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no Brasil
RESUMO
ABSTRACT
1
Estudante. Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: emmily.nc@hotmail.com
I. INTRODUÇÃO
2
De acordo com Jesus (2012), transfobia trata-se do preconceito e/ou discriminação em função da
identidade de gênero de pessoas transexuais ou travestis.
3
LGBTfobia: trata-se do preconceito e/ou discriminação em função da identidade de gênero e/ou
orientação sexual de pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
II. GÊNERO E IDENTIDADE
Beauvoir (1980), em seu famoso livro ‘‘O Segundo Sexo’’, diz que ser mulher
não é um dado natural, mas o resultado de uma história. Isto é, não há um destino biológico
que defina a mulher como tal, mas sim uma construção histórica que a fez assim. A partir da
ideia da autora, se entende que ser mulher ou ser homem faz parte de uma construção
social. E mais: é uma condição, algo imposto.
O gênero, segundo Scott (1995, p. 74),
Vivemos nossas vidas e não nos apercebemos de como este cotidiano está
pautado, regulado e normatizado por compreensões generificadas, apreendidas na
cultura e assumidas como certas e verdadeiras. Estas concepções generificadas,
culturalmente legitimadas e naturalizadas, pautam o sistema heteronormativo que
produz comportamentos e corpos, reconhecidos como “adaptados” pelos discursos
psi, e como “normais” pelos discursos biologicistas. (PETRY e MEYER, 2011, p.
195)
‘‘As políticas públicas são ações do Estado que visam a gerências das relações
sociais e econômicas que se estabelecem no capitalismo’’ (ARAGUSUKU e LOPES, 2014,
p.6). Essas políticas visam assegurar o direito de cidadania para os cidadãos.
Questões naturalizadas como a heteronormatividade, o machismo, a LGBTfobia,
a misoginia, que imperam na sociedade, têm gerado inúmeras dificuldades para a efetivação
das políticas públicas que visam assegurar direitos à população trans.
O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de país que mais mata pessoas trans
(ou percebidas como tais) e não há uma política nacional de enfrentamento à LGBTfobia ou
uma lei que criminalize esses crimes motivados por ódio.
De acordo com a pesquisa realizada pela Transgender Europe 4 , foram
registrados 802 homicídios de pessoas trans entre 2008 e 2015 no Brasil. Somente entre
outubro de 2015 e setembro de 2016, foram registrados 123 assassinatos no país.
Sabe-se, todavia, que esses são apenas os números registrados e que a
tendência é ser maior. Podemos somar ainda, as tentativas de homicídio que, segundo a
Rede Nacional de Pessoas Trans5, foram 52 só em 2016.
São grandes, também, os números de adoecimentos psicológicos decorrentes
do preconceito e exclusão social que pessoas travestis e transexuais lidam cotidianamente.
O suicídio ainda está bastante presente na realidade desse grupo social. A Rede Trans
Brasil conseguiu catalogar 12 suicídios somente no ano de 2016.
É importante destacar um marco histórico no Brasil para as lésbicas, bissexuais,
gays, travestis e transexuais, que foi a conquista da Política Nacional de Saúde Integral à
População LGBT. Tendo em vista a construção de mais equidade no Sistema Único de
Saúde, essa política foi legitimada no âmbito do SUS, pela Portaria nº 2.836 de 1º de
dezembro de 2011.
Voltando-se também para a saúde de pessoas travestis e transexuais, a política
abrange parte de suas complexas e numerosas demandas. O uso do nome social 6 , a
hormonioterapia e a cirurgia de transgenitalização agora estão garantidos no SUS.
4
Transgender Europe - TGEU: rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população
transgênero.
5
A Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (Rede Trans Brasil) é uma instituição nacional que
representa, desde 2009, Travestis e Transexuais do Brasil. A rede monitora as violências contra
pessoas trans no país.
6
Nome pelo qual as pessoas trans se apresentam e se reconhecem, de acordo com sua identidade
de gênero.
Hoje, o respeito ao nome social de travestis e transexuais no cartão do Sistema
Único de Saúde promove o maior acesso à rede de saúde pública. Conquistou-se também o
uso do nome social em vários Estados e instituições públicas e privadas.
Por isso, levanta-se, por fim, uma questão preocupante: a bancada, composta
por políticos evangélicos e conversadores, que atualmente ocupam o Congresso Nacional
Brasileiro e repudiam projetos voltados à população LGBT, por misturarem religião com
política, mesmo o Estado ‘‘sendo laico’’.
‘‘Lideranças evangélicas e católicas estão cada dia mais presentes no cenário
político nacional’’ (CUNHA e LOPES, 2012, p.11). Ocorre, então, dificuldade para a
implementação de políticas públicas voltadas para a cidadania de Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais no Brasil.
Cunha e Lopes (2012) apresentam o caso do programa ‘‘Escola sem
Homofobia’’, criado pelo Ministério da Educação, que levaria ao ambiente escolar a
discussão de gênero e sexualidade através de um material didático, com o intuito de
diminuir casos de LGBTfobia no país e promover a garantia de direitos humanos.
IV. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARAGUSUKU, H.A.; LOPES, M.A.S. Políticas Públicas e Direitos LGBT no Brasil: dez
anos após O Brasil Sem Homofobia. 2014.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. vol I. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BORGES, Z.N.; PERURENA, F.C.V; PASSAMANI, G.R.; BULSING, M. Patriarcado,
heteronormatividade e misoginia em debate: pontos e contrapontos para o combate à
homofobia nas escolas. vol VII. Latitude, pp. 61-76, 2013.
BRASIL. Projeto de Lei de Identidade de Gênero: Lei João W Nery. Brasília: 2013.
Disponível em: <http://prae.ufsc.br/files/2013/06/PL-5002-2013-Lei-de-Identidade-de-
G%C3%AAnero.pdf> Acesso em: 30/03/2017
DIAS, Maria Berenice. União homossexual: o preconceito & a justiça. 2. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2001.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 16,
n.2, 1990.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica. (1997) In: SILVA,
Tomaz Tadeu da. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais.
14ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.