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ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL

DIMENSÕES DA EPI: ECONOMIA, POLÍTICA,


INTERNACIONAL
DIMENSÕES DA EPNI: ECO, POL, INT’L
+
EMPRESAS/NEGÓCIOS/BUSINESS
DISCIPLINA/ÁREA SABER:
1. Conjugação Ciência Política/Relações
Internacionais (CP/RI) + Economia (ECON), na
análise das relações político-económicas
internacionais
2. Historicamente
Estudo inicia-se Mercantilistas
Depois: Clássicos/Liberais
Marxistas
3. Três paradigmas

ORIGENS DA ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL


MERCANTILISTAS

Pensamento e práticas/políticas integravam


economia e política
Economia: melhor forma de organizar o comércio
internacional: (BC+)
Político: implicações políticas do comércio
Prescrições sobre comércio/economia
destinadas a proporcionar poder no sistema
int’l = ênfase na dimensão política
Poder/política é variável endógena às políticas
económicas

CLÁSSICOS

Estabelecimento formal da Economia Política (Smith e


Ricardo)

D. Ricardo: “Princípios de Economia Política e dos


Impostos”
Na dimensão int’l da economia (comércio), clássicos
consideram que a política é parte da lógica económica
/comércio
Procuram desenvolver ideias sobre a economia que
fossem úteis ao poder político
A. Smith: “A economia política é o ramo da ciência do
estadista ou legislador”
Ênfase: economia (natureza e causa da riqueza dos países)
MARXISTAS

Relação entre economia e política particularmente próxima


A infraestrutura económica (sistema capitalista)
determina a superestrutura política = ênfase da economia
sobre a política

SEPARAÇÃO DAS DUAS DISCIPLINAS


Início séc. XX: 2 disc. (Economia/Economia Int´l /Teoria do
Comércio Internaiconal) vs Ciência Política/Relações
Internacionais).
Evoluem separadamente
“Divisão do trabalho” no tratamento das matérias das
relações internacionais
“Profissionalização” de cada uma das disciplinas
Separação
Divórcio
Compartimentalização
“Dualidade da ordem política e da ordem económica no
sistema int’l”

Características Ciência Económica


 Focalização na maximiz. da eficiência económica e
maximiz. da utilidade
 Progressiva formalização da ciência económica
(teorias e modelos)
 Distanciamento relativamente às questões /às
preocupações com a policy
 Normativa: Como se deveriam organizar as trocas.
Ex. H-O
 Considerações políticas são irrelevantes para
modelos e teorias

Características da Ciência Política/Relações


Internacionais
 Questões económicas/comércio int’l não
consideradas relevantes; não no centro da
atenção/investigação
 Foco: questões/problemáticas políticas
o Segurança política /militar
o Estratégia político-militar
o Fronteiras
o Soberania (política)
 Mesmo quando/se excepcionalmente tratavam
questões económicas internacionais a ciência
política fazia-o
1.de forma POSITIVA:
Como é que governos organizam as suas
trocas internacionais? = Policy analysis
2.de forma abrangente
3.matematicamente não formalizada

Consequências:

 Quase sem comunicação/ interface /contacto


intelectual
 Diferentes
 Paradigmas
 Questões
 Abordagens analíticas
 Metodologias
 Variáveis
 Formas de comprovação (evidence) /
demonstração

CRÍTICAS MÚTUAS
Da Economia à Ciência Política:

 Debilidade analítica da CP/RI


 Falta de rigor teórico e técnico
 Excessiva ênfase na história (diplomática), no direito
internacional, nos aspectos políticos das relações
internacionais
 A abordagem da CP/RI às questões económicas
internacionais (rara) é pouco concreta: não
estabelece relações claras e transparentes de Causa
e Efeito; muitas vezes não tem hipóteses testáveis

Da Ciência Política à Ciência Económica:

 Metodologicamente demasiado simplificadora


 Demasiado formalizada (ciência hermética; inacessível)
 Modelos demasiado abstractos, pressupostos
demasiado restritivos, distorcem / sem aderência à
realidade
 Ferramentas analíticas e abordagem simplificadora
não permitem perceber a realidade
 Com valor limitado no que se refere ao fornecimento
de recomendações políticas concretas (policy)

VANTAGEM DA SEPARAÇÃO DAS Permitiu o


ÁREAS:
desenvolvimento, aprofundamento e crescimento das
duas áreas do saber.

EPI
Quando aparece a disciplina?
60s (final) – 1ºs esforços para criar pontes
70s – emergência como área disciplinar (subárea RI)
80s – reconhecida como área de estudo
90s – disciplina completamente estabelecida
(integração formal CP/RI e E)

Como/Porque aparece EPI?


A. Resposta a tendências de evolução na teorização (CP
e Economia)

1. Economistas
 atendem a variáveis que se prendem com
formalização das políticas económicas, em
particular políticas comerciais (influência de
grupos de interesse na formulação das políticas
económicas / comerciais dos estados -
Grossman&Helpman);
 incorporam análise qualitativa nos modelos
(estudos de caso, análise histórica)
2. CP/RI
 preocupação crescente em modelizar e
formalizar análise (simplificações analíticas,
pressupostos)
 análise quantitativa (estatística)
 maior precisão metodológica
 estabelecimento de hipóteses testáveis
B. Factores substantivos promovem (re)integração das
disciplinas

1. O que leva a CP/RI interessar-se pela Economia


 Questões económicas com importância
crescente
- nas relações entre países
- na formulação das políticas externas
 Questões económicas – “politização”
Enquanto que no pós-guerra as relações económicas
internacionais tinham relativa estabilidade;
pouco controversas; com pouco significado
/impacto político ->problemas económicos
podiam ser deixados aos economistas
Os anos 60 são de
Instabilidade macroeconómica nos EUA
(inflação, excessiva despesa pública,
desvalorização dólar, fim taxas câmbio
fixas)
Instabilidade financeira int’l
Preços bens primários aumentam (crises
petróleo, 70s)
Concorrência NPIs –> gera proteccionismo
PI
 Instabilidade económica leva CP/RI a interessar-se
por matérias convencionalmente da esfera da
Economia.
 Agenda convencional CP/RI mostra-se
“incompleta”.
 “Concorrência” das matérias económicas com as
questões segurança e capacidade militar, etc.
 CP/RI descobre o “vazio” que existia na análise de
questões económicas com impacto político: Vazio
preenchido com EPI
 Até então:
Questões económicas – Low Politics – sem
estatuto relevante
Questões políticas – High Politics – com estatuto
elevado (segurança, militar, fronteiras, política
externa)
Depois:
Questões económicas assumem dimensão
política prioritária = existem consequências
políticas das decisões económicas
“Esvaziamento” da distinção HP e LP / “Absorção”
das questões da LP pela HP: EPI
Interdependência internacional - 70
Expansão das empresas multinacionais – 70, 80, …
Fim da Guerra Fria – refocagem das matérias de segurança
e estratégia político-militar para questões económicas
(sistema económico cada vez mais concorrencial,
competitivo, globalizado): Desenvolvimento e expansão da
EPI
 Surgimento de novos conceitos/teorias/análises:
Diplomacia económica / comercial /diplomacia
empresarial;
Soberania económica;
Teoria económica da segurança int’l;
Análise das barreiras políticas ao crescimento
económico (exemplo: diminuição crescimento
económico na China associado a dificuldades e
entrada/operação empresas estrangeiras).

2. O que leva a Economia a ser mais sensível à


contextualização política?

Desempenho económico afectado pela realidade


política dos países (tipo de regime, envolvimento
em esferas de influência política).
Decisões de internacionalização dos agentes
económicos constrangidas/facilitadas pelos
sistemas políticos dos países de destino (risco-
país).

Questões económicas não podem ser tratadas


apenas do ponto de vista estritamente
económico.

O que é a EPI?
 Relações/Interacções entre :
POLÍTICA E ECONOMIA
PODER E RIQUEZA
GUNS AND BUTTER
ESTADOS E MERCADOS
A interacção mútua entre Estado e Mercado cria
a “economia política”; sem estados e mercados
a economia política não existe.

 Conceitos caracterizadores:
Síntese
Pontes (matéria/objecto estudo/unidades de
análise e metodologias)
Fertilização cruzada
Investigação cruzada
Abordagem híbrida
Abordagem eclética

 EPI e Economia Política Global (matérias


económicas internacionais têm dimensão global)
 Conjunto de abordagens sistematizadas para
compreender como a economia e a política estão
interligadas, mas também como o nacional se
interliga com o internacional
 Novo pressuposto: economia e política ambas
associadas ao poder (político) e à riqueza – não há
dualidade
 Compreender os assuntos internacionais
difícil/impossível/improdutivo sem percepção de
como política e economia se inter-relacionam = EPI
possibilita maiores ganhos de interpretação
/explicação dos fenómenos
 Distinção entre economia e política é artificial
 Analisa complementaridades mas também tensões

Exemplos de temáticas de interesse da


EPI

De que forma os entendimentos políticos internacionais


influenciam a organização dos mercados mundiais?
Quando é que alterações em políticas internas têm
consequências nos preços internacionais ou na escassez
de produtos nos mercados internacionais?
Como é que os acordos internacionais alteram níveis de
emprego nacionais? (Ex: China na OMC e Portugal)
Devem as EMNs ajustar as suas culturas organizacionais e
estilos de gestão (práticas laborais) às características
institucionais dos países em desenvolvimento?
Como é que o envolvimento de um país na economia
mundial afecta grupos (económicos, industriais) nacionais
de forma diferente?

Como é que as decisões políticas dos países têm


consequências no seu desempenho económico
internacional (despesas de defesa – complexo militar
industrial; restrições de acesso ao mercado nacional; “bail-
out” de bancos)?

Uma teoria ou várias teorias?


 Não existe uma teoria única/geral/dominante (“grand
theory”)
LENTES TEÓRICAS: Uso de diferentes lentes (óculos
teóricos)
 Fenómenos são demasiado diversos e complexos
para serem percebidos por teoria única (actores,
variáveis, interações, dimensões, problemáticas)

IMPLICAÇÕES
 Cada perspectiva
o centra-se em diferentes (tipos) interações
o sugere a adopção de diferentes soluções
/políticas (policy consequences of the theory)
Economia Política dos Negócios Internacionais:
A EPI e as empresas

A Economia Política dos Negócios Internacionais:

Considera as actividades internacionais das empresas


num contexto político e económico mais alargado.

Visa perceber como as dinâmicas políticas e económicas se


influenciam mutuamente, e por seu turno como
influenciam as actividades (internacionais) das empresas.

Visa identificar os principais factores económicos e


políticos impulsionadores ou limitadores dos negócios
internacionais.

Proporciona uma abordagem multidisciplinar (económica,


política, jurídica, mas também cultural) sobre o contexto
em que se desenvolvem os negócios internacionais num
mundo interdependente / global.

Assume que os negócios internacionais têm natureza


económica mas também política (“capital político” das
empresas).

Considera as estratégias de mercado que as empresas


podem usar nos negócios internacionais, as estratégias
“fora do mercado” (market and non-market strategies).
Exemplos de matérias do âmbito da análise da EPNI

 Como as instituições políticas (nacionais,


internacionais) facilitam e/ou constrangem a
atividade económica nos mercados nacionais e
internacionais.

Ou seja, como as decisões das empresas são


influenciadas pelas políticas públicas (quer decisões
de carácter político quer as decisões de política
económica - internas e de cariz internacional).

Ex: Privatização de serviços públicos –


distribuição de energia e oportunidades para o
IDE.

 Como as empresas internacionais e as instituições


nacionais e internacionais (OIs e ONGs) se relacionam
no contexto internacional – as formas de
relacionamento são muito diversificadas -
cooperação, concorrência, exercício de influência
(lóbi).

 De que forma a variável governo tem implicações na


actividade das empresas e nas suas oportunidades de
negócio.

A estabilidade política interna é crucial para o


desenvolvimento das empresas e para a sua
internacionalização (risco-país).
Os contextos políticos – mais ou menos
institucionalizados – afectam as estratégias
empresariais (corporate strategies)

Decisões dos governos influenciam decisões das


empresas (alterações nas lideranças políticas –
governos de esquerda / direita por ex. podem ter
repercussões no nível de impostos sobre as
empresas, no nível de regulação, business-
friendliness).

World Bank Rankings for Doing Business

Os regimes políticos dos países de destino têm


implicações nas formas de entrada e saída dos
mercados e nas operações internacionais das
empresas = empresas operam numa diversidade
de regimes políticos que influenciam as formas
de internacionalização.

Ex: China e IDE com joint ventures


obrigatórias

As questões de segurança nacional podem


impedir negócios internacionais (ex: Huawei
várias vezes impedida de comprar empresas ou
acções de empresas americanas).
Em certos regimes políticos os negócios são
feitos governo a governo e as empresas não são
actores directos; em certos regimes as empresas
são propriedade do estado e as empresas não
são stakeholders independentes.

 Como as relações entre partidos políticos e empresas,


e entre o poder judicial e as empresas pode explicar
algumas decisões das empresas.

 Como as empresas podem ter comportamentos


políticos, ao influenciarem as decisões e o ambiente
político e económico, para desenvolverem os seus
negócios.

Isto é, as empresas são alvos da actividade política


mas também são catalisadoras de actividade política.

As empresas podem até substituir-se aos


governos na regulação das actividades
empresarial – regulação privada.

 Como as grandes empresas multinacionais


condicionam a natureza económica e política da
globalização.

 Como os regimes económicos internacionais (de que


os governos fazem parte - FMI, OMC, União Europeia)
condicionam as actividades das empresas
internacionais (exportadoras, investidoras,
compradoras de licenças de produção)
NACIONALISMO ECONÓMICO

Designações: nacionalismo económico,


proteccionismo, mercantilismo, estatismo, realismo
económico

Metamorfoses: mercantilismo clássico;


mercantilismo industrial /
proteccionismo clássico/ortodoxo;
neoproteccionismo/
neomercantilismo /proteccionismo
não-tarifário;

Abordagens contemporâneas partem de tradição


intelectual antiga / partilham mesma origem.

Paradigma influente: ideias/implementação (políticas)


MERCANTILISMO CLÁSSICO

Período – (XVI)-XVIII; expansão para o Novo Mundo

Tipos principais:

PT e ES – bulionismo; simplista e improdutivo; controle


das M para evitar saída de espécie

FR – mercantilismo industrial, Colbertismo; produção


bens X e de “substituição de M”; transformação de
bens gera riqueza; evitar X de bens primários

UK, Holanda – mercantilismo comercial; criação de


condições lucrativas do comércio para obtenção de
todos os benefícios possíveis; objectivo BC+; estado
envolvido no comércio – organização, planeamento,
controlo;

Companhias estatais com monopólio de comércio;


Impérios contribuem para auto-suficiência.

Actor (económico e político principal):


estado/governo
Conceitos caracterizadores: auto-suficiência;
autarquia/autarcia; comércio; riqueza; poder;
independência; segurança; interesse nacional;
intervencionismo
Pressupostos: riqueza fixa - comércio não aumenta
riqueza, mas transfere riqueza; importância ganhos
relativos
Prescrição: BC+ (X para obter reservas, não M para evitar
saída reservas)
Natureza das r.e.i.: conflito pq riqueza fixa; jogo soma
nula.
PROTECCIONISMO/MERCANTILISMO INDUSTRIAL

Conceito “Proteccionismo” cunhado

Apoia-se as políticas estatais que fomentassem


a industrialização da economia para que
promover o interesse nacional.

A. Hamilton - EUA, final XVIII, independência dos


EUA; introduz argumento protecção indústria
nascente; com impacto prático: industrialização dos
EUA e aumento poder

F. List – Alemanha, XIX, capacidade industrial


limitada vs UK; sistematiza argumento para
protecção; política de protecção indústrias nascentes
(instrumento - tarifas); objectivo: “catch up” países
mais avançados.

“Só os países economicamente fortes


defendem as políticas liberais”.

Períodos de aplicação:
Séc XIX - 2ª metade; depois da rev. industrial
inglesa; Alemanha, EUA – argumento protecção
indústria nascente.
Séc XX: entre duas GG – anos 30; EUA - Grande
depressão; Smoot-Hawley Tariff Act (30); D por
produtos industriais limitada nos PIs; PIs impõem
tarifas para 1.controlar as consequências da crise
económica; 2.como forma de retaliação

NEOPROTECCIONISMO/NOVO PROTECCIONISMO

 Expansão/intensificação dos objectivos e práticas assoc.


mercantilismo clássico e protecc de H. e L.
 Quando? (70) e 80
 Persistência como tendência
 Contexto económico: PI menor cresc econ, desemprego
e taxas de câmbio voláteis
 Objectivo? ajustamento económico em contexto de
crescente interdependência económica
 Estratégia? Políticas de protecção consideradas melhor
estratégia
 Dirigida a quem? NPIs (ec. em crescimento, exportações
(produtos industriais), competitivos)
 Instrumentos? novos – BNTs (neoproteccionistas)
 Porque são usados novos instr?
GATT – Redução negociada de tarifas
Redução tarifas provoca aumento BNTs
PIs não dependentes dos rendimentos das tarifas
como fonte financiamento
 Que indústrias são protegidas?
Sensíveis (têxteis, aço)
Débeis (senis)
Menos protegidas devido redução tarifária do GATT

Percepção sobre CI:


Assimétrico; desigual
Prescrição: Comércio gerido
Objectivos das políticas:
quantitativos
orientado para resultados
“regime de comércio de quantidades fixas” (quotas,
RVE’s - forma de “proteccionismo negociado”)

Características das políticas:


Lógica de relações/políticas comerciais
bilaterais; argumento da protecção bilateral
Reciprocidade bilateral; diplomacia
económica de reciprocidade
Comércio tem de ser “justo” – facilita
legitimação de políticas de protecção às ind.
nac. – reacção à protecção de outros países

Características das BNTs (Ver doc. específico)


Casos recentes paradigmáticos (Ver Notícia do JN)
PROTECCIONISMO DO INÍCIO DO SÉC. XXI

Proteccionismo foi exacerbado com crise económica e


financeira desde 2008.

 Conceito mais abrangente – não só medidas de


controlo das M, mas todas as medidas que afectam
interesses comerciais de outros países (directa e
indirectamente)
 Proteccionismo a pretexto de política industrial
/disfarçado de política industrial
 Instrumentos:
Tarifas
BNTs
“Behind the border policies”/government
restrictive practices* (Ver artigo “Protectionism”
do FT)

propriedade intelectual
subsídios aos salários
subsídios à X
créditos à X
financiamentos com juros baixos (de banca
nacionalizada)
monopólios
joint ventures obrigatórias
transferências de tecnologia forçadas
requisitos “buy national”

 Sectores * (ver artigo FT sobre Proteccionismo)


energia solar (painéis), energias renováveis ,
equipamentos tecnológicos, gás, petróleo , aviação,

 Consequência: Negociações internacionais para
liberalizar mercados bens/serviços difíceis, lentas e
sem sucesso

PROTECCIONISMO DA “ERA TRUMP”

 Comércio internacional jogo de soma nula


 Importância do argumento da industrialização
 Regresso aos instrumentos de protecção tradicionais –
tarifas
 Aumento do valor das tarifas
 Maior aceitação da retórica proteccionista
 Implementação das políticas protecionistas em mais
países
 Mas não é fenómeno totalmente generalizado à escala
global
 Aumento das tensões comerciais
Caso EUA-China –> perturbações nas cadeias de
abastecimento globais (electrónica, automóvel)
 Aumento do ciber-proteccionismo – tensões nas
relações comerciais / fluxos de investimento em
sectores altamente tecnológicos:
- justificadas em nome da protecção de infra-
estruturas económicas e de segurança nacional, -
mas que poderão também servir para implementar
políticas de industrialização com objectivos
proteccionistas.

COVID 19 E PRÁTICAS PROTECCIONISTAS

 Economia global entra em recessão – a crise é


simétrica.
 Políticas unilaterais
 Respostas iniciais ao impacto económico da crise foram
nacionais (“retrenchment”)
 Reintrodução unilateral de controlos fronteiriços /
aduaneiros – medidas contrárias à liberalização das
trocas
 Medidas de controle das X (supostamente temporárias)
Restrições às exportações –> para garantir a
satisfação da procura nacional
Ex: necessidade de autorizações para exportação
de equipamento de protecção, ventiladores
 Retorno à intervenção / ajudas do Estado às empresas
afectadas pela “hibernação” da economia
Ex: injecções de capital nas empresas de aviação, por
exemplo; possibilidade de nacionalizações de empresas
= aceitação de medidas discriminatórias para permitir a
recuperação económica
 Argumento: necessidade de mecanismos e incentivos
para aumento de produção nacional
 Impacto nas cadeias de abastecimento (equipamento
médico, alimentação, etc, etc). -> nova era na produção
internacional que pode implicar desinvestimento, re-
localização /repatriação da produção.

PROTECCIONISMO E IDE
Medidas discriminatórias (barreiras) relativas ao IDE por
parte do host country.

Embora governos maioritariamente sejam favoráveis à


entrada de investimento (inward investment) e muitas vezes
concorram entre si para atrair esse investimento, em
períodos de crise económica há tentações e pressões para o
uso de práticas contrárias à promoção de mercados de
investimento abertos.

Medidas restritivas para os investidores estrangeiros:

 Uso de poderes discricionários por parte dos governos,


que prejudicam investidores estrangeiros (subsídios,
investimento público).
 Alterações das políticas do tipo negative lists (alargam-
se as listas com sectores em que se aplicam restrições ao
investimento).
 Alargamento das listas de argumentos de interesse
público que sujeitam o IDE a várias formas de
intervenção / monitorização do estado (fusões de
empresas)
 Medidas de política pouco transparentes

Quais são argumentos para medidas de “protecção” /


monitorização do IDE?
 Segurança nacional
 Necessidade impulsionar o crescimento económico
(face a crise económica)
 Apoio ao desenvolvimento económico
 Resultam de pressões de grupos de interesse

Após crise financeira e económica iniciada em 2007


aumentaram as tentações e pressões para uso de medidas
de discriminação do IDE (nos fluxos inward e outward)

Covid 19 trouxe mudanças significativas nas políticas de IDE:

Aumentou o grau de consciência para a necessidade de


prevenir e mitigar riscos associados com as políticas de
IDE, introduzindo-se novas medidas e reforçando
políticas para combater esses riscos (sobretudo por
razões de segurança).

Embora as medidas fossem dirigidas a sectores


específicos (o sector da saúde é o mais atingido por esta
sensibilidade ao risco de segurança), a expansão da
monitorização (screening to IDE) pode provocar
“excessos” que prejudicam um mercado de IDE aberto.

- proteger interesses de segurança dos países.

NACIONALISMO ECONÓMICO E GLOBALIZAÇÃO

 Globalização cria mais interdependência, logo retira


autonomia, dificulta a auto-suficiência.
 Globalização deixa as economias mais sensíveis e
vulneráveis à concorrência externa.
 Globalização é ameaça
 Governos têm papel central para conter efeitos nefastos
da globalização (e para potenciar apropriação dos seus
potenciais benefícios, uma vez que é dado/facto)
 Ganhos eventuais são assimétricos / desigualmente
distribuídos e favorecem estados com maior poder
económico e político – logo governos devem ser
interventivos.
 Glob. cria crise económica e financeira actual =
funcionamento dos mercados não é a forma adequada
para manter o bom desempenho das economias
 Actores econ nacionais (empresas) deveriam estar
sujeitos à autoridade política/objectivos políticos e
devem ser apoiados– (normatividade)
 Reconhece relevância das EMultiN, ETransN, EMetaN)
mas deveriam estar subordinadas aos interesses de cada
estado

SÚMULA DE IDEIAS E CONCEITOS SUBJACENTES ÀS


POLÍTICAS PROTECCIONISTAS

 Não Há Mercado Sem Estado


 Activ. económicas devem ser subordinadas aos
interesses dos estados
 Ganhos relativos vs ganhos absolutos
 Importância da industrialização
 Fenómeno/práticas que ocorrem regulamente
 Persistência dos impulsos protecionistas
 Medidas/instrumentos variam: no tempo; dependem
nível desenv. do país, poder politico-económico dos
estados, contexto internacional e/ou nacional
 Necessidade constante de conter práticas protecionistas
 Dificuldade de conter práticas protecionistas
 Interligações das políticas comerciais com preocupações
ambientais, propriedade intelectual, segurança,
inovação criam oportunidades para políticas de
protecção.
 Normatividade do nac. eco. (defesa de políticas que
apoiam e mantêm poder/capacidade interventiva do
estado).
Taxonomias de Barreiras Não-Tarifárias

Grande variedade de BNTs

Muitas classificações
Exemplos

• regulamentações técnicas - saúde pública, segurança dos


consumidores ou ambiente
• regulamentações sanitárias e fito-sanitárias - segurança dos
produtos para consumo humano ou animal, protecção da ‘vida
das plantas’
• procedimentos de teste de conformidade, certificação, registo
• regulamentações de etiquetagem e embalagem
• formalidades aduaneiras especiais
• regulamentações de padrões de qualidade
• Contratos públicos
• RVE
• Requisitos de conteúdo local~Requistos de transportador
• Requisitos burocráticos
EXEMPLOS

1
Bélgica – dimensões das garrafas e produtos pré-embalados sujeitas a regras muito estritas

Consequência: afecta “transversalmente” todos os sectores industriais


impacto muito acentuado no comércio intra-comunitário

2 Alemanha – suplementos alimentares classificados como medicamentos

Consequência: produtos sujeitos a procedimentos de autorização demorados e


com custos elevados
3
Bélgica – uso da língua flamenga nos rótulos das embalagens de alguns produtos
alimentares

Consequência: custos de rotulagem dos produtos em 24 línguas impediriam de


forma significativa a liberdade de circulação de bens
4
França e Itália – atrelados de tractores têm de cumprir regras técnicas nacionais específicas

Consequência: maioria dos tractores fabricados noutros países da UE enfrentam


barreiras à entrada;
Comissão: Reconhecimento Mútuo

5 Espanha – proibição de comercialização de bebidas e produtos dietéticos com guaraná


numa Comunidade Autónoma

Consequência: comercialização sujeita a licença das autoridades farmacêuticas;


Comissão: . país não apresenta provas científicas
. produtos similares são comercializados noutras regiões do país
. proibição desproporcionada e desadequada ao objectivo de
protecção do consumidor
Características

. Invasivas

. Ambíguas

. Pouco transparentes e pouco visíveis:

Difíceis de quantificar - valor, efeitos nos preços, significado


económico
Apelativas para indústrias e grupos de interesse

. Muito diversificadas e crescentemente complexas

. Muito engenhosas e imaginativas

. Mutáveis
Procedimentos de teste, registo e
Especificações técnicas certificação

 Barreiras regulatórias aumentarem custos  Complexos, demorados e / ou custos


para ‘expedidores’ excessivos

 Custos de alteração do produto e / ou dos . mercado-alvo inacessível


processos de produção
. não acessível em tempo oportuno
(perecíveis)
 Impacto nas trocas será tanto maior quanto:
. maiores custos de adaptação dos . produto não competitivo
produtos e / ou processos produtivos às
especificações
. mais significativas as economias
de escala
. maior diversidade de
especificações nacionais

Discriminação Vantagem estratégica para produtores nacionais


NACIONALISMO ECONÓMICO (Parte 2)
NÚMEROS DO PROTECCIONISMO COMERCIAL
FIG 1 e FIG 2
FIG 3 e FIG 4

FIG 5 e FIG 6
FIG 6.1

Fonte Fig 3 a 6.1 Global Trade Alert - https://www.globaltradealert.org/


FIG 7

Fonte:
24th OECD-WTO-UNCTAD report on G20 trade and investment measures
FIG 8

Fonte: 25th Global Trade Alert Report – Trade Policy After Three Years of Populism
https://www.globaltradealert.org/

FIG 9
NB: Fig 9-11: Dados da UE para o comércio extra-comunitário!!
FIG 10

FIG 11

Fonte Fig 10 - 12: Report on Trade and Investment Barriers 2019


https://trade.ec.europa.eu/doclib/docs/2020/june/tradoc_158789.pdf
Market Access Data Base (MADB)
Números do Proteccionismo no IDE

FIG 12

FIG 13

Fonte: 24th OECD-WTO-UNCTAD report on G20 trade and investment measures


PROTECCIONISMO LIBERAL

Alguma economia pode alegar que pratica apenas o comércio


livre baseado na livre concorrência internacional?

Desvios do liberalismo não reflectem desacordo com a


liberalização do comércio, mas circunstâncias específicas

 Híbrido / Eclético
 Compromisso mercado livre e barreiras mínimas
 Lógica para protecção limitada
 Conceitos e modelos
Criação de vantagens competitivas;
Vantagens comparativas arbitrárias
vs
Vantagens comparativas

o Porter (Harvard Business School)


Porque é que alguns países são bem-sucedidos e
outros não na concorrência internacional em certos
sectores?
Japão e automóveis
Suíça e instrumentos de precisão e farmacêuticos?

Condições competitivas nacionais determinam


vantagem competitiva em determinadas indústrias –
quatro atributos determinam o contexto em que as
empresas operam, promovendo ou impedindo a
criação de “vantagens competitivas” = Diamante de
Porter:
Dotação de factores
Condições da procura
Indústrias “circundantes” – indústrias
fornecedoras e indústrias relacionadas
competitivas
Estratégia e estrutura das empresas e natureza
da concorrência interna

Indirectamente Porter mostra que governos podem ter


papel na criação de “vantagens competitivas”.
Como? Políticas L/P que criam condições para
apropriação, em certos sectores, de condições de
competitividade.

= Vantagens no c.i. podem ser arbitrariamente


criadas

o Teoria / Política Comercial Estratégica


(P. Krugman)

As políticas do governo que tentam deslocar os lucros


em excesso num mercado internacional para as
empresas do país.

(Sectores: Concorrência imperfeita, economias de


escala, economias de gama, difusão tecnológica)
Alguns sectores mais importantes (no futuro) do que
outros;
Logo, governo deve apoiá-los.
“Importante” = estratégico
Argumento da política comercial estratégica:
Uma vez que certos sectores geram
externalidades positivas/ spillovers (empresas
tecnológicas)…

Importa que as empresas consigam captar


vantagens de first-mover (pioneiras).

Então os governos devem subsidiar, proteger


esses sectores para facilitar apropriação da I&D e
assegurar que empresas nacionais consigam
apropriar-se das vantagens de first-movers.

Como? Por exemplo – subsídios à exportação até que


a empresas tenham adquirido as vantagens de first-
mover no mercado mundial.

Outras formas: empréstimos a taxas de juro baixas,


promessas de compra de grandes volumes de
produção.

Ex: US-Boeing anos 60 e 70 (aviação militar)


Écrans de cristais líquidos, 70 e 80. (US – inventor,
e Japão apoia I&D – ambos conseguiram
apropriar-se das vantagens de first mover).
Outro argumento:
Apoio dos governos às empresas nacionais para
conseguirem ultrapassar as vantagens de first-mover
de empresas concorrentes estrangeiras, de forma a
emergirem como concorrentes viáveis no mercado
mundial.
Ex: Airbus

Nesta situação o governo dá protecção à empresa no


mercado nacional e usa subsídios à X.

Argumentos da política comercial estratégica estão na


base da lógica para a intervenção governamental.

 Governos: pró-activos, promovem política industrial em


sectores selecionados

Outras designações e tipos de proteccionsmo liberal:

 Proteccionismo selectivo
 Proteccionismo sectorial
 Proteccionismo defensivo
 Mercantilismo benigno
 Proteccionismo aberto

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