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SUMÁRIO
LEI Nº 8.072/90 – CRIMES HEDIONDOS .......................................................................................................... 20
CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................................................................. 20
CONCEITO DE CRIME HEDIONDO ................................................................................................................................. 20
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO .................................................................................................................... 20
CRIMES HEDIONDOS E TENTATIVA............................................................................................................................... 21
CRIMES HEDIONDOS E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .............................................................................................. 22
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO POTENCIAL OFENSIVO .............................................................................. 22
CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ............................................................................................. 22
CRIMES DE MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO .............................................................................................. 22
CRIMES DE ELEVADO POTENCIAL OFENSIVO .......................................................................................... 22
CRIMES DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO ........................................................................................... 22
CRIMES HEDIONDOS E PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO ................................................................................................ 23
CRIMES HEDIONDOS EM ESPÉCIE ................................................................................................................................ 23
HOMICÍDIO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO .............................................................. 25
HOMICÍDIO QUALIFICADO ....................................................................................................................... 26
HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO (HÍBRIDO) ............................................................................. 27
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA E SEGUIDA DE MORTE CONTRA “SEGURANÇA PÚBLICA” ......................................... 28
RELAÇÃO DE PARENTESCO ...................................................................................................................... 29
ROUBO.......................................................................................................................................................................... 30
A) CIRCUNSTANCIADO PELA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA ...................................................... 31
B) CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO OU EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO
PROIBIDO OU RESTRITO .......................................................................................................................... 31
C) QUALIFICADO PELO RESULTADO LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE ........................................... 31
EXTORSÃO QUALIFICADA ............................................................................................................................................. 33
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ............................................................................................................................. 34
ESTUPRO....................................................................................................................................................................... 34
ESTUPRO DE VULNERÁVEL ........................................................................................................................................... 35
EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE ........................................................................................................................... 35
FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU
MEDICINAIS .................................................................................................................................................................. 36
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU
ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL ............................................................................................................................. 37
FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE PERIGO COMUM .. 37
GENOCÍDIO ................................................................................................................................................................... 38
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE USO RESTRITO ................................................................................................ 38
OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 39
COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO ........................................................................................................................ 39
ACESSÓRIO............................................................................................................................................... 65
MUNIÇÃO ................................................................................................................................................ 65
BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS ................................................................................................................ 66
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................ 66
AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................ 66
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO............................................... 66
CRIMES EM ESPÉCIE......................................................................................................................................... 69
ART. 12. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ......................................................................... 69
CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................... 69
ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO PENAL ..................................................................................................... 69
SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 70
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 70
CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 70
OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 70
ART. 14 – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO .............................................................................. 71
CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................... 71
SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 71
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 71
CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 71
OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 72
INCONSTITUCIONALIDADE DO PARÁGRAFO ÚNICO ............................................................................... 72
ART. 16, CAPUT – POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO ........................................ 73
PACOTE ANTICRIME................................................................................................................................. 73
CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................... 73
SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 73
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 73
CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 74
OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 74
NATUREZA HEDIONDA............................................................................................................................. 74
OBJETIVIDADE JURÍDICA .......................................................................................................................... 74
BEM JURÍDICO ......................................................................................................................................... 74
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .............................................................................................................. 75
ART. 16. PARÁGRAFO 1º – CONDUTAS EQUIPARADAS ................................................................................................ 76
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE SINAL DE IDENTIFICAÇÃO .................................................................... 76
TRANSFORMAÇÃO PARA ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU PARA INDUZIR EM ERRO A
AUTORIDADE ........................................................................................................................................... 77
POSSE, FABRICAÇÃO OU EMPREGO DE ARTEFATO EXPLOSIVO OU INCENDIÁRIO ................................. 77
PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA ...................................................................... 78
É o critério mais seguro de todos, a partir do momento em que o rol é taxativo, pois
elimina discricionariedade dos juízes, prezando pela segurança jurídica. Assim, por mais grave
que seja determinado crime, o juiz não poderá lhe conferir o caráter hediondo, se tal ilícito não
constar no rol da Lei nº 8.072/90.
Critério Judicial:
Segundo o critério judicial, determinado crime será considerado hediondo após a
análise, feita pelo juiz, do caso concreto, das circunstâncias e consequências do crime. É o
juiz, no caso concreto, que vai analisar e definir se o crime é ou não hediondo.
Critério Misto:
O critério misto sustenta que o juiz possui plena liberdade para definir se o crime é
hediondo ou não, levando em conta os parâmetros mínimos fornecidos pelo legislador.
Podemos concluir que o DOLO de quem TENTA é o mesmo de quem consuma! Como
alguém vai tentar aquilo que não quer?
Então, não há de se imaginar que a tentativa iria excluir a hediondez de um crime!
I - HOMICÍDIO (art. 121), QUANDO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO, ainda que
cometido por um só agente, e HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121, §2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
I-A – LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA (art. 129, § 2º) e lesão corporal SEGUIDA DE MORTE
(art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
II - ROUBO:
a) circunstanciado pela RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA (art. 157, § 2º - V);
b) circunstanciado pelo emprego de ARMA DE FOGO (art. 157, § 2º-A - I) ou emprego de ARMA DE FOGO DE
USO PROIBIDO OU RESTRITO (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE (art. 157, § 3º);
III - EXTORSÃO QUALIFICADA pela RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, de LESÃO CORPORAL ou MORTE (art.
158, § 3º);
IX - FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO análogo que cause perigo comum
II - O crime de POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO, (art. 16)
HOMICÍDIO
Homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio.
Homicídio qualificado
ROUBO
Roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima.
Roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo.
Roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (latrocínio).
EXTORSÃO
Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (sequestro relâmpago).
Extorsão qualificada pela lesão corporal.
Extorsão qualificada pela ou morte.
ESTUPRO
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
GENOCÍDIO
LEI DE DROGAS
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido. (Art. 16)
Comércio ilegal de armas de fogo. (Art. 17)
Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição. (Art. 18)
O caráter hediondo mostra-se presente ainda que o crime seja praticado por uma só
pessoa, desde que em atividade típica de grupo de extermínio.
Exemplo: uma pessoa resolve sair sozinha de casa, durante as madrugadas, em uma
motocicleta, para procurar mendigos dormindo na calçada, a fim de neles atear fogo.
Os homicídios foram por ele cometidos em atividade típica de grupo de extermínio,
embora em atitude solitária, tornando aplicável a Lei dos Crimes Hediondos.
Para que a atividade seja considerada típica de grupo de extermínio, basta que a prática
do homicídio seja caracterizada pela impessoalidade na escolha da vítima (que a
escolha seja pautada genericamente por suas características, sendo feita a esmo: o
agente, por exemplo, resolve que vai matar homossexuais, prostitutas, travestis,
policiais ou menores abandonados etc.). A impessoalidade da ação é uma das
características fundamentais, sendo irrelevante a unidade ou a pluralidade de
vítima. Caracteriza-se a ação de extermínio mesmo que seja morta uma única
pessoa, desde que se apresente a impessoalidade da ação, ou seja, pela razão
exclusiva de pertencer ou ser membro de determinado grupo social, ético,
econômico, social etc.
Convém notar que, para ser considerado hediondo, basta que o crime seja cometido
em atividade TÍPICA de grupo de extermínio, não havendo a necessidade de existir
efetivamente um grupo montado a fim de cometer, de forma reiterada, homicídios.
Caso exista efetivamente a formação de um grupo, além do delito ser hediondo, será
aplicada a causa de aumento do Art. 121, §6º do Código Penal. Ex.: Os chamados
“esquadrões da morte”, montados por justiceiros para matar marginais que atuam
em determinadas regiões.
Art. 121, § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou
por grupo de extermínio.
Atenção: Homicídio simples praticado por milícia não é hediondo por falta de previsão
legal.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
Qualificadora
SUBJETIVA
Qualificadora
OBJETIVA
Qualificadora
SUBJETIVA
Qualificadora
OBJETIVA *
qualificado possuem caráter hediondo. Em tais dispositivos, o legislador elegeu uma série de
circunstâncias como configuradoras de maior gravidade do homicídio.
Os critérios utilizados no texto legal permitiram que a doutrina realizasse a seguinte
classificação:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
O agente terá uma causa de diminuição de pena caso cometa o crime por motivo de
relevante valor moral ou social.
O homicídio pode ser concomitantemente qualificado e privilegiado. Tal possibilidade só
existe, contudo, quando a qualificadora é de caráter objetivo, ou seja, possibilidade só existe
quando se refere ao meio ou ao modo de execução do crime. Essa conclusão é inevitável, porque
o privilégio, por ser sempre ligado à motivação do homicídio (caráter subjetivo), é incompatível
com as qualidades subjetivas. Não se pode imaginar um homicídio privilegiado pelo motivo de
relevante valor social e, ao mesmo tempo, qualificado por motivo fútil.
A questão é: Homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo?
Por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não é considerado crime
hediondo.
(...). Entendendo não haver contradição no reconhecimento de qualificadora de
caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de natureza
subjetiva.
O homicídio qualificado-privilegiado não pode ser considerado hediondo
STF, HC 89.921|PR
STJ, HC 153.728|SP
Em resumo:
Homicídio simples – é hediondo apenas quando for cometido em atividade típica de
grupo de extermínio, mesmo que seja cometido por um só agente. Então, em regra,
o homicídio simples não é hediondo.
Homicídio qualificado – sempre é hediondo.
Homicídio privilegiado – não é crime hediondo.
Homicídio qualificado-privilegiado: não é crime hediondo.
A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, a lesão corporal será
considerada crime hediondo desde que o agente tenha provocado lesão corporal gravíssima
ou seguida de morte quando a vítima estava no exercício da função ou em razão dela.
Renato Brasileiro salienta que para o reconhecimento da hediondez: é indispensável que
haja o denominado nexo funcional, ou seja, que o crime tenha sido praticado em razão do
exercício dessas funções.
REQUISITO 1: REQUISITO 2:
São crimes hediondos:
CONDIÇÃO DA VÍTIMA RELAÇÃO COM A FUNÇÃO
Forças Armadas
Polícia Federal
Polícia Rodoviária Federal
Polícia Penal Federal
Polícia Ferroviária Federal
1) Lesão corporal dolosa Polícias Civis
gravíssima Polícias Militares … desde que o crime tenha sido
(Art. 129, §2º) Corpos de Bombeiros Militares praticado contra a pessoa no
Guardas Municipais exercício da função ao lado ou em
Agentes de segurança viária decorrência dela.
2) Lesão corporal dolosa Sistema Prisional
seguida de morte Força Nacional de Segurança
(Art. 129, §3º)
RELAÇÃO DE PARENTESCO
...contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição;
Convém perceber que a lei salienta que o parente deve ser consanguíneo até o terceiro
grau. Atenção que não estão incluídos os parentes por questão de afinidade.
Exemplo: cunhado de um soldado da Polícia Militar.
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano.
§ 2º Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
II – Enfermidade incurável;
III – Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – Deformidade permanente;
V – Aborto:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena –
reclusão, de 4 a 12 anos.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição,
a pena é aumentada de um a dois terços.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica (…)
I - Polícia federal;
IV - Polícias civis;
(…)
ROUBO
Antes da publicação do chamado Pacote Anticrime, apenas o roubo qualificado pela morte
(latrocínio) era crime hediondo. Assim, com o advento da Lei nº 13.964/2019, outras
modalidades de roubo entraram no rol que ostentam a natureza hedionda.
§ 3º Se da violência resulta:
Cumpre destacarmos que o §3º do Art. 157 prevê duas formas por meio das quais o crime
de roubo é qualificado: lesão grave ou morte.
A morte, que qualifica o roubo, faz surgir aquilo que doutrinariamente é reconhecido por
latrocínio, embora o Código Penal não utilize essa rubrica. Assim, se durante a prática do
roubo, em virtude da violência empreendida pelo agente, advier a morte – dolosa ou
mesmo culposa – da vítima, poderemos iniciar o raciocínio correspondente ao crime de
latrocínio, consumado ou tentado
Para a ocorrência da qualificadora do latrocínio, o resultado morte deve ter sido causado
ao menos culposamente.
EXTORSÃO QUALIFICADA
Extorsão
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena – reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.
Antes do advento da Lei nº 13.964/19 era considerada como crime hediondo apenas a
extorsão qualificada pelo resultado morte, na forma do Art. 158, §3º do Código Penal. Esse
resultado qualificador morte pode ser causado tanto a título de dolo como de culpa.
Após a referida lei, ampliaram-se as hipóteses de crime hediondo secundário à extorsão.
Qualificadoras da Extorsão:
Extorsão qualificada pelo resultado - LESÃO GRAVE.
Extorsão qualificada pelo resultado – MORTE.
Extorsão qualificada pela RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. (SEQUESTRO
RELÂMPAGO).
Extorsão majorada pelo emprego de arma e em concurso de pessoas não é crime
hediondo.
ESTUPRO
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 a 10 anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se
a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos:
Pena – reclusão, de 8 a 12 anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 a 30 anos.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 anos:
Pena - reclusão, de 8 a 15 anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput
com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2º (VETADO)
Menores de 14 anos.
Portadores de enfermidade ou deficiência mental.
Qualquer um que não possa oferecer resistência.
Curiosidade
Há uma discussão se a pena descrita no Art. 273 do CP é proporcional à
gravidade do delito ali previsto.
Quando lemos a pena descrita no Art. 273 do CP, vislumbramos a pena mínima
de 10 (dez) anos e vimos o disparate em relação à pena do crime de tráfico de
drogas, que possui pena mínima de 5 (cinco) anos. Enxergamos, portanto, uma pena
mínima desproporcional ao analisar com outros crimes mais graves.
O Superior Tribunal de Justiça ao apreciar o HC 239363/PR declarou a
inconstitucionalidade do preceito secundário do Art. 273 do CP, por entender que tal
reprimenda violava os princípios da proporcionalidade e razoabilidade ao fixar penas
tão elevadas. Assim, com base na analogia in bonam partem, o STJ determinou que
ao delito do Art. 273 do CP deve ser aplicada a pena prevista para o crime de tráfico
de drogas (Art. 33, caput, da Lei 11.343/06), ou seja, pena de reclusão, de 5 a 15
anos. Vejamos esse importante julgado do STJ.
Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a
Lei dos Crimes Hediondos.
Dentre todas as qualificadoras do FURTO, apenas a modalidade qualificada se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum é HEDIONDO.
Convém perceber que não é o furto de substância explosiva, e sim se a coisa for subtraída
com o uso de substância explosiva.
GENOCÍDIO
Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,
étnico, racial ou religioso, como tal
OBJETO MATERIAL
Arma, acessório e munição.
Com a mudança gerada pelo Pacote Anticrime, as penas aumentam caso a posse ou porte
seja de arma de uso PROIBIDO.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação
de arma de fogo ou artefato;
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou
de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar;
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar,
de qualquer forma, munição ou explosivo.
Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a
Lei dos Crimes Hediondos. O Pacote Anticrime modificou o preceito secundário do tipo penal,
aumentando a pena, acrescentou o §1º e acrescentou o §2º.
OBJETO MATERIAL
Arma, acessório e munição.
SUJEITO ATIVO
Só pode ser comerciante ou industrial, legal ou ilegal, de arma de fogo, acessório ou
munição. Trata-se, portanto, de crime próprio.
NORMA PENAL EXPLICATIVA
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito
deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
Ex.1: vizinho que vende arma a outro vizinho: não se aplica o Art. 17.
Ex. 2: dono de restaurante vende sua arma para o cliente: não se aplica o Art. 17,
porque o dono do restaurante não exerce comércio de armas de fogo.
Ex. 3: indivíduo que comercializa armas de fogo no fundo de sua residência: aplica-
se o Art. 17.
Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a
Lei dos Crimes Hediondos.
VEDAÇÕES LEGAIS
VEDAÇÃO À ANISTIA, À GRAÇA E AO INDULTO
Causas de extinção de punibilidade emanadas de órgãos alheios ao Poder Judiciário.
Anistia:
É o esquecimento jurídico da infração penal e tem por objetos os fatos definidos como
crime, e não pessoas. Tem o condão de extinguir todos os efeitos penais, inclusive o pressuposto
de reincidência.
Recai sobre o Congresso Nacional (ato legislativo) por meio de Lei Federal que extingue
a punibilidade.
Ex.: Lei 12.505 anistiou policiais militares e bombeiros militares que participaram de atos
reivindicatórios por melhorias de vencimentos e condições de trabalho.
Graça:
Benefício para crimes de natureza comum, é concedida pelo Presidente da República,
por decreto, para um indivíduo determinado condenado. O condenado pede.
Indulto
É coletivo, direcionado a um grupo indefinido de condenados, sendo delimitado pela
natureza do crime e quantidade de pena aplicada, além de outros requisitos objetivos e
subjetivos. Concedido pelo Presidente da República por meio de decreto.
INAFIANÇÁVEIS
Crimes que não admitem fiança:
Crimes hediondos
Equiparados a hediondos (TTT)
Racismo
Ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado de
direito.
PROGRESSÃO DE REGIME
A Lei nº 13.964/19 REVOGA o Art. 2º, § 2º da Lei de Execução Penal.
A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena,
se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente, observado o
disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984 (Lei de Execução Penal).
Atualização da Lei nº 13.964/19: ALTERAÇÕES NA LEP (LEI 7.210/84)
Art. 112. A pena privativa de liberdade (PPL) será executada em
forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso,
a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
DELAÇÃO PREMIADA
Delação premiada é uma causa de diminuição de pena criada pelo legislador para o
membro de associação criminosa que prestar informações relevantes contra seus
companheiros, delatando-os à autoridade.
Art. 8 da Lei 8.072/90: O participante e o associado que denunciar
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzia de 1 a 2/3.
EXAME CRIMINOLÓGICO
Está disposto no Art. 8º da Lei de Execuções Penais:
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de
liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma
adequada classificação e com vistas à individualização da execução.
O exame criminológico contribui para o trabalho da CTC, já que serve para obter
ELEMENTOS NECESSÁRIOS para uma adequada CLASSIFICAÇÃO.
Embora a nova redação do Art. 112 da Lei n. 7.210/84 não mais exija, de plano, a
realização de exame criminológico, cabe ao magistrado verificar o atendimento dos requisitos
à luz do caso concreto. Assim, ele pode determinar a realização de perícia, se entender
necessário, ou mesmo negar o benefício, desde que o faça fundamentadamente, quando as
peculiaridades da causa assim o recomendarem, em observância ao princípio da
individualização da pena.
Assim, o EXAME CRIMINOLÓGICO É FACULTATIVO, cabendo ao juízo determinar sua
necessidade.
Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
CRIME HEDIONDO, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar,
para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
É necessário perceber que o artigo fala dos crimes previstos no art. 1º da Lei de Crimes
Hediondos, mas não fala dos EQUIPARADOS a hediondos (tráfico, tortura e terrorismo).
Porém, os condenados por terem cometido dolosamente tráfico, tortura e terrorismo
podem identificação do perfil genético obrigatório por terem o outro requisito: CRIMES COM
VIOLÊNCIA GRAVE CONTRA A PESSOA.
Assim, um condenado por crime de tortura poderá ser submetido à identificação
obrigatória do perfil genético? Depende! A tortura própria, por exemplo, pode ser realizada
mediante a prática de VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA. Caso a tortura tenha sido praticada pelo
agente mediante VIOLÊNCIA, este poderá ter ser perfil genético identificado de forma
obrigatória.
§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em BANCO
DE DADOS SIGILOSO, conforme regulamento a ser expedido pelo
Poder Executivo.
A lei informa que será criado um Decreto que regulamentará o banco de dados onde serão
armazenadas essas informações.
É viabilizado ao titular dos dados genéticos o acesso aos dados que estão nos perfis
genéticos bem como todos os outros documentos da cadeia de custódia para garantir a ampla
defesa e o contraditório.
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que
não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por
ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser
submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena.
(PACOTE ANTICRIME!)
A falta grave gera restrição a regalias durante o cumprimento da pena. Isso será visto no
momento oportuno. Mas é importante que o aluno esteja ciente de que a negativa gera uma
falta grave!
PRISÃO TEMPORÁRIA
A prisão temporária é uma modalidade de prisão cautelar que não se encontra no CPP,
sendo uma espécie bem peculiar de prisão cautelar, pois possui prazo certo e só pode ser
determinada DURANTE A INVESTIGAÇÃO POLICIAL.
Assim, após o recebimento da denúncia ou queixa, não poderá ser decretada nem mantida
a prisão temporária.
Além disso, a prisão temporária só pode ser decretada nas hipóteses de crimes previstos
no Art. 1º, III da Lei 7.960/89.
A prisão temporária só pode ser decretada pela autoridade judiciária, ou seja, pelo Juiz ou
Tribunal competente.
Todavia, a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo Juiz, devendo ser
requerida pelo MP ou ser objeto de representação da autoridade policial.
Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
representação da autoridade policial ou de requerimento do
Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Em se tratando de crime hediondo ou equiparado, a Lei 8.072/90 estabelece, em seu Art.
2º, §4º, que o prazo da prisão temporária, nestes casos, será de 30 dias, prorrogáveis por mais
30 dias.
Vejamos:
Art. 2º (…)
QUESTÕES
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: Analista Judiciário
Júnia, de quatorze anos de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado
crime de natureza sexual consistente em conjunção carnal forçada no dia do último aniversário
da jovem. Pierre, contudo, alega que o ato sexual foi consentido.
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, tendo como referência
aspectos legais e jurisprudenciais a ela relacionados.
Se Pierre for condenado por estupro, o regime de cumprimento de pena será
integralmente fechado, por se tratar de crime hediondo.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: O dispositivo que determina regime de cumprimento de pena
integralmente fechado foi considerado inconstitucional.
É inconstitucional a fixação ex lege, com base no Art. 2º, § 1º, da Lei
8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação,
ater-se aos parâmetros previstos no Art. 33 do Código Penal.
[Tese definida no ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11-2017,
DJE 18 de 1º-2-2018, Tema 972.]
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal
Em cada item que se segue, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma
assertiva a ser julgada com relação a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e
crime contra o idoso.
Paula, proprietária de uma casa de prostituição, induziu e passou a explorar sexualmente
duas garotas de quinze anos de idade. Nessa situação, o crime praticado por Paula é hediondo
e, por isso, insuscetível de anistia, graça e indulto.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Trata-se do crime do Art. 218-B do Código Penal que se encontra
incluído no rol dos crimes hediondos, encontrado no Art. 1º da referida Lei.
CP. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-
la, impedir ou dificultar que a abandone
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
Lei 8.072/90. Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados:
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EBSERH Prova: CESPE - 2018 - EBSERH - Advogado
Julgue o item seguinte, relativo aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas leis penais
extravagantes.
O ordenamento jurídico nacional adotou o critério legal para a tipificação dos crimes
hediondos, sendo vedado ao juiz, em caso concreto, fixar a hediondez de um delito ou excluí-la em
razão de sua gravidade ou forma de execução.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: O Brasil adotou o sistema legal, ou seja, somente a lei pode indicar,
em rol taxativo, quais crimes são considerados hediondos (Lei 8.072/90). O crime é
rotulado pelo legislador como hediondo, pouco importa a excepcional repugnância da
conduta no caso concreto.
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Oficial de Justiça Avaliador Federal
A respeito dos crimes hediondos, julgue o item que se segue.
O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado contra
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo de até terceiro grau, de agente da Polícia
Rodoviária Federal e integrante do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, em
razão dessa condição.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Está estampado no Art. 1º, inciso I-A da Lei dos Crimes Hediondos o
crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte,
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, onde encontramos a Polícia Rodoviária Federal. Atentar que o crime
deve ter sido cometido no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição.
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal
Gerson, com vinte e um anos de idade, e Gilson, com dezesseis anos de idade, foram presos
em flagrante pela prática de crime. Após regular tramitação de processos nos juízos
competentes, Gerson foi condenado pela prática de extorsão mediante sequestro e Gilson, por
cometimento de infração análoga a esse crime.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o próximo item.
Conforme entendimento dos tribunais superiores, tendo sido condenado pela prática de
crime hediondo, Gerson deverá ser submetido ao exame criminológico para ter direito à
progressão de regime.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário:
O exame criminológico contribui para o trabalho da CTC, já que serve para
obter ELEMENTOS NECESSÁRIOS para uma adequada CLASSIFICAÇÃO.
Embora a nova redação do Art. 112 da Lei n. 7.210/84 não mais exija, de plano,
a realização de exame criminológico, cabe ao magistrado verificar o atendimento dos
requisitos à luz do caso concreto. Assim, ele pode determinar a realização de perícia,
se entender necessário, ou mesmo negar o benefício, desde que o faça
fundamentadamente, quando as peculiaridades da causa assim o recomendarem, em
observância ao princípio da individualização da pena.
Assim, o EXAME CRIMINOLÓGICO É FACULTATIVO, cabendo ao juízo
determinar sua necessidade.
Gabarito: Errado
Comentário: A identificação criminal é obrigatória ao condenado. Convém
perceber que na questão consta a expressão “se surgirem indícios”. Nesse caso,
trata-se de uma identificação civil.
Lei 12.037/2009
Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal,
salvo nos casos previstos nesta Lei.
Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos:
I - carteira de identidade;
II - carteira de trabalho;
III - carteira profissional;
IV - passaporte;
V - carteira de identificação funcional;
VI - outro documento público que permita a identificação do indiciado.
Gabarito: Errado
Comentário: O Plenário do STF, no dia de (27/06/2012) decidiu que o § 1º do
Art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei n.º11.464/2007, ao impor
o regime inicial fechado, é INCONSTITUCIONAL.
Com esse novo posicionamento, o regime inicial das condenações por crimes
hediondos ou equiparados não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser
o regime semiaberto ou aberto.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal
Considera-se crime hediondo o homicídio culposo na condução de veículo automotor,
quando comprovada a embriaguez do condutor.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: As únicas modalidades de homicídio marcadas pela hediondez
são homicídio condicionado e o homicídio qualificado, ambos dolosos. Não há crime
hediondo culposo.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Técnico Judiciário Texto associado
Não é possível a concessão de anistia, graça ou indulto àqueles que tenham praticado
crimes hediondos.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A expressão “crimes hediondos” foi utilizada pela CF, em seu Art.
5º, XLIII, vejamos:
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia
a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS,
o TERRORISMO e os definidos como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Assim, a própria CF/88 afastou a possibilidade da concessão de anistia, graça
ou indulto. (“STF: indulto = graça coletiva”)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
: https://www.migalhas.com.br/depeso/310643/a-
desproporcionalidade-da-pena-do-artigo-273-do-cp.
ORGANIZAÇÃO DA AULA
O Estatuto do Desarmamento possui uma parte administrativa, onde encontramos as
competências do SINARM, o registro e o porte de arma e possui a parte processual e penal,
demasiadamente cobrado em provas de concurso para carreiras policiais.
Para facilitar a compreensão da nossa aula, vamos estudá-la em tópicos:
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
DO REGISTRO
DO PORTE
DOS CRIMES E DAS PENAS
DISPOSIÇÕES GERAIS e FINAIS
O SINARM não controla todas as armas de fogo; excluem-se do controle, por exemplo, as
armas do Exército, Marinha e Aeronáutica, que têm seus arsenais próprios.
As armas de fogo utilizadas pelas Forças Armadas e Auxiliares e pelas Forças Auxiliares
são sujeitas a regramento próprio, relacionado ao Sistema de Gerenciamento Militar de Armas
– Sigma. Forças Auxiliares é o nome pelo qual eram conhecidas as Polícias Militares e os Corpos
de Bombeiros Militares. Hoje os integrantes dessas formas são considerados militares para
todos os efeitos.
Art. 2º. Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais
que constem dos seus registros próprios.
CONCEITOS COMPLEMENTARES
Arma de fogo de uso restrito
Armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam:
- não portáteis;
- de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída
do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620 joules; ou
- portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum,
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou
1620 joules.
Exemplo de armas de calibre restrito segundo a PORTARIA Nº 1.222:
5.56x45 mm 1748,63 Restrito
7.62x51 mm 3632,01 Restrito
REGISTRO
O registro da arma de fogo é na verdade a matrícula da arma de fogo que esteja vinculada
à identificação do respectivo proprietário em banco de dados;
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas
no comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei.
Armas de uso PERMITIDO – Registro feito no SINARM, gerido pela POLÍCIA
FEDERAL.
Armas de uso RESTRITO – Registro feito no COMANDO DO EXÉRCITO, órgão
responsável pela gestão do SIGMA.
O proprietário não poderá portar arma de fogo fora dos locais indicados, sob pena
de responsabilidade penal.
É possível manter em casa a arma adquirida, mas para mantê-la em casa é necessário
possuir o registro fornecido pelo SINARM por meio da Polícia Federal.
Já quanto a mantê-la em seu local de trabalho, o proprietário tem que ser o titular.
Se não for o titular, a outra única possibilidade de manter sua arma em seu local de
trabalho será se ele for o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em
todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a
arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho,
desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo
estabelecimento ou empresa.
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela
polícia federal e será precedido de autorização do SINARM.
A Lei nº 13.870/2019 trouxe uma norma penal explicativa, esclarecendo que o conceito
de residência ou domicílio para fins de interpretação da autorização dada pelo Certificado de
Registro de Arma de Fogo (CRAF). Desse modo, aos residentes em área rural, considera-se
residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput
deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do
respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019)
Certificado de P O S S E
Registro
Sua casa
O aluno deve observar os critérios cumulativos para que seja permitida a concessão do
porte para Caçador de Subsistência:
- maior de 25 anos;
- residente em área rural;
- dependa de caçar para sobreviver.
AUTORIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA PARA OS RESPONSÁVEIS PELA
SEGURANÇA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM VISITA OU SEDIADOS
NO BRASIL
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de
arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros
em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos
do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de
trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores
e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial
de tiro realizada no território nacional.
Quando, por exemplo, alguma autoridade estrangeira realiza alguma visita ao Brasil e
necessita que seus seguranças ingressem no país armados, a autorização do porte é de
competência do Ministério da Justiça.
No caso do o registro e concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição
internacional oficial de tiro realizada no território nacional, a competência é do Comando do
Exército.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal
No que concerne ao abuso de autoridade e ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item a
seguir.
Supondo que determinado cidadão seja responsável pela segurança de estrangeiros em
visita ao Brasil e necessite de porte de arma, a concessão da respectiva autorização será de
competência do ministro da Justiça.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Segundo o Art. 9º, compete ao Ministério da Justiça.
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os
responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e,
ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão
de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de
representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no
território nacional.
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova: Guarda Municipal
Considere que Flora é ocupante de cargo de Guarda Municipal Feminino de um Município com
90 mil habitantes, que não integra nenhuma região metropolitana. Nessa situação hipotética, a Lei
Federal nº 10.826/2003 estabelece, expressamente, que Flora
a) não tem direito a usar arma de fogo em serviço.
b) tem direito a usar arma de fogo em serviço e fora dele.
c) não pode usar arma de fogo por ocupar cargo de Guarda Feminino.
d) tem direito a usar arma de fogo em serviço.
e) deve usar a sua arma de fogo particular quando em serviço.
Gabarito: D
Comentário: Apesar da recente decisão do STF, a lei não foi mudada e ainda
estabelece – expressamente – que é proibido o porte de arma de fogo em todo o
território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para os
integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta
mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço.
ARMA DE FOGO
Uma arma de fogo é um tipo de arma capaz de disparar um ou mais projéteis em alta
velocidade por meio de uma ação pneumática provocada pela expansão de gases resultantes da
queima de um propelente de alta velocidade
O aluno deve ter conhecimento da jurisprudência acerca das peculiaridades existentes
dos objetos materiais. Tenham bastante atenção.
Arma DESMUNICIADA ou DESMONTADA:
Para a configuração dos crimes, é considerada objeto material a arma de fogo
independentemente de estar carregada ou montada. Assim, até mesmo a arma desmontada é
considerada objeto material.
Este Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacificada no sentido de que o
porte ilegal de arma de fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese de
perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de levar consigo para a
consumação do delito. Dessa forma, eventual nulidade do laudo pericial, ou até
mesmo a sua ausência, não impede o enquadramento da conduta.
STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014)
Ainda que a arma esteja desmuniciada e que não esteja gerando situação de perigo
real no momento é CRIME, pois o crime é de perigo abstrato.
STJ (1400337/2013) e STF(RHC 117566/2013)
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. ARTIGO 14 DA LEI 10.826/03. PORTE
ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ARMA DESMUNICIADA. TIPICIDADE
DA CONDUTA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA.
O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera conduta e de
perigo abstrato, consumando-se independentemente da ocorrência de efetivo
prejuízo para a sociedade, sendo que a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é
presumida pelo tipo penal. (...) É irrelevante para a tipificação do art. 14 da Lei
10.826/03 o fato de estar a arma de fogo municiada (...).
STF, HC 107.447/ES, 03.06.2011
Apesar de ser dispensável, caso a perícia tenha sido realizada e o laudo pericial
confeccionado atestar a incapacidade de produzir disparos (arma inapta), ele será vinculado e
tornará o fato atípico.
Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento
apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por
estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar
disparos
397.473/DF, 19.08.2014, Informativo 544
STJ 15.09.2015, Informativo 570.
Arma de brinquedo
Atualmente, portar ou possuir arma de brinquedo é fato atípico, restringindo-se à seara
de infração administrativa.
Mesmo assim, o Estatuto veda a comercialização de armas de brinquedo em seu Art. 26:
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a
importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo,
que com estas se possam confundir.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os
simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de
usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.
São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos,
réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir (Art. 26). Esta regra
tem exceções, quando a réplica ou simulacro se destina à instrução, a adestramento, ou à
coleção de usuário autorizado.
ACESSÓRIO
São quaisquer objetos que, acoplados à arma:
- Melhoram o seu funcionamento ou precisão (melhoram o desempenho) (ex.:
luneta, mira a laser etc.);
- Modificam o efeito secundário do tiro (ex.: silenciador);
- Alteram o aspecto visual da arma.
Não são consideradas acessórias partes isoladas da arma (cano, cabo etc.),
nem objetos que não alteram o funcionamento da arma (coldre, por exemplo).
MUNIÇÃO
Munição é o projétil a ser disparado de uma arma de fogo, incluindo o cartucho, que é um
tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; na sua parte aberta fica
preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Em casos isolados, os
Tribunais têm admitido a aplicação do Princípio da Insignificância em casos de apreensão de
munição desacompanhadas da arma de fogo.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Princípio da Insignificância
A apreensão de ÍNFIMA QUANTIDADE de munição desacompanhada de arma de fogo,
excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao
reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco
ao bem jurídico tutelado pela norma.
STF, 13/11/2017; STJ n.º 108/2018
ELEMENTO SUBJETIVO
Os crimes do Estatuto do Desarmamento são, em regra, praticados de forma dolosa.
A exceção é justamente o único crime culposo do Estatuto do Desarmamento – o crime de
Omissão de Cautela (Art. 13, caput), que possui como elemento subjetivo a culpa.
AÇÃO PENAL
Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - Promotor de Justiça
O crime de porte de arma de fogo (Art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo
concreto.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: É majoritário o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça segundo o qual os crimes do Estatuto do Desarmamento
são de perigo abstrato ou presumido, significando que sua ofensividade já está
presumida na própria lei. Ou seja, para que exista o crime não há necessidade de
uma situação real de perigo para alguém.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Juiz de Direito Substituto.
Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência do STJ acerca da
interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe sobre o registro, a posse e a comercialização
de armas de fogo e munição, assinale:
A inaptidão de arma de fogo para efetuar disparos, ainda que comprovada por laudo
pericial, não é excludente de tipicidade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Vimos que a arma comprovadamente inapta para produzir
disparos configura crime impossível por ineficácia absoluta do meio.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia
Julgue o item seguinte, referente a crimes de trânsito e a posse e porte de armas de fogo,
de acordo com a jurisprudência e legislação pertinentes.
O porte de arma de fogo de uso permitido sem autorização, mas desmuniciada, não
configura o delito de porte ilegal previsto no Estatuto do Desarmamento, tendo em vista ser um
crime de perigo concreto cujo objeto jurídico tutelado é a incolumidade física.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Como vimos, não importa se a arma a estiver municiada ou
desmuniciada, ela funcionará como objeto material do crime. O outro erro da questão
está em afirmar que o objeto jurídico tutelado seria a incolumidade física, mas vimos
que é a incolumidade pública.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: Delegado de Polícia Civil
De acordo com o entendimento da doutrina e dos tribunais superiores sobre o Estatuto
do Desarmamento, especialmente quanto às armas de fogo, o porte de arma de fogo de uso
permitido com a numeração raspada equivale penalmente ao porte de arma de fogo de uso
restrito.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Hipótese prevista no Art. 16, Inciso IV.
Parágrafo 1º. Nas mesmas penas incorre quem:
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado.
CRIMES EM ESPÉCIE
Por questões didáticas, iremos estudar os crimes na sequência abaixo:
CONDUTA TÍPICA
A conduta tipificada no Art.1 2 é a de possuir ou manter a arma/acessório/munição, de
uso permitido na SUA CASA (interior, dependências) ou LOCAL DE TRABALHO (titular ou
responsável legal), porém SEM O REGISTRO no órgão competente.
Obs.: Não se exige a propriedade da arma, basta a “posse” ou “guarda”, estando
configurado o crime o agente que possuir, por exemplo, a arma de calibre permitido em sua
residência sem o certificado de registro, mesmo que a propriedade da arma não esteja
vinculada a ele.
SUJEITO ATIVO
O crime do Art. 12 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago.
CONSUMAÇÃO
O crime se consuma no momento que o objeto material entra na residência ou no
estabelecimento comercial. Trata-se de crime permanente e de mera conduta (sem
modificação no mundo exterior) em que a prisão em flagrante é possível enquanto não cessada
a conduta. Mesmo de difícil acontecimento, a tentativa é possível.
OBJETO MATERIAL
Armas (de uso permitido)
Acessório:
Como já vimos, acessórios são quaisquer objetos que, acoplados à arma, melhoram
o desempenho, modificam o efeito secundário do tiro ou alteram o aspecto visual da
arma.
Munição
Princípio da Insignificância
A apreensão de ÍNFIMA QUANTIDADE de munição desacompanhada de arma de fogo,
excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao
reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco
ao bem jurídico tutelado pela norma.
STF, 13/11/2017; STJ n.º 108/2018
CONDUTA TÍPICA
Embora a denominação legal do delito seja “Porte Ilegal de arma de fogo de uso
permitido”, é fácil notar que o texto legal possui abrangência muito maior, já que existem outras
inúmeras condutas típicas.
As ações nucleares são portar, deter, adquirir, ter em deposito, receber, ceder,
transportar, entre outras.
SUJEITO ATIVO
O crime do Art. 16 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago.
CONSUMAÇÃO
O crime se consuma quando o agente realiza as condutas típicas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal. É um crime de mera conduta.
Como exemplo, imaginemos a situação em que um indivíduo que possui ilegalmente uma
arma de uso permitido resolve sair de casa e ir ao shopping. Como não possui o respectivo
porte, o crime de porte ilegal do Art. 14 estará caracterizado. Caso o mesmo indivíduo não tenha
o CRAF e seja encontrado em casa, ele responderá pelo Art. 12 (Posse Ilegal de arma). Caso
esteja fora desse elemento especial (casa ou local de trabalho em que seja representante legal,
por exemplo), responderá pelo Art. 14.
Trata-se de um crime de ação múltipla (tipo misto alternativo) em que a realização de
mais de uma conduta típica em relação ao mesmo objeto material configura crime único.
Em alguns verbos admite-se a tentativa (ex.: tentativa de aquisição de arma de fogo).
OBJETO MATERIAL
Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo
Julgue o seguinte item, acerca de crimes relacionados a arma de fogo e à propriedade
industrial.
Se um indivíduo que não possua porte de arma de fogo transportar, a pedido de um amigo
que possua o referido porte, munição de uma arma de fogo e, estando sozinho nessas
circunstâncias, for encontrado pela polícia, tal fato configurará crime previsto em lei.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A autorização para o porte ou a posse é personalíssima e
intransferível.
PACOTE ANTICRIME
Na redação anterior, realizar as condutas descritas no caput tanto com arma de calibre
restrito quanto com arma de calibre proibido tinham a mesma pena, o mesmo preceito
secundário (reclusão, de 3 a 6 anos, e multa).
Com a publicação da Lei nº 13.964/2019, o legislador majorou o preceito secundário das
condutas quando elas forem realizadas com armas de uso proibido, passando para reclusão
de 4 a 12 anos.
CONDUTA TÍPICA
Este tipo também descreve múltiplas condutas (13 verbos típicos), de modo que a prática
de mais de uma delas, pelo mesmo agente, dentro do mesmo contexto fático, configurará o
cometimento de um único crime (ou seja, o agente não responderá pelo concurso de crimes).
O Art.16 pune tanto a posse quanto o porte de arma proibida ou restrita. Ou seja, ter uma
arma proibida em casa ou andar com uma arma proibida pelas ruas configura o mesmo crime.
A conduta típica nada mais é que realizar os verbos do tipo com o determinado elemento
normativo do tipo: Sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
SUJEITO ATIVO
O crime do Art. 16 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago.
CONSUMAÇÃO
O crime se consuma quando o agente realiza as condutas típicas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal. É um crime de mera conduta. A tentativa é, em tese,
possível, como por exemplo, tentar adquirir arma de fogo de uso restrito.
OBJETO MATERIAL
NATUREZA HEDIONDA
Lei nº 13.497, de 26 de outubro de 2017.
Altera a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito no rol dos crimes hediondos.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, especificamente a segurança pública.
BEM JURÍDICO
Segundo o STF, o bem jurídico tutelado pelo Art. 16, além da PAZ e SEGURANÇA
PÚBLICAS, também protege a SERIEDADE DOS CADASTROS DO SISTEMA NACIONAL DE
ARMAS.
Essa informação possui uma relevância imensa em virtude da possibilidade ou não da
aplicação do Princípio da Consunção e concurso de crimes.
Exemplo: CONCURSO DE CRIMES – ART. 14 x ART. 16.
Caso concreto: Indivíduo encontrado com munições de arma permitida (.38) e possuía
arma de fogo com numeração raspada (calibre.38) – no mesmo contexto fático.
Conforme se depreende dos autos, Alberto, além das munições, possuía sob
sua guarda uma arma de fogo calibre 38, com numeração raspada
É assente, nesta Corte Superior, o entendimento de não ser possível a
aplicação do princípio da consunção entre os crimes previstos nos arts. 14 e
16 da Lei 10.826/2003, uma vez que o delito capitulado neste último tutela,
além da paz e segurança pública, os cadastros no Sistema Nacional de
Armas, resguardando bens jurídicos distintos, assistindo, no ponto, razão ao
órgão ministerial.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.745.037 - MG (2018/0132570-0)
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 16 DA LEI 10.826/03. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CRIME DE MERA
CONDUTA E DE PERIGO ABSTRATO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE EXCEPCIONAL.
PEQUENA QUANTIDADE DE MUNIÇÃO. MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA. ATIPICIDADE MATERIAL.
ORDEM CONCEDIDA.
1. A jurisprudência desta Corte é remansosa no sentido de que o delito previsto no Art. 16 da Lei nº
10.826/2003 tem como bem jurídico tutelado a incolumidade pública, sendo de mera conduta e de perigo
abstrato, bastando a posse/porte de arma ou munição, sem autorização devida, para tipificar a conduta.
Dessa forma, também se mostra irrelevante especular sobre a aplicação do princípio da insignificância.
2. Recentemente, no entanto, a Sexta Turma desta Corte, seguindo a linha jurisprudencial traçada pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do RHC 143.449/MS, vem reconhecendo, excepcionalmente,
a atipicidade material da posse/porte de pequenas quantidades de munições,
desacompanhadas de arma de fogo, quando inexistente a potencialidade lesiva ao bem jurídico
tutelado. Ressalva do entendimento pessoal desta Relatora.
3. Na espécie, foram encontradas no porta-luvas do carro de propriedade do paciente apenas 04 (quatro)
munições, sendo 03 (três) de calibre.40 e 01 (uma) de calibre 9mm, desacompanhadas de artefato
belicoso a indicar o possível emprego imediato dos cartuchos. Deve-se, portanto, reconhecer a atipicidade
material, em razão da mínima ofensividade da conduta do agente.
4. Ordem concedida para absolver o paciente da prática do delito tipificado no Art. 16 da Lei n.
10.826/2003, com fundamento no art. 386, III, do Código de Processo Penal.
STJ HC 442036/SP 19/06/2018
2ª Turma concede HC a policial aposentado condenado após ser flagrado com uma cápsula de
fuzil. Por unanimidade e com base no princípio da insignificância, a Segunda Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta terça-feira (17), Habeas corpus (HC
154390) para reconhecer a atipicidade da conduta imputada a um policial civil aposentado,
condenado a 3 anos e 6 meses de reclusão por ter sido flagrado na posse de uma munição de
fuzil calibre 762.
O ministro Dias Toffoli explicou que o crime previsto no artigo 16 da Lei 10.826/2003, de
acordo com a jurisprudência, é crime de perigo abstrato, cuja consumação independe de
demonstração de sua potencialidade lesiva. Contudo, para o relator, a hipótese dos autos
permite que se afaste esse entendimento, uma vez que a conduta de manter a posse de uma
única munição não gera perigo para a sociedade, de modo a ofender o bem jurídico tutelado
pela norma penal.
STF (HC 154390) - 17 de abril de 2018
O parágrafo 1º do Art.16 apresenta tipos penais autônomos em relação ao caput. Por esta
razão, os incisos se referem não apenas às armas de uso RESTRITO, mas também às de uso
PERMITIDO. Porém, o parágrafo 2º trazido pelo Pacote Anticrime majora a pena em caso de
armas de uso proibido.
A doutrina aponta que o inciso V do Art.16 derrogou o Art. 242 da Lei 8.069/90
(Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA), que tem a seguinte redação:
Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma,
a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos
Como o inciso V do Art.16 trata apenas de arma de fogo, considera-se que somente
a entrega de ARMAS BRANCAS (facas, machados, canivetes etc.) à criança ou ao
adolescente é que configuraria o crime do Art.242 do ECA.
Se for ARMA DE FOGO, MUNIÇÃO, EXPLOSIVO ou ACESSÓRIO vale o Estatuto!
Se for ARMA BRANCA, vale o ECA!
Este tipo protege a sociedade contra acidentes decorrentes do manejo de arma de fogo
por menor de idade ou pessoa com deficiência mental.
CARACTERÍSTICAS E ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME
Crime omissivo, culposo (negligência ou imprudência) e de menor potencial ofensivo.
SUJEITO ATIVO
Crime comum.
SUJEITO PASSIVO
Menor de 18 anos ou deficiente mental.
OBJETO MATERIAL
Qualquer tipo de arma de fogo (proibida ou permitida) Atenção: não estão incluídos os
acessórios e a munição. Deixar, portanto, culposamente acessório próximo a menor ou
deficiente mental é fato atípico.
CONSUMAÇÃO
A consumação ocorre com o apoderamento da arma pelo menor ou pelo portador de
deficiência mental, independentemente de gerar ou não algum perigo. O crime é material.
Ou seja: para sua consumação, não basta a falta de cuidado do agente em relação à guarda
da arma, mas sim que o menor/deficiente mental efetivamente se apodere da mesma.
Exemplo: Pai chega em casa e deixa arma em cima da mesa, sem nenhuma proteção e vai
dormir. O filho menor de 18 anos chega em casa e vê a arma. Contudo, sequer a toca, já que
sempre foi orientado acerca do perigo que tal objeto representa. Nessa situação, o crime não se
consumou, já que não houve o apoderamento de arma de fogo pelo menor. O fato, portanto,
será atípico.
Não é possível a tentativa.
Não se exige qualquer relação jurídica entre o sujeito ativo e o sujeito passivo.
Se o agente entrega a arma propositalmente a uma criança? Comete crime de PORTE
ILEGAL.
Há o crime mesmo com menor emancipado.
O tipo penal não tutela pessoa com necessidades especiais FÍSICAS.
CONCURSO DE CRIMES
Responde exclusivamente pelo Art. 13, caput, apenas se o sujeito ativo tiver a arma legal,
pois, em caso de arma ilegal, responderá, conforme o caso, em concurso material, com o Art. 12
ou Art. 14 ou Art. 16.
SUJEITO ATIVO
Crime próprio. Só pode o crime ser praticado por empresário de segurança ou
empresa de transporte de valores.
SUJEITO PASSIVO
É o estado que fica prejudicado no dever de controlar as armas de fogo no Brasil.
Duplo dever de comunicação:
Dever de registrar ocorrência
2. Dever de comunicar à PF.
A falta de qualquer uma das comunicações já confirma o crime.
OBJETO MATERIAL
São objeto material do delito armas de fogo, acessórios ou munições.
Não há especificação de arma permitida ou restrita.
ELEMENTO SUBJETIVO
É unânime o entendimento segundo o qual o crime do Art. 13, parágrafo único, é
doloso.
CONSUMAÇÃO
Crime a Prazo
Segundo a lei, a consumação só se dá após 24 horas depois de ocorrido o fato. A
doutrina, porém, assegura que a consumação se dá 24 horas da ciência do fato.
PEGADINHA!
Aos crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (Art.12) e de omissão
de cautela (Art.13) são cominadas penas de detenção.
A todos os demais crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, a pena cominada
é reclusão.
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: Agente da Polícia Federal
À luz da lei dos crimes ambientais e do Estatuto do Desarmamento, julgue o item seguinte.
Responderá pelo delito de omissão de cautela o proprietário ou o diretor responsável de
empresa de segurança e transporte de valores que deixar de registrar ocorrência policial e de
comunicar à Polícia Federal, nas primeiras vinte e quatro horas depois de ocorrido o fato, a
perda de munição que esteja sob sua guarda.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: É responsabilidade do proprietário ou diretor responsável de
empresa de segurança de registrar a ocorrência e comunicar à PF perda, furto, roubo
ou extravio de arma, acessório ou munição. Caso não faça, incorrerá no crime de
Omissão de Cautela, parágrafo único.
SUJEITO ATIVO
Crime Comum. Pode ser sujeito ativo do crime mesmo aquele que tenha o porte legal
de arma.
SUJEITO PASSIVO
Coletividade.
CONDUTAS
Duas condutas são mencionadas no tipo penal:
a) disparar arma de fogo;
b) acionar munição, sem que ocorra o disparo (ex.: falha da munição).
ELEMENTO ESPACIAL
(...) em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
direção a ela.
OBS: se a conduta ocorrer em local ermo, desabitado, não há o crime.
Não é necessário que a conduta gere perigo real a alguém, ainda que o elemento espacial
exija que seja praticado o delito em lugar habitado, em suas adjacências ou em via pública ou
em direção a ela.
ELEMENTO SUBJETIVO
O elemento subjetivo é o dolo. O disparo acidental, portanto, não configura crime.
CONSUMAÇÃO
A consumação ocorre com o mero disparo ou acionamento da munição (crime de mera
conduta).
SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA
A configuração do delito só existirá caso não exista crime mais grave. Caso o
disparo/acionamento tenha por finalidade a prática de outro crime, aplica-se o princípio da
consunção, ficando o crime menos grave (no caso, o disparo do Art.15) absorvido pelo de maior
gravidade.
Exemplo: “A”, desejando matar “B”, efetua contra este disparo certeiro de arma de fogo,
consumando o homicídio. Nessa situação, “A” responderá apenas pelo homicídio. O disparo de
arma de fogo (crime menos grave) será absorvido pelo homicídio.
INCONSTITUCIONALIDADE
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável
CONCURSO DE CRIMES
Disparo + Porte Ilegal (Art. 14) – Princípio da Consunção
Pelo mesmo raciocínio, o crime do Art.15 (disparo) absorve o crime de porte ilegal
de uso permitido (Art.14). Afinal, o porte é um meio para que se possa disparar a
arma (crime-fim).
APELAÇÃO CRIMINAL - PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E
DISPARO DE ARMA DE FOGO - PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO - APLICAÇÃO – (...).
Para se efetuar disparo de arma de fogo em local habitado, primeiro é necessário
portar a arma, constituindo-se, assim, o porte, crime-meio para o disparo e, sendo
este crime mais grave, deve absorver aquele, delito menos grave, em observância
ao princípio da consunção.
TJ-MG, 16/03/2016
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: Perito Criminal Federal
Em cada item que segue, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada.
Samuel disparou, sem querer, sua arma de fogo em via pública. Nessa situação, ainda que
o disparo tenha sido de forma acidental, culposamente, Samuel responderá pelo crime de
disparo de arma de fogo, previsto no Estatuto do Desarmamento.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: O disparo de arma de fogo possui como elemento subjetivo o
dolo. Não é punível a modalidade culposa.
Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça – Matutina
O tipo penal do Art. 15 da Lei n. 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) prevê pena de
reclusão e multa para a conduta de disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, apresentando, contudo,
uma ressalva que caracteriza ser o crime referido de natureza subsidiária, qual seja, desde que
as condutas acima referidas não tenham como finalidade a prática de outro crime.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A questão é praticamente a transcrição do Art. 15 do Estatuto do
Desarmamento. É um crime subsidiário. Caso o disparo tenha a finalidade a prática
de outro crime, não será o crime do Art. 15.
Podemos dizer que a segunda parte do tipo - desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime - homenageia o princípio da subsidiariedade
(na modalidade expressa) como forma de solução do conflito aparente de normas.
Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Agente Administrativo
Considere que, em uma briga de trânsito, Joaquim tenha sacado uma arma de fogo e
efetuado vários disparos contra Gilmar, com a intenção de matá-lo, e que nenhum dos tiros
tenha atingido o alvo. Nessa situação, Joaquim responderá tão somente pela prática do crime
de disparo de arma de fogo.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Vimos que o crime do Art. 15 é subsidiário. Caso o disparo tenha
como finalidade a prática de outro crime, não será o crime do Art. 15. No caso da
questão, o disparo foi para matar. Dessa forma, responderá por crime tentado, ou
seja, tentativa de homicídio.
Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEAP-GO Prova: Agente de Segurança Prisional
Em certo domingo, J. M. S., com vontade livre e consciente, sacou a própria arma,
devidamente registrada, e efetuou disparos de arma de fogo, por diversão, nas proximidades
da feira permanente de sua cidade. A ação ocorreu por volta de 10 horas, exatamente no
momento em que J. M. S. passava de carro pela avenida central, em sentido à rodoviária. Nessa
situação hipotética, ele responderá por
Gabarito: C.
Comentário: Vimos que o crime do Art. 15 é subsidiário. Caso o disparo tenha
a finalidade a prática de outro crime, não será o crime do Art. 15. No caso da questão,
o disparo foi por diversão e a conduta não tinha nenhum animus em relação a J.M.S.
PACOTE ANTICRIME
Iniciamos o estudo deste crime trazendo as mudanças decorrentes do Pacote Anticrime
que, além tornar o crime hediondo e de modificar o preceito secundário do Art. 17 caput
(reclusão de 4 a 8 anos para reclusão de 6 a 12 anos), acrescentou o parágrafo 2º, trazendo a
figura do agente disfarçado.
SUJEITO ATIVO
Só pode ser comerciante ou industrial, legal ou ilegal, de arma de fogo, acessório ou
munição. Trata-se, portanto, de crime próprio. Observar que o parágrafo único equipara
algumas atividades à atividade comercial ou industrial para essas finalidades. O armeiro que
exerce a atividade irregularmente, por exemplo, incorre nesse crime.
SUJEITO PASSIVO
Coletividade.
OBJETO MATERIAL
Interessante destacarmos que o Art. 17 não faz distinção entre arma de fogo de uso
permitido e arma de fogo de uso restrito. Em outras palavras, o crime é o mesmo tanto para o
comércio ilegal de arma de fogo de uso proibido como para o comércio ilegal de arma de fogo
de uso permitido. Porém, o Art. 19 determina que a pena será aumentada em metade no caso
de arma de uso proibido ou restrito.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso
proibido ou restrito.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Trata-se de crime é de perigo abstrato e de mera conduta. Assim, consuma-se com a
prática de qualquer das condutas previstas em lei, e, uma vez realizada a conduta, presume-se
de forma absoluta o perigo à segurança pública.
Nesse sentido, Gabriel Habib: o crime de comércio ilegal de arma de fogo consuma-se no
momento da prática das condutas descritas no tipo, de forma reiterada, independentemente da
produção de qualquer resultado, por tratar-se de crime de mera conduta.
Admite-se a tentativa (crime plurissubsistente).
O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17 da Lei n.
10.826/2003) é delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, bastando para
sua caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo prescindível a
demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a
incolumidade pública.
STJ n.º 108/2018.
Ex.1: vizinho que vende arma a outro vizinho: não se aplica o Art. 17.
Ex.2: dono de restaurante vende sua arma para o cliente: não se aplica o Art. 17,
porque o dono do restaurante não exerce comércio de armas de fogo.
Ex.3: indivíduo que comercializa armas de fogo no fundo de sua residência: aplica-
se o Art. 17.
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente.
PACOTE ANTICRIME: A FIGURA DO AGENTE DISFARÇADO
Figura trazida pela Lei nº 13.964/2019, conhecida como PACOTE ANTICRIME, o § 2º do
Art. 17 e 18 trouxe a discussão entre as correntes contrárias ao pacote e as que apoiam acerca
da possível permissão do “Flagrante Provocado ou preparado.”
A Lei 13.964/2019 dentre tantas alterações importantíssimas, em algumas passagens,
traz a nova figura do agente disfarçado que não deve ser confundido com outras técnicas
especiais de investigação como agente infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação
controlada.
Segundo Rogério Sanches, é possível esboçar a definição de agente disfarçado como
aquele que, ocultando sua real identidade, posiciona-se com aparência de um cidadão comum
(não chega a infiltrar-se no grupo criminoso) e, partir disso, coleta elementos que indiquem a
conduta criminosa preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em estudo não se
insere no seio do ambiente criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva
do autor dos fatos.
Os autores, ainda, fazem a distinção entre o agente infiltrado, provocador e o disfarçado:
PACOTE ANTICRIME
O Pacote Anticrime modificou o preceito secundário do tipo penal, aumentando a pena e
acrescentou o parágrafo único, onde encontramos a figura do agente disfarçado.
São 4 as condutas do tipo:
➢
SUJEITO ATIVO
Crime Comum.
SUJEITO PASSIVO
Coletividade. Crime Vago.
OBJETO MATERIAL
Objeto material é idêntico ao do Art. 17, inclusive no que toca à causa de aumento de pena
prevista no Art. 19.
CONSUMAÇÃO
Com a prática de qualquer das condutas típicas.
A lei presume de forma absoluta o perigo à segurança pública com a entrada de uma arma
no Brasil de forma clandestina. Dessa forma, sendo o delito de mera conduta, esgota-se com a
prática da conduta descrita no tipo penal, e não há resultado naturalístico.
Nesse sentido, preleciona Gabriel Habib: o crime consuma-se no momento da prática das
condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por tratar-se
de crime de mera conduta.
A tentativa é admitida.
No caso do favorecimento, a conduta será punível independentemente da efetiva
entrada ou saída do material do território nacional. Basta que tenha sido praticado
qualquer ato que configure o favorecimento
Ex.: PF deixa o amigo embarcar no avião com caixa de munição. Porém, antes de
decolar, outra equipe prende o colega. O amigo que foi preso responderá por
TENTATIVA de tráfico internacional de munição. O PF que o deixou passar
responderá por crime CONSUMADO do tráfico. Atenção: O facilitador é COAUTOR,
e não partícipe.
Ainda que o agente traga para dentro do território nacional uma única arma de fogo de
uso permitido ou proibido, sem autorização, apenas para uso próprio, sem que haja
qualquer nexo com o exercício de atividade comercial, estará configurado o crime
de tráfico internacional de armas.
Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/2018
1. É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem
autorização da autoridade competente, nos termos do Art. 18 da Lei n. 10.826/2003,
mesmo que o réu detenha o porte legal da arma, em razão do alto grau de
reprovabilidade da conduta.
2. O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado
no Art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta e visa a
proteger a segurança pública e a paz social.
3. Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição
não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se
comprove a internacionalidade da ação.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Princípio da insignificância
Não cabe princípio da insignificância no tráfico internacional de munição.
STF (HC97777) e STJ (HC 45099)
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Juiz de Direito Substituto.
Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência do STJ acerca da
interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe sobre o registro, a posse e a comercialização
de armas de fogo e munição, assinale a opção correta.
Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, não
basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessária a comprovação da
internacionalidade da ação.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A questão é a transcrição da Jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça que colocamos na aula.
Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/2018
Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário
que se comprove a internacionalidade da ação
PACOTE ANTICRIME
O Pacote Anticrime ampliou as possibilidades para a aplicação da causa de aumento de
pena dos agentes que cometerem os crimes dos artigos 14,15, 16, 17 e 18.
Se antes existia apenas o inciso I, agora, independentemente de serem praticados por
integrante dos órgãos e empresas referidas nos Arts. 6º, 7º e 8º desta Lei, agora, qualquer
agente, desde que reincidente específico em crimes dessa natureza, pode, também, sofrer a
majoração da pena.
QUESTÕES GERAIS
A VENDA DE ARMA DE FOGO CONFIGURA QUAL CRIME?
Art. 14: Estará configurado o crime do art. 14, se for arma permitida;
Art. 16: Se for arma de uso restrito ou proibido, a conduta se amoldará ao tipo penal
do art. 16;
Art. 18: restará configurado o crime do art. 18, todos do Estatuto do Desarmamento.
Não importando se a arma é permitida ou proibida, e não importando se o vendedor
é comerciante ou não.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. São Paulo: Saraiva, 2019.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Arma de fogo encontrada em caminhão configura porte
de arma de fogo (e não posse). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e9cec1f5830564591
11d63e24f3b8ef>. Acesso em: 23 fev. 2020.
LOPES JR, Aury. Lei 13.491/2017 fez muito mais do que retirar os militares do tribunal do
júri, disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-out-20/limite-penal-lei-134912017-
fez-retirar-militares-tribunal-juri
MASSON, Cléber; MARÇAL, Vinicius; Lei de Drogas: Aspectos penais e processuais penais. São
Paulo: Método, 2018.
SOUZA, Renee do Ó; CUNHA, Rogério Sanches; HOLMES LINS, Caroline de Assis e Silva. A nova
figura do agente disfarçado prevista na Lei 13.964/2019, em 27 de dezembro de 2019.
Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-
agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/
Objetivo: O Art. 1 deixa claro que o principal objetivo da Lei de Drogas é conferir
tratamento jurídico diverso ao usuário e ao traficante de drogas.
Premissa: A pena privativa de liberdade não contribui para o problema social do uso
indevido de drogas, o qual deve ser encarado como problema de saúde pública e não de polícia.
Dessa forma, ABOLIU a possibilidade da aplicação de tal pena (privativa de liberdade) ao crime
do porte de drogas para o consumo pessoal.
Analisando o Art. 5º, XLIII da Constituição Federal:
OBJETIVIDADE JURÍDICA
Por meio da objetividade jurídica analisa-se o bem jurídico protegido pelo Direito Penal.
Por exemplo, no delito de furto o bem jurídico protegido é o patrimônio, no crime de homicídio
protege-se a vida. Na Lei de Drogas, o objeto jurídico é a Saúde Pública.
OBJETO MATERIAL
O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Nesse sentido, o objeto material nos crimes da Lei de Drogas é a droga. Nessa perspectiva,
proclama o Art. 1º, parágrafo único da Lei nº 11.343/2006.
Art. 1º. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como
drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar
dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.
Para ser considerada como droga basta a presença do princípio ativo, pouco
importando a nomenclatura utilizada (maconha, cocaína, LSD, etc.).
A prova da materialidade, constatação do princípio ativo, será feita por meio de um
exame químico-toxicológico (perícia).
Os crimes da Lei de Drogas exigem o exame químico-toxicológico para comprovar
a materialidade do crime. O exame é para comprovar qual é a substância em
questão no caso concreto e não para averiguar se a substância encontrada causa
dependência. A simples verificação de que a substância corrobora com a presente
na portaria da ANVISA já é suficiente para a caracterização como objeto material
do crime, sendo prescindível o exame para constatação de que a substância cause
dependência.
CURIOSIDADE
Anvisa libera venda de produtos à base de Cannabis em farmácias
Com validade de três anos, resolução refere-se a uso medicinal. Manipulação da
substância não será permitida, e compra poderá ser feita apenas com prescrição médica.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira
(3/12/2019) a liberação da venda em farmácias de produtos à base de Cannabis para uso
medicinal no Brasil. A regulamentação foi aprovada por unanimidade e é temporária, com
validade de três anos.
Na mesma reunião da diretoria colegiada do órgão foi rejeitado o cultivo de maconha
para fins medicinais no Brasil. Por 3 votos a 1, proposta foi arquivada pela agência reguladora.
Com a decisão, fabricantes que desejarem entrar no mercado precisarão importar o extrato
da planta.
Venda dos produtos
Sobre a venda em farmácias, a norma passa a valer 90 dias após sua publicação no
"Diário Oficial da União". De acordo com a resolução, os produtos liberados poderão ser para
uso oral e nasal, em formato de comprimidos ou líquidos, além de soluções oleosas.
O texto não trata do uso recreativo da maconha, que continua proibido.
A comercialização ocorrerá apenas em farmácias e drogarias sem manipulação, que
venderão os produtos prontos, mediante prescrição médica.
O tipo de prescrição médica necessária vai depender da concentração de tetra-
hidrocanabidiol (THC), principal elemento tóxico e psicotrópico da planta Cannabis sativa, ao
lado do canabidiol (CBD), que é usado em terapias como analgésico ou relaxante.
SUJEITO ATIVO
Em regra, os crimes previstos na Lei de Drogas são crimes comuns ou gerais, isto é, são
Exceção:
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50
a 200 dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho
Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo é a coletividade. Os crimes da Lei de Drogas são classificados como
destituído
de personalidade jurídica.
ELEMENTO SUBJETIVO
São crimes dolosos, sendo essa a regra.
Contudo, o Art. 38 prevê uma modalidade culposa.
Exceção:
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50
a 200 dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho
Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
NATUREZA JURÍDICA
CRIME DE PERIGO CONCRETO X CRIME DE PERIGO ABSTRATO
Crime de perigo é aquele em que a consumação ocorre com a exposição do bem
jurídico a um risco de dano. Não se exige a efetiva lesão ao bem jurídico, bastando a
probabilidade de dano. Os crimes de perigo podem ser de perigo concreto ou perigo abstrato.
No crime de perigo abstrato, também chamado de crime de perigo presumido, a prática
da conduta descrita em lei acarreta a presunção absoluta do perigo ao bem jurídico e não
se exige prova concreta. Cita-se, como exemplo, o caso do traficante de drogas, não se exige
prova de que a coletividade, efetivamente, estava em perigo com a sua conduta.
No crime de perigo concreto, exige-se prova concreta da exposição ao perigo pelo bem
jurídico.
Os crimes da Lei de Drogas são crimes de perigo abstrato. A prática da conduta
prevista em lei acarreta a presunção absoluta de perigo ao bem jurídico, não cabendo prova
em contrário.
Exceção: Entretanto, no crime do Art. 39 da Lei de Drogas, há um crime de perigo
concreto:
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão do veículo,
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo
mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento
de 200 a 400 dias-multa se o veículo referido no caput deste artigo
for de transporte coletivo de passageiros.
Não basta conduzir a embarcação sob o efeito da droga, é necessário que haja
efetivamente a exposição da incolumidade de outrem a um perigo concreto, real, efetivo.
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada,
2019):
Na redação do art. 39 da Lei de Drogas, o legislador faz menção à condução de embarcação ou
aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Como
se pode notar, a situação de perigo presumida pelo legislador está inserida no próprio tipo penal.
Logo, trata-se de crime de perigo concreto, sendo inviável a punição do agente pela prática
deste crime sem que a acusação comprove que a incolumidade pública foi efetivamente
colocada em situação de risco.
AÇÃO PENAL
Em todos os crimes da Lei de Drogas a ação penal é pública incondicionada.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
O princípio da insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material
do crime.
TRÁFICO DE DROGAS
NÃO se aplica tal princípio, tendo em vista a incompatibilidade lógica entre ambos, já que
o tráfico é um crime de máximo potencial ofensivo, equiparado a hediondo.
Art. 28 (consumo pessoal):
STF já admitiu a aplicação de tal princípio:
Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu habeas corpus para trancar
procedimento penal instaurado contra o réu e invalidar todos os atos processuais, desde a
denúncia até a condenação, por ausência de tipicidade material da conduta imputada. No
caso, o paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, caput, da Lei 11.343/2006, à pena de
3 meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade por portar 0,6 g de maconha (HC
110.475/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 14.02.2012, noticiado no Informativo 655).
Argumentos utilizados pelo Relator:
A privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam
quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros
bens jurídicos que lhes fossem essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores
penalmente tutelados são expostos a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa
lesividade. Deste modo, o direito penal não deve se ocupar de condutas que produzam
resultados cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes
— não representam, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem jurídico
tutelado, seja à integridade da própria ordem social. Assim, estão preenchidos os requisitos
de aplicação do princípio da insignificância:
a) mínima ofensividade da conduta do agente;
b) nenhuma periculosidade social da ação;
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
NATUREZA JURÍDICA
➢
Considerando que a lei de introdução ao código penal classifica crime a infração penal
punida com reclusão e detenção, e contravenção penal a infração apenada com prisão simples
e multa, teria havido uma DESCRIMINALIZAÇÃO FORMAL da conduta de porte de drogas para
consumo pessoal.
Assim, segundo Luis Flávio Gomes, o porte de drogas para consumo pessoal não pode mais
ser considerado crime, passando a funcionar como infração penal sui generis de menor
potencial ofensivo.
➢
Segundo essa corrente, o próprio constituinte originário outorga ao legislador a
possibilidade de não aplicar as penas ressalvadas no texto constitucional, como também criar
outras ali não indicadas, devido à presença da expressão “Entre outras” no dispositivo. Daí não
se pode concluir que teria havido descriminalização.
Art. 5º XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
A LICP pode ser modificada por outra lei ordinária, como aconteceu com a Lei de Drogas.
Quanto à LICP entrou em vigor não existiam penas alternativas.
Assim, de acordo com o STF, o Art. 28 da Lei de Drogas trata-se de CRIME, tendo ocorrido
uma DESPENALIZAÇÃO.
Em relação à “despenalização”, não confundir ao achar que deixou de existir penas para
quem pratica a conduta descrita no Art. 28. Existem penas. Ocorreu a despenalização da PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE!
A doutrina majoritária entende que ocorreu a DESCARCERIZAÇÃO ou
DESPRISIONALIZAÇÃO, ou seja, continua a haver a pena, só não existe a pena privativa de
liberdade.
O crime do Art. 28 não está no rol dos crimes equiparados a hediondos
CONSUMAÇÃO
Crime Formal – consumação antecipada, bastando a realização da conduta.
TENTATIVA
A doutrina não admite para as modalidades permanentes do crime.
Há quem sustente a possibilidade da tentativa na conduta “adquirir”, quando, iniciado o
ato executório de aquisição, esse vem a ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
MATERIALIDADE DO DELITO
Laudo de constatação – exame pericial.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo + dolo específico (CONSUMO PESSOAL).
NÚCLEOS DO TIPO
Trata-se de tipo penal misto alternativo, contemplando cinco verbos, se consumando
com a realização de qualquer dos verbos.
+ “CONSUMO PESSOAL”
Se for para consumo de outra pessoa
será outro crime
Dentre os cinco verbos nucleares do Art. 28, caput, da Lei nº 11.343/06, não consta a conduta de
mero uso da droga.
Pelo menos em regra, se o indivíduo é flagrado usando substância entorpecente, deverá responder
pelo crime de porte de drogas para consumo pessoal, não por conta do "uso da droga", que é uma
conduta atípica, mas sim porque é muito provável que, antes do uso, já tenha praticado uma das
condutas incriminadas pelo Art. 28, como, por exemplo, adquirir ou trazer consigo. Nesse caso, a fim
de se comprovar a materialidade delitiva por meio do exame toxicológico, é imprescindível que parte
da substância entorpecente seja apreendida.
No entanto, o uso de drogas nem sempre será precedido das condutas de adquirir ou trazer
consigo. Com efeito, é perfeitamente possível que determinado indivíduo, sem ter consciência de que
uma pessoa de seu relacionamento havia adquirido determinada substância entorpecente, trazendo-a
consigo, resolva simplesmente anuir ao uso da droga. Nesse caso, como o uso da droga não consta do
Art. 28 como uma das condutas típicas, o ideal é concluir pela atipicidade do fato, até mesmo porque o
perigo à saúde pública consubstanciado pelo fato de o agente trazer a droga consigo teria desaparecido
com o consumo da substância entorpecente.
Da mesma forma, imagine que um cidadão encontre ao acaso um cigarro de maconha acesso em
cima de um muro e ele apenas faz o uso.
De mais a mais, fosse o uso da droga considerado crime, não haveria necessidade de tipificação
autônoma da conduta daquele que auxilia, instiga ou determina alguém a usar a droga (Art. 33, §2º),
pois a norma de extensão do Art. 29 do Código Penal seria suficiente para abranger o concurso de
agentes para esse suposto "uso de droga". (BRASILEIRO, Renato. Legislação Criminal Especial
Comentada. Salvador Juspodivm, 2017.)
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - Relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as
razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade
e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições
em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente;
PENAS
Há três penas cominadas ao crime do Art. 28 da Lei de Drogas.
I - Advertência sobre os efeitos das drogas;
II - Prestação de serviços à comunidade;
III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
As penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer
PRAZO
§3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses.
§4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III
do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10
meses.
Caso não cumpra as penas impostas o agente não poderá ser conduzido à prisão. O
juiz deverá utilizar o § 6º do Art. 28 da Lei de Drogas que prevê: admoestação
verbal e, após, multa.
Admoestação verbal e a multa não têm natureza jurídica de pena.
Funcionam como instrumentos acessórios que visam compelir o acusado ao
cumprimento das penas previstas no Art. 28. Por isso, a aplicação dessas medidas
de garantia não tem o condão de eximir o acusado de cumprir as penas principais.
Não há a possibilidade de aplicação da pena privativa de liberdade
O descumprimento injustificado das penas previstas nos incisos I, II e III do caput do
Art. 28 não caracteriza o crime de desobediência (CP, Art. 330). Isso porque a
própria Lei de Drogas já prevê em seu Art. 28, §6º, as consequências decorrentes do
descumprimento de tais penas — admoestação verbal e multa, a serem aplicadas de
maneira sucessiva —, sem fazer qualquer ressalva expressa quanto à possibilidade
de responsabilização criminal pelo delito de desobediência.
PRESCRIÇÃO
Art. 30 Prescrevem em 2 ANOS a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts.
107 e seguintes do Código Penal.
Dispõe o Art. 30 que prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos Arts. 107 e seguintes do Código
Penal.
Esse prazo de 2 anos é aplicável tanto à prescrição da pretensão punitiva como também à
prescrição da pretensão executória.
REINCIDÊNCIA
Em 21/08/2018 a Sexta Turma do STJ inaugurou nova tendência ao negar provimento a
recurso especial interposto pelo Ministério Público de São Paulo contra decisão do Tribunal de
Justiça que deu provimento ao recurso da defesa para afastar a reincidência decorrente da
condenação anterior por posse de drogas para uso próprio.
Segundo a ministra Maria Thereza de Assis Moura, embora o Art. 28 da Lei 11.343/06
tenha caráter criminoso, fazer incidir a agravante da reincidência em virtude de condenação
anterior por este crime VIOLA O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.
Assim, para a ministra:
Se a contravenção penal, punível com pena de prisão simples, não configura
reincidência, resta inequivocamente desproporcional a consideração, para fins de
reincidência, da posse de droga para consumo próprio, que conquanto seja crime, é
punida apenas com ‘advertência sobre os efeitos das drogas’, ‘prestação de serviços
à comunidade’ e ‘medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo
(REsp 1.672.654/SP)
RITO PROCESSUAL
O processo e julgamento do crime do Art. 28 segue o procedimento sumaríssimo. É
crime de competência do Juizado Especial Criminal (Arts. 60 e seguintes da Lei 9.099/1995).
Assim, temos que o Art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo.
Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-PA Prova: Auditor de Controle Externo
A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece a liberdade, a justiça e a paz no
mundo como os fundamentos para que os direitos sejam iguais. A esse respeito, julgue o item
que se segue.
As penas definidas pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) a
serem aplicadas ao indivíduo que adquire, guarda ou transporta drogas para consumo pessoal
sem autorização incluem advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à
comunidade, liberdade assistida e medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado.
Comentário: As penas estão estabelecidas de forma taxativa no Art. 28 e,
dentre elas, não está incluída a liberdade assistida.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
SUJEITO ATIVO
Trata-se de crime comum ou geral: pode ser praticado por qualquer pessoa.
Todavia, no tocante às condutas prescrever e ministrar, é crime próprio. É considerado
crime próprio porque só quem pode prescrever é profissional da área de saúde.
Por outro lado, referente à conduta ministrar (aplicar a droga) existe divergência, pois
parte dos defensores argumentam que a aplicação (ministrar) pode ser feita por qualquer
pessoa.
Art. 40, inc. II:
As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um
sexto a dois terços, se: (…)
II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou
no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou
vigilância.
SUJEITO PASSIVO
A coletividade – crime vago
OBJETIVIDADE JURÍDICA
O bem jurídico tutelado pelo Art. 33, caput, é a saúde pública.
CONDUTAS TÍPICAS
O caput do Art. 33 contém dezoito núcleos.
É chamado de tipo misto alternativo, também chamado de crime de ação múltipla ou
crime de conteúdo variável. Assim, mesmo que o agente pratique duas ou mais condutas
contra o mesmo objeto material (mesma droga), irá responder por um único crime.
Contudo, se as drogas forem diversas haverá concurso de crimes. Por exemplo, importou
cocaína, guardou maconha, vendeu LSD.
Importar – Tráfico x Contrabando. Pelo Princípio da Especialidade aplica-se a Lei de
Drogas, e não o crime do Art. 334 do Código Penal.
Adquirir – Se for para consumo próprio: Art. 28
Prescrever – Crime Próprio (profissionais de área médica)
É imprescindível a apreensão da droga para fazer incidir a tipificação da Art. 33.
Prisão por tráfico de drogas decorrente apenas de prova testemunhal é ilegal!
Crime equiparado a hediondo.
Atenção: Não confundir o verbo “fornecer” com o crime do Art. 33, §3 – Fornecer
eventualmente sem objetivo de lucro a pessoa do seu relacionamento para juntos
consumirem.
ELEMENTO NORMATIVO
É necessário que a conduta seja praticada sem “autorização ou em desacordo com
determinação legal”. Portanto, havendo autorização para a prática de algum dos dezoito
núcleos não haverá o crime de tráfico de drogas. Assim, é perfeitamente possível o comércio
lícito de drogas, desde que haja autorização legal.
CONSUMAÇÃO
Há condutas em que o tráfico de drogas classifica-se como crime instantâneo (importar,
remeter, exportar, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, oferecer, prescrever,
ministrar e entregar para consumo), pois se consuma em um momento determinado, sem
continuidade no tempo. Em outras condutas, todavia, o delito é permanente (expor a venda,
ter em deposito, transportar, trazer consigo e guardar): a consumação se prolonga no tempo,
pela vontade do agente.
Algumas importantes consequências advêm da identificação do delito de tráfico de drogas
como permanente:
TENTATIVA
Na prática, dificilmente será vista a forma tentada, uma vez que o legislador tipificou como
infração autônoma inúmeras figuras que normalmente constituiriam mero ato preparatório de
condutas ilícitas posteriores, como, por exemplo, preparar substância entorpecente com o
intuito de vendê-la. Ora, se o agente é preso após preparar e antes de vender, responde pela
forma consumada (preparo), e não por tentativa de venda.
Por sua vez, o médico que é preso antes de terminar a prescrição ilegal de entorpecente
responde por tentativa.
AÇÃO PENAL
A ação penal é pública incondicionada.
LEI 9.099/1995
O preceito secundário do Art. 33, caput, da Lei de Drogas prevê sanção de 5 a 15 anos, e
pagamento de 500 a 1500 dias-multa. Cuida-se de crime de máximo potencial ofensivo.
Assim, não são cabíveis os benefícios elencados na Lei 9.099/1995.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
É pacífica a jurisprudência no sentido de não ser aplicável o princípio da
insignificância ou bagatela aos crimes de tráfico de drogas. Não há que se falar em mínima
ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica em delito classificado
pela Lei Suprema como de máximo potencial ofensivo.
COMPETÊNCIA
No caso dos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes, a competência para o processo e
julgamento é, em regra, da Justiça Estadual; tratando-se, no entanto, de crime internacional,
isto é, a distância, que possui base em mais de um país, passa a ser da competência da Justiça
Federal.
MATERIALIDADE
LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR
Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga,
firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
STJ: É imprescindível a confecção do laudo toxicológico para comprovar a
materialidade da infração disciplinar e a natureza da substância encontrada
com o apenado no interior de estabelecimento prisional.
HC 448115/SP, 23/04/2019
HC 407301/SP, 05/06/2018
DOSIMETRIA DA PENA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Para a fixação da pena, o juiz irá considerar a natureza e a quantidade do produto, a
personalidade e a conduta social do agente, as quais serão preponderantes sobre as
circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP.
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente.
No Art. 59, caput, do CP estão previstas as circunstâncias judiciais ou inominadas,
utilizadas na dosimetria da pena-base. Elas não são ignoradas na Lei de Drogas. Mas o juiz
utilizará, de forma preponderante, as circunstâncias elencadas pelo Art. 42 da Lei de Drogas.
Natureza
Quantidade da substância
Quantidade do produto
Personalidade
Conduta social do agente
PENA DE MULTA
Para fixar a pena de multa, após observar o Art. 42 da Lei Drogas, o juiz irá fixar os dias-
multas (500 até 1500). Posteriormente, irá calcular o valor de cada dia-multa, o qual não poderá
ser menor do que 1/30 do SM e nem ultrapassar o valor de cinco vezes o salário mínimo.
A referida súmula trata do crime de ensaio ou experiência ou delito putativo por obra do
agente provocador.
É típico exemplo de flagrante preparado é o caso do policial à paisana que procura um
traficante para comprar drogas. Após a efetiva entrega da droga, o policial efetua a prisão.
Para determinar se há ou não crime, importante separar as condutas, assim:
Em relação à conduta de vender, o flagrante é preparado. Portanto, deve-se observar o
enunciado da Súmula 145 do STF. No exemplo acima, não haveria crime, eis que o policial forçou
a situação de flagrante.
Em relação à conduta de ter em depósito, não há flagrante preparado, pois,
independentemente, da ação do policial o agente já tinha a droga em depósito (crime
permanente).
FLAGRANTE FORJADO
O flagrante forjado, fabricado, maquinado ou urdido, a conduta do agente é criada pela
polícia, tratando-se de fato atípico. Há, na verdade, fabricação de provas de um crime
inexistente, com o escopo de fundamentar, sem justo motivo, a prisão em flagrante.
É o que ocorre, por exemplo, quando policiais ingressam sem justa causa no domicílio de
outrem à procura de drogas e, não as encontrando, “plantam” um pacote de cocaína embaixo
da cama do sujeito para dar ares de legalidade à ação arbitrária.
FLAGRANTE ESPERADO
No flagrante esperado a deflagração do processo executório do crime é de
responsabilidade do agente, razão pela qual a prisão é lícita. O flagrante é válido quando a
Polícia, informada sobre a possibilidade de ocorrer um delito, dirige-se ao local, aguardando a
sua execução. Com o início desta, a pronta intervenção dos agentes policiais, prendendo o autor,
configura o flagrante.
O AGENTE INFILTRADO
Agente infiltrado é o funcionário da polícia que, falseando sua identidade, penetra no
âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa forma, desmantelá-la. A
infiltração pressupõe a imersão do agente na organização criminosa, mediante envolvimento
articulado com os membros e adoção de postura estrategicamente complacente com as práticas
criminosas, com o fito de angariar elementos que sirvam de sustentáculo à persecução penal.
A figura jurídica da infiltração de agentes revela-se uma estratégia investigativa, que se
dá mediante prévia autorização judicial e cuja relação com o grupo criminoso é premeditada e
planejada antecipadamente pelo Estado.
O AGENTE PROVOCADOR
O agente provocador tem como característica é o excesso de comportamento interventivo
junto à conduta criminosa de modo a romper com a atuação eminentemente investigativa e
necessariamente neutra, a ponto mesmo de induzir ou instigar a prática do delito. Nesses casos,
o agente provoca o evento e concorre decisivamente para o crime de forma que, ao mesmo
tempo em que encoraja o autor a sua prática, providencia a sua prisão em flagrante.
O agente provocador destoa significativamente do agente infiltrado que, diferentemente,
deve atuar de forma neutra no que concerne às atividades ilícitas exercidas pelo grupo
investigado. Em nenhuma hipótese o agente infiltrado é o responsável pela idealização do
crime, etapa inteiramente atribuída ao grupo em que ele se inseriu. De outro lado, na figura do
agente provocador, distintamente, há uma postura incitadora do crime, o que retira a
neutralidade causal de sua conduta no cometimento da infração.
O agente provocador é figura que deve ser evitada, haja vista deslegitimar toda a
persecução penal por excesso na atuação do policial. Trata-se de ação desautorizada pelo
Estado, que enseja nulidades a atuação estatal e a possível responsabilidade criminal da
autoridade que assim procede (Lei 13.869/2019, Art. 9º, caput).
O AGENTE DISFARÇADO
O agente disfarçado contemplado na Lei 13.964/2019 é referido em quatro momentos
específicos e afigura-se tratar-se de figura jurídica sem precedente no Código de Processo Penal
e na legislação penal.
O agente disfarçado, tal qual o infiltrado, também não é considerado agente provocador
vez que sua atuação não implica em instigação ao delito. Sua atuação é predominantemente
passiva, o que pode ser verificado mediante a hipotética substituição de sua conduta e
constatação acerca do mesmo transcurso causal até o crime.
Importa, porém deixar destacado que o agente disfarçado, tal como concebido pela Lei
13.964/2019 não pode ser confundido com a uma mera “campana policial”, técnica
amplamente utilizada para realização de prisões em flagrante esperado.
O uso de agentes disfarçados difere do flagrante preparado por não motivar e, sim,
flagrar o crime que já estava acontecendo.
O agente se finge de vítima e traz à tona uma prática que já estava acontecendo é bastante
diferente de ensejar a prática criminosa.
Ex.: Alguém que está vendendo drogas em uma festa. O policial vai até ele e diz: “quero
comprar”.
Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau
suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância objeto da
investigação proporcionada pelo disfarce. A investigação realizada pelo agente disfarçado, em razão da
qualificada apreensão de informações proporcionada pelo disfarce, colhe elementos probatórios
razoáveis acerca da conduta criminosa preexistente.
Caso a investigação descarte a conduta criminosa preexistente, ou seja, caso revele tratar-se de
vendedor casual dos produtos ilícitos, não será possível responder pelos crimes especiais criados pela
Lei 13.964/2019. Essa observação é crucial para compreender o instituto como uma aposta na atuação
profissional dos investigadores policiais e não simplesmente como um expediente capaz de levar ao
alargamento de prisões de pessoas desvinculadas da prática de crimes.
O fato de o réu ter ocupação lícita não significa que terá direito, necessariamente, à
minorante do § 4º do art. 33 da LD.
Info. 582, STJ
Quantidade de drogas
O STJ já tem decidido que a apreensão de GRANDE QUANTIDADE DE DROGAS, a
depender das peculiaridades do caso concreto, é circunstância hábil a denotar a dedicação do
acusado a atividades criminosas e, consequentemente, a impedir a aplicação da causa especial
de diminuição da pena, porque indica um maior envolvimento do agente com o mundo do
narcotráfico, ainda que seja primário e não possua maus antecedentes.
STJ 330.858, 05/092016
A quantidade de drogas não constitui isoladamente fundamento idôneo para negar o
benefício da redução da pena STF. 138.138/SP, 29.11.2016
Não significa, contudo, que a grande quantidade de drogas, POR SÍ SÓ, é elemento apto
a afastar o privilégio. É preciso analisar o caso concreto. Para o STF, a quantidade de drogas
não pode, automaticamente, proporcionar o entendimento de que a paciente faria o tráfico
seu meio de vida ou integraria uma organização criminosa.
STF, 138.715, 09/06/2017
“MULAS” DO TRÁFICO
“Mulas”, segundo Cleber Masson, são pessoas recrutadas com a finalidade de promover o
transporte de drogas, é o nome dado à pessoa, geralmente primária e de bons antecedentes
(para que não desperte suspeitas).
Lei 13.964/2019, conhecida como Pacote Anticrime, acrescentou ao Art. 112 da Lei de
Execuções Penais o § 5º que diz que: Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste
artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto
de 2006 (tráfico privilegiado)
O chamado tráfico privilegiado, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº
11.343/2006 não deve ser considerado crime equiparado a hediondo.
STF. Plenário. 118533, 23/6/2016 (Info 831).
Condenado por Tráfico (Art. 35) em concurso com associação (Art. 35)
– incabível a causa de diminuição de pena
É inaplicável a causa especial de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei
nº 11.343/2006 (traficante privilegiado) na hipótese em que o réu tenha sido condenado, na
mesma ocasião, por tráfico (art. 33) e pela associação para o tráfico (art. 35).
Ora, a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 pressupõe que o agente não se
dedique às atividades criminosas. Se o réu foi condenado por associação para o tráfico é porque
ficou reconhecido que ele se associou com outras pessoas para praticar crimes, tendo,
portanto, seu comportamento voltado à prática de atividades criminosas.
STJ, informativo 513
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal
No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada, a respeito de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, crime contra a criança e
adolescente e crimes licitatórios.
Em viagem pela Europa, Ronaldo, primário, de bons antecedentes e não integrante de
organização criminosa, adquiriu quinze cápsulas do entorpecente LSD com o objetivo de obter
lucro capaz de custear as despesas com a viagem. De volta ao Brasil, Ronaldo foi preso em
flagrante quando tentava vender a droga. Nessa situação, caso seja condenado pelo crime
tráfico de entorpecentes, Ronaldo poderá obter a redução da pena de um sexto a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário:
No caso, o agente que cometeu crime de tráfico, se possuir os requisitos da
primariedade, de bons antecedentes, e não se dedicar às atividades criminosas nem
integrar organização criminosa, poderá ter a redução da pena de um sexto a dois
terços. É o chamado Tráfico Privilegiado, previsto no Art. 33, parágrafo 4º da Lei de
Drogas.
Não há crime quando o maquinário é para o USO (cachimbo, papel usado para
confeccionar cigarro).
INFORMATIVO 531 – STJ
QUANDO O TRÁFICO DE DROGAS ABSORVE O CRIME DE TRÁFICO DE
MAQUINÁRIO.
Responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado crime em
concurso com o de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas, previsto no
Art. 34 da Lei 11.343/2006 – o agente que, além de preparar para venda certa quantidade de
drogas ilícitas em sua residência, mantiver, no mesmo local, uma balança de precisão e um
alicate de unha utilizados na preparação das substâncias.
De fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, ameaçada com a
possibilidade de a droga ser produzida, ou seja, tipifica-se conduta que pode ser considerada
como mero ato preparatório. Portanto, a prática do crime previsto no Art. 33, caput, da Lei de
Drogas absorve o delito capitulado no Art. 34 da mesma lei, desde que não fique caracterizada
a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado
de forma distinta.
Deve ficar demonstrada a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos
destinados à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sob pena de a
posse de uma tampa de caneta – utilizada como medidor –, atrair a incidência do tipo penal
em exame. Relevante, assim, analisar se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo
penal em tela. Na situação em análise, além de a conduta não se mostrar autônoma, verifica-
se que a posse de uma balança de precisão e de um alicate de unha não pode ser considerada
como posse de maquinário nos termos do que descreve o Art. 34, pois os referidos
instrumentos integram a prática do delito de tráfico, não se prestando à configuração do crime
de posse de maquinário.
REsp 1.196.334-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/9/2013.
QUANDO O TRÁFICO DE DROGAS NÃO ABSORVE O CRIME DE TRÁFICO DE
MAQUINÁRIO. AUTONOMIA DE CONDUTA SUBSUMIDA AO CRIME DE POSSUIR
MAQUINÁRIO DESTINADO À PRODUÇÃO DE DROGAS.
Responderá pelo crime de tráfico de drogas – Art. 33 da Lei 11.343/2006 – em concurso
com o crime de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas – Art. 34 da Lei
11.343/2006 – o agente que, além de ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em
sua residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local e em grande escala, objetos,
maquinário e utensílios que constituam laboratório utilizado para a produção, preparo,
fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes quantidades.
Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstram verdadeira autonomia das
condutas e inviabilizam a incidência do princípio da consunção.
Sabe-se que o referido princípio tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio
normal para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito visado pelo agente,
situação que fará com que este absorva aquele outro delito, desde que não ofendam bens
jurídicos distintos.
AgRg no AREsp 303.213-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
8/10/2013.
CONSIDERAÇÕES
Exceção pluralística à teoria monista (quem concorre de qualquer forma para a prática do
crime irá responder por ele) na qual foram separadas as tipificações das condutas do traficante
(Arts. 33, caput, e § 1º, e 34) e do seu financiador (Art. 36), já que apesar de concorrer para a
prática do tráfico de drogas o agente não irá responder por ele, mas sim pelo Art. 36.
O financiamento ou custeio só serão típicos se estas ações visarem à prática de qualquer
dos crimes previstos nos artigos Arts. 33, caput, e § 1º, e 34.
SUJEITO ATIVO
Crime Comum. Pune-se o agente que não tem participação direta na execução do tráfico,
limitando-se a fornecer dinheiro ou bens para subsidiar a mercadoria.
NÚCLEOS DO TIPO
Financiar: O agente não tem controle sobre a atividade do tráfico, apenas entrega o
dinheiro.
Custear: Banca as atividades não somente com dinheiro, mas com veículos, bens
móveis, armas.
O STF já teve a oportunidade de considerar suficientemente descrita a denúncia que
imutou ao réu o delito contido no Art. 36 da Lei de Drogas, já que financiaria a associação
criminosa, fornecendo veículos para o transporte das drogas ou para que fossem
negociados.
(...) O paciente foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por financiar
associação voltada para o tráfico ilícito de entorpecentes, fornecendo veículos para que fossem
utilizados para buscar drogas, ou para que fossem negociados. (…)
5. A denúncia descreve suficientemente a conduta do paciente, a qual, em tese, corresponde ao
delito descrito no art. 36 da Lei 11.343/06, já que financiaria a associação criminosa, fornecendo
veículos para o transporte das drogas ou para que fossem negociados.
6. Diversamente do que sustentam os impetrantes, a descrição dos fatos cumpriu,
satisfatoriamente, o comando normativo contido no art. 41 do Código de Processo Penal, estabelecendo a
correlação entre a conduta do paciente e a imputação da prática delituosa.
7. A alegação de que a situação financeira do paciente revelaria a impossibilidade de ter praticado
o delito narrado na denúncia exige, necessariamente, a análise do conjunto fático-probatório, o que
ultrapassa os estreitos limites do habeas corpus.
8. Esta Corte tem orientação pacífica no sentido da incompatibilidade do habeas corpus quando
houver necessidade de apurado reexame de fatos e provas
(HC 89.877/ES, rel. Min. Eros Grau, DJ 15.12.2006).
9. Habeas corpus denegado (HC 98.754, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 11.12.2009, grifos nossos).
STF HC 98.754, 11/12/2009
ELEMENTO SUBJETIVO
Não se pude a conduta culposa; apenas a dolosa.
CONSUMAÇÃO
Há profunda divergência doutrinária para identificação do momento consumativo. Entre
ser crime permanente, habitual ou instantâneo, Renato Brasileiro, Cleber Masson defendem
que o Art. 36 é um crime instantâneo, cuja consumação se verifica em um momento
determinado, sem continuidade do tempo. Assim, se o financiador bancar, em 10 ocasiões
diversas, a aquisição de drogas para comercialização por terceira pessoa, o agente deverá
responder 1º vezes pelo crime.
Não se aplica o Art. 36 para quem financia o USO de drogas. O financiamento do USO de
drogas é caracteriza o como crime do Art. 33 § 2º – Induzimento ao uso de drogas, como auxílio
moral.
QUESTÃO CONTROVERSA: AUTOFINANCIAMENTO
No caso de o agente atuar simultaneamente como traficante e financiador do delito
(exemplo: “A” financia a aquisição de uma tonelada de cocaína para ser comercializada por “B”,
e também auxilia na importação da substância e no seu transporte até este último), o legislador
previu expressamente a causa de aumento de pena prevista no Art. 40.
O agente que atua diretamente na traficância – executando, pessoalmente as
condutas tipificadas no art. 33 – e que também financia ou custeia a aquisição de
drogas, deve responder pelo crime previsto no art. 33 com a incidência da causa de
aumento de pena prevista no art. 40 inciso VII, afastando o crime do art. 36.
STJ HC306.136, 19/11/2015
NÚCLEOS DO TIPO
Induzir – Fazer brotar a ideia.
Instigar – Reforçar uma ideia já preexistente.
Auxiliar – Facilitação material. A conduta de auxiliar deve ser compreendida como
ajuda real no sentido de oferecer ao usuário não a droga propriamente dita
(tráfico), e sim os meios necessários à sua utilização, tais como local para o uso
da droga ou o instrumento que permita o efetivo uso.
Exemplo: emprestar cachimbo para uso do crack.
Enquanto a indução e a instigação estão no campo moral, o auxílio está no campo
material.
Exemplo: O agente que empresta o carro para que outrem procure um local de venda
de droga.
O auxílio não pode abranger o fornecimento da droga.
SUBSIDIARIEDADE
É delito subsidiário: se o autor oferece droga, não será auxílio, será tráfico, Art. 33.
SUJEITO PASSIVO
Deve ser pessoa DETERMINADA. Alguém específico. Não caracteriza o induzimento, na
instigação ou no auxílio ao uso indevido da droga de natureza genérica, ou seja, voltado a
pessoas indeterminadas, sem prejuízo de eventual caracterização de incitação ao crime (CP,
Art. 286) ou apologia ao crime (CP, Art. 287).
CONSUMAÇÃO
Crime material: para a consumação depende da prática do comportamento principal – o
uso indevido da droga pelo terceiro, sendo efetivamente consumida.
MARCHA DA MACONHA
em
vista que a liberdade de expressão e manifestação de pensamento é consagrada na CF, bem
como só existe o referido quando as condutas são destinas a pessoa determinada, não a uma
multidão.
Oferta gratuita;
Oferecer: Se for “vender”, é tráfico.
Consumo compartilhado:
A droga deve ser destinada ao consumo conjunto. (Finalidade específica)
SUJEITO ATIVO
Crime próprio: Somente pode ser cometido por quem mantenha algum tipo de
relacionamento com o destinatário da droga ofertada.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo + dolo específico (consumir juntos).
CONSUMAÇÃO
Crime formal, de consumação antecipada. Consuma-se com a conduta de oferecer a droga
nas condições descritas no tipo, prescindindo-se tanto da aceitação como do consumo
compartilhado (exaurimento). Basta que a ação seja destinada a esta finalidade.
Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de
Justiça – Matutina
Para a configuração do crime de oferecimento de droga para consumo conjunto, tipificado
no Art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prática da conduta mediante o dolo
“específico”.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A droga deve ser destinada a consumo conjunto, que constitui a
especial finalidade no agir (dolo específico). Em outras palavras, a oferta da droga
destina-se a essa finalidade. Não é necessário que o consumo efetivamente ocorra,
mas é imprescindível que a droga seja destinada a esse fim.
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal
Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com Carla, sua parceira eventual,
substância entorpecente que traga consigo para uso pessoal, julgue o item que se segue.
A conduta de Carlo configura crime de menor potencial ofensivo.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A pena máxima prevista para a conduta de Carlo é de 01 ano de
detenção, sendo considerada uma infração penal de menor potencial ofensivo, nos
termos do Art. 61 da Lei 9.099/95:
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo
Julgue o próximo item, referente às penas e aos crimes de abuso de autoridade e de tráfico
ilícito de entorpecentes.
No processamento do crime de tráfico de substâncias entorpecentes, é vedada, em
qualquer hipótese, a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de
direitos.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Parágrafo 4º do Art. 33 da Lei de Drogas que vedava a
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos foi REVOGADO,
agora é penalmente possível que ocorra tal substituição.
SUJEITO ATIVO
Crime Comum. Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo são aqueles em que
o tipo penal reclama da pluralidade de agentes para sua caracterização.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo + dolo específico (para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
praticados nos artigos 33, caput e 34 da lei).
A característica é a estabilidade e o vínculo que une os agentes, mesmo que nenhum
crime por eles planejado venha a se concretizar.
Exige-se o dolo de se associar com permanência e estabilidade para a
caracterização do crime de associação para o tráfico, previsto no art. 35 da Lei n.
11.343/2006. Dessa forma, é atípica a conduta se não houver ânimo
associativo permanente (duradouro), mas apenas esporádico (eventual)
STJ, informativo 509
Para a caracterização do crime de associação para o tráfico é imprescindível o
dolo de se associar com estabilidade e permanência, sendo que a reunião
ocasional de duas ou mais pessoas não se subsome ao tipo do art. 35.
STJ HC354.109, 22/09/2016
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
É crime formal, de consumação antecipada. Consuma-se quando se concretiza a
convergência de vontades, independentemente da ulterior realização do fim visado pelos
agentes. É um crime permanente.
Crime autônomo, que independe da concretização ou não do tráfico.
Exemplo: A e B se associam para praticar tráfico de drogas, eles incorrerão no tipo
associação para o tráfico (Art. 35), ainda que não consigam traficar. Se conseguirem,
responderão pelo Art. 35 e pelo Art. 33, em concurso material. São bens jurídicos tutelados
diferentes.
O crime de associação para o tráfico não admite tentativa, pois se trata de um crime
obstáculo. Segundo Cleber Masson, crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios
tipificados como crime autônomo pelo legislador.
CARACTERÍSTICAS DO TIPO
Segundo Cleber Masson, foram separadas as condutas do traficante de drogas integrante
de grupo, organização ou associação e da pessoa que, na condição de informante, colabora para
a sua atividade. Por isso, é mais uma exceção pluralista à teoria monista.
O informante não integra o grupo, organização ou associação, pois se integrasse ele
responderia pelo Art. 35 da Lei de Drogas.
Atenção: Nem toda colaboração é englobada pelo Art. 37. A colaboração material
normalmente acarreta verdadeiro auxílio ao narcotráfico, fazendo com que o colaborador seja
considerado partícipe do tráfico de drogas.
A colaboração que rende ensejo ao Art. 37 é a que se opera por meio da PRESTAÇÃO DE
INFORMAÇÕES, tal como ocorre quando o agente contribui para a propagação do tráfico, na
função popularmente conhecida como “olheiro”.
EVENTUALIDADE
O crime do Art. 37 é de natureza subsidiária, somente se verificando se a conduta do
informante ocorrer de forma esporádica. Se o informante for um colaborador permanente,
seu enquadramento típico migrará do Art. 37 para o Art. 35 (associação para o tráfico)
CONSUMAÇÃO
Crime formal.
TRANSNACIONALIDADE
A origem ou destino da droga ultrapassam a barreira nacional, não necessariamente indo
ou vindo de outro país. Podendo ser de uma embarcação em alto mar.
CONSUMAÇÃO
Consuma-se com a prova da destinação internacional da droga.
A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I) configura-se com a prova da
destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.
Súmula 607, STJ, 17/04/2018
COMPETÊNCIA
Além do tráfico internacional, o tráfico interestadual também é causa de aumento de pena.
Nessa linha, cumpre destacarmos que o tráfico transnacional é crime de competência da
Justiça Federal (o tráfico interestadual não é de competência da Justiça Federal. A Polícia
Federal pode investigar o tráfico interestadual, mas não se trata de crime federal).
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a
37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da
competência da Justiça Federal.
Nos casos de tráfico transnacional, se o delito for cometido em Município que não
seja sede de vara federal, o processamento sedará na vara federal da
circunscrição respectiva.
Remessa de droga do exterior para o Brasil:
Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela
via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
STJ, Súmula 528
SUJEITO ATIVO
II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou
no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou
vigilância;
Trata-se de situação em que o agente abusa de sua função pública, da sua missão de
educação, poder familiar, guarda ou vigilância. Nessa hipótese, a reprovabilidade deve ser mais
acentuada.
- Agente pratica o crime prevalecendo-se de sua função pública;
- Agente pratica o crime no desempenho de missão de educação;
- Agente pratica o crime no exercício do poder familiar, guarda ou vigilância.
Não basta, para incidir a majorante, seja o crime praticado pelo funcionário público. Ele
deve praticar o delito prevalecendo-se da função pública. É valer-se da função pública.
Por função pública, segundo Renato Brasileiro, compreende-se toda atividade
desempenhada com o objetivo de consecução de finalidades próprias do Estado, por meio
daquele que exerce cargo, emprego ou função pública, nos termos do Art. 327 do Código Penal.
Exercem função pública todos aqueles que prestam serviços ao Estado e às pessoas
jurídicas da Administração indireta, aí incluídos os agentes políticos, os servidores públicos,
assim como os particulares em colaboração com o Poder Público.
LOCAIS DO CRIME
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações
de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes
de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de
recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer
natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos.
É desnecessário que a infração seja cometida nas dependências das localidades que
indica. Basta a prática das infrações nas imediações dos respectivos locais.
Transporte público:
A utilização de transporte público com a única finalidade de levar a
droga ao destino, de forma oculta, sem o intuito de disseminá-la entre os
passageiros ou frequentadores do local, não implica a incidência da causa
de aumento de pena do inciso III do artigo 40 da Lei 11.343/2006
STJ, informativo 547
MODO DE EXECUÇÃO
IV - O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,
emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação
difusa ou coletiva;
Deve-se ter em vista que se o emprego da violência ou grave ameaça consistir em crime
autônomo, não incidirá a causa de aumento de pena, uma vez que senão haveria o bis in idem
(punir o mesmo fato mais de uma vez).
Assim, contemplamos que em regra, o tráfico de drogas não é cometido com emprego de
violência ou grave ameaça, porém, quando isso acontecer será considerado causa de aumento
de pena.
Acerca do emprego da arma de fogo, existe uma controvérsia sobre a existência ou
não de concursos de crimes entre a infração penal (Arts. 33 a 37) com a causa de
aumento de pena (modo de execução), e os delitos de porte ilegal de arma de fogo.
Há doutrina que concurso de crimes configura bis in idem, e outra parte afirma
que deve haver o concurso material.
TRÁFICO INTERESTADUAL
V - Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes
e o Distrito Federal;
Não é necessário que ocorra a transposição das fronteiras, basta que as circunstâncias
demostrem que iria ocorrer.
Para a configuração do tráfico interestadual de drogas (art. 40, V, da Lei
11.343/2006), não se exige a efetiva transposição da fronteira, bastando a
comprovação inequívoca de que a droga adquirida num estado teria como destino
outro estado da Federação
STF HC 115.893/MT, 2013
SUJEITO PASSIVO
VI - Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente
ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a
capacidade de entendimento e determinação;
Questiona-se: Como fica a incidência dessa majorante diante do crime de corrupção de
menores (art. 244-B do ECA)?
Nos crimes dos Arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, quando o agente pratica o delito juntamente
com um menor, não é possível aplicar o crime de corrupção de menores, pois essa causa de
aumento da pena do Art. 40, VI, é incompatível com o crime do Art. 244-B do ECA, incidindo
aqui o princípio da especialidade. A norma especial exclui a incidência da norma geral.
Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não
estar previsto nos Arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo
crime de corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um
desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito,
mas apenas a majoração da sua pena com base no Art. 40, VI, da Lei n.
11.343/2006. Por sua vez, para incidir a majorante do Art. 40, VI, da Lei de Drogas,
faz-se necessário que, ao praticar os delitos previstos nos Arts. 33 a 37, o réu envolva
ou vise atingir criança, adolescente ou quem tenha capacidade de entendimento e
determinação diminuída. Não se compartilha do entendimento no sentido de que, se
a criança ou adolescente já estiverem corrompidos, não há falar em corrupção de
menores e de que responde o agente apenas pelo crime de tráfico majorado, pois,
de acordo com o entendimento do STJ, é irrelevante a prova da efetiva corrupção do
menor para que o acusado seja condenado pelo crime do ECA. A solução deve ser
encontrada no princípio da especialidade. Assim, se a hipótese versar sobre
concurso de agentes envolvendo menor de dezoito anos com a prática de qualquer
dos crimes tipificados nos Arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, afigura-se juridicamente
correta a imputação do delito em questão, com a causa de aumento do Art.
40, VI.
STJ, 22.11.2016, informativo 595
AUTOFINANCIAMENTO
VII: o agente financiar ou custear a prática do crime.
Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do Art. 33:
Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do Art.
33:
Responderá apenas pelo art. 33 + art. 40, VII da Lei de Drogas (não será
condenado pelo art. 36).
STJ, 17/12/2013 (Info 534).
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Escrivão de Polícia Federal
Julgue o próximo item, a respeito das Leis 13.445/2017, 11.343/2006, 8.069/1990 e suas
alterações.
Em caso de prisão por tráfico de drogas ilícitas, o juiz não poderá substituir a pena
privativa de liberdade por restritiva de direito.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: A vedação da conversão da pena do tráfico privilegiado em penas
restritivas de direitos foi declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle
difuso, e teve sua eficácia suspensa pela Resolução nº 5/2012 do Senado Federal.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: Perito Criminal Federal
Em um aeroporto no Rio de Janeiro, enquanto estava na fila para check-in de um voo com
destino a um país sul-americano, Fábio, maior e capaz, foi preso em flagrante delito por estar
levando consigo três quilos de crack. Nessa situação, ainda que não esteja consumada a
transposição de fronteiras, Fábio responderá por tráfico transnacional de drogas e a
comprovação da destinação internacional da droga levará a um aumento da pena de um sexto
a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Súmula 607/STJ - De acordo com a qual: A majorante do tráfico
transnacional de drogas (Art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova
da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de
fronteiras.
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal
Tendo como referência as disposições da Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/2006) e a
jurisprudência pertinente, julgue o item subsecutivo.
Situação hipotética: José, ao comercializar cocaína em espaço público, foi preso em
flagrante. Apesar de ele ser primário, o juiz sentenciante não aplicou a causa de diminuição de
pena referente ao denominado tráfico privilegiado, sob o argumento de que o réu se dedicava
a atividades criminosas, conforme evidenciado por inquéritos e ações penais em curso nos
quais José figurava como indiciado ou réu. Assertiva: Nessa situação, de acordo com a
jurisprudência do STJ, o juiz feriu o princípio constitucional da presunção de inocência.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais
em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas,
de modo a afastar o benefício legal previsto no Art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1431091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
14/12/2016 (Info 596).
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal
Tendo como referência as disposições da Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/2006) e a
jurisprudência pertinente, julgue o item subsecutivo.
Segundo o entendimento do STJ, em eventual condenação, o juiz sentenciante não poderá
aplicar ao réu a causa de aumento de pena relativa ao tráfico de entorpecentes em transporte
público, se o acusado tiver feito uso desse transporte apenas para conduzir, de forma oculta,
droga para comercialização em outro ambiente, diverso do transporte público.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: O Art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de aumento
de pena o fato de a infração ser cometida em transportes públicos.
Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro
do meio de transporte, NÃO incidirá essa majorante.
A majorante do Art. 40, III, da Lei n.º 11.343/2006 somente deve ser aplicada
nos casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga em seu
interior. É a posição majoritária no STF e STJ. STF. 1ª Turma. HC 122258-MS, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 19/08/2014. STF. 2ª Turma. HC 120624/MS, Red. p/
o acórdão, Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 3/6/2014 (Info 749). STJ. 5ª
Turma. AgRg no REsp 1.295.786-MS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
18/6/2014 (Info 543). STJ. 6ª Turma. REsp 1443214-MS, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 22/09/2014.
CARACTERÍSTICAS DO TIPO
Cuida-se de crime de perigo concreto, isto é, a situação de perigo deve ser provada no
caso concreto, pois o tipo diz: (...) expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Ou seja,
se o agente conduzir embarcação ou aeronave após consumo de drogas e não expor dano
potencial a incolumidade de outrem não será crime. Deve ser analisado o caso concreto.
A embarcação poderá ser de qualquer porte. Não precisa ser um navio.
FORMA QUALIFICADA
Se o veículo dor de transporte coletivo de passageiros.
CONSUMAÇÃO
Crime formal, de consumação antecipada. Consuma-se com a condução anormal da
embarcação ou aeronave, após o uso de droga, com potencial para causar dano à incolumidade
de outrem, ainda que nenhum dano venha a ser efetivamente causado.
COMPETÊNCIA
A Constituição Federal estipula que aos juízes federais compete processar e julgar os
crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves. Portanto, o crime do Art. 39 da Lei de Drogas
e de competência da JUSTIÇA FEDERAL quando praticado com o uso de aeronave, mas não se
pode automaticamente dizer no tocante à embarcação. A CF menciona NAVIO, e é menos
abrangente que embarcação.
COLABORAÇÃO PREMIADA
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com
a investigação policial e o processo criminal na identificação dos
demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou
parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena
reduzida de um terço a dois terços.
➢
➢
- identificação dos demais envolvidos;
- recuperação de algum produto do delito (total ou parcial).
INAFIANÇÁVEIS
Crimes hediondos
Equiparados a hediondos (TTT)
Racismo
Ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado de
direito.
Liberdade Provisória Vedada: não existe. É inconstitucional qualquer lei que proíba
o juiz de conceder a liberdade provisória, quando ausentes os motivos autorizadores
da prisão preventiva, pouco importando a gravidade ou a natureza do crime
imputado.
Liberdade Provisória Permitida: ocorre nas hipóteses em que não couber prisão
preventiva. Pode ser concedida com ou sem fiança ou medida cautelar diversa.
PRISÃO TEMPORÁRIA
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta
Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia
e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em
restritivas de direitos.
INIMPUTABILIDADE E SEMI-IMPUTABILIDADE
Art. 45. É ISENTO DE PENA o agente que, em razão da dependência,
ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga,
era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por
força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste
artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.
Art. 46. As penas podem ser REDUZIDAS DE UM TERÇO A DOIS
TERÇOS se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta
Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que
ateste a necessidade de encaminhamento do agente para
tratamento, realizada por profissional de saúde com competência
específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda,
observado o disposto no art. 26 desta Lei.
INIMPUTABILIDADE
O Art. 45 adorou o CRITÉRIO PSICOLÓGICO em relação ao cometimento do fato sob o
efeito de droga, proveniente de caso fortuito ou força maior. Nesse caso, pouco
importa se o indivíduo apresenta ou não dependência química.
Será inimputável ao se mostrar incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento, em razão da ingestão involuntária
do entorpecente, por ignorância (caso fortuito) ou coação (força maior).
É uma excludente de culpabilidade (inimputabilidade).
SEMI-IMPUTABILIDADE
As causas biológicas da semi-imputabilidade são as mesmas da inimputabilidade
(dependência de droga ou sua ingestão involuntária ou por coação), mas a
consequência psicológica não se verificou por inteiro, pois o agente manteve
parcialmente, a sua capacidade de entender.
É uma causa de diminuição de pena, sem prever espaço para sua conversão em
medida de segurança.
DA INVESTIGAÇÃO
LAVRATURA DO APF
Art. 50. Ocorrendo PRISÃO EM FLAGRANTE, a autoridade de polícia
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
PRAZOS DO INQUÉRITO
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se o
indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto.
PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes
previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei,
MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e ouvido o Ministério
Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Meio especial de obtenção de prova em que um ou mais agentes de polícia
ingressam, ainda que virtualmente, no seio da narcotraficância ou em determinada
organização criminosa, forjando a condição de integrante, com o escopo de alcançar
informações a respeito do funcionamento do crime e de seus membros.
Necessária AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
AÇÃO CONTROLADA
Normalmente, chamada a FLAGRANTE RETARDADO, POSTERGADO, DIFERIDO.
A não atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos
ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território
brasileiro.
Finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
Necessária AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
AUTORIZAÇÃO: Concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a
identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
INTERROGATÓRIO DO RÉU
Novidade: o interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução.
O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução.
O Art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da
instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada:
- nos processos penais militares;
- nos processos penais eleitorais; e
- em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex.: Lei de Drogas).
Contudo, o CPP, desde 2008, passou a prever que o interrogatório do acusado é o último
ato da instrução, observe:
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no
prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de
declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no
art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
se, em seguida, o acusado.
O que é mais favorável ao réu: ser interrogado antes ou depois da oitiva das testemunhas?
Depois. Isso porque após o acusado ouvir o relato trazido pelas testemunhas poderá decidir a
versão dos fatos que irá apresentar. Se, por exemplo, avaliar que nenhuma testemunha o
apontou como o autor do crime, poderá sustentar a negativa de autoria ou optar pelo direito ao
silêncio. Ao contrário, se entender que as testemunhas foram sólidas em incriminá-lo, terá
como opção viável confessar e obter a atenuação da pena.
Dessa feita, a regra do Art. 400 do CPP é mais favorável ao réu do que a previsão do Art.
57 da Lei nº 11.343/2006.
Diante dessa constatação, e pelo fato de a Lei nº 11.719/2008 ser posterior à Lei de
Drogas, surgiu uma corrente na doutrina defendendo que o Art. 57 foi derrogado e que, também
no procedimento da Lei nº 11.343/2006, o interrogatório deveria ser o último ato da audiência
de instrução. Essa tese foi acolhida pela jurisprudência? SIM.
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o Art.
400 do CPP, é aplicável:
- aos processos penais militares;
- aos processos penais eleitorais; e
- a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex.: Lei de Drogas).
STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
3/3/2016 (Info 816).
Vale ressaltar que, antes deste julgamento (HC 127900/AM), o entendimento que
prevalecia era outro. Por conta disso, o STF, por questões de segurança jurídica, afirmou que a
tese fixada (interrogatório como último ato da instrução em todos os procedimentos penais) só
se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata deste julgamento, ou seja, do dia
11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais militares, eleitorais
e da Lei de Drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido o primeiro ato da
instrução.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal
Em diligência com o objetivo de combater o tráfico internacional de entorpecentes,
policiais federais localizaram uma plantação de maconha, onde encontraram equipamentos
utilizados para embalar a droga. No local, foram apreendidos dinheiro e veículos e foram presas
cinco pessoas que se encontravam na posse dos bens e cuidavam da plantação.
Nessa situação hipotética, independentemente de autorização judicial, a autoridade
policial deverá proceder de forma a garantir a imediata destruição da plantação — que poderá
ser queimada —, devendo preservar apenas quantidade suficiente da droga para a realização
de perícia.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Conforme estudando, as plantações ilícitas (Art. 32) devem ser
destruídas imediatamente pelo Delegado de Polícia. Fique atento à tabela que
criamos!
QUESTÕES RELEVANTES
POLÍCIA PODE FAZER BUSCAS POR CAUSA DE CHEIRO DE
MACONHA?
A Sexta Turma do Supremo Tribunal Justiça (STJ) decidiu que policiais podem fazer
buscas caso tenham sentido “forte odor de maconha” mesmo se não tiverem um mandado para
isso.
A decisão foi tomada de maneira monocrática no início de fevereiro com base em um caso
ocorrido em São Paulo. Na ocasião, agentes da polícia militar abordaram Derek Araujo dos
Santos Furtado na rua. Como ele não portava documentos, os agentes o acompanharam até sua
casa e lá sentiram um forte cheiro de maconha. Ao fazer buscas no imóvel, encontraram 667
porções de crack, 1.605 invólucros de maconha, 1.244 de cocaína e 35 frascos de lança-perfume.
A defesa de Furtado alega que houve ilegalidade na ação já que os policiais não possuíam
um mandato de busca e apreensão e só tiveram conhecimento das substâncias entorpecentes
depois de entrarem na residência. HC 423.838
É pacífico nesta Corte Superior o entendimento de que, tratando-se de
flagrante por crime permanente, no caso, por tráfico de drogas, desnecessário
tanto o mandado de busca e apreensão quanto a autorização para que a
autoridade policial possa adentrar no domicílio do paciente, conforme previsto no 5º,
XI, da CF. [...] 8. Habeas corpus não conhecido.
HC n. 352.811/SP, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, 1/8/2016
REVISTA ÍNTIMA
STJ
Não viola o princípio da dignidade da pessoa humana a revista íntima
realizada conforme as normas administrativas que disciplinam a atividade
fiscalizatória, quando houver fundada suspeita de que o visitante esteja
transportando drogas ou outros itens proibidos para o interior do estabelecimento
prisional.
HC 460234/SC, 20/09/2018
1687496/RS, 27/03/2018
1696487/RS, 26/03/2018
1523735/RS, 26/02/2018
HC 381593/RS, 19/05/2017
HC 238973/SP, 05/09/2012
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. São Paulo: Saraiva, 2019.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Arma de fogo encontrada em caminhão configura porte de
arma de fogo (e não posse). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e9cec1f5830564591
11d63e24f3b8ef>. Acesso em: 23/02/2020.
LOPES JR, Aury. Lei 13.491/2017 fez muito mais do que retirar os militares do tribunal do
júri, disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-out-20/limite-penal-lei-134912017-
fez-retirar-militares-tribunal-juri
SOUZA, Renee do Ó; CUNHA, Rogério Sanches; HOLMES LINS, Caroline de Assis e Silva. A nova
figura do agente disfarçado prevista na Lei 13.964/2019, em 27 de dezembro de 2019.
Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-
agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de
violação dos direitos humanos.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Inicialmente, destaca-se que a Lei 11.340/2006 possui inúmeras finalidades.
Não se trata de uma lei estritamente penal, possui dispositivos relacionados à segurança
pública, cria mecanismos de proteção à mulher, traz elementos de natureza cível, por isso se
diz que é uma lei multidisciplinar abordando vários ramos do Direito.
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226
da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela
República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece
medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.
Trata-se de norma que criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e
familiar contra a mulher. Essa norma busca fundamento no Art. 226, ß8º, da CF, e em diversos
diplomas internacionais. A nossa Constituição estabelece:
Art. 226, § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa
de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a
violência no âmbito de suas relações.
A Lei, já no seu início, reitera os direitos e garantais fundamentais das mulheres,
afirmando que deve ser assegurada uma vida digna, livre de qualquer violência. Para que isso
seja assegurado, o Poder Assim, podemos concluir que as finalidades da Lei Maria da Penha são:
⮚ Criação de mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher;
⮚ Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
⮚ Estabelecer medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.
Além disso, a Lei Maria da Penha deixa claro que esse dever não é apenas do Estado, mas
constitui o da família e da sociedade.
É importante compreender bem as definições trazidas pela lei no que se refere à violência
doméstica e familiar contra a mulher. Essa violência consiste numa ação ou omissão baseada
no gênero.
SUJEITO ATIVO
O agressor pode ser tanto um homem quanto uma mulher, nos termos do Art. 5º,
parágrafo único, da Lei 11.340/2006:
O STJ já decidiu que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada mesmo que não tenha havido
coabitação, e mesmo quando as agressões ocorrerem quando já se tiver encerrado o
relacionamento entre as partes, desde que guardem vínculo com a relação anteriormente
existente.
O NAMORO é uma relação íntima de afeto que independe de coabitação; portanto,
a agressão do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o
relacionamento, mas que ocorra em decorrência dele, caracteriza violência doméstica
(CC 96.532/MG, DJe 19/12/2008).
STJ. 5ª Turma. RHC 42092/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/03/2014.
STJ. 6ª Turma. HC 178751/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 21/05/2013.
Precedentes citados:
HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe 28/6/2013
HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013.
HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, 6/11/2014.
SUJEITO PASSIVO
O Art. 5º da Lei 11.340/2006 determina que, para seus efeitos, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero, que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, psíquico, sexual e dano moral ou patrimonial, praticada no âmbito da unidade
doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto.
Em um primeiro momento, diante desse conceito de violência doméstica e familiar contra a
mulher, pode-se afirmar que o sujeito passivo do crime é somente a mulher que tenha sido vítima de
agressão decorrente de violência doméstica e familiar.
Para a doutrina e jurisprudência esmagadoramente majoritárias, a Lei Maria da Penha criou um
microssistema protetivo específico para as mulheres, acatando que o sujeito passivo se trata,
exclusivamente, da mulher (esposa, amante, namorada, mãe, avó, sogra, irmã).
● Aplicação da Maria da Penha a travestis e transexuais.
Destaca-se que o STJ reconheceu que uma figura pública também pode ser vítima de
violência doméstica e familiar.
JURISPRUDÊNCIA
Precedentes:
HC 277561/AL, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 06/11/2014
HC 250435/ RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 19/09/2013
CC 88027/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, 05/12/2008
RHC 046278/AL, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, 09/06/2015, (INFORMATIVO 551)
Precedentes:
1430724/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
17/03/2015,
HC 181246/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, 20/08/2013,
CC 96533/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, 05/12/2008
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Para aplicação da Lei Maria da Penha, vimos que são necessários requisitos. Dentre eles,
que seja uma violência doméstica ou familiar contra mulher baseada no gênero que cause
morte, lesão, sofrimento físico, sofrimento sexual, sofrimento psicológico, dano moral ou dano
patrimonial:
II - No âmbito da família
Compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa.
Critério adotado pelo legislador foi o vínculo familiar que pode decorrer de laços naturais,
vontade expressa ou afinidade.
VIOLÊNCIA FÍSICA
É entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
Uma das formas de violência psicológica é a ameaça.
Não se exige formalidade na representação.
A violência psicológica é entendida como qualquer conduta que lhe cause:
⮚ dano emocional e diminuição da autoestima;
⮚ que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento;
⮚ que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de
sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir;
⮚ qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação.
VIOLÊNCIA SEXUAL
Qualquer conduta que:
⮚ a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não
desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
⮚ que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade;
⮚ que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem,
suborno ou manipulação;
⮚ que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
VIOLÊNCIA PATRIMONIAL
Qualquer conduta que:
⮚ configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
VIOLÊNCIA MORAL
⮚ Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Precedentes:
700718/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
30/06/2015
700745/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 30/06/2015
HC 320816/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
09/06/2015
O enunciado da Súmula 588 STJ, diz não ser possível a conversão de pena restritiva
de direitos para crimes cometidos contra mulheres no ambiente doméstico.
O Art. 44, I, CP, prevê que não é possível a conversão da pena privativa de liberdade
em pena restritiva de direitos em crimes cometidos com violência ou grave ameaça
contra à pessoa. Sendo assim, o Art. 17 da Lei Maria da Penha, 11.340/06, possui as
sanções e a proibição de conversão das penas.
A mulher vítima de violência doméstica muitas vezes precisa ser retirada rapidamente do
convívio do agressor. Esse afastamento, entretanto, pode implicar em prejuízos à vítima, e as
medidas previstas no §2º têm o condão de diminuir essas consequências danosas, pelo menos
no que tange aos vínculos de trabalho.
Caso a mulher seja servidora pública, o juiz deve determinar acesso prioritário à
remoção, que nada mais é do que a mudança do local de trabalho da servidora.
Caso se trate de empregada, a lei autoriza o juiz a determinar a manutenção do vínculo
trabalhista pelo período de até 6 meses. A doutrina tem-se posicionado no sentido de que o
afastamento deve contemplar também a remuneração, pois de nada adiantaria a vítima manter
seu vínculo empregatício se não tiver como se sustentar.
Entretanto, não há nenhuma regra a respeito da responsabilidade pelo pagamento dos
salários, e nem existe ainda benefício assistencial específico para essa finalidade.
A Lei Maria da Penha protege a mulher com relação à sua liberdade no uso de sua
capacidade reprodutiva. São considerados sexualmente violentos os atos que impedirem o
acesso da mulher a métodos contraceptivos.
A proteção conferida pelo §3º à mulher vítima de violência exige a coordenação de
diversos níveis no âmbito governamental e não governamental, possibilitando a garantia de
direitos fundamentais.
A Lei 13.871/19 acrescentou três parágrafos ao artigo 9º da Lei 11.340/06 e traz ao autor
de violência doméstica ou familiar a obrigação de ressarcir todos os danos causados por suas
condutas, como, por exemplo, os gastos da vítima com médico particular.
Mas não é só isso: o autor de violência doméstica ou familiar também será obrigado ao
ressarcimento dos gastos com o SUS. Nesse último caso, o Estado poderá cobrar do agressor os
valores gastos para o tratamento da vítima, e os recursos obtidos serão destinados ao ente da
federação que prestou o serviço de saúde.
Ainda segundo a nova lei, o autor de violência doméstica ou familiar terá a obrigação de
ressarcir os gastos relativos aos equipamentos de monitoramento e segurança, a exemplo do
botão de pânico, usado para acionar a polícia, em caso de perigo representado pelo agente.
Continua a lei dizendo que a obrigação de ressarcimento por parte do autor de violência
doméstica ou familiar não pode atingir o patrimônio da mulher e dos seus dependentes, ou seja,
o dinheiro vai ter que sair do bolso do agente. Além disso, a lei proíbe que os ressarcimentos
sejam usados como atenuantes ou para fins de substituição da pena.
Por fim, é importante lembrar que a obrigação de ressarcimento por parte do autor de
violência doméstica ou familiar não depende do trânsito em julgado de eventual condenação.
Em outras palavras, ele pode ser acionado na esfera cível, sem necessidade de aguardar o
resultado na esfera penal.
No dia 9/10/2019 foi publicada a Lei n. 13.882/2019 que alterou a Lei Maria da Penha,
incluindo a garantia de matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência em instituição
de educação básica mais próxima de seu domicílio.
O dispositivo modificado por o Art. 9º, que prevê que a mulher vítima de violência
doméstica deverá receber a devida assistência a ser prestada nos âmbitos:
⮚ da saúde;
⮚ da assistência social; e
⮚ da segurança pública.
Na realidade foi incluído no Art. 9º o § 7º, que prevê que a mulher vítima da violência
doméstica terá prioridade para matricular ou para transferir seus filhos ou outros dependentes
para escolas próximas de seu domicílio.
Ainda que não haja vaga na escola próxima, o dependente da vítima terá direito de ser
matriculado como um excedente, aguardando o surgimento posterior de nova vaga. Isso
significa que a escola não poderá recusar a matrícula, quando estiverem presentes as condições
que permitam identificar a situação da mãe como vítima de violência doméstica e familiar.
Um ponto interessante a ser mencionado é que a nova garantia estabelecida pela Lei Maria
da Penha alcança apenas a educação básica, constituída pela Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio.
Além disso, a informação de que o aluno foi transferido ou matriculado em razão de
violência doméstica sofrida por sua mãe deverá permanecer em sigilo, sendo de conhecimento
apenas do Juiz, do Ministério Público e dos órgãos competentes do poder público.
A mulher que esteja em situação de violência doméstica e familiar tem o direito de receber
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores
previamente capacitados. Os servidores responsáveis por esse atendimento deverão ser
preferencialmente do sexo feminino. O aluno deve estar atendo… preferencialmente não é
exclusivamente!
A Lei 13.880, de 08 de outubro de 2019, altera a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) para
prever a apreensão de arma de fogo sob posse de agressor em casos de violência doméstica.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será
comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo,
sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo
dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
A atualização conferida por meio da lei nª 13.827 de 13 de maio de 2019 onde se afirma
que, verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da vítima, o
agressor poderá ser imediatamente afastado do lar pela autoridade judicial; ao delegado
de polícia quando o Município não tiver sede de comarca ou ao policial quando o Município não
for sede de comarca e não houver delegado de polícia disponível no momento da denúncia.
Por um lado, a abertura dada pela lei aos delegados e policiais representa um avanço no
que tange à capacidade de reação das instituições garantidoras da integridade física, psicológica
e patrimonial das mulheres tornando o afastamento do lar mais eficaz em situações de conflitos
ou agressões.
Por outro lado, verifica-se um ponto polêmico uma vez que qualquer policial, às vezes,
sem o devido conhecimento jurídico da lei, é capaz de afastar o agressor do lar ou do convívio
sem ponderar corretamente as circunstâncias dos fatos como fosse ponderadas por um
magistrado. Gerou-se superficialmente o questionamento de que haveria inconstitucionalidade
por usurpação de jurisdição por parte do policial, civil ou militar, ao aplicar a medida protetiva
de afastamento do convívio contra o agressor (NUCCI, 2019).
De acordo com o doutrinador Guilherme de Souza Nucci:
DOS PROCEDIMENTOS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e
criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo
Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao
adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta
Lei.
A Lei 13.894/19 alterou a Lei Maria da Penha para dispor sobre assistência judiciária
para divórcio, separação, anulação de casamento ou dissolução de união estável.
Entraram em vigor na data de 30/10/2019 três alterações na Lei 11.340/06, todas
relativas à assistência judiciária para o ajuizamento de ação de separação judicial, de divórcio,
de anulação de casamento ou de dissolução de união estável.
Uma delas diz respeito ao Art. 9º, cujo § 2º passa a contar com o inciso III, segundo o qual
o juiz deve assegurar à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para
preservar sua integridade física e psicológica, o encaminhamento à assistência judiciária,
quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo
competente.
A Lei 13.894/19 passa a estabelecer uma espécie de assistência jurídica que possibilite
à vítima de violência doméstica e familiar adotar imediatamente as providências para se
separar, dissolver ou anular o vínculo matrimonial ou dissolver a união estável.
Atenção ao que pode ser uma pegadinha de prova! Para facilitar o acesso ao Poder
Judiciário, a mulher vítima de violência tem a opção de buscar o Juizado que seja mais próximo
de sua residência, do local em que ocorreu o ato de violência, ou ainda do domicílio do agressor.
Essa opção, entretanto, diz respeito apenas no que se refere aos processos cíveis, ou seja,
às medidas protetivas, ações indenizatórias etc.
O Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta, proposta pelo Procurador-
Geral da República, para atribuir interpretação conforme a Constituição aos artigos
12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, e assentar a natureza incondicionada
da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado mediante
violência doméstica e familiar contra a mulher. Salientou-se a evocação do
princípio explícito da dignidade humana, bem como do art. 226, § 8º, da CF. Frisou-
se a grande repercussão do questionamento, no sentido de definir se haveria
mecanismos capazes de inibir e coibir a violência no âmbito das relações familiares,
no que a atuação estatal submeter-se-ia à vontade da vítima.
ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012. (ADI-4424)
Entendeu-se não ser aplicável aos crimes glosados pela lei discutida o que
disposto na Lei 9.099/95, de maneira que, em se tratando de lesões
corporais, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticadas contra a
mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria pública
incondicionada. Acentuou-se, entretanto, permanecer a necessidade de
representação para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o
de ameaça e os cometidos contra a dignidade sexual.
Os crimes contra a liberdade sexual, como se sabe, são estupro (Art. 213, CP),
violação sexual mediante fraude (Art. 215, CP) e assédio sexual (Art. 216-A, CP),
tendo a nova lei inserido o crime de importunação sexual (Art. 215-A, CP). Os crimes
sexuais contra vulneráveis, por sua vez, são estupro de vulnerável (Art. 217-A, CP),
corrupção de menores (Art. 218, CP), satisfação de lascívia mediante presença de
criança ou adolescente (Art. 218-A, CP) e favorecimento da prostituição ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (Art. 218-B,
CP), tendo a nova lei inserido o crime de divulgação de cena de estupro ou de cena
de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia (Art. 218-C, CP).
Tanto os crimes contra a liberdade sexual (capítulo I), quanto os crimes sexuais
contra vulneráveis (capítulo II) integram o título VI da Parte Especial, que cuida “dos
crimes contra a dignidade sexual”.
Agora, a partir da vigência da Lei nº 13.718/18, a ação penal, em todos os
crimes contra a liberdade sexual (Arts. 213 a 216-A, CP) e em todos os crimes sexuais
contra vulnerável (Arts. 217-A a 218-C, CP), passou a ser pública incondicionada.
Uma dessas medidas protetivas de urgência que a vítima poderá pedir é justamente a
assistência judiciária.
A Lei nº 13.894/2019 altera esse inciso II do Art. 18 para deixar claro que essa assistência
judiciária abrange o direito de ajuizar ações de separação judicial, de divórcio, de anulação de
casamento ou de dissolução de união estável.
Suspensão – Exemplo: quando o agressor, além de agredir a mãe, agride também os filhos.
Restrição – Exemplo: quando o agressor agride a mãe, mas mantém vínculo afetivo com
os filhos.
V - Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Se o agressor for afastado do lar (II – afastamento do lar) e ele também for o provedor,
como ficará a mulher? Nesse caso ele poderá ter que prestar alimentos provisórios. Então, o
juiz pode aplicar o inciso II e o inciso V (prestação de alimentos).
A Lei 13.882/19 também alterou o Art. 23 da Lei 11.340/06, que trata das medidas
protetivas de urgência à ofendida. O dispositivo passa a contar com o inciso V, segundo o qual
o juiz pode determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de
educação básica mais próxima do seu domicílio, assim como pode determinar a
transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.
No Art. 23, que dispõe sobre as medidas de urgência e se caracteriza pela cautelaridade,
existe um plus em relação ao § 7º do Art. 9º, pois enquanto aquele dispositivo garante a
prioridade na matrícula, este a impõe, ainda que não existam vagas. Trata-se, efetivamente, de
duas coisas distintas, pois é possível que a vítima não requeira medidas protetivas, mas decida
modificar seu domicílio para se distanciar do agressor. Neste caso, apresentados documentos
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e
familiar em curso, a direção da unidade de ensino deve zelar pela prioridade estabelecida na
nova lei.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência
previstas nesta Lei:
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher
em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
Lei.
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento
do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
4. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SLU-DF Prova: Analista - Serviço Social
À luz das disposições da Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006), julgue o próximo item.
Em caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro do boletim de
ocorrência, a autoridade policial deverá encaminhar, imediatamente, a ofendida ao competente
órgão de assistência judiciária.
Gabarito: Errado
Comentário:
A questão está errada porque a ofendida deverá ser encaminhada pelo juiz, e não
pela autoridade policial, conforme dispõe o Art. 18 da lei:
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo
de 48 (quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de
urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária,
quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
5. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SLU-DF Prova: Analista - Serviço Social
À luz das disposições da Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006), julgue o próximo item.
O juiz deve assegurar a manutenção do vínculo trabalhista, por até seis meses, à mulher
que, por estar em situação de violência doméstica, necessite se afastar de seu local de trabalho.
Gabarito: Certo
Comentário:
CAPÍTULO II - DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR
Art. 9º
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para
preservar sua integridade física e psicológica:
II - Manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do
local de trabalho, por até seis meses.
6. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SLU-DF Prova: Analista - Serviço Social
À luz das disposições da Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006), julgue o próximo item.
Para os efeitos da Lei Maria da Penha, violência física contra a mulher é entendida como
qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da mulher.
Gabarito: Certo
Comentário:
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade
ou saúde corporal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. São Paulo: Saraiva, 2019.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Arma de fogo encontrada em caminhão configura porte
de arma de fogo (e não posse). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e9cec1f5830564591
11d63e24f3b8ef>. Acesso em: 23/02/2020.
LOPES JR, Aury. Lei 13.491/2017 fez muito mais do que retirar os militares do tribunal do
júri, disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-out-20/limite-penal-lei-134912017-
fez-retirar-militares-tribunal-juri
SOUZA, Renee do Ó; CUNHA, Rogério Sanches; HOLMES LINS, Caroline de Assis e Silva. A nova
figura do agente disfarçado prevista na Lei 13.964/2019, em 27 de dezembro de 2019.
Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-
agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Queridos alunos, vamos começar o estudo de uma lei de grande importância para os
concursos! Apesar de ser uma lei grande e com conceitos novos, vamos abordá-la de maneira
completa, porém de forma clara, objetiva e funcional.
CONTEXTO HISTÓRICO
Até o ano de 1995, o Brasil não possuía uma definição legal do crime organizado (ou
organização criminosa) e nem uma legislação específica que tratasse dos meios legais de
combate a essa modalidade criminosa.
A Lei 9.034/95 – revogada – dispôs sobre a utilização de meios operacionais para a
prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. Embora a referida lei
definisse e regulasse meios de prova e procedimentos investigatórios referentes a ilícitos
decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando, organizações ou associações
criminosas de qualquer tipo (Art. 1º, caput), não havia uma definição legal de organização
criminosa.
Em relação à quadrilha ou bando, não havia dúvida, referia-se ao Art. 288 do CP (atual,
associação criminosa) e as associações criminosas, àquela época, estavam descritas na Lei do
Genocídio (Art. 2º) e na Lei de Drogas (Art. 35).
Entretanto, não se sabia explicar no que consistiam as organizações criminosas, porque a
Lei nº 9.034/95, apesar de mencionar o instituto, não o definiu, bem como não tipificou a
conduta de integrar organizações criminosas.
Justamente pela ausência de definição, alguns doutrinadores classificaram a Lei nº
9.034/95 como “oca/vazia” e, consequentemente, ineficaz, sobretudo, nos pontos atrelados às
organizações criminosas.
Diante a inércia do legislador brasileiro em conceituar organizações criminosas, era
crescente o entendimento de que, enquanto não existisse um conceito legal, seria utilizado o
conceito dado pela Convenção de Palermo – Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado – ratificado pelo Brasil.
Convém notar que a Lei de Lavagem de Capitais não criminaliza a conduta de integrar
organização criminosa, mas sim a lavagem praticada por meio de organização criminosa.
A dúvida instalada abordou a possibilidade (ou não) de o conceito trazido pela
Convenção de Palermo ser aplicado na referida hipótese, para fins de tipificação do crime de
lavagem de capitais.
O STJ, numa primeira abordagem, posicionou-se positivamente fundado na premissa
de que o Art. 1º, VII, da Lei de Lavagem de Capitais encerrava natureza de norma penal em
branco. Portanto, o crime “lavagem de dinheiro” se complementava com o conceito sustentado
pela Convenção de Palermo.
Em outras palavras, o crime estatuído naquele dispositivo era o de “lavagem de
capitais”, e não o de “organização criminosa”.
A discussão chegou ao STF, que tomou partido diverso, em virtude de dois fundamentos:
O conceito vale nas relações de direito internacional, não Direito Penal interno
Entendiam o conceito sustentado pela Convenção de Palermo como válido, mas aplicado,
tão somente, no âmbito das relações internacionais.
STF:
TIPO PENAL – NORMATIZAÇÃO. A existência de tipo penal pressupõe lei em sentido
formal e material. [...] O crime de quadrilha não se confunde com o de organização
criminosa, até hoje sem definição na legislação pátria.
(HC 96007, DJe-027 de 07/02/2013) Idem: HC 108.715, DJe 29.05.2014. LEI
12.694/2012
Tal posição foi recentemente abordada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Informativo 659
É necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a
humanidade trazida pelo Estatuto de Roma, mesmo se cuidando de Tratado internalizado.
O disposto na Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes
contra a Humanidade não torna inaplicável o art. 107, inciso IV, do Código Penal.
REsp 1.798.903-RJ, DJe 30/10/2019
LEI Nº 12.850/2003
VIGÊNCIA
A Lei de Organizações Criminosas (LOC) regulou inteiramente a matéria e revogou
expressamente a Lei nº 9.034/95, tendo entrado em vigor após 45 dias de sua publicação oficial,
ocorrida em 5 de agosto de 2013.
CONCEITO
Art. 1º, § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4
ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante
a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores
a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Número de integrantes:
Associação de 4 OU MAIS PESSOAS.
Características:
ESTRUTURA ORDENADA.
DIVISÃO DE TAREFAS (ainda que informalmente).
Objetivos:
Obter VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA (não precisa ser econômica).
Infrações:
Infrações penais que possuem PENAS MÁXIMAS SUPERIORES A 4 ANOS.
Infrações penais de CARÁTER TRANSNACIONAL (ao enquadrar a infração como
transnacional, deixa de ser importante o patamar das penas estipuladas para os crimes.)
Não se computa o agente infiltrado (agente infiltrado não age com animus associativo).
DIVISÃO DE TAREFAS
Não se exige que a divisão de tarefas seja formal, ou seja, que exista um organograma ou
designações específicas para os membros.
Em outras palavras, não se exige uma estrutura piramidal, podendo existir, também,
organização criminosa horizontalizada, ou seja, com núcleos de idêntica importância. Pode
haver mais de um líder e não necessariamente segue-se disciplina de hierarquia única.
Segundo Renato Brasileiro, as organizações criminosas se caracterizam pela hierarquia
estrutural. Essa compartimentalização das atividades, expressa na elementar “divisão de
tarefas” reforça o sentido de estruturação empresarial que norteia o crime organizado.
Para caracterização de uma organização criminosa, a associação deve ter por objetivo a
obtenção de QUALQUER VANTAGEM, seja ela patrimonial ou não, mediante a prática de
infrações penais com pena máxima superior a 4 anos, ou de caráter transnacional (não
dependendo da quantidade de pena).
FINALIDADE DE OBTENÇÃO DE VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA
MEDIANTE A PRÁTICA DE INFRAÇÕES PENAIS CUJAS PENAS MÁXIMAS
SEJAM SUPERIORES A 4 ANOS, OU DE CARÁTER TRANSNACIONAL.
Por ilícito transnacional se compreende aquele que transcende o território brasileiro,
vale dizer, aquele que envolve águas ou solo ou espaço aéreo que vão além do território
nacional, que abrange o solo, as águas internas, doze milhas de mar e o espaço aéreo respectivo.
Na hipótese de os crimes ultrapassarem os limites do território brasileiro, serão considerados
transnacionais, ainda que não envolva diretamente qualquer outro país soberano.
Como o legislador faz uso da expressão “infração penal” no Art. 1º da Lei, seria possível,
em tese, incluirmos crimes e contravenções. No entanto, vale ressaltar que não há
contravenções penais com pena máxima superior a 4 anos.
A Lei 12.850/13 não tem aplicabilidade restrita às Organizações Criminosas. Seu Art. 1º,
§2º deixa evidente que todos os meios de obtenção de prova e técnicas especiais de investigação
por ela regulamentados também são aplicáveis nas seguintes hipóteses, mesmo que essas
infrações penais não sejam praticadas por intermédio de organização criminosa.
Posso trabalhar com os meios especiais de obtenção de prova (agente infiltrado, ação
controlada) previstos na Lei 12.850/13, mesmo que ausente a organização criminosa?
O Art. 1º, §2º autoriza desde que presentes um dos requisitos abaixo:
Infrações penais previstas em tratados ou convenções internacionais quando
iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
estrangeiro.
Crimes de guarda de moeda falsa, de tráfico internacional de entorpecentes, contra
populações indígenas, de tráfico de mulheres, de envio ilegal e tráfico de menores, de tortura,
de pornografia infantil e pedofilia e corrupção ativa e tráfico de influência nas transações
comerciais internacionais etc.
Não basta que esses crimes estejam em tratados ou convenções internacionais. Além
disso, é imprescindível que se trate de um delito a distância, ou seja, que a infração se revista
do caráter de internacionalidade, com o início da sua execução no país e o resultado
ocorrendo ou devendo ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.
Crime Organizado por Natureza: refere-se à punição, por si só, pelo crime de
organização criminosa, ou seja, pelo tipo penal do Art. 2º da Lei 12.850/13.
Crime organizado por Extensão: refere-se às infrações penais praticadas pela
organização criminosa.
Exemplo: verificada e existência de organização criminosa especializada em crimes de
peculato, os agentes deverão ser denunciados pelo crime de organização criminosa – crime
organizado por natureza – em concurso material com os delitos de peculato (CP. Art. 312) –
crime organizado por extensão.
O crime de organização criminosa é crime autônomo.
O CRIME
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou
por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas.
São 4 condutas incriminadas pelo Art. 2º da Lei 12.850/12. É o chamado tipo misto
alternativo (mesmo que o agente pratique, em um mesmo contexto fático, mais de uma ação
típica, responderá por crime único).
Promover: Gerar, dar origem a algo, fomentar.
Constituir: Formar, organizar, compor.
Financiar: Sustar os gastos, custear, bancar, prover o capital necessário para o
desenvolvimento.
Integrar: Fazer parte, juntar-se, completar.
“PESSOALMENTE OU POR INTERPOSTA PESSOA”
O crime pode ser cometido “pessoalmente ou por interposta pessoa” (elemento
normativo do tipo).
A participação direta e pessoal na organização criminosa não exige maiores digressões. A
participação indireta ou por interposta pessoa nos remete à figura do “testa de ferro” ou
“laranja”. Essa interposta pessoa, sublinhe-se, pode ser tanto física quanto jurídica e até alguém
ou algo (empresa de fachada, por exemplo) sem existência real, fruto de um artifício ou
qualquer espécie de fraude, sem que tal impeça a responsabilização penal do membro da
associação que procurou se manter oculto.
SUJEITOS DO CRIME
SUJEITO ATIVO
Crime comum vez que não exige qualidade ou condição especial do agente
Crime Plurissubjetivo, plurilateral ou de concurso necessário, haja vista ser necessária a
união de pelo menos 4 pessoas.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo é a coletividade – crime vago.
Entende-se por crime vago aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade
sem personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira, e não apenas uma
pessoa.
ELEMENTO SUBJETIVO
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente no animus associativo de caráter
estável e permanente, aliado ao objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza (Art. 1.º, §1º, da LCO), não sendo admitida a forma culposa.
A associação, na qual várias pessoas caminham em uma passeata, desde que
seja ato isolado, não permanente, não configura organização criminosa.
CONSUMAÇÃO
O “crime organizado por natureza”, na modalidade integrar, é delito permanente,
pois a consumação se prolonga no tempo, enquanto perdurar a união pela vontade dos seus
integrantes. Por isso, enquanto não cessar a permanência, é perfeitamente possível a prisão em
flagrante, inclusive violação de domicílio sem prévia autorização judicial.
Cumpre observar a natureza de crime permanente fomenta repercussões drásticas.
Exemplo:
- Será possível a prisão em flagrante a qualquer tempo (Art. 303 do CPP);
- Prescrição da Pretensão Punitiva somente começará a fluir quando cessada a
permanência (Art. 111, inciso III, do CP);
- Será possível a Busca e Apreensão sem mandado, desde que se notifique
previamente os investigados.
Além disso, ainda que determinado indivíduo tenha se associado ao grupo quando ainda
era menor, deverá ser responsabilizado normalmente pelo crime se atingir a idade de 18 anos
enquanto o delito se encontrar em plena consumação.
Em se tratando de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado e de
conduta múltipla, consuma-se com a com a efetiva formação da associação (para a prática
de crimes com pena máxima superior a 4 anos, ou de caráter transnacional), sendo
indispensável a estrutura ordenada com divisão de tarefas.
Trata-se de crime de perigo abstrato cometido contra a coletividade (crime vago),
punindo-se o simples fato de configurar como integrante.
CONCURSO DE CRIMES
Se os membros da organização criminosa praticarem infrações penais para as quais se
associaram, deverão responder pelo crime do Art. 2º, caput, em concurso material (CP, Art. 69)
com os demais ilícitos por eles perpetrados. Nesse sentido, basta atentar para o preceito
secundário do próprio Art. 2º, que prevê a pena de reclusão, de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo
das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
AÇÃO PENAL
O crime é processado mediante a propositura de ação penal pública incondicionada.
DELITO AUTÔNOMO
Tratando-se de delito autônomo, a punição da organização independe da prática de
qualquer crime pela associação, o qual, ocorrendo, gera o concurso material (Art. 69 do CP),
cumulando as penas. O que já era tranquilo na doutrina (seguida pela jurisprudência), agora
está expresso no preceito secundário do artigo em comento (reclusão, de 3 a 8 anos, e multa,
sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas).
Art. 2º. §1º. Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer
forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva
organização criminosa.
O Art. 2º, §1º estar punindo a obstrução ou embaraço da persecução penal de infração
que envolva organização criminosa.
Assim, são duas as condutas tipificadas no tipo penal em comento, quais sejam:
1º) impedir – que significa obstar, interromper, tolher, consumando-se com a
efetiva cessação em virtude da conduta praticada pelo agente; ou
2º) embaraçar – que significa complicar, perturbar. Nesta modalidade, o crime
estará consumado com a prática de qualquer conduta (ação ou omissão) que
cause alguma espécie de embaraço à investigação.
Sujeito ativo: trata-se de crime comum (não exige qualidade especial do agente).
Enquanto o crime de organização criminosa é de concurso necessário, o crime do
§1º é monossubjetivo ou de concurso eventual.
Parcela da doutrina entende que esse crime só pode ser cometido por pessoa que
não tenha concorrido para a formação da organização criminosa.
Sujeito passivo: considerando-se o interesse protegido pela norma, não fica dúvida de
que o sujeito passivo é o Estado – Administração.
Princípio da Especialidade
O crime é de execução livre, podendo ser praticado com violência, grave
ameaça, fraude etc. Aliás, usando o agente, na obstrução, de violência ou grave
ameaça contra autoridade ou qualquer outra personagem atuante na persecução
penal, não há que se cogitar do crime de coação no curso do processo, tipificado no
Art. 344 do CP, punido com 1 a 4 anos de reclusão.
Prevalece, na hipótese, o princípio da especialidade.
Nessa esteira, ensina Renato Brasileiro (Legislação Criminal Especial
Comentada, 2016), Trata-se de norma especial em relação ao crime de coação no
curso do processo (Art. 344, CP).
Logo, por força do princípio da especialidade, se determinado agente se valer
de violência ou grave ameaça para embaraçar a investigação criminal de infração
penal que envolva organização criminosa, deverá responder pelo crime do Art. 2º,
§1º da Lei 12.850/2013, sem prejuízo das penas correspondentes à violência
praticada.
O emprego da arma pode se exteriorizar pelo efetivo uso do instrumento ou pelo seu porte
ostensivo, capaz de influir no ânimo do ofendido.
Entende-se por arma de fogo, arma que arremessa projéteis empregando a força
expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que,
normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão
do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.
Utilizando o legislador a expressão “arma de fogo”, não abrange outros instrumentos,
ainda que fabricados com finalidade bélica.
Em resumo: não basta que a organização criminosa seja armada, deverá ela empregar as
armas, bem como devem essas ser de “fogo”, e não armas brancas.
Se a arma de fogo for defeituosa, a incidência ou não da causa de aumento de pena
dependerá do grau de ineficácia da arma.
A absoluta, por exemplo, não gerará a causa de aumento. Já na hipótese de a arma estar
desmuniciada, deve-se ficar atento.
A jurisprudência antiga considerava a situação irrelevante, existia uma presunção de
lesividade.
1ª corrente: configura meio relativamente ineficaz. O agente pode nela inserir
projéteis a qualquer tempo e efetuar disparos.
Cabível a causa de aumento de pena.
(HC 246/811/RJ, 5ª T.STJ, Dje 15.04.2014 & HC 102263, 1ª T.STF, Dje-100
04.06.2010 & RHC 115077, 2ª T.STF, Dje-176 09.09.2013) - essa era a
jurisprudência antiga.
Quando a arma não for apreendida, inviabilizando o exame pericial direto, é plenamente
possível que sua ausência seja suprida pela prova testemunhal, nos termos do Art. 167 do CPP.
Para que a prova testemunhal possa suprir a ausência do exame direto, segundo Renato
Brasileiro, não basta que a vítima e a testemunha se limitem a dizer que teria havido emprego
de arma de fogo na atuação da organização criminosa. Devem, ademais, afirmar a forma
coerente que houve disparo com arma de fogo, pois somente assim restará provado que não se
tratava de arma de brinquedo.
Convém perceber que é clara a menção da “arma de fogo”, não podendo em qualquer
hipótese ampliar esse entendimento a uma arma de brinquedo, por exemplo.
AGRAVANTE DO CHEFE
+ 1/6 a 2 /3
A pena, em tais situações, deve ser aumentada ainda que o produto ou proveito do crime
não tenha efetivamente sido embarcado ao exterior, bastando a comprovação da intenção dos
integrantes da organização.
Gabarito: Errado
Comentário: A presença de um adolescente é uma causa de aumento de pena,
e não agravante. Observar os comentários anteriores acerca da diferenciação entre
majorantes, agravantes e qualificadoras.
Gabarito: Errado
Comentário: A presença de um adolescente é uma causa de aumento de pena, e não
agravante. Observar os comentários anteriores acerca da diferenciação entre majorantes,
agravantes e qualificadoras.
Gabarito: Certo
Comentário: Na situação considerada, se houvesse suspeita de participação do agente
em organização criminosa, o juiz poderia determinar seu afastamento cautelar das funções,
sem prejuízo da remuneração.
Art.2, § 5º. Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra
organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego
ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação
ou instrução processual.
(...) e se houvesse posterior condenação pelo crime de organização criminosa, haveria
concurso material entre esse crime e o crime de corrupção passiva.
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta
pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas.
Se os membros da organização criminosa praticarem as infrações penais para as quais
se associaram, deverão responder pelo crime do Art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13, em
concurso material (CP, Art. 69) com os demais ilícitos por eles perpetrados. Nesse sentido,
basta atentar para o preceito secundário do próprio Art. 2º, que prevê a pena de reclusão, de
3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
penais praticadas.
À evidência, para que os integrantes da societas criminis respondam pelos delitos
praticados pela organização criminosa, é indispensável que tais infrações penais tenham
ingressado na esfera de conhecimento de cada um deles, sob pena de verdadeira
responsabilidade penal objetiva.
Gabarito: Errado
Comentário: A presença de um adolescente é uma causa de aumento de pena, e não
agravante. Observar os comentários anteriores acerca da diferenciação entre majorantes,
agravantes e qualificadoras.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
STJ: Em regra, a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo público ocupado
ou função pública exercida no momento do delito, salvo se o magistrado a quo
considerar, motivadamente, que o novo cargo guarda correlação com as atribuições do
anterior, ou seja, naquele em que foram praticados os crimes, mostra-se devida a perda da
nova função, uma vez que tal ato visa a anular a possibilidade de reiteração de ilícitos da
mesma natureza (...).
SERVIDOR APOSENTADO
Se o acusado se encontrava, a época do crime, em pleno exercício do cargo, vindo a se
aposentar dias depois, é plenamente legítima a cassação de sua aposentadoria, se tiver havido
declaração fundamentada da perda do cargo como efeito extrapenal da condenação por crime
cometido na atividade.
STJ
I. A perda do cargo público somente pode ser declarada nas hipóteses restritas e
taxativamente previstas na lei, vedada a interpretação extensiva ou analógica em desfavor do
réu, sob pena de afronta ao princípio da legalidade.
II. A previsão legal é dirigida para a perda de cargo, função pública ou mandato efetivo,
o que não é a hipótese dos autos, considerando que o agravado, no decorrer da ação penal,
aposentou-se.
III. Consubstanciando a aposentadoria um ato jurídico perfeito, com preenchimento de
requisitos legalmente exigidos, não se pode desconstitui-la como efeito extrapenal específico
da sentença condenatória, mesmo que o fato apurado tenha sido cometido quando o
funcionário ainda estava ativo. A cassação da aposentadoria tem previsão legal, mas no âmbito
administrativo, não na esfera penal.
PARTICIPAÇÃO DE POLICIAL
Havendo indícios de participação de policial nos crimes de que trata a nova Lei das
Organizações Criminosas, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará
ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
O dispositivo legal tem como finalidade garantir a eficiência na investigação,
impedindo eventual omissão decorrente de corporativismo.
Trata-se de desdobramento lógico do controle da polícia, exercido pelo Ministério
Público, nos moldes preconizados pelo Art. 129, VII, da Constituição Federal. A atuação da
corregedoria acompanhada pelo Ministério Público, obviamente não impede investigação
conduzida pelo próprio MP.
A comunicação ao Ministério Público é consectário lógico do Art. 129, VII, da CF/88:
Para mais, se o crime for militar será a Corregedoria da Polícia Militar que deverá ser
comunicada. Esse dispositivo (§7º do Art. 2º da LCO) não impediu a investigação pelo
Ministério Público.
Mais uma vedação trazida pelo PACOTE ANTICRIME visando inviabilizar a atuação de
chefes do crime organizado e desestimular a atividade dos demais membros.
Os réus condenados por integrar organizações criminosas ou por crimes praticados por
meio delas, ficam afastados dos benefícios prisionais - como a progressão de regime e o
livramento condicional - quando existirem elementos que indiquem a manutenção do vínculo
associativo com a organização. O condenado, portanto, ficará restrito ao regime mais rigoroso
enquanto ainda houver algum tipo de vínculo ou contato com a organização criminosa pela qual
foi condenado.
Com o advento da Lei nº 13.964, de 2019, conhecida como PACOTE ANTICRIME, foram
muitas mudanças relacionadas à Colaboração Premiada e, em virtude disso, será estudada em
uma parte separada posteriormente.
ESCUTA
Já na escuta, ao menos um dos comunicadores tem ciência de que um terceiro está
ouvindo a conversa de ambos. Entende-se que a escuta também é uma forma de interceptação
uma vez que também é efetuada por terceira pessoa diferindo somente pelo fato em que um
dos interlocutores tem a ciência que o diálogo está sendo captado, apesar de tal nomenclatura
não estar explicitada na letra da lei.
Escuta Telefônica
GRAVAÇÃO
Tratamento diferenciado, temos na chamada Gravação Clandestina, seja Telefônica ou
Ambiental. As gravações ambientais e/ou telefônicas não são objeto da Lei nº 9.296/96,
porque a gravação é a feita por um dos comunicadores.
O Art. 3ª, II, da Lei 12. 850/2013 dispôs apenas que a CAPTAÇÃO AMBIENTAL (que
ocorre em determinado ambiente, não se confundindo com interceptação telefônica) de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos seria permitida em qualquer fase da persecução penal
como meio de obtenção de prova.
A Lei nº 13.964 de 2019, conhecida como Pacote Anticrime, atualizou a Lei das
Interceptações Telefônicas ao acrescentar os artigos 8º-A e 10-A, dispondo acerca da
possibilidade de captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos.
Vimos no início da nossa aula que CAPTAÇÃO AMBIENTAL é gênero das espécies
Interceptação Ambiental, Escuta Ambiental e Gravação Ambiental.
Segundo o Art. 8-A, a captação ambiental poderá ser autorizada pelo juiz.
Então surge a dúvida se toda espécie deveria ser precedida de autorização judicial.
É importante analisarmos o seguinte:
No Art. 10-A, encontramos o crime do agente que realiza a captação ambiental sem
autorização judicial.
No parágrafo 1º do Art. 10-A, há a ressalva que traz a atipicidade se a captação
ambiental for realizada por um dos interlocutores.
Ora, se a gravação realizada por um dos interlocutores é a que chamamos de gravação
ambiental, podemos concluir que dentre as espécies de CAPTAÇÃO AMBIENTAL que
necessitam de autorização judicial, incluem-se a interceptação ambiental e a escuta
ambiental.
Ampliando os conhecimentos…
Entrega Vigiada
É a técnica especial de investigação que consiste em permitir que remessas
ilícitas ou suspeitas saiam do território de um ou mais Estados, os atravessem ou
neles entrem, com o conhecimento e sob o controle das suas autoridades
competentes, com a finalidade de investigar infrações e identificar as pessoas
envolvidas na sua prática.
A entrega vigiada comporta duas espécies:
ENTREGA VIGIADA LIMPA (OU COM SUBSTITUIÇÃO): as remessas ilícitas são
trocadas antes de serem entregues ao destinatário final por outro produto qualquer,
afastando o risco de extravio da mercadoria.
ENTREGA VIGIADA SUJA (OU COM ACOMPANHAMENTO): a encomenda segue
seu itinerário sem alteração do conteúdo, seguindo seu curso normal sob redobrado
monitoramento, a fim de diminuir o risco de extraviar a mercadoria ilícita.
SIGILO
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não
conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada.
O advogado defensor terá acesso ao inquérito, mas não à ação controlada. Ou seja, terá
acesso com o término da diligência. Acesso aos autos durante a diligência será restrito ao:
- Ministério Público;
- Delegado;
- Juiz.
AUTO CIRCUNSTANCIADO
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado
acerca da ação controlada.
TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRAS
Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o
retardamento da intervenção policial ou administrativa somente
poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que
figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo
a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento
ou proveito do crime.
Segundo Cleber Masson (Crime Organizado 2ª edição, 2016) a primeira parte do inciso IV
do Art. 3º prevê o acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas como meio especial
de obtenção de prova. Por registros telefônicos há de se entender os extratos das chamadas
efetuadas e recebidas com informações sobre os números telefônicos que mantiveram contato
com a linha-alvo da investigação, data, hora e tempo da duração das chamadas (quebra de sigilo
de dados telefônicos). Exclui-se desse conceito, portanto, o acesso às comunicações telefônicas
em si, ao conteúdo do diálogo entre os interlocutores (Interceptação das comunicações
telefônicas). O Ministério Público e a Autoridade Policial, para terem acesso às informações
relativas às chamadas originadas e recebidas do telefone do indiciado (sigilo de dados
telefônicos), necessitam de autorização judicial, isto é, cláusula de reserva jurisdicional, nos
termos do Art. 5º, XII, da CF, não se tratando, apenas, de dados cadastrais do indiciado, não se
aplicando, por conseguinte, o Art. 15 da Lei 12.850/13.
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
INFILTRAÇÃO DE AGENTES
A infiltração de agentes encontra-se regulamentada ao teor dos Arts. 10, 11,12, 13 e 14 da
Lei de Organização Criminosa.
É importante observar que houve muitas mudanças decorrentes da Lei nº 13.964/19, o
Pacote Anticrime, criando os artigos 10-A, 10-B, 10-C e 10-D.
CONCEITO
O agente infiltrado é introduzido dissimuladamente em uma organização criminosa,
passando a agir como um de seus integrantes, ocultando sua verdadeira identidade, com o
objetivo precípuo de identificar fontes de prova e obter elementos de informação capazes de
permitir a desarticulação da referida organização.
A infiltração é o procedimento por meio do qual o agente de polícia age como se fosse
membro da organização criminosa, com o objetivo de colher provas dos crimes cometidos.
PREVISÃO LEGAL
Encontra-se previsto em duas leis especiais: Lei de Organização Criminosa e Lei de
Drogas.
Lei nº 12.850/13:
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de
investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida
pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de
polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será
precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização
judicial, que estabelecerá seus limites.
Algumas considerações:
A infiltração é para tarefas de investigação.
Atribuição para a infiltração: agentes de polícia.
Processo
REQUISITOS DA INFILTRAÇÃO
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal
de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros
meios disponíveis.
A lei determina que a autorização somente deve ser concedida quando houver indícios de
crimes cometidos pela organização criminosa e a prova não puder ser produzida por outros
meios disponíveis.
Assim, deverá haver:
- indícios de infração penal;
-prova não puder ser produzida de outra forma (indispensabilidade da infiltração);
- concordância do agente de polícia;
- prévia autorização judicial.
DURAÇÃO
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.
A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada a sua necessidade.
Esse prazo de 6 meses é prazo limite para cada autorização judicial, o que não impede o
juiz de conceder a autorização por prazo inferior, caso entenda ser tal prazo suficiente.
Ampliando conhecimento
Light Cover: Duração que não demora mais de 6 meses. Infiltração mais
branda.
Deep Cover: Infiltração que se prolongam por mais de 6 meses, necessitando
de uma imersão mais profunda e complexa no seio da organização criminosa.
RELATÓRIO DE ATIVIDADES
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório circunstanciado será
apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o
Ministério Público.
O Art. 10 – A foi uma novidade trazida pelo Pacote Anticrime. Será admitida a infiltração
de agentes de polícia, que obedecerão aos mesmos requisitos do caput do Art. 10.
PRAZO
O prazo da infiltração será de ATÉ 6 meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
mediante ordem judicial fundamentada e desde que não exceda 720 dias.
PROVA NULA
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo.
SIGILO DA INFILTRAÇÃO
Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
medida, que zelará por seu sigilo.
IDENTIDADE DO INFILTRADO
Para a validação da identidade fictícia do agente policial e facilitar a sua integração no
ambiente criminoso os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de
dados próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de
agentes na internet.
Quem requisita é o JUIZ, e não o delegado de polícia.
A AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações
que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas
diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após
manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de polícia,
devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do
agente infiltrado.
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de
forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser
efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
DIREITOS DO AGENTE
- Recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
- Ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no Art. 9º da
Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção
a testemunhas;
- Ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais
preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver
decisão judicial em contrário;
- Não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de
comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
COLABORAÇÃO PREMIADA
O instituto da colaboração premida foi completamente modificado com a Lei nº 13.964 de
2019.
Na previsão normativa da Lei 12.850/2013 (Art.3º-A), a colaboração premiada tem a
natureza jurídica de meio especial de obtenção de prova, materializado em um “acordo”
reduzido a “termo” para a devida homologação judicial. A colaboração é um “negócio jurídico
processual” (Afrânio Silva Jardim) voltado para obtenção de prova, e não um meio de prova
propriamente dito.
Para parte da doutrina, colaboração premiada é diferente de delação premiada.
Colaboração é gênero, e essa colaboração pode vir de algumas formas, dentre elas, por meio da
delação premiada.
Delatar é uma forma de colaborar, mas nem sempre a colaboração advém de uma delação.
Isto porque, como bem observa Renato Brasileiro: O imputado, no curso da persecutio criminis,
pode assumir a culpa sem incriminar terceiros, fornecendo, por exemplo, informações acerca da
localização do produto do crime, caso que é tido como mero colaborador.
A delação premiada pressupõe delação de comparsas:
A participação na colaboração significa confissão e colaboração.
Quando o indivíduo colabora ele opta pelo não exercício ao direito ao silêncio.
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico
processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e
interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
TERMO DE CONFIDENCIALIDADE
Observe que, antes de dar prosseguimento ao acordo, as partes deverão firmar termo de
confidencialidade.
Caso não haja indeferimento sumário, e prosseguimento do acordo, as partes deverão
firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os
órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa.
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar
Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o
que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o
indeferimento posterior sem justa causa.
INSTRUÇÃO
O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver
necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua
definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público.
AS PARTES NO ACORDO
§ 1º EM QUALQUER CASO, A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO LEVARÁ EM ESSES BENEFÍCIOS PODEM SER CONCEDIDOS
CONTA A PERSONALIDADE DO COLABORADOR, A NATUREZA, AS NÃO APENAS AO CRIME DE ORGANIZAÇÕES
CIRCUNSTÂNCIAS, A GRAVIDADE E A REPERCUSSÃO SOCIAL DO CRIMINOSAS BEM COMO AOS CRIMES
FATO CRIMINOSO E A EFICÁCIA DA COLABORAÇÃO. COMETIDOS POR ELA.
Podem requerer ou representar o PERDÃO JUDICIAL (ainda que esse benefício não tenha
sido previsto na proposta inicial):
MP: a qualquer tempo.
Delegado: Inquérito (com a manifestação do Ministério Público).
Foi incluído com as modificações do Pacote Anticrime mais um requisito para que o MP
possa não oferecer renúncia.
Nas mesmas hipóteses do caput do Art. 4º, o Ministério Público poderá deixar de
oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja
existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador:
- não for o líder da organização criminosa;
- for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3
(dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa
colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
Convém perceber que agora o MP não pode ter conhecimento prévio de infração de que o acordo
de colaboração trata. Ou seja, além do agente não ter sido o chefe (líder) e que tenha sido o primeiro a
colaborar, o MP não pode saber do fato.
Será que MP não pode fingir que já sabe para que possa negar a possibilidade de deixar de oferecer
a denúncia? A própria lei explica como é que “o Estado sabe”.
Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou
a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório
para apuração dos fatos apresentados pelo colaborador.
Em resumo, se o Estado já sabe do que o colaborador disse, o MP não pode deixar de oferecer a
denúncia se ele não for o líder e se ele for o primeiro.
Se o Estado não sabe das informações do colaborador, o MP pode deixar de oferecer a denúncia
se ele não for o líder e se ele for o primeiro.
O ACORDO DE COLABORAÇÃO
Partes do acordo:
O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização
do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor,
com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o
investigado ou acusado e seu defensor.
Realizado o acordo na forma do § 6º, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo
termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará
os seguintes aspectos na homologação:
I - regularidade e legalidade;
RETRATAÇÃO DA PROPOSTA
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser
utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
DIREITOS DO COLABORADOR
- não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou
filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
Delegado
Ministério Público
De quais empresas?
Justiça Eleitoral
Empresas telefônicas
Instituições financeiras
Provedores de internet
Administradoras de cartão de crédito.
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante
procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo.
PRAZO PARA ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não
poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até
igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da
causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu.
SIGILO DA INVESTIGAÇÃO E AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO
DO ADVOGADO
O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam
respeito ao exercício do direito de defesa, DEVIDAMENTE PRECEDIDO DE AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL, ressalvados os referentes às diligências em andamento.
Neste sentido é que o STF decidiu que o Congresso Nacional deveria editar nova Lei que
efetivamente regulamentasse o Art. 5º, inciso XII da CF/88.
No ano de 1996, portanto, foi editada a Lei 9.296, vigente até hoje, a qual regulamentou
especificamente tal artigo constitucional. E disso se obteve um resultado prático importante,
ou seja, antes da Edição de tal lei simplesmente não foram consideradas legais todas as
interceptações utilizadas como prova nos processos penais em trâmite, em face do princípio
norte-americano fruits of the poisonous tree.
NATUREZA JURÍDICA
A natureza jurídica da interceptação telefônica pode possuir os seguintes conceitos:
Medida Cautelar Preparatória quando decretada na fase de investigação, ou Medida Cautelar
Incidental, quando decretada na fase do processo.
Escuta: existe a figura do terceiro que não está na conversa, mas capta o diálogo, porém
sua existência é de conhecimento de um dos interlocutores.
Captações Ambientais
Interceptação Ambiental
Escuta Ambiental
Gravação Ambiental
Interceptação Ambiental
Escuta Ambiental
A Lei nº 13.964, de 2019, conhecida como Pacote Anticrime, atualizou a Lei das
Interceptações telefônicas ao acrescentar os artigos, acrescida dos artigos 8º-A e 10-
A, dispondo acerca da POSSIBILIDADE DE CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS
ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS.
Consentimento de incapaz:
Quando um dos interlocutores é incapaz, o consentimento para a interceptação
(gravação) será dado por seu represente. Este foi o entendimento do STJ no Info 543.
Em processo que apure suposta prática de crime sexual contra adolescente
absolutamente incapaz, é admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica
efetivada a pedido da genitora da vítima, em seu terminal telefônico, mesmo que solicitado
auxílio técnico de detetive particular para a captação das conversas.
Prevalece o entendimento de que as gravações telefônicas não estão amparadas pelo Art.
5º, XII, da Constituição Federal, devendo ser consideradas meios lícitos de prova, mesmo que
realizadas sem autorização judicial prévia.
É o típico caso em que uma pessoa sabe que um policial está lhe exigindo dinheiro por
meio do telefone, e imagina que, gravando a conversa que terá com tal agente público, sem
autorização do Poder Judiciário, possa utilizar tal prova para fins de prova criminal.
É a captação de uma comunicação feita por um terceiro no próprio ambiente dela, sem o
consentimento ou conhecimento de um dos interlocutores. Não difere, substancialmente, da
interceptação telefônica na medida em que, da mesma forma, ocorre violação da intimidade,
porém, neste caso, a comunicação não é telefônica.
Ex.: em uma investigação de Tráfico de Drogas, a autoridade policial filma traficantes
comercializando drogas em uma praça sem que os traficantes tenham o conhecimento desse
registro.
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo
juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a CAPTAÇÃO
AMBIENTAL de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando:
I - A prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente
eficazes; e
II - Houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em
infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos ou em infrações
penais conexas.
Segundo o Art. 8-A, a captação ambiental poderá ser autorizada pelo juiz.
Então surge a dúvida se toda espécie deveria ser precedida de autorização
judicial.
É importante analisarmos o seguinte:
- No Art. 10-A, encontramos o crime do agente que realiza a captação ambiental
sem autorização judicial.
- No parágrafo 1º do Art. 10-A, há a ressalva que traz a atipicidade se a
captação ambiental for realizada por um dos interlocutores.
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS
Gravação ambiental feita pela polícia para obter confissão. Essa gravação é
prova ilícita, pois o policial fez um interrogatório clandestino, feito sem as garantias
legais e constitucionais
(STF, HC 80.949)
Gabarito: Certo
Comentário: Gravação telefônica - Também é chamada de gravação clandestina A
gravação telefônica é válida mesmo que tenha sido realizada sem autorização judicial.
O presente caso versa sobre a gravação de conversa telefônica por um
interlocutor sem o conhecimento de outro, isto é, a denominada gravação telefônica
ou gravação clandestina. Entendimento do STF no sentido da licitude da prova, desde
que não haja causa legal específica de sigilo nem reserva de conversação.
STF - HC: 91613 MG, 15/05/2012
FINALIDADE CRIMINAL
Art. 5º. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal.
Trata-se de uma garantia do sigilo das comunicações a qual será excepcionada para fins
específicos, para investigação criminal ou instrução processual penal, por ordem judicial
(cláusula de reserva de jurisdição).
INTERCEPTAÇÃO DE PROSPECÇÃO
A interceptação não pode ser realizada como elemento inicial de uma investigação
(interceptação de prospecção).
A interceptação de prospecção ocorre sem que haja indício de autoria e não é aceita
juridicamente. Verifica-se que é uma medida imprescindível, realizada apenas quando não
houver outros meios de coleta de provas.
PROVA EMPRESTADA
Uma Interceptação telefônica pode ser utilizada como prova emprestada em um
processo administrativo disciplinar?
Pode. A interceptação só poderá ser produzida para investigação criminal ou instrução
processual, porém, uma vez produzida, ela poderá ser usada em ações não criminais. Inclusive,
contra servidor que não é réu na ação penal que gerou a autorização da interceptação.
Mas para que a prova emprestada seja válida, é necessário que se disponibilize a
integralidade dos diálogos interceptados.
O STJ firmou a tese de que, mesmo no processo em que se dá originariamente a
interceptação, é dispensável a transcrição integral dos diálogos captados, mas é
imprescindível que as partes tenham acesso à sua totalidade.
ORDEM JUDICIAL
CF/88
Art. 5º. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.
JUIZ COMPETENTE
Não é qualquer juiz que pode decretar a interceptação telefônica. Quem tem competência
para decretar a medida cautelar é quem tem a competência para julgar o caso.
Exemplo: Um juiz de família não poderá pedir a interceptação telefônica.
A decisão do magistrado que deferir tal pedido de interceptação deva ser fundamentada
em indícios concretos, pois isso, além de ser uma exigência da própria Lei 9.296/96, também é
evidência do Art. 93, inciso IX da Constituição Federal aduzindo que todos os julgamentos do
Poder Judiciário serão públicos e fundamentados todas as decisões, sob pena de nulidade (...).
Assim, por se tratar de medida excessivamente restritiva dos direitos do cidadão, deverá
o magistrado fixar os parâmetros com bases concretas, deferindo ou indeferindo o pedido da
autoridade policial ou do Ministério Público.
MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
No STF e STJ a jurisprudência pacífica é a de que havendo modificação de competência a
interceptação telefônica autorizada pelo juízo anterior é VÁLIDA perante o novo juízo ou
tribunal.
Ex.: o juiz estadual autoriza a interceptação para a investigação de um tráfico local. Mas,
durante as investigações descobre-se que o tráfico é transnacional. A competência é da justiça
federal. O IP é remetido para a justiça federal, sendo a interceptação telefônica realizada pelo
juízo estadual válida para o juízo federal.
JUIZ PREVENTO
A prevenção não é um fator de determinação nem de modificação da competência. Por
força da prevenção permanece apenas a competência de um entre vários juízes competentes,
excluindo-se os demais.
O juiz prevento é aquele que teve o primeiro contato com a causa.
A prevenção não determina e nem modifica a competência, pois ela só escolhe entre juízes
competentes, apenas um, o juiz prevento, para que ele prossiga com a causa.
Parte da doutrina entende que o Art. 1º, parágrafo único, da Lei nº. 9.296/1996 seria
inconstitucional, pois a possibilidade admitida seria apenas das interceptações telefônicas.
Assim, a lei não poderia prever a interceptação de dados.
Segunda corrente adota a possibilidade para interceptação de dados, sendo, portanto,
prova lícita.
É a corrente adotada pelo STF, STJ e doutrina majoritária.
A jurisprudência admite a interceptação de comunicação não só por telefone, como
também a telemática, que se refere à transmissão de dados. A interceptação telemática é aquela
que intercepta dados: Skype, e-mail etc.
Gabarito: Certo
Comentário: Lei 9.296/1996: Art. 1º A interceptação de comunicações
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em
instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do
juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Gabarito: Errado
Comentário:
Não há ressalva, em todos os casos dependerá de autorização judicial.
Gabarito: Certo
Comentário:
Polícia militar e execução de interceptação telefônica - 1
A 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que se alegava nulidade de
interceptação telefônica realizada pela polícia militar em suposta ofensa ao art. 6º da
Lei 9.296/96 (Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de
interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua
realização). Na espécie, diante de ofício da polícia militar, dando conta de suposta
prática dos crimes de rufianismo, manutenção de casa de prostituição e submissão
de menor à exploração sexual, a promotoria de justiça requerera autorização para
interceptação telefônica e filmagens da área externa do estabelecimento da paciente,
o que fora deferida pelo juízo.
HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2012. (HC-96986)
Polícia militar e execução de interceptação telefônica - 2
Asseverou-se que o texto constitucional autorizaria interceptação telefônica
para fins de investigação criminal ou de instrução processual penal, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma da lei (CF, art. 5º, XII). Sublinhou-se que seria
típica reserva legal qualificada, na qual a autorização para intervenção legal estaria
submetida à condição de destinar-se à investigação criminal ou à instrução
processual penal. Reconheceu-se a possibilidade excepcional de a polícia militar,
mediante autorização judicial, sob supervisão do parquet, efetuar a mera execução
das interceptações, na circunstância de haver singularidades que justificassem esse
deslocamento, especialmente quando, como no caso, houvesse suspeita de
envolvimento de autoridades policiais da delegacia local. Consignou-se não haver
ilicitude, já que a execução da medida não seria exclusiva de autoridade policial, pois
a própria lei autorizaria o uso de serviços e técnicos das concessionárias (Lei
9.296/96, art. 7º) e que, além de sujeitar-se a ao controle judicial durante a
execução, tratar-se-ia apenas de meio de obtenção da prova (instrumento), com ela
não se confundindo. HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2012. (HC-
96986)
ADMISSÃO DA INTERCEPTAÇÃO
IMPRESCINDIBILIDADE DA INTERCEPTAÇÃO
A interceptação é um meio subsidiário de prova, porque ela só pode ser autorizada
quando os outros meios de prova se revelar ineficazes para a produção da prova (última ratio
de produção de prova).
A interceptação telefônica viola um direito fundamental do indivíduo, sendo admitida em
casos excepcionais e imprescindíveis.
Deve ser evidente o fato de que a autoridade policial não possa chegar à mesma conclusão
com outros meios investigativos. Assim, deve analisar o Juiz se seria possível perseguir o
mesmo resultado com outros meios da Polícia Judiciária, sem utilizar a medida drástica da
interceptação. Aí é que entra em jogo a necessidade da ponderação de interesses, ou o princípio
da proporcionalidade, para fins de que o Juiz verifique a indispensabilidade da interceptação
telefônica.
SERENDIPIDADE
O pedido para interceptação deve indicar o FATO CRIMINOSO + PESSOAS QUE ESTÃO
SENDO INVESTIGADAS. Serendipidade é o encontro e a descoberta fortuita de algo que não era
objeto de investigação.
Fenômeno da Serendipidade
A descoberta de fatos novos, advindos do monitoramento judicialmente
autorizados, pode resultar na identificação de pessoas inicialmente não relacionadas
no pedido da medida probatória, mas que possuem estreita relação com o objeto da
investigação. Tal circunstância não invalida a utilização das provas colhidas
contra esses terceiros (Fenômeno da Serendipidade)
Gabarito: Errado
Comentário:
Ambos os crimes de corrupção ativa (Valdemar) e passiva (Odair) admitem
penas de 2 a 12 anos e multa, ou seja, admitem reclusão. Interceptação telefônica
não é admitida em crimes de mera detenção, todavia aqui a pena do tipo penal
admite reclusão, consequentemente admite interceptação telefônica.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Gabarito: Errado
Comentário:
A interceptação de comunicações telefônicas está prevista no Art. 5º, inciso XII,
da CF/88, e regulamentada na Lei 9.296/1996.
Colaciona-se o Art. 2º da Lei 9.296/1996.
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando
ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena
de detenção.
O PEDIDO DA INFILTRAÇÃO
Mais uma vez a lei determina que somente o Juiz é quem poderá determinar a
interceptação telefônica, e, ainda, de maneira prévia, isto é, o magistrado autoriza a
interceptação antes dela acontecer, e não posteriormente.
O Art. 3º diz que o juiz pode autorizar a interceptação telefônica:
De ofício, na fase das investigações ou na fase da ação penal.
Por requerimento do MP, na fase das investigações ou na fase da ação penal.
Por representação da autoridade policial, na fase das investigações.
É necessário perceber que não é necessário que o juiz abra vistas ao MP para
decidir acerca da autorização de interceptação quando o pedido é via requerimento
da autoridade policial. Veremos no Art. 6º que, deferido o pedido pelo juiz, a
autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao
Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.