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CURITIBA
2021
ANA CAROLINA MORENO NUNES
CURITIBA
2021
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SETOR DE TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL -
40001016049P2
ATA Nº403
No dia cinco de outubro de dois mil e vinte e um às 09:00 horas, na sala Microsoft Teams, Ambiente virtual, foram instaladas as
atividades pertinentes ao rito de defesa de dissertação da mestranda ANA CAROLINA MORENO NUNES, intitulada: Correlação
por imagem digital para o monitoramento de deformações causadas por reações expansivas em prismas de concreto, sob
orientação do Prof. Dr. RICARDO PIERALISI. A Banca Examinadora, designada pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação
ENGENHARIA CIVIL da Universidade Federal do Paraná, foi constituída pelos seguintes Membros: RICARDO PIERALISI
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ), RONALDO ALVES DE MEDEIROS JUNIOR (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ), LUIS ALBERTO CORONADO MONTOYA (55001482). A presidência iniciou os ritos definidos pelo Colegiado do
Programa e, após exarados os pareceres dos membros do comitê examinador e da respectiva contra argumentação, ocorreu a
leitura do parecer final da banca examinadora, que decidiu pela APROVAÇÃO. Este resultado deverá ser homologado pelo
Colegiado do programa, mediante o atendimento de todas as indicações e correções solicitadas pela banca dentro dos prazos
regimentais definidos pelo programa. A outorga de título de mestra está condicionada ao atendimento de todos os requisitos e
prazos determinados no regimento do Programa de Pós-Graduação. Nada mais havendo a tratar a presidência deu por encerrada a
sessão, da qual eu, RICARDO PIERALISI, lavrei a presente ata, que vai assinada por mim e pelos demais membros da Comissão
Examinadora.
Assinatura Eletrônica
06/10/2021 11:54:34.0
RICARDO PIERALISI
Presidente da Banca Examinadora
Assinatura Eletrônica
06/10/2021 16:06:54.0
RONALDO ALVES DE MEDEIROS JUNIOR
Avaliador Interno (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ)
Assinatura Eletrônica
08/11/2021 11:49:34.0
LUIS ALBERTO CORONADO MONTOYA
Avaliador Externo (55001482)
TERMO DE APROVAÇÃO
Os membros da Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação ENGENHARIA CIVIL da
Universidade Federal do Paraná foram convocados para realizar a arguição da dissertação de Mestrado de ANA CAROLINA
MORENO NUNES intitulada: Correlação por imagem digital para o monitoramento de deformações causadas por reações
expansivas em prismas de concreto, sob orientação do Prof. Dr. RICARDO PIERALISI, que após terem inquirido a aluna e
realizada a avaliação do trabalho, são de parecer pela sua APROVAÇÃO no rito de defesa.
A outorga do título de mestra está sujeita à homologação pelo colegiado, ao atendimento de todas as indicações e correções
solicitadas pela banca e ao pleno atendimento das demandas regimentais do Programa de Pós-Graduação.
Assinatura Eletrônica
06/10/2021 11:54:34.0
RICARDO PIERALISI
Presidente da Banca Examinadora
Assinatura Eletrônica
06/10/2021 16:06:54.0
RONALDO ALVES DE MEDEIROS JUNIOR
Avaliador Interno (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ)
Assinatura Eletrônica
08/11/2021 11:49:34.0
LUIS ALBERTO CORONADO MONTOYA
Avaliador Externo (55001482)
Maxwell Santos
RESUMO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1.1 OBJETIVO .................................................................................................................... 13
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO................................................................................. 15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 18
2.1 DURABILIDADE DE ESTRUTURAS DE CONCRETO EM NORMAS E
RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS .................................................................................. 19
2.2 REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO..................................................................................... 23
2.2.1 Tipos de reação álcali-agregado .................................................................................... 24
2.2.2 Mecanismo de deterioração........................................................................................... 28
2.2.4 Ensaios laboratoriais e ferramentas para prevenção e diagnóstico de RAA ................... 33
2.3 CORRELAÇÃO DE IMAGEM DIGITAL .......................................................................... 38
3. CORRELAÇÃO POR IMAGEM DIGITAL EM ENSAIO MECÂNICO ............................. 47
3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E OBJETIVO DO CAPÍTULO .................................. 47
3.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL ..................................................................................... 52
3.2.1 Materiais, dosagem e cura das amostras ....................................................................... 52
3.2.2 Ensaio Montevidéu (MVD) ............................................................................................. 57
3.2.3 Correlação de Imagem Digital (DIC) .............................................................................. 59
3.3 RESULTADOS .............................................................................................................. 62
3.4 CONCLUSÕES PARCIAIS ............................................................................................ 75
4. CORRELAÇÃO POR IMAGEM DIGITAL EM ENSAIO DE EXPANSÃO EM CONCRETO
................................................................................................................................ 76
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E OBJETIVO DO CAPÍTULO .................................. 76
4.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL ..................................................................................... 77
4.2.1 Metodologia e adaptações adotadas ............................................................................. 77
4.2.2 Dosagem, fabricação e acondicionamento das amostras ............................................... 80
4.2.3 Correlação por Imagem Digital ...................................................................................... 88
4.3 RESULTADOS .............................................................................................................. 95
4.4 CONCLUSÕES PARCIAIS .......................................................................................... 115
5. CONSIDERAÇÕES..................................................................................................... 117
SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ................................................................ 118
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 119
APÊNDICE A........................................................................................................................ 130
APÊNDICE B........................................................................................................................ 134
ANEXO ...................................................................................................................................140
1. INTRODUÇÃO
12
caracterização da ruptura do concreto em ensaio mecânico. Em seguida, a
pesquisa é direcionada ao monitoramento da ocorrência de RAA ao longo do
ensaio de reatividade de agregados ABCPT por meio da aplicação da DIC. O
uso da técnica para monitoramento de deformações e fissuras advindas desse
tipo de degradação é recente. Nesse sentido, o avanço do emprego da técnica
para mapeamento de fissuras por reações expansivas pode contribuir para que
as medições lineares realizadas atualmente em relógio comparador possam ser
complementadas por uma técnica de maior precisão e melhor ajuste aos
mecanismos efetivos da reação.
1.1 OBJETIVO
13
1.2 JUSTIFICATIVA
14
Nesse contexto, a melhoria das técnicas de monitoramento das estruturas
ao logo da vida útil pode contribuir para menores intervenções e menor consumo
de materiais. Assim, o impacto ambiental causado pela destinação incorreta de
resíduos e, em alguns casos, pelo uso exacerbado de materiais para reparo em
estruturas danificadas, poderá ser reduzido.
No âmbito técnico, a utilização de ensaios experimentais normatizados,
como o método acelerado de barras de argamassa, para verificação da
reatividade de agregados, tem sido objeto de debate. Isso porque, não é
incomum a ocorrência de resultados errôneos, nos quais agregados reativos não
são corretamente caracterizados. Nesses casos, após determinado período da
construção com o uso desses materiais, observam-se manifestações patológicas
que caracterizam a RAA. Segundo Sanchez, Fournier e Kuperman (2010) em
situações como essa, não há consenso em relação à reabilitação da estrutura.
Os métodos de mitigação utilizados são onerosos e pouco eficientes,
dependendo do estado de deterioração existente (SANCHEZ; FOURNIER;
KUPERMAN, 2010). Além disso, essas técnicas possuem elevado custo.
Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), em 2017 foram gastos
cerca de R$ 34 milhões em serviços de manutenção e recuperação de barragens
em diversas regiões do país (BRASIL, 2017). Dessa forma, a prevenção
constitui-se como a melhor solução técnico-econômica. Nesse sentido, o estudo
alinha-se com a busca pela melhoria dos ensaios utilizados atualmente, de modo
a viabilizar a obtenção de dados precisos e que simulem, com alto nível de
confiança, o comportamento dos agregados em obras reais.
15
desse contexto, a dissertação foi dividida em 5 capítulos, conforme apresentado
na FIGURA 1.
16
concreto foram os primeiros parâmetros analisados a partir da correlação por
imagem digital no meio científico. Nesse contexto, o capítulo em questão trata
do programa experimental realizado para monitorar o aparecimento de fissuras,
por meio da correlação de imagem digital, em concreto reforçado com fibras de
polipropileno durante o ensaio de tração indireta Montevidéu.
O capítulo 4 trata do acompanhamento de deformações ocasionadas por
reações expansivas no concreto. O objetivo é monitorar o aparecimento e a
progressão de fissuras relacionadas à expansão das amostras de concreto
acometidas por RAA por meio da técnica DIC. A partir da aplicação do método
acelerado brasileiro de prismas de concreto (ACBPT) proposto por Sanchez
(2008), busca-se verificar a ocorrência de manifestações patológicas
características de RAA nos corpos de prova em análise.
No capítulo 5 são apresentadas as considerações globais da pesquisa,
relacionando os resultados relevantes obtidos ao longo do estudo. Busca-se
correlacionar os resultados alcançados com a melhoria das ferramentas de
caracterização de materiais existentes e com a projeção para trabalhos futuros.
17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
18
abastecimento e tráfego viário. Devido a maior poluição neste cenário, os índices
de degradação tendem a ser elevados, dando origem a problemas que podem
culminar no envelhecimento precoce das edificações. Dessa forma, as
manutenções passam a ser necessárias antes do previsto, uma vez que a
deterioração pode afetar a estética, o uso ou, em casos mais severos, a
segurança da edificação (POSSAN, DEMOLINER; 2013).
Entretanto, de forma geral, em casos onde há aumento do nível de
agressividade do ambiente durante o tempo de serviço da construção, as
manutenções acabam sendo realizadas apenas após o aparecimento de
manifestações patológicas que comprometem a durabilidade do concreto
(POSSAN; DEMOLINER; 2013). Nesse sentido, é notória a necessidade do
constante monitoramento das construções e da correta caracterização do
ambiente em que a obra estará inserida.
As normas e recomendações técnicas classificam os tipos de deterioração
do concreto de acordo com o mecanismo de degradação preponderante ou em
relação à parte do compósito mais afetada. Em obras de grande porte, como
pontes e barragens, os problemas de durabilidade podem ser originados por
reações expansivas no concreto. O compósito pode tornar-se suscetível a esse
tipo de ataque quando há o uso de materiais inadequados e agregados
contaminados. Além disso, erros de execução e falhas nos procedimentos
posteriores à concretagem, como desforma e cura podem agravar o processo de
degradação (MEHTA; MONTEIRO, 2008; BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2016).
Dessa forma, é necessário o uso de ferramentas práticas e ensaios laboratoriais
que expressem resultados confiáveis e precisos e, que possibilitem o diagnóstico
e o prognóstico de construções afetadas por mecanismos de deterioração dessa
natureza.
19
científico FIB Bulletin nº 202 de 1990 (FIB, 1991) é necessário que na fase de
projeto sejam considerados critérios de durabilidade que deverão ser seguidos
durante a execução da obra e, posteriormente, ao longo de sua vida de serviço,
como: geometria da peça estrutural; qualidade do concreto; detalhamento
estrutural satisfatório; meios de controle de fissuração dos elementos estruturais;
e planos de manutenção. Nesse sentido, o documento em questão enfatiza a
importância do devido controle das características construtivas da edificação,
uma vez que o meio no qual ela estará inserida pode ser modificado
constantemente ao longo dos anos, resultando, em alguns casos, na mudança
dos padrões de durabilidade da estrutura.
Sob outra perspectiva, o Eurocode ou norma européia EN 206-1 (EN,
2007) analisa o viés da durabilidade por meio da caracterização e descrição do
ambiente em que a obra se encontra, classificando-o de acordo com o tipo de
exposição da edificação e relacionando esses fatores à manifestações
patológicas em potencial. De modo geral, é feita a relação entre mecanismos de
degradação e as suas possíveis causas. A influência do microclima sobre cada
elemento estrutural, no que se refere a verificação das condições de umidade,
também é um fator analisado e auxilia na determinação do nível de agressividade
do ambiente.
A norma americana ACI 318-19 (ACI, 2019) possui abordagem
semelhante ao Eurocode, uma vez que o meio ambiente em que a estrutura
estará inserida também é classificado de acordo com as possíveis causas e
mecanismos de degradação passíveis de ocorrer. Os níveis de agressividade
para cada ambiente podem possuir diferentes magnitudes, que variam de 1 a 4.
A porosidade de concretos em contato com a água, a presença de sulfatos no
meio externo ou de agentes que possam induzir a corrosão das armaduras, além
da ocorrência de ciclos de gelo e degelo são os fatores considerados para a
determinação da categoria na qual a edificação se encontra.
De modo geral, a durabilidade das edificações é assegurada por meio da
otimização dos parâmetros construtivos e de dosagem, como: diminuição da
relação água/cimento, aumento da resistência a compressão e garantia do
cobrimento adequado das armaduras. Em outras palavras, a adequação da
qualidade do concreto em relação ao ambiente em que a edificação será inserida
é fundamental para garantir a durabilidade da estrutura, uma vez que fatores
20
como a penetração de agentes deletérios no interior do concreto poderão ser
minimizados (MEHTA; MONTEIRO, 2008; TUTIKIAN; BOLINA; HELENE, 2018).
No Brasil, a norma ABNT NBR 6118:2014 classifica os ambientes em que
a estrutura de concreto poderá ser construída de acordo com o tipo de
agressividade ambiental à que a edificação estará sujeita ao longo da vida útil.
Nesse sentido, os parâmetros mínimos para durabilidade estarão relacionados
ao ambiente e à qualidade do concreto (menor relação a/c e maior resistência
mecânica à compressão) além do cobrimento da armadura, para o caso de
elementos estruturais como pilares, vigas e lajes.
As classes de agressividade ambiental elencadas pela norma brasileira
relacionam-se indiretamente com os mecanismos químicos de degradação do
concreto, uma vez que estão associadas à presença de agentes químicos
deletérios, como o dióxido de carbono (CO 2) e íons Cl-, além de ácidos e sulfatos.
Dessa forma, quanto maiores os riscos de deterioração, maior deverá ser a
qualidade do concreto (TUTIKIAN; BOLINA; HELENE, 2018).
Nesse caso, as mudanças nos parâmetros de dosagem do concreto visam
a diminuição da permeabilidade e difusividade de íons no interior do compósito.
Dessa forma, é possível minimizar a entrada de agentes agressivos no concreto
e assegurar a durabilidade da edificação ao longo de sua vida útil (TUTIKIAN;
BOLINA; HELENE, 2018).
De acordo com Tutikian, Isaía e Helene (2011) a durabilidade de uma
edificação depende de fatores externos e internos aos seus elementos
estruturais. A ocorrência de chuva ou maresia, além da presença de ácidos ou
sais no ambiente são fatores externos que influenciam o comportamento do
compósito ao longo de sua vida útil (TUTIKIAN; ISAÍA; HELENE, 2011).
Em relação às características de dosagem do compósito, as normas
nacionais e internacionais recomendam que os fatores internos como: consumo
de cimento; relação água/cimento; entre outros; estejam condizentes com os
limites estabelecidos por normas de projeto de estruturas de concreto, como a
NBR 6118:2014. No que se refere aos fatores extrínsecos à estrutura (condições
ambientais e microclima) recomenda-se a caracterização ambiental adequada
do meio no momento do projeto da edificação, de modo que seja possível a
escolha dos materiais e métodos construtivos mais apropriados. Assim, é
possível assegurar capacidade de serviço, estabilidade e segurança da estrutura
21
ao longo da vida útil estipulada, no nível de agressividade ambiental para o qual
ela foi projetada (BOLINA; TUTIKIAN, 2016).
Para o caso de reações expansivas, como a RAA, medidas de prevenção
são fundamentais, principalmente no que se refere à escolha dos materiais para
fabricação do compósito. O primeiro estudo no qual verificou-se interação físico-
química entre compostos do cimento e minerais dos agregados data da década
de 1940 (STANTON, 1940). Porém, foi a partir da década de 1980 que normas
e recomendações sobre o tema tornaram-se objeto de discussão no meio
técnico-científico. A linha do tempo na FIGURA 3 mostra o desenvolvimento e a
normalização de ensaios para medição de expansão em argamassas e
concretos.
22
durabilidade e a correta operação de grandes obras na indústria da construção
civil.
De acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014, a RAA pode ser definida
como a interação química entre os agregados reativos e os álcalis do cimento.
Trata-se de uma reação expansiva que, ao longo do tempo, pode comprometer
a capacidade portante e o desempenho da edificação, uma vez que desencadeia
um processo fissuratório em todo elemento afetado (SANCHEZ, 2008). De modo
geral, a RAA é um processo de degradação caracterizado pelo aparecimento de
fissuras em “mapa” na superfície do concreto, como mostrado na FIGURA 4-a,b.
Em elementos de concreto não armados, as fissuras decorrentes de RAA se
propagam de forma aleatória e possuem aberturas que podem variar de 0,1 mm
até 10 mm (PIRES COBRINHO; GALVÃO, 2006). Além disso, outra evidência é
a exsudação do gel (produto da reação entre os álcalis da pasta cimentícia e os
agregados da matriz), que torna-se expansivo em ambiente úmido (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
FIGURA 4 - FISSURAS POR RAA EM BLOCO DE FUNDAÇÃO EM RECIFE – BRASIL (a);
FISSURAS EM MAPA EM DIQUE DE BARRAGEM DE CONCRETO – URUGUAI (b).
a) b)
23
estrutura afetada por RAA (SANCHEZ et al, 2014-b; SANCHEZ et al, 2015-a;
SANCHEZ et al, 2015-b).
Segundo Sanchez (2008) para elementos estruturais como blocos, vigas
e lajes, as deformações irão ocorrer na direção de menor confinamento (vertical)
e as fissuras se propagarão perpendicularmente a ela (horizontal). De acordo
com a normativa americana ACI 221 (1998) as tensões internas de tração,
provocadas pelo aumento de volume do gel (produto da reação) em contato com
água, culmina na formação de microfissuras no concreto (ACI 221; 1998). Como
há menor confinamento na superfície do elemento, neste local ocorrem as
maiores deformações e, consequentemente, elevadas tensões de tração. Dessa
forma, as fissuras que se formam são largas e se propagam perpendiculares à
superfície. Vistas de cima, as fissuras apresentam um padrão poligonal, que dá
origem ao termo “fissuração em mapa” (SANCHEZ, 2008).
24
Reação álcali-carbonato (RAC)
Segundo Biczok (1972), Gillott (1975) e Ozol (1994) a RAC pode ser
entendida como uma interação química entre as dolomitas presentes nos
calcários e os álcalis do cimento. Essa reação, descrita na Equação (1), é
denominada desdolomitização, e culmina na formação de Mg(OH) 2 gerando
fissuras, além de contribuir para o enfraquecimento da zona de transição
(interface entre agregado e matriz cimentícia) do concreto (BICZOK, 1972;
GILLOTT, 1975; OZOL, 1994).
CaMg(CO3)2 + 2(Na,K)OH → Mg(OH)2 + CaCO3 + (Na,K)2CO3 (1)
Dolomita Álcalis Brucita Calcita Carbonatos
(hidróxidos) (hidróxido de (carbonato de alcalinos
Magnesio) cálcio)
25
2005). De forma geral, os principais indícios da ocorrência da RAS são o
aparecimento de fissuras em “mapa”, bordas escuras em torno de agregados,
além da formação de gel sílico-alcalino (produto da reação entre os álcalis da
pasta cimentícia e os agregados da matriz) que é expansivo em ambiente úmido
(MEHTA; MONTEIRO, 2008).
A RAS pode ser definida quimicamente como uma reação do tipo ácido-
base, onde a sílica presente nos agregados é o reagente ácido e, os hidróxidos
presentes na solução dos poros do concreto são os reagentes básicos. O
primeiro estágio da reação é apresentado na Equação (3). O grupo Silanol (Si-
OH), acomodado na superfície do agregado, é atacado pelos íons hidroxila (OH -
), tendo como produto da reação a formação de água.
26
ocorrência de RAS (WANG, GILLOTT; 1991).
Segundo estudo realizado por Lu, Fournier e Grattan-Bellew (2006),
agregados de maiores dimensões podem favorecer o início do processo
deletério. Os autores realizaram estudos experimentais sobre a microestrutura e
o comportamento de expansão de agregados em diferentes testes acelerados,
com o objetivo de avaliar o efeito do tamanho dos agregados na determinação
da reatividade álcali-agregado por métodos acelerados de ensaio. Os resultados
indicaram que o teste acelerado em barras de argamassa, por exemplo, pode
subestimar o potencial de reatividade alcalina dos agregados. Isso porque, ao
se trabalhar com partículas de agregados muito finas, é possível que ocorra a
perda da microtextura original da rocha de composição. Ainda de acordo com os
resultados do estudo, a microtextura dos agregados pode desempenhar grande
influência na reatividade do material. Isso porque a morfologia e o tamanho dos
grãos são características que afetam diretamente o ambiente de formação dos
produtos expansivos, podendo comprometer a interpretação correta do
comportamento de expansão dos agregados no interior da matriz cimentícia (LU;
FOURNIER; GRATTAN-BELLEW, 2006).
Em relação ao processo executivo, o uso de produtos químicos durante a
dosagem do concreto, como aditivos aceleradores de pega, superplastficantes
ou sais de degelo, durante a vida útil da estrutura, também podem contribuir para
o surgimento do processo reativo. Além disso, parâmetros relacionados ao meio
ambiente como temperatura, umidade e exposição da estrutura a ciclos de
molhagem e secagem são fatores que podem contribuir para a ocorrência da
RAS (WANG, GILLOTT; 1991).
27
Outra particularidade é que a reação é mais lenta do que a comumente
vista em RAS. Segundo Regourd (1988) a reação álcali-silicato possui os
mesmos princípios de interação que a reação álcali-sílica. Entretanto, os
minerais reativos encontram-se disseminados no retículo cristalino do agregado,
tornando o processo mais lento. Todavia, de acordo com Hobbs (1988) e Poole
(1992) os produtos da RASS são semelhantes aos originados na RAS, e podem
ser encontrados numa mesma estrutura de concreto.
Como já descrito anteriormente, a RAS tem início pelo ataque dos íons
hidroxila (OH-) dissolvidos nos poros da matriz cimentícia à sílica presente nos
agregados. Em seguida, os íons alcalinos de sódio e potássio são incorporados
à reação, dando origem ao gel que possui propriedades expansivas na presença
de umidade. No Brasil, os danos causados por essa manifestação patológica
atingem, principalmente, obras hidráulicas e de fundação, nas quais a presença
de água é facilitada e de difícil controle (COUTO, 2008; BONATO, 2015).
De acordo com a ABNT NBR 15577-1:2018, a RAS é um tipo de reação
28
álcali-agregado na qual, além do hidróxido de cálcio, participam a sílica reativa
dos agregados e os álcalis do cimento, culminando na formação de um gel
expansivo. A norma ainda enfatiza que este é o tipo de RAA que se desenvolve
mais rapidamente. Isso pode ser explicado pela disposição amorfa da sílica nos
agregados, que pode facilitar a ocorrência da reação expansiva. De forma geral,
existem dois tipos de arranjo estrutural em que a sílica pode se apresentar,
conforme mostrado na FIGURA 6.
29
para a superfície da estrutura (GILLOTT, 1975; MEHTA; MONTEIRO, 2008).
No entanto, segundo Sanchez (2008), a formação do gel não contribui
para o tamponamento dos poros do concreto. Por se tratar de um material
multifásico, a sílica encontra-se próxima a parte central do agregado, e não em
suas bordas. Dessa forma, a hipótese defendida é a de que a reação álcali-
agregado não se inicia na interface entre o agregado e a pasta, mas sim no
interior do agregado, conforme mostrado na FIGURA 7 (SANCHEZ, 2008;
SANCHEZ et al, 2014-a; SANCHEZ et al, 2014-b).
30
cristalino) ainda está dentro do agregado. Ao sair para a zona de transição e
demais partes da matriz cimentícia as fissuras do interior do agregado se
propagam. Dessa forma, não há nenhum auxílio no fechamento de fissuras ou
poros do concreto por parte do gel sílico-alcalino (SANCHEZ et al, 2014-b).
No que se refere às mudanças no aspecto visual da estrutura, as
principais modificações aparentes em um elemento com RAS são o
aparecimento de fissuras e trincas em forma de mapa e, em casos onde o nível
de degradação é avançado, há a presença de gel de sílica na superfície do
concreto, exsudado por meio das fissuras. Apesar de se tratar de uma reação
expansiva comum em estruturas de concreto maciço, como barragens (onde a
incidência de armadura é mínima), nos casos onde há a ocorrência de RAA em
elementos reforçados com armadura, as rachaduras são paralelas às barras de
aço e se iniciam próximas às juntas com maior teor de umidade, conforme
mostrado na FIGURA 8 (OWSIAK; ZAPALA-SLAWETA; CZAPIK, 2015).
32
é fundamental para confirmar e acompanhar o diagnóstico ao longo dos anos
(BLANCO, et al. 2018).
33
aumento de temperatura durante o ensaio (SANCHEZ, 2008). O monitoramento
de corpos de prova fabricados com agregados reativos na década de 1940
embasou a criação de normas como a ACI 221:1998. Nela são apresentados
conceitos e definições importantes para o entendimento da reação em questão.
Além disso, são elencados os principais agentes influenciadores da ocorrência
de RAA no concreto (BONATO, 2015).
A partir dos primeiros estudos também foram criadas normas que
tratavam especificamente da realização de ensaios laboratoriais, capazes de
avaliar a reatividade de agregados inseridos em misturas cimentícias. A ASTM
C227, de 1950, normalizou o método das barras de argamassa (MBT) para
verificação do potencial reativo de agregados. O procedimento foi atualizado até
2010, quando a norma foi retirada do catálogo, sem substituição.
Entretanto, a partir da década de 1980, outras metodologias de ensaio
foram propostas considerando amostras de argamassa e concreto. No que se
refere à utilização de corpos de prova de argamassa, a norma ASTM C1260,
criada em 1994 e atualizada em 2014, dispõe sobre o método acelerado de
expansão em barras de argamassa (AMBT), uma das metodologia mais
utilizadas para a determinação do potencial reativo de agregados (BONATO,
2015).
Com o intuito de simplificar a obtenção de resultados em curtos prazos, a
ABNT criou em 2008, equivalente à ASTM C1260, a NBR 15577 atualizada em
2018. A norma brasileira é dividida em sete partes, e além de abordar conceitos
e práticas para avaliação de reatividade de agregados, trata de medidas
preventivas e protocolo de coleta e preparação de amostras para ensaios. Na
parte 4 da ABNT NBR 15577 estão dispostos os procedimentos para a
determinação da reatividade de agregados em barras de argamassa pelo
método acelerado. A obtenção de resultados é rápida e, dessa forma, a
normativa tornou-se amplamente utilizada, uma vez que indica o modo de
acelerar a ocorrência do mecanismo de degradação da RAA.
Em concreto, o primeiro método foi normalizado em 1995, pela ASTM C
1293, atualizada em 2020. Nela está descrito o procedimento para avaliar a
expansão de agregados incorporados numa mistura de concreto (CPT). Apesar
do alto nível de confiabilidade dos resultados, o tempo necessário para a
realização do procedimento (1 ano, segundo a norma) é um fator que inviabiliza
34
a realização do teste em diversas pesquisas. Nesse sentido, métodos
acelerados utilizando amostras de concreto são propostos desde então. O
primeiro deles, denominado de método acelerado de prismas de concreto
(ACPT) foi desenvolvido em 1992, e propõe, a partir do aumento de temperatura
durante o procedimento, que resultados obtidos em 1 ano de CPT sejam
observados em apenas 3 meses. No entanto, a proposta metodológica ainda não
é normalizada.
Em 2004, o ensaio desenvolvido por Lee, Liu e Wang, denominado
método acelerado de prismas de concreto imersos em solução (ACPST) também
demonstrou boa correlação com resultados obtidos a partir do método CPT.
Porém, o procedimento ainda não possui normativa específica. A norma
brasileira ABNT NBR 15577:2018 também trata do ensaio de potencial reativo
de agregados em prismas de concreto com duração de 1 ano (parte 6) e por
método acelerado em 20 semanas (parte 7).
A fim de verificar a confiabilidade dos principais métodos utilizados para
determinação da reatividade de agregados empregados na construção civil,
Sanchez (2008) fez um estudo no qual comparou os principais ensaios
realizados com essa finalidade. Comparou-se diversos métodos, entre eles o
método acelerado de barras de argamassa (AMBT), o método acelerado de
prismas de concreto (ACPT) e, o método acelerado de prismas de concreto
imerso em solução (ACPST). Verificou-se que os métodos utilizados em concreto
possuem confiabilidade suficiente para serem empregados na determinação da
reatividade de agregados. No entanto, o método AMBT (com barras de
argamassa) apresentou disparidades na classificação dos materiais em relação
aos demais ensaios realizados. Segundo o autor, isso demonstrou que as
condições de ensaio e os parâmetros analisados necessitam de aprimoramento
(SANCHEZ, 2008).
Além disso, no mesmo estudo, Sanchez (2008) propôs um método de
ensaio, denominado método acelerado brasileiro de prismas de concreto
(ABCPT) que une a confiabilidade do ACPT com a rapidez na obtenção de dados
fornecida pelo método ACPST. Os resultados comprovaram que há boa
correlação do método proposto com os demais utilizados para verificação da
reatividade de agregados em concreto (SANCHEZ, 2008).
Em paralelo ao desenvolvimento de ensaios que possam prevenir a
35
ocorrência de RAA, o aperfeiçoamento das técnicas de diagnóstico da patologia
em estruturas em operação tem sido discutido em pesquisas recentes, como
Sanchez et al (2014-b); e Sanchez et al (2016). Alguns procedimentos
desenvolvidos há mais de 30 anos estão sendo aprimorados e utilizados como
ferramentas para diagnóstico de elementos onde houve registro da ocorrência
de RAA. É o caso do ensaio de avaliação da deterioração da rigidez (do inglês
Stiffness Damage Test – SDT) utilizado para quantificação do grau de
degradação de um concreto com a reação deletéria. Trata-se de um método
desenvolvido em 1965 por Walsh (WALSH, 1965) para avaliação de rochas, que
posteriormente foi adaptado para concreto, em 1987. Desde então, diversas
pesquisas tem buscado o aprimoramento do procedimento, de modo a viabilizar
seu uso para diagnóstico de estruturas acometidas por RAA.
Trata-se de um ensaio com carregamento cíclico de compressão uniaxial
em corpos de prova cilíndricos de concreto ou, testemunhos extraídos de obras
em operação. A compressão atua no fechamento das fissuras existentes e
quanto maior o carregamento, dentro do limite estabelecido, maior a quantidade
de fissuras fechadas. Dessa forma, é possível quantificar a microfissuração
interna, que se relaciona com o nível de expansão da amostra e permite verificar
o diagnóstico da estrutura em termos de expansão pelo tempo (SANCHEZ et al,
2014-b, SANCHEZ et al, 2015; SANCHEZ et al, 2017).
A partir da análise dos resultados do ensaio SDT, dependendo da situação
em que a estrutura se encontra, em relação ao grau de dano, são tomadas as
decisões de remediação das manifestações patológicas. Em último caso, a
estrutura é condenada, caso o diagnóstico final registre o acontecimento das
maiores expansões previstas para o elemento de concreto (SANCHEZ et al,
2014-b, SANCHEZ et al, 2015; SANCHEZ et al, 2017).
Outra ferramenta utilizada atualmente para diagnóstico de estruturas
afetadas por RAA foi desenvolvida por Grattan-Bellew em 1995, denominada de
Índice de Classificação de Danos (do inglês Damage Rating Index – DRI) a partir
da qual é possível realizar a contagem de defeitos da matriz de concreto
associados à RAA por meio de microscopia semi-quantitativa. Desde então o
método passou por mudanças que viabilizaram resultados mais precisos em
relação à degradação existente no concreto em análise (SANCHEZ et al, 2015).
Segundo Sanchez et al (2015) os indícios de fratura são classificados de
36
acordo com a sua importância para o processo de deterioração da estrutura e a
contagem é então multiplicada por um fator de ponderação correspondente a
cada componente da matriz (pasta ou agregados), conforme mostrado na
FIGURA 11 (SANCHEZ et al, 2015, SANCHEZ et al, 2017).
De acordo com a classificação adotada por Sanchez et al (2017),
apresentada na TABELA 1, fissuras abertas no agregado graúdo, por exemplo,
possuem fator 2 de ponderação, uma vez que isso representa a propagação de
fissuras iniciadas no interior do agregado para a pasta cimentícia. Já fissuras na
pasta de cimento possuem fator de ponderação 3, uma vez que podem indicar o
potencial início da ocorrência de gel na matriz. Todavia, a ausência de gel nas
fissuras da pasta cimentícia pode demonstrar que o estágio de degradação é
inicial e passível de remediação (SANCHEZ et al, 2015; SANCHEZ et al, 2017).
CCA
OCAG
CCPG
OCAG
37
Desse modo, nota-se que os estudos recentes na área estão voltados
para a total compreensão do mecanismo interno ativo de deterioração
ocasionado pela RAA. Hayes et al (2020) estudaram acerca dos efeitos
provocados pela ocorrência da reação álcali-agregado em concreto de usinas
nucleares, considerando a importância da integridade da estrutura ao longo do
tempo (HAYES et al, 2020). Nesse sentido os autores investigaram as alterações
nas propriedades de fratura do concreto submetido à reação deletéria. Assim, no
meio técnico-científico, observa-se que dentre as perguntas que necessitam ser
respondidas estão aquelas que tratam do nível de expansão atual do elemento;
da perda de propriedades mecânicas e de durabilidade existentes; e do potencial
reativo futuro da RAA na estrutura afetada.
39
determinada área ao longo do tempo, em diferentes estágios de aplicação de
carga. Trata-se de um método óptico utilizado para determinação da deformação
do campo total de um material. De modo geral, são capturadas imagens antes e
após uma deformação a que o elemento é submetido (ZHOU et al, 2014). Para
isso, a superfície que será analisada deve ser preparada com a impregnação de
um padrão aleatório de pontos. Os níveis de contraste na imagem devem ser
adequados, de modo que o padrão de pontos gere uma superfície de boa
qualidade no software (SMRKIC; KOSCAK; DAMJANOVIC, 2018).
Para que sejam obtidos resultados precisos e confiáveis, a captura das
imagens deve ser realizada com base em alguns cuidados. A partir do registro
da imagem de referência, qualquer movimentação da câmera irá somar erros ao
processo. Por isso, é necessário evitar que ocorram vibrações ou trepidações no
ambiente em que a câmera se encontra. Além disso, para que distorções devido
à lente da câmera não acumule erros às medições, é recomendado posicionar a
superfície em análise no meio do quadro da câmera, onde o efeito de distorção
é menor (SMRKIC; KOSCAK; DAMJANOVIC, 2018).
Assim, a partir do padrão aleatório de pontos na superfície a ser analisada
e, da captura em sequência de imagens ao longo do tempo, a DIC extrai os
deslocamentos que podem ser observados em mapas de cores, como pode ser
observado na FIGURA 13 (ZHOU et al, 2014).
De acordo com a FIGURA 13-c, escalas de cores quentes, como
vermelho, representam as maiores deformações. Em contrapartida, escalas de
cores frias, como azul, indicam pouca movimentação dos pontos de análise em
relação ao referencial. Dessa forma, a partir dessa ferramenta é possível
determinar com precisão os deslocamentos sofridos em determinados pontos
(FIGURA 13-a,b). Isso foi demonstrado no estudo realizado por Smrkic, Koscak,
Damjanovic (2018) que avaliou a precisão dos resultados da DIC, em
comparação aos resultados obtidos pela leitura de sensores convencionais, no
deslocamento e abertura de fissuras em concreto armado. Segundo os autores,
os resultados obtidos demonstraram a precisão da técnica, uma vez que as
medições realizadas a partir da análise de imagens variaram cerca de 1% em
relação aos resultados medidos com sensores. Em níveis de carga mais baixos,
a variação medida chegou a 3% (SMRKIC; KOSCAK; DAMJANOVIC, 2018).
40
FIGURA 13 - OBTENÇÃO DE DESLOCAMENTOS DE PONTOS POR CÂMERA DIGITAL (a);
CONCRETO SUBMETIDO A ENSAIO DE COMPRESSÃO COM SUPERFÍCIE PARA
OBTENÇÃO DE DESLOCAMENTOS DE PONTOS POR IMAGEM DIGITAL (b); MAPA DE
CORES DA ABERTURA DE FISSURAS NA AMOSTRA (c).
a) b) Carregamento
de compressão
c)
41
Nesse sentido, o emprego da DIC é associado principalmente ao estudo
do comportamento mecânico do concreto, em ensaios com elementos
estruturais. Domenico et al (2021) utilizaram a correlação por imagem digital para
avaliar o comportamento de fratura à flexão de vigas de concreto armado
reforçadas com roscas de protensão. Segundo os autores a técnica se mostrou
eficaz no acompanhamento da deformação e no monitoramento da formação de
fissuras (DOMENICO et al, 2021).
Em estudo recente realizado por Li et al (2019) a DIC foi associada à
análise do comportamento de fratura de amostras de concreto, contendo
agregado graúdo reciclado, submetidas ao ensaio de flexão de 3 pontos. No
estudo, a correlação por imagem foi empregada para a verificação da morfologia
das fissuras e para o acompanhamento do processo de deformação do concreto
(LI et al, 2019).
Ainda sob o viés do uso da DIC como uma ferramenta para a
compreensão adequada do comportamento estrutural de compósitos
cimentícios, Gehri, Mata-Falcón e Kaufmann (2020) apresentaram um
procedimento automatizado para detecção de fissuras e trincas em elementos
estruturais submetidos a ensaios em laboratório. De acordo com os autores, a
partir da instrumentação com a técnica de correlação por imagem digital e do
uso de ferramentas de visualização automática de dados, fissuras são
detectadas automaticamente e a velocidade da sua propagação é obtida com
precisão por meio do processamento de imagens 2D. Segundo os autores, o
procedimento detecta fissuras utilizando o campo de tensão de tração principal
verificado pela DIC, e não se baseia na intensidade de pixels das imagens para
detectar o início da fissuração (GEHRI; MATA-FALCÓN; KAUFMANN, 2020).
Campos de estudo que, associam a verificação do comportamento
mecânico do concreto à interação do compósito com diferentes materiais
também utilizam a técnica de correlação por imagem digital para entendimento
do mecanismo de fratura da interface. Wang e Petru (2019) utilizaram a DIC para
avaliar o campo de deslocamento e a abertura de fissura na interface entre
concreto e epóxi, em amostras submetidos a ciclos de gelo e degelo (WANG;
PETRU, 2019). Em estudo mais recente, Domenico et al (2021) empregou a DIC
para verificar tensões e deslocamentos na interface entre concreto e argamassa
reforçada com tecido. Segundo os autores, trata-se de uma técnica de reforço
42
amplamente difundida. Com câmeras digitais focadas na parte frontal do
concreto e na interface entre os materiais, os autores acompanharam o
comportamento de falha do compósito de modo local e completo (DOMENICO
et al, 2021).
Outros estudos demonstraram que a partir da utilização da DIC é possível
inferir sobre a deformação provocada por patologias em estruturas de concreto
(ALBA et al, 2010; PICOY, 2016). Sob esta vertente, tem sido averiguada, com
o uso da técnica DIC, a influência de parâmetros físicos dos agregados na
retração por secagem de compósitos cimentícios (CHEN et al, 2017). Trata-se
de um problema comum em construções, uma vez que o concreto reduz seu
volume durante as primeiras horas de endurecimento, devido à saída de parte
da água de amassamento, podendo originar fissuras em sua matriz (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
Como contribuição principal do estudo, os resultados indicaram a
viabilidade do uso da técnica DIC – 3D para monitoramento e medição,
qualitativa e quantitativa, dos campos de deformação gerados a partir da
ocorrência de retração na matriz cimentícia. Além disso, observou-se que o
aumento no tamanho dos agregados proporcionou maior heterogeneidade aos
campos de deformação. Isso devido, principalmente, à incompatibilidade de
retração de secagem entre os agregados e a pasta cimentícia. Em contrapartida,
o aumento no volume de agregados proporcionou maior homogeneidade aos
campos de deformação, uma vez que auxiliaram no controle da retração por
secagem da matriz (CHEN et al, 2017).
A necessidade de maior precisão nos dados relacionados à ocorrência de
manifestações patológicas por reações expansivas, possibilitou o emprego desta
ferramenta no mapeamento de fissuras internas causadas pela interação álcali-
sílica no interior de matrizes cimentícias.
Essa utilização, porém, é recente e, sugere o uso da técnica como objeto
de auxílio no aperfeiçoamento das técnicas de monitoramento de grandes
estruturas de concreto. Nesse sentido, Teramoto et al (2018) visualizaram a
formação de fissuras internas em matrizes submetidas à ação de RAA e,
verificaram a influência das características físicas e mecânicas dos agregados
na progressão da reação deletéria (TERAMOTO et al, 2018). Ao fim do estudo
verificou-se que as microfissuras induzidas pela ocorrência da reação álcali-
43
sílica foram visualizadas de forma satisfatória pelo método de Correlação de
Imagem Digital (DIC), conforme mostrado na FIGURA 14.
a) b)
44
de resistência ao cisalhamento residual. Os autores utilizaram a correlação por
imagem digital para verificar o mecanismo de falha e a formação de fissuras
induzidas pelo carregamento nas lajes de concreto (BARBOSA et al, 2018).
Ainda, com o objetivo de analisar os campos de deformação e a propagação de
fissuras, Hansen e Hoang (2020) avaliaram o comportamento de compressão
anisotrópico de lajes de concreto danificadas por RAA (HANSEN; HOANG,
2020).
A FIGURA 15 mostra o crescimento do uso da técnica na engenharia civil
a partir da década de 2000. Para isso foi realizado um levantamento de artigos
publicados sobre o tema, em periódicos revisados por pares, nas bases de dados
Web of Science, SpringerLink e Scopus. O recorte temporal se justifica devido à
pequena quantidade de estudos relacionando a correlação por imagem digital ao
concreto durante as décadas de 1980 e 1990, período em que as discussões
científicas em torno de questões de durabilidade passaram a ganhar espaço no
meio técnico. Dessa forma, até o início dos anos 2000 a técnica não havia sido
disseminada como ferramenta de análise em áreas da construção civil
relacionadas a questões de manutenção e durabilidade de estruturas. Sua
utilização era concentrada apenas em ensaios mecânicos (SUTTON et al, 1983;
CHOI; SHAH, 1997) De modo geral, a análise da mecânica de fratura dos
elementos estruturais foi a principal área de utilização da DIC no período após o
desenvolvimento da técnica.
Foi possível verificar que o número de artigos que relacionam os termos
“digital image correlation” e “concrete structures”, utilizados como palavras-
chave no levantamento, está em crescimento. Constatou-se que mais de 95%
dos trabalhos encontrados, a partir do refinamento descrito dos parâmetros de
busca, foram desenvolvidos a partir de 2011, demonstrando o crescente uso da
técnica para melhoria do monitoramento de estruturas de concreto.
A partir dos anos 2000 as pesquisas passaram a incorporar a DIC em
estudos relacionados à matriz cimentícia e à interface do concreto com outros
materiais (CORR et al, 2006; ALI-AHMAD; SUBRAMANIAM; GHOSN, 2006).
Durante este período também foram realizados os primeiros estudos com a
utilização da DIC para monitoramento de estruturas em operação (KUNTZ et al,
2006).
45
FIGURA 15 - USO DA CORRELAÇÃO POR IMAGEM DIGITAL EM PESQUISAS
RELACIONADAS À CONSTRUÇÃO CIVIL.
1400 1257
FONTE: A Autora, 2020 (a); Adaptado de Segura-Castillo; Monte; Figueiredo, 2018 (b).
47
Com isso, métodos compactos figuram como alternativas para facilitar o
processo executivo dos ensaios de caracterização estrutural do CRF. O tamanho
das amostras apresenta-se como uma das vantagens desse tipo de ensaio, uma
vez que demanda menos material. Com isso, é possível aumentar o número de
testes a partir do mesmo volume de concreto utilizado em ensaios de flexão de
vigas. Além disso, a execução do ensaio é simplificada a partir do uso de
amostras mais leves. Entre os ensaios compactos existentes, há o ensaio
Wedge-splitting test – (WST) apresentado na FIGURA 17. Normalizado em 1986,
baseia-se numa estratégia de carga indireta, aplicada em corpos de prova
cúbicos ou cilíndricos (SEGURA-CASTILLO; MONTE; FIGUEIREDO, 2018).
48
FIGUEIREDO, 2018).
Nesse contexto, o ensaio Montevidéu foi formulado em 2017 por Segura-
Castillo, Monte e Figueiredo com o objetivo de caracterizar a resistência residual
à tração do CRF a partir de uma metodologia simplificada, sem a necessidade
de preparos complexos ou onerosos durante ensaios de controle de qualidade
de rotina, conforme apresentado na FIGURA 18 (SEGURA-CASTILLO; MONTE;
FIGUEIREDO, 2018).
49
são simples e podem ser adaptados de acordo com a disponibilidade dos
utensílios. Além disso, por ser caracterizado como um ensaio compacto, é
possível realizar testes com testemunhos extraídos de estruturas. Ainda de
acordo com Segura-Castillo, Monte e Figueiredo (2018) trata-se de um ensaio
viável para verificação do controle de qualidade do CRF, uma vez que seus
resultados para avaliação das propriedades de tração do concreto podem ser
correlacionados com o teste de flexão de três pontos (EN 14651:2007 e NBR
16935:2021). Porém, de acordo com os autores, um fator crítico durante o teste
seria o atrito gerado entre a cunha e o corpo de prova de concreto. Nesse
sentido, de forma a garantir que a atrito fosse reduzido, porém constante ao
longo do ensaio, os autores propuseram o uso de cantoneiras de metal nas
paredes do entalhe da amostra, além da aplicação de lubrificante entre a cunha
e as cantoneiras (SEGURA-CASTILLO; MONTE; FIGUEIREDO, 2018).
Em termos de resistência residual à tração, o ensaio Montevidéu foi
concebido para caracterizar o comportamento de abrandamento (do inglês
Softening) do CRF, ou seja, quando há uma quantidade baixa ou moderada de
fibras na mistura e, a ruptura da amostra se configura com o aparecimento de
uma fissura principal, na direção do entalhe (SEGURA-CASTILLO; MONTE;
FIGUEIREDO, 2018).
O estudo realizado por Segura-Castillo, Monte e Figueiredo (2018)
também buscou correlacionar o deslocamento da cunha com a abertura de
fissura no concreto (FIGURA 19). A partir disso, seria possível realizar o ensaio
controlando apenas o curso do pistão da prensa, ou deslocamento da cunha,
sem a necessidade de realizar a medição da abertura de fissura, evitando que a
preparação das amostras incorporasse erros aos dados do ensaio (SEGURA-
CASTILLO; MONTE; FIGUEIREDO, 2018).
Para estabelecer a relação teórica entre o deslocamento da cunha e a
abertura de fissura considera-se que, após a ruptura da matriz, apenas uma
trinca é formada e se propaga até a base do corpo de prova, dividindo-o em duas
partes. Considerando que as rotações geradas são pequenas e, de acordo com
a configuração apresentada na FIGURA 19, é possível determinar a abertura de
fissura em função do deslocamento da cunha (SEGURA-CASTILLO; MONTE;
FIGUEIREDO, 2018). Sendo:
50
P: carga de compressão aplicada;
O: ponto sobre o qual ocorre a rotação das duas partes da amostra;
�: ângulo da cunha com o eixo vertical (15º);
: deslocamento da cunha;
ℎ: altura da amostra;
ℎ : altura do final do entalhe até a base do corpo de prova; tem-se:
� = ∙ ∙ tan � (5)
ℎ
� = ∙ ∙ ∙ tan � (6)
ℎ
51
disso, buscou-se verificar a influência da incorporação de fibras poliméricas na
resistência residual à tração do concreto.
52
e física desse material, fornecidos pelo fabricante, respeitando os valores
mínimos de resistência à compressão exigidos pela ABNT NBR 16697/2018.
ENSAIOS QUÍMICOS
Perda
CaO Equivalente Resíduo
ao Al2O3 SiO2 Fe2O3 CaO MgO SO3
Livre Alcalino Insolúvel
Fogo (%) (%) (%) (%) (%) (%)
(%) (%) (%)
(%)
3,62 4,46 19,28 3,00 61,86 2,59 2,95 0,97 0,67 0,81
ENSAIOS FÍSICOS
Massa
Exp. Quente Início de Fim de Pega Cons.
Específica Blaine (cm²/g)
(mm) Pega (min) (min) Normal (%)
(g/cm³)
ENSAIOS FÍSICOS
Retido na Retido na
1 dia (MPa) 3 dias (MPa) 7 dias (MPa) 28 dias (MPa)
#200 (%) #325 (%)
0,07 0,33 23,6 39,5 45,3 53,8
FONTE: Cimentos Itambé (2019).
53
TABELA 4 - ENSAIOS REALIZADOS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS.
AGREGADO AGREGADO
ENSAIO METODOLOGIA
MIÚDO GRAÚDO
0%
Massa Retida Acumulada
20%
40%
(%)
60%
80%
100%
0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos Grãos (mm)
Agregado analisado Zona Utilizável Inferior Zona Ótima Inferior
Zona Ótima Superior Zona Utilizável Superior
0%
Massa Retida Acumulada
20%
40%
(%)
60%
80%
100%
0,1 1 10
Diâmetro dos Grãos (mm)
Agregado analisado Limite Inferior Limite Superior
54
A fibra polimérica utilizada no estudo foi a macrofibra TUF STRAND SF.
Sua composição é uma mistura dos polímeros Polietileno e Polipropileno. As
principais características e especificações do material foram fornecidas pelo
fabricante e encontram-se na TABELA 5.
Comprimento [mm] 51
55
os traços utilizados e o consumo em kg/m³ de cada material.
Durante a dosagem das amostras, foi utilizado aditivo superplastificante
de 3ª geração. Dessa forma, a trabalhabilidade da mistura não foi prejudicada
pela inserção de fibras. Em todos os traços, incluindo o de referência, foi
incorporado 0,2% de superplastificante em relação à massa de cimento. Assim,
garantiu-se a padronização da proporção dos materiais da matriz cimentícia em
todos os traços.
56
3.2.2 Ensaio Montevidéu (MVD)
57
do padrão de pontos no software de processamento de imagens GOM
Correlate®. Primeiro foram aplicadas duas demãos de tinta branca a base
d’água com pincel e, para melhor uniformização da tinta, uma terceira demão
com rolo de espuma. O resultado da primeira etapa de pintura é apresentado na
FIGURA 24-b. A pintura entre demãos foi realizada no mesmo dia, com intervalo
de secagem de 1 hora. Após a aplicação da terceira demão de tinta branca, a
secagem total da pintura de fundo se deu em 24 horas.
a) b)
c) d)
Após esse intervalo, foi realizada a impregnação de pontos com tinta preta
à base d’água e o auxílio de uma escova para aspersão da tinta no corpo de
prova. Essa pintura seguiu um padrão aleatório de dispersão dos pontos, de
modo que toda a superfície tratada fosse hachurada (FIGURA 24-c). Isso porque
o reconhecimento da abertura de fissuras no software seria possível por meio do
acompanhamento do deslocamento dos pontos em relação à uma condição
inicial. Após o período de 24 horas para secagem da pintura, foram fixadas
cantoneiras de alumínio na fenda previamente aberta, lubrificadas com óleo
desengripante WD-40 momentos antes do ensaio, para minimizar o atrito entre
a cunha e o corpo de prova (conforme apresentado na FIGURA 24-d).
Com a finalização dos processos de corte, limpeza e pintura, as amostras
foram submetidas ao ensaio Montevidéu, realizado para determinar a resistência
58
residual à tração do concreto. Conforme descrito anteriormente, a ruptura foi
realizada em todos os traços conforme a idade de moldagem, de modo que todas
as amostras fossem rompidas na idade de 56 dias. A abertura da fissura a partir
do entalhe foi observada em todos os corpos de prova, conforme é apresentado
na FIGURA 25. Para a realização do ensaio foi utilizada a prensa EMIC 23-100
linha DL modelo 10.000 (célula de carga de 100 kN com erro de 1%), com uma
cunha de angulação total de 30° fixada à célula de carga da prensa.
A ruptura de cada corpo de prova foi filmada com o auxílio de uma câmera
digital modelo Nikon D7100, com lente modelo Nikon AF-S DX Nikkor 18-300
mm F/3.5-6.3G ED VR, posicionada de modo que fosse garantido um ângulo de
90° entre sua posição fixa e a face da amostra de concreto a ser analisada. Um
refletor de luz branca foi utilizado para evitar a ocorrência de sombras durante a
captura das imagens. O aparato para realização do ensaio é apresentado na
FIGURA 26.
Os vídeos foram gravados com uma taxa de 30 frames por segundo.
Posteriormente, foram para análise no software GOM Correlate®, onde foi
possível verificar a qualidade do padrão de pontos em cada corpo de prova e
59
gerar uma superfície de análise do processo de ruptura. No entanto, devido às
configurações do computador utilizado para o processamento dos dados, antes
da análise do padrão de pontos, os vídeos foram tratados para uma taxa de 1
frame por segundo por meio do software VLC Media Player®. Isso foi necessário
para prevenir possíveis problemas ou erros durante o carregamento dos vídeos,
devido ao tamanho, no software de reconhecimento de imagem.
O GOM Correlate® trata de inspeções por meio da técnica de Correlação
por Imagem Digital (DIC) em diversos materiais. É possível medir deformações
no plano por meio do mapeamento de imagens em fotos e vídeos, além de medir
deslocamentos de pontos com o auxílio de ferramentas disponibilizadas no
programa. Neste estudo, por meio do software foram analisados deslocamentos
e deformações dos pontos da pintura gerados ao longo do ensaio, sendo
possível verificar o início e a propagação das fissuras. Com isso, foi possível
acompanhar a abertura de fissura a partir do ponto superior e inferior do entalhe
(CMOD e CTOD, respectivamente).
Célula de carga
com cunha
Amostra
em ensaio
Câmera
digital Refletor de luz
branca
60
utilizadas como fonte de coleta de informações durante a ruptura das amostras.
Os dados colhidos da prensa foram: tempo de ensaio; deslocamento do pistão;
e força de carregamento, sendo que deslocamento e força eram dados gravados
ao longo do tempo de ensaio. A partir do tratamento dos dados e da aplicação
das equações (5) e (6) desenvolvidas por Segura et al (2018), foi possível
calcular os valores de CMOD e CTOD correspondentes a carga de pico e demais
forças de carregamento.
Em paralelo, a partir da filmagem da ruptura das amostras foi possível
gerar uma superfície de análise 2D no software GOM Correlate®, por meio da
qual os deslocamentos dos pontos em toda a face do corpo de prova foram
mapeados. Primeiro, foram marcados dois pontos no corpo de prova, com caneta
e com o auxílio de uma régua, na lateral da superfície com pintura, antes da
ruptura. Essa distância conhecida foi inserida como escala na análise de cada
amostra, e serviu como referência para que o software determinasse com
precisão os deslocamentos gerados na superfície pintada, em valores
condizentes com o tamanho real da amostra.
Após, foi delimitado um polígono com pontos coincidentes com as arestas
do corpo de prova em ensaio, e foi construída uma componente de superfície.
As configurações iniciais do software para gerar a componente de superfície
foram mantidas, sendo elas o de tamanho das facetas (19 pixels) e da distância
do ponto (16 pixels). A partir da incorporação da superfície de análise, foram
selecionadas as opções de acompanhamento do deslocamento e da distância
no eixo X. A escala de cores no mapeamento da imagem foi fixada com mesmos
valores de mínimo e máximo em todos os traços.
Por fim, extensômetros digitais, ferramenta disponível no software, foram
inseridos nas partes superior e inferior do entalhe, de modo que os valores de
CMOD e CTOD fossem obtidos diretamente a partir da mudança de comprimento
registrada devido ao deslocamento dos pontos ao longo de todo o ensaio. A
fixação da ferramenta foi realizada por meio visual, aproximando a imagem do
entalhe, de modo que os pontos fossem os mais próximos possível dos pontos
reais de início e fim do corte. Os extensômetros foram construídos com um
comprimento definido arbitrariamente, ou seja, com um valor qualquer
equivalente a um comprimento sem deformações no início da filmagem. A
medida que a ruptura ocorria, os pontos extremos esquerdo e direito do
61
extensômetro se deslocavam, juntamente com o deslocamento dos pontos
aleatórios da pintura que formaram a componente de superfície. Com isso, o
comprimento do extensômetro aumentava e media a distância de afastamento
dos pontos no eixo X. A utilização do extensômetro gerou um gráfico que
relacionou o aumento do seu comprimento com o tempo de ensaio. Os dados do
gráfico foram exportados e deram origem aos valores de CMOD e CTOD obtidos
por meio da DIC. Essa metodologia foi padronizada no processamento dos
vídeos de todas as amostras.
Em relação ao cruzamento dos dados advindos da prensa e da câmera
digital, é importante ressaltar que, a prensa teve seu ciclo iniciado e finalizado
ao mesmo tempo da filmagem. Assim, os dados obtidos pela prensa e pela
câmera registraram o mesmo intervalo de tempo total em cada ruptura. A partir
disso, os dados da prensa foram tratados de modo que houvesse um valor de
deslocamento e de força correspondentes a cada segundo de ensaio. Dessa
forma, foi realizada a compatibilização dos dados da prensa e do software GOM
Correlate® e, em seguida, o cruzamento das informações possibilitou a relação
entre a força registrada na prensa e a abertura de fissura medida por correlação
de imagem digital. Neste trabalho, essa relação é apresentada em termos de
curva média. Ressalta-se que, para todos os graficos apresentados neste
capítulo, a curva média para cada traço foi gerada a partir do tratamento da curva
individual formada pelos dados de cada corpo de prova.
3.3 RESULTADOS
62
função do deslocamento é caracterizada por uma carga de pico, na qual registra-
se a abertura de fissura no concreto. A partir desse ponto, as fibras agem
contribuindo para a resistência à tração do compósito, resultando em aberturas
de fissura graduais e lentas, quando comparado à amostras de concreto sem
reforço.
Nesse sentido, buscou-se verificar se a partir dos dados extraídos da
correlação por imagem era possível caracterizar o deslocamento no qual atingiu-
se a carga de pico e, consequentemente, no qual houve a abertura de fissura
nas amostras em estudo. Os gráficos gerados são apresentados na FIGURA 27.
20 5 20 5
4 4
15 15
CMOD DIC (mm)
Força (kN)
3 3
10 10
2 2
5 5
1
0,9% 1
0,6%
0 0
0 0
0 5 10 15
0 5 10 15
a) Deslocamento (mm) b) Deslocamento (mm)
Curva média Prensa CMOD DIC Curva média Prensa CMOD DIC
20 5 20 5
4 4
15 15
CMOD DIC (mm)
Força (kN)
3 3
10 10
2 2
5 5
1 1
0,3% REF
0 0 0 0
0 5 10 15 0 5 10 15
c) Deslocamento (mm) d) Deslocamento (mm)
Curva média Prensa CMOD DIC Curva média Prensa CMOD DIC
63
pela prensa. Em todos os traços analisados observou-se a ocorrência de um
tramo de pré-fissuração, no qual as propriedades de resistência são controladas
pela matriz cimentícia. A partir do pico, no estágio pós-fissuração, o compósito
perde resistência à tração e o deslocamento da célula de carga culmina no
aumento da largura de fissuras já existentes, conforme demonstrado pelo
aumento progressivo do CMOD na curva média de todos os traços analisados.
Como é de característica do comportamento softenning, principalmente em
concretos reforçados com fibras poliméricas (de menor rigidez), a queda
acentuada de resistência é recuperada lentamente em parte, a medida que as
tensões de tração são transferidas para as fibras por meio de sua ancoragem na
matriz. Após a carga de pico, é verificada uma relação linear entre o
deslocamento da célula de carga da prensa e o CMOD medido por meio do
software.
Ainda de acordo com a FIGURA 27, nota-se que a formação e a
progressão da fissura (CMOD) ocorre após a carga máxima. Isso demonstra que
os resultados de abertura de fissura obtidos pela correlação de imagem são
compatíveis com os dados da prensa referentes ao processo de ruptura das
amostras. Isso porque, como apresentado na FIGURA 27, o início do ramo linear
do CMOD é aproximadamente coincidente com a carga de pico, principalmente
para os traços de 0,6% e 0,9% de fibras, conforme indicado por uma linha vertical
pontilhada em cada gráfico.
Outro resultado obtido foi a relação entre a força e a abertura de fissura
para cada traço em estudo. Os gráficos originados são apresentados na FIGURA
28. É apresentada a curva média da força pela abertura da boca da fissura
(CMOD), obtida a partir da substituição dos dados da prensa nas equações
propostas por Segura et al (2018). A partir da análise dos resultados, foi possível
verificar a ocorrência do comportamento softenning em todos os casos e, um
incremento de resistência residual à tração nas misturas com fibra, em
comparação às amostras do grupo de referência (FIGURA 28-a). Essa melhora
no comportamento pós-pico pode ser atribuída à inserção de fibras na mistura.
A FIGURA 28-b mostra a relação, em termos de curva média, entre a força
de tração residual registrada na prensa e o CMOD obtido a partir de um
extensômetro digital fixado na parte superior do entalhe na análise por software.
Ou seja, por meio do reconhecimento do deslocamento do padrão de pontos pelo
64
GOM Correlate®, foi possível determinar valores de abertura de fissura ao longo
da ruptura. É possível verificar que, assim como apresentado no gráfico da
FIGURA 28-a, o gráfico da FIGURA 28-b registra um incremento de resistência
residual à tração nas amostras com inserção de fibras na mistura, em
comparação aos corpos de prova do grupo REF (sem fibras). Observa-se que o
comportamento à tração para cada traço foi representado de modo semelhante
ao comparar os dois gráficos, o que pode indicar a viabilidade do uso da
correlação por imagem como uma técnica útil no monitoramento de abertura de
fissuras.
20 20
CMOD obtido por 0,9% CMOD obtido por DIC 0,9%
prensa 0,6% 0,6%
15 15
0,3% 0,3%
Força (kN)
Força (kN)
REF REF
10 10
5 5
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) CMOD (mm)
b) CMOD (mm)
De modo geral, nos traços com adição de fibras, a força residual cresceu
quanto maior o teor de fibra adicionado, conforme observou-se na FIGURA 28.
Na FIGURA 29 o incremento significativo na força residual, que ocorre a medida
que aumenta o teor de fibras incorporado na mistura, também é verificado.
Ainda, é possível notar o aumento menos expressivo de força residual do
teor de 0,6% para o teor de 0,9%, em comparação ao aumento verificado entre
os teores de 0,3% e 0,6% de fibras. Ressalta-se porém que, não é possível
relacionar este resultado com qualquer viés de otimização das propriedades por
proximidade a um teor de fibras específico. Isso porque a quantidade de fibras
incorporada em uma mistura deve levar em consideração as propriedades de
trabalhabilidade necessárias para a aplicação pretendida. Desse modo, o teor
de fibras inserido na mistura deve ser aquele que fornece os índices de
resistência desejados e, que possibilita bons aspectos de trabalhabilidade na
65
etapa de execução do elemento estrutural. Em outros termos, a otimização das
propriedades do CRF está condicionada às alterações e adaptações que podem
ser feitas no traço de concreto. Isso poderia ser demonstrado a partir de estudos
posteriores que envolvam a inserção de teores de fibra maiores do que os teores
empregados neste estudo, além da mudança do traço de concreto em termos de
quantidade de agregados e tamanho das partículas utilizadas.
4 0,3% - Prensa
Força (kN)
0,3% - DIC
3
0,6% - Prensa
2 0,6% - DIC
1 0,9% - Prensa
0,9% - DIC
0
1 2 3
0,5 1,5 2,5 3,54
CMOD (mm)
66
TABELA 7 - TESTE DE TUKEY NA COMPARAÇÃO DOS VALORES DE FORÇA RESIDUAL
OBTIDOS PELA PRENSA E PELA DIC PARA DETERMINADAS ABERTURAS DE FISSURAS.
CMOD (mm)
TRAÇO
0,5 1,5 2,5 3,5
0,30% 0,1078 0,9712 0,9097 0,8946
0,60% 0,5043 0,9751 0,9563 0,9867
0,90% 0,6959 0,984 0,9906 0,9723
Obs.: Valores de p-valor superiores a 0,05: pares de valores estatisticamente semelhantes.
FIGURA 30 - CURVA MÉDIA FORÇA X CMOD GERADA PARA OS TEORES DE 0,9% (a);
0,6% (b); 0,3% (c) E PARA O TRAÇO REF (d) A PARTIR DE DADOS DA PRENSA E DA DIC.
20 20
Prensa Prensa
0,9% 0,6%
DIC DIC
15 15
Força (kN)
Força (kN)
10 10
5 5
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) CMOD (mm) b) CMOD (mm)
20 20
Prensa Prensa
0,3% REF
DIC DIC
15 15
Força (kN)
Força (kN)
10 10
5 5
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
c) CMOD (mm) d) CMOD (mm)
67
mecânicos e, entendimento da mecânica de fratura do CRF em teores razoáveis
de incorporação de fibras.
A maior disparidade dos resultados entre as ferramentas é perceptível em
teores baixos de fibras (FIGURA 30-c) submetidos a menores aberturas de
fissuras, e no caso do concreto simples (sem nenhum tipo de reforço à tração),
como é o caso da mistura de referência (FIGURA 30-d). Isso pode ser explicado
pela ruptura abrupta que ocorre nesses casos, dificultando a correlação do
deslocamento da prensa com a real abertura de fissura gerada. Segura et al
(2018) registrou a estabilidade do teste Montevidéu em amostras de concreto
com baixos teores de fibra (4 kg/m³). No entanto, para o concreto moldado neste
estudo, o teor de 0,3% corresponde a um consumo de 2,76 kg/m³. Nesse sentido,
é possível que a disparidade dos resultados esteja relacionada ao baixo teor de
fibras.
Em estudo realizado por Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015)
demonstrou-se que o grau de dispersão dos resultados foi maior em amostras
com baixos teores de fibras. Segundo os autores, esse fato está relacionado à
quantidade de fibras presente na seção transversal da superfície de ruptura. Em
teores elevados, o concreto tem sua capacidade resistente menos sujeita a
condições de variação na orientação e no número de fibras (SALVADOR;
FERNANDES; FIGUEIREDO, 2015). Em teores baixos de fibra, é possível que
o comportamento do CRF seja semelhante ao do concreto simples, uma vez que
o comportamento resistente torna-se ainda mais dependente dos fatores de
orientação e distribuição das fibras no interior do compósito. Além disso, a
imprecisão verificada no início do ensaio pode estar relacionada à própria DIC,
que, de acordo com os resultados obtidos neste capítulo, pode apresentar um
erro inerente ao monitoramento de pequenas deformações e deslocamentos, e
aos estágios iniciais de ensaios laboratoriais em compósitos cimentícios.
Por meio do teste de Tukey, foram comparados estatisticamente os
valores de força residual obtidos nos três traços com adição de fibras para
determinados valores de CMOD. Os resultados mostraram que os valores de
força residual nas amostras de 0,3% não foram semelhantes à força atingida nas
amostras com teores de fibra mais elevados. Assim, de acordo com a TABELA
8 observa-se que a força residual obtida no traço de 0,3%, em qualquer abertura
de fissura analisada, não foi estatisticamente semelhante à força residual
68
registrada nos demais teores de fibra. Essa análise corrobora com os resultados
anteriores e demonstra que o incremento de resistência devido à inserção de
fibras foi significativo.
Entretanto, foi verificada semelhança entre os valores de força residual
obtidos para os traços de 0,6% e 0,9%. De acordo com o p-valor superior a 0,05
indicado na TABELA 8, os maiores teores de fibra analisados demonstraram
semelhança estatística nos valores de força residual atingidos em todas as
aberturas de fissura analisadas.
69
maior teor de fibras (FIGURA 31-a,b), nas quais o erro gerado entre os valores
de abertura de fissura, calculados com base nas duas ferramentas, é abaixo de
7% (TABELA 9).
FIGURA 31 - CURVA MÉDIA CMOD x TEMPO PARA OS TEORES DE 0,9% (a); 0,6% (b);
0,3% (c) DE FIBRAS E PARA O TRAÇO DE REFERÊNCIA (d).
5 5
Prensa DIC
4 DIC 4
Prensa
CMOD (mm)
CMOD (mm)
3 3
2 2
1 1
0,9% 0,6%
0 0
0 500 1000 0 500 1000
a) Tempo (s) b) Tempo (s)
5 5
DIC Prensa
4 Prensa 4
DIC
CMOD (mm)
CMOD (mm)
3 3
2 2
1 1
0,3% REF
0 0
0 500 1000
c) 0 500
Tempo (s)
1000
d) Tempo (s)
70
TABELA 9 - ERRO CALCULADO ENTRE AS MESMAS ABERTURAS DE FISSURAS A
PARTIR DE DADOS DA PRENSA E DA DIC.
CMOD ERRO
(mm) 0,30% 0,60% 0,90%
0,5 0,091 0,073 0,050
1,5 0,095 0,061 0,032
2,5 0,086 0,041 0,027
3,5 0,073 0,020 0,036
71
(FIGURA 32-a), 0,6 % de fibras (FIGURA 32-b) e 0,9% (FIGURA 32-c). De
acordo com as imagens, em relação ao CMOD de 0,5 mm, é possível observar
que a deformação provocada pela fissura foi mais acentuada na amostra com
0,3% de adição de fibras, uma vez que, por meio de uma comparação visual,
nota-se o caminho preferencial para abertura da fissura principal mais próximo à
base da amostra, em comparação com os demais traços. Isso pode estar
relacionado ao fato de que, a menor quantidade de fibras presente na seção de
ruptura auxiliou num comportamento mais frágil em comparação aos demais
traços. O pouco teor de fibra, aliado à baixa rigidez da fibra polimérica,
permitiram que a fissura progredisse mais rapidamente.
72
da fissura. Isso foi observado em todos os traços e é caracterizado quando as
bordas no início da fissura ficam incolores. Para o traço de 0,3% foi obervada a
abertura de uma fissura principal, característica do comportamento softenning.
Além disso, as deformações provocadas pela abertura de fissura aproximaram-
se da base da amostra em menos tempo de ensaio quando comparado aos
demais traços. Isso devido à menor quantidade de fibras na mistura para
absorver a energia de deformação gerada. Nos traços de 0,6% e de 0,9% de
fibras, a partir de abertura de fissura de 1,5 mm, observaram-se indícios de
formação de uma fissura secundária. Ou seja, para esses casos foi possível
monitorar, por meio das imagens, pontos nos quais a abertura de fissura se
prolongava por dois caminhos, sendo um deles, a maior abertura de fissura.
Na FIGURA 33 são apresentadas as imagens correspondentes às
aberturas de fissura de 2,5 mm e 3,5 mm. A abertura de fissura de 2,5 mm é
considerada significativa em elementos estruturais. Nesse caso, observa-se que
a fissura principal é bem pronunciada em todos os traços com adição de fibra.
No entanto, é possível notar em todos os traços analisados que, para o CMOD
de 2,5 mm, a fissura ainda não se propagou até a base das amostras. Isso
demonstra a capacidade de absorção de energia de tração incorporada ao
compósito por meio da adição das fibras.
73
Para um CMOD de 3,5 mm foram observados pontos de deformação em
fissura secundária nas amostras com inserção de 0,6% e 0,9% de fibras. No
caso dos corpos de prova com o maior teor de fibras, verificou-se que tratava-se
de um ponto onde poderia ocorrer o desplacamento de parte do concreto preso
à borda da fissura, devido ao tracionamento de fibras aderidas à matriz. A análise
das imagens referentes à maior abertura de fissura avaliada neste estudo
corrobora com as verificações anteriores em relação à ruptura retilínea das
amostras com 0,3% de fibras em relação aos demais teores. O teor de 0,9% de
adição de fibras apresentou abertura de fissura principal e fissura secundária, o
que pode demonstrar alguma aproximação de um comportamento de slip-
hardenning para um concreto com a composição apresentada neste estudo. Isso
também vai ao encontro de resultados discutidos anteriormente, em relação à
maior capacidade de absorção de energia do traço com maior número de fibras,
uma vez que a aparência tortuosa da abertura de fissura demonstra a menor
facilidade de propagação de fissuras na superfície do concreto.
No caso dos corpos de prova do grupo de referência (FIGURA 34), a
abertura de fissura foi menor em comparação às amostras com fibras, uma vez
que o concreto sem reforço não apresenta resistência à tração pós-fissuração.
Dessa forma, não foi possível registrar o grau de deformação das amostras para
os mesmos valores de abertura de fissura analisados em compósitos com adição
de fibra.
FIGURA 34 - SUPERFÍCIE DE DEFORMAÇÃO GERADA POR DIC EM CORPO DE PROVA
SEM FIBRAS.
74
Ainda, em todas as amostras foi possível monitorar o surgimento de
fissuras por meio da DIC antes que elas pudessem se tornar visíveis a olho nu.
Ou seja, se não houvesse o acompanhamento da carga de pico no ensaio
mecânico, seria possível estimar o término a resistência à tração do concreto,
por meio dos níveis de deformação e, da consequente abertura de fissuras na
face do compósito.
75
4. CORRELAÇÃO POR IMAGEM DIGITAL EM ENSAIO DE EXPANSÃO EM
CONCRETO
76
4.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL
77
realizado em dois diferentes traços de concreto e, em um traço de argamassa,
sendo que em todos houve a inserção do agregado reativo na mistura. Ou seja,
o agregado foi empregado na campanha experimental nas formas graúda e
miúda. Os detalhes relacionados à dosagem e à caracterização do material estão
apresentados no item 4.2.2, que trata da composição e da dosagem das
misturas.
Ainda no que se refere às alterações realizadas, encontra-se também o
desenvolvimento do equipamento para obtenção das imagens, que não pôde ser
concluído. Devido à crise de saúde pública causada pela pandemia, o
fechamento de determinadas indústrias perdurou até o início do ano de 2021,
uma vez que decretos municipais e estaduais restringiram o funcionamento de
diversas atividades comerciais. As peças necessárias para o equipamento, cujo
esquema é apresentado na FIGURA 35, foram encomendadas, porém não foram
fabricadas e, consequentemente, não foram entregues. A verba empregada ficou
inutilizada, e dessa forma, não foi possível realizar o acompanhamento
fotográfico com o auxílio de um equipamento que reduzisse os erros
relacionados ao posicionamento das amostras e da câmera digital.
78
amostras em análise. Isso porque os corpos de prova permaneceram imersos
durante o período entre as medições. Nesse sentido, o aparato fixo auxiliaria na
obtenção de fotos a partir das amostras posicionadas sempre no mesmo local.
A câmera para captura de imagens também permaneceria fixa durante todo o
período de ensaio. Ou seja, devido à necessidade dos corpos de prova ficarem
imersos em solução e submetidos às condições de ensaio estabelecidas no
método ABCPT, a utilização do aparato permitiria a captura de imagens
minimizando os erros acumulados na etapa de obtenção de dados.
Conforme apresentado na FIGURA 35, o equipamento possuiria um
relógio comparador embutido, para que as medições lineares de expansão
fossem obtidas. O corpo de prova com a face impregnada com pontos aleatórios
seria posicionado de modo a viabilizar a leitura de expansão linear e a captura
de imagem sem que fossem necessárias mudanças em seu posicionamento
durante a coleta de dados. A câmera digital seria fixada em um suporte na parte
superior do equipamento, e permaneceria na mesma posição até o final da
campanha experimental. Dessa forma, o erro causado pela fixação da câmera
em cada idade de análise seria reduzido. Além disso, seria garantida a mesma
distância focal e angulação perpendicular em relação à superfície dos corpos de
prova.
Como alternativa diante da impossibilidade de uso desse aparato, foi
utilizado o tripé da câmera e softwares de edição de imagens para minimizar as
diferenças existentes entre as tomadas de fotos. Os detalhes relacionados a
essa metodologia adotada estão descritos no item 4.2.3, que trata das etapas
relacionadas ao uso da técnica de Correlação por Imagem Digital.
Ainda, com o intuito de minimizar de forma mais contundente os erros na
etapa de coleta de dados, seria fixada, na parte inferior da superfície com pintura,
uma chapa metálica. Nela seriam inseridos pontos de controle, que serviriam de
referência durante o processamento das imagens. Os pontos de controle seriam
demarcados na chapa metálica por meio de furos e, para que o reconhecimento
da superfície fosse garantido, a impregnação de pontos aleatórios também seria
realizada na chapa metálica. No entanto, com a utilização do tripé da câmera em
vez do aparato fixo, optou-se pela inserção de duas chapas metálicas na lateral
das amostras, conforme mostrado na FIGURA 36-a. Porém, após o início da
exposição das amostras em solução, observou-se o estufamento da tinta acima
79
das peças metálicas (FIGURA 36-b). Ou seja, a camada de tinta começou a
fissurar por um mecanismo que não estava relacionado à expansão das misturas
cimentícias. Por esse motivo, todas as peças metálicas foram retiradas e os
pontos de referência foram marcados apenas com caneta de tinta permanente.
Peça
metálica
Fissuração
e remoção
de tinta
a) b)
80
dosagem é apresentado no Anexo desta dissertação. Foram produzidos 4
corpos de prova de dimensões (75x75x285) mm para cada traço em estudo,
todos contendo agregado reativo. Dessa forma, foram fabricadas, ao todo, 12
amostras durante a campanha experimental. A dosagem seguiu os parâmetros
adotados para o ensaio ABCPT, preconizados no método CPT (ASTM C 1293)
e dispostos na norma brasileira ABNT NBR 15577-6 (2018). São eles:
81
mistura, a dosagem foi baseada na parte 4 da norma ABNT NBR 15577 (2018).
Essa norma, que trata da realização do ensaio de reatividade de agregados em
amostras de argamassa, traz a recomendação do traço a ser adotado na mistura
(cimento: areia: relação a/c) e as quantidades de cimento e de agregado miúdo
necessárias para o volume de argamassa a ser produzido. A partir desses dados,
foram calculados os consumos de materiais para confecção de amostras nos
moldes de concreto. Na TABELA 11 são apresentados o traço, adotado de
acordo com a norma ABNT NBR 15577-4 (2018), e o consumo de material em
kg por m³ a partir do volume necessário para fabricação da argamassa em
moldes de concreto. Neste estudo optou-se pela utilização de fôrmas de concreto
na moldagem da argamassa, a fim de que houvesse uma maior região de análise
para o acompanhamento de possíveis deformações e surgimento de fissuras na
superfície dos compósitos cimentícios.
82
material, fornecidos pelo fabricante e respeitando os valores mínimos de
resistência à compressão exigidos pela ABNT NBR 16697/2018.
3,65 4,29 18,55 2,90 62,80 2,82 2,80 1,46 0,67 0,62
FONTE: Cimentos Itambé (2021).
Massa
Exp. Quente Início de Fim de Pega Cons.
Específica Blaine (cm²/g)
(mm) Pega (min) (min) Normal (%)
(g/cm³)
Retido na Retido na
1 dia (MPa) 3 dias (MPa) 7 dias (MPa) 28 dias (MPa)
#200 (%) #325 (%)
83
foi incorporado como agregado graúdo, na mistura 2 foi empregado nas formas
miúda e graúda, e na mistura 3 foi utilizado como agregado miúdo. O material é
reconhecidamente reativo na forma graúda devido aos resultados obtidos em
estudos nos quais foi empregado, conforme demonstrado por Langaro (2020)
em ensaio de reatividade pelo método ABCPT (FIGURA 37).
0,1
0
0 7 14 21 28
Tempo (dias)
FONTE: Langaro (2020).
84
agregado foi lavado e seco em estufa até a constância de massa. Nesse
trabalho, considerou-se que a constância de massa foi atingida quando não
houve diferença maior que 0,50% entre duas aferições espaçadas por um
período de 24h.
85
Na2Oeq é 61,98 e o do NaOH é de 39,997 e que, a relação entre os componentes
pode ser descrita como:
� +� = � � (7)
87
A leitura inicial em relógio comparador foi realizada após 24h de
permanência dos corpos de prova em estufa. Simultaneamente, as fotografias
de referência para análise por DIC foram capturadas. Em seguida, as amostras
foram acondicionadas em um recipiente com solução de NaOH, e
permaneceram em estufa a uma temperatura de 80 ºC por dois meses. É
importante ressaltar que, conforme proposto por Sanchez (2008), o equivalente
alcalino da solução foi igual ao equivalente alcalino do concreto. Com isso,
evitou-se o processo de difusão entre a solução e os corpos de prova e o ensaio
passou a ser acelerado apenas pelo aumento da temperatura, em comparação
ao método de prismas de concreto (CPT).
O tempo de ensaio adotado por Sanchez (2008) na concepção do ensaio
ABCPT foi de um mês. No entanto, levando-se em consideração a possibilidade
de que a reatividade do agregado não fosse suficiente para provocar o
aparecimento de fissuras de forma tão rápida, optou-se pelo aumento do tempo
de ensaio. Essa decisão também considerou que, o intuito da realização do
ensaio ABCPT neste estudo não foi, de fato, avaliar a reatividade de um
determinado agregado, uma vez que essa característica já é conhecida, mas sim
verificar a viabilidade do uso da DIC como uma ferramenta para monitoramento
de fissuras por mecanismos internos de expansão. Dessa forma, um maior
tempo de ensaio poderia contribuir para maiores chances de aparecimento de
fissuras nas amostras.
Foram realizadas medidas de expansão linear nas amostras durante os
60 dias de exposição. As leituras e a captura de imagens foram feitas duas vezes
por semana no mesmo horário, com intervalo médio de três dias entre as
medições. Ao todo, existiram 18 idades de monitoramento e, em todas elas, as
leituras foram realizadas com as amostras na mesma posição, sendo giradas
lentamente 360° no mesmo sentido, e a menor leitura sendo então anotada. Os
dados obtidos alimentaram uma planilha na qual foram realizados os cálculos de
medida de expansão definidos na ABNT NBR 15577-6 (2018).
88
modelo DSLR EOS Rebel SL3 com lente EF-S 40mm, apoiada sobre um tripé
compatível (FIGURA 38-a). As imagens foram capturadas com resolução de 24,1
MP e taxa de 5 frames por segundo. A montagem do aparato para tomada das
fotos era feita em todos os dias de leitura de expansão linear em relógio
comparador. Foram feitas marcações no chão para minimizar a diferença de
posicionamento do tripé da câmera ao longo dos dias de monitoramento
(FIGURA 38-b).
89
separadas, e ao final, obteve-se uma imagem de cada amostra para cada idade
de monitoramento (FIGURA 41-a).
90
foi realizado o processo de composição das 18 imagens para cada amostra.
A composição consistiu na escolha de uma fotografia com aspecto
padrão, sem rotações da face da amostra em relação à lente da câmera, que
pudesse ser usada como referência para posicionamento das demais fotos. Para
isso, uma das imagens de outra idade de leitura era sobreposta à imagem
tomada como referência. Utilizando baixos níveis de opacidade, foi possível
alinhar manualmente as imagens a partir do ajuste de escala com base nos
pontos fixos do pórtico, até que a posição dos corpos de prova das duas imagens
fosse coincidente. Em seguida, utilizando a ferramenta de transparência do
software, foi possível apagar a imagem do corpo de prova da foto de referência,
deixando apenas o corpo de prova da outra leitura composto com o fundo da
fotografia de referência. Dessa forma, foi possível garantir que as 18 leituras de
cada amostra estivessem em posições semelhantes para o reconhecimento do
padrão de pontos no software GOM Correlate®.
Por fim, as imagens foram cortadas para que não houvesse problemas
técnicos em relação ao tamanho dos arquivos na etapa de processamento das
fotografias no software de correlação por imagem digital (FIGURA 41-c). As
imagens ficaram com tamanhos semelhantes entre si, de aproximadamente
(2000 x 3500) pixels, em largura e altura, respectivamente. Para o uso do GOM
Correlate®, foram estabelecidos protocolos para inserção de dados e para
extração dos resultados, ambos esquematizados na FIGURA 42.
91
Como primeiro passo, a sequência de fotos de cada amostra foi
adicionada e, em seguida, foi definida a escala de referência em milímetros, para
que, posteriormente, as distâncias extraídas a partir dos extensômetros fossem
condizentes com as medidas reais. Para definição da escala, foi estabelecido um
ponto na face de cada amostra e a distância até a extremidade do elemento foi
verificada com escalímetro. Esse valor foi inserido no software para a referência
de medidas.
Após a escala ser estabelecida, foi criada uma componente de superfície
da face do corpo de prova. Trata-se de uma camada a partir da qual ocorre o
mapeamento de pontos do padrão aleatório presentes na face da amostra. Esse
mapeamento é feito por meio da varredura dos pixels que formam a imagem,
dando origem a subconjuntos de pixels denominados de facetas. As facetas
permitem a correlação entre os pixels de uma imagem de referência e as demais
fotos do conjunto. A distância média entre o centro de uma faceta até o próximo
ponto a ser verificado é denominada de distância entre facetas.
Neste estudo, os parâmetros de criação da superfície (tamanho das
facetas e distância entre facetas) foram fixados para os corpos de prova dos três
traços em estudo. De acordo com um levantamento bibliográfico realizado por
Resende (2020), há estudos que registram a redução de erros nas medições
realizadas por software de DIC a partir do aumento do tamanho das facetas
(Yaofeng; Pang, 2007, Vassoler; Fancello, 2010, Lecompte et al, 2006,
Rodrigues, 2014, apud Resende, 2020, p. 248). No entanto, ainda segundo o
mesmo levantamento, para medidas de deformação, pesquisadores afirmam
que é necessário um tamanho pequeno deste parâmetro para garantir maior
precisão nas medições (Rodrigues, 2014, Reu, 2012, apud Resende, 2020, p.
248). Em relação à distância entre facetas, a recomendação é de que seja
correspondente a 1/2 ou 1/3 do tamanho das facetas (iDICs, 2018, apud
Resende, 2020, p.249).
A partir disso, foram realizados testes para avaliar quais medidas
representariam de maneira mais homogênea e precisa a deformação e o
deslocamento gerados pelo possível aparecimento de fissuras. Foram testados
os valores de tamanho de faceta (19; 30; 41 pixels) e distância entre facetas (16;
21; 25 pixels), sendo o primeiro conjunto (19; 16) correspondente à configuração
padrão do software GOM Correlate®. A melhor representação da superfície de
92
deformação gerada nas amostras foi a caracterizada por facetas com 41 pixels
e distância entre facetas de 25 pixels. Nesse caso, ressalta-se que foi mantida
certa proximidade com a relação entre tamanho de faceta e distância entre
facetas, no intervalo compreendido entre 1/2 e 1/3, conforme recomendação
(iDICs, 2018, apud Resende, 2020, p.249).
A terceira etapa foi a fixação do sistema de coordenadas (X; Y; Z) a partir
da extremidade inferior esquerda do corpo de prova, e não a partir do centro da
imagem, como é a configuração padrão do software. Para isso, foi realizado o
alinhamento em 3-2-1, como uma triangulação, para transpor o eixo a partir da
marcação dos pontos de extremidade da amostra.
Na sequência, foi gerada a superfície de deformação na direção do eixo
Y, e foram demarcados seis pontos com etiqueta de desvio. Assim, para esses
pontos, o software marcou a deformação em cada estágio a partir do estágio de
referência, e posteriormente, esses dados foram exportados. Com as etiquetas
de desvio foi possível verificar, com certa precisão, a variação de deformação
das amostras e, assim, estabelecer uma escala em mapa de cores coerente com
os níveis de deformação presentes no prisma para todas as idades de
monitoramento.
Para todas as amostras analisadas, foram construídos três extensômetros
na direção do eixo Y, de modo que fosse possível coletar informações referentes
a distâncias longitudinais em todos os estágios de monitoramento. Os
extensômetros foram inseridos e as variações de comprimento em cada estágio,
medidas a partir de um comprimento inicial, foram exportadas. Por fim, foram
inseridas etiquetas de desvio sob uma componente de superfície de
deslocamento na direção do eixo X, para que fosse verificada a possível
ocorrência de movimentações laterais na posição das amostras a partir do
estágio de referência. Isso tornaria possível conhecer um dos fatores relacionado
a movimentação das amostras, casos fossem constatados níveis de deformação
desproporcionais à inspeção visual e aos resultados obtidos por leitura de
expansão linear. A FIGURA 43 mostra uma imagem do esquema de
processamento das fotos para cada amostra na interface do software. Os
procedimentos foram padronizados para todos os traços em estudo.
O protocolo de aquisição da resultados compreende os cálculos
realizados a partir dos dados extraídos do software GOM Correlate®. As
93
etiquetas de desvio e os extensômetros foram construídos durante o
processamento da correlação por imagem, e serviram como ferramentas para
coleta de dados. Os valores de deformação verificados por meio das etiquetas
de desvio foram exportados para um arquivo Excel. Para cada estágio de
monitoramento havia seis índices de deformação, um para cada ponto
selecionado. A partir disso, foi calculada a média de deformação verificada em
cada estágio e o desvio padrão correspondente a cada idade de monitoramento.
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (dias)
95
representado por meio de uma curva o erro relativo calculado entre essas
medidas de expansão.
60
0,1
40
0,05
20
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (dias)
96
recomendações do ensaio ABCPT, uma vez que as amostras não
permaneceram em câmara úmida para cura nas primeiras 24 horas.
O cálculo do erro nas medidas de cada traço indicou a margem de erro
atingida em relação à expansão verificada entre a média das amostras com
pintura e a amostra sem pintura. Tomando como valor real as medidas de
expansão da amostra sem pintura, foi calculado o erro absoluto para cada idade
de monitoramento como sendo a diferença, em módulo, entre a medida
considerada real e a média das expansões de amostras com pintura, conforme
mostrado na Equação 8:
�
���� � = �� (9)
� ��
A partir disso, é possível verificar o erro relativo em cada medida, por meio
da relação apresentada na Equação 9, uma vez que o erro absoluto se relaciona
com a medida adotada como a real. Com isso, em função do cálculo do erro
médio verificou-se que a medida do terceiro estágio de leitura foi o que
apresentou maior disparidade em relação ao valor médio obtido a partir dos
dados das amostras com pintura. Ao longo de todo o período de exposição
restante, o erro relativo, entre as medidas da amostra sem pintura e a média de
expansão das amostras com a face pintada, não ultrapassou 30%. Em termos
de erro absoluto, a média da diferença entre as medidas de expansão para cada
estágio de monitoramento foi de 0,0050 e o desvio padrão também foi de 0,0049.
De modo geral, os resultados obtidos podem sugerir que a aplicação da
camada de tinta para realização do monitoramento por DIC não afetou
significativamente os níveis de expansão das amostras do traço 1. No entanto,
é importante salientar que a maior quantidade de amostras sem pintura auxiliaria
na interpretação dos resultados com maior precisão.
A partir das imagens obtidas por meio do acompanhamento fotográfico da
amostra sem pintura (FIGURA 46), não foi possível observar a formação de
fissuras ou caminhos preferenciais que pudessem formar trincas nas amostras.
Possivelmente, o prolongamento do período de ensaio poderia contribuir para
97
visualização da formação de fissuras, uma vez que o agregado disponível para
utilização possui baixo potencial reativo.
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (dias)
98
A partir do gráfico mostrado na FIGURA 47, foi possível notar que os
níveis de expansão da mistura do traço 2 foram mais elevados quando
comparados ao traço 1. Isso pode estar relacionado ao fato de que nesta mistura
utilizou-se o agregado reativo nas formas miúda e graúda, enquanto na mistura
no traço 1 o agregado miúdo incorporado foi a areia normal do IPT, de
característica inócua. No entanto, para confirmação desta hipótese seria
necessária a realização de ensaios de caracterização dos materiais para
verificação da morfologia dos agregados empregados na mistura, uma vez que
a britagem da rocha pode afetar sua fase reativa (LU; FOURNIER; GRATTAN-
BELLEW, 2006).
Para o caso das amostras do traço 2 não houve atrasos relacionados ao
início do processo de expansão, como ocorreu nos prismas pertencentes ao
traço 1. A maior expansão final obtida entre as amostras com superfície pintada
foi de 0,124%, próximo ao limite para classificação do agregado como de grau
R1 de reatividade de acordo com a norma ABNT NBR 15577-1 (2018). A
expansão média final registrada foi de 0,112%.
A FIGURA 48 apresenta o gráfico de expansão linear da amostra sem
pintura pertencente ao traço 2, juntamente com a curva média originada dos
resultados das amostras com uma das faces pintada e o erro relativo entre essas
medidas. A partir do gráfico de expansão da amostra sem pintura observou-se
que, assim como nas amostras com pintura, o agregado atingiu o limite de
expansão estabelecido na segunda semana de exposição. Ainda de acordo com
o gráfico, foi possível notar o registro de um comportamento mais reativo durante
o segundo mês de exposição, quando comparado à reatividade média medida
nas amostras com superfície de pintura.
A expansão final medida foi de 0,178% para a amostra sem aplicação de
pintura. É possível que este resultado esteja relacionado a um coeficiente de
variação inerente ao ensaio, uma vez que foram observados diferentes
comportamentos entre as amostras sem pintura dos três traços em estudo.
Desse modo, não é possível afirmar que houve a formação de uma camada
protetora pela película de tinta, e que essa, de alguma forma, pode ter
contribuido para o retardo as reações expansivas no concreto com pintura, ainda
que a tinta utilizada possuísse resistência a altas temperaturas. Para que a
possível influência de um coeficiente de variação nos resultados pudesse ser
99
minimizada, seria necessário o aumento do número de amostras sem película
de tinta, para que erros inerentes aos procedimentos laboratoriais pudessem ser
reduzidos, e consequentemente, a precisão dos resultados obtidos fosse
satisfatória.
60
0,1
40
0,05
20
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (dias)
100
anteriormente, o resultado de apenas uma amostra pode não ser conclusivo.
Ainda, é necessário destacar que, para descarte de possíveis erros e
comportamentos divergentes, seria necessário o aumento do número de prismas
sob as mesmas condições e sem aplicação de pintura. Nesta campanha
experimental, devido à quantidade de material e ferramentas disponíveis, e para
que fosse possível concluir os procedimentos laboratoriais no prazo estipulado,
foi necessário reduzir o número de amostras em todos os traços.
Assim como na amostra sem pintura pertecente ao traço 1, não foi
observada a formação de fissuras na amostra sem aplicação de tinta do traço 2
(FIGURA 49). Em outros termos, apesar da possibilidade da utilização do
agregado reativo nas formas miúda e graúda ser um fator que acentua a
expansão nas amostras, não foi observado o início do processo fissuratório na
amostra sem pintura. Diante disso, para verificação de quaisquer hipóteses,
seria necessário o aumento do número de corpos de prova, de modo que os
erros inerentes ao processo de fabricação ou leitura pudessem ser minimizados
e houvesse maior precisão e detalhamento na análise de resultados e
conclusões.
101
FIGURA 50 - MEDIDAS DE EXPANSÃO DAS AMOSTRAS COM SUPERFÍCIE DE PINTURA
PERTENCENTES AO TRAÇO 3.
0,2
Limite
CP1
0,15 CP2
CP3
Expansão (%)
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
-0,05
Tempo (dias)
102
FIGURA 51 - MEDIDAS DE EXPANSÃO DA AMOSTRA SEM SUPERFÍCIE DE PINTURA
PERTENCENTE AO TRAÇO 3.
0,2 100
Limite
Média Cps com pintura
0,15 CP sem pintura 80
Erro médio
0,1 60
0,05 40
0 20
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
-0,05 0
Tempo (dias)
103
disparidade entre as medidas de expansão das amostras foi significativa. O erro
médio relativo ultrapassou 100% em cinco idades de monitoramento ao longo do
primeiro mês de ensaio. É possível que esse fato tenha sido acentuado pela
retração registrada na amostra sem pintura durante as primeiras semanas de
monitoramento. Todavia, medidas de erro como essa poderiam ser minimizadas
com o aumento do número de amostras sob a condição de ensaio sem pintura,
uma vez que as medições de apenas uma amostra sob determinada condição
podem ser inconclusivas. No que se refere ao erro absoluto, a média da
diferença registrada entre as medidas de expansão das duas condições foi de
0,030 e o desvio padrão foi de 0,008.
O aparecimento de pequenas manchas na superfície da amostra também
foi verificado no prisma pertencente ao traço 3 (FIGURA 52). No entanto, apesar
do aparente envelhecimento causado pelo período de exposição em solução
agressiva e alta temperatura, não foi possível verificar a olho nu o início da
formação de fissuras nas amostras. Os níveis de expansão atingidos durante o
período de monitoramento não foram suficientes para causar o aparecimento de
fissuras nas faces da amostra. Esse fato já havia sido observado para os corpos
de prova com película de pintura pertencentes a este mesmo traço.
104
causar a abertura de fissuras no período de 60 dias.
Diante disso, buscou-se a verificação dos níveis de deformação
alcançados, a fim de compará-los com os resultados de expansão obtidos a partir
das medições em relógio comparador. No entanto, o tratamento das imagens
para minimizar os erros, relacionados ao posicionamento das amostras e da
câmera fotográfica, não foi suficiente para que os níveis de expansão verificados
pelo software de DIC correspondessem somente à expansão longitudinal das
amostras. Isso significa que os níveis de deformação registrados
corresponderam, em parte, a movimentações relacionadas ao posicionamento
dos corpos de prova e da câmera durante o período de ensaio, em adição ao
erro inerente à técnica de correlação por imagem para casos de pequenas
deformações ou deslocamentos.
Em relação a esse último ponto, é importante destacar que a campanha
experimental abordada no capítulo 3 dessa dissertação possibilitou a verificação
da ocorrência de maior disparidade na fase inicial do ensaio, entre resultados
obtidos por DIC e por métodos convencionais de obtenção de dados em ensaios
mecânicos. De acordo com os resultados obtidos, existe um erro de precisão
inerente à DIC ao se tratar de estágios com pequenas deformações ou
deslocamentos. Nos resultados de ensaio mecânico do capítulo 3, o erro de
imprecisão foi notório em situações em que a abertura de fissura era menor do
que 1 mm, estágio correspondente a patamares iniciais do ensaio de ruptura
mecânica. No entanto, em estágios de fissuração avançados, esse erro foi
suprimido e a correlação de resultados pôde ser considerada satisfatória.
Diante disso, é possível que os resultados de níveis de deformação
obtidos por meio da correlação por imagem para o caso de reações de
expansivas, apresentados neste capítulo, estejam influenciados, em parte, pelo
erro embutido pela DIC em estágios de deformação iniciais. Isso porque,
conforme demonstrado por meio dos resultados obtidos em relógio comparador,
as expansões máximas registradas nas amostras em estudo foram de,
aproximadamente, 0,10%. De fato, trata-se de um nível de expansão inicial e
suscetível ao acúmulo de erros no processo de correlação de resultados entre
diferentes ferramentas de monitoramento.
Nas primeiras idades de monitoramento houve rotação das amostras em
relação à posição da câmera. A edição das imagens no processo anterior à etapa
105
de correlação das fotos minimizou o erro da tomada de fotografias, conforme
pode ser observado na FIGURA 53, que mostra o comparativo entre a imagem
antes e após o processo de edição para uma das amostras.
106
ocorrência da reação expansiva no interior do concreto. A FIGURA 54 apresenta
três estágios (inicial, intermediário e final) do processamento da DIC em uma das
amostras pertencentes ao traço 1.
De acordo com a FIGURA 54, é possível observar que as deformações
registradas permaneceram próximas ao nível inicial durante grande parte do
período de monitoramento. No entanto, em alguns estágios, houve o registro de
retração, ou deformação negativa, conforme observado no último estágio do
período experimental (FIGURA 54-c).
Em termos de encurtamento dos extensômetros, foi registrado o valor
médio máximo de 0,379%, que corresponde a cerca de 0,61 mm. Esse resultado,
porém, diverge daquele que foi observado nos resultados registrados pela
medição de expansão linear. Apesar da expansão discreta nas primeiras idades,
todas as amostras pertencentes ao traço 1 registraram expansão suficiente para
classificar o agregado utilizado como um material reativo. Na FIGURA 55 são
apresentados os valores de expansão, gerados a partir dos dados de distância,
obtidos por meio dos extensômetros posicionados em cada corpo de prova.
107
movimentação dos corpos de prova em relação ao posicionamento inicial, e não
a real retração dos prismas de concreto à níveis dessa magnitude.
0,1
0
Expansão (%)
0 10 20 30 40 50 60
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
Tempo (dias)
CP1 CP2 CP3
108
devido a questões logísticas decorrentes da pandemia de Covid-19, o material
não pôde ser coletado. O agregado utilizado, ainda que considerado reativo,
apresenta menor grau de reatividade. As expansões geradas não ultrapassaram
níveis que pudessem minimizar os erros da correlação por imagem relacionados
a pequenos deslocamentos e deformações.
As amostras pertencentes ao traço 2 registraram expansões ligeiramente
maiores, quando comparadas à média obtida para as amostras do primeiro traço,
utilizando os dados obtidos por meio dos extensômetros digitais. Assim como
explanado nos resultados obtidos em relação aos corpos de prova do traço 1, as
amostras pertencentes ao traço 2 também apresentaram níveis de deformação
significativamente superiores em comparação à expansão atingida segundo os
dados da leitura de variação dimensional. Isso significa que, as deformações
verificadas pelo software GOM Correlate® estão, possivelmente, relacionadas
em grande parte à ocorrência de movimentação da posição das amostras entre
os estágios de leitura, e não somente à expansão causada pela ocorrência da
RAA.
Na FIGURA 56 são apresentados estágios do processamento das
imagens de uma das amostras pertencente ao traço 2. Para análise por imagem
das amostras que compõem este grupo, foi necessário descartar as fotos
referentes aos quatro primeiros estágios de monitoramento. Isso porque, mesmo
após a edição das imagens com alinhamento, rotação e redimensionamento das
fotografias, a rotação ocorrida nas primeiras leituras não foi totalmente
suprimida, e o software de correlação por imagem reconheceu deformações
elevadas a partir da foto inicial. Com isso, optou-se por iniciar o processamento
a partir da 5ª foto, pertencente ao total das 18 imagens obtidas durante todo o
período de ensaio para cada amostra.
De acordo com a FIGURA 56 é possível observar que os níveis de
deformação para a maior parte da superfície de análise ficaram próximos ao
inicial e, em alguns pontos isolados, houve registro de deformações mais
acentuadas. A partir dos dados coletados dos extensômetros digitais verificou-
se que a expansão média máxima das amostras pertencentes ao traço 2 foi de
0,061%. Esse valor é inferior ao registrado a partir das medidas de expansão
linear.
109
FIGURA 56 - ESTÁGIOS INICIAL (a); INTERMEDIÁRIO (b) E FINAL (c) DA COMPONENTE
DE SUPERFÍCIE DE DEFORMAÇÃO EM MAPA DE CORES DURANTE O
PROCESSAMENTO DE AMOSTRA PERTECENTE AO TRAÇO 2.
0,1
Expansão (%)
0
0 10 20 30 40 50 60
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
Tempo (dias)
CP1 CP2 CP3
110
obtidos pelas medidas de expansão linear, observou-se que houve registro de
expansão crescente em todas as amostras analisadas durante o período de
ensaio, e não de retração. Sendo assim, é possível que os resultados obtidos
por meio da DIC e apresentados na FIGURA 57 estejam relacionados, em
grande parte, à movimentação das amostras em relação à fotografia inicial.
A utilização de um aparato que permitisse a fixação da posição da câmera
fotográfica e da amostra para monitoramento, além do possível uso de software
de edição de imagens, poderia contribuir significativamente para obtenção de
resultados semelhantes entre as ferramentas.
As amostras pertencentes ao traço 3, fabricadas com argamassa,
apresentaram maiores deformações a partir dos dados dos extensômetros,
comparadas às amostras dos traços 1 e 2. Nesse grupo não foi necessário
realizar o descarte de fotografias dos estágios iniciais, uma vez que essas foram
as últimas amostras a terem o período de monitoramento iniciado. Assim, as
rotações iniciais já haviam sido, em grande parte, corrigidas nos dois primeiros
traços em estudo.
Os dados de deformação obtidos por meio dos extensômetros mostraram
que, em grande parte do período de monitoramento, foram registrados valores
médios de expansão superiores aos valores obtidos por meio da medida de
variação dimensional linear. Ao contrário do registro de encurtamento dos
extensômetros, conforme verificado nos dois primeiros traços, nas amostras do
traço 3 houve medidas de alongamento do comprimento da ferramenta em
grande parte dos estágios de monitoramento. Na FIGURA 58 são apresentados
os processamentos de imagem em alguns estágios em uma das amostras
pertencentes ao traço 3.
A partir da FIGURA 58 é possível observar que as amostras do traço 3
apresentaram um comportamento mais heterogêneo no mapa de cores de
escala de deformação em comparação às figuras dos traços 1 e 2. A média
máxima de expansão calculada foi de 0,455%. Esse valor é significativamente
maior do que aquele registrado por meio da medida de variação dimensional
linear. Já o encurtamento médio máximo do comprimento dos extensômetros foi
de 0,12% (FIGURA 59).
Apesar do comportamento predominantemente expansivo calculado a
partir dos dados da correlação por imagem, conforme apresentado na FIGURA
111
59, os resultados podem estar relacionados, em grande parte, à detecção de
movimentação da face da amostra em relação à imagem inicial. Além disso, as
expansões geradas pelo agregado reativo podem ser consideradas como
estágio inicial, ou seja, com baixo grau de deformação. Isso também contribui
para o erro inerente ao processamento de deformações e deslocamentos pela
técnica DIC, que costuma ser mais acentuado nos estágios iniciais de
deformação do elemento.
0,6
Expansão (%)
0,4
0,2
0
0 10 20 30 40 50 60
-0,2
-0,4
Tempo (dias)
CP1 CP2 CP3
112
necessidade de mudança de posicionamento dos corpos de prova e à
recolocação dos aparatos fotográficos em todas as datas de monitoramento,
além do uso de um agregado com baixo grau de reatividade, não foi possível
verificar de modo preciso a superfície de deformação gerada apenas pela
ocorrência da RAA. De igual modo, não foi possível observar a formação de
fissuras na superfície dos elementos. Isso pode estar relacionado ao fato de que
o tempo disponível para realização do monitoramento não foi suficiente para
verificação da abertura de fissuras nas amostras a partir do uso de um agregado
de grau de reatividade R1.
Para analisar a possível ocorrência de deslocamento lateral nas amostras,
devido à diferença de posição entre os estágios de leitura, foram inseridos pontos
específicos como etiquetas de desvio numa componente de superfície de
deslocamento. As etiquetas de desvio mostram uma determinada característica
do ponto selecionado a partir da superfície escolhida (deformação,
deslocamento, entre outras). Neste estudo, as etiquetas foram geradas sob uma
superfície de deslocamento. Os dados obtidos a partir das etiquetas estão
apresentados no Apêndice B desta dissertação.
A colocação de etiquetas de desvio, em uma superfície de deslocamento
na direção do eixo X em cada amostra, possibilitou a verificação da mudança de
posição (deslocamento lateral) que afetou a superfície de deformação analisada
anteriormente em todos os traços. Em outros termos, a partir do monitoramento
dos pontos selecionados como etiquetas de desvio, foi observado o registro de
movimentação nas amostras, conforme pode ser observado a partir da escala
em mapa de cores, em diferentes estágios, de amostras pertencentes aos três
traços em estudo (FIGURA 60). Desse modo, verificou-se como verdadeira a
hipótese de que as deformações registradas estavam, em parte, relacionadas à
diferença de posição dos corpos de prova em comparação ao estágio inicial de
ensaio.
De fato, a necessidade do reposicionamento da câmera e das amostras
em todos os dias de monitoramento gerou movimentações que não foram
completamente suprimidas no processo de edição das imagens. Além disso,
conforme observado nos resultados apresentados no capítulo 3, a técnica de
correlação por imagem apresenta maior imprecisão quando se trata de
pequenos deslocamentos ou deformações.
113
FIGURA 60 - MAPA DE CORES OBTIDO A PARTIR DO PROCESSAMENTO DE UMA
SUPERFÍCIE DE DESLOCAMENTO POR DIC PARA AMOSTRAS DOS TRAÇOS EM
ESTUDO.
114
4.4 CONCLUSÕES PARCIAIS
115
A aplicação da técnica de correlação por imagem para a realização do
monitoramento discreto da expansão, em ensaio de reatividade de
agregados, requer o uso de aparatos que permitam a permanência da
posição da camêra no mesmo local e, que regulem a posição das
amostras com o mínimo de desvio no momento da colocação no relógio
comparador. Devem ser utilizados, em conjunto aos aparatos, softwares
de edição de imagens para uniformização das fotos e, para suprimir
pequenas alterações na posição das amostras. Além disso, é necessária
a utilização de material altamente reativo para realização de ensaios em
níveis acelerados de exposição.
116
5. CONSIDERAÇÕES
117
deformações por reação expansiva, houve o acúmulo dos erros inerentes
à aplicação da técnica e à mudança de posição dos aparatos de ensaio e
da amostra;
118
REFERÊNCIAS
119
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129
APÊNDICE A
130
TABELA 20 - EXPANSÃO DAS AMOSTRAS DE CONCRETO PERTENCENTES AO TRAÇO 2
OBTIDA POR RELÓGIO COMPARADOR.
TRAÇO 2
Expansão (%)
Dia/CP Desvio
CP1 CP2 CP3 Média CP4
Padrão
0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
4 0,026 0,027 0,025 0,026 0,001 0,025
7 0,034 0,039 0,037 0,037 0,002 0,035
11 0,024 0,025 0,036 0,028 0,007 0,030
14 0,050 0,052 0,058 0,053 0,004 0,060
18 0,051 0,055 0,062 0,056 0,005 0,058
21 0,045 0,055 0,049 0,049 0,005 0,051
25 0,068 0,078 0,090 0,079 0,011 0,094
28 0,068 0,088 0,080 0,079 0,010 0,088
32 0,078 0,088 0,100 0,089 0,011 0,108
35 0,071 0,084 0,093 0,083 0,011 0,109
39 0,084 0,096 0,107 0,096 0,011 0,116
42 0,085 0,098 0,109 0,098 0,012 0,125
46 0,088 0,100 0,112 0,100 0,012 0,137
49 0,103 0,097 0,115 0,105 0,009 0,156
53 0,098 0,098 0,119 0,105 0,012 0,165
56 0,094 0,094 0,117 0,102 0,013 0,170
60 0,102 0,108 0,124 0,112 0,011 0,178
131
TABELA 21 - EXPANSÃO DAS AMOSTRAS DE ARGAMASSA PERTENCENTES AO TRAÇO
3 OBTIDA POR RELÓGIO COMPARADOR.
TRAÇO 3
Expansão (%)
Dia/CP Desvio
CP1 CP2 CP3 Média CP4
Padrão
0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
4 -0,008 -0,004 -0,006 -0,006 0,002 -0,043
7 0,047 0,025 0,024 0,032 0,013 -0,012
11 0,033 0,031 0,031 0,031 0,002 0,000
14 0,025 0,020 0,015 0,020 0,005 -0,012
18 0,060 0,056 0,052 0,056 0,004 0,019
21 0,064 0,058 0,054 0,059 0,005 0,025
25 0,072 0,064 0,065 0,067 0,004 0,036
28 0,073 0,066 0,063 0,067 0,005 0,036
32 0,088 0,080 0,081 0,083 0,004 0,052
35 0,096 0,083 0,080 0,086 0,008 0,060
39 0,097 0,092 0,086 0,092 0,005 0,061
42 0,120 0,103 0,107 0,110 0,009 0,083
46 0,112 0,107 0,099 0,106 0,006 0,073
49 0,113 0,103 0,099 0,105 0,007 0,071
53 0,124 0,119 0,109 0,117 0,008 0,085
56 0,128 0,119 0,113 0,120 0,007 0,091
60 0,135 0,126 0,118 0,126 0,008 0,100
132
TABELA 22 - MEDIDA DE MASSA DAS AMOSTRAS PERTENCENTES AO TRAÇO 1.
Traço 1
Massa (g)
CP/Dia
0 4 7 11 14 18 21 25 28
CP1 3826,63 3827,64 3827,45 3826,78 3827,39 3826,47 3826,25 3828,37 3827,52
CP2 3857,60 3858,03 3858,65 3859,17 3860,16 3859,35 3859,46 3859,99 3860,40
CP3 3856,91 3857,46 3857,77 3858,46 3859,09 3858,05 3859,16 3858,84 3859,10
Média 3847,05 3847,71 3847,96 3848,14 3848,88 3847,96 3848,29 3849,07 3849,01
CP4 3841,04 3842,29 3842,30 3843,82 3844,09 3843,27 3843,70 3845,20 3844,96
CP2 3927,87 3929,98 3931,65 3932,59 3934,78 3934,37 3935,13 3936,79 3943,89
CP3 3927,02 3929,14 3930,00 3932,80 3934,13 3933,94 3935,89 3937,22 3942,29
Média 3911,73 3913,97 3915,16 3916,94 3918,68 3918,18 3919,23 3920,83 3927,50
CP4 3926,59 3930,55 3931,89 3934,78 3935,57 3935,57 3937,85 3938,91 3943,42
CP2 3554,56 3557,52 3558,56 3561,88 3564,16 3564,86 3566,91 3569,70 3571,68
CP3 3566,68 3568,33 3569,67 3573,69 3575,15 3575,13 3577,59 3581,14 3582,99
Média 3565,22 3567,04 3568,32 3571,91 3573,89 3574,18 3576,32 3579,52 3581,34
CP4 3531,61 3533,24 3534,27 3537,40 3539,45 3540,46 3542,58 3545,50 3547,11
133
APÊNDICE B
134
TABELA 26 - EXPANSÃO DAS AMOSTRAS DE CONCRETO PERTENCENTES AO TRAÇO 2
OBTIDA POR EXTENSÔMETRO DIGITAL NA UTILIZAÇÃO DA DIC.
TRAÇO 2
CP1 CP2 CP3
Dias Média Expansão Média Expansão Média Expansão
(mm) (%) (mm) (%) (mm) (%)
14 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
18 0,086 0,034 -0,239 -0,092 -0,273 -0,105
21 0,085 0,034 0,016 0,006 -0,231 -0,089
25 -0,193 -0,077 -0,253 -0,097 -0,225 -0,087
28 -0,644 -0,258 -0,840 -0,323 -0,992 -0,383
32 -0,504 -0,201 -0,809 -0,311 -0,614 -0,237
35 0,347 0,139 0,164 0,063 -0,048 -0,019
39 -0,679 -0,272 -0,898 -0,346 -0,849 -0,328
42 -0,293 -0,117 -0,292 -0,112 -0,685 -0,264
46 -0,312 -0,125 -0,523 -0,201 0,448 0,173
49 -0,048 -0,019 0,055 0,021 -0,118 -0,045
53 -0,164 -0,066 -0,365 -0,140 -0,910 -0,351
56 -0,621 -0,248 -0,604 -0,232 -0,773 -0,283
135
TABELA 27 - EXPANSÃO DAS AMOSTRAS DE ARGAMASSA PERTENCENTES AO TRAÇO
3 OBTIDA POR EXTENSÔMETRO DIGITAL NA UTILIZAÇÃO DA DIC.
TRAÇO 3
CP1 CP2 CP3
Dias Média Expansão Média Expansão Média Expansão
(mm) (%) (mm) (%) (mm) (%)
0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
4 -0,284 -0,102 0,465 0,179 0,792 0,305
7 -0,195 -0,070 0,801 0,308 0,881 0,339
11 -0,007 -0,002 0,573 0,220 0,818 0,315
14 -0,091 -0,033 0,573 0,220 0,993 0,382
18 -0,292 -0,104 0,612 0,235 0,765 0,294
21 -0,847 -0,302 -0,181 -0,070 0,155 0,060
25 -0,422 -0,151 0,175 0,067 0,733 0,282
28 0,239 0,085 0,833 0,321 1,076 0,414
32 -0,929 -0,332 -0,211 -0,081 0,135 0,052
35 -0,349 -0,125 0,246 0,094 0,522 0,201
39 0,538 0,192 1,367 0,526 1,687 0,649
42 -0,034 -0,012 0,742 0,286 1,090 0,419
46 -0,660 -0,236 -0,006 -0,002 0,275 0,106
49 -0,507 -0,181 0,125 0,048 0,446 0,172
57 -0,805 -0,288 -0,155 -0,059 0,094 0,036
60 -0,369 -0,132 0,115 0,044 0,369 0,142
136
B.2 DESLOCAMENTO LATERAL REGISTRADO POR ETIQUETAS DE DESVIO NA ANÁLISE POR CORRELAÇÃO DE IMAGEM DIGITAL
A TABELA , a TABELA 28 e a TABELA 29 mostram os valores de deslocamento lateral, em mm, obtidos a partir da
marcação de pontos com etiquetas de desvio nas amostras pertencentes aos traços 1, 2 e 3, respectivamente. Trata-se do desvio
lateral na posição dos pontos que formam a superfície de pintura e, que foi registrado pela técnica de correlação por imagem para
cada estágio de monitoramento a partir da imagem de referência (inicial). Os dados demonstram o registro de variações laterais
milimétricas relacionadas à mudança de posição das amostras e da câmera nos diferentes dias de tomada de fotografias.
TABELA 28 - DESLOCAMENTO LATERAL (mm) REGISTRADO NAS AMOSTRAS PERTENCENTES AO TRAÇO 1 POR MEIO DE ETIQUETAS DE
DESVIO NA UTILIZAÇÃO DA DIC.
TRAÇO 1
Dias CP1 CP2 CP3
10 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
14 -0,708 -0,678 -0,689 -0,858 -0,837 -0,843 0,172 0,153 0,157 -0,161 -0,178 -0,162 -0,124 -0,110 -0,129 -0,578 -0,571 -0,594
17 -0,516 -0,481 -0,505 -1,095 -1,071 -1,090 0,419 0,388 0,398 -0,203 -0,221 -0,195 0,019 0,016 -0,009 -0,653 -0,648 -0,685
21 -0,452 -0,409 -0,391 0,197 0,227 0,245 0,054 0,056 0,031 0,136 0,125 0,125 -0,243 -0,230 -0,227 -0,291 -0,295 -0,298
24 -0,568 -0,503 -0,488 -0,413 -0,381 -0,375 -0,031 -0,044 -0,068 -0,142 -0,165 -0,155 -0,319 -0,293 -0,292 -0,415 -0,385 -0,392
28 -0,699 -0,625 -0,619 -0,604 -0,556 -0,553 0,593 0,563 0,553 0,115 0,085 0,106 0,046 0,077 0,068 -0,307 -0,258 -0,279
31 -0,441 -0,415 -0,406 -0,107 -0,103 -0,092 0,120 0,129 0,121 0,202 0,208 0,205 -0,037 -0,046 -0,037 0,028 0,014 0,011
35 -0,549 -0,497 -0,473 0,137 0,164 0,194 0,403 0,388 0,355 0,306 0,281 0,289 -0,106 -0,077 -0,062 0,117 0,149 0,156
38 -0,772 -0,703 -0,684 -0,390 -0,363 -0,349 -0,015 -0,047 -0,042 -0,597 -0,620 -0,592 0,282 0,293 0,266 -0,487 -0,458 -0,496
42 -0,759 -0,683 -0,687 -1,119 -1,077 -1,090 0,676 0,636 0,625 0,030 -0,007 0,028 0,151 0,164 0,141 -0,640 -0,598 -0,636
45 -0,650 - -0,609 -1,059 -1,040 -1,056 0,249 0,223 0,232 -0,299 -0,311 -0,289 0,032 0,025 0,013 -0,572 -0,568 -0,601
49 -0,468 - -0,418 -0,884 -0,832 -0,852 0,743 0,706 0,700 0,131 0,102 0,131 -0,242 -0,233 -0,253 -0,931 -0,882 -0,919
52 -0,407 - -0,341 -0,821 -0,765 -0,779 0,131 0,098 0,075 -0,393 -0,429 -0,403 0,080 0,085 0,073 -0,462 -0,420 -0,450
56 -0,628 - -0,608 -1,246 -1,269 -1,294 0,860 0,828 0,867 -0,052 -0,056 -0,024 0,250 0,189 0,171 -0,518 -0,563 -0,604
59 - - -0,147 -0,648 -0,583 -0,603 -0,059 -0,096 -0,115 -0,646 -0,687 -0,659 0,413 0,448 0,417 -0,444 -0,362 -0,409
137
TABELA 28 - DESLOCAMENTO LATERAL (mm) REGISTRADO NAS AMOSTRAS PERTENCENTES AO TRAÇO 2 POR MEIO DE ETIQUETAS DE
DESVIO NA UTILIZAÇÃO DA DIC.
TRAÇO 2
Dias CP1 CP2 CP3
14 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
18 0,027 0,061 0,054 -0,124 -0,130 -0,108 0,155 0,135 0,137 -0,077 -0,069 -0,055 -0,324 -0,291 -0,329 -0,704 -0,656 -0,702
21 0,127 0,190 0,160 -0,322 -0,343 -0,323 -0,157 -0,173 -0,192 -0,685 -0,713 -0,657 -0,966 -0,949 -0,985 -1,299 -1,271 -1,312
25 -0,055 -0,025 0,000 0,323 0,353 0,353 0,122 0,112 0,125 0,133 0,147 0,138 -0,443 -0,397 -0,409 -0,551 -0,501 -0,514
28 0,262 0,323 0,329 0,350 0,362 0,351 0,419 0,371 0,418 0,441 0,490 0,459 -0,413 -0,346 -0,366 -0,546 -0,465 -0,483
32 -0,170 -0,118 -0,111 -0,152 -0,144 -0,152 0,029 -0,025 0,005 -0,249 -0,221 -0,212 -0,256 -0,206 -0,226 -0,424 -0,364 -0,386
35 -0,134 -0,121 -0,101 0,095 0,113 0,129 -0,087 -0,078 -0,108 -0,384 -0,415 -0,374 -0,395 -0,413 -0,426 -0,475 -0,504 -0,507
39 -0,134 -0,093 -0,068 0,205 0,220 0,214 0,310 0,265 0,311 0,458 0,513 0,474 -0,667 -0,614 -0,614 -0,599 -0,553 -0,538
42 0,032 0,090 0,095 0,132 0,148 0,140 0,303 0,298 0,306 0,466 0,484 - 0,123 0,166 0,165 0,175 0,210 0,220
46 -0,027 0,027 0,021 -0,220 -0,230 -0,220 -0,020 -0,075 -0,039 -0,427 -0,410 -0,396 -0,101 -0,105 -0,151 -0,618 -0,617 -0,671
49 0,040 0,083 0,075 -0,214 -0,226 -0,203 0,066 0,056 0,036 -0,434 -0,464 -0,410 -0,127 -0,114 -0,155 -0,549 -0,527 -0,568
53 -0,055 -0,006 -0,029 -0,559 -0,589 -0,557 0,395 0,367 0,361 -0,079 -0,088 -0,042 -0,317 -0,243 -0,277 -0,629 -0,543 -0,577
56 -0,037 0,011 0,026 0,163 0,176 0,174 0,168 0,138 0,156 0,032 0,055 0,056 -0,408 -0,358 -0,391 -0,690 -0,629 -0,660
138
TABELA 29 - DESLOCAMENTO LATERAL (mm) REGISTRADO NAS AMOSTRAS PERTENCENTES AO TRAÇO 3 POR MEIO DE ETIQUETAS DE
DESVIO NA UTILIZAÇÃO DA DIC.
TRAÇO 3
Dias CP1 CP2 CP3
0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
4 -0,521 -0,505 -0,534 -0,742 -0,707 -0,730 0,109 0,059 0,026 -0,133 -0,203 -0,214 -0,096 -0,114 -0,173 -0,243 -0,247 -0,334
7 -0,778 -0,773 -0,788 -0,824 -0,802 -0,811 0,114 0,049 0,032 0,046 -0,042 -0,039 0,001 0,008 -0,050 0,003 0,003 -0,082
11 -0,515 -0,516 -0,537 -0,683 -0,677 -0,692 0,290 0,232 0,219 0,216 0,150 0,151 -0,151 -0,166 -0,212 -0,305 -0,314 -0,388
14 -0,285 -0,271 -0,313 -0,652 -0,630 -0,664 0,110 0,055 0,062 0,252 0,179 0,206 0,201 0,196 0,136 0,116 0,115 0,031
18 -0,560 -0,544 -0,564 -0,647 -0,628 -0,638 0,031 -0,025 -0,032 0,002 -0,058 -0,054 -0,001 0,006 -0,046 0,004 0,009 -0,066
21 -0,552 -0,518 -0,528 -0,555 -0,509 -0,519 -0,122 -0,155 -0,175 -0,198 -0,247 -0,243 -0,141 -0,135 -0,179 -0,099 -0,095 -0,157
25 -0,471 -0,462 -0,478 -0,522 -0,494 -0,507 -0,214 -0,257 -0,280 -0,348 -0,404 -0,404 -0,321 -0,329 -0,392 -0,436 -0,443 -0,527
28 -0,495 -0,509 -0,519 -0,501 -0,498 -0,509 -0,025 -0,095 -0,097 0,004 -0,080 -0,066 0,005 0,027 -0,055 0,153 0,167 0,061
32 -0,675 -0,646 -0,659 -0,644 -0,596 -0,601 0,135 0,091 0,091 0,240 0,176 0,197 -0,380 -0,371 -0,417 -0,344 -0,342 -0,406
35 -0,306 -0,283 -0,317 -0,520 -0,485 -0,510 0,081 0,028 0,029 0,178 0,107 0,130 0,334 0,346 0,288 0,410 0,416 0,337
39 -0,757 -0,789 -0,801 -0,679 -0,710 -0,704 -0,093 -0,177 -0,175 -0,001 -0,106 -0,084 0,126 0,143 0,050 0,212 0,223 0,107
42 -0,307 -0,293 -0,320 -0,432 -0,420 -0,433 0,126 0,058 0,055 0,193 0,101 0,118 0,295 0,298 0,225 0,312 0,318 0,225
46 -0,487 -0,465 -0,464 -0,545 -0,501 -0,513 -0,085 -0,123 -0,150 -0,212 -0,276 -0,276 -0,244 -0,240 -0,293 -0,233 -0,230 -0,305
49 -0,938 -0,940 -0,929 -0,979 -0,951 -0,960 -0,060 -0,095 -0,134 -0,269 -0,337 -0,344 0,329 0,323 0,270 0,244 0,239 0,172
57 -0,518 -0,465 -0,504 -0,732 -0,680 -0,705 -0,129 -0,158 -0,196 -0,362 -0,418 -0,433 -0,173 -0,134 -0,195 0,150 0,178 0,097
60 -0,763 -0,85 -0,768 -0,928 -0,915 -0,930 -0,030 -0,062 -0,079 -0,100 -0,159 -0,165 0,345 0,329 0,294 0,138 0,126 0,059
139
ANEXO
� = �⁄ × �
Sendo:
� = consumo de água (l/m³);
�⁄ = relação água/cimento;
� = , ×
�� = / ³
140
ao módulo de finura (MF) exigido pela norma ABNT NBT 15577. A granulometria
utilizada está descrita na TABELA 30. A partir do MF da areia (2,5) e da dimensão
máxima característica do agregado graúdo (19 mm), foi determinado o volume
de agregado graúdo seco por m³ de concreto , informação necessária para o
cálculo do consumo de agregado graúdo � � a ser utilizado na mistura. O
método ABCP/ACI traz, por meio da TABELA 31, o valor de .
1,18 25 25
0,6 25 50
0,3 25 75
0,15 25 100
� � = ×
Sendo:
� � = consumo de agregado graúdo (kg/m³);
141
= volume de agregado graúdo seco por m³ de concreto;
= massa unitária compactada do agregado graúdo;
tem-se:
� � = ,7 ×
∴ ��� = � �/ ³
A partir dos resultados obtidos, por fim, foi calculado o volume de agregado
miúdo por m³ de concreto. Para isso, com os dados de massa específica
de cada material, utilizou-se a equação:
� � � � �
= − + +
�
142