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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CENTRO DE PESQUISA CLÍNICA PROJETO HPV – HU/UFSC
Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima – Trindade - CEP: 88040-900 Florianópolis – S.C.
Telefone: (48) 3721-9082 -E-mail: enfedrizzi@uol.com.br

Estudo de Eficácia Clínica Fase III, randomizado, duplo cego, placebo controlado da
Vacina MMR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) na Prevenção ou Redução da Severidade
da COVID-19 em Homens e Mulheres de 18 a 60 anos Profissionais da Área da Saúde

Aprovações: EBSERH: 070/2020 - CEP: 4.254.143 - CONEP: 4.274.984

NOTA PRÉVIA – Análise Interina de Dados

A COVID-19 (Coronavirus Disease 2019), causado pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2 -


Severe Acute Respiratory Syndrome by Coronavirus 2) já completou um ano em nosso meio. Hoje,
temos no mundo 96.218.061 casos da infeção com 2.058.534 óbitos. No Brasil já somamos
8.638.249 casos e 212.831 óbitos, num momento que observamos um crescimento na curva de casos
e óbitos em todo o país. Um esforço sobre-humano tem sido dispensado por vários cientistas no
mundo todo para uma vacina específica contra o SARS-CoV-2, com resultados suficientes para se
iniciar uma campanha mundial de vacinação, como está ocorrendo neste momento. Entretanto,
populações prioritárias serão primeiramente vacinadas, desta forma a grande maioria das pessoas
não conseguirão ser vacinadas ainda este ano em função da disponibilidade das vacinas ou seu
insumos para fabricação nacional.
Vários estudos tem mostrado que algumas vacinas, particularmente as com microorganismos
vivos e atenuados apresentam uma excelente resposta imunológica a vários outros agentes não
presentes na vacina, a chamada imunidade heteróloga. Esta imunidade está relacionada com a
primeira fase de estimulação do nosso sistema de defesa frente a algum agressor e é inespecífica
(imunidade inata), ou seja, age frente a qualquer micoorganismo oportunista. Esta resposta imune
geralmente é por um tempo limitado, mas pode ser prolongada utilizando novos desafios
antigênicos, como doses de vacina de reforço, levando ao que denominamos treinamento da
imunidade inata. Em função disso, nosso Centro de Pesquisa no HU/UFSC iniciou em julho de
2020 um estudo clínico duplo-cego, placebo controlado e randomizado para avaliar a possível
eficácia da vacina tríplice viral ou MMR (contra o sarampo, caxumba e rubéola) para a prevenção
ou redução da severidade da COVID-19 em profissionais da saúde. O estudo ainda está em
andamento com visitas mensais dos 430 voluntários onde é realizado uma avaliação clínica e
exames para COVID-19, principalmente o PCR de nasofaringe.
Vimos por meio deste comunicado apresentar os primeiros resultados (ainda incompletos) de
uma análise interina dos dados do estudo clínico Estudo de Eficácia Clínica Fase III,
randomizado, duplo cego, placebo controlado da Vacina MMR (Sarampo, Caxumba e Rubéola)
na Prevenção ou Redução da Severidade da COVID-19 em Homens e Mulheres de 18 a 60 anos
Profissionais da Área da Saúde.
Foram realizadas análises estatísticas com os dados coletados até a segunda semana de janeiro
de 2021. Os resultados preliminares demonstraram que não houve redução no número de casos de
COVID-19 no grupo vacinado, comparado ao grupo placebo. No entanto, observamos o dobro de
risco de os pacientes que receberam placebo apresentarem casos sintomáticos em comparação
ao grupo vacinado ou seja, uma redução de 54% da chance do grupo vacinado ter COVID-19
sintomática (RR=2,13;IC95%:1,03 a 4,43; p=0,024). Também houve redução no risco de
internação hospitalar de 74% para os vacinados (RR: 0,26; IC95%: 0,07 a 0,99; p=0,036).
Estes resultados são bastante animadores, pois trata-se de uma vacina não específica para o
novo coronavírus, mas que mostrou resultados de eficácia semelhante a algumas vacinas específicas
divulgados recentemente. Em hipótese alguma a vacina tríplice viral irá substituir a vacina
específica. No entanto, seria muito útil se fosse possível vacinar os grupos não prioritários com esta
vacina até que tenhamos a disponibilidade de vacinar toda a população com as novas vacinas contra
a COVID-19. Ressaltamos que após a utilização de uma vacina atenuada, como a tríplice viral,
nehuma outra vacina deverá ser realizada até 30 dias após seu uso justamente por esta resposta
imune inespecífica da tríplice viral que pode interferir na resposta imune da segunda vacina.
Este estudo conta com o apoio do Laboratório FioCruz – Bio-Manguinhos, Fundação de
Amparo a Pesquisa e Inovação do Estado de SC (FAPESC), Secretaria Estadual de Saúde (SES –
LACEN) e Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis (SMF).

EQUIPE DE PESQUISA – Prof Edison Natal Fedrizzi (Coordenador do Estudo)

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