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Editora da UFSC
Campus Universitário - Trindade
Caixa Postal 476
88010-970 - Florianópolis-SC
Fones: (48) 3721-9408, 3721-9605 e 3721-9686
Fax: (48) 3721-9680
editora@editora.ufsc.br
www.editora.ufsc.br
Jacques Derrida
organização
Ginette Michaud
Joana M a s ó
Javier Bassas
tradução
Marcelo Jacques de Moraes
revisão técnica
João Camillo Penna
^ editora ufsc
© 2012 Marguerite Derrida
Direção editorial:
Paulo Roberto da Silva
Capa:
Maria Lúcia laczinski
Editoração:
Fernanda do Canto
Revisão:
Júlio César Ramos
Ficha Catalográfica
(Catalogação na fonte elaborada pela DECTI da Biblioteca
Central da UFSC)
CDU:1DERRIDA
ISBN 978-85-328-0610-9
Impresso n o Brasil
:: Sumário
Nota do tradutor 7
Apresentação dos editores 9
:I
Os rastros do visível 15
As artes espaciais: uma entrevista com Jacques Derrida 17
Pensar em não ver 63
Rastro e arquivo, imagem e arte. Diálogo 91
::II
Pintura, desenho 145
Ilustrar, diz ele 147
O desígnio do filósofo.
Entrevista com Jérôme Coignard 155
Com o desígnio, o desenho 161
Pregnâncias. Sobre quatro aguadas de Colette Deblé 191
Salvar os fenômenos. Para Salvatore Puglia 207
O desenho por quatro caminhos 227
Êxtase, crise. Entrevista com Roger Lesgards e
Valerio Adami 233
Da cor à letra 249
Os debaixos da pintura, da escrita e do desenho:
suporte, substância, sujeito, sequaz e suplício 279
::: III
Espectralidades da imagem:
fotografia, vídeo, cinema e teatro 297
Aletbeia 299
[Revelações, e outros textos. Leituras das fotografias
de Frédéric Brenner] 315
Videor 349
A dança dos fantasmas. Entrevista com Mark Lewis
e Andrew Payne 359
O cinema e seus fantasmas. Entrevista com Antoine
de Baecque e Thierry Jousse 371
O Sacrifício 397
Marx é alguém 413
O sobrevivente, o sursis, o sobressalto 431
Bibliografia 441
Filmografia 455
Sobre os artistas 461
Sobre os editores 477
:: Nota do tradutor
2
A tradução do termo "différance" - neologismo formado a partir da
substantivação de "différant", particípio presente do verbo "différer",
"diferir", tem sido alvo de muitas discussões. Optei por deixar no original.
Paulo Ottoni discute as diferentes traduções para o termo propostas ao
longo das edições brasileiras da obra de Derrida no artigo "O tradutor
de Jacques Derrida: double bind e dupla tradução" (Em: Tradução,
desconstrução e pós-modernidade. São Paulo: UNESP, 2000, p. 45-58),
do qual se pode encontrar uma versão resumida em <http://www.unicamp.
br/iel/traduzirderrida/folheto4.htm>. O ensaio homônimo "Différance"
foi proferido como Conferência na Sociedade Francesa de Filosofia, em 27
de janeiro de 1968, publicado simultaneamente no Bulletin de Ia Société
Française de Philosophie (jul./set. 1968), e em Théorie d'ensemble (col.
"Tel Quel". Paris: Ed. du Seuil, 1968), e subseqüentemente incorporado a
Marges de Ia philosophie (Paris: Ed. de Minuit, 1972). Há uma tradução
brasileira esgotada, sob o título de "Diferença" em: Margens da filosofia
(Tradução de Joaquim Gomes Costa e Antônio M. Magalhães. Campinas:
Papirus, 1991, p. 33-63). (N. T.)
3
Jacques Derrida. As artes espaciais: uma entrevista com Jacques Derrida.
Cf. no presente volume, p. 30.
Jacques Derrida "11
Esta entrevista é inédita em francês. "The Spatial Arts: An Interview with Jacques
Derrida", tradução inglesa de LaurieVolpe.f oi publicada na obra coletiva, Deconstruction
and the Visual Arts: Art, Media, Architecture. Peter Brunette; David Wills (Ed.). Cambridge,
Nova York, Oakleigh: Cambridge University Press, col. "Cambridge Studies in New Art
History and Criticism", 1994, p. 9-32. A entrevista ocorreu em 28 de abril de 1990, em
Laguna Beach, Califórnia. A versão original da transcrição não pôde ser encontrada
nos arquivos de Jacques Derrida no Institut Mémoires de LÉdition Contemporaine
(IMEC). Consultado sobre o assunto, David Wills não encontrou tampouco os cassetes
da gravação que serviram à transcrição e em seguida à tradução da entrevista em
inglês.
Por outro lado, uma tradução espanhola da entrevista foi feita a partir da versão
inglesa, por Javier Ariza, Graciela de Ia Huerga, Luís Garcia-Ochoa, Christine Harris,
Juan Iribas, Andrés Munoz e Miguel Olmeda, e foi publicada na revista Acción Paralela:
ensayo, teoria y crítica de arte contemporâneo (San Lorenzo dei Escoriai), 1995-1996,
volumes 1 e 2, p. 4-19. Tradução retomada, em uma versão ligeiramente modificada por
Joana Masó, em: Jacques Derrida, Artes de Io visible (1979-2004), Ginette Michaud,
Joana Masó e Javier Bassas (Ed.). Madri: Ellago Editiones, Col. "Ensayo", lançamento
previsto para 2013.
Uma tradução italiana da entrevista foi igualmente publicada sob o título de
"Le arti spaziali. Un'intervista com Jacques Derrida". Em: Jacques Derrida, Adesso
l'architectura. Francisco Vitale (Ed.). Milan: Libri Scheiwiller, col. "L'arte e le arti", 2008,
p. 31-76 (tradução italiana de textos em francês sob a direção de Francesco Vitale,
tradução italiana de textos em inglês sob a direção de Hosea Scelza).
Em razão da importância dessa entrevista, sua difusão internacional, e na ausência
do texto original, escolhemos apresentá-la nesta coletânea. Salvo indicações em
contrário, as notas da entrevista são as da tradução inglesa. (N. E.) [Os termos em
francês, entre colchetes, inseridos pela tradutora para o inglês, foram mantidos
no corpo do texto, quando aportavam uma nuance de sentido em português; do
contrário foram transferidos para notas de rodapé. Além disso, colchetes em inglês,
referentes à tradução para o inglês, foram inseridos, sempre que eles traziam algum
aporte à tradução. (N. T.)]
David Wills (1953-) traduziu várias obras de Jacques DERRIDA: Donnerla mort {The
Gift of Death e Literature in Secret. Chicago: The University of Chicago Press, 2008);
Droit de regards de Marie-Françoise Plissart (Right of Inspection. Nova York: Monacelli
Press, 1998); La contre-allée com Catherine Malabou (Counterpath, Stanford: Stanford
University Press, 2004) e Uanimal que doncje suis {The Animal that therefore I am. Nova
York: Fordham Press, 2008). Especialista em Teoria Literária e Literatura Comparada
da Universidade em Albany, SUNY, onde lecionou, ele é autor de Prosthesis (Stanford:
Stanford University Press, 1995; Paris: Galilée, 1997), Matchbook (Stanford: Stanford
University Press, 2005) e de Dorsality: Thinking Back Through Technology and Politics
(Minneapolis: Minnesota University Press, 2008).
Peter Brunette (1943-2010) é historiador e crítico de cinema, autor de diversas
obras, notadamente sobre Roberto Rossellini, Michelangelo Antonioni e Michael
Haneke (seu último livro saiu em fevereiro de 2010). (Nota dos Editores)
19
1
Jacques Derrida. "Discussion with Christopher Norris". Deconstruction:
Omnibus Volume, ed. A. Papadakis, C. Cooke e A. Benjamin. Nova
York: Rizzoli, 1989, p. 72.
20 - Pensar em não ver
3
Cf. Peter Brunette e David Wills. Screen/Play: Derrida and Film Theory.
Princeton: Princeton University Press, 1989. (N. E.)
Jacques Derrida " 23
Por outro lado, é algo que não é nem vivo nem não vivo; o
vírus não é um micróbio. E se seguirmos essas duas linhas,
a do parasita que interrompe a destinação do ponto de
vista comunicativo - interrompendo a escrita, a inscrição, a
codificação e a decodificação da inscrição - e que, por outro
lado, não é nem vivo nem morto, temos a matriz de tudo o
que fiz desde que comecei a escrever. No texto referido há
pouco, aludo à possível interseção entre a Aids e o vírus de
computador como duas forças capazes de interromper a
destinação. Ali onde eles estão concernidos, não se pode mais
seguir os trilhos, nem os dos sujeitos, nem os do desejo, nem o
sexual, e assim por diante. Se seguirmos a intercessão entre a
Aids e o vírus de computador como o conhecemos agora, temos
meios de compreender, não apenas do ponto de vista teórico,
mas também do ponto de vista sócio-histórico, o que eqüivale
à interrupção de absolutamente tudo no planeta, inclusive
das agências policiais, do comércio, do exército, questões de
estratégia. Todas essas coisas encontram os limites de seu
controle, assim como a força extraordinária desses limites.
É como se tudo o que venho sugerindo nos últimos 25 anos
fosse prescrito pela idéia de destinerrância [destinerrance],9 o
suplemento, o pbarmakon, todos os indecidíveis - é a mesma
coisa. Isso também é traduzido, não apenas tecnologicamente,
mas também tecnologicopoeticamente.
10
Jacques Derrida. "+ R (par dessus le marche)". Em: La Vérité en peinture.
Paris: Flammarion, col. "Champs", 1978, p. 178.
Jacques Derrida :: 27
lado, ela não está tampouco fora dela - ela não está alhures.
De todo modo, sendo bastante categórico, eu diria que a
idéia de que a desconstrução deveria se confinar à análise do
texto discursivo - sei que essa idéia é bastante difundida - é,
na verdade, ou bem um grande equívoco ou uma estratégia
política desenhada para limitar a desconstrução a assuntos
de linguagem. A desconstrução começa com a desconstrução
do logocentrismo, e assim, querer confiná-la ao fenômeno
lingüístico é a mais suspeita das operações.
11
Entre colchetes, "voyageur", em francês. (N. T.)
12
"Se rassemble", em francês, "that gathers", em inglês, do verbo
"rassembler", que pode ser traduzido por "reunir", "juntar",
"ajuntar", "agrupar", ligado a toda uma gama de termos em francês,
como "rassemblement", ("reunião", "ajuntamento"), "assemblée"
("assembléia"), "être ensemble" ("estar juntos"). "Rassemblement" está
associado à reconstituição etimológica feita por Heidegger do termo
"das Ding" em alemão. Veja-se, por exemplo, o trecho emblemático de
"Bâtir babiter penser" ("Construir habitar pensar"; "Bauen Wobnen
Denken"): "Seguindo a velha palavra de nossa língua, reunião se diz
thing." ("Suivant un vieux mot de notre langue, rassemblement se dit
thing"). E a nota de rodapé do tradutor francês, André Préau: "Este
termo germânico [thing], como se sabe, designou primeiramente a
assembléia pública ou judiciária, depois por extensão o caso judicial, a
causa, o contrato, a condição ou a situação regulada pelo contrato ou
pela decisão de justiça, e finalmente, a coisa. Em alemão, thing tornou-
se Ding". (Martin Heidegger. Essais et conférences. Tradução de André
Préau. Paris: Gallimard, 1954, p. 181. Tradução francesa de Vortràge
und Aufsàtze. Stuttgart: Verlag Günther Neske, [1954] 1997, 8. ed. Veja-
se na mesma coletânea de ensaios a conferência "A coisa", "La chose".)
A tradutora brasileira de Heidegger, Mareia Sá Cavalcante Schuback,
traduziu o termo por "reunião integradora". (Martin Heidegger. Ensaios
e conferências. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel,
Mareia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002, 2. ed., p. 133).
Optei por "reunir", ou "reunir-se", e "reunião". (N. T.)
32 :: Pensar em não ver
não haveria nem Van Gogh nem o corpo de Van Gogh, nem
a experiência que podemos ter da obra de Van Gogh. Todas
essas experiências, obras, ou assinaturas, só são possíveis na
medida em que a presença não foi bem-sucedida em estar aí
e em se reunir [assembling] aí. Ou, se o senhor quiser, o aí, o
ser-aí [1'être-là], existe apenas com base nessa obra de rastros
[traces]13 que se desloca.
Dado que a obra é definida pela sua assinatura, a minha
experiência da assinatura de Van Gogh é possível apenas na
medida em que eu próprio contra-assino [countersign], ou seja,
se, por minha vez, meu corpo for envolvido nisso. Isso não
acontece instantaneamente; é uma coisa que pode durar, que
pode recomeçar; há o enigma do resto,14 nomeadamente, que a
obra resta, mas onde? O que quer dizer "restar" nesse caso? A
obra está em um museu; ela me espera. Qual é a relação entre o
original e o não original? Não há questão que seja mais tópica
ou mais séria, a despeito das aparências. Mas não posso tratá-
la aqui. De todo modo, a questão é diferente para cada "arte".
E essa especificidade estrutural da relação original-reprodução
poderia - pelo menos esta é a hipótese que estou adiantando -
fornecer o princípio de uma nova classificação das artes.
Essas questões, como os senhores bem sabem, interrompem
a categoria de presença como ela é normalmente entendida.
Imaginamos que o corpo de Van Gogh está presente, e que a
obra está presente, mas essas são apenas tentativas provisórias
e imprecisas de estabilizar as coisas; elas representam uma
angústia, uma inabilidade de fazer as coisas coligirem.
Mas se o senhor me fizesse a mesma pergunta com relação
ao cinema, como a formularia? No caso de Van Gogh, podemos
dizer que há uma obra que é aparentemente imóvel, que está
dependurada no museu, esperando por mim, que o corpo de
Van Gogh estava ali etc. Mas no caso do cinema, a obra é
essencialmente cinética, cinematográfica, e portanto móvel; o
15
Jacques Derrida. Signéponge/Signsponge. Tradução Richard Rand. Nova
York: Columbia University Press, 1984. [J. Derrida. Signéponge, Paris:
Seuil, col. "Fictions & Cie", 1988. (N. E.)]
16
Trata-se do chamado "motivo de Bach". Na nomenclatura alemã
que traduz o nome das notas em letras (A=lá; B=si; dó=C etc), o
si bemol é grafado como B, enquanto que o si natural é grafado
34 :: Pensar em não ver
21
Jacques Derrida. "Ce qui reste à force de musique", em Psyché, op. cit.,
p. 101.
40 " Pensar em não ver
22
Jacques Derrida. D'un ton apocalyptique adopté naguère en pbilosophie.
Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 1983.
23
Entre colchetes, "une force de musique", em francês. (N. T.)
42 " Pensar em não ver
24
Entre colchetes, "se passe de toi", em francês. Derrida joga nessa frase e
nas seguintes com sentidos idiomáticos do verbo "passer", em francês. "Se
passer de", "não precisar de"; "se passer avec", "passar-se com". (N. T.)
25
Jacques Derrida. "Fifty-two Aphorisms for a Foreword". Em:
Deconstruction: Omnibus Volume, op. cit., p. 69. ["Cinquante-deux
aphorismes pour un avant-propos". Em: Psyché, op. cit., p. 509 et seq.
(N. E.)]
26
Jogo de palavra em inglês, entre duas palavras homófonas, "1", "eu"; e
"eye", "olho". (N. T.)
46 - Pensar em não ver
27
Jacques Derrida. Mémoires d'aveugle. Uautoportrait et autres ruines.
Paris: Réunion des musées nationaux, col. "Parti pris", 1990. [Há uma
tradução portuguesa de Fernanda Bernardo Memórias de cego: o auto-
retrato e outras ruínas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.]
Jacques Derrida :: 47
que vai além da filosofia. Isso não quer dizer que um pintor ou
um diretor de cinema tenha os meios para questionar a filosofia,
mas que o que ela ou ele cria torna-se portador de algo que
não pode ser controlado pela filosofia. Assim, há pensamento
ali. Portanto, cada vez que há um avanço, um acontecimento
arquitetural ou pictórico, seja uma obra particular ou uma nova
escola de estilo arquitetural, seja um novo tipo de acontecimento
artístico, o pensamento está envolvido, e não apenas no sentido
que acabei de descrever. Isso envolve o pensamento no sentido da
memória da história e da tradição da obra, ou da arte em geral.
Mas isso não quer dizer que os artistas conheçam a história,
ou que os diretores de cinema devam conhecer a história do
cinema, mas o fato de eles inaugurarem alguma coisa, de eles
produzirem um tipo de obra que não era possível, digamos,
vinte anos antes, pressupõe que em suas obras a memória da
história do cinema está não obstante registrada, e portanto que
ela foi interpretada: é pensamento. O que chamo pensamento
é apenas isso; alguma coisa foi interpretada. Assim, quando
falo de pensamento em funcionamento na arquitetura, como
poderia ser dito com respeito à pintura ou às belas artes, estou
fazendo uma distinção entre pensamento e filosofia. Estou me
referindo a algo em excesso do filosófico, algo não apenas da
ordem de um terremoto, ou de um instinto animal, assim como
à autointerpretação, 28 à interpretação da própria memória.
O que chamo de pensamento é um gesto polêmico com
respeito às interpretações correntes, segundo as quais a
produção de uma obra arquitetural ou cinematográfica é, se não
natural, pelo menos ingênua em termos de discursos críticos
ou teóricos, que são sempre essencialmente filosóficos, como
se o pensamento não tivesse nada a ver com a obra, como se
esta não pensasse, enquanto alhures o teórico, o intérprete ou
o filósofo pensam. Portanto a idéia é indicar de uma maneira
polêmica que o pensamento está ocorrendo na experiência
da obra, ou seja, que o pensamento está incorporado nela -
há uma provocação para pensar da parte da obra, e essa
provocação para pensar é irredutível. Obviamente, isso está
carregado de pensamento porque assume um monte de coisas,
28
Entre colchetes, "auto-interprétation" em francês. (N. T.)
48 :: Pensar em não ver
29
A distinção entre a filosofia (Philosopbié) identificada pura e simplesmente
à metafísica e o pensamento (Denken) atravessa a obra de Heidegger
desde Ser e tempo. Para uma explicitação tardia (1964, 1966), bastante
didática, da distinção, ver Martin Heidegger. "O fim da filosofia e a
tarefa do pensamento". Tradução de Ernildo Stein. Em Martin Heidegger.
Conferências e escritos filosóficos. São Paulo: Editora Nova Cultural,
1999. Col. "Os Pensadores". (Tradução de "Das Ende der Pbilosophie
und die Aufgabe des Denkens". Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 1968;
tradução francesa: "La fin de Ia pbilosophie et Ia tache de Ia pensée".
Tradução de Jean Beaufret e François Fédier. Em Questions III et IV. Paris:
Gallimard, col. "Tel", 1966/1976). (N. T.)
30 Martin Heidegger. "Construir, habitar, pensar. Em: Ensaios e
conferências, op. cit. Tradução brasileira de "Bauen Wohnen Denken".
Em Vortrãge und Aufsãtze, op. cit. (N. T.)
Jacques Derrida " 49
31
Cf. Jacques Derrida, "Cinquante-deux aphorismes pour un avant-
propos". Em: Psyché, op. cit., p. 518. (N. E.)
Jacques Derrida :: 51
32
Em inglês no original. (N. T.)
33
Derrida associa ao jogo de palavras translinguístico com "to gatber", em
português, "reunir", "juntar" (ver nota 12); e "rassembler", em português,
"reunir", "juntar"; "assemblée", "assembléia", com o de "maintenant",
"agora", mas que etimologicamente vem de "main tenant", literalmente
"segurando a mão", "à mão", "com a mão mantida junto". (N. T.)
34
Jacques Derrida. "A Letter to Peter Eisenman", Assemblage, n. 12 (Ago.
1990), p. 7-13.
52 :: Pensar em não ver
35
Daniel Libeskind (1946- ), arquiteto de origem polonesa, natura-
lizado americano, que vive em Berlim desde 1985, autor de obras como
o Museu judaico de Berlim. (N. T.) Cf. "Response to Daniel Libeskind",
seguido de "Discussion" com Daniel Libeskind, Jeffrey Kipnis e
Catherine Ingraham. Research in Pbenomenology (Atlantic Highlands,
NJ, Humanities Press International), v. XXII, n. 1, 1992, p. 88-94, 95-
102; retomado em Daniel Libeskind: radix-matrix. Architecture And
Writings, traduzido do alemão por Peter Green, Andréa P. A. Belloli
(Ed.), Jacques Derrida, Kurt W. Forster, Daniel Libeskind, Alois Martin
Müller, Bernhard Schneider e Mark C. Taylor. Munich e Nova York:
Prestei, 1997, p. 110-112-115. (N. E.)
36
Entre colchetes, "se mettre en mouvement", em francês. (N. T.)
Jacques Derrida " 53
37
Gregory L. Ulmer. Teletheory: Gratnmatology in the Age of Video. Nova
York: Routledge, 1989.
Jacques Derrida :: 55
38
"Mystory", palavra-valise, em inglês que junta "mystery", "mistério" e
"síory", ou "history" "estória" ou "história". (N. T.)
56 - Pensar em não ver
40
Jacques Derrida. Limited Inc. Tradução de Samuel Weber e Jeffrey
Mehlman. Evanston, 111.: Norhtwestern University Press, 1988. [Limited
Inc., apresentação e traduções de Elisabeth Weber. Paris: Galilée, col.
"La philosophie en effet", 1990. (N. E.)]
Jacques Derrida :: 5 9
41
Walter Benjamin. "Zur Kritik der Gewalt", publicado inicialmente em
Archiv für Sozialwissenshaft und Sozialpolitik em 1921, retomado em
Gesammelte Schriften, 11.1 Bd IV, Frankfurt am Main, Suhrkamp, 1977;
tradução francesa de Maurice de Gandillac, "Pour une critique de Ia
violence". Em: Walter Benjamin. Mytbe et Violence. Paris: Denoèl, 1971,
retomado em UHomme, le langage, Ia culture. Paris: Denoèl Gonthier,
col. "Bibliothèque Médiations", 1974. [Tradução brasileira, "Para uma
crítica da violência". Em: Escritos sobre mito e linguagem. Tradução de
Ernani Chaves e Susana Kampff Lages. São Paulo: Duas Cidades; Editora
34, 2011. (N. T)] Jacques Derrida faz alusão aqui ao texto intitulado
"Prénom de Benjamin" que ele proferiu em conferência de abertura
em 26 de abril de 1990, no colóquio "Nazism and the 'Final Solutiori':
Probing the Limits of Representation", organizado por Saul Friedlander
na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Cf. Jacques Derrida, Force
de loi. Le "Fondement mystique de l'autorité". Paris: Galilée, col. "La
philosophie en effet", 1994, p. 65-146 (reed. 2005). (N. E.) [Tradução
brasileira, "Prenome de Benjamin". Em Força de lei. Tradução de Leyla
Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2007. (N. T.)]
60 - Pensar em não ver
1
Cf. apresentação de Valerio Adami em "Sobre os artistas", ao final deste
volume. (N. T.)
2
Cf. Maurizio Ferraris. "Uocchio ragiona a modo suo". Annali.
Fondazione Europea dei Disegno. Op. cit., p. 23-48. (N. E.)
66 •• Pensar em não ver
9
Jacques Derrida refere-se aqui a Valerio Adami. [Nota de Simone Regazzoni]
(N. E.)
72 " Pensar em não ver
Cf. Jacques Derrida. "Uanimal que donc je suis (à suivre)". Em: Marie-Louise
Mallet (Org.). LAnimal autobiographique. Autour de Jacques Derrida.
Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 1999, p. 251-301. [Retomado
em Jacques Derrida. Uanimal que donc je suis. Marie-Louise Mallet (Ed.).
Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 2006, p. 15-77. (O animal que
logo sou (A seguir). Tradução de Fábio Landa. São Paulo: UNESP, 2002.)]
(N. E.)
Jacques Derrida " 73
12
O volume compreende dois cursos ministrados por Heidegger entre 1951 e
1952. Derrida utiliza a seguinte edição: Qu'appelle-t-on penser? Tradução
francesa de Aloys Becker e Gérard Granel. Paris: Presses Universitaires de
France, 1983, 3. ed. (N. T.)
Jacques Derrida :: 75
13
O Princípio de razão. Curso ministrado por Heidegger em 1955/1956
na Universidade de Freiburg. Sobre o princípio da razão suficiente em
Leibniz Há uma tradução em português, em edição bilíngüe: A essência
do fundamento. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2007.
(N. T.)
76 " Pensar em não ver
14
O termo "Augenblick" significa "momento", "instante", sendo com-
posto por "Auge", "olho", e "Blick", "olhada", "vislumbre". (N. T.)
15
"Cest nous qui entendons, et non 1'oreille." ["Somos nós quem ouvimos,
e não o ouvido."] (Cf. Martin Heidegger. Le Príncipe de raison. Tradução
francesa de André Préau. Prefácio de Jean Beaufret, Paris: Gallimard, col.
"NRF", 1962, p. 124, grifo de Martin Heidegger). (N. E.)
Jacques Derrida :: 77
19
No original, "trace", que vem sendo traduzido por "rastro" na obra de
Derrida em português, por oposição a "trait", traduzido em geral por
"traço", como farei logo adiante. (N. T.)
80 " Pensar em não ver
21
Derrida diz aqui "et ça nous regarde à tous les sens du terme", explicitando
o duplo sentido do verbo "regarder", que significa tanto "olhar" quanto
"concernir". (N. T.)
22
Na versão publicada em Annali, pode-se ler: "Nada tenho a inventar a esse
respeito". Talvez seja um erro na audição da gravação. (N. E.)
84 :: Pensar em não ver
25
Cf. Jacques Derrida. Le Toucher, Jean-Luc Nancy. Op. cit., p. 93, nota 1,
p. 165 et seq., p. 211-243. (N. E.)
86 - Pensar em não ver
26
Cf. Hélène Cixous. "Savoir". Em: Voiles, com Jacques Derrida. Paris:
Galilée, col. "Incises", 1998, p. 11-19. (N. E.)
Rastro e arquivo, imagem e arte.
Diálogo
92
1
Cf. Wailleurs, Derrida, filme escrito e realizado por Safaa Fathy (La Sept
ARTE, Gloria Films, França, 1999, 67 min 57 sec). [Como se discutirá
94 " Pensar em n ã o ver
também a ela por nos ter dado o direito de ver esse filme, que é
um belíssimo filme, como os senhores verão. Depois haverá um
rápido coquetel. A partir de 20 h, no máximo, estabeleceremos
um diálogo filosófico, como combinamos com Jacques
Derrida. E a partir de 22h30min ou 23h, haverá uma discussão
inteiramente livre, com uma festa, na qual beberemos um
pouco de champanhe. Como lembrava Jean-Michel, esta noite
faremos duas coisas: primeiramente, encerraremos as atividades
do Colégio Icônico deste ano 2001-2002, e quero agradecer a
todas as pessoas que participaram este ano dessas atividades,
dedicadas, como nos outros anos, à imagem. A segunda coisa é
que estamos festejando à nossa maneira os dez anos da Inateca,
os dez anos da lei de 20 de junho de 1992, que estende o depósito
legal ao rádio e à televisão numa perspectiva patrimonial e de
pesquisa. Patrimônio, pesquisa, voltaremos, talvez, a essas
palavras. O senhor aceitou vir trabalhar conosco não para
fazer uma conferência - o que seria, talvez, mais fácil, se ouso
dizê-lo, pois com uma conferência sabemos o que se passa, nós
a redigimos e a lemos - mas para pensar problemas que vamos
submeter ao senhor. Problemas relativos ao filme, à imagem, à
fotografia, ao arquivo, à arte. Problemas que trabalhamos aqui
de um jeito ou de outro há alguns anos. Poderíamos dar como
mais adiante neste "Diálogo", o título do filme pode ser traduzido de pelo
menos duas maneiras: Aliás Derrida e Dalhures Derrida. Optei, então,
por deixar o título no original. Ao longo do texto traduzirei o termo
"d'ailleurs" de acordo com o contexto preciso da discussão. (N. T.)] Cf.
também sobre esse filme Jacques Derrida e Safaa Fathy. Tourner les tnots.
Au bord d^un film. Paris: Galilée e ARTE Éditions, col. "Incises", 2000.
Nascida em 1958 em El Minya, no Egito, Safaa Fathy é cineasta e autora
de três coletâneas de poemas, entre as quais... et une nuits (Le Caire,
1996), Les Petites Poupées en bois (Le Caire, 1998), e de duas peças
de teatro: Terreur e Ordalie (Éditions Lansman, 2002). Realizadora do
documentário D'ailleurs, Derrida, ela fez também Nom à Ia mer (29 min),
filme em que Jacques Derrida lê seus poemas, e De tout coeur (54 min),
no qual, em três tempos, ele analisa o motivo do coração (em especial na
ocasião de um diálogo com Jean-Luc Nancy). Safaa Fathy foi também
responsável pelas gravações em vídeo de uma seleção de leituras públicas,
conferências, painéis e discussões, cerimônias de Jacques Derrida no
período 2000-2004. (N. E.)
Jacques Derrida :: 95
3
Cf. Jacques Derrida. Mal d'archive. Paris: Galilée, col. "Incises", 1995.
(Mal de Arquivo. Uma impressão freudiana. Tradução de Cláudia de
Moraes Rego. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.) (N. E.)
Jacques Derrida :: 97
4
Cf. Jacques Derrida. Donner le temps, 1. La fausse monnaie. Paris:
Galilée, col. "La philosophie en effet", 1996. (N. E.)
98 " Pensar em não ver
Alusão a uma passagem dofilmeque será comentada mais adiante. (N. T.)
102 " Pensar em não ver
era também a lei que regia a fala discursiva, a fala em suma que
é minha fala habitual, que é a fala de um professor de filosofia,
de alguém que faz conferências, que em geral fala em situações
institucionais bastante particulares, essa palavra tinha sido
deportada. E a deportação da fala submetida à lei icônica não
somente era de algum modo posta em prática pelo filme, como
também era o próprio tema do filme. A deportação, todas as
deportações, todos os deslocamentos, o exílio, "o alhures", o
"dalhures", o alhures do "dalhures", a digressão, o a mais, o
dalhures, o vindo dalhures, a outra parte, a outra parte de mim
mesmo, tudo isso era ao mesmo tempo a temática e o ato, a
prática do filme. E devo dizer que, Safaa Fathy está aqui e pode
dar testemunho disso, entrei nessa experiência a contragosto,
com muita preocupação, resistência e crispação. Não foi
durante a experiência da filmagem, mas após o encontro da
montagem, do trabalho feito, do qual não participei de nenhuma
maneira, foi diante do trabalho feito que compreendi o que não
compreendi durante a filmagem, o que estou tentando explicar,
isto é, esta autoridade do icônico sobre o verbal, ou sobre o
escrito. Então, naturalmente, se digo que foi a posteriori que
gostei do trabalho dela, que o admirei, é porque a fala, ao
mesmo tempo em que estava assim assujeitada à imagem, ao
icônico, não se achava ali, contudo, violentada. E com isso
quero dizer que, por causa do tempo, do andamento, por causa
da arte da interrupção, da arte da metonímia, isto é, do
alinhavar, suponho que todo mundo viu isso, há uma temática
muito organizada que é alinhavada do começo ao fim, o que
poderíamos chamar de "circuncisão", "sobrevivência",
"espectralidade", "marranismo", "o sublime", toda essa trança
de temas é alinhavada no filme, com muita discrição mas com
muita segurança, e se não houve violência em relação à palavra,
foi porque a reserva de palavra era dada a ouvir ou a pressentir.
Quero dizer com isso (os senhores me dirão se o que eu digo vai
ao encontro do sentimento ou da experiência de cada um) que
era possível sentir que a fala era retida no próprio momento em
que era desarmada, exposta à improvisação absoluta, ela era
retida, reservada, havia coisas a dizer que permaneciam ali em
potência, mas em todo caso não reprimidas, não oprimidas ou
não interditas. Vou tomar um ou dois exemplos, pois de
Jacques Derrida " 103
Jacques Derrida e Safaa Fathy. Tourner les mots. Au bord d'un film. Op.
cit. A expressão "tourner les mots" é bastante rica de sentidos, como
Derrida explicitará a seguir. Significa imediatamente "rodar" no sentido
do cinema, isto, é "filmar", mas também "contornar", no sentido em que
se contorna um obstáculo, ou ainda "tornear", "modelar"... (N. T.)
104 :: Pensar em não ver
7
Cf., entre outros textos de Jacques Derrida sobre essa questão, De l'esprit.
Heidegger et Ia question. Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 1987,
p. 76 et seq.; Aportes. Mourir - s'attendre "aux limites de Ia vérité". Paris:
Jacques Derrida :: 105
vou fazer, não quero fazer, mas, em todo caso, para mim, ao
ver o filme, fico com a impressão de que essa interrupção não
me violentava, que ficava bem como estava, que havia os peixes,
a imagem dos peixes, e que era bom assim, e que a fala não era
violentada pela imagem, que a fala era filmada. Então,
evidentemente, com as mesmas palavras, com a mesma fala, era
possível fazer outros filmes, outras imagens. Nesse caso, há a
escolha, a assinatura da autora do filme, que não é a minha, e
que tem, por uma compreensão múltipla, que é ao mesmo
tempo a inteligência de que eu sou ou do que escrevo, mas
também a inteligência do filme a ser feito, daquilo que ela
queria fazer, pois esse filme é simultaneamente um retrato de
mim e um autorretrato da autora do filme, que escolheu seus
temas, que os escolheu no momento em que me interrogava,
mas que, em seguida, no material considerável - uma vez que
isto representa apenas 10%, enfim, uma pequena porcentagem
do material original - , escolheu seus temas. Foi o que eu disse
a ela no início: "A senhora vai selecionar, a senhora vai escrever
seu texto, a senhora vai assiná-lo, e é de certa maneira um
autorretrato de Safaa Fathy, indissociavelmente". E aí houve, eu
não diria um contrato, em geral não acredito nos contratos,
mas houve, na dissimetria de que também falo (em dado
momento falo da dissimetria relativamente à circuncisão,
estamos submetidos dissimetricamente a uma lei), na dissimetria
mútua, de certa maneira, um acordo, de que ela manteve a
iniciativa e o segredo, e que resultou nesse filme. Houve um
acordo/acorde,8 ao mesmo tempo no sentido da aliança e no da
música.
Eu não sei se respondi à primeira questão, mas para
poupar tempo, poupar-lhes tempo, poupar-nos tempo, passo
muito rapidamente à segunda, sobre o privado e o público.
10
Cf., entre outros textos de Jacques Derrida, "'II faut bien manger' ou le
calcul du sujet", conversa com Jean-Luc Nancy, em Points de suspension.
Entretiens. Seleção de Elisabeth Weber. Paris: Galilée, col. "La philosophie
en effet", 1992, p. 283; Spectres de Marx. UEtat de Ia dette, le travail du
deuil et Ia nouvelle Internationale. Paris: Galilée, col. "La philosophie en
effet", 1993, p. 148 (Espectros de Marx. Tradução de Anamaria Skinner.
Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1993); e Échographies - de Ia télévision.
110 :: Pensar em não ver
11
Quadro de El Greco, que se encontra na Igreja de São Tome, em Toledo,
na Espanha. (N. T.)
114 " Pensar em não ver
condição mínima, é não apenas não ser nem cego nem surdo,
mas também conhecer a língua francesa, e recordo-me de uma
discussão que ocorreu por iniciativa do canal Arte, na ocasião
do lançamento do filme, em que alguém, um diretor do canal
Arte (de cujo nome não me lembro, não era Thierry Garrei, que
tinha justamente um ponto de vista oposto), preocupava-se,
quando o filme ainda não havia passado, com o fato de que o
filme fosse tão ligado à língua francesa, não apenas porque nele
se falava francês, mas também porque se citavam textos muito
franceses, muito marcados, muito idiomáticos, com o fato de
que o filme corria o risco, por causa da extensão de algumas
citações, de não ser bem recebido, por exemplo, na Alemanha,
uma vez que se tratava de Arte, e que o primeiro país em que
se passaria o filme seria a Alemanha. Portanto, fomos muitos
a tentar convencê-lo de que não apenas isso não devia ser um
obstáculo, mas de que era a coisa interessante a ser tentada, fazer
com que as palavras, e as palavras mais idiomáticas, até mesmo
as mais intraduzíveis, graças a um trabalho de legendagem,
passassem como imagens. Isto é, as próprias palavras, em seu
caráter intraduzível, precisamente porque eram intraduzíveis,
deviam funcionar, se podemos dizer, como imagens. Eles iriam
ouvir palavras, quer as entendessem ou não. Aliás, até mesmo
em francês, nem todo mundo entende, ninguém entende tudo,
nem todo mundo entende tudo o que se diz, mesmo entre os
espectadores cultos, nem todo mundo entende tudo. E quando
não se entende tudo de uma linguagem, o que acontece o tempo
todo, mesmo quando se é muito inteligente e muito culto, nunca
se entende tudo, isso quer dizer que a palavra funciona como
uma imagem. Ela conserva sua reserva discursiva, sua reserva
de pensamento, sua reserva teórica, filosófica, tudo o que os
senhores quiserem, mas ela está ali em primeiro lugar como
uma imagem, e é isso que faz obra. É isso, então, o que penso
quando me revejo.
12
Derrida refere-se aqui ao termo "quête", utilizado por Patrick Charaudeau,
e usado em francês em expressões como "Ia quête du Graal", "a busca do
Graal", por exemplo. (N. T.)
120 - Pensar em não ver
15
Michèle Katz faz aqui um comentário sobre a tradução alemã de "rastro"
("trace"), "Abdruck", do verbo "abdrücken", "imprimir", "moldar" ou
"carimbar", mas também "atirar para longe", "saltar para fora" ou "atirar
com uma arma". (N. T.)
124 " Pensar em não ver
16
No original, respectivamente "itnpression", cuja conotação abstrata é mais
usual, e "empreinte", que tem caráter mais concreto. (N. T.)
17
Cf. Jacques Derrida. Mal d'archive. Op. cit., p. 36 et seq. (N. E.)
Jacques Derrida :: 125
Cf. Jacques Derrida. Donner Ia tnort. Op. cit., p. 30. (N. E.)
128 - Pensar em não ver
23
Cf. Jacques Derrida. "Le futur antérieur de Parchive", em: Questions
d'archives. Nathalie Léger (Org.). Paris: Editions de l'IMEC, col.
"Inventaires", 2002, p. 41-50. (N. E.)
Jacques Derrida " 133
24
A evocação do jogo de palavras entre a expressão "se tenir à carreau"
e a que se segue - "tenir au carreau" - vem pelo fato de que "carreau"
significa primeiramente "ladrilho". (N. T.)
Jacques Derrida :: 135
25
Trata-se, na verdade, de "Fors", prefácio de Jacques Derrida ao livro
Cryptonymie. Le Verbier de VHomme aux loups, de Nicolas Abraham
e Maria Torok (Paris: Flammarion, col. "Champs", 1998, p. 9-73). (N.
E.) Cf. também Nicolas Abraham ôc Maria Torok. UEcorce et le noyau.
Paris: Flammarion, 1978. Edição ampliada em 1999, com prefácio de
Nicholas Rand. (A casca e o núcleo. Tradução de Maria José R. Faria
Coracini. São Paulo: Escuta, 1995). (N. E.)
26
Cf. Jacques Derrida. "Le Facteur de Ia vérité". La carte postale. De
Socrate à Freud et au-delà. Paris: Flammarion, col. "La philosophie en
effet", 1980. (O cartão-postal: de Sócrates a Freud e além. Tradução
de Simone Perelson e Ana Valéria Lessa. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2007). (N. E.)
136 :: Pensar em não ver
29
W. Shakespeare. Hamlet, Ato I, cena 5: "The time is out of joint" ("O
tempo está fora do eixo"). Essa expressão é longamente comentada por
Jacques Derrida em Spectres de Marx. Op. cit., p. 41 et seq. (N. E.)
138 :: Pensar em não ver
30
Cf. Jacques Derrida. La voix et Ia phénomène. Introduction au problème
du signe dans Ia phénoménologie de Husserl. Paris: PUF, 1967. (A voz e
o fenômeno. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 1994.) (N. E.)
31
"Cbanger d'images", curta-metragem de 1982. (N. T.)
Jacques Derrida :: 141
32
Cf. Jacques Derrida. "Le Facteur de Ia vérité". La carte postale. De
Socrate à Freud et au-delà. Op. cit., p. 511 et seq., e "Pour 1'amour
de Lacan", em Résistances de Ia psychanalyse (Paris: Galilée, col. "La
philosophie en effet", 1996, p. 75-79). (N. E.)
Jacques Derrida :: 143
"lllustrer, dit-il". Texto publicado em 1979 pelo Centro Georges Pompidou (Paris:
Musée National d'Art Moderne; retomado em Psyché. Inventions de 1'autre. Paris:
Galilée, col. "La phiiosophie en effet", 1987, p. 105-108). Jacques Derrida apresenta-o
assim: "Ele acompanhava, em Ateliers Aujourd'hui, uma exposição conjunta de
alguns manuscritos de meu livro Éperons, Les styles de Nietzsche (Paris: Flammarion,
1978) (Esporas. Os estilos de Nietzsche. Tradução de Rafael Haddock-Lobo e Carla
Rodrigues. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2012) e de desenhos a pena de François
Loubrieu, destinados, segundo as palavras do autor, a 'ilustrar' o livro." (N. E.)
:: 149
7
Cf. Jacques Derrida. De Ia grammatologie. Paris: Minuit, col. "Critique",
1967, p. 296 et seq. (Gramatologia. Tradução de Miriam Schnaiderman
e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva; Editora da Universidade
de São Paulo, 1973 (reed. 1999).). (N. E.)
Cf. Jacques Derrida. "Cartouches", no catálogo Gérard Titus-Carmel,
The Pocket Size Tlingit Coffin. Paris: Musée national d'art moderne,
Centre Georges Pompidou, 1978; retomado em La Vérité en peinture. Op.
cit., p. 211-290. (N. E.) [Gérard Titus-Carmel (1942) é pintor, desenhista
e gravador francês. (N. T.)]
9
Cf. Jacques Derrida. "+R (par-dessus le marche)", em Derrière le miroir.
Paris: Éditions Maeght, 1975, n.214, por ocasião da exposição Le Voyage
du dessin, de Valerio Adami; retomado em La Vérité en peinture. Op.
cit., p. 169-209. (N. E.)
Jacques Derrida :: 1 6 7
10
Cf. Jacques Derrida, "Forcener le subjectile", Étude pour les Dessins et
Portraits d'Antonin Artaud, com Paule THÉVENIN. Paris: Gallimard,
Munich, Schirmer/Mosel Verlag Gmbh, 1986, p. 55-108. Jacques Derrida
dedicou em 2002 um outro texto aos desenhos de Artaud: Artaud le
Morna (Paris: Galilée, col. "Écritures/Figures"). (Enlouquecer o Subjétil.
Tradução de Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Ateliê Editorial Ltda.,
Editora da UNESP; Imprensa Oficial do Estado, 1998.) (N. E.)
11
François Martin é artista e professor da Escola Superior de Arte de Le
Havre e da Escola Nacional Superior de Fotografia de Aries. (N. T.)
Cf. Jacques Derrida. Lignées, dans Mille e tre. Cinq, com Micaèla Henich,
Bordeaux: William Blake &c Co., 1996. Além de Jacques Derrida, os
quatro autores solicitados para esse projeto foram Dominique Fourcade,
Michael Palmer, Tom Raworth e Jacques Roubaud. (N. E.)
168 :: Pensar em não ver
13
Em maio de 1991, no momento da conferência, Lignées estava certamente
concluído, uma vez que o texto data de abril de 1991. (N. E.)
170 " Pensar em não ver
18
No original, "pleurantes", substantivo que evoca também em francês
uma figura da estatuária. (N. T.)
19
Cf. Femme au pied de Ia croix, de Daniele da Volterra. Em: Jacques
Derrida. Mémoires d'aveugle. Op. cit., p. 127, 129. (N. E.)
Jacques Derrida :: 179
20
Jacques Derrida hesita aqui. De fato, trata-se na Bíblia da "pele dos
cabritos": "Com a pele dos cabritos, ela lhe recobre as mãos e a parte
glabra do pescoço". (Gênese, 27,16, em La Bible, t. 1. Tradução francesa
de Édouard Dhorme. Paris: Gallimard, col. "Bibliothèque de Ia Pléiade",
1956, p. 86).
182 :: Pensar em não ver
21
De Baudelaire, Jacques Derrida cita o poema "Os cegos" e uma passagem
de "A arte mnemônica". Cf. Jacques Derrida. Mémoires d'aveugle. Op.
cit., p. 51-53. (N. E.)
Jacques Derrida "183
22
Maurice Merleau-Ponty. Le visible et Vinvisible seguido de Notes de
travail. Claude Lefort (Org.). Paris, Gallimard, col. "Bibliothèque des
idées", 1964. Jacques Derrida comentará longamente esse texto em Le
Toucher, Jean-Luc Nancy, acompanhado de trabalhos de leituras de
Simon Hantai. Paris: Galilée, col. "Incises", 2000, particularmente p. 93,
nota 1, p. 165 et seq., p. 211-243. (N. E.)
23
Cf. Aristóteles. De Vâme, 418b. Tradução francesa de J. Tricot (Paris:
Vrin, col. "Bibliothèque des textes philosophiques - Poche", 1995, p. 107
e p. 106): "ainda que visível, [o diáfano] não é visível por si, mas com o
auxílio de uma cor estrangeira; é graças a ele, apenas, que a cor de todo
objeto é percebida". Cf. Jacques Derrida. "Introduction". Em: Edmund
Husserl. Uorigine de Ia géométrie. Op. cit., p. 152. (N. E.)
184 :: Pensar em não ver
24
No original, "voyant-voyant", expressão forjada por Derrida a partir de
"donnant-donnant", usada em seguida, e que é dicionarizada. (N. T.)
188 " Pensar em não ver
26
Seguiu-se uma discussão, que não foi transcrita aqui, com os participantes
do seminário. (N. E.)
Pregnâncias.
Sobre quatro aguadas de Colette Deblé
192
Este texto foi primeiramente publicado, em tiragem limitada, pela editora Brande,
sobre papel vergê com quatro aguadas de Colette Deblé reproduzidas em papel
vegetal. Ele foi retomado em Prégnances. Lavis de Colette Deblé. Peintures (Mont-
de-Marsan: UAtelier des Brisants, 2004), e na revista Littérature (Paris), n. 142, "La
différence sexuelle en tous genres", número coordenado por Mireille Calle-Gruber,
junho de 2006, p. 7-15. (N. E.)
9
No original, "d'après". Derrida joga em seguida com o sentido do termo
"après", "depois". (N. T.)
10
No original, "tfapprêt", ecoando ainda a expressão "d'après". (N. T.)
11
Derrida joga neste parágrafo e no próximo com o sentido jurídico do
verbo citar. (N. T.)
Jacques Derrida :: 1 9 7
12
No original, "empreintes", remetendo ao sentido concreto, gráfico, do
termo. (N. T.)
198 " Pensar em não ver
13
No original, "vol", que parece guardar aqui esse duplo sentido. (N. T.)
14
"A citação pictórica não poderia ser uma citação literal como é a citação
literária, pois ela passa pela mão e pela maneira de citar." Colette Deblé.
Lumière de l'air. Op. cit., p. 15.
Jacques Derrida :: 1 9 9
15
Les Métamorpboses. Tradução francesa de Jacques Chamonard. Paris:
Flammarion, col. "Poésie", p. 99. [As metamorfoses de Ovídio (3, 465):
"Ah se eu pudesse me separar do meu corpo!". (N. T.)]
16
Ibid., (3, 380, 386-387). (N. T.)
2 0 0 :: Pensar em não ver
20
Alusão a uma nota de Sigmund Freud: "Psyche ist ausgedehnt: weiss
nichts davon", "escrita em 22 de agosto de 1938, um ano antes de sua
morte", e publicada postumamente em Schriften aus dem Nachlass, (1941,
Gesammelte Werke. v. XVII, p. 152), passagem que Jacques Derrida cita
e comenta longamente em Le Toucher, Jean-Luc Nancy. Paris: Galilée,
col. "Incises", 2000, p. 21 et seq. Cf. também seu comentário do feri
Psykhès de Aristóteles, 429 b-430a, em De Anima, De Vâme (II, 11).
Texto estabelecido por A. Jannone. Tradução francesa e notas de E.
Barbotin. Paris: Les Belles Lettres, col. "Budé", 1966, p. 14-17, 21-31.
(N. E.)
Jacques Derrida :: 203
não tem contrário: um sexo não tem contrário, vejam so, essa e
a verdade, seria preciso saber se habituar a isso ou agir a partir
disso). E se o corpo da mulher é mais um corpo e, portanto,
cada vez mais mal nomeado (esse seria, talvez, a trama dessa
exposição, o nó de uma intriga que a desenhista conta, analisa
ou desfaz em silêncio), é porque essa memória da representação,
esse museu acadêmico da feminilidade, terá, talvez, tudo
calculado, por e contra a sua verdade: para ocultá-la exibindo-a,
para violentá-la à força de respeito ou de interdição. A ironia de
Colette Deblé pode não apenas jogar a verdade contra a verdade:
sob o aguaceiro ou no momento do banho, ela des-pinta, veste
e desveste, ela desfaz a pintura e depois refaz tudo, dando a
ver o que vê através da própria visão, através do vidro de sua
janela ou do olho de um telescópio. Pois ela é uma visionária
dos corpos, meio louca, meio alucinada, ela morre de rir a cada
uma das aparições, como se não esperasse ver, ela mal crê no
que acabou de ver, através do que ela vê - e que nós vemos
aqui: através, através da citação amniótica, da fixação em
imagem ecográfica ou da alucinação onirradiográfica, vemos
esse através, esse através do que ela dá a ver, por exemplo, Leda
bebendo como um mata-borrão no Cisne de Veronese que ela
toma em sua boca, ou ainda (como uma outra visita) a Vênus
levitando de Lorenzo Lotto, ou as Três Graças de Rubens no
Prado, essa cinematografia de uma roda, de mais de uma roda,
isso se mexe e continua a dançar. Vejam que ela vê através,
vê o que ela atravessa, através dela, através da travessia, a
nado, o "através" que é seu próprio gesto, seu ductus ou seu
gênio, seu poderoso través de pintora-desenhista. Ela própria
escreve e descreve seu través, seu amor pela travessia, em plena
água, "através" - e é assim que ela faz trabalhar a citação
em pintura, o trabalho da citação como trabalho de parto.
Trabalho de uma parturiente. Lembrado ou antecipado na
pregnância das gerações. O trabalho através mas através de
elementos sem resistência aparente: o ar e a água para um peixe
voador, o deslocamento sensual de um mamífero oceânico ao
mesmo tempo muito pesado e infinitamente leve. Essas coisas
elementares, esses meios são ainda mais difíceis de dizer e de
mostrar, pois são diáfanos e simples como o dia, efêmeros
como o aguaceiro. Gramática das gerações. Sericitação: "[...]
204 :: Pensar em não ver
21
Colette Deblé. Lumière de Vair. Op. cit., p. 15, grifo nosso.
22
Ibid., p. 15.
23
Ibid., p. 2 3.
Jacques Derrida :: 205
24
As Metamorfoses de Ovídio (3, 501): "E quando ele disse 'adeus', 'adeus
disse Eco também'". (N. T.)
Salvar os fenômenos.
Para Salvatore Puglia
208
3
"Apodôsein ta phenomena" (Aristóteles. Métaphysique. Tradução
francesa de J. Tricot, t. II. Paris: Vrin, 1991 [1940], p. 180-181. Tricot
traduz essa frase por "rendre compte des phénomènes" ["dar conta dos
fenômenos"]. (N. E.)
Jacques Derrida :: 2 1 1
4
No original, "un petit homme, le petit d'homme". Derrida alude, talvez,
aqui a uma frase atribuída a Rousseau: "Le petit d'homme n'est pas un
petit homme": "o filhote de homem não é um homem pequeno". (N. T.)
212 " Pensar em não ver
5
No original, "Ia cendre rrfaime", onde se ouve também "Ia cendre même",
o que daria "a própria cinza". (N. T.)
6
No original, "les tnots s'emblenf''. Derrida joga com os verbos "embler",
"roubar", e "sembler", "parecer". (N. T.)
Jacques Derrida :: 213
Não é?
"[...] elas não soam, elas parecem palavras [...]". (N. T.)
No original, "résonner". Mas não se pode evitar ouvir o verbo homônimo
"raisonner", que significa "refletir", "raciocinar". (N. T.)
9
Cf. Jacques Derrida. La carte postale. De Socrate à Freud et au-delà.
Paris: Flammarion, col. "La philosophie en effet", 1980. (O cartão-
postal: de Sócrates a Freud e além. Tradução de Simone Perelson e
Ana Valéria Lessa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.) "S." e
"P.", Sócrates e Platão, mas também "sujeito" e "predicado", Shem the
penman et Shaun the postman, Sword et Fen (ibid., p. 155), sp (spéculer
[especular], idealismo especulativo), p. s. (postal service ) (ibid., p. 176),
em suma, toda "a estrutura cartãopostalada [cartepostalée] da letra"
(ibid., p. 99). (N. E.)
214 :: Pensar em não ver
Parece, não é?
Uma obra como essa pode ser primeiramente lida, não é?,
como uma homenagem fúnebre ao velho casal: não a S. e P. mas
a Dichtung und Wabrbeit10 e talvez melhor ainda a Dichten und
Denken,11 à aliança entre a poesia e o pensamento. Essa aliança
só pôde ser selada no advento do intraduzível. É poético o que
dá a pensar a língua nesse lugar em que o idioma absoluto, isto
é, o nome próprio, chama e limita ao mesmo tempo a tradução.
10
Referência ao livro de memórias de Goethe, Dichtung und Wahrheit
(Poesia e verdade). [Memórias: Poesia e Verdade. Tradução de Leonel
Vallandro. Brasília: Editora UnB/HUCITEC, 1986). (N. T.) A expressão
"poesia e verdade" será retomada numa "tradução modesta, anacrônica
e desajeitada, mas deliberadamente falseada" por Jacques Derrida em
Demeure - Maurice Blanchot (Paris: Galilée, col. "Incises", 1998, p.
9-11): "Dichtung und Wahrheit", "Fiction et témoignage" ["Ficção e
testemunho"]. (N. E.)
11
Poetar e pensar, paronomásia que está no centro da discussão formulada
por Heidegger. Ver, por exemplo, a conferência "A Palavra", sobre a
poesia de Stefan Georg, proferida originalmente sob o título "Dichten
und Denken. Zu Stefan Georges Gedicht Das Wort" ("Poetar e pensar.
Sobre o poema 'A palavra' de Stefan Georg"). Martin Heidegger. A
caminho da linguagem. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback.
Petrópolis: Editora Vozes, 2003. (N. T.)
Jacques Derrida :: 215
Certamente.
12
No original, "s'en-toure". Derrida decompõe, assim, o verbo "s'entourer",
"cercar-se", evocando a raiz "tour", que se traduziria, no contexto da
frase, por "torre", alusão que, em português, exigiria um neologismo,
algo como "se en-torrece". (N. T.)
216 " Pensar em não ver
16
Trata-sedeuma passagem doPerihermeneias de Aristóteles freqüentemente
comentada por Jacques Derrida em seus últimos textos, especialmente a
respeito da distinção entre o logos apofântico (apophantikos) e o logos
semântico (sêmantikos). Cf. Aristóteles. De interpretatione, 4, 17 a 1.
Tradução francesa de J. Tricot. Em Organon, II. De 1'interprétation, Paris:
Vrin, 1966, citado por J. Derrida no seminário La bete et le souverain.
Volume II (2002-2003). Michel Lisse, Marie-Louise Mallet e Ginette
Michaud (Org.). Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 2010, p.
302, p. 306. (N. E.) [Na passagem em questão, Aristóteles afirma: "a
prece é certamente frase, mas não é nem verdadeira nem falsa. Cf. De
interpretatione. Em: ANGIONI, I. (tradução e organização) Ontologia e
predicação em Aristóteles. Campinas: Unicamp, 2000, 17a 4. (N. T.)]
218 " Pensar em não ver
17
"Língua pura", em alemão. (N. T.)
18
Cf. Martin Heidegger. "UOrigine de l'ceuvre d'art". Ckemins qui ne
mènent nulle part. Tradução francesa de Wolfang Brokmeier. François
Fédier (Org.). Paris: Gallimard, 1962, p. 99-146 (A origem da obra de
arte. Tradução de Manoel de Castro. Lisboa: Edições 70, 2010). (N. E.)
Jacques Derrida :: 2 1 9
19
Referência à famosa frase de Cézanne, escrita em uma carta a Claude
Bernard, pouco antes de morrer: "Eu lhes devo a verdade em pintura, e
eu a direi". Paul Cézanne. Correspondance. Carta de 23/10/1905. Paris:
Grasset, 1978, p. 315. Derrida retorna a essa frase em La vérité em
peinture. Paris: Flammarion, 1978. (N. T.)
20
No original, "incisenère", aparentemente um neologismo composto a
partir dos verbos "inciser", "incisar" e "incinérer", "incinerar". (N. T.)
21
O nome do quadro é "Hors d'attente", alusão à expressão "hors
d'atteinte", "fora de alcance". (N. T.)
22
No original, "salut", que tem os dois sentidos. (N. T.)
220 - Pensar em não ver
23
No original, "dé-montre". Derrida explicita aqui a dimensão negativa
em relação a "montrer", "mostrar", contida no verbo "détnontrer",
"demonstrar". (N. T.)
24
No original, "dé-signe". Analogamente, Derrida explicita aqui a
dimensão negativa em relação a "signer", "assinar", contida no verbo
"designer", "designar". (N. T.)
25
No original, "pseudo-speudonymise", verbo inventado por Derrida,
composto de "pseudônimo", de que ele extrai "pseudonomizar", com
"speudo", em grego, "pressa". Além da retomada do jogo com as letras S
e P, recorrente neste texto. (N. T.)
26
"Dizer, mostrar, signo, desenhar" em alemão. (N. T.)
Jacques Derrida " 221
29
Em francês "petit frondeur à Ia lettre". "Frondeur", soldado da Fronda,
insurreição ocorrida na França durante a menoridade de Luís XIV.
Referência a Georg Büchner (1813-1837), dramaturgo alemão, autor,
dentre outras peças, de A morte de Danton e Woyzeck, e do fragmento
em prosa, Lenz, citado por Derrida, sobre a vida de Jakob Michael
Reinhold Lenz, dramaturgo, poeta e romancista, o Sturm und Drang, o
amigo louco de Goethe. Büchner desenvolveu atividades revolucionárias,
em Estrasburgo, onde foi estudante, escrevendo panfletos políticos, tendo
que fugir da prisão. Morreu com 23 anos, de tifo. (N. T.)
30
Guillaume Apollinaire. "II pleut". Sic, n 12, dezembro de 1916; retomado
em Calligrammes, 1918 (Paris: Gallimard, col. "Poésie", 1966, p. 64).
(N. E.)
Jacques Derrida " 223
31
No original, "Scène Primitive", permitindo uma vez mais a abreviação S.
P. (N. T.)
32
Em conhecida análise do famoso caso clínico do "Homem dos Lobos",
Serge Leclaire mostra que, ao arrancar-se o W (também de "Wolf",
"lobo") de "Wespe", chega-se a "es-pe", S. P., iniciais de Sergei Pankejeff,
nome próprio do "Homem dos Lobos". (N. T.)
33
H. B. em francês se lê [a/b], remetendo, portanto, a Ashbox. (N. T.)
2 2 4 :: Pensar em não ver
34
No original, "cadeau". Na seqüência, Derrida usará o termo "présent",
que remete mais ao sentido temporal de presente, ainda que guarde, em
registro mais formal, o sentido de "cadeau", isto é, de objeto oferecido a
alguém. (N. T.)
Jacques Derrida " 225
Jacques Derrida, "Le dessin par quatre chemins". Annali [Fondazione Europea
dei Disegno, Fondation Adami, Milão, Bruno Mondadori Editori], 2005/1, p. 3-5. Este
texto foi primeiramente publicado em Institut du Dessin - Fondation Adami, Milano,
Skira Editore, 1996 (em traduções em italiano, inglês e alemão na mesma obra). (N. E.)
::229
1
Cf. Louis Aragon. HenriMatisse, roman. Paris: Gallimard, col. "Quarto",
1998 [1971], p. 224. Grifo de Henri Matisse. (N. E.)
230 " Pensar em não ver
Cf. Jacques Derrida. Glas. Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet",
1974. (N. E.)
Ibid., p. 219 b. "J'oubliais. Le premier vers que j'aie publié: 'G/w de l'étang
lait de ma mort noyée'." (N. E.) ["Eu estava esquecendo. O primeiro verso
que publiquei: 'Visco do charco leite de minha morte afogada'". (N. T.)]
Jacques Derrida :: 237
7
Alusão às duas entrevistas de Roger Lesgards e Vonick Morei que
precediam esta no livro. (N. E.)
Jacques Derrida " 243
"De uma certa maneira, o pensamento não quer dizer nada." Cf. Jacques
Derrida. De Ia grammatologie. Paris: Minuit, col. "Critique", 1967, p.
142. (Gramatologia. Tradução de Miriam Schnaiderman e Renato Janine
Ribeiro. São Paulo: Editora Perspectiva e Editora da Universidade de São
Paulo, 1973 (reed. 1999)). (N. E.)
Da cor à letra
250::
"De Ia couleur à Ia lettre". Em: Atlan grand format. Paris, Gailimard, 2001,
p. 8-27. (N. E.)
::251
1 Visões, Terrores
1
Cf. apresentação de Jean-Michel Atlan em "Sobre os artistas", ao final
deste volume. (N. T.)
252 :: Pensar em não ver
Atlan nota, por exemplo, em um dos textos reunidos sob o título "Os
ditos do pintor": "O problema dos títulos é, de fato, irritante. Eu os dei
em outros tempos. Volto a dá-los hoje. Aconteceu-me ficar com preguiça
de procurá-los. No entanto, o título é necessário. Primeiramente por uma
razão prática. Dá-se um título a uma tela como se dá um prenome a uma
criança. É mais cômodo do que um número. Vê-se melhor mais tarde de
que tela se trata. Depois, o título dá ao espectador uma sugestão, uma
indicação poética. Não falemos de quadros 'com tema' em que o problema
está resolvido previamente, nem dessa técnica um pouco gasta, fácil mas
fastidiosa, do título pseudossurrealista". (Jean-Michel Atlan. "Les dits
du peintre". Em: J.-M. Atlan. Premières périodes, 1940-1954. Paris:
Adam Biro, 1989, p. 192). Haveria, portanto, uma estratégia retórica do
título e do sem-título em Atlan. Ela poderia dar lugar a uma taxonomia
sistemática (entre o significante simbólico - ou motivado - e o significante
arbitrário - ou aleatório - , entre o descritivo, o denotativo, o conotativo,
a metonímia, a sinédoque, a catacrese etc). A "sugestão" ou a "indicação
poética" podem jogar todos esses jogos, e bem perto de mim, o sonhador
não se privará disso.
5
Êxodo, XX, 4, 13. [La Sainte Bible. Tradução francesa de. Louis
Segond. Genebra: Société biblique de Genève, 2010 [1979], p. 99. (N.
E.)]. Cito um pouco arbitrariamente uma tradução convencional, a de
Segond. Sob o título "A lei do Pentateuco, a tradução da "Biblioteca de
Ia Pléiade" (Paris, Gallimard), sob a coordenação de Édouard Dhormes,
introduz a palavra "ídolo" e apaga "a pedra talhada": "Não farás ídolos,
nem nenhuma imagem..." [La Bible, t. 1. Tradução francesa de Édouard
Dhorme et ai. Paris: Gallimard, col. "Bibliothèque de Ia Pléiade", 1956,
p. 233. (N. E.)] "Não matarás." [Ibid., p. 234.] André Chouraqui, por
sua vez, reintroduz a pedra sob a forma da "escultura": "Não farás para
ti nem escultura nem imagem..." [...] "Não assassinarás." [La Bible.
Tradução francesa de André Chouraqui. Paris: Desclée de Brouwer,
2003 [1974-1996], p. 152. (N. E.)] Esta última precisão importa, pois
ela distingue o matar ou a matança em geral, o dar a morte em geral, do
assassinato. Deus poderá prescrever, pouco depois, que se dê a morte ao
assassino, o que seria inconseqüente com um "não matarás" em geral.
Ouso pensar que essas questões de tradução são também desafios para a
relação da pintura (a de Atlan em particular) com a figuração ou a não
figuração, mas também com a vida dada, com a vida tirada. Um certo
pensamento da vida (e, portanto, da psique, do sopro vital, da respiração
cadenciada) anima em Atlan seu conceito do ritmo ou da dança e seu
desafio constante do par abstração/figuração: "[...] é o ritmo que está
na origem do sopro e da vida, pois é o ritmo que inventa as formas, é
o ritmo que insufla na dança aquele algo sagrado que anima também
a pintura [...]. O pintor é antes de tudo um dançarino, um dançarino
"abstrato" que se lança no espaço da sua tela e que não pinta apenas
com os olhos mas com o movimento do corpo e dos músculos. O pintor
como o dançarino devem captar os ritmos essenciais, respirar com eles.
O ritmo, é claro, só existe para nós ao animar uma matéria [...] essa
matéria pictórica também vive. Ela é a carne do quadro". (J.-M. Atlan.
"Lettre à des amis japonais". Premières Périodes, 1940-1954. Op. cit.,
p. 204-205).
6
Êxodo, XXI, 12, tr. Segond. Op. cit., p. 100. "Quem quer que atinja
um homem, se este morrer, será morto." (tr. "Biblioteca de Ia Pléiade".
Op. cit., p. 236). "Quem atinge um homem que morre, venha a morrer,
morrerá." (tr. A. Chouraqui. Op. cit., p. 152). Sabe-se que Deus estende
essas condenações à morte bem além e ameaça com elas quem quer que
256 - Pensar em não ver
rapte um homem para vendê-lo, quem quer que mate ou maldiga pai e
mãe.
7
No original, "sont decides", em que podemos ler "decides" como adjetivo
(e nesse caso o verbo "être" funciona como um verbo de ligação) ou como
particípio (e temos aí a construção da frase na voz passiva). (N. T.)
8
Êxodo, XX, 19, tr. Segond. Op. cit., p. 100. "[...] que Deus não fale
conosco, pois temos medo de morrer." (tr. "Biblioteca de Ia Pléiade". Op.
cit., p. 234). "Que Elohim não fale conosco, para que não morramos." (tr.
A. Chouraqui. Op. cit., p. 152).
Jacques Derrida " 257
entre Deus e seu povo? Depois, "não mais ouvir" nem sempre
significa começar a ver, a pintar, a desenhar, a amarrar ou a
escrever.
Êxodo, XX, 18-19, tr. Segond. Op. cit., p. 100. "Ora, todo o povo via os
trovões e os fogos, o som da trompa e a montanha enfumaçada. O povo o
viu e eles tremeram e mantiveram-se a distância./ Então disseram a Moisés:
Fala conosco, tu, e nós te escutaremos; mas que Deus não fale conosco,
pois temos medo de morrer!", (tr. "Biblioteca de Ia Pléiade". Op. cit., p.
234). "Todo o povo vê as vozes, as tochas,/ a voz do chofar, a montanha
enfumaçada./ O povo vê. Eles se movem e se mantêm à distância. Eles
dizem a Moisés:/ Fala, tu, conosco e nós ouviremos./ Que Elohim não fale
conosco, para que não morramos!" (tr. A. Chouraqui. Op. cit., p. 152).
Jacques Derrida :: 259
11
Êxodo, XX, 20-21, tr. Segond. Op. cit., p. 100. "Não temais, pois é
a fim de pôr-vos à prova que Elohim veio e é a fim de que seu temor
esteja diante de vós para que não pequeis mais!/ O povo se mantinha a
distância." (tr. "Biblioteca de Ia Pléiade". Op. cit., p. 234). "Não tremais.
Sim, é para pôr-vos à prova que Elohim veio, e para que seu tremor esteja
em vossas faces,/ a fim de que não cometais faltas./ O povo se mantém a
distância..." (tr. A. Chouraqui. Op. cit., p. 152-153).
12
Êxodo, XX, 22-23, tr. Segond. Op. cit., p. 100. "Javé disse a Moisés:
"Assim falarás aos filhos de Israel [...]. Não fareis ao meu lado deuses de
prata e deuses de ouro, não fareis para vós", (tr. "Biblioteca de Ia Pléiade".
Op. cit., p. 234). "Dirás aos Benei Israel [...]. Não fareis, comigo, Elohins
de prata e Elohins de ouro, não os fareis para vós." (tr. A. Chouraqui. Op.
cit., p. 153).
13
Bem entendido, é para além de toda temática que se desdobra a força, e
se inscreve o acontecimento dessas obras. E em primeiro lugar suas cores,
se não seus traços. Mas o perigo da tematização espreita fatalmente
qualquer discurso, sonhador ou não, sobre essa pintura, principalmente
260 " Pensar em não ver
[Primeiro] Livro dos Reis, 19, 12. Citamos, na ordem, uma vez mais
as traduções de Segond (Op. cit., p. 415), da "Biblioteca de Ia Pléiade"
(Op. cit., p. 1116) e de Chouraqui (Op. cit., p. 659). ["Uma voz de fino
silêncio" (La Bible. Traduction cecuménique. Tradução francesa Bibli'o -
Société biblique française. Paris: Cerf, 2010 [1975], p. 431). (N. E.)]
2 6 2 :: Pensar em não ver
2 Desmedir a grandeza
18
No original, "joue de son nom", que poderia também ser traduzido
aqui por "brinca com seu nome". Mas optei pela semântica do "jogo",
explorada na seqüência do parágrafo. (N. T.)
Jacques Derrida " 263
19
No original, "sujet", que remete ambiguamente a "assunto", "tema", mas
também a "sujeito". (N. T.)
20
Permito-me remeter aqui à análise que dedico em outro lugar ("Le
colossal", no ensaio "Parergon", em La Vérité en peinture. Paris:
Flammarion, "Champs", 1978).
21
Emmanuel Kant. De Vévaluation des grandeurs des choses de Ia nature,
nécessaire à 1'idée de sublime, § 26, em Critique du jugement (Tradução
francesa de Jean Gibelin, 4. ed. Paris: J. Vrin, 1960, p. 100). Citado por
Jacques Derrida em "Parergon", em La vérité en peinture, op. cit., p. 143.
(N. E.)
264 - Pensar em não ver
22
E. Kant. Critique du jugement. Tradução francesa de Jean Gibelin, 4-
éd. Paris: J. Vrin, 1960, p. 100. (N. E.) [Proponho a tradução com base
na versão francesa utilizada por Derrida. Pode-se consultar a edição
brasileira em Immanuel Kant. Crítica da faculdade do juízo. 2. ed.
Tradução de Valério Rohden e Antônio Marques. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1995, p. 121. (N. T)]
Jacques Derrida " 265
Jacques Derrida. Khôra. Paris: Galilée, col. "Incises", 1993. Para esse
desvio "platônico", valho-me do que relata Kenneth White, no belo
estudo que dedica à vida de Atlan e que tem justamente por título "Une
Atlantide picturale, essai de biographie" ["Uma Atlântida pictórica,
ensaio de biografia"] (em: Kenneth White et Jacques Polieri. Atlan.
Catalogue raisonné de Vceuvre complete, Paris: Gallimard, 1996,
p. 47). "Desde suas aulas de filosofia, Atlan se interessava por Platão, pela
imagem... e por Atlântida." Cf. também p. 122.
266 :: Pensar em não ver
24
Timée, 22 d (CEuvres completes, t. X Tradução francesa de Albert
Rivaud. Paris: éd. Les belles Lettres, col. "Budé", Série grecque, 2002
[1925], p. 134).
25
Pode-se comparar, ao menos a título de curiosidade, tal passagem do
Timeu (25 c d) - sobre o silêncio de morte, o silêncio sem nome que
se segue ao cataclismo - ao do Livro dos Reis que citamos mais acima
para fazer ouvir a "voz de fino silêncio": "Mas no tempo que se seguiu,
houve tremores de terra assustadores e cataclismos. No espaço de um
único dia e de uma noite terríveis, toda a vossa armada foi engolida de
um só golpe pela terra, e da mesma maneira a ilha Atlântida abismou-se
no mar e despareceu. Eis por que, ainda hoje, aquele oceano é difícil e
inexplorável, pelo obstáculo dos fundos lodosos e muito baixos que a
ilha, ao ser engolida, depositou." [Ibid., p. 137. (N. E.)]
Jacques Derrida " 267
26
No original, "sw/eí". Aqui preferi a tradução "sujeito/objeto" para
manter viva a ambigüidade da formulação, freqüentemente explorada
por Derrida. (N. T.)
27
No original, "noir", igualmente "negro", como traduzo em seguida (N. T.)
268 " Pensar em não ver
29
Aqui Derrida joga com a ressonância entre "Dieu", "Deus", e "Lieu",
"Lugar". (N. T.)
30
Jean-Michel Atlan. "Les dits du peintre". Atlan, premières périodes,
1950-1954. Op. cit., p. 192. (N. E.)
Jacques Derrida '.: 271
31
No original, "sujet". (N. T.)
32
Derrida usa aqui a palavra "hôte", que significa tanto "anfitrião" quanto
"hóspede". O jogo entre os dois sentidos obrigará em seguida a mantermos
os dois termos acoplados. Derrida escreveu sobre o tema, a partir da lição
levinasiana referida a seguir, com Anne Dufourmantelle: De 1'hospitalité.
Paris: Calman-Levy, 2003. (Cf. Da hospitalidade. Tradução de Antônio
Romane. São Paulo: Escuta, 2003). (N. T.)
272 :: Pensar em não ver
33
Cf. Atlan, premières périodes, 1940-1954. Op. cit., p. 25, 181.
34
Emmanuel Lévinas. Totalité et infini. La Haye: Nijhof, 1961, p. 276.
35
Emmanuel Lévinas. "La substitution", em Autretnent qifètre ou au-delà
de 1'essence. La Haye: Nijhof, 1974, p. 142. Analiso essas páginas e essa
"lógica" em Adieu - à Emmanuel Lévinas. Paris: Galilée, "Incises",
1997, p. 87 et seq.
2 7 4 :: Pensar em não ver
36
Alusão à série "Otages", "Reféns", do pintor francês Jean Fautrier (1898-
1964). (N. T.)
Jacques Derrida " 275
37
Emmanuel Lévinas. "Atlan et Ia tension de l'art", em: Atlan, premières
périodes, 1940-1954. Op. cit., p. 20-21.
38
Emmanuel Lévinas. "Subjectivité et vulnérabilité", em: Lhumanisme de
Vautre homme. Montpellier: Fata Morgana, 1972, p. 91-95.
39
Ibid., p. 92-93, grifo meu.
276 - Pensar em não ver
40
Ibid., p. 93-94.
41
Jacques Polieri. "Atlan le naissant, Atlan le magique", em: Atlan,
Premières Périodes, 1940-1954. Op. cit., p. 26.
Jacques Derrida :: 2 7 7
42
Atlan disse um dia: "Meus poemas precedem minha pintura de apenas
alguns meses. O que me tocava na poesia era o lado litanias e ritmos.
Passei da poesia à pintura como um dançarino que descobrisse que a
dança o revela melhor do que encantações verbais". (Citado por Kenneth
White, em: Jacques Polieri e Kenneth White. Atlan. Catalogue raisonné
de Vceuvre complet. Op. cit., p. 73).
Os debaixos da pintura,
da escrita e do desenho:
suporte, substância,
sujeito, sequaz e suplício
280
No original, "[...] c'est que quelque chose nous arrive par en dessous,
par dessous, en arrivant à ce qu'on appelle le dessous dans l'art". Refiro
aqui o original, em primeiro lugar, para evocar o uso ambíguo do verbo
"arriver", que desdobro em "acontecer" e "chegar" - e que se repetirá nos
próximos parágrafos; e em segundo lugar, para fazer sentir desde já ao
leitor o uso de "dessous" que Derrida explorará ao longo do texto. (N. T.)
282 :: Pensar em não ver
2
No original, "par-dessus le marche", expressão que significa algo que
vem a mais, como um suplemento, para além do que terá sido acordado.
Uso também a expressão com a palavra "mercado", pois Derrida vai
explorá-la em seguida. (N. T.)
Jacques Derrida :: 283
sob nossos passos para nos levar para uma cripta ou ainda
como se alguma nudez a ser desvelada suscitasse em nós alguma
impaciência tremente. Os debaixos sempre abrem um abismo
possível, no fundo do sem-fundo, no vazio possível de um jazigo
ou de um cenotáfio; é por isso que os debaixos viram a cabeça e
provocam literalmente o que chamamos de vertigem. Nos dois
casos, debaixo significa ao mesmo tempo o esconderijo do que
está escondido e do que está escondendo, de um lado, do que
permanece escondido no fundo, ou mesmo no sem-fundo ou
no bas-fond (escondido embaixo, enfiado debaixo, guardado,
salvo ou inumado debaixo de um subsolo, de um envasamento,
ou de um jazigo), e, de outro lado, do que se esconde, não na
profundidade de um fundo, ou de um fundamento, mas na
superfície de uma superfície. Por exemplo, os debaixos que são
as roupas de baixo dissimulam pudicamente, sob sua superfície,
o objeto do desejo; esses debaixos estão sob a superfície de uma
roupa mais superficial, mas na superfície do que o corpo tem de
mais íntimo. A lingerie de que estamos falando (e desse ponto
de vista, pensamos mais facilmente nos debaixos ou nos véus
de uma lingerie feminina), os debaixos dessas roupas partilham
com o papel ou a tela de que falarei daqui a pouco uma origem
têxtil comum: os debaixos da lingerie, os papéis ou as telas que
formam os debaixos do desenho e da pintura são tecidos, têxteis
e, freqüentemente, como as madeiras de certas esculturas e de
tantas molduras, de origem vegetal. Nos dois casos, eu dizia,
quer se trate do que esconde, do que está escondido ou do que
se esconde nesse esconderijo ou nesse tapa-sexo,3 quer se trate
do que está dissimulado ou do que dissimula, do velado ou do
véu, do velado ou do velador, os valores de clandestinidade (na
política, na diplomacia ou nos negócios), os valores de cripta a
ser decriptada, de linguagem secreta a ser decifrada, acabam por
se erotizar. Seja no espaço das artes, da política, da diplomacia,
do direito criminal, os debaixos são sempre inquietantes e
atraentes, perturbadores, provocantes como zonas erógenas.
Assim que se fala de debaixo, a promessa e o desejo são
indissociáveis do interdito e da ameaça. Assim que se fala de
3
No original, "qui se cache en cette cache ou ce cache-sexe", fazendo,
portanto, ressoar o verbo "cacher", "esconder". (N. T.)
284 " Pensar em não ver
s
Cf. Jacques Derrida, "Parergon", em: La vérité en peinture. Paris:
Flammarion, col. "Champs", 1978, p. 45-168, particularmente, p. 44-94.
(N. E.)
286 :: Pensar em não ver
9
No original, "à même", locução prepositiva sem correspondência literal,
"difícil de traduzir", portanto, como o próprio Derrida observará em
seguida. (N. T.)
2 90 :: Pensar em não ver
10
No original, "cet attachement nous attacbe". Derrida joga com os
sentidos próprio e figurado do verbo "attacher", "amarrar", "atar",
"ligar". (N. T.)
292 :: Pensar em não ver
11
No original, "effet de trace". (N. T.)
12
Cf., entre outros textos de Jacques Derrida, Glas (Paris: Galilée, col. "La
philosophie en effet", 1974, p. 231a-236a) e "Un ver à soie", em Voiles,
com Hélène Cixous (Paris: Galilée, col. "Incises", 1998, p. 80). (N. E.)
294 " Pensar em n ã o ver
Freud, que ele é geral, sem limite e não tolera mais sequer
a oposição entre o fetiche e a própria coisa) etc.
A propósito da fenomenologia da obra de arte e de seus
debaixos, recordarei bastante brevemente que ela deve
levar em conta diferenças estruturais entre os tipos de
arte, mesmo que estes possam aqui e ali compor juntos,
penetrando-se ou articulando-se uns aos outros. Produção
e reprodução.
Uma fenomenologia do par suporte/superfície em cada
uma daquelas que chamamos de belas-artes deveria pôr
em ação os conceitos fenomenológicos de idealidade e de
idealização, de objeto ideal (explicar)
Objeto ideal livre (o número 2)
Objeto ideal encadeado (a palavra "dois")
Pintura e desenho
(caso especial para as litografias ou serigrafias: multi-
plicidade de originais)
Escultura
Música
Literatura: suporte: letra idiomática, intraduzível...
A mutação dos novos suportes, as técnicas de virtualização
e desmaterialização (para os locais de conservação e de
exposição das obras de artes visuais): não mais reprodução
(livros, cartões-postais, pôsteres etc), mas visita hic et
nunc dos locais e dos quadros na tela via internet, por
exemplo (desenvolver). Como essa mutação toca também
em uma história do papel, afeta o futuro do papel, mas
também depende dele amplamente, abordarei diretamente
a primeira das duas grandes questões anunciadas, a do
papel, depois a do subjétil (às quais já venho dedicando
há muito tempo um certo número de textos),13 em relação
13
Cf., entre outros textos de Jacques Derrida, "La machine à traitement de
texte" [1996], "Le papier ou moi, vous savez... (Nouvelles spéculations sur
un luxe des pauvres)" [1997], em Papier Machine. Le ruban de machine et
autres réponses. Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 2001, p. 151-
166, p. 239-272 (Papel-Máquina. Tradução de Evando Nascimento. São
Paulo: Estação Liberdade, 2004); e "Manquements - du droit à Ia justice
Jacques Derrida :: 295
(mais que manque-t-il donc aux "sans-papiers"?)" [1996], em: Marx enjeu,
Jacques Derrida, Marc Guillaume e Jean-Pierre Vincent, Paris: Descartes
& Cie., 1997, p. 73-91, e particularmente p. 82-85. (N. E.)
14
Jacques Derrida certamente previra ler passagens fotocopiadas na
ocasião de sua conferência ou trouxera o livro ou os livros que desejava
citar. Esses documentos não foram encontrados no dossiê depositado no
IMEC. (N. E.)
15
Neste item, Derrida alude diretamente à questão política do direito à
legalização dos imigrantes, os "sans-papier", "sem-documentos", refe-
ridos em seguida. (N. T.)
16
Sobre essas questões, cf. Jacques Derrida. Artaud le Morna. Op. cit. (N. E.)
::: III
Espectralidades da imagem:
fotografia, vídeo, cinema e teatro
Aletheia
300::
Aletheia, em "Nous avons voué notre vie à des signes" (Bordeaux, William Blake &
Co. Edit., outubro de 1996, p. 75-81). Lia-se a seguinte nota de apresentação: "Inédito
em francês, este texto foi primeiramente publicado em japonês, na revista Sincho
(março de 1993). Ele era dedicado a um volume de fotografias publicado pela Asahi
Press (Tóquio) em fevereiro de 1993 na série Accidents 3. O autor do livro, Kishin
Shinoyama, é tão célebre no Japão quanto o seu modelo, Shinobu Otake. A edição
original do volume tinha um título em inglês, Light of the dark. Publicada em grande
formato (31/24), ela comportava mais de cinqüenta fotografias. Agradecendo a Kishin
Shinoyama, Shinobu Otake, às editoras do livro e da revista por nos ter autorizado,
reproduzimos inicialmente aqui, em formato reduzido, as fotografias explicitamente
mencionadas no ensaio de Jacques Derrida. (N. E.)
i
Ao mesmo tempo "luz das trevas" ou "do escuro"; ou "leve", no sentido
da "leveza do escuro", em inglês. A palavra light tem o duplo sentido de
luz e leve, com o qual Derrida jogará ao longo do texto. (N. T.)
302 " Pensar em não ver
7
Ibid.,p. 52.
8
Ibid.,p. 69.
9
Ibid.,p. 77.
Jacques Derrida :: 305
10
A tradução do termo "différance" - neologismo formado a partir da
substantivação de "différant", particípio presente do verbo "différer",
diferir, tem sido alvo de muitas discussões. Optei por deixar no original.
Paulo Ottoni discute as diferentes traduções para o termo propostas ao
longo das edições brasileiras da obra de Derrida no artigo "O tradutor
de Jacques Derrida: double bind e dupla tradução" (Em: Tradução,
desconstrução e pós-modernidade. São Paulo: UNESP, 2000, p. 45-58),
do qual se pode encontrar uma versão resumida em http://www.unicamp.
br/iel/traduzirderrida/folheto4.htm. O ensaio homônimo "Différance"
foi proferido como conferência na Sociedade Francesa de Filosofia, em 27
de janeiro de 1968, publicado simultaneamente no Bulletin de Ia Société
Française de Philosophie (jul.-set. 1968), e em Théorie d'ensemble (col.
"Tel Quel". Paris: Ed. du Seuil, 1968), e subseqüentemente incorporado a
Marges de Ia philosophie (Paris: Ed. de Minuit, 1972). Há uma tradução
brasileira esgotada, sob o título de "Diferença" em Margens da filosofia
(Tradução de Joaquim Gomes Costa e Antônio M. Magalhães. Campinas:
Papirus, 1991, p. 33-63). (N. T.)
íi No original, "aime à". Como na seqüência da frase, Derrida contrapõe
dois usos diferentes do verbo "aimer": o uso seguido de um objeto direto
("amar" alguém) ou o uso seguido do infinitivo de um verbo, que preferi
traduzir por "gostar de". (N. T.)
12
Aforismo célebre de Heráclito: "a natureza gosta de [aitne à] se esconder"
(também traduzido por Giorgio Colli por "a natureza ama [aime] se
esconder" (Tradução francesa de Patrícia Farazzi. Paris: L'éclat, col.
"Polemos", 1994 [1948]). (N. E.)
13
No original, "de Ia photographie", o que permite duas leituras: a verdade
sendo a própria fotografia ou sendo a verdade da fotografia. (N. T.)
Jacques Derrida :: 307
14
No original, "tout autre", expressão que será retomada ao longo do
texto.
15
Cf. Paul Celan. "Aschenglorie", em Strette. Tradução francesa de André
du Bouchet. Paris: Mercure de France, 1971, p. 48-51. O verso citado é o
último do poema. (N. E.)
16
No original, "donner naissance", ecoando a expressão anterior "donner
le jour", que traduzi por "dar à luz". (N. T.)
308" Pensar em não ver
17
No original, "poser", "posar" verbo que ecoa os outros verbos da frase:
"poser" (inicialmente traduzido por "pôr"), "supposer" ("supor"),
"exposer" ("expor"). (N. T.)
18
No original, "sujet", termo que pode ser traduzido, no sentido ativo, por
"sujeito" ou, no sentido passivo, por "tema", assunto ou "objeto". (N. T.)
Jacques Derrida "309
19
No original, "acte", que pode ser traduzido por ato, ou por certidão,
duplo sentido que Derrida explicita a seguir. Reafirmo a dupla tradução
em seguida, mas somente ali onde a expressão é consagrada também em
francês. (N. T.)
20
No original, "prend acte", reiterando o jogo entre o ato e sua atestação.
(N. T.)
310 :: Pensar em não ver
23
Cf. Roland Barthes. La chambre claire. Note sur Ia photographie.
Paris: Gallimard, Seuil, 1980, p. 18 et seq. Sobre esse texto, cf. Jacques
Derrida, "Les morts de Roland Barthes". Poétique (Paris: Seuil, n. 47,
set. 1981); retomado em Psyché. Inventions de 1'autre. Paris: Galilée, col.
"La philosophie en effet", 1987, p. 273-304 e em Chaque fois unique, Ia
fin du monde. Textos apresentados por Pascale-Anne Brault e Michael
Naas. Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 2001, p. 59-97,
particularmente para essa passagem, p. 76 et seq. (N. E.) [Ao explorar,
em A câmara clara, a oposição entre punctum e studium, Roland Barthes
explora de fato bastante o verbo "poindre", originado do latino pungere,
cujo particípio é justamente punctus. Mas aí, o sentido mais freqüente
será justamente este mais próximo do etimológico, como atesta, aliás, a
tradução brasileira de Júlio Castanon Guimarães. Um exemplo: "Muitas
fotos, infelizmente, permanecem inertes diante de meu olhar. Mas mesmo
entre as que têm alguma existência a meus olhos, a maioria provoca em
mim apenas um interesse geral e, se assim posso dizer, polido: nelas,
nenhum punctum: agradam-me ou desagradam-me sem me pungir [grifo
nosso]: estão investidas somente do studium." (Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984, p. 47, grifo do autor). (N. T.)]
312 :: Pensar em não ver
24
No original, "moi-même (je-sombre)". Derrida joga aqui com a oposição
entre ";'e" e "moi", segundo a qual, numa tradição que remonta a Emile
Benveniste, o primeiro se identifica à instância da enunciação e o segundo
à do enunciado. (N. T.)
25
Marie-Françoise Plissart. Droit de regards, suivi d'une Lecture par
Jacques Derrida. Paris: Minuit, 1985.
26
No original, "foyer", que tem esses dois sentidos.
314 " Pensar em não ver
8
Nascida em Telavive em 1950, Michal Govrin é romancista, poeta e
diretora de teatro. Seu pai foi um dos fundadores do Estado de Israel e
sua mãe uma sobrevivente da Shoah. Suas trocas com Jacques Derrida
Jacques Derrida :: 3 2 1
11
Frédéric Brenner; Yosef Hayim Yerushalmi. Marranes. Paris: Éditions de
Ia Différence, 1992, p. 31. (N. E.)
12 «purinf^ Mea Shearim, Jerusalém, Israel, 1978, em: Photographies. Op.
cit., p. 46. (N. E.)
Jacques Derrida :: 323
13
Trata-se de termo ídiche que designa uma pequena povoação ou um
bairro de população predominantemente judaica, principalmente na
Europa oriental. (N. T.)
324 " Pensar em não ver
14
O avô paterno de Jacques Derrida tinha por prenome Moise (este legou-
lhe seu talit branco): cf. "Un ver à soie. Points de vue piques sur 1'autre
voile", em: Voiles, com Hélène Cixous. Paris: Galilée, col. "Incises", 1998,
p. 45-46); seu irmão, nascido em 1929, mas que morreu apenas quatro
meses depois do nascimento, teve também por prenome Paul Moise.
Quanto a "Élie", é o prenome judeu de Derrida, prenome dado por sua
mãe e mantido em segredo até "Circonfession" (cf. Jacques Derrida, com
Geoffrey Bennington. Paris: Seuil, col. "Les Contemporains", 1991, p.
93; reed. Seuil, 2008, p. 88 et seq.). (Circonfissão. Tradução de Anamaria
Skinner. Em: Geoffrey Bennington; Jacques Derrida. Jacques Derrida.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 11-218). (N. E.)
"Moses Elias, negociante", Calcutá, índia, 1986, em Photographies. Op.
cit., p. 89. (N. E.)
Jacques Derrida :: 325
16
Jogo de palavra inglês de "jewerly", "joalheria", coletivo de jóias, com
"jewry", coletivo de judeus. Nova York é a capital mundial da jewry, dos
326 :: Pensar em não ver
22
"Professoras, estudantes, rabinos e cantores de sinagoga", Jewisk
Theological Seminary of America, New York", New York, États-Unis,
1994, em Photographies. Op. cit., p. 142-143. (N. E.)
23
Cf. Frédéric Brenner et Y. H. Yerushalmi. Marranes. Op. cit. A obra
começa com essa fotografia.
24
"[...] Eu tinha batizado meu sótão, ali onde estoco os skizzes da minha
circuncisão, de meu sublime, meu em cima embaixo de pernas para o
ar [no original, "mes dessus dessous", que remete à expressão "sens
dessus dessous", sentido em desordem, confuso. (N. T.)], pois não tenho
alto nem baixo, como o esquilo que sobe e desce na horizontal [...]"
"Circonfession", em Geoffrey Bennington e Jacques Derrida. Jacques
Derrida. Op. cit., p. 128 (reed., p. 118, grifos de Jacques Derrida. (N. E.)
Jacques Derrida :: 3 2 9
Ibid., p. 250.
"[...] pois você pensa então naquele rapaz, descendente do lado da sua
mãe, cuja prima lhe diz que um dia, na alvorada do século passado, ele
chegou de Portugal, estou seguro de que você se parece com ele [...]",
(ibid., p. 232, 234; reed., p. 201-202). A página é ilustrada com "uma
circuncisão em Portugal." (Amsterdã, 1723). Yerushalmi observa: "A
prática de certos ritos judaicos, demasiado perigosa, foi completamente
abandonada. Por exemplo, a circuncisão que significava uma sentença
de morte, já que todo homem detido pela Inquisição era submetido a um
exame físico antes do interrogatório. E claro que houve exceções [...]. Até
mesmo alguns adultos, o que é assombroso, conseguiram circuncidar-se
a si próprios". (F. Brenner e Y. H. Yerushalmi. Marranes. Op. cit., p. 27-
28).
Cf., entre outros, ibid., p. 175, 211, passim.
Ibid., p. 31. Ele ainda precisa: "No livro de Ester [...] os Marranos
encontraram uma parábola profética de sua própria situação. Mardoqueu
não tinha exortado Ester a dissimular que era judia?" (Ibid., p. 30-31).
[Jacques Derrida havia transcrito "destino" em vez de "situação". (N. E.)]
"E a santa rainha Ester permanece como um dos pilares da fé marrana."
[O fim do parágrafo se lê como se segue: "Foi assim que Ester se tornou a
principal heroína deles, a 'santa rainha Ester'." (Ibid., p. 31). (N. E.)]
Ibid., p. 39.
Ibid., p. 42. [No texto, pode-se ler: "[...] a Páscoa - (A Santa Festa) [...] a
festa mais importante e a mais elaborada [...]". (N. E.)]
330 - Pensar em n ã o ver
O V E L A D O R, A VELADORA. Eles v e l a m . N ã o e s p e r a m n a d a ,
ao que parece, além do Shabat ou do Messias. Intensa relação
com o próprio tempo. Eles velam, tão pacientemente, sem dizer
palavra, pelo tempo que passa sem passar.
31
Alusão ao discurso proferido pelo presidente Mário Soares em março de
1989, no qual pediu perdão aos judeus da Espanha e de Portugal pelas
perseguições que estes haviam sofrido, (cf. "Soares pede perdão a judeus
perseguidos", Diário de Notícias, 18 de março de 1989). (N. E.)
32
Documentário realizado em 1990 por Stan Neumann e Frederick
Brenner (França, Les Films d'ici, Canaan production, 1990, 64 min),
sobre os marranos do vilarejo de Belmonte, em Portugal. (N. T.)
33
"Marranos celebrando a Páscoa em segredo", Belmonte, Portugal, 1988,
em: Photographies. Op. cit., p. 144. (N. E.)
Jacques Derrida " 331
36
"Acendimento das velas de Shabat às escondidas", Belmonte, Portugal,
1989, em: Pbotographies. Op. cit., p. 145. (N. E.)
37
Alusão ao texto de Martin Heidegger. Lettre sur Ybumanisme. Tradução
francesa de Roger Munier. Paris: Éditions Montaigne, 1957. (N. E.)
Jacques Derrida :: 3 3 3
38
A citação que se segue não provém da Estética de Hegel, como escreveu
Derrida em Glas, onde retomou essa passagem, mas das Lições sobre a
filosofia da religião. A citação intercalada é de Proclus. Agradecemos a
Jean-Luc Nancy e a Hélène Nancy pela ajuda, que nos permitiu precisar
essa referência. (N. E.)
3 3 4 :: Pensar em não ver
Câmaras*1 e galerias
Chama-se isso de câmara. Pensemos em todos os usos que
se pode fazer, por exemplo em francês, da palavra chambre
(quarto de dormir, música de câmara, câmara de ar, camareira,
câmara de deputados - e depois câmara escura, a camera oscura
da máquina fotográfica).
Aqui a câmara de gás (Gas Chamber) terá sido tratada
como dispositivo técnico (toda câmara é um habitat construído,
um artefato tecnológico), na intimidade de uma camera oscura,
essa máquina que Leonardo da Vinci com outros pintores
desenvolveram para produzir um olho sem ponto de vista, a
ilusão de um olhar absoluto de Deus: sem perspectiva. Marx,
Nietzsche e Freud levaram em conta a figura, ao menos, desse
processo da imagem invertida na "câmara escura". Minha
amiga Sarah Kofman lhe terá consagrado um livro, Camera
40
The Hebrew Academy diante do hotel Luxor", Las Vegas, Nevada, États-
Unis, 1994, em Photographies. Op. cit., p. 174-175. (N. E.)
41
No original, "chambres", termo cuja riqueza Derrida explicitará em
seguida. (N. T.)
336 - Pensar em não ver
42
Sarah Kofman. Camera obscura, de Vidéologie. Paris: Galilée, col. "La
philosophie en effet", 1973.
43
"[...] se Auschwitz não é nem um conceito nem uma pura palavra mas
um nome fora de nomeação [...], impõe-se a mim, intelectual judia
que sobreviveu ao Holocausto, prestar homenagem a Blanchot pelos
fragmentos sobre Auschwitz dispersos em seus textos, escrita de cinzas,
escrita do desastre que evita a armadilha [...]" (Cf. Paroles suffoquées.
Paris: Galilée, col. "Débats", 1987, p. 13-14). "Por ser judeu, meu pai
morreu em Auschwitz: como não dizê-lo? E como dizê-lo? Como falar
daquilo diante do que cessa toda possibilidade de falar?" (p. 15-16).
Sarah Kofman suicidou-se em 1994.
44
Cf. Frederic Brenner; Simon Schama. ]ews/America: a representation.
New York: Abrams, 1996. (N. E.)
Jacques Derrida " 337
O poeta: Niemand
zeugt für den
Zeugen.A1
49
"Judeus de Harley-Davidson", Miami Beach, Flórida, Estados Unidos,
em: Pbotographies. Op. cie, p. 196. (N. E.)
Jacques Derrida :: 3 3 9
50
No original, "le Tout Autre". (N. T.)
51
Trata-se da Tora. (N. T.)
3 4 0 :: Pensar em não ver
52
Cf., entre outros textos de Jacques Derrida, "'II faut bien manger' ou le
calcul du sujet", conversa com Jean-Luc Nancy, em Points de suspension.
Entretiens. Seleção de Elisabeth Weber. Paris: Galilée, col. "La philosophie
en effet", 1992, p. 283; Spectres de Marx. UÉtat de Ia dette, le travail du
deuil et Ia nouvelle Internationale. Paris: Galilée, col. "La philosophie en
effet", 1993, p. 148 (Espectros de Marx. Tradução de Anamaria Skinner.
Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1993); e Échographies - de Ia télévision.
Entretiens filmes, com Bernard Stiegler. Paris: Galilée, col. "Débats",
1996, p. 69 et seq. e p. 123-124. (N. E.)
53
No original, "téléphone portable", literalmente "telefone portátil". (N. T.)
54
No original, "Le portable porte". (N. T.)
Jacques Derrida " 341
55
No original, "appels et rappels". (N. T.)
56
"Reunião espiritual, navajos e judeus", Monument Valley, Arizona,
Estados Unidos, 1994, em: Photographies. Op. cit., p. 220-221. (N. E.)
342 :: Pensar em não ver
57
Zacarias, 4:1-10. [La Bible. Tradução francesa de André Chouraqui.
Paris: Desclée de Brouwer, 2003 [1974-1996], p. 1097. (N. E.)] Esse texto
é uma referência essencial na história longa e complexo do menorá ou do
candelabro de sete braços, símbolo da fé judaica (tradição cuja origem
poderia ser pré-judaica - como a história de Ester).
Jacques Derrida :: 343
59
"Cidadãos protestando contra um ato antissemita", Billings, Montana,
Estados Unidos, 1994, em: Photographies. Op. cit., p. 222-223. (N. E.)
60
No original, "entre les coutumes et les costumes". O primeiro termo
remete aos costumes de uma cultura, o segundo é relativo ao vestuário.
(N. T.)
Jacques Derrida :: 345
61 No original, "sujet", que também poderia ser traduzido aqui por "tema".
(N. T.)
346 " Pensar em não ver
62
"Recém-casados", La Ghriba, Tunísia, 1981, em: Photographies. Op.
cit., p. 249. (N. E.)
Videor
350
"Videor" acompanhava o vídeo de Gary Hill, Disturbance (among the Jars), 1988,
obra em que Jacques Derrida "atuou" em 1987 no momento de sua realização no âmbito
da exposição intitulada Passages de 1'image [Passagens da imagem], Paris, Museu
Nacional de Arte Moderna, Centro Georges Pompidou, Galerias Contemporâneas, 19
de setembro-18 de novembro de 1990, sala Garance, 12 de setembro-15 de outubro de
1990.0 texto foi publicado em Passages de l'image. Raymond Bellour, Catherine David
e Christine Van Assche (Ed.). Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges
Pompidou, 1990, p. 158-161. (N. E.) ["Wdeor", forma passiva do verbo "video", poderia
ser traduzido por "ser visto", "aparentar", "parecer", "ter a aparência de", "crer" Cf.
<www2c.ac-lille.fr/verlaine/College/Projets/Latin/dictionnaire_fr_latin/Dicolat.html>.
(N. T.)]
Cf. apresentação de Gary Hill em "Sobre os artistas", ao final deste volume. (N. T.)
"351
No original, "chance", que bem poderia ter sido traduzida neste contexto
por "oportunidade". Mas Derrida insistirá na polissemia do termo, que
me parece ser mais presente em "chance" em português. (N. T.)
Descartes, Segunda Meditação. Citado por Jean-Luc Nancy (em Ego
Sum. Paris: Flammarion, 1979, p. 71-72) que escreve no decorrer de
sua análise: "O videor é ilusão que, por uma torsão ou uma perversão
inaudita, ancora a certeza em pleno abismo de ilusão. O lugar do videor é
exatamente a pintura, o retrato, ao mesmo tempo o mais factício e o mais
fiel dos rostos, o olho mais cego e o mais clarividente".
Em grego: "túkhe", "fortuna", "sorte", "má ou boa fortuna"
"anânke", "necessidade", "obrigação". (N. T.)
Jacques Derrida, "La danse des fantômes", entrevista com Mark Lewis e Andrew
Payne, Public (Toronto), "The lunatic of one idea", n. 2 (bilíngüe), 1989, p. 68-73. Essa
conversa com Jacques Derrida ocorreu na ocasião da Conferência de Semiótica de
Toronto, em junho de 1987, e foi realizada em colaboração com United Media Arts
Studies (Toronto). Foi apresentada no videojornal Diderot # 3, publicado por UMAS.
(N. E.)
"361
2
Cf. Jacques Derrida. "Spectrographies de l'image", em Échogra-
phies - de Ia télévision. Entretiens filmes, com Bernard Stiegler. Paris: Galilée
et Instituí national de 1'audiovisuel, col. "Débats", 1996, p. 133 et seq.
Jacques Derrida " 363
4
Paris, Aubier-Flammarion, col. "La philosophie en effet", 1980. (Cartão
-Postal: de Sócrates a Freud e além. Tradução de Simone Perelson e Ana
Valéria Lessa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007). (N. E.)
Jacques Derrida " 365
Cf. também, entre outros textos, Jacques Derrida, "II n'y a pas le
narcissisme (autobiophotographies)", em Points de suspension.
Entretiens. Textos selecionados e apresentados por Elisabeth Weber.
Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 1992, p. 209 et seq. (N. E.)
O Minitel era uma rede pública de informações criada em 1982 na
França, que permitia aos usuários acesso a uma série de serviços. Em
1984, o governo francês passou a fornecer gratuitamente um terminal
para residências, vinculado ao serviço telefônico. O sistema teve enorme
sucesso antes do advento e da popularização da internet. (N. T.)
Jacques Derrida :: 367
1
Trata-se de entrevistas filmadas com Bernard Stiegler (Paris: Galilée,
1996). (N. E.)
2
Cf. Sigmund Freud. Uinquiétante étrangeté et autres essais. Tradução
francesa de Bertrand Féron. Paris: Gallimard, col. "Folio essais", 1985.
(Sigmund Freud. "O estranho". Obras psicológicas completas. Edição
Standard Brasileira, v. XVII. Rio de Janeiro: Imago, 1986, p. 237-269).
(N.E.)
378 - Pensar em não ver
"Pela primeira vez, a câmera nos abre o acesso para o inconsciente visual,
assim como a psicanálise nos abre o acesso para o inconsciente pulsional."
Cf. Walter Benjamin. Uoeuvre d'art à 1'époque de sa reproductibilité
technique [1935]. Tradução francesa de Maurice de Gandillac, revista
por Rainer Rochlitz. Paris: Éditions Allia, 2009, p. 62. (Walter Benjamin.
"A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica". Magia e técnica:
ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo
Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 165-196). (Ibid., p. 62). (N. E.)
Jacques Derrida :: 379
4
No filme, de que Derrida participa como ator, as aventuras de duas
mulheres em Paris e Londres são o pretexto para o exame da relação
entre fantasmas, passado e memória. (N. T.)
380 - Pensar em não ver
5
Jacques Derrida. Detneure: Maurice Blanchot. Paris: Galilée, col.
"Incises", 1998. (N. E.)
Jacques Derrida " 383
6
Trata-se do caso do taxista negro espancado pela polícia em Los Angeles,
em 1991. Os policiais foram absolvidos em 1992, mas as cenas de
violência, filmadas por uma testemunha, foram amplamente difundidas.
(N. T.)
7 Shoah, documentário de Claude Lanzmann, 1983, 613 min (França), 503
min (Estados Unidos). (N. E.)
384:: Pensar em não ver
Paris, Des femmes, 1987. Um CD foi feito a partir desse livro: Jacques
Derrida. Feu Ia cendre, lu par Vauteur et Carole Bouquet. Paris: Des
femmes e Antoinette Fouque, col. "Bibliothèque des voix", 1987. A
gravação integral do texto (76 min) foi realizada por Michelle Muller
em 1987. (N. E.) [Título polissêmico, Feu Ia cendre poderia ser
imediatamente traduzido de duas maneiras: Fogo a cinza ou então A
falecida cinza. (N. T.)]
Cf. Jacques Derrida & Geoffrey Bennington. Circonfession. Paris: Seuil,
col. "Les Contemporains", 1991 (Circonfissão. Tradução de Anamaria
Skinner. Em: Geoffrey Bennington & Jacques Derrida. Jacques Derrida.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 11-218). Uma gravação (quatro
fitas) em que Jacques Derrida lia sozinho o texto em sua integralidade foi
realizada em 1993 por Michelle Muller (Paris: Des femmes e Antoinette
Fouque, col. "Bibliothèque des voix"), integrando peças musicais (Le
Pont sacré, The Boston Camerata, dirigido por Joel Cohen (Erato) e La
Musique de Ia Bible révélée, por Suzanne Haik Vantoura (Harmonia
Mundi), numa direção musical de Marie-Louise Mallet. (N. E.)
386 " Pensar em não ver
11
Trata-se de um prestigioso canal de televisão franco-alemão, fundado em
1990, que produz e transmite programas nas duas línguas. A sigla "Arte"
significa Associação Relativa à Televisão Européia. (N. T.)
12
Jacques Derrida e Safaa Fathy. Tourner les mots. Au bord d'un film.
Paris: Galilée e Arte Éditions, col. "Incises", 2000, p. 14-16. (N. E.)
13
No original, "ailleurs", remetendo a um dos sentidos do título do filme.
(N. T.)
Jacques Derrida :: 389
14
No original, "tourner". (N. T.)
15
No original, "tourner". (N. T.)
Jacques Derrida :: 391
16
Cf. Spectres de Marx. Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 1993.
(Espectros de Marx. Tradução de Anamaria Skinner. Rio de Janeiro:
Relume Dumará, 1994). (N. E.)
392 :: Pensar em não ver
17
No original, "des mots tournés". (N. T.)
18
Robert Antelme. UEspèce humaine. Paris: Gallimard, col. "Tel",
1957. Na ocasião de sua publicação em 1947, esse testemunho de
grande alcance sobre a experiência dos campos passou despercebido,
até sua reedição dez anos mais tarde, com um "Prefácio" do autor.
Dedicado à memória de sua irmã Marie-Louise, o livro retraça a vida
de um kommando (Gandersheitn) do campo de concentração alemão de
Buchenwald. (N. E.)
394 :: Pensar em n ã o ver
19
Trata-se do colóquio internacional "Judeidades: questões para Jacques
Derrida", que ocorreu no Centro Comunitário de Paris, de 3 a 5
de dezembro de 2000. Cf. J. Derrida, "Abraham, 1'autre". Judéités.
Questions pour Jacques Derrida. Joseph Cohen e Raphael Zagury-Orly
(Org.). Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 2003, p. 11-42, mais
particularmente p. 27-36. Jacques Derrida havia igualmente dedicado
várias páginas a Sartre em sua carta Claude Lanzmann de 22 de maio
de 1996. Cf. "'II courait mort': salut, salut. Notes pour un courrier aux
Temps Modernes". dans Papier Machine. Le ruban de tnachine à écrire
et autres réponses. Paris: Galilée, col. "La philosophie en effet", 2001, p.
167-213, mais particularmente, p. 169-177. {Papel-máquina. Tradução
de Evando Nascimento. São Paulo: Estação Liberdade, 2004). (N. E.)
20
Réflexions sur Ia question juive. Paris: Gallimard, 1946. (A questão
judaica. Tradução de Mário Vilela. São Paulo: Ática, 1995.) Nesse livro,
Sartre discute a questão do antissemitismo. (N. T.)
Jacques Derrida :: 395
21
Cf. Jacques Derrida. Mal d'archive. Paris: Galilée, col. "Incises", 1995.
(Mal de Arquivo. Uma impressão freudiana. Tradução de Cláudia de
Moraes Rego. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001). (N. T.)
O Sacrifício
398
7
No original, "mise en scène". Aqui, eu poderia ter usado simplesmente
"encenação", mas preferi manter o paralelismo usado por Derrida com
"mise en ceuvre". (N. T.)
Jacques Derrida " 403