadas e o único barco de seca, o rio é atravessado mesmo a
Graça Magalhães Pinto Novo Zeca, a
disponibilizado pelo Instituto Nacio- pé.
2 de janeiro deste ano; pelo secretário
nal de Gestão e Redução de Riscos Contudo, os rios são importantes
permanente de Nhamatanda, Caeta-
de Desastres INGD não corresponde para qualquer sociedade. Podem ser
no Benedito; e pelo administrador de
a demanda, ficando a deriva os 500 usados para irrigação, geração de
Nhamatanda, Adamo Abdula Ossu-
alunos que vivem na outra margem de energia eléctrica e vias de transporte.
mane, e depois da garantia há anos do
Metuchira. Aliás, a pesca constitui uma impor-
Chefe de Estado moçambicano, Filipe
As canoas são feitas de cascas de tante actividade económica e fonte de
Jacinto Nyusi de construir uma ponte
árvores e são manuseadas por bambu alimento para diversas famílias.
convencional.
seco que perigam a vida das pessoas “Na verdade, nós estamos tão preo-
Aquela via terrestre, também, é usa-
e a perda de bens aquando a traves- cupados com aquelas comunidades.
da como um atalho para a zona norte
sia. Vendem os seus produtos a custo
de Moçambique ao sobressair à Es-
O atraso no lugar de chegada por muito baixo. Existindo essa ponteca,
trada Nacional Número Um (EN1)
causa da fila que se encontra nas mar- poderão negociar a um preço justo”,
e ao distrito fronteiriço da Gorogo-
gens para a travessia; aumento do ris- reconheceu Chimbuia o potencial
sa.
co de doenças que deviam ser tratadas daquele elo entre as comunidades
Dados do Instituto Nacional de Esta-
nos hospitais da outra margem; e a de Nhamatnda, frisando que “os co-
tísticas (INE) indicam a localidade de
possibilidade de aumento da taxa de merciantes quando entram lá [zonas
Metuchira conta com 59.949 habitan-
mortalidade, são alguns episódios te- de difícil acesso] ditam os seus pre-
tes compostos por 11.990 agregados
midos em momentos cíclicos naquela ços”.
familiares. Estes dados tendem a au-
margem sem unidade sanitária. Apesar do impasse, o director do
mentar ou diminuir, justificadamente,
Aquele rio isola as comunidades de SDAE disse estar satisfeito pelos re-
por êxodo urbano ou rural. Estima-se
Matenga, Bebedo, Nhampoca, Vinho, sultados que motivam abastecer a ca-
que estes números estejam divididos
Ntondo, Mecombezi, Micheu com pital provincial na qual Nhamatanda
ao meio pelo rio.
a sede de Metuchira e a de Nhama- é corredor. “Estamos a promover a
A falta de ponte condiciona a pobre-
tanda. Daquelas colectividades saem atracção de investimentos sobretudo
za porque o dinheiro que serviria para
alguns produtos que dignificam o dis- no agro - processamento, visto que
suprir outras necessidades é usado
trito. nós produzimos muita cultura, pode-
Enquanto aguarda-se pela constru- mos dizer que abastecemos em 60 por
ção da ponte, as comunidades conti- cento da cidade da Beira em termos
nuam dependentes do único barco do de hortícolas, embora com uma parte
INGD e de diversas canoas de sin- fraca de se ter um produto, facilmen-
gulares a um preço a pagar de entre te, deteriorado, principalmente, a cul-
“cinco a 20 meticais para cada vez de tura do tomate assim como os vege-
travessia”, segundo avançou o aluno tais”.
da 12ª classe, Mabai José, interpelado “Temos uma aposta de sistemas
pelo “Profundus”, quando regressava de regadio. Pois, quando falamos de
da Escola Secundária de Metuchi- agricultura, estamos a falar de água,
ra. sem água, a agricultura não satisfaz
Director do SDAE-Nhamatanda, Fernando Armando
Chimbuia A situação torna-se mais preocupan- os resultados. Nós temos três rios po-

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tenciais, nomeadamente, Muda, Me-
tuchira e Pungue - têm água durante
todo ano e com essa aposta podemos
colmatar o défice na época quente
[verão] ”.
Além da Agricultura, o SDAE dis-
se estar a incentivar as comunidades
a tomarem outras incitivas. “E conti-
nuamos a sensibilizar os nossos pro-
dutores a apostarem na criação de
frangos no distrito de Nhamatanda.
De um ano para cá, já existe mui-
ta aderência, estão a emergir muitos
jovens”, através de projectos ou por
iniciativas próprias. “Nós só comple-
mentamos em termos de tecnologias”,
disse Fernando Chimbuia, sem preci-
sar de dados quantitativos.
Programa Sustenta
De forma contextual, o “Profundus”
fez lembrar a ideia de algumas pes-
soas interpretarem, erradamente, seja
por negligência ou por outros motivos
do Programa Sustenta, um facto reco-
nhecido pelo SDAE, por isso, Chim-
buia explica:
“O Sustenta não obriga a ninguém,
este é o segundo ano. A comunidade
tem outra forma de entender, pensa
que é para levantar dinheiro ou é para
levar tractor”, admitiu o facto, pedin-
do as comunidades que “não enten-
dem, a aproximarem” ao sector para
melhor compreensão.
Como requisitos do Sustenta, “tens
que ter terra, tem que ser idónea, tem
que ser uma pessoa local que já pro-
duz, tem experiência na produção e na
comercialização”, precisou Chimbuia
criticando o mau hábito “das pessoas
levarem sete milhões e depois desapa-
recer, não é assim”.
Segundo Fernando Chimbuia, “o
Sustenta é um pacote, começa da
base, dos ´extensionistas, dos chefes
das localidades, dos secretários, para
avaliarmos a pessoa na comunidade.
Dali sobe para cá, nós [SDAE] valida-
mos, depois de ser observado. O que
existe, uma parte é por receio e outra
por ignorância” dos que interpretam,
erradamente, o Programa.
No primeiro ano do Sustenta 2020,
um beneficiário não cumpriu as exi-
gências. “Dos seis, houve um que não
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cumpriu as regras e teve que ser en-
costado [retirado] ”, avaliou.
Desta vez, houve um aumento para
oito beneficiários divididos por duas
partes a produzirem diferentes cultu-
ras. “Fomos dados oito, destes, quatro
vão fazer gergelim e quatro à cultura
de milho e feijão-chamamos de mix
produtivo. Só que há um trabalho, o
homem dito passe deve trabalhar com
o mínimo de 80 pessoas, há esta fra-
queza, as pessoas não aguentam”, ex-
plicou Chimbuia o motivo de alguns
não reunirem as exigências.
“Este momento, nós já fechamos, as
pessoas devem se preparar para o pró-
ximo ano e não vai custar-lhe nada. O
que acontece connosco aqui [Nhama-
tanda], queremos viciar as coisas, por
isso, em algum momento, as coisas
andam com um pouco de timidez”.
No entanto, para Chimbuia, “são no-
vas abordagens, havemos de chegar
a vez de entender as coisas, porque
uns pensavam que recebe-se grandes
cheques [muito dinheiro] ”, enquanto
não.
“Na semana passada houve forma-
ção desses oito e foram bem clarifi-
cados. Foram ditos se vocês querem
avançar, avancem, quem não aguenta
pode recuar, temos muitos que que-
rem entrar. Então a pessoa já tem
consciência”.
“O difícil no passe [representante] é
juntar as 80 pessoas. Se vier o kit é o
passe que o distribui depois da matu-
ração das culturas. É o passe que tem
que leva-las para a venda. É como fos-
se uma dívida”, frisou Chimbuia re-
correndo à linguagem simples: ”você
não tem semente, estamos a te dar, é
um tipo de apoio, boa estratégia do
nosso Governo para as nossas comu-
nidades-esta que não entende”.
14 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
No ano passado, “alguns venderam
gergelim para depois justificar que foi
com ciclone [arrastado]. Com isso,
este ano, os nossos técnicos têm ta-
bletes para mapear todos os campos
[agrícolas], a partir de imergência,
desenvolvimento, crescimento, até a
produção. Para dizer que, futuramen-
te, já não teremos as tácticas [de men-
tir].
“A nossa comunidade informa e
desinforma, isso cria-nos alguns
constrangimentos”, voltou a frisar es-
perando que as comunidades aproxi-
mem ao SDAE e técnicos para melhor
esclarecimento. “Eu, também, não
entendia, mas já entendo”, justificou
Chimbuia por experiência.
“Há outra coisa. As pessoas querem,
o problema do Sustenta não é querer,
mas sim fazer. Todo mundo quer trac-
tor, mas o objectivo não é tractor, o
objectivo é você conseguir as 80 pes-
soas, o tractor para ajuda-las e subi-
rem os resultados”.
Para evitar erros do passado, o SDAE
disse estar a usar novas técnicas para
o sucesso da actividade.
Segundo Chimbuia, “agora os nos-
sos ´extensionistas´ estão a fazer uma
assistência directa, já não é como no
passado. Numa extensão, era normal
um ´extensionistas´ assistir 300 ou
500 pessoas através dos líderes de
contacto”. Por exemplo, se um de cada
quatro líderes assistia 20 pessoas, so-
mava 80, assim fazia atingir os 300,
com uma assistência indirecta. “Ac-
tualmente, um ´extensionistas´ deve
assistir único número [80] que o passe
está a assistir, acompanhar tudo até a
saúde, educação dos filhos e denun-
ciar o casamento prematuro. O Sus-
tenta já é muito direccionado”.
O distrito de Nhamatanda possui al-
Grupo de WhatsApp do Jor-
nal Profundus
 Economia e Negócios
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ternativas económicas que os próprios
jovens podem reinventar para inves-
timentos ou ocupar-se. Mas, poucos
apostam e muitos lamentam pela falta
de emprego, independentemente, de
serem formados ou não. À esta pro-
blemática, o “Profundus” questionou
ao director do SDAE se existe uma
dica económica para a camada juve-
nil, de modo que não se junte aos ter-
roristas ou desviar-se ao mau compor-
tamento social.
Fernando Chimbuia começou por
lamentou e depois criticar o facto de
se ter uma nova geração com muitas
ambições, sem sacrifício e foco. “A
Oxford Economics vai rever crescimento do
PIB em Moçambique para 2%
A
consultora Oxford
Economics Africa vai
rever a previsão de
crescimento económi-
co de Moçambique para cerca de
dois por cento devido à expansão de
3,3% no terceiro trimestre, o maior
registo desde antes da pandemia.
Depois de um começo lento no ano, a
economia ganhou tracção na segunda
metade de 2021, e o terceiro trimestre
acabou por ser o mais forte em termos
de crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) desde o segundo trimes-
tre de 2019", escrevem os analistas
num comentário aos números do PIB,
que dão conta de um crescimento de
3,36% de julho a setembro deste ano.
Os analistas da Oxford Economi-
cs África apontam que "a aceleração
da produção na mina de Moatize, da
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nossa geração actual quer hoje para
hoje. O jovem de hoje quer trocar ser-
viço com dinheiro. Conheço jovens
que estão no Aparelho do Estado que
dizem: se eu conseguir uma oportuni-
dade de emprego com um salário de
150 ou 200 mil meticais, mesmo que
seja para trabalhar seis meses, eu vou
aceitar. Ele vai e volta”.
“O Estado agora deve começar a
pensar essas regras [de ida e volta].
Noutros países, o Aparelho do Esta-
do não é para qualquer, é para pessoas
que dignificam, não passear e depois
curvar”, chamou atenção no seu pala-
vrear.
Vale, sustentada numa melhoria das
exportações de outras matérias-pri-
mas, e a redução das medidas de con-
tenção da Covid-19 deram fôlego à
economia".
"Os últimos números do PIB vão le-
var-nos a aumentar a nossa previsão
de crescimento de 1,8% na próxima
revisão das estimativas, ainda ante-
vemos que a economia acelere para
mais de 2,5% em 2022, num contexto
de aumento das exportações de maté-
rias-primas, sustentado no início da
produção de gás natural na bacia do
Rovuma, no projecto da Eni", acres-
centam.
O PIB moçambicano cresceu 3,36%
no terceiro trimestre, acelerando a
tendência de subida registada desde
janeiro, anunciou o Instituto Nacional
de Estatística (INE).
15 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
“Tudo passa, necessariamente, de
um crescimento. Ninguém nasce a
falar ou a fazer uma classe” [tempo
evolutivo]. A nossa juventude deve
começar a ter esse tipo de consciên-
cia” apelou Chimbuia recorrendo ao
exemplo do jovem, vulgarmente, co-
nhecido por Ferro pela sua resiliência
admirável na agricultura e ao jovem
jornalista e editor, Muamine Ben-
jamim, do “Jornal Profundus” pelo
trabalho incansável noticioso que
por sinal solicitou a entrevista depois
de vários encontros em diferentes
fóruns.
"O Produto Interno Bruto a preços
de mercado apresentou uma variação
positiva de 3,36% no terceiro trimes-
tre de 2021, quando comparado ao
mesmo período do ano 2020, perfa-
zendo um crescimento acumulado de
1,78%", lê-se na nota sobre as contas
nacionais trimestrais.
Os números deixam o PIB a 32 pon-
tos base da meta estabelecida pelo
Orçamento do Estado para este ano
(2,1%) e reforçam o sinal de recupe-
ração face à crise provocada pela pan-
demia de covid-19.
"O desempenho da actividade eco-
nómica no terceiro trimestre de 2021
é atribuído em primeiro lugar ao sec-
tor primário que cresceu em 4,78%",
impulsionado sobretudo pela extrac-
ção mineira com um salto de 5,01%,
referiu o INE.
Grupo de WhatsApp do Jor-
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Sociedade
Caiu índice de transparência de 0,29 para 0,26
nas empresas extractivas em Moçambique
N
o geral, o nível de
transparência no sec-
tor reduziu em 26 pon-
tos de um total de 100.
A medida que se aumenta o número
de empresas na análise, na segunda
edição do estudo do Centro de In-
tegridade Pública foram incluídas
mais 12 empresas, comparativa-
mente, a primeira edição, a tendên-
cia do índice parece ser de piorar,
caiu de 0,29 para 0,26. No entanto,
as empresas, anteriormente, ana-
lisadas mostraram melhorias nos
seus níveis de transparência glo-
bal.
O Centro de Integridade Pública
(CIP) apresentou, em 2020, a primei-
ra edição do índice de transparência
do sector extractivo, referente aos
anos de 2019 e 2020 (ITSE 2019-
2020), cujo objectivo fundamental é
a promoção da transparência das em-
presas do sector extractivo em Mo-
çambique.
Apesar da situação da guerra na pro-
víncia de Cabo Delgado e da pande-
mia da Covid-19 que têm afectado,
significativamente, a economia mo-
çambicana, o sector extractivo con-
tinua sendo visto como um sector
promissor, se não um dos principais
sectores da economia moçambicana,
com potencial para contribuir para o
crescimento económico.
O Plano Economico e Orçamento
do Estado para 2022 prevê um cresci-
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
mento de 4,1% para o sector extracti-
vo, sendo que, para os próximos dois
anos, se perspectiva um crescimento
na ordem de dois dígitos.
Porém, é necessário que este cres-
cimento se consubstancie em desen-
volvimento económico, e para tal,
existem aspectos que não devem ser
ignorados como é o caso da transpa-
rência na governação no sector. Aliás,
o excesso de secretismo é apontado
como um dos principais factores por
detrás da má gestão das receitas pro-
venientes do sector extractivo.
Para além da conjuntura acima apon-
tada, o sector extractivo, a nível mun-
dial e em Moçambique em particular,
está envolvido em grandes incertezas
em relação ao seu futuro. As discus-
sões sobre crescimento e desenvolvi-
mento económico tendem a mostrar
que o actual modelo de crescimento
que vincula o desenvolvimento eco-
nómico à exploração ambiental, não é
mais viável.
A nível mundial, as incertezas sobre
o sector prendem-se, em grande me-
dida, às discussões sobre a transição
energética, emergentes do Acordo de
Paris, no qual as nações do mundo
acordaram, no âmbito das mudanças
climáticas, a iniciar, a partir de 2020,
a redução de emissão de gases de
efeito estufa a fim de conter o aque-
cimento global abaixo de 2ºC, prefe-
rencialmente, em 1,5ºC, e reforçar a
capacidade dos países de responder ao
16 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
desafio, num contexto de desenvolvi-
mento sustentável.
A conferência sobre o clima, COP26,
que decorreu na cidade de Glasgow,
Reino Unido, trouxe novas directrizes
que irão afectar, significativamente,
o futuro das actividades extractivas o
que poderá alterar todas as previsões,
inicialmente, traçadas pelos países.
Um dos grandes desafios impostos
nesta nova realidade, onde os países
devem adoptar medidas de redução
de emissão de gases de efeito estufa,
relaciona-se com a transparência no
processo de transição.
O artigo 50 da lei 21/2014 de 18 de
Agosto, Lei de Petróleos, aponta de
forma clara a necessidade de as em-
presas do sector extractivo publicita-
rem os seus resultados, montantes pa-
gos ao Estado, encargos relativos às
suas obrigações sociais e corporativas
sujeitas a fiscalização.
A disponibilização de informação
das dinâmicas fiscais das empresas
possibilita aos cidadãos a análise e a
monitoria social da exploração dos
recursos e o conhecimento dos reais
benefícios que a exploração dos re-
cursos gera ao país.
Esta informação possibilita a análi-
se do contributo do projecto no qual a
empresa está inserida através de uma
maior janela de oportunidades que os
projectos liderados pelas multinacio-
nais oferecem. Entende-se, neste pon-
to, que se trata de projectos de capital
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Sociedade
intensivo cuja contribuição, em ter-
mos de emprego e de ligação directa
com outros sectores, não é proporcio-
nal ao nível de investimentos realiza-
dos.
Da análise feita para as 22 empre-
sas na edição 2020/2021, em média,
o ITSE em Moçambique situou-se em
0,25, representando um decréscimo
em relação ao índice de 2019/2020
em 0,04 pontos. Eliminando as novas
empresas e comparando apenas com
o índice médio das 12 empresas ana-
lisadas na primeira edição, verifica-se
um crescimento da transparência em
cerca de 25 por cento. O aumento do
número de empresas analisadas só
veio mostrar, conforme constatado na
primeira edição do índice que no ge-
ral, que a transparência das empresas
do sector devido aos efeitos nefastos
causados pela falta de transparência
como são os casos da corrupção, con-
flitos de diversa ordem e outros.
Tal como os resultados apurados
na primeira edição, o índice da com-
ponente da governação corporativa,
comparativamente, às outras compo-
nentes, apresenta a maior transparên-
cia (0,08), uma redução em 0,01 em
relação à primeira edição.
Continuam existindo grandes dispa-
ridades em termos de transparência
entre as 22 empresas seleccionadas.
Algumas mostraram, comparativa-
mente à primeira edição, grandes evo-
luções em termos de disponibilização
de informação e abertura, podendo-se
citar os casos das empresas Kenmare
Resources Plc, que passou a disponi-
bilizar informações em um website
em português, a Haiyu Mozambique
Mining Company e ICVL Zambeze,
que não tinham websites mas que já
criaram e disponibilizam informação
de interesse público, e a TOTAL Mo-
çambique, que também passou a ter
um website em português, apesar de
não possuir muitos conteúdos avalia-
dos neste índice.
Outro elemento importante de des-
taque é que a empresa apurada como
sendo a menos transparente na primei-
ra edição, nomeadamente. a Empresa
Moçambicana de Exploração Mineira
S.A (EMEM), braço empresarial do
Estado nos projectos extractivos, atra-
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vés do Decreto no 31/2021 de 29 de Em termos comparativos, em rela-
Junho, foi dissolvida. Uma solução ção a primeira edição, pode-se veri-
considerada pelo CIP como sendo ficar uma evolução positiva em cer-
para encobrir a sua gestão danosa sem ca de 50 por cento das 12 empresas
nenhuma transparência15. analisadas na primeira edição, uma
Tendo em conta as principais com- evolução negativa em 25por cento e
ponentes consideradas no ITSE cons- a manutenção do mesmo índice em 17
tatou-se: por cento.~
Uma empresa, a EMEM foi dissol-
a) Componente Fiscal vida pelo Conselho de Ministros. Im-
porta destacar a evolução positiva da
Em termos fiscais, os resultados ICVL Zambeze, de 25 pontos, e da
mostram que 55 por cento das empre- Vale Moçambique, em 15 pontos.
sas analisadas não publicam nenhuma
informação fiscal de interesse públi- b) Componente da Go-
co. São elas, a TOTAL Moçambique,
Buzi Hydrocarbons, Minas Revuboè
vernação corporativa
Lda, Twigg Exploration & Mining
Em termos de governação corpo-
Lda, Minas Moatize Lda, Exxon
rativa¸ 41 por cento das empresas
Mobile, Matola Gás Company, Sarl,
analisadas apresentam um índice de
ENI, ROMPCO, Eurasian Natural
transparência acima da média global
Resources, NRC Mozambique, Lda,
alcançada pelas 22 empresas analisa-
Mozambique Rovuma Venture, Capi-
das na edição 2020/2021, de 0,08.
tol Resources, Lda, Highland African
A empresa mais transparente em
Mining Company,Lda.
termos de divulgação de informação
Importa referir a evolução nes-
na componente da governação corpo-
ta componente das empresas ICVL
rativa na edição 2020/2021 do ITSE¸
Zambeze e Hayiu Mozambique Mi-
dentro dos critérios definidos pelo
ning Company que na edição anterior
CIP, é a Kenmare Resources Plc, com
não disponibilizavam nenhuma infor-
um índice de 0,17, seguida da SA-
mação mas nesta edição passaram a
SOL Petroleum Temane, com 0,16, e
disponibilizar, o que mostra o esforço
da Haiyu Mozambique Mining Com-
destas empresas com a transparência.
pany, com 0,14, de um total de 0,25.
As restantes empresas com diferentes
Importa destacar que esta última em-
graus de transparência, disponibili-
presa destacava-se como sendo uma
zam alguma informação de âmbito
das menos transparentes nesta cate-
fiscal.
goria na edição 2019/2020, com um
Continua a se constatar que a maior
índice de 0,05.
parte das empresas disponibiliza in-
Configuram-se como as menos trans-
formação agregada no website do gru-
parentes nesta categoria, nesta segun-
po internacional do qual são parte sem
da edição, as empresas Highland Afri-
no entanto discriminar os detalhes por
can Mining Company Lda com um
projectos. Sendo assim, é impossível
índice de 0,01, a Capitol Resources,
obter-se, a partir da fonte menciona-
Lda com um índice de 0,02, e a Twigg
da, a informação fiscal sobre o projec-
Exploration & Mining, Lda, com um
to da empresa em Moçambique.
índice de 0,03.
Em termos gerais, a empresa Vale
Contou para a primeira posição da
Moçambique, com um índice de 0,30,
empresa Kenmare Resources Plc, a
é a mais transparente em termos fis-
criação, nesta edição, do site em por-
cais; seguida da empresa ICVL Zam-
tuguês, acompanhado da disponibili-
beze com um índice de 0,25 e Kenma-
zação de grande parte da informação
re Resources plc, com um índice de
solicitada e a abertura da empresa
0,22.
para disponibilizar informações.
Importa referir que o CIP teve em
Esta mesma abertura foi verificada
conta a disponibilização de informa-
nas empresas SASOL Petroleum Te-
ção do projecto do qual a empresa é
mane e Haiyu Mozambique Mining
parte em Moçambique.
Company. Importa realçar que em
17 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb Grupo de WhatsApp do Jor-
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Sociedade
relação a Vale Moçambique, que na
edição passada se configurava como
sendo a mais transparente, nesta edi-
ção mostrou-se menos aberta a cola-
boração. O mesmo verificou-se com
as demais empresas que, não tendo
páginas webs, ou não responderam a
solicitação do CIP, ou, simplesmente,
negaram-se a receber a carta de soli-
citação enviada pela pesquisadora,
como é o caso da ROMPCO, que soli-
citou a indicação de um “ponto focal”
dentro da empresa para que pudesse
receber a carta. A questão que ficou é,
se a empresa não se abre, como é que
o CIP terá um ponto focal na empre-
sa para interagir, agravando o facto
do número disponibilizado na página
web para o contacto ser de emergên-
cia para questões técnicas.
Em termos comparativos, em rela-
ção a primeira edição, pode-se veri-
ficar uma evolução positiva em cer-
ca de 33 por cento das 12 empresas
analisadas na primeira edição, uma
evolução negativa em 50 por cento e
a manutenção do mesmo índice em 8
por cento das empresas. Importa des-
tacar a evolução positiva da Haiyu
Mozambique Mining Company em 9
pontos, SASOL, em 4 pontos, Jindal
África, em 3 pontos e Kenmare Re-
sources plc, em 2 pontos. E evolução
negativa da TOTAL Moçambique em
6 pontos, Montepuez Ruby Mining e
Vale Moçambique em 4 pontos. Em
termos gerais, a evolução do índice
aumentou em 1 ponto.
c) Componente Social
Relativamente à componente social,
a empresa Kenmare é a mais transpa-
rente com um índice de 0,21 de 0,25
possível. Contribuiu para esta posição
a informação disponibilizada pela
Kenmare que preenche a quase globa-
lidade dos requisitos desta componen-
te, pecando pelo facto de a mesma não
estar disponível no site. Importa men-
cionar que muitas das empresas anali-
sadas, incluído a Kenmare, têm no seu
website campos sobre informações de
responsabilidade social, engajamento
com as comunidades, investimos, mas
não estão publicados.
O segundo lugar nesta categoria é
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
atribuído às empresas Vale e Haiyu,
ambas com um índice de 0,17, segui-
das da empresa Sasol, com um índice
de 0,15. As empresas menos transpa-
rentes, que não disponibilizam infor-
mação, são as seguintes: ENI, Buzi
Hydrocarbons, ROMPCO, MRV,
Montepuez Ruby Mining, Capitol
Resources Lda, Highland African Mi-
ning Company, Lda, Eurasian Natural
Resources e Minas Moatize Lda.
Em termos comparativos, em rela-
ção a primeira edição, pode-se veri-
ficar uma evolução positiva em cerca
de 50 por cento das 12 empresas ana-
lisadas, uma evolução negativa em 17
por cento, e manutenção do mesmo
índice em 25 por cento das empresas.
Importa destacar a evolução positiva
da Exxon Mobile, em 8 pontos, Haiyu
Mozambique Mining Company, em
6 pontos, e a ICVL Zambeze, em 4
pontos. E evolução negativa da Total
e Montepuez Rubi Mining ambas em
13 pontos. E em termos globais hou-
ve uma evolução positiva de 2 pon-
tos.
d) Componente Ambien-
tal
Na componente ambiental foram
analisados dois indicadores, nomea-
damente: a publicação de relatórios
de gestão ambiental e a informação
sobre os programas de encerramento
das minas (para as empresas mineiras)
e de descomissionamento das activi-
dades petrolíferas (para as empresas
do sector de hidrocarbonetos).
Das 22 empresas analisadas, 50 por
cento não publicam nenhuma infor-
mação referente à componente am-
biental e apenas a Kenmare apresen-
tou um programa de encerramento das
minas. Esta situação continua preocu-
pante, mostrando uma grande falta de
transparência em relação a aspectos
ambientais. Do ideal de 20 pontos
para este índice, as empresas apresen-
tem um índice de transparência médio
de 0,04, o que representa uma redu-
ção em relação a edição anterior em
0,01.
A metodologia usada baseou-se na
consulta das páginas web, atribuindo
a pontuação máxima para os casos de
18 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
existência de informação nessa plata-
forma e metade da pontuação caso a
informação não estivesse disponível
online mas disponibilizada quando
solicitada.
A empresa Kenmare Resources plc
apresenta a mesma pontuação sen-
do-lhes conferida a primeira posição
com 20 pontos. Na segunda posição,
com 10 pontos, estão as empresas
TOTAL Mocambique, SASOL Pe-
troleum Temane, Vale Moçambique,
ICVL Zambeze, Jindal África e Mi-
nas Moatize, Lda. Na terceira posi-
ção, com 5 pontos, estão as empresas
Buzi Hydrocarbons, Haiyu Mozambi-
que Mining Company e Twigg Explo-
ration & Mining, Lda.
Em termos comparativos, em rela-
ção a primeira edição, pode-se veri-
ficar uma evolução positiva em cer-
ca de 42 por cento das 12 empresas
analisadas na primeira edição, uma
evolução negativa em 8 por cento e a
manutenção do mesmo índice em 42
por cento das empresas. Importa des-
tacar a evolução positiva da Kenmare
Resources plc em 10 pontos, Jindal
África, Haiyu Mozambique Mining
Company, SASOL Petroleum Tema-
ne e ICVL Zambeze, todas em 5 pon-
tos. Em termos negativos o destaque
vai para a redução em 10 pontos da
empresa Exxon Mobile. Em termos
globais, a evolução foi positiva de 2
pontos.
Classificação global das
empresas do sector ex-
tractivo mais transparen-
tes de Moçambique
A Kenmare Resources plc, tal como
na primeira edição, foi apurada como
a empresa mais transparente do sec-
tor extractivo em Moçambique para
a edição 2020/2021, com um índice
de 0,79, sendo-lhe conferidos, assim,
79 pontos. Esta pontuação representa
uma evolução em relação a edição an-
terior em cerca de 15 pontos.
No cômputo geral, contribuiu para
esta posição o facto de a Kenmare
Resources plc ser a única empresa da
lista com um website do projecto em
curso em Moçambique, onde é dispo-
nibilizada informação significativa do
Grupo de WhatsApp do Jor-
nal Profundus
 https://jornal-profundus.negocio.site
Sociedade
projecto, concernente, às componen-
tes: fiscal, de governação corporativa,
social e ambiental. E, este ano, a em-
presa passou a apresentar um site em
língua portuguesa com grande parte
da informação já traduzida, uma reco-
mendação deixada na análise anterior
e
muito bem colhida pela empresa.
No entanto, a empresa precisa de
melhorar os conteúdos da informa-
ção disponibilizada. Pese embora a
informação tenha sido disponibiliza-
da para efeitos desta análise, parte da
informação em português ainda não
está inserida no site. Realçar que a
Kenmare melhorou em todas as com-
ponentes analisadas.
A segunda e a terceira empresas mais
transparentes, dentro dos critérios de-
finidos pelo CIP, são a VALE Mo-
çambique, com 69 pontos, a mesma
posição ocupada na edição anterior e
uma melhoria em 11 pontos, e a Sasol,
com 55 pontos, subido da 6 posição
ocupada na primeira posição para a
terceira na edição 2020/2021.
Importa realçar que houve melho-
rias. Depois da crítica deixada à pági-
na web da VALE Moçambique, pas-
sou a ter conteúdos que se referem ao
projecto em Moçambique. No entan-
to, ainda carecem melhorias em rela-
ção à disponibilização de informação
apresentada de forma conjugada com
outros projectos do grupo a nível in-
ternacional, para um melhor detalha-
mento do projecto especifico de Mo-
çambique.
Das empresas menos transparen-
tes, o destaque vai para a Empresa
Highland African Mining Company
Lda, que tem sede na província da
Zambézia. A empresa tem um contra-
to assinado em 2002 com o Governo
de Moçambique para a exploração de
tântalo. Substitui nesta posição a Em-
presa Moçambicana de Exploração
Mineira, que foi dissolvida em 2021
pelo Conselho de Ministros devido ao
seu mau desempenho.
Dos resultados apurados, a Empresa
de Highland African Mining Com-
pany Lda obteve zero (0) pontos em
três componentes do índice (fiscal,
social e ambienta). Apenas na compo-
nente de governação corporativa esta
©Todos os direitos reservados. É proibida a cópia ou distribuição não autorizada.
Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
empresa obteve a pontuação de 1 de
um total de 25 pontos, colocando-se
assim na posição de empresa menos
transparente do sector extractivo.
Evolução da transparên-
cia entre a primeira e se-
gunda edição do ITSE
Na segunda edição do ITSE, verifi-
ca-se melhoria da transparência para
50 por cento das empresas analisadas
na edição anterior com destaque para
Haiyu Mozambique Mining Com-
pany, com uma evolução de 877 por
cento no índice de transparência, se-
guida da ICVL Zambeze com 219
por cento e Jindal Africa com 67 por
cento. As maiores quedas na transpa-
rência verificaram-se nas empresas
Montepuez Ruby Mining, com uma
queda de 59 por cento e na TOTAL
Moçambique, com uma queda de 48
por cento.
Olhando apenas para as 12 empresas
analisadas na edição 2019/2020 (in-
cluído a extinta EMEM), o índice mé-
dio de transparência é de 0,35, o que
significa que houve uma evolução na
transparência deste conjunto de em-
presas em cerca de 22 por cento, gran-
demente, influenciadas pela abertura
verificada nas empresas Haiyu Mo-
zambique Mining Company e ICVL
Zambeze.
Contudo, no geral, o nível de trans-
parência no sector reduziu em 26 pon-
tos de um total de 100. A medida que
se aumenta o número de empresas
na análise, na segunda edição foram
incluídas mais 12 empresas, compa-
rativamente, a primeira edição, a ten-
dência do índice parece ser de piorar,
caiu de 0,29 para 0,26. No entanto, as
empresas, anteriormente, analisadas
19 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
mostraram melhorias nos seus níveis
de transparência global.
Os números revelados na avaliação
dos indicadores que compõem o Índi-
ce de Transparência do Sector Extrac-
tivo em Moçambique desenhado pelo
CIP (considerando as 22 empresas
analisadas) demonstram que, de forma
geral, a transparência do sector é mui-
to baixa (média do ITSE é de 0,26),
uma média inferior a verificada em
2019/2020. Isolando as novas empre-
sas incorporadas, poder-se dizer que
houve uma evolução na transparência,
passado dos anteriores 0,29 para 0,35,
uma evolução de 22 por cento influen-
ciada pela melhoria na transparência
das empresas Kenmare Resources plc,
em 15 pontos, Vale Moçambique, em
11 pontos, SASOL Petroleum Tema-
ne, em 22 pontos, Haiyu Mozambique
Mining Company, em 44 pontos e
ICVL Zambeze, em 34 pontos.
De modo geral, os resultados par-
ciais dos indicadores que compõem o
índice geral mostram que continuam
a existir desafios a serem superados
pelas empresas na disponibilização
de informação de interesse público de
modo a melhorar a transparência glo-
bal do sector. O maior destaque vai
para a componente ambiental.
Um aspecto importante a ter em con-
ta neste índice reside no facto de os
grandes intervenientes da bacia do
Rovuma, aonde se esperam enormes
receitas que possam catapultar o de-
senvolvimento de Moçambique, não
constaram das posições cimeiras do
índice. A TOTAL empresa que na
edição anterior ocupou a terceira po-
sição na presente edição foi uma das
empresas que apresentou uma queda
considerável, ocupando nesta edição a
nona posição.
Grupo de WhatsApp do Jor-
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Tecnologia
DO RÁDIO DE PILHA À CÂMARA DE CELULAR
Como o Japão se tornou referência em
tecnologia de áudio e imagem
N
as últimas décadas, o
país das Olimpíadas
apresentou ao mun-
do inovações como
walkman e VHS, que mudaram a
forma como usuários se relacionam
com músicas, fotos e vídeos.
As Olimpíadas de Tóquio chamam
atenção para a tradição do Japão, mas
também para a tecnologia do país. Foi
de lá que surgiram diversas inovações
que ganharam o mundo.
Na área de áudio, por exemplo, há
invenções como o walkman e o CD.
No sector de vídeo, o país está ligado
à criação do VHS e do DVD. Há ainda
a tradição japonesa na fotografia.
Boa parte das criações surgiu dé-
cadas após a 2ª Guerra Mundial, en-
cerrada em 1945. O período após o
conflito marca uma reconstrução da
indústria japonesa. Apesar disso, a re-
lação do país com a tecnologia vem de
alguns anos antes.
O professor Marcelo Zuffo, coorde-
nador do Centro Interdisciplinar de
Tecnologias Interactivas da Universi-
dade de São Paulo (USP), aponta que
o Japão já desenvolvia suas primeiras
televisões antes da guerra.
"A história da TV na Ásia foi conco-
mitante com a história ocidental. Os
japoneses foram muito pioneiros em
transmissões de TV ainda nas décadas
de 30 e 40", afirma.
Ele aponta que um dos momentos
mais importantes para o país se tornar
o que é hoje foi a invenção do tran-
sístor, usado para controlar a corrente
eléctrica em circuitos electrónicos.
Criado em 1946 pela empresa ame-
ricana de pesquisa Bell Labs, o tran-
sístor foi um avanço em relação aos
aparelhos a válvula, como rádios, que
eram maiores e consumiam mais ener-
gia. Com a nova solução, os aparelhos
ficaram mais portáteis e puderam
adoptar pilhas em vez de tomadas.
Zuffo diz que o co-fundador da
Sony, Akio Morita, percebeu que os
japoneses eram aficionados pelo rádio
transistorizado, o famoso rádio de pi-
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
lha. Segundo o professor, isso levou
o executivo a licenciar a patente do
transístor junto à Bell Labs para criar
o rádio na sua empresa.
"A Sony virou a Sony fazendo radi-
nho transistorizado", resume Zuffo.
A invenção do VHS
Anos depois, dois padrões de vídeo
inventados no Japão disputaram a
preferência dos consumidores: VHS
e Betamax. Como sabemos hoje, o
primeiro, lançado em 1976, superou o
rival, criado em 1975.
Segundo Edson Watanabe, professor
de engenharia eléctrica do Instituto
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gra-
duação e Pesquisa de Engenharia
(Coppe) da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), o Betamax era
melhor que o VHS em termos técni-
cos. Porém, a disputa pendeu para o
outro lado por conta de uma decisão
de sua criadora.
“O VHS era da empresa JVC, que
abriu a patente. Quem quisesse fazer,
podia. E a Sony [criadora do Beta-
max] estava segurando porque ela
queria ganhar dinheiro também com a
patente”, explica.
Com o passar dos anos, o padrão de
fita magnética perdeu espaço para o
disco óptico. O CD foi lançado ao pú-
blico em 1982, pela japonesa Sony e a
holandesa Philips.
A Toshiba e a Panasonic, outras duas
20 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
empresas japonesas, também contri-
buíram para o desenvolvimento do
DVD, apresentado em 1996.
"Quando fizeram o CD, era um ne-
gócio gigantesco, colocar 700 MB
num disquinho. Mas o pessoal viu que
para um bom filme, você precisava de
mais, de uns 4 GB. Depois, inventa-
ram o DVD", lembra Watanabe.
O surgimento do
walkman
Do Japão, também veio o walkman,
o tocador portátil que permite ouvir
fitas cassete. A Sony, que o comer-
cializou de 1979 a 2010, afirma ter
vendido 385 milhões de unidades do
aparelho.
Durante o desenvolvimento do pro-
duto, executivos da empresa acredi-
tavam que ele não deveria levar esse
nome. Uma das alternativas consi-
deradas foi "disco jogger", em uma
tentativa de atrair consumidores com
dois termos que eram muito populares
à época.
Morita, então presidente da Sony,
vetou a proposta, mas as unidades da
empresa em outros países adoptaram
o nome "soundabout". O walkman só
foi escolhido como nome global do
aparelho em 1980, quando o termo se
tornou conhecido nos demais locais
por conta de turistas que visitavam o
Japão.
Para Tiago Tavares, professor da Fa-
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Tecnologia
culdade de Engenharia Eléctrica e de
Computação (FEEC) da Universidade
de Campinas (Unicamp), a importân-
cia do Japão na tecnologia de música
não se restringe aos tocadores.
Segundo ele, o país também contri-
buiu com mudanças em instrumentos
musicais. Um dos exemplos é o da
Yamaha, que licenciou a patente da
síntese FM, um tipo de sonoridade
criada por um professor da Universi-
dade de Stanford.
Da câmara analógica ao
celular
O Japão tem uma ligação de mais de
um século com câmaras fotográficas.
O primeiro modelo japonês voltado
ao consumidor comum foi a Cherry,
lançada em 1903 pela Konica.
Basicamente, a máquina usava a tec-
nologia desenvolvida na Europa e nos
Estados Unidos. Porém, por ter preço
mais acessível que os modelos impor-
tados, ela logo ganhou espaço entre os
consumidores japoneses.
Para Fernando Pereira, fotógrafo,
jornalista e professor na Universidade
Presbiteriana Mackenzie, a cultura do
Japão contribuiu para o país se tornar
um importante centro na área da fo-
tografia.
"A expressão da cultura japonesa
é mais visual que verbal. Exemplo
maior são os ideogramas: um símbo-
lo, muitas vezes, contém não só uma
palavra, mas uma ideia inteira. Outro
exemplo são os mangás, contar histó-
rias com mais desenhos do que texto",
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
explica.
Nos anos seguintes, surgem empre-
sas como Canon, Nikon e Olympus,
que lançam suas primeiras câmaras,
ainda analógicas e mais avançadas
para a época, nas décadas de 1930 e
1940.
A Canon criou o protótipo de sua
primeira câmera, batizada de Kwa-
non, em 1934. Porém, o primeiro mo-
delo a ser produzido para os consumi-
dores foi a Hansa Canon, lançada em
1936.
No mesmo ano, era lançada a pri-
meira câmara da Olympus. A fabri-
cante afirma que a Semi-Olympus,
um modelo de alto padrão, era vendi-
da 103 ienes, período em que o salário
mínimo japonês era de 75 ienes.
O grande salto da indústria fotográfi-
ca japonesa acontece após a Segunda
Guerra. A Nikon, por exemplo, cria
a Model I, sua primeira câmara, em
1948.
"Os EUA deram aporte financeiro ao
Japão, como recuperação aos danos
causados pelo conflito, e a indústria
de equipamentos ópticos e fotográfi-
cos recebeu incentivos", diz Pereira.
Na década de 1970, a indústria foto-
gráfica japonesa avançou, novamente,
com o aprimoramento da óptica e da
electrónica, o que permitiu uma me-
lhoria na qualidade das câmaras.
Mais tarde, esses dispositivos se in-
tegraram com os celulares. Em 1999,
a japonesa Kyocera lançou o primeiro
celular com câmara. O Visual Phone
VP-210 era capaz de armazenar 20
imagens em sua memória e enviá-las
21 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
por e-mail.
O dispositivo também permitia en-
viar fotos em tempo real durante liga-
ções, mas a capacidade estava longe
das chamadas de vídeo atuais. Segun-
do a fabricante, a tela de duas pole-
gadas do VP-210 podia exibir apenas
duas fotos por segundo.
O Japão hoje
Nos últimos anos, o Japão ganhou
uma concorrência maior de China e
Coreia do Sul, em especial nos mer-
cados de smartphones e televisões.
Ao mesmo tempo, os japoneses têm
investido em outras áreas - uma delas
é a de baterias. O objectivo dos pes-
quisadores é criar soluções que ofe-
reçam energia por mais tempo e com
dispositivos menores.
"Eles estão saindo dessas tecnolo-
gias de lítio e migrando para outros
materiais. Primeiro, porque o lítio é
raro. Além de ser raro, é tóxico e tem
uma série de problemas ambientais",
destaca Jorge Tomioka, professor do
Centro de Engenharia, Modelagem e
Ciências Sociais Aplicadas da Univer-
sidade Federal do ABC (UFABC).
O professor explica que a ideia é
adoptar outros materiais, como o mag-
nésio. Segundo ele, a mudança poderá
fazer, por exemplo, com que a bateria
de um celular dure uma semana. Se
conseguir avançar nessa empreitada,
o Japão poderá se tornar ainda mais
importante no futuro dos electrónicos.
(G1).
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 Meio Ambiente
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"Prisão de activistas em Tete não tem funda-
mento legal" - Justiça Ambiental
D
enúncia anónima teria
levado à prisão de qua-
tro activistas durante
encontro comunitário
em Tete. Grupo que defende direi-
tos de famílias que têm rachas nas
casas devido a explosões da Vale foi
libertado após três dias.
Quatro activistas foram libertados
esta terça-feira (23.11) na província
moçambicana de Tete após serem
injustamente acusados de extorquir e
burlar as comunidades afectadas pela
empresa mineira Vale. As detenções
ocorreram no sábado (20.11), nos
bairros de Nhantchere e Bagamoio,
em Moatize, junto às minas de carvão
da empresa.
Num com jornalistas a convite da
DW, a integrante da Organização
Não-Governamental (ONG) Justi-
ça Ambiental, Ericka Mendes, disse
desconfiar desconfia que haja má-fé
por detrás das denúncias e crítica a
actuação da polícia. Mendes diz que
tornou-se comum as pessoas que têm
sido "mais vocais na defesa dos direi-
tos das comunidades" sofrerem repre-
sálias e intimidações.
Os quatro activistas estavam numa
reunião com a comunidade, onde es-
tavam a ver como poderiam avançar
o processo para as famílias que têm
rachas nas suas casas devido às explo-
sões da Vale. Para avançar às reuniões
com a secretaria de Estado, a comuni-
dade decidiu, voluntariamente, contri-
buir para pagar as despesas dos quatro
membros da comissão, que não têm
como custear o transporte [e outros
gastos]. Enquanto a comunidade es-
tava a contribuir, apareceram agentes
policiais e levaram os quatro cidadãos
sob a acusação de burla.
Não sei até que ponto estão coor-
denados com a Vale. Mas, tendo em
conta os vários impactos que existem
por causa da empresa, as comunida-
des têm-se organizado de várias for-
mas. Normalmente, uma das formas
de se organizarem é elegerem alguns
de seus membros para avançarem com
certos processos, como neste caso. No
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
Conflitos têm marcado operações da Vale em Moatize (foto de 2018)
caso dos oleiros, sei que há reuniões
entre a Vale, os oleiros e o Governo.
Neste caso da comissão de rachas,
não sei dizer se existe uma reunião,
directamente, com a Vale. Sei que es-
tão a tratar deste procedimento junto
ao Governo para pedir a abertura do
processo para que a Vale compense as
famílias, disse Mendes.
O que nós temos visto é que os acti-
vistas e os membros das comunidades
que têm sido mais vocais na defesa
dos seus direitos têm sofrido vários
tipos de represálias e intimidações.
Por outro lado, os membros da comu-
nidade muitas vezes dizem que vários
agentes do Governo e de várias ins-
tituições do Governo são comprados
pela Vale, portanto, agem em função
daquilo que são os interesses da Vale
– incluindo a polícia que muitas vezes
tenta travar, violentamente, protestos
da comunidade, mesmo os pacíficos.
Nós acreditamos que isto faz parte da
mesma estratégia de tentar enfraque-
cer este tipo de luta que muitas vezes
tem resultado em processos de com-
pensação que a Vale tem pago às co-
munidades.
Nós vimos um processo que, sem
qualquer fundamento legal nem evi-
dências, apenas com aquilo que dis-
seram ser uma denúncia anónima, re-
sultou em detenções de três dias, de
cidadãos que estavam a defender os
interesses da comunidade. O proces-
so arrastou-se através dos meios bu-
rocráticos, foram adiando, e em cada
etapa demorou-se muito mais tempo
do que aquilo que seria o necessário, a
ponto de os indivíduos ficarem presos
22 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
por três dias. Houve a audiência no
tribunal [na terça-feira, 23.11], onde
estavam uma procuradora do Mi-
nistério Público e uma advogada de
defesa da Ordem dos Advogados de
Moçambique. Nesta audiência, ficou
comprovado que não havia qualquer
fundamento para esta acusação nem
evidências. E as [pessoas das] co-
munidades que foram trazidas como
testemunhas confirmaram que deram
estas contribuições de livre e espon-
tânea vontade. Os quatro cidadãos
foram libertos no final da tarde da ter-
ça-feira.
Naturalmente, a Vale não pode ser
autorizada a vender a mina sem que
resolva todos os processos penden-
tes. Falamos de processos nos quais
é preciso indemnizar famílias por
danos à saúde devido à poluição, pro-
cessos de rachas nas casas, processos
de reassentamentos mal conduzidos e
processos de comunidades que deve-
riam ter sido reassentadas mas ainda
não foram. São centenas de processos
pendentes que ainda não foram resol-
vidos e não podem cair nas brechas de
um processo de venda - como aliás já
aconteceu com a Vale em outros paí-
ses. No Brasil, a Vale vendeu o seu
projecto na Baía de Sepetiba e a em-
presa compradora não assumiu quais-
quer pendências. Portanto, o nosso
medo é que a Vale esteja a tentar tam-
bém fazer isso aqui e que – a partir do
momento que anuncie o comprador
– lave as mãos em relação a qualquer
pendência que tenha com as comuni-
dades. É isso que temos que impedir
que aconteça, concluiu a fonte.
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 Meio Ambiente
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Primeira-ministra sueca demite-se 8 horas
depois de ser nomeada
P
artido de Centro anun-
ciou na quarta-feira que
não iria apoiar o orça-
mento do governo devi-
do a um acordo com a esquerda e
a nova chefe de governo optou por
demitir-se.
A recém-eleita primeira-ministra
sueca, Magdalena Andersson, renun-
ciou na quarta-feira ao cargo, poucas
horas depois de ter sido nomeada, uma
vez que não conseguiu que a sua pro-
posta de Orçamento fosse aprovada.
A economista conseguiu, na terça-
-feira à noite, no fim do prazo, o apoio
necessário para chegar ao poder, gra-
Jovem quer processar ginecologista da mãe:
"Não deveria ter nascido"
Jovem diz que falta de acompa-
nhamento do médico fez com que
a mãe não tomasse um suplemento
essencial na gravidez.
Evie Toombes, de Skegness, Ingla-
terra, nasceu com espinha bífida, uma
malformação congénita, relativamen-
te, comum caracterizada por um defei-
to no fechamento da coluna vertebral.
A sua condição obriga-a muitas vezes
a ter que passar dias ligada a tubos.
Apesar das dificuldades ligadas ao
seu problema de saúde, Evie cresceu
e tornou-se uma jovem bem-sucedida,
Eleições: Oposição na África do Sul ganha
Pretória depois de Joanesburgo
A oposição na África do Sul venceu
a capital do país, Pretória, nas elei-
ções municipais, o que foi na quar-
ta-feira classificado pelo Presidente,
Cyril Ramaphosa, como "grande
lição", que aconteceu um dia após
o partido do poder ter perdido Joa-
nesburgo.
"É um grande revés para nós, mas é
também, uma grande lição", disse Ra-
maphosa à margem de um encontro
com o Presidente queniano, Uhuru
Kenyatta, em Pretória.
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
ças a um acordo de última hora com
o partido da Esquerda, prometendo
aumentar as pensões mais baixas, e ao
lado do partido Ambientalista.
Contudo, um outro partido relevan-
te no Parlamento sueco, o Partido do
Centro, insatisfeito com as conces-
sões feitas à esquerda, retirou o seu
apoio ao orçamento.
A consequência imediata foi que, o
nomeadamente, como atleta de hipis-
mo. Contudo, alega que tudo poderia
ser diferente caso a sua mãe tivesse
sido melhor acompanhada.
Segundo Evie, se o médico tivesse
aconselhado a sua mãe a tomar su-
plementos vitais durante a gravidez -
como ácido fólico - isso teria reduzido
o risco de esta nascer com anomalia.
A mãe, Caroline, afirma que chegou
"É decepcionante para o Congresso
Nacional Africano (ANC), mas temos
de aceitar a mensagem clara enviada
pelo nosso povo", disse.
O ANC sofreu um retrocesso histó-
rico nas eleições locais no início de
novembro, caindo abaixo dos 50 por
cento pela primeira vez em qualquer
eleição.
Até então, o partido de Nelson Man-
dela tinha ganhado todos os sufrágios
por maioria absoluta, desde as primei-
ras eleições democráticas do país, em
23 https://chat.whatsapp.com/I7foQut2cKNBCTCImsPFjb
mesmo Parlamento que elegeu Ander-
sson pela manhã, deixou o seu orça-
mento em minoria, à tarde, e aprovou
o orçamento da oposição de direita,
que fora preparado, anteriormente,
com a extrema-direita, do partido De-
mocrata da Suécia.
"Há uma prática constitucional se-
gundo a qual um governo de coligação
renuncia quando um partido sai. Não
quero liderar um governo cuja legiti-
midade esteja em questão", declarou a
líder social-democrata, acrescentando
que espera ser reeleita numa votação
futura. (Notícias ao Minuto).
a falar com o seu médico, Philip Mi-
tchell, sobre o assunto mas que este
nunca a alertou, convenientemente,
para a importância do suplemento.
A filha - que considera que "nunca
devia ter nascido" - exige uma indem-
nização ao médico.
Já Philip Mitchell, que dava consul-
tas na altura no Hawthorn Medical
Practice, em Skegness, diz que é com-
preensivo com a situação mas nega as
acusações que lhe foram feitas, consi-
derando que deu conselhos razoáveis
à sua utente. (Notícias ao Minuto).
1994.
Sem uma maioria absoluta de um par-
tido, a escolha do presidente da câma-
ra em várias cidades estratégicas, in-
cluindo Joanesburgo e Pretória, ficou
suspenso.
O ANC perdeu o controlo da capital
económica de Joanesburgo na segun-
da-feira. A câmara municipal será li-
derada por Mpho Phalatse, uma mu-
lher do principal partido da oposição,
a Aliança Democrática (DA).
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Internacional
Uma mulher é assassinada a cada 27 horas
na Venezuela
A
cada 27 horas é assas-
sinada uma mulher na
Venezuela, denunciou
ontem, quinta-feira,
o embaixador da União Europeia
(UE) em Caracas, Rafael Dochao
Moreno, alertando que homens e
mulheres devem trabalhar juntos
para combater o flagelo.
"Há um femicídio, estas são estatís-
ticas terríveis e por isso quero desta-
car esta questão, e o número de órfãos
que ficam, após os seus ataques", dis-
se o diplomata.
Rafael Dochao Moreno falava em
Caracas, durante uma conferência de
imprensa em que anunciou que a UE
estava a preparar, para sábado a 4.ª
Corrida da União Europeia contra a
Violência contra as Mulheres, na qual
Round 6: homem é condenado à morte por
levar série para Coreia do Norte
A rádio norte-americana Free
Asia revelou na semana passada
que cópias de Round 6, série sul-
-coreana, foram contrabandeadas
na Coreia do Norte em pendrives/
flash. O homem que, supostamen-
te, levou o conteúdo para o país foi
condenado à morte pelo governo
norte-coreano.
Um estudante que comprou uma có-
pia da série foi condenado à prisão
perpétua, enquanto os colegas que as-
sistiram aos episódios deverão fazer
cinco anos de trabalho forçado.
“Isso tudo teve início na semana pas-
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Ficha técnica
Directora: Luísa Franque. Email: luisabonjesse@gmail.com
Editor: Muamine Benjamim. Email: muabenjamim@gmail.com
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Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021. Nhamatanda
,tradicionalmente, participam milha- de género, "é um flagelo mundial".
res de pessoas. "Ou somos capazes de o enfrentar
"Tento sempre dar um tom mais jo- juntos, homens e mulheres, ou não
vial às minhas apresentações, mas no poremos um fim a este flagelo", acres-
caso de violência de género não posso centou, frisando que "trabalhar em
ser muito jovial", exclamou o diplo- conjunto, denunciar a questão da vio-
mata, que se referiu a expressões que lência contra as mulheres é responsa-
são símbolo de violência. bilidade de todos".
"Infelizmente, diz-se muitas vezes Por outro lado, explicou que a UE
que 'caladinha te vês mais bonita'. "tem um plano de acção de género,
Já ouvi dizer em Espanha centenas que leva à realização de atividades
de vezes. [Também] aqui, no Peru e em muitos países do mundo, parti-
no Chile, nos países onde estive. In- cularmente na América Latina e Ve-
felizmente, no mundo latino-hispâ- nezuela, financiando organizações da
nico, estas expressões parecem-nos sociedade civil".
normais, mas já é um nível bastante Rafael Dochao Moreno insistiu que
elevado de machismo", disse Rafael "cada morto ou cada morta, neste
Dochao Moreno. caso, já é muito" e que se trata de um
O diplomata começou a conferência problema mundial. (Notícias ao Mi-
de imprensa a afirmar que a violência nuto).
sada, quando um estudante de ensino cionários, promulgada no fim do ano
médio comprou um pendrive conten- passado. O Estado tem direito de con-
do Round 6 e assistiu com um amigo denar qualquer cidadão que assistir ou
numa sala de aula. O amigo contou distribuir títulos produzidos em países
para outros estudantes, que ficaram capitalistas rivais, como EUA e Co-
interessados e fizeram o pendrive cir- reia do Sul, por exemplo.
cular. Eles foram pegos por censores A série Round 6, um drama sul-co-
após serem denunciados”. Já os fun- reano sangrento, se tornou sem dúvi-
cionários e professores da escola, lu- da uma das séries mais populares. No
gar em que o filme foi assistido, serão início de outubro, era a mais assistida
mandados para minas remotas para em 90 países.
trabalho forçado. A narrativa de suspense mostra com-
É a primeira vez que o governo petidores sem dinheiro participando
norte-coreano aplicou a lei de Elimi- de jogos de vida ou morte em troca de
nação do Pensamento e Cultura Rea- dinheiro e retrata a Coreia do Sul.
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