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Registro: 2020.0000251189
ACÓRDÃO
CESAR CIAMPOLINI
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
VOTO Nº 21.380
RELATÓRIO.
“Vistos.
A ré foi citada na pessoa de uma de suas sócias, mas deixou decorrer in albis o
prazo para apresentar contestação.
Além disso, a prova documental é a única necessária e já foi juntada aos autos.
O documento juntado pela autora as fls. 143/147 não demonstra que houve a
suspensão do processo executivo, condição necessária para apresentação do
pedido de falência.
Apelação Cível nº 1017454-61.2015.8.26.0224 -Voto nº 21.380 3
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Neste Sentido:
Pelo todo exposto, julgo extinto o processo, sem resolução de mérito, o que
faço com fundamento no artigo 485, inciso VI do Código de Processo Civil.
Custas na forma da Lei. P.R.I., inclusive o Ministério Público”.
síntese, que (a) o art. 94, II, da Lei 11.101/05 dispõe que a mera falta de
pagamento ou nomeação de bens à penhora poderá resultar na decretação da
falência do devedor; (b) a apelada intimada para efetuar o pagamento do
débito trabalhista em 19/12/2012, quedou-se inerte, tendo deixado transcorrer
seu prazo para pagamento voluntário da dívida; (c) consta na certidão de
objeto e pé juntada à fl. 8 que a execução trabalhista se encontra suspensa.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO.
Nesse sentido:
Apelação. Pedido de falência fundado em execução frustrada (art. 94, inciso II,
da Lei nº. 11.101/05). Sentença de extinção do feito, sem apreciação do mérito,
por falta de interesse processual (art. 485, inciso VI, do CPC/15). Apelo do
autor. Inteligência do disposto no art. 94, inciso II e § 4º, da Lei nº. 11.101/05
e na Súmula 48 deste E. TJSP. Crédito trabalhista. Inicial instruída com
certidão de objeto e pé e cópia da sentença proferida na seara laboral. Certidão
carreada à exordial que não demonstra a suspensão da execução trabalhista.
Apenas no apelo foi juntado extrato processual indicando o arquivamento
provisório do proc. 0001172- 18.2012.5.02.0311. Suspensão/arquivamento, por
si só, insuficiente. A prova da tríplice omissão pressupõe, igualmente, específica
intimação do devedor para indicação de bens à penhora, o que não se verifica
no caso vertente. Precedentes jurisprudenciais. Incabível o decreto de quebra.
Extinção do feito mantida. Honorários recursais indevidos. Ausente
arbitramento de verba honorária advocatícia de sucumbência na origem.
Apelação desprovida (Apelação nº 1017453- 76.2015.8.26.0224, rel. Des. Carlos
Dias Motta, 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, j. 19/06/19).
Cabe observar que o pedido de falência com base na tríplice omissão não
depende do prévio esgotamento das diligências para localização de bens:
“A ação falimentar deve ser instruída com certidão expedida pelo juízo em que
se processa a execução, nos termos do art. 94, § 4º da LREF (...). O pedido de
falência não é feito nos autos da execução individual, a qual deve ser suspensa
ou mesmo extinta, sendo comum os magistrados condicionarem o
processamento do pedido de falência à prova da suspensão da execução.”
(Recuperação de Empresas e Falência, pág. 425; grifei).
Súmula 48/TJSP: “Para ajuizamento com fundamento no art. 94, II, da lei nº
11.101/2005, a execução singular anteriormente aforada deverá ser suspensa.”
(grifei).
AZUMA NISHI:
Sobre o tema, leciona Fábio Ulhoa Coelho que: 'para que não ocorra a
duplicidade visando a satisfação do mesmo direito, o pedido de falência com
base na execução frustrada só pode ser ajuizada com a prova de suspensão
desta'.” (Ap. 0029186-44.2012.8.26.0068).
DISPOSITIVO.
É como voto.
CESAR CIAMPOLINI
Relator