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CONTABILIDADE BÁSICA

Prof. Dr. Ivandi Teixeira

Aula 05 Unidade 2. A Estruturação do Processo Contábil


2.1- Introdução;
2.2- O Patrimônio
2.2.1- Bens, direitos e obrigações
2.2.2- Abordagens conceituais do Patrimônio
2.2.3- Abordagens qualitativa e quantitativa do patrimônio

2. A Estruturação do Processo Contábil

A Contabilidade, ao longo dos tempos, tem buscado um maior significado na


abrangência dos processos gerenciais, onde possa estar configurada na condição de
instrumento quantitativo do processo decisório. Ou seja: através dos relatórios contábeis cada
vez mais direcionados para o “público interno”, tem procurado contribuir para a eficiência das
decisões tomadas nos diferentes níveis das organizações.

2.1- Introdução

A estrutura patrimonial, portanto, se imbui de apresentar de forma ordenada e


sistematizada o conjunto patrimonial das entidades compreendido na abrangência de seus
pertences com ênfase na forma como foram adquiridos. Até porque é inquestionável o
entendimento de que estes pertences, cada um, possui uma origem característica com a qual se
encontra relacionado de forma conseqüente.

2.2- O Patrimônio

Segundo Ferreira[2.000] “Patrimônio é percebido como uma Herança paterna.


Bens de família. Dote dos ordinandos. Bem, ou conjunto de bens culturais ou naturais, de
valor reconhecido para determinada localidade, região, país, ou para a humanidade, e que, ao
se tornar(em) protegido(s), como, p. ex., pelo tombamento2, deve(m) ser preservado(s) para o
usufruto de todos os cidadãos Fig. Riqueza”.

É evidente, que esta leitura encontra-se distorcida em relação ao Patrimônio no


sentido lato, qual seja a abrangência das posses de pessoas físicas e jurídicas, independente
da forma de utilização, se para fins lucrativos ou não. Se reporta o dicionarista ao patrimônio
no sentido strito, representando tão somente a existência de um bem, independente de suas
origens que os caracteriza em função de suas potencialidade de gerar benefícios.

Contudo, ao se destacar o mesmo Ferreira[1986] “Patrimônio compreende o


complexo de bens materiais ou não, direitos, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma
pessoa ou empresa e seja suscetível de apreciação econômica”. Percebe-se uma aproximação
com o entendimento contábil do patrimônio.

Cabe, contudo as ressalvas no sentido de a empresa é também uma pessoa


(jurídica), e que o patrimônio é também composto pelas obrigações, na condição de origens
dos bens e direitos materializados na forma de aplicação dos recursos originários. Ou seja, o
dicionarista, deixou de considerar o fato de que para existirem bens e direitos, devem existir
as obrigações que os originam.
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2.2.1- Bens, Direitos e Obrigações.

Em sua relação de causalidade, a contabilidade contempla a estrutura


patrimonial como o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma entidade, independente
de forma, constituição e objetivos sociais.

Desta forma, o patrimônio de qualquer pessoa física ou jurídica corresponde ao


somatório dos valores monetários de seus bens e seus direitos, cujo valor deve ser exatamente
igual às suas obrigações. Obrigações estas que correspondem às origens dos recursos
materializados como Os Bens e Os Direitos. Ou seja:

Os Bens + Os Direitos As Obrigações

APLICAÇÃO DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS

Portanto: enquanto as obrigações correspondem às origens dos recursos. Os


bens e os direitos correspondem às aplicações de tais recursos.

Os Bens podem ser entendidos como toda e qualquer posse que a pessoa (física
ou jurídica) possua. Estes bens podem se classificados como:
Bens de Uso: Máquinas e Equipamentos;
Bens de Troca: Produto para comercialização direta;
Bens de Consumo: Materiais utilizados pelas atividades meio (suporte) e fins
(indústria de transformação; prestação de serviços...)

Os Direitos podem sem entendidos na condição de bens que pertecem à


entidade mas que se encontram em domínio (em poder) de outras pessoas. Estes Direitos
podem ser classificados como:
Da Propriedade: diz respeito ao bem de propriedade da entidade mas que se
encontra em domínio de terceiros. Ex: Um imóvel alugado
para outra pessoa.
Da Posse: Direito tão somente ao usufruto, não podendo a pessoa vendê-lo. Ex:
Licença para utilizar software.
Da Propriedade e da Posse: No momento em que o Direito de Posse passa a ser
propriedade da entidade, sem restrições. Ex: A
empresa adquire o direito autoral sobre o software.

2.2.2- Abordagens conceituais do Patrimônio

Em seu completo o patrimônio de uma entidade constitui-se de Bens, Direitos e


Obrigações configurados na condição de Origens e Aplicações de Recursos. As Origens de
Recursos,representam o Capital da entidade e em função da sua forma de captação
classificam-se em dois tipos distintos:

Origens Próprias (Capital Próprio) - Diz respeito à constituição da empresa


onde a(s) pessoa(s) participa(m) com um certo valor em espécie ou bens diversos. Constitui-
se em obrigações que a empresa passa a ter com os seus proprietários, na condição de
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obrigações não exigíveis uma vez que os sócios não poderão tomar de volta os valores que
colocaram na empresa, sob pena de não comprometer as aplicações da empresa. Ou seja, os
sócios ou proprietários não poderão exigir seu dinheiro de volta, sempre que desejarem sair da
sociedade.

Origens de Terceiros (Capital de Terceiros) - Diz respeito a todo e qualquer


recurso direto ou indireto advindo de pessoas que não mantém relação de propriedade com a
entidade. Exemplo: bens adquiridos com fornecedores, empréstimos obtidos junto à bancos,
encargos diversos da empresa com outras pessoas. Constitui-se em Obrigações Exigíveis, uma
vez que os proprietários do capital, os terceiros, poderão na data do vencimento exigir o
pagamento destas obrigações.

2.2.3- Abordagens qualitativa e quantitativa do patrimônio

Conforme apresentado, o Patrimônio das entidades são compostos por origens


e aplicações de recursos. Sendo as origens de recursos categorizadas como obrigações, e as
aplicações na forma de bens e direitos.

Sendo assim, as aplicações de recursos se configuram nos elementos que


representam as atividades das entidades, e desta forma compondo o grande grupo denominado
Ativo. As origens por sua vez compõem as obrigações que a entidade mantém com seus
proprietários e com terceiros, configurando a parcela imaterial, escritural tão somente, e,
portanto compondo o grande grupo então denominado Passivo.

Com este entendimento, pode-se então melhor perceber a estrutura do


patrimônio mediante a seguinte representação gráfica:

ATIVO PASSIVO CAPITAL DE


TERCEIROS

EXIGÍVEIS
BENS
DIREITOS OBRIGAÇÕES

NÃO EXIGÍVEIS
CAPITAL
PRÓPRIO
DEVEDOR CREDOR

Cabe agora se resolver um probleminha de natureza semântica, mas que


costuma complicar um pouco o entendimento de algumas questões mais práticas. Senão
vejamos:

Sabendo-se que o Ativo é composto de bens e direitos e o Passivo, composto


pelas obrigações, seja com terceiros – capital de terceiros (exigível) ou com a própria empresa
– capital próprio (não exigível) A que se deve o fato da natureza dos saldos:
Ativo ! saldo devedor ?
Passivo ! saldo credor?
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O entendimento é bastante simples: A sistematização dos lançamentos


contábeis teve origem na antiga Roma, onde a palavra débito deriva de Debitum, Debitare e
Debitarium quedesignavam os direitos: devidos à mim, ou devido para mim (entendendo
por “mim” a própria empresa ou entidade), configuravam todas e quaisquer aplicações de
recursos, que por sua vez representavam a própria atividade da empresa ou entidade, daí a
denominação: Ativo.

Enquanto Creditum, Creditare, Creditarium, designavam as obrigações para


com outrém, devidos por mim (idem), configuravam todas as obrigações exigíveis e não
exigíveis, configuradas na condição de origens de recursos que se materializam no ativo das
entidades e apenas representam os valores, daí a denominação: Passivo.

2.2.4- Classificação das contas por natureza dos saldos

Partindo-se da abordagem supramencionada, torna-se bastante claro o


entendimento de que as contas que compõem a estrutura patrimonial das entidades podem ser
de natureza devedora ou credora.

As contas de saldo devedor, bem como aquelas de saldo credor, são


constituídas pelos valores que justificam a sua existência. É importante salientar que toda e
qualquer origem de um fato contábil qualquer, é necessariamente de natureza credora. Onde o
passivo se configura na condição de origem de recursos, e, em contrapartida, o inverso para as
contas do ativo que se configuram em aplicação destes recursos.

Portanto, o passivo é entendido na condição de origem de recursos e o ativo a


aplicação destes recursos. Daí o esclarecimento dos lançamentos contábeis: a cada valor de
crédito corresponde um mesmo valor em débito e vice-versa.

Para melhor fixar estes entendimentos, será muito importante que você realize
a tarefa número um.

od CONTAS Milhare$ Débito Crédito


1 Aço para construção 500,00
2 Ágio na emissão de ações ou quotas de capital 350,00
3 Adiantamentos a terceiros 180,00
4 Adiantamentos de clientes 190,00
5 Adiantamentos de contratos de câmbio 350,00
6 Aluguéis a pagar 400,00
7 Antecipação de salários 250,00
8 Aplicações temporárias 120,00
9 Benfeitorias em prédios de terceiros 750,00
10 Caixa 20,00
11 Capital 600,00
12 Cimento portland 60,00
13 Clientes 480,00
14 Comissões a receber 250,00
15 Comissões a pagar 350,00
16 Credores por financiamento 250,00
17 Custos gerais de produção 400,00
18 Direito de uso de telefones 50,00
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19 Direitos sobre recursos naturais 860,00
20 Despesas com vendas 600,00
21 Despesas administrativas 200,00
22 Despesas operacionais 300,00
23 Depósitos em bancos comerciais 300,00
24 Depreciação de equipamentos 280,00
25 Duplicatas a receber 100,00
26 Duplicatas descontadas 50,00
27 Edificações em andamento 700,00
28 Empréstimos e financiamentos 90,00
29 Encargos a recolher 800,00
30 Esquadrias de alumínio 300,00
31 Estudos, Projetos e detalhamento 250,00
32 Exaustão de recursos naturais 450,00
33 Fornecedores 800,00
34 Gastos com implantação de sistemas 350,00
35 Gastos com pesquisas 40,00
36 Gratificação e part. a empreg. 500,00
37 Honorários da administração a pagar 100,00
38 Imóveis para renda 630,00
39 Impostos e taxas a recolher 400,00
40 Juros a pagar 130,00
41 Leasing a pagar 540,00
42 Lucro acumulado 620,00
43 Máquinas e equipamentos 580,00
44 Marcas, direitos e patentes industriais 700,00
45 Obras de Arte 400,00
46 Participação em fundos de investimentos(finor) 250,00
47 Peças e conjuntos de reposição 70,00
48 Pesquisa e desenvolvimento de tecnologia 550,00
49 Promissórias a receber 200,00
50 Promissórias descontadas 50,00
51 Provisão para contingências 680,00
52 Provisão para IOF 170,00
53 Receitas extraordinárias 400,00
54 Receita de vendas 900,00
55 Receitas não operacionais 700,00
56 Reservas de Reavaliação 200,00
57 Reservas para contingências 850,00
58 Seguros do imobilizado da empresa 180,00
59 Sistemas aplicativos /Software 100,00
60 Terrenos 110,00
61 Títulos a pagar 200,00
62 Veículos 650,00
TOTAL 22.880,00 - -
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio:Dicionário Eletrônico, Versão 3.0.
Rio de Janeiro:Nova Fronteira. 2.000.

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