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Comunicação

Alternativa
1. Desenvolvimento da Comunicação Alternativa 4
Inclusão 7
Importância do Uso da Comunicação Alternativa 9

2. Recursos Para Comunicação Alternativa 12


Sistemas de Comunicação Sofisticados 13
Recursos de Baixa Tecnologia 15
Tipos de Estímulos e Estratégias 16

3. Referências Bibliográficas 21

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

1. Desenvolvimento da Comunicação Alternativa

Fonte: Fato Amazônico1

A comunicação entre as pessoas


não se dá só através da fala,
pois é marcada e complementada
Desde o nascimento a criança
faz uso do choro, do riso para ex-
pressar suas vontades e necessi-
por vários elementos comunicativos, dades. Aprende a falar aos poucos,
como: gestos, expressões faciais e utilizando-se de gestos e postura,
escrita. (MEC 2004) assim mantendo contato com os
Segundo Nunes (2002), “a co- demais, aprendendo por imitação e
municação é uma necessidade bási- se tornando ativo em seu meio, se
ca entre os homens. Faz-se necessá- relacionando com seus pares e
ria nas relações, constituindo-se no adultos.
aspecto fundamental para a sobre- Para Aurélio (1999) comuni-
vivência”. cação “é um processo de emissão,
transmissão e recepção de mensa-

1 Retirado em: https://www.fatoamazonico.com/

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

gens, por meio de métodos e/ou processos sociais e em desenvol-


sistemas convencionados”. A comu- vimento.
nicação não se dá somente através Quando a criança não fala o
da oralidade, pois existem várias educador das séries iniciais fica sem
formas de transmitir uma ideia, seja ação, muitas vezes é surpreendido,
por meio de sinais, desenhos, gestos, pois a expectativa é trabalhar apenas
gravuras, pinturas a até por meio de com a escrita, pressupondo que a
TIC (Tecnologias da Informação e oralidade já deveria estar desen-
Comunicação). volvida. A escola tem papel funda-
Segundo Vygotski (1988/ mental nesse processo de alfabetiza-
2002) “a linguagem origina-se em ção, mas também no desenvolvi-
primeiro lugar como meio de mento da linguagem como um todo
comunicação entre a criança e as incluindo as diversas formas de
pessoas que a rodeiam”, só depois se comunicação possíveis.
transforma em linguagem interna, A sala de aula é um ambiente
convertendo-se em função mental, rico em interações e experiências e a
tendo um papel importante na for- criança que não fala e não possui um
mação do pensamento e do caráter recurso alternativo de comunicação
do indivíduo. Alguns indivíduos têm fica excluída desse processo. Por-
dificuldades em seu processo de tanto, não é possível pensar em in-
comunicação, precisando então de clusão verdadeira se a criança nem,
uma comunicação dita alternativa. ao menos, consegue se comunicar
O uso da linguagem é a condi- com seus pares. Como os profes-
ção mais importante do desenvol- sores vão saber se ela compreendeu
vimento das estruturas psicológicas o que foi dito? Como os professores
superiores da criança, como afirma- vão entender suas respostas nas
vam Vygotski, Luria e Leontiev situações de avaliação?
(1988).
A comunicação e a Linguagem “A CAA deve ter por objetivo
tornar o sujeito com distúrbio
são processos fundamentais para o
de comunicação o mais inde-
desenvolvimento humano, se desen- pendente possível em suas
volvem ao longo da vida, de forma situações comunicativas, po-
dendo assim ampliar suas opor-
que quando as crianças chegam à tunidades de interação com os
idade escolar trazem com elas uma outros, na escola e na comuni-
linguagem e comunicação oral não dade em geral” (SCHIRMER,
2004, p. 46, apud BRASIL,
como produtos acabados, mas como 2007, p. 58).

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

A comunicação alternativa é Para o desenvolvimento não


utilizada em indivíduos com graves basta aprender as relações entre
problemas de fala ou sem escrita signos manuais ou gráficos e certas
funcional. Para Pelosi (2010) o categorias conceituais; também é
trabalho de comunicação alternativa preciso compreender como estes
pode ser realizado com recursos não signos podem ser utilizados para
tecnológicos como o oferecimento expressar significados e atingir di-
de dois objetos para que a criança versas metas de comunicação.
escolha o queira fazer ou com qual À medida que as crianças são
lápis de cor quer pintar seu desenho, inseridas na comunidade linguísti-
outros recursos que se pode utilizar ca, passam a compartilhar de um
são as pranchas comunicacionais, meio de comunicação e de conhe-
nas quais se utiliza imagens gráficas cimentos culturais relativos a uma
que signifiquem algo para os que abrangência de atividades envol-
dela necessitam e façam uso. As vendo as pessoas da comunidade.
pranchas são personalizadas de Mesmo um evento banal como
acordo com a necessidade do quando uma criança pede um brin-
usuário. quedo à outra exige uma compe-
Pode envolver recursos de tência partilhada, o que geralmente
baixa tecnologia quando utiliza fi- envolve as rotinas de dar e receber
chas com fotografias ou símbolos estabelecidas nas interações pais-
pictográficos, ou quando utiliza filho na primeira infância.
pranchas de comunicação para favo- O desenvolvimento de meios
recer a comunicação e para auxiliar alternativos de comunicação não
a realização de atividades. constitui apenas a aprendizagem de
O desenvolvimento da comu- um modo diferente de comunicação;
nicação alternativa é um processo implica um caminho alternativo de
muito diferente de aprendizagem constituição cultural do sujeito,
implícita típica do desenvolvimento porque a comunicação faz parte de
da língua falada. É uma forma de todas as funções sociais e culturais
desenvolvimento linguístico, mas o cotidianas. As crianças percorrem
objetivo final seria que as crianças um caminho paralelo no seu desen-
que estejam desenvolvendo modos volvimento cultural, mas o caminho
alternativos de comunicação sejam paralelo deve levar ao desenvol-
capazes de se comunicar sobre vimento de habilidades normais, ou
mesmos assuntos e nas mesmas pelo menos às melhores possíveis.
situações que as crianças falantes.

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

É necessário para que as nicação alternativa geralmente co-


crianças desenvolvam um modo existem com necessidades educacio-
alternativo de linguagem, um ambi- nais paralelas, tanto da equipe
ente competente e um sistema de quanto dos pares na pré-escola.
apoio para aquisição de linguagem. Quando crianças que utilizam co-
Para que a criança desenvolva com- municação alternativa fazem parte
petência linguística alternativa, deve dos ambientes pré-escolares regula-
haver um número razoável de res, tanto elas quanto seus pares
pessoas no ambiente que sejam mais falantes podem necessitar de algu-
competentes do que a criança na ma assistência por parte dos adultos
compreensão e uso da forma de para interagir com sucesso. A função
linguagem da criança. de tal assistência é facilitar as habi-
Os ambientes que apoiam a lidades da criança para iniciar, res-
aquisição de sistemas de comuni- ponder e manter as interações co-
cação alternativa não se constituem municativas com as outras crianças
naturalmente, raramente fazem do grupo.
parte de ambientes comuns e geral-
mente são especialmente implemen- Inclusão
tados para uma ou mais crianças
deficientes. A Constituição Federal de
Para as crianças que estão se 1988 respalda os avanços signifi-
desenvolvendo com meios alterna- cativos para a educação escolar de
tivos de comunicação, o sistema de pessoas com deficiência, elege como
amparo inclui o planejamento e o fundamentos da República a cida-
apoio de atividades de comunicação dania e a dignidade da pessoa
em grau muito mais extenso do que humana (art. 1º, incisos II e III) e,
no caso de crianças que estão em como um dos seus objetivos funda-
processo de aquisição da linguagem mentais, a promoção do bem de
falada. todos, sem preconceitos de origem,
As propriedades do sistema de raça, sexo, cor, idade e quaisquer
amparo do ambiente linguístico nas outras formas de discriminação (art.
pré-escolas (e nas escolas) depen- 3º, inciso IV). Garante ainda o
derão das ações de comunicação e direito à igualdade (art. 5U) e trata,
estratégias dos profissionais e de no artigo 205 e seguintes, do direito
outras pessoas do ambiente. de todos à educação. Esse direito
As necessidades educacionais deve visar ao “pleno desenvolv-
de crianças que desenvolvem comu- imento da pessoa, seu preparo para

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

a cidadania e sua qualificação para o essa educação não pode se realizar


trabalho”. em ambientes segregados.
Elege como um dos princípios Os aspectos planejados do
para o ensino “a igualdade de con- desenvolvimento da comunicação
dições de acesso e permanência na alternativa podem se mostrar parti-
escola” (art. 206, inciso I), acres- cularmente difíceis de manejar em
centando que o ‘‘dever do Estado ambientes não segregados, incluin-
com a educação será efetivado me- do explicações e demonstrações de
diante a garantia de acesso aos ní- significados e usos de sinais ma-
veis mais elevados do ensino, da nuais e gráficos.
pesquisa e da criação artística, A competência do ambiente
segundo a capacidade de cada um” social é muito importante no desen-
(art. 208, inciso V). volvimento linguístico da criança, os
Constituição Federal garante a contextos educacionais inclusivos
todos o direito à educação e ao podem promover o desenvolvimen-
acesso à escola, assim sendo, toda to das crianças que utilizam meios
escola deve atender aos princípios alternativos de comunicação quan-
constitucionais, não podendo ex- do todos ou quase todos os adultos e
cluir nenhuma pessoa em razão de crianças nesses espaços tiverem pelo
sua origem, raça, sexo, cor, idade ou menos uma competência básica no
deficiência. modo de comunicação alternativa.
Esses dispositivos já basta- As práticas inclusivas podem
riam para que não se negasse a promover o desenvolvimento de lin-
qualquer indivíduo, com ou sem guagem alternativa em crianças com
deficiência, o acesso à mesma sala uma diversidade de habilidades e
de aula que qualquer outro. Um dos limitações, sugerindo várias manei-
argumentos sobre a impossibilidade ras em que os pares possam intera-
prática da inclusão total aponta os gir com as crianças que desenvolvem
casos de alunos com deficiências modos alternativos de comunicação,
severas, múltiplas, notadamente a os ambientes inclusivos podem ser
deficiência mental e alguns casos de benéficos para muitas crianças que
autismo. estão desenvolvendo comunicação
Para garantir educação para alternativa.
todos e para atingir o pleno desen- O pré-requisito mais impor-
volvimento humano e o preparo tante para a inclusão é a competên-
para a cidadania, entende-se que cia partilhada e isso implica a
necessidade de apoiar o desenvol-

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

vimento das habilidades de comuni- comunicativas dá a oportunidade ao


cação alternativa na equipe. aluno com necessidade educacional
No que diz respeito à comuni- especial, para que se torne autos-
cação com outras crianças a pré- suficiente em suas situações de
escola é parte importante do ambi- comunicação, com isso proporcio-
ente linguístico da criança. A inclu- nando oportunidades de interação
são de outras crianças usuárias da com o outro e, evitando sua exclusão
comunicação alternativa nas pré- social e seu isolamento.
escolas regulares permite que as Nunes (2002) descreve que a
funções conversacionais sejam am- comunicação pode auxiliar no pro-
paradas em atividades sociais e cesso de inclusão e aprendizado es-
culturais típicas para a faixa etária, colar, visto que, buscam viabilizar
mas a capacidade de suporte que o uma efetiva integração dos sujeitos
ambiente linguístico oferece depen- com seu meio social, na medida em
de de como este se relaciona às que os sistemas passam a fazer parte
habilidades e às limitações das do cotidiano dos sujeitos, com o in-
crianças. tuito de trocas sociais eficientes,
Os educadores vão precisar se esses dispositivos tendem a desen-
adaptar e ter o conhecimento sufi- volver sua cognição e linguagem,
ciente sobre as características do configurando-se recursos importan-
modo de comunicação da criança e tes na inserção de sujeitos com défi-
sobre como promover o seu desen- cits cognitivos e comunicativos na
volvimento bem como sobre as escola e sociedade.
outras deficiências que a criança É importante a formação de
possa apresentar, como distúrbios professores na área, assim como a
de motricidade, de aprendizagem ou divulgação dos diversos sistemas de
autismo. Também precisam saber comunicação existentes entre os
como facilitar as interações entre diversos profissionais atuantes com
crianças que falam e crianças que os sujeitos, assim como para seus
usam comunicação alternativa. familiares.
A escola deve-se preparar,
Importância do Uso da elaborando um planejamento em
Comunicação Alternativa equipe, sobre a forma que o trabalho
será desenvolvido e oferecido aos
A comunicação alternativa é alunos com comprometimento ou
um importante recurso que quando ausência de linguagem, a presença
utilizado com estratégias e técnicas de uma criança com necessidades

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

especiais na sala de aula é uma Numa abordagem histórico-


grande oportunidade para o profes- cultural é necessário que haja o
sor e alunos aprenderem juntos. contato com o outro, atentando para
A importância do uso da a mediação entre os sujeitos e os
comunicação alternativa se dá pela signos, possibilitando o desenvolvi-
possibilidade do setor educacional mento cultural humano.
investir na educação e reabilitação O professor deve ter objetivos
para inserção social de uma fatia da bem contextualizados, que almejem
população que não se comunica pe- alcançar, dentro das possibilidades
los meios formais de comunicação. reais dos sujeitos. Portanto, a ação
Há diversos sistemas de comunica- intencional do professor é de funda-
ção desenvolvidos. mental importância no processo de
A importância maior não está busca da solução do problema, pois
no sistema em si mesmo, mas sim na suas concepções de mundo, dos
forma como o mesmo é trabalhado e sujeitos e de ensino aprendizagem
desenvolvido junto a seus usuários e que darão possibilidades de inova-
sob que abordagem é visto e incor- ções de formas e métodos a serem
porado no dia a dia. aplicados para o desenvolvimento
Portanto a aplicação desse re- da linguagem do sujeito.
curso não deve se reduzir apenas A comunicação alternativa é
para o desenvolvimento da comuni- de fundamental importância e pode
cação, mas que esta proporcione a dar vez e voz aos indivíduos com
aquisição da linguagem, da intera- déficits na fala, fazendo com que
ção social, enfim, de sua contex- estes tenham maior autonomia em
tualização histórica, da autonomia suas vidas quanto as suas neces-
do ser enquanto sujeito. sidades, sentimentos e pensamen-
Nunes (2002) coloca também tos, e assim, auxiliando em sua
que na perspectiva educacional a interação social e no seu processo de
abordagem de um sistema não deve ensino aprendizagem.
ser vista apenas na utilização entre
professor e aluno, mas como sím-
bolo visual de apoio à construção
dos signos que auxiliam na aquisi-
ção da linguagem, com a compre-
ensão dos significados gerados nas
relações e em ambientes contextua-
lizados.

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2. Recursos Para Comunicação Alternativa

Fonte: O Popular2

O s recursos utilizados na comu-


nicação alternativa são consti-
tuídos por objetos ou equipamentos
ser elaborados através da escrita,
desenhos e figuras (fotos, gravuras,
etc). Também se utiliza o Sistema de
através dos quais se consegue trans- Símbolos Bliss, Pictogram Ideogram
mitir uma mensagem, podem ser de Communication System – PIC, Pic-
baixa e ou alta tecnologia. ture Communication Symbols –
Os recursos de baixa tecno- PCS. Através desses sistemas podem
logia são mais acessíveis e auxiliam ser elaboradas pranchas, painéis,
como forma de comunicação alter- carteiras, etc.
nativa quando a linguagem oral é Os recursos de alta tecnologia
severamente prejudicada ou não são compostos por sistemas de
existe. Podem ser representados, comunicação mais sofisticados que
por gestos manuais, expressões faci- utilizam como base, comunicadores
ais, código Morse e através de signos com voz gravada ou sintetizada ou
gráficos. Os signos gráficos podem ainda sistemas como: Bliss-Comp,

2 Retirado em: https://www.opopular.com.br/

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PIC-Comp, PCS-Comp ImagoAna- Sistemas de Comunicação


Vox, etc. Sofisticados
O avanço tecnológico trouxe
novos sistemas de comunicação pa-
ra alunos com necessidades especi-
ais. Pelosi (2013) apresenta duas
categorias de sistemas de compu-
tador:
 Os sistemas dedicados, que
são compostos de hardware e
dos softwares (computador e
os programas). Esses sistemas
foram desenvolvidos especifi- Fonte: Mobilizadores
camente para indivíduos que
têm habilidades de fala limi- Boardmaker: Com ele é possível
tadas. confeccionar pranchas, localizar e
 Os sistemas integrados, que aplicar símbolos e imagens, traba-
caracterizam comercialmente
lhar as imagens em qualquer tama-
o hardware disponível e o soft-
ware de comunicação. nho e espaçamento, imprimir e/ou
salvar a sua prancha de comuni-
Os recursos tecnológicos se cação, armazenar, nomear, organi-
tornam um meio para promover a zar, redimensionar e aplicar ima-
comunicação, a interação e a parti- gens escaneadas, criar folhas de te-
cipação de todos, com ou sem neces- ma ou trabalho, lista de instruções
sidades especiais. No âmbito inter- pictóricas, livros de leitura, jornais e
nacional há diversos softwares já pôsteres e acompanhar várias gra-
sendo utilizados. Dentre eles desta- des prontas de calendários e agen-
cam-se o Boardmaker, o Speaking das. Cada símbolo é traduzido em 15
Dynamically Pro. E, dentre os soft- idiomas e os símbolos podem figurar
wares gratuitos encontrados, desta- de três modos: sem texto, com uma
ca-se o CobShell, o Plaphoons, o E- linha de texto (em qualquer idioma)
triloquist, o Gil Eanes. Boardmaker acima do símbolo e, com duas linhas
O Boardmaker é um banco de dados em dois idiomas diferentes acima do
gráficos que contêm mais de 3.500 símbolo.
Símbolos de Comunicação Pictórica
- PCS. Já há versões totalmente em Speaking Dynamically Pro: é
Português/Brasileiro. um programa fácil de usar, que
trabalha opcionalmente integrado

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

ao Boardmaker e permite criar inú- fotografias, símbolos, imagens e


meras atividades interativas de co- sons.
municação com acessibilidade total.
Permite criar pranchas de comuni- CobShell: é um programa que
cação interligadas com funções pro- possui uma interface de seis botões
gramáveis em suas células. Essa grandes que cobrem toda a tela.
função do programa permite 55 criar Pode-se configurar os botões de mo-
links entre as pranchas (como as do a ativar um programa e também
páginas da Internet), fazendo com associar a cada botão uma imagem e
uma célula/tecla abra uma nova um som. Pode ser dada uma senha a
prancha temática na tela do com- cada utilizador, evitando assim que
putador. Possui mais de 100 funções exista alteração da configuração.
programáveis que permitem escre- Pode ser utilizado para simplificar a
ver e editar textos na área de men- interação entre o utilizador e o
sagem, abrir programas, exibir computador, como uma ferramenta
filmes e reproduzir arquivos de som, de comunicação aumentativa ou de
fala e música. reabilitação, bem como, para ativi-
dades com crianças com dificulda-
Escrevendo com símbolos: é des de aprendizagem. Apresenta-se
uma ferramenta inclusiva de Comu- somente no idioma inglês.
nicação Aumentativa e Alternativa é
um processador integrado de textos Plaphoons: comunicador multimí-
e de símbolos com diversas ferra- dia dinâmico para comunicação au-
mentas para crianças e adultos com mentativa permite utilizar a combi-
dificuldades na utilização de texto nação de imagens, textos e sons para
e/ou de comunicação. Existe uma mensagens da vida diária. Pode ser
versão para o português com sinte- utilizado para a reabilitação da me-
tizador de voz. As principais mória, da fala ou para estimular a
características do software são a aprendizagem da escrita ou de
associação automática da palavra ou conceitos educativos. O software foi
expressão ao símbolo, à medida que desenvolvido originalmente em In-
se escreve, e a construção e impres- glês, com tradução para português.
são de quadros de comunicação;
atividades interativas e gestor de E-triloquist: é um programa (em
recursos para atualizar e criar listas inglês com leitura para o português)
de palavras/símbolos, incorporando de comunicação aumentativa para
pessoas com dificuldades na fala. O

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

programa permite que a frase escrita dem ser alterados o tamanho e tipo
na tela seja lida, de forma que a pes- da fonte, assim como o contraste
soa com dificuldades na fala possa desejado. Quanto aos símbolos, es-
utilizar a voz sintetizada do compu- ses podem ser organizados confor-
tador para se comunicar. O pro- me a necessidade, podendo em uma
grama possui ainda a possibilidade mesma tela ou em diversas, de
de colocar a imagem de uma boca na forma encadeadas.
parte superior direita que simula o
movimento dos lábios no momento Amplisoft: é destinado às pessoas
da leitura. que apresentam limitação motora,
Gil Eanes: é um programa em que necessitem de auxílio de tercei-
Inglês (leitura em português) com ros para se comunicar ou escrever, e
aplicação de Chat, isto é, permite a que possam ao menos usar um
conversação entre dois utilizadores acionador.
ao mesmo tempo, através de um
diálogo direto. Toda a mensagem é Recursos de Baixa Tecno-
constituída apenas por imagens. logia
Destina-se a ser usado por pessoas
com deficiências que, por razões
físicas ou mentais, não possam usar
a linguagem verbal. Também per-
mite a comunicação em tempo real,
sem o recurso de dispositivos apon-
tadores do tipo mouse.

Software comunique: desenvol-


vido no Brasil permite diversas pos-
sibilidades de acesso ao computador Fonte: Amazon

através da utilização de periféricos


Pastas e fichários: vários tipos de
como mouse, teclado e joystick.
pasta industrializadas podem ser
Conta também com recursos mais
utilizadas para comunicação alter-
sofisticados, dentre eles: tela sensí-
nativa, tais como, cardápios, fichá-
vel ao toque e acionadores externos
rios de variados tamanhos e álbuns
de diversos tipos. Possui ainda uma
de fotografias. Esses podem ser
gama de possibilidades de ajustes do
adaptados ás características físicas e
número de informações na tela que
motoras dos usuários, o formato,
tem variação de 1 a 64 células. Po-

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tamanho e as adequações devem ser Prancha fixa sobre a carteira:


analisadas para cada aluno. este tipo de prancha é indicado para
alunos que apresentam movimentos
Pranchas com estímulos remo- involuntários que impedem o uso de
víveis: adaptar e colar dois velcros pasta comum, os estímulos de co-
paralelamente, como se fossem pau- municação podem ser trocados de
tas de um caderno em uma prancha acordo com as necessidades do alu-
industrializada, sobre os velcros são no, professor ou grupo.
fixadas as figuras para comunicação
alternativa, atrás de cada figura é Pasta frasal: possibilita ao usuário
colado outro velcro para possibilitar comunicar-se por meio da constru-
a fixação na prancha. O material de ção de sentenças ou frases que dese-
ser confeccionado com o objetivo de ja emitir sem precisar virar páginas,
permitir a troca de figuras para todas as figuras e fotos são apresen-
comunicação, com ações motoras do tadas no campo visual para serem
professor ou aluno. indicadas conforme o contexto de
comunicação.
Prancha temática: pode se confi-
gurar em uma prancha única ou po- Prancha frasal: é semelhante a
de fazer parte de uma pasta comum, pasta frasal, porém a composição
possui figuras que permitem a dos estímulos de comunicação é di-
comunicação sobre um tema único. ferente, o objetivo é construir frases
O aluno aponta para as figuras ou textos que podem ser utilizados
solicitando os materiais ou respon- como recursos para a aprendizagem
dendo ás indagações do professor ou da escrita.
dos demais alunos.
Tipos de Estímulos e Estra-
Prancha fixa na parede: tem tégias
como objetivo a comunicação com o
grupo, é um recurso que auxilia na Objeto concreto e sua repre-
comunicação professor-alunos e sentação: um sistema de comuni-
aluno-aluno, sua localização deve cação pode ser composto pelo pró-
prezar o fácil acesso. O professor prio objeto, ou seja, uma forma real
pode utilizar esse recurso para fixar e mais concreta possível. Sua repre-
as figuras correspondentes aos con- sentação pode ser feita por outro
teúdos desenvolvidos nas atividades objeto concreto que se assemelha
de rotina ou daquele dia específico. muito com o real. Esses objetos são

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

tridimensionais e proporcionam figuras é possível escrever o nome


manuseio para os usuários. Por dos objetos representados.
exemplo, objeto real uma maçã e
outro de plástico que muito se Figura temática: as figuras devem
parece com o real. ser cuidadosamente selecionadas no
sentido de melhor representar o
tema proposto. A seleção das figuras
deve ter a participação do aluno,
professor e família.

Fotos e figuras de atividade


sequencial: as fotos e figuras po-
dem ser utilizadas sequencialmente
e representam uma atividade que foi
realizada, ou seja, demonstram a
Fonte: Mundo Boa Forma sequência da atividade desenvol-
vida, esse tipo de estratégia é utili-
Miniaturas: são formas de repre- zada para facilitar o relato de uma
sentar o objeto real para aqueles situação vivenciada. Dessa forma,
alunos que têm dificuldade em uma maneira melhor de representar
utilizar as fotos e figuras. A seleção a situação é apresentá-la na sequên-
das miniaturas deve ser cuidadosa cia em que ela ocorreu.
no sentido de conter detalha-
damente as características do objeto Símbolos gráficos com fundo
real, facilitam a participação nas diferente: o fundo onde são cola-
atividades escolares e a expressão das as figuras, fotos ou fixadas as
sobre a vivência do tema escolar. miniaturas é geralmente de cor pre-
Como são tridimensionais as ta. A própria figura também pode ter
miniaturas permitem melhor visua- um fundo branco ou colorido. Essa
lização e melhor manuseio. composição serve para realçar o
con-traste entre figura-fundo e per-
Símbolos gráficos: podem ser en- mite uma melhor visualização do
tendidos com o uso de fotos, figuras estímulo apresentado.
e escrita, seu uso é recomendável
quando o aluno identifica a foto ou a Misto: o tipo de estímulo a ser com-
figura e a relaciona com o objeto binado como, por exemplo, minia-
real. Quando se utiliza fotos ou tura-figura, miniatura-foto, foto-

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

escrita, figura-escrita, lembrando único é importante para o trabalho


que essa combinação associa estí- com os aspectos de percepção visual,
mulos concretos com abstratos. As- auditiva e sinestésica do próprio
sim, os sistemas com símbolos grá- objeto. Pode servir também para
ficos (figuras, fotos, escrita) são uma interação entre professor e o
mais abstratos do que um sistema aluno. Geralmente utilizam-se brin-
composto por objetos ou minia- quedos que forneçam os estímulos
turas. que desejamos utilizar no processo
de ensino.
Gestos: é um recurso de comuni-
cação do homem e, na maioria das Dois estímulos: a utilização de
vezes, acompanha a fala. A utilização dois estímulos possibilita o trabalho
de gestos, concomitantemente ou com a discriminação entre caracte-
não com sons, figuras ou fotos, pode rísticas dos próprios estímulos co-
ser estimulada para que o aluno se mo, por exemplo, discriminar entre
faça entender. a figura de um cachorro e a de um
gato. Outra possibilidade da utiliza-
Expressões faciais: as expressões ção entre dois estímulos se refere
faciais devem ser encorajadas no aquela situação na qual o aluno deve
processo de comunicação. Geral- escolher entre dois estímulos como,
mente, as expressões faciais são por exemplo, sim ou não, quero não
combinadas com gestos ou com quero.
outros comportamentos motores
como, por exemplo, apontar para fi- Vários estímulos: a utilização de
guras ou fotos. As expressões faciais vários estímulos é recomendada
devem ser interpretadas dentro do quando o aluno já consegue selecio-
contexto comunicativo. A direção do nar um estimulo, entre outros que se
olhar também é um poderoso recur- refere à situação de comunicação.
so que pode substituir o comporta- Esses estímulos podem estar conti-
mento de apontar, principalmente dos, por exemplo, em pranchas te-
quando o aluno não tem a possi- máticas ou pranchas frasais. Um dos
bilidade motora de apontar para objetivos do sistema de comuni-
estímulos. cação alternativa é incorporar vários
estímulos para criar, para o usuário,
Estímulo único: a quantidade de a possibilidade de uma comunicação
estímulos deve ser planejada em um mais abrangente. Porém devem-se
sistema de comunicação. O estimulo tomar cuidado para quantificar os

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

estímulos de acordo com a capaci- ser muito simples, porém o seu


dade e necessidade do usuário. processo de implementação neces-
sita ser pensado, elaborado e testado
Seleção dos estímulos: a manei- em situação prática.
ra de o aluno selecionar os objetos, Os materiais a serem utiliza-
fotos e ou figuras dependerá da alte- dos para construção dos recursos
ração motora apresentada. Neste para comunicação podem ser sim-
sentido, há possibilidade de o aluno ples e com criatividade, o professor
manusear os recursos de comuni- pode usar muitos daqueles que
cação indicando com a mão, com os fazem parte do dia-a-dia escolar ou
dedos ou mesmo pegando o recurso. familiar.
Na impossibilidade motora, o aluno O respeito às características
pode indicar com o olhar, com a individuais dos alunos e o bom
língua, piscar de olhos ou ainda, com senso são itens fundamentais para
a ajuda do próprio professor, que que os recursos de comunicação
pode realizar a varredura de linhas e deem resultados positivos.
colunas até encontrar o estímulo Um recurso só adquire funcio-
pretendido pelo aluno, que se nalidade para comunicar mensa-
manifesta por meio de um sorriso ou gens quando conseguimos identifi-
piscar de olhos. car as potencialidades de nossos
alunos e adequamos o meio para que
Confecção e organização do essas potencialidades possam ser
recurso: a participação do aluno na expressas. Feito isso, estaremos
confecção e organização do recurso dando voz a nossos alunos, que é
de comunicação pode facilitar o uso uma das primeiras formas para
do material por parte dos alunos em construção de uma sociedade
diferentes situações. inclusiva.
O desenvolvimento de ajudas
para comunicação alternativa é um
processo do qual participam todos:
aluno, a escola, os professores e pais.
Todos podem ser parceiros poten-
ciais para comunicação. Dessa for-
ma, os recursos a serem implemen-
tados necessitam de cooperação de
todos os envolvidos nesse processo.
A aparência do recurso em si pode

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3. Referências Bibliográficas
BRASIL. Documento elaborado pelo Gru- PELOSI, M. B. A Tecnologia Assistiva
po de Trabalho nomeado pela Portaria nº como facilitadora do processo de ensino e
555/2007, prorrogada pela Portaria nº aprendizagem: uma parceria do Instituto
948/2007, entregue ao Ministro da Edu- Helena Antipoff e a Terapia Ocupacional
cação em 07/01/2008. Brasília, Janeiro da UFRJ. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010.
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