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Educação Infantil -

Currículo
Material Teórico
Proposta curricular na Educação Infantil

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Ms. Júlia de Cássia Pereira do Nascimento

Revisão Textual:
Profª. Ms. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Proposta curricular na Educação Infantil

• Currículo na Educação Infantil

• Características evolutivas das crianças na


Educação Infantil

• Como as crianças aprendem

• Fontes de conhecimento das crianças

• Reflexões Finais

Nesta unidade você vai adquirir mais alguns conhecimentos


sobre a aprendizagem das crianças na Educação Infantil.
Vamos discutir algumas características do desenvolvimento
das crianças nessa faixa etária e também a forma como elas
aprendem, além de identificar as fontes de conhecimento que
elas utilizam no processo de aprendizagem.

Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as ativi-
dades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Unidade: Proposta curricular na Educação Infantil

Contextualização
Veja esta tirinha...
Fonte: http://ruimcomelas.com.br/tirinhas/050-brincadeiras/

Fonte: http://ruimcomelas.com.br/tirinhas/050-brincadeiras/

As crianças ainda brincam com bonecas? Quando éramos crianças, as meninas ainda
brincavam com a Barbie, com o Ken e outros bonecos! Os meninos brincavam com carrinhos
que viravam robôs ou bonecos de super-heróis.
Essas brincadeiras ajudam a criança a crescer e aprender?
Você já pensou nisto? O professor deve utilizar brinquedos e brincadeiras na construção de
um currículo na Educação Infantil?
Reflita sobre isso nesta unidade de nossa disciplina.

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Currículo na Educação Infantil
Durante muito tempo a Educação Infantil foi direcionada ao atendimento de crianças que
necessitavam de assistência enquanto suas mães trabalhavam fora. Esse caráter assistencialista
da Educação Infantil privilegiava o cuidado com a criança como principal objetivo das
instituições. Até hoje alguns professores entendem que seu papel junto às crianças é mantê-las
limpas, alimentadas e saudáveis, com grande destaque para o “cuidar”.
Porém você já sabe que, a partir de 1996, com a LDB nº 9394, a Educação Infantil
foi inserida no sistema educacional como a primeira etapa da educação básica. Portanto
somente cuidar não mais atende aos objetivos legais propostos; é preciso educar. Torna-se
necessário superar a concepção assistencialista que ainda predomina na Educação Infantil,
atendendo aos aspectos legais, mas, principalmente, revendo a concepção que se tem de
infância, a postura do professor que atua nesta faixa etária e até mesmo as responsabilidades
da sociedade perante essas crianças.

Para Pensar
Estamos falando em cuidar e educar na Educação Infantil. Mas há diferença entre essas duas ações?

Segundo o dicionário1, cuidar significa “zelar pelo bem-estar ou pela saúde de; tratar da saúde
de; sustentar; empregar a atenção; ter desvelo por”. De um modo geral, podemos entender
cuidar como atenção e desvelo direcionado ao bem-estar e saúde de alguém. Na Educação
Infantil, podemos perceber que o “cuidar” é imprescindível e exige também conhecimentos e
estratégias que possam explorar a potencialidade pedagógica desse cuidar.

O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das


crianças que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar
pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Para se
atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o
desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes
e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre
desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando
em conta diferentes realidades socioculturais (BRASIL, 1998, p.25).


O cuidar remete-nos, portanto, ao auxílio dado às crianças em seus primeiros passos e
atividades, com referência tanto ao aspecto biológico quanto ao aspecto afetivo e emocional.
Toda criança necessita de cuidados referentes à alimentação e asseio, mas precisa, também,
sentir-se segura, encontrar apoio e incentivo na figura do professor. Além disso, cabe ao professor
conhecer as necessidades que cada criança tem, observando, ouvindo e respeitando cada uma
delas, para que a própria criança também possa identificá-las, auxiliando o atendimento.

1 Dicionário Michaellis disponível em http://michaelis.uol.com.br/

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Unidade: Proposta curricular na Educação Infantil

Já educar significa proporcionar às crianças momentos em que suas capacidades e habilidades


possam ser desenvolvidas. Encontramos sua definição no RCNEI - Referencial Curricular
Nacional para Educação Infantil:

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras


e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal e
de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito,
confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural (BRASIL,1998,p.24).


É claro que crianças pequenas necessitam de cuidados essenciais, como higiene, alimentação,
segurança, mas, em contrapartida, interagem com o mundo e as outras pessoas, participam
de experiências que as levam a descobrimentos. Ao propiciar o desenvolvimento desses dois
momentos importantes à criança, o professor estará trabalhando a educação.
Como você pode perceber, o professor de Educação Infantil deve ser capaz de entender que
o cuidar e o educar não se separam e também de manter o equilíbrio entre esses dois processos
no atendimento das crianças. Deve pensar apoiado em uma concepção integral da criança,
visando ao desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, físico e social.
Para tanto, é preciso saber como as crianças aprendem e o que pode auxiliá-las a crescer e evoluir.

Características evolutivas das crianças na Educação Infantil


O que uma criança sabe fazer em determinado momento de sua vida depende de variados
fatores. Uma criança é capaz de começar a falar, por exemplo, por imitação de sons. Ou pode
ter sido estimulada a estabelecer algumas relações com a pessoa que cuida dela, desenvolvendo
o interesse em se comunicar, aguçando a vontade de entender e fazer-se entendida.
Você já deve ter observado que, de um modo geral, as crianças apresentam estágios de
desenvolvimento que são determinados por conhecimentos e habilidades inerentes à sua faixa
etária e, normalmente, comuns a todas as crianças da mesma idade. Esses estágios representam
avanços na qualidade daquilo que as crianças têm possibilidade de realizar antes ou depois
dessa mudança, representando a passagem para outra etapa de desenvolvimento.
Os estágios são universais, ou seja, todos os seres humanos passam pelos mesmos estágios,
ainda que não necessariamente na mesma idade.
O biólogo Jean Piaget observou que as crianças passam por estágios de desenvolvimento
que permitem que avancem no conhecimento e ação.

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Explore

Acesse o link para saber mais sobre a teoria de Jean Piaget e os estágios de desenvolvimento infantil.
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/jean-piaget-428139.shtml?page=0

Mesmo assim, as crianças não são iguais e os momentos em que ocorrem os saltos qualitativos
podem ser diferentes, conforme as crianças e os grupos culturais aos quais pertencem. Daí a
importância de percebermos e entendermos o contexto no qual as crianças se desenvolvem. Os
meios ricos em estímulos e afeto proporcionam uma evolução mais rápida no desenvolvimento
das capacidades do que contextos menos ricos em estímulos ou afetividade.
Existem, portanto, traços gerais da evolução da criança na etapa da educação infantil.
Podemos dividir o desenvolvimento infantil em três grandes áreas:
Área motora: relaciona-se com o desenvolvimento dos movimentos do corpo humano, tanto
em sua globalidade como dos segmentos corporais. Nas crianças, destacamos o equilíbrio, o
andar, falar, correr, pular, a coordenação motora, etc.
Área cognitiva: refere-se à capacidade de compreender o mundo e de atuar nele, em
diferentes idades, por meio da linguagem ou da resolução de situações-problema que são
apresentadas às crianças. É preciso que você lembre que, na faixa etária da educação infantil,
a criança tem grande capacidade de criação e comunicação, fazendo uso de diferentes
linguagens: verbal, gestual, artística, do faz-de-conta, etc.
Área afetiva: engloba o desenvolvimento do equilíbrio pessoal, que faz com que a criança
se sinta bem consigo mesma; da relação interpessoal, que auxilia no confronto com situações
e pessoas novas; e da atuação e inserção social, que permite à criança estabelecer relações
cada vez mais alheias, distanciadas, bem como atuar no mundo que a rodeia.
Apresentar etapas ou estágios de desenvolvimento divididos dessa forma é muito útil como
um recurso de estudo e para que você entenda as diferentes áreas de desenvolvimento das
crianças, porém sabemos que o desenvolvimento é global e existem constantes relações entre as
capacidades desenvolvidas, inclusive entre as áreas. Além disso, as crianças diferem entre si, o
que faz com que crianças de uma mesma idade estejam em diferentes graus de desenvolvimento.

Como as crianças aprendem


A forma como as crianças desenvolvem a aprendizagem, seja em relação a comportamentos,
habilidades, hábitos seja quanto aos conhecimentos, pode ocorrer de diferentes maneiras.
Depende também da forma como essa criança é apresentada ao objeto de aprendizagem ou
estimulada a realizar esta ou aquela tarefa.

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Unidade: Proposta curricular na Educação Infantil

Segundo Palácios (1991, In: Bassedas, 1999), existem diferentes caminhos ou maneiras de
aprender que podem ser estudados para orientar nosso trabalho com as crianças na Educação
Infantil: a aprendizagem através da experiência com os objetos; a aprendizagem através da
experiência em determinadas situações; a aprendizagem através do prêmio e do castigo; a
aprendizagem por imitação; e a aprendizagem pela formação de “andaimes” por parte da
pessoa adulta ou outra pessoa mais capaz.
Vamos entender cada uma dessas formas de aprender da criança?

A experiência com os objetos


O conhecimento infantil processa-se e inicia-se com uma exploração
dos objetos. É na ação direta sobre determinado objeto que a criança
desenvolve o conhecimento.

Durante os dois primeiros anos de vida, a criança realiza exploração


e experimentação constantes com objetos, o que lhe proporciona um
conhecimento do mundo que a envolve: as características dos objetos
(os que têm gosto, os que fazem ruído, os que são proibidos, pela mãe,
de serem tocados, os que se movem, os que rolam...), as relações que
podem ser estabelecidas entre os objetos e as situações (se movo isto,
©Vladacanon|Dreamstime Stock posso ver o que está em cima; se peço água, conseguirei que meu pai
Photos & Stock Free Images venha me ver; etc.).

A criança passa de simples esquemas de ação para condutas mais complexas, por meio de
processos que, conforme você leu, Piaget denomina assimilação (aplicação do mesmo esquema
a diferentes objetos e situações) e acomodação (pequenas mudanças que a criança introduz
nos esquemas para adaptar-se a situações diferentes). A criança pequena, que se encontra na
etapa sensório-motora, faz uma aprendizagem do mundo que a envolve e aprende a resolver
as situações com as quais convive à medida que vai colocando em prática esquemas cada vez
mais complexos para indagar e intervir na realidade.

A atividade com objetos é muito importante para a criança durante toda a infância. Mas você
vai perceber que, a partir do momento em que a criança se torna capaz de se comunicar pela
linguagem, haverá mudanças no tipo de atividade que a ela fará para conhecer o mundo: ela
passará a fazer operações mentais não visíveis, utilizando a linguagem como instrumento de
pensamento. De qualquer modo, o contato com os objetos e a experiência que a criança tem
através do jogo individual, em grupo ou com uma pessoa adulta são situações de aprendizagem
básicas durante todo o período que poderíamos considerar como etapa da educação infantil.

É por isso que precisamos pensar em atividades que proporcionem situações de jogo,
experiência e manipulação de objetos diversos, bem como na realização de experiências
adequadas ao nível de compreensão das crianças dessa faixa etária.

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A experiência com as situações
Além das experiências com os objetos, as crianças da Educação
Infantil vivem experiências que se relacionam com as situações
cotidianas. Com isso, elas já conseguem pensar e antecipar o que
esperam que aconteça, o que é natural para determinada situação
na qual ela está envolvida, imaginar a continuação de uma cena,
etc. Todas as situações que envolvem a rotina de sua vida, como
acordar, vestir-se, tomar café, brincar no parque, almoçar, passear,
jantar, ou mesmo ações menos rotineiras, como ir ao cinema, ao
restaurante, viajar, servem para que a criança estabeleça uma
lógica em suas ações uma vez que as situações se apresentam
sempre de forma parecida.

Através de tais situações, a criança aprende a identificar os objetos que


são previsíveis de encontrarem-se em determinados lugares (é estranho
encontrar uma escova de dentes na cozinha), a maneira como as coisas
estão habitualmente situadas no espaço (as cadeiras encostadas ou
abaixo da mesa, os quadros na parede) e também a sucessão temporal de
determinadas situações (primeiro tira-se as fraldas sujas: depois, limpa-se
o bumbum; depois se põe fraldas limpas e começa-se a vestir a criança;
ou, para passear, primeiro se põe o casaco, em seguida o gorro/boné e,
finalmente, pega-se o carrinho em que vai a criança, abre-se a porta, etc.)
(BASSEDAS, 1999,p. 26-27).

Essas experiências também auxiliam a criança a perceber o que lhe é permitido fazer em
uma situação ou em outra, quais são as expectativas em relação ao seu comportamento
em determinadas situações, o que ela deve evitar. Para isso, é preciso que a criança se sinta
segura, a fim de que sua participação nas situações habituais da vida leve à aprendizagem de
coisas importantes e não sirva somente como exercício de hábitos, mas, sim, contribua para o
desenvolvimento de conceitos que levarão ao crescimento e conhecimento de si mesmas e do
mundo que as envolve.

Os prêmios e os castigos
Você já deve ter presenciado crianças sendo premiadas (um sorriso, um abraço,
um presente, um comentário elogioso, etc.), ou castigadas (indiferença, uma cara
brava, algumas palavras com tom de aborrecimento, etc.) por alguma conduta.
Muitas vezes tais prêmios ou castigos são utilizados para mostrar à criança quando
suas condutas são aceitas ou não, entendendo quais limites lhe são impostos ou
cedidos. Na escola, é comum percebermos desentendimentos entre professores e
alunos, entre pais e filhos, pois as crianças testam os limites dados pelos adultos,
tentando fazer o que normalmente não é permitido.
Bassedas (1999) destaca que os prêmios e castigos são ferramentas úteis para
trabalhar situações de aprendizagem das normas de conduta. Porém é preciso
que haja coerência e bom senso no estabelecimento de normas pelo adulto,

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Unidade: Proposta curricular na Educação Infantil

evitando também ser inflexível na negociação dos limites, uma vez que isso ensina a criança
a não negociar e ser também inflexível, tornando-se incapaz de compreender que pode haver
diferentes soluções para determinadas situações.
O mais importante é que se evitem os castigos que influem de maneira negativa na autoestima
e na segurança da criança. Não se deve utilizar castigos que ridicularizem a criança perante os
outros ou utilizar a retirada de afeto como castigo. Ambas as situações fazem a criança sentir-se
insegura e causam-lhe sofrimento.

A imitação
Você vai perceber, na etapa da educação infantil, que as
crianças aprendem imitando o que veem e vivem com as
pessoas que estão ao seu lado. O pai, a mãe, os educadores, os
professores, coleguinhas são importantes para a criança e servem
de modelo para suas ações. Expressões, modo de agir, atitudes e
comportamentos são imitados.
Fonte:http://www.unire.com.br/blog/?p=2946
Isso não é de todo ruim, uma vez que as experiências vividas e a imitação de situações ou
pessoas darão chance à criança de demonstrar o que está sentindo ou de representar situações
vividas, tanto boas quanto ruins, mostrando ao adulto como se sente.

Assim, através da imitação, as crianças podem aprender com as pessoas


que para elas são modelos a controlar e a representar situações vividas,
bem como vivê-las (BASSEDAS, 1999, p.28).

A aprendizagem por meio da criação de andaimes


Os andaimes podem ser entendidos como as influências que a criança
recebe das pessoas, sejam adultos ou crianças, com as quais vive e convive e
que têm papel de destaque em seu processo de aprendizagem.
Bassedas (1999) mostra que a utilização do termo andaime vem de uma
analogia com os andaimes utilizados em uma construção, ou seja, materiais
utilizados como apoio nas estruturas já construídas e que permitem o acesso
a determinados pontos, avançando na construção. Quando a obra está
concluída, os andaimes são retirados, mas sem eles a obra não seria concluída. Foto por Vera Kratochvil

Assim é a utilização de “andaimes” na construção do conhecimento da criança. Ao admitir


a participação da criança em situações do dia a dia, estimulando seu desenvolvimento global e
permitindo que ela faça algumas coisas sozinha, o adulto possibilitará à criança um avanço nas
suas capacidades, a partir de conhecimentos que já possui e de capacidades e habilidades já
adquiridas. A intervenção do adulto é suporte para a construção do conhecimento da criança
e seu avanço, mas, quando alcança a aprendizagem, esse tipo de intervenção não é mais
necessário. Partimos, então, para novas intervenções, com outros objetivos.

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Convém levar em conta, além disso, que os diferentes caminhos que
temos para aprender não se desenvolvem isoladamente; no transcorrer
das atividades cotidianas, as crianças interagem com os adultos que
lhes propõem diretrizes, as quais serão ajustadas por elas; mostram-lhes
objetos concretos que exploram com diferentes instrumentos; conhecem
pautas e normas de condutas e estudam seus limites. Em síntese, são
situações globais que permitem pôr em prática e aprender estratégias
diferentes para incrementar a aprendizagem e progredir no caminho para
chegar a tornar-se um adulto (BASSEDAS, 1999, p.30).

Fontes de conhecimento das crianças


Saber como as crianças que estão na Educação Infantil aprendem é importante. Mas
igualmente importante é você saber onde a criança encontra alimento para sua aprendizagem.
Quais são as fontes do conhecimento infantil?
Várias são as fontes de conhecimento, mas a brincadeira tem papel de destaque na aprendizagem,
pois, por meio dela, a criança vivencia papéis e situações, podendo desenvolver a imaginação,
afetividade, competências cognitivas e interativas, dando significado à sua realidade.
Além disso, ao brincar, a criança constrói seu mundo, mostra acontecimentos de sua
vida, trabalha conflitos e pode, inclusive, nos dar indícios de seus sentimentos, como alegria
ou sofrimento.
Empregar a brincadeira nas propostas educativas na Educação Infantil , é um conceito bastante
utilizado. Friedrich Froebel, idealizador do Jardim de Infância, já mostrava a importância do uso
de jogos e brinquedos na organização pedagógica do trabalho com os pequenos, devidamente
dirigidos pelo professor. Vários educadores alertaram e continuam alertando para a importância
do lúdico na Educação.

Trocando Ideias
Os brinquedos mostram à criança um mundo de possibilidades para expandir sua criatividade e
conhecimento. Porém é preciso que você tenha muita sensibilidade para acolher as iniciativas da
criança, sem interferir demais nas brincadeiras, querendo determinar “como” a criança deve brincar.

A maioria das escolas de Educação Infantil conta com uma brinquedoteca. Esse espaço
constitui-se em local de brincadeiras livres para que a criança faça descobertas, supere desafios,
aprenda a fazer escolhas e tomar decisões, desenvolvendo suas capacidades cognitivas, motoras,
emocionais e interativas. Por meio da exploração do lúdico, as brinquedotecas oferecem
brinquedos que estimulam a criança a se expressar livremente, tornando o imaginário mais real,
desenvolvendo sua linguagem e incentivando o relacionamento social.

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Unidade: Proposta curricular na Educação Infantil

Para que a brinquedoteca cumpra o seu objetivo pedagógico é preciso


que as crianças tenham livre acesso a ela e possam usufruir dos recursos
desse espaço com tempo e liberdade para escolher com o que brincar.
Algumas escolas têm, em suas brinquedotecas, um local reservado para
livros infantis; outras possuem espaço próprio para leitura. De qualquer
forma, os livros infantis também são importante fonte de conhecimento
para nossas crianças.
A literatura infantil é importante formador de cultura e as crianças,
mesmo sem saber ler, observam, entendem e contam a história que
acabaram de ouvir de um adulto.
As crianças que têm entre um e dois anos de idade prestam muito mais atenção aos gestos,
expressões faciais e entonação dada à leitura pelo contador de histórias do que propriamente ao
conteúdo. Por isso, se você for contar uma história para suas crianças nessa faixa etária, procure
fazê-lo com animação, ritmo e entonação. Escolha histórias curtas e com gravuras. Se você
puder utilizar livros de pano ou plástico é muito interessante, pois nessa faixa etária a tendência
é a criança pegar o livro e levá-lo à boca.
Se as suas crianças estiverem entre três e seis anos, prepare-se para contar várias vezes a
mesma história. É a fase do “conte outra vez”. Utilize livros muito ilustrados, com pequenos
textos que serão lidos ou dramatizados, para que a criança perceba uma relação entre o mundo
das palavras e o mundo real.

Reflexões Finais
Você já sabe a importância do currículo para a Educação Infantil; sabe como as crianças
dessa faixa etária aprendem, quais são suas fontes de conhecimento. Seja qual for a fonte
de conhecimento destacada na aprendizagem da criança, é preciso atenção aos materiais
didáticos utilizados, aos objetos e brinquedos, às condições do ambiente físico e aos recursos
humanos disponíveis, pois, juntos, esses elementos constituem-se componentes fundamentais
para a elaboração de um currículo rico, com conteúdos, atividades, conceitos, habilidades e
competências necessários à aprendizagem, e que levarão ao desenvolvimento de uma Educação
Infantil de qualidade.

Em resumo, até aqui vimos que, quando escolhemos uma concepção de cuidado e educação
integrada com a família, é necessário considerar várias dimensões do relacionamento e
desenvolvimento humanos. Já discutimos, também, que a tarefa dos professo¬res de Educação
Infantil e da equipe pedagógica é providenciar, prover bem-estar para a criança, evitando
contágios de emoções negativas e promovendo ale¬gria, cooperação, curiosidade etc.

Vimos que, para educar em ambientes coletivos, é necessário planejar nossas ações para
aproximar as famílias do ambiente escolar e organizar essas aproximações no cotidiano.

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A tarefa de planejar é complexa, não é mesmo? Precisamos organizar ambientes, discutir
coletivamente os projetos, envolver as famílias, considerar a capacidade e as habilidades de
cada faixa etária, considerar as estações do ano, entre outras providências.
Depois de tudo planejado e vendo que as crianças estão brincando, comendo, pulando,
investigando, perguntando, aprendendo, cuidando, educando, ficamos muito satisfeitos. Isso,
porque, quando a gente gosta, é claro que a gente cuida!

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Unidade: Proposta curricular na Educação Infantil

Material Complementar
Para enriquecer seu conhecimento e aprendizagem, leia os materiais complementares
indicados:
1) LIMA, Elvira Cristina de Azevedo Souza. A utilização do jogo na pré-escola. Série
Ideias, n. 10. São Paulo: FDE, 1992. p. 24-29. Disponível em http://www.crmariocovas.
sp.gov.br/inf_a.php?t=005

2) Leia, na Revista Nova Escola online, dois artigos que tratam de propostas curriculares no
trabalho com a educação Infantil.
No primeiro deles, Fabiana Faria traz uma discussão sobre “O brinquedo certo para cada
idade”. Está disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/brinquedo-certo-para-cada-
idade-mobile-fantoches-carrinhos-caixas-mordedores-creche-535400.shtml

No segundo texto, Thais Gurgel nos traz a formação do pensamento infantil. Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/tem-monstro-meio-
historia-489258.shtml

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Referências
BASSEDAS, Eulália et al. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Artmed, 1999.

MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

__________. Competência Pedagógica do professor universitário. São Paulo: Editora


Summus, 2003.

MEC, SEB. Indagações sobre currículo.

MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa & CANDAU, Vera Maria - Caderno Currículo,
Conhecimento e Cultura.

MOREIRA, Antonio Flavio B. Currículo: Questões atuais. Campinas, SP: Papirus, 1997

MOREIRA, Antonio F. e SILVA, Tomaz T. (orgs). Currículo, Cultura e Sociedade. 2000.

PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 2000.

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Anotações

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