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Compreensão Histórica e Filosófica do Existencialismo
Histórica
O existencialismo ou filosofia da existência se impõe na Europa no período entre as
duas guerras e se expande, até se tornar moda, nos dois decénios sucessivos até a segunda guerra
mundial. Diversamente do idealismo, positivismo e o marxismo – o existencialismo dirige a sua
atenção sobre um homem finito, jogado no mundo, imerso e dilacerado em situações problemáticas
e absurdas.
Filosófica
O existencialismo é um movimento de pensamento que concebe a especulação
filosófica como uma análise minuciosa da experiência humana quotidiana, em todos os seus
aspectos teóricos e práticos, individuais e sociais, instintivos e intencionais. 1É do homem concreto
que os existencialistas pretendem falar, do homem na individualidade da sua existência. É a
existência, portanto, o modo de ser do homem: é um poder-ser, um sair fora (um ex-existere) para a
decisão e autoplasmação. Enquanto as coisas e os animais são determinados pela essência fazendo-
os ser aquilo que são, o homem será aquilo que decide ser, “ a existência precede a essência” 2. Para
o existencialismo, a existência não será uma realidade nem necessidade, mas sim possibilidade.
Portanto, a possibilidade é o modo constitutivo da existência; existência aberta para a
transcendência, que, nas propostas dos pensadores existencialistas, se configurará como: Deus ou
mundo, a liberdade, o nada.
O existencialismo, portanto, vai ser uma corrente filosófica que afirma a originalidade
da existência individual. Otermo existência não designa o facto de existir de qualquer coisa ou
realidade, mas exactamente a realidade do Eu, mas esse não é um Eu Puro mas sim um Eu concreto
mundano3.
Para os existencialistas, a vida humana é baseada na angústia, no absurdo e na náusea
causada pela vida não possuir um sentido para além da própria existência
Origem do existencialismo
Pressupostos remotos e próximos do existencialismo
Na perspectiva da história das ideias, o existencialismo se apresenta como manifestações da grande
crise do hegelianismo, manifestações que expressaram no pessimismo de Schopenhauer, no
humanismo de Feuerbach e na Filosofia de Nietzsche e que, por outro lado, encontram sua
correspondência na obra literária de Dostoiewsky e de Kafka, permeada de tão profunda
problematicidade humana. Embora Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger sejam os nomes mais
sonantes desta corrente, a raiz remota do existencialismo é o pensamento de Kierkegaard 4,
considerado por muitos autores como seu iniciador, por isso o existencialismo contemporâneo foi
proposto, em alguns de seus autores como uma Kierkegaard-Renaissance; a fenomenologia, ao
contrário, é a sua raiz próxima.
1
MONDI, Battista. Introdução à Filosofia: Problemas, sistemas, autores, obras. São Paulo: PAULUS. 1981.
P.239
2
Cfr. G. Reale; D. Antiseri. História da Filosofia, 6: De Nietzsche à Escola de Frankfurt. São Paulo: PAULUS.
2016. P. 215
3
Ibidem p.217
4
Cfr. Verbo: Enciclopédia luso-brasileira da Cultura. 8º. Lisboa: editorial Verbo. P.114
5
Notas Características Fundamentais do Existencialismo
1. O método fenomenológico: Este consiste essencialmente num esforço de clarificação da
experiência, conduzido não a luz dos princípios metafísicos, mas no âmbito da própria experiência,
por intermédio da observação objectiva da realidade assim como ela se manifesta.
2. O ponto de partida antropológico: A reflexão filosófica centra-se na existência, homem, que
se torna centro de atenção, encarado como ser concreto – nas suas circunstâncias, no seu viver, nas
suas aspirações totais
3. A subordinação da essência à existência: O homem não é concebido como ser natural
completamente configurado na sua essência desde o nascimento, mas como individuo que,
existindo, gera a própria essência por meio do uso da liberdade:Somos resultado das nossas acções
4. Os critérios da conduta moral não são extraídos da natureza nem de Deus, mas sim da história
e, justamente, das possibilidades concretas que se apresentam diariamente a cada um de nós, o
homem é modificado pelas suas escolhas
5. Marcado por três palavras-chave: angústia, responsabilidade e liberdade.
Tipos de existencialismo
O existencialismo se desenvolveu em duas direcções: Uma ateia e outra cristã.
Existencialismo Ateu
Este tipo de existencialismo tendo como principal representante Jean-Paul Sartre, declara que
não existindo Deus, todo o fundamento universal desaparece, o que origina a subjectividade da
moral5. Surge então um sentimento de angústia que revela a fragilidade humana, a sua
responsabilidade única perante qualquer acto e a necessidade de orientar a sua a acção livre para um
autoprojecto individual ou compromisso social. Portanto, o existencialismo ateu nega qualquer
força transcendental que interfira na vida do ser humano.
Existencialismo Cristão
O existencialismo cristão tendo como maior representante Soren Kierkegaard, é aquele que se
baseia na compreensão de Cristianismo de Kierkegaard. Embora seja o indivíduo a fazer as suas
próprias escolhas através da liberdade, o existencialismo cristão acredita na interferência de Deus
sobre a vida humana.
5
SANTOS, KátiaAlves. OEXISTENCIALISMO ATEU COMO CRÍTICA À METAFÍSICA CLÁSSICA. 99 ed. Revista Pandora
Brasil: Brasília. 2019. Pag. 113
6
SorenKierkegaar, apud, Livro da Filosofia: As Grandes Ideias de Todos os Tempos. Brasil: Globolivros.2011.p. 195
6
Os conceitos que podemos referir do existencialismo Kierkegaard chamados também de
categorias humanas de são: possibilidade, angústia liberdade.
A existência é o modo de ser do indivíduo. E a existência é o reino da liberdade: o
homem é o que escolhe ser, é aquilo que se torna. Quer isto dizer que que o modo de ser da
existência não é a realidade nem necessidade e sim possibilidade. Com efeito, na possibilidade, tudo
é igualmente possível. Tendo em conta que o homem é aquilo que escolhe ser, a existência é
possibilidade, obriga a escolher, implica risco, gera angústia: “O indivíduo é pura possibilidade,
ainda não está determinado”.7 Quanto a angústia, em sentido mais amplo quer dizer sufoco, estado
em que a pessoa se sente sufocada perante um perigo está eminente e inevitável. Já para
Kierkegaard a angústia caracteriza a condição humana. A partir dele o tema da angústia assume
uma importância central dentro da Filosofia, sobretudo para a corrente existencialista. É para ele,
vertigem da liberdade onde o indivíduo sente ao mesmo tempo uma atracção e uma repulsa diante
da liberdade de escolha. Uma determinação do espírito sonhador (…) a realidade da liberdade como
puro possível.8 Ao lado da angústia, Kierkegaard coloca o desespero. O desespero é próprio do
homem em sua relação consigo mesmo. O desespero, escreve Kierkegaard, é a doença mortal; “ um
eterno morrer sem todavia morrer”9, uma autodestruição imponente. E a primeira causa do
desespero é vista por Kierkegaard no não querer aceitar-se nas mãos de Deus
A existência do indivíduo torna-se autêntica apenas diante da transcendência de Deus.
Diferente de outros pensadores não abandona a fé em Deus.
7
Kierkegaad, apud, SANTOS, Pedro Carlos Ferreira. Actualidade do Conceito de Angústia de Kierkegaard. Revista da
Universidade Vale do Rio Verde. Brasil, 2011. Pag 2
8
KIERKEGAARD, Soren. O conceito de Angústia. Lisboa: Hemus editora. 1968.P. 50
9
Kierkegardapud, G. Reale; D. Antiseri. História da Filosofia, 6: De Nietzsche à Escola de Frankfurt. São Paulo:
PAULUS. 2016. P. 225
10
Essaabordagem filosófica investiga os fenómenos (como as coisas aparecem) pelo exame da nossa experiência
em relação a eles
7
Dependendo da resposta o ser humano poderá experimentar uma existência autênticae inautêntica
Para Heidegger, a angústia é um determinante existencial, característica da existência
autêntica. Ela se manifesta na quotidianidade do estar-no-mundo; põe o homem diante do nada, do
nada de sentido, isto é, do não sentido dos projectos humanos e da própria existência. A angústia
surge no ser-para-morte. Todo ser é um ser rumo à morte, mas apenas os humanos reconhecem
isso11.
Karl Jaspers (1883-1969)
Um dos maiores existencialistasalemãoao lado de Heidegger. Para ele, a existência na
sua singularidade e irrepetível excepcionalidade, a existência não pode ser objecto ou
exemplarindiferente e substituível de teorias e discursos universais. A existência é sempre minha
existência, singular e inconfundível, como viu Kierkegaard. Problema central apresentado por ele é
“como pensar a existência sem torná-lo objecto. A existência humana só é entendida vinculada à
historicidade e à noção e situação: Existir é um transcender na liberdade, que abre caminho em
meio a um conjunto de situações históricas concretas. A existência consciente percebe que tudo tem
um fim: “no fim há o naufrágio12”
Jean-Paul Sartre (1905-1980)
Um dos maiores representantes do existencialismo e fundador da mesma corrente,
Sartre foi filósofo, escritor e crítico francês. O existencialismo de Sartre baseado principalmente na
fenomenologia de Husserl e em “Ser e Tempo” de Heidegger, o existencialismo sartriano procura
explicar todos os aspectos da experiência humana. A maior parte deste projecto está sistematizado
em dois dos seus grandes livros filosóficos:Ser e o nada e Crítica da razão dialéctica.
Admitir que há uma essência universal do ser humano, e que essa essência pode ser
encontrada em cada humano que existe, é para Sartre um risco de perder aquilo que nos é mais
precioso: a nossa liberdade. Não fomosfeitos para qualquer finalidade específica, porque não existe
um Deus que possa estabelecer tal natureza:“A existência precede a essência”, por isso devemos
definir a nós mesmos13. E diante disso, o ser humano sente o absurdo e náusea causados pelo facto
da vida não possuir sentido para além da própria existência.
O homem lançado ao mundo está condenado a existir para semprealém dos moventes e
dos motivos do meu acto: estou condenado a ser livre. Uma vez, lançado à vida, o homem é
responsável por tudo o que faz do projecto fundamental, isto é, da sua vida. Essa responsabilidade é
a causa da angústia dos existencialistas. Angústia para Sartre é a consciência específica da
liberdade14. Portanto, a angústia vem da própria consciência da liberdade e da responsabilidade em
usá-la de forma adequada.
Maurice Merleau-Ponty (1908-1961)
Filósofo, fenomenólogo e existencialista francês, cujas principais obras são: Estrutura
do comportamento e Fenomenologia da Percepção. Centrou a sua Filosofia na existência humana
e no conhecimento. Concebe a existência como ser-no-mundo, como “certa maneira de enfrentar o
mundo”. Desenvolvendo o tema das relações entre o homem e a sociedade, Merleau-Ponty critica a
ideia de liberdade absoluta defendida por Sartre: O homem é livre, repete, Ponty; só que essa
11
Livro da Filosofia: As Grandes Ideias de Todos os Tempos. Brasil: Globolivros.2011. p. 255
12
Cfr. G. Reale; D. Antiseri. História da Filosofia, 6: De Nietzsche à Escola de Frankfurt. São Paulo: PAULUS. 2016. P.
221
13
LGBT e Feminismo tiram a suas bases explicativas na Filosofia de Sartre: "Podemos nos tornar aquilo que
escolhemos fazer de nós mesmo".
14
Cfr. SARTRE, Jean Paul. Ser e Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológico. França: Vozes Editora 1997.p.7
8
liberdade do homem é condicionada pelo mundo em que se vive e pelo passado que viveu. Assim, "
jamais existe determinismo e jamais existe escolha absoluta.15
Repercussões do existencialismo
O existencialismo teve bastantes repercussões, sendo a mais exímias na literatura e em alguns
movimentos sociais. Literatura:Albert Camus
Albert Camus, filosofo e romancista argelino (1913-1960), foi um dos principais
pensadores do “absurdismo”, uma das ramificações teóricas do existencialismo. Ao contrário de que
muitos filósofos afirmaram, Camus julgava que a Filosofia devia reconhecer que a vida é sem
sentido. Afirmava que embora sejamos seres conscientes que não conseguem deixar de viver suas
vidas como se elas tivessem sentido. De outro modo, esse sentido não existe no universo exterior,
mas somente em nossa mente. O universo não tem sentido e propósito – ele simplesmente é.
O absurdo, para Camus, é os sentimentos que experimentamos ao reconhecer que os
sentidos conferidos à vida não existem para além da nossa consciência. Acrescenta dizendo que
para vivermos plenamente, temos antes de aceitar o facto que a vida é sem sentido e absurda.
Quanto a angústia, retrata que ela é causada pela incerteza da vida sem sentido16.
15
Cfr. G. Reale; D. Antiseri. História da Filosofia, 6: De Nietzsche à Escola de Frankfurt. São Paulo: PAULUS. 2016. P.
234
16
Livro da Filosofia: As Grandes Ideias de Todos os Tempos. Brasil: Globolivros .2011. p. 285
17
Ibidem p. p. 276-277
9
CONCLUSÃO
10
BIBLIOGRAFIA
MONDI, Battista. Introdução à Filosofia: Problemas, sistemas, autores, obras. São Paulo:
PAULUS. 1981
11
ÍNDICE
Introdução…………………………………………………………...……………......…4
Histórica.............................................................................................................................5
Filosófica......…………………........................................................................…........…..5
Origem do Existencialismo
Tipos de Existencialismo
ExistencialismoCristão...........................................................................................6
Existencialismo Ateu………………………………………………...……....……6
Soren Kierkegaard…………...............................………………………….....….6
Martin Heidegger…...............................…………...........................…..….....…..7
Karl Jaspers............................................................................................................7
Jean-Paul Sartre……………………………………………………....…..…....…8
Maurice Merleau-Ponty…………………………………...................…....…....8
Repercussões do Existencialismo
Literatura:
Albert Camus…………………………………………………………………..……...…9
Conclusão………………………………………………………………..........…...…...10
BIBLIOGRAFIA
12