Universidade Licungo
Extensão da Beira
2020
iv
Universidade Licungo
Extensão da Beira
2020
Índice
v
Figura 4: impactos das cheias de 2000 nas infra-estruturas na baixa da cidade de Xai-
Xai.
Quadros
Quadro 1: Consequências económicas para a Bacia do Rio Limpopo (impactos
primários e secundários)
Anexos
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais. Fenias, A, Sonto e Zerita Joaquim. Que serviram de
base fundamental em todos os momentos da minha vida dando suporte mesmo quando
eu não acreditasse e é para eles que eu endereço a minha vénia em reconhecimento
imensurável.
x
Agradecimentos
A Deus em primeiro lugar, agradeço pela graça da vida, por me guiar em todos os
momentos da minha vida mesmo quando eu não merecesse.
Agradeço a minha família e familiares por todo amor, atenção e carinho, que não
deixaram faltar os momentos da minha vida.
Agradeço ao meu, docente supervisor: Mário Silva Uacane pela orientação,
acompanhamento do inicio a te ao fim do trabalho.
Agradecer a todo corpo docente da actual universidade Licungo, em especial aos
docentes do departamento de ciências de terra e ambiente.
A minha irmã B-luxa, pelo amor e força incondicional, por fazer parte da minha historia
desde que veio ao mundo o meu muito obrigado.
A todos os colegas de turma de geografia com habitações em turismo, e em especial a
Faruk Manuel Alberto, Olinda Boaventura Jaime, Nelson José Estéfane, Pita Gundana
Maifreng, Augusto andrade, Sine João Simbe, Chinhandza António, Gouveia Lucas
Chaves. Agradeço pelo logo percurso de aprendizado, pelo apoio fundamental e por
fazem parte da minha história obrigado.
A todos que directa mente ou indiretamente contribuíram para que esse sonho se
tornasse real ……………………
Resumo
Riscos hidrológicos na bacia do Limpopo é uma questão que merece atenção,
geograficamente Moçambique se encontra ligada a 9 bacias da jusante, o que torna a
bacia mais vulnerável a cheias cíclicas com as de 2000 e de 2013, que tiveram um
impacto muito a além do previsto. O objectivo do tema em estudo é de analisar
possíveis impactos que tem ocorrido na bacia concretamente na área de estudo, neste
caso na baixa da cidade de Xai-Xai, província de Gaza.
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Na realidade, o que motivou para a escolha deste tema, foi a questão de o autor estar a
residir na região sul de Moçambique concretamente na Província de Gaza e cidade de
Xai-Xai, bem próximo as margens da bacia do rio Limpopo, e serem frequentes as
experiências que este tem passado devido ao transborde da bacia do rio Limpopo na
respectiva cidade.
No entanto, não foram poucas as vezes em que o autor deste estudo, junto a outras
famílias que residem próximo a bacia, vivenciou atritos envolvendo o homem e a
natureza, muito mais quando chega a época chuvosa, e estes factos trouxeram vários
impactos na vida social, económica e ambiental daquelas populações.
A actualidade do tema para o estudo desta temática se restringe basicamente no que tem
vindo a se observar ao longo dos tempos, concretamente na bacia do Limpopo onde os
eventos naturais têm vindo assolar as condições sócia ambientais da área do estudo.
Tendo em conta a dinâmica das mudanças climáticas que se tem verificado nos últimos
anos é importante o estudo do tema em curso, primeiro devido a origem do rio
Limpopo, tanto como por onde este passa.
A linha da pesquisa deste tema se relaciona com a área de gestão ambiental, visto que, o
seu conteúdo está aliado com a cadeira de Hidrogeografia que foi ministrada ao longo
do curso automaticamente estabelece-se uma grande relação com o tema em estudo.
E nisto, uma das cadeiras para além do próprio curso em si, preocupou-se em abordar
frequentemente questões hidrológicas no mosaico ambiental e hidrológico nacional, e
13
por este motivo, catapultou em mim, o surgimento da ideia para o estudo deste tema, na
medida de querer compreender na íntegra o que estaria a acontecer do lado social e
ambiental na bacia hidrológica de Xai-Xai, ou seja, de Limpopo em Gaza, no sul de
Moçambique.
Nesta ordem de ideias, no âmbito do estudo deste tema, o autor foi descobrir que, os
riscos hidrológicos na bacia do rio Limpopo, procuram traduzir as consequências da
ocorrência de uma inundação induzidas pelos danos e prejuízos causados à população
local.
Sendo que, a quantificação dos danos implica num estudo paralelo onde se faria o
cálculo dos mesmos, pelo que neste trabalho ficaremos pela classificação do risco
segundo um determinado gradiente qualitativo, determinado pelo n.º de edifícios
envolvidos (industriais, residenciais e sociais).
1.1.1.Problematização
Segundo Richardson (1989) existe condições para as exigências de um determinado
problema de pesquisa. O problema deve ser concreto e estar formulado de forma clara e
precisa, deve referir-se a fenómenos observáveis, referir a casos únicos ou isolados e
apresentar originalidade.
Que por vezes tem resultado em mortes drásticas. Além de perdas humanas também
devido ao nível das águas que transbordam de dentro para fora do canal de Limpopo,
tem notado se a perda também de grandes cultuas das populações que vivem ao logo das
margens da bacia do Limpopo.
Já no que concerne à parte drenante da bacia do rio Limpopo, verifica-se que apresenta
maior tendência para a ocorrência de grandes cheias devidas as suas características
baixas.
Esta tendência agrava-se pelo facto de haver maior impermeabilização dos solos
naquele espaço, e não haver maior intervenção ao nível da regularização do canal do rio,
cujas características fazem antever maior disponibilidade para a ocorrência de cheias.
Entre tanto, a parte da bacia deste rio lado norte da cidade de Xai-Xai, é
indubitavelmente a mais preocupante porque corresponde a um dos troços que mais
sofre risos neste sistema.
Mas também corre junto a problemática deste texto, a questão a parte que representa
risco hidrológico na bacia do Limpopo do lado norte da bacia de Xai-Xai, ter nas suas
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Nisto, a ocupação residencial nas proximidades daquele braço fluvial de Limpopo, pode
gerar instabilidade ambiental e colocar em risco a população que se instala. Nesse
contexto é que a ocupação em ambientes frágeis à dinâmica urbana como a que e
observada naquele meio, pode favorecer a formação da erosão acelerada, dos desastres
ambientais nas áreas de encostas de gradiente acentuado, e alagamento e enchentes nos
espaços flúvio – lagunares.
Não só, o uso indevido dos sistemas ambientais físicos na bacia do rio Limpopo na
cidade de Xai-Xai, como já adiantamos, tem causado impactos e riscos hidrológicos e
ambientais. E os impactos por sua vez, acompanham todo o processo de construção do
ambiente urbano local.
1.1.3. Hipótese
1.1.4. Hipótese Básica
Um dos maiores riscos que podem advir na componente social e ambiental como
risco hidrológico na bacia do rio Limpopo em Xai-Xai, pode ser a aceleração da
vulnerabilidade das populações que ali residem, para além da marginalização
das suas respectivas infra-estruturas e há défice dos meios de comunicação.
1.4.2. Observação
De acordo com MARCONI E LAKATOS, (2010:63), o método de observação, ou
observação directa, consiste “na obtenção de certos aspectos da realidade social com
base nos órgãos dos sentidos do homem”.
No entanto a técnica de observação, neste trabalho será feita de forma directa, com o
auxílio de outros instrumentos para a colecta de dados, vestígios que marcam o nível de
ocorrência de inundações a nível da bacia hidrográfica do baixo Limpopo cidade Xai-
Xai.
A observação foi directa efectuada desde os bairros (a) e (b) por onde o rio flui ate a sua
foz, com o objectivo de conhecer melhor vários aspectos ao longo do canal. Foi
acompanhado de registo das imagens, em vários pontos ao longo da bacia hodográfica
do Limpopo, com vista a ilustrar as condições que o canal apresenta.
1.5.1. Entrevista
Para MARCONI & LAKATOS, (2005:198), a entrevista “trata-se de uma conversação
que se efectua face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistado,
verbalmente, a informação necessária”.
No âmbito da entrevista, foram entrevistados indivíduos que tenham 18 anos de idade
ou acima disso, isto devido o seu grau de raciocínio que já possui naturalmente. Foram
entrevistados os funcionários do INGC cuja área de trabalho tem relação com a temática
em estudo. Foram entrevistados também os moradores mais próximos da bacia
hidrográfica do Limpopo cidade de Xai-Xai.
Far-se-á o uso desta técnica com o objectivo recolher informações direccionada aos
técnicos da UGBL e INGC e ao numero ínfimo da população local que tenha um
conhecimento relativamente profundo sobre os riscos hidrológicos da área em estudo.
Constitui grupo-alvo desta pesquisa, 9 habitantes dos bairros (a) e (b), dos quais (4)
homens (5) mulheres residentes nos bairros (a) e (b), áreas estas que constituem o
núcleo das cheias da baixa da cidade de Xai-Xai.
De modo a apurarmos um número aproximado de opiniões e contribuições dos
residentes locais, olhando se para a relevância da informação a ser prestada por esses na
compreensão e testagem das hipóteses adiantadas por nosso estudo.
espaço e colocando se em situação vulneráveis como é o caso das cheias do ano 2000 e
2013.
2. Fundamentação teórica
SEVERINO (2002), fala do quadro teórico que constitui categorias e conceitos,
formando sistematicamente um conjunto logicamente coerente, dentro do qual o
trabalho do pesquisador se fundamenta e se desenvolve.
GIL (2008), fala que essa é a parte da pesquisa que é dedicada a contextualização
teórica do problema e seu relacionamento com o que tem sido investigado a seu
respeito.
Riscos hidrológicos
GUERRA et al, (2019). Sustenta que o risco é uma relação dualista entre a
susceptibilidade e a vulnerabilidade, sendo assim, no momento em que há exposição à
manifestação de um fenómeno natural perigoso, é preciso que a sociedade consiga se
recuperar, ou seja, que tenha resiliência.
Vulnerabilidade
SIATO (2015), afirma que vulnerabilidade é grau de perda para um dado elemento,
grupo ou comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afectada por um
fenómeno ou processo.
No rápido crescimento das cidades, houve a expansão tanto da sua área periférica
quanto da sua zona de expansão sobre os municípios vizinhos, resultando num processo
de metropolização. Essa nova dinâmica urbana, segundo INGC (2003), gerou os
assentamentos precários e alto grau de degradação ambiental.
comprimento de cerca de 1 600 km (certas fontes referem 1 770 km) e a sua bacia
hidrográfica cobre cerca de 415 000 km².
Podemos dividir o seu percurso em três secções:
Alto Limpopo - trecho na África do Sul e Botswana, até à confluência com o
Sashe, na fronteira entre África do Sul – Botswana – Zimbabwé
Médio Limpopo – desde a confluência do rio Sashe e do Luvuvhu até à fronteira
com Moçambique (Pafúri);
Baixo Limpopo – desde Pafúri até à foz, no Oceano Índico
Em Moçambique, a bacia do Limpopo tem como limites a bacia do rio Save a Norte, a
Sul com rio Incomáti, a Este com uma faixa costeira onde se encontram várias bacias
internas (lagoas) e a Oeste com a África do Sul. DNA (1996).
A bacia do Limpopo é partilhada por quatro países nomeadamente a África do Sul,
Moçambique, Botswana e o Zimbabwe. Estende-se por uma área de cerca de 2 Km. Há
três grandes grupos de vegetação que ocorrem na bacia: a savana seca de caducifólias
arbóreas dominada por; a savana seca de caducifólias arbustivas dominada por Boscia. e
Acacia. e, vegetações ribeirinhas ou florestas de galaria entre outras Vendem na figura
1.
Figura:1 Perfil físico da bacia hidrográfica do Limpopo.
SINATE (2002), no território nacional, o rio Limpopo corre em terrenos planos, sendo a
sua direcção dominante NW-SE, desaguando no Oceano Índico em Inhampura, a cerca
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Para analisar a tipologia das cheias e das inundações pode-se partir destes dois casos
dominantes e de quatro características fundamentais:
Dimensão ou área da bacia hidrográfica;
Tipo de ocorrência meteorológica;
Tipo de vale que é inundável;
Factores sócio-económico.
O conjunto destas características dão os elementos necessários para a gestão das
inundações.
VAZ (2002:8), define a Bacia Hidrográfica como sendo é um conjunto de terras que
fazem drenagem da água das precipitações para esse curso de água e rios menores que
desaguam em rios maiores (afluentes).
Segundo ZAAG (2007) citado por MASSIGUE (2014) conscientiza que bacia
hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou
por um sistema interligado de cursos de água, tal que, todos os caudais efluentes sejam
descarregados através de uma única secção de referência da bacia. Por outro lado, o
sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários.
25
MASSINGUE (2014), sustenta que a bacia hidrográfica do Limpopo é uma das mais
vulneráveis, devido às condições geográficas e geológicas muito particulares da região,
pelo que se verifica uma grande variabilidade hídrica entre os anos, destacando-se os
baixos coeficientes de escoamento, a grande intrusão salina, a baixa capacidade de
retenção de água no solo e a elevada taxa de evaporação, aumentando o risco de
vulnerabilidade à cheias e secas associados às variadas temperaturas e às actividades
humanas.
GUNE (2015), afirma que as cheias em Moçambique são um dos maiores causadores de
desastres naturais, o exemplo disso temos como um dos registos dos marcos de maior
destruição as cheias do ano 2000, estas que custaram um enorme peso financeiro aos
cofres do Estado para a reconstrução das regiões afectadas, como é o caso da província
de Gaza concretamente nos distritos de Chókwè, Guijá, Chibuto e Xai-Xai onde a
destruição trouxe grandes prejuízos a economia nacional e a população local.
SILVA (2013), sustenta que mesmo depois destas cheias do ano 2000, a província de
Gaza ao longo da Bacia do rio Limpopo continua sendo um palco de cheias, associadas
as mudanças climáticas assim como escoamentos das descargas feitas nas barragens dos
países a montante bem como das barragens dentro do território nacional assim como dos
seus afluentes, retardando deste modo os esforços que o governo vem empenhando na
reconstrução de várias infra-estruturas destruídas pelas cheias nesta região, essa
vulnerabilidade associa-se também a fraca capacidade das estruturas de prevenção e
sistemas de mitigação de cheias.
26
De acordo com GUNE (2015:94) afirma que no período chuvoso do ano 2013 esta
região voltou a ser afectada por mais uma cheia histórica, esta que demonstrou a fraca
capacidade que a unidade de gestão da bacia tem em responder situações de risco,
destruindo desse modo residências, infra-estruturas de serviços assim como as áreas
agrícolas que são o maior potencial de rendimento na bacia do Limpopo. Trata-se de
uma área essencialmente plana de baixa altitude.
CUMBE (2007), diz que a formulação destes modelos conceituais permite coordenar a
obtenção de informações e organizar as acções de Gestão Ambiental e Económico-
social da área sob intervenção. Neste contexto, o zoneamento da BH consiste em uma
etapa fundamental de planeamento para instrumentalizar e tornar operacionais as acções
de manejo e conservação no âmbito da mesma.
OLIVERIA (2017), sustenta que no Brasil Mapear áreas de riscos é essencial em todas
as fases da gestão de desastres, contribuindo para: mitigação, sendo necessário para o
ordenamento do uso do solo e identificação de áreas que necessitam de infra-estruturas
para a redução dos riscos; na preparação, identificando os locais que demandam
monitoramento, implantação de sistemas de alerta e planos de emergenciais; na resposta
27
aos desastres, uma vez que são conhecidas as áreas onde potencialmente ocorreram os
maiores impactos; e também na recuperação de áreas atingidas por desastres, sendo
utilizado no planeamento das acções de recuperação, principalmente no reassentamento
da população afectada.
LANGA (2002), afirma que grandes problemas na gestão das bacias hidrográficas em
Moçambique relacionam-se com a fraca capacidade técnica dos profissionais e gestores
das bacias, bem como a insuficiência dos equipamentos necessários para a colecta e
processamento dos dados hidrológicos. Conclui ainda que as actividades humanas tais
como a agricultura e a fixação das residências junto as margens das bacias hidrográficas
provocam alterações do meio físico do rio aumentando a erosão, situação que provoca
em muitos casos um enventual agravamento e ocorrência de cheias ou secas. Afirma
ainda que os hábitos culturais como por exemplo o fecalismo a Céu aberto bem como a
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LANGA (2002), a gestão de águas nas bacias hidrográficas constitui uma unidade de
planeamento dos recursos hídricos a nível de decisões com respeito à concretização das
políticas de recursos hídricos, nomeadamente, quanto à sua afectação em termos de
qualidade e quanto ao estabelecimento de critérios de qualidade dos caudais retornados
à rede hidrográfica, onde as políticas de gestão de água devem satisfazer às
necessidades de procura.
secou completamente, apresentando o aspecto duma estrada seca e poeirenta. Nos anos
húmidos é exactamente o oposto: o rio alaga as suas margens e as populações têm, por
vezes, de ser retiradas por helicóptero.
WORLDOMETERS (2017). A escolha deste país asiático para o presente estudo passa
pela constatação das características geográficas do país e, também, pelos resultados
expressivos no índice de desenvolvimento humano divulgado este ano pela Organização
das Nações Unidas (ONU, 2014). O Japão detém, notavelmente, território pouco
extenso e uma enorme densidade demográfica. Em 2016, obteve-se a marcação de 346
hab/km².
que possui a função fiscalizadora voltada para o controle da qualidade da água que
chega ao consumidor final.
TEIXEIRA (2004), afirma que a importância da garantia da oferta de água, como factor
determinante para o desenvolvimento económico e social do Ceará, o Governo Estadual
criou, em 1993, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, tendo
como missão efectuar o gerenciamento dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos
de domínio do Estado.
VIERA (2016) afirma que, o Banco Mundial realizou 18 estratégias de assistência para
recursos hídricos no país até a presente data. Estas deram resposta a diversas questões e
aspectos da gestão e do desenvolvimento dos recursos hídricos, para responder aos
desafios específicos e ao contexto de desenvolvimento dos respectivos países.
DEMIRE (2017). Sustenta que a Lei de Águas, elaborada e aprovada com o objectivo
de definir o domínio público dos recursos hídricos do Estado e a política no geral da sua
gestão, consagra na alínea b) do número 1 do artigo 2, definir em relação às águas
interiores, o regime jurídico geral das actividades de protecção e conservação,
inventário, uso e aproveitamento, controlo e fiscalização dos recursos hídricos.
O autor ainda salienta que a Lei no seu artigo 57 consagra ainda que “os locais onde se
instalem infra-estruturas de captação de água para fins de consumo, as margens dos
lagos artificiais, bem como as respectivas áreas adjacentes, ficarão sujeitas ao regime
das zonas de protecção definido na Lei de Terras e seu Regulamento. Ao mesmo regime
ficarão sujeitas as zonas adjacentes às nascentes de água e poços.
GUNE (2015), sustenta que a água é utilizada para diversos fins consoante as
necessidades e as quantidades que cada utente entender. Para que o uso da água pelos
múltiplos interessados não prejudique as necessidades de alguns, torna-se indispensável
criar mecanismos conducentes à sua distribuição ou fornecimento na medida das
necessidades de cada um.
O direito de uso das águas do domínio público será reconhecido em regime de uso livre,
em determinados casos, e por meio de autorizações de uso ou de concessões de
35
RIJO (2006), afirma que a bacia do Zambeze e a região norte registam uma maior
ocorrência de recursos hídricos, cerca de 90 por cento, enquanto as zonas centro e Sul
detêm a mais baixa disponibilidade de água, avaliada em 10 por cento.
Enquanto a região sul de Moçambique é semi-árida, com menos de 700 milímetros de
precipitação por ano, as zonas norte e centro registam precipitações abundantes,
superiores a 1.200 milímetros.
ABRAMS (2017). Diz que Cerca de 75% desta produção serve a área de Maputo
(principalmente do rio Umbeluzi, regulado pela barragem dos Pequenos Libombos). A
maioria do abastecimento de água para as áreas urbanas depende da provisão de água
superficial. Somente quatro cidades principais – Pemba, Tete, Xai-Xai, e Chókwe –
dependem de fontes de água subterrânea.
CUMBE (2007), sustenta que devido a configuração do relevo a maior parte dos rios
correm de Oeste para Este, atravessando sucessivamente montanhas, planaltos e
planícies, antes de desaguarem no oceano indico.
ABRAMS (2017), sustenta que com a excepção das bacias do Licungo, Lúrio e
Messalo, todas as outras bacias são divididas com pelo menos um outro país. A bacia do
Rio Zambeze é dividida por um total de oito países.
Por outro lado, entrevistamos o técnico da INGC Sitoe (cp, 2020) que disse riscos
hidrológicos trata-se de tudo o que acontece quando a água do rio transborda e enche as
regiões ribeirinhas, onde pode destruir tudo que lá existe.
Isto resulta por um lado, pela falta de informações geográficas (SIG) com relação aos
dados actualizados de onde exactamente esteja a ocorrer as cheias ou que se prevê que
ira ocorrer as cheias, faz com que a dimensão dos impactos seja ainda maior. E mesmo
que haja informações ou dados (SIG) podem se dar o caso de não estarem actualizadas
em tempo real o que impedirá a intervenção imediata das entidades competentes por
falta de informações geográficas credíveis.
INGC (2012, Pg-124) O Rio Limpopo não tem tido cheias frequentes nos anos recentes,
mas regista-se a catástrofe: as cheias de Fevereiro do ano 2000 causaram cerca de 1000
mortos e 700.000 deslocados.
Entretanto, é notável o impacto que os riscos têm sobre o ambiente, sobre tudo quando
há coincidência na ocorrência das chuvas no montante sendo que o rio é partilhado por
vários países, que inundam os espaços agrícolas destruindo dessa forma as culturas,
processo este influenciado pela salinização dos solos assim como a da própria água.
Não obstante as infra-estruturas sofrem pressão que as águas exercem sobre os mesmos,
influenciando assim na degradação rápidas dos mesmos. Em suma a vulnerabilidade das
populações está associada à sua fraca capacidade económica e a uma economia muito
dependente dos factores climáticos.
Recorrendo a GUNE (2015) salienta que o distrito de Xai-Xai tem a maior área
vulnerável a cheias devido a sua localização junto a planície de inundação da bacia
hidrográfica do Limpopo, onde nas épocas chuvosas as águas chegam a inundar quase
metade do distrito deixando várias infra-estruturas submersas e destruídas, vinde na
figura 4.
Olhando para os dados recolhidos no terreno e os textos lido em várias obras é possível
concluir que as cheias têm consequências directas na vida da população sobretudo de
baixa renda que depende essencialmente da agricultura, esta actividade que em tempo
de enchente é a primeira a ficar comprometida, uma vez que as culturas ficam
submersas. Portanto, há necessidade de quem é de direito construa infra-estruturas que
possam reduzir a vulnerabilidade dos riscos hidrológicos, não só, é necessário que se
promovam campanhas de sensibilização para pelo menos as famílias fiquem em locais
seguros e assim não serão mais vulneráveis as inundações cíclicas.
Recorrendo a INGC (2012), mostra-nos que mediante aos inventos extemos que
ocorreram nos anos de 2000 a 2013, o baixo Limpopo na cidade na Xai-Xai, registou
baixo rendimento económica devido as cheias. O quadro abaixo mostra a dimensão dos
impactos negativos causados pelas cheias.
Impactos Económicos
Vulnerabilidades primários Vulnerabilidades secundários
Negocio reduzido com retalhistas Aumento do preço dos insumos agrícolas
Subida drástica de preços; Importações
Carências de alimentos e energia
caras/substitutos
Perca de culturas para alimentos e renda Aumento na compra de alimentos, perda da renda
Venda de produtos de pecuária a um preço de
Redução da qualidade pecuária
Mercado baixo
Escassez da água Alto preço dos transportes
Perda do emprego, renda e propriedade Agravamento da pobreza; subida do desemprego
Menos renda proveniente do turismo e recreação Agravamento da falta do capital
Aumento da divida; aumento do risco de crédito
Contracção forçada de empréstimos
para instituições financeiras
Fonte: INGC (2012: 39)
Portanto diante dos dados acima demonstrados no quadro podemos concluir que a
vulnerabilidade económica causada pelas cheias do ano 2000, foram as maiores até
então conhecidas historicamente no nosso país sobretudo no rio Limpopo para a
Província de Gaza, em especial distrito de Xai-Xai, uma vez que afectaram de forma
direta toda população local. Os produtos de primeira necessidade agravaram o preço,
porque já se fazia sentir a carências dos produtos. O nível de desempregados aumentou
significativamente, isto porque os centros comerciais estavam danificados, a falta de
fundos para minimizar os impactos causados pela fúria das cheias não existia.
Por outro lado, entrevistamos o técnico da INGC Sitoe (cp, 2020), que disse que a
população que ouve o alerta do INGC procura lugares seguros, abandonando assim as
zonas baixas para não sofrer de inundações, onde tiram um pouco de tudo o que é
necessário para residir noutro lugar, por isso que temos muitas zonas novas constituídas
maioritariamente por pessoas que saíram de zonas baixas exemplo o bairro 2013
apelidado assim pelos munícipes de Xai-Xai durante as cheias registadas no ano de
2013.
Mas também temos uma parte da população que não aceitam o apelo da INGC e
permanecem nas zonas perigosas. Para esta população a INGC tem socorrido com
barcos a motor, helicóptero entre outros meios de forma a salvar vidas humanas.
Fonte: http//www.google.com/DW-africa
Olhando para os dados fornecidos pelos nossos entrevistados, mostram que a população
durante as cheias uma parte desloca-se logo que recebe o alerta do INGC para locais
seguros, mas também temos outra parte que acredita vendo, é esta que tem sofrido
bastante a fúria das cheias, primeiro colocam em risco a própria vida e de seus bens que
seriam facilmente movimentadas para outros sítios.
Entretanto, a bacia do Limpopo por ser uma bacia partilhada e vulnerável a inundações
assim como secas, a gestão é mais rigorosa, por isso esta unidade mantém sempre
comunicação com as estações de monitoramento de montante como forma de obter
informações diárias dos níveis de escoamentos das barragens de montante para
elaboração e a disseminação do boletim informativo é diária.
Fazendo uma ligação entre os dados recolhidos nos terrenos e os autores citados no
presente trabalho percebemos que para reduzir os riscos hidrológicos há necessidade de
uma gestão integrada de recursos hidrológicos que passa por monitorizar caudais no
montante, chuvas que se fazem no território nacional e nos países vizinhos, a
disseminação da informação bem como a construção das infra-estruturas básicas de
colecta e armazenamento de água no nosso território.
Portanto em dialogo como técnico MAGUIRE da UGBL, ressaltou que esta em projecto
a construção de redes de drenagens, canais, diques de proteção, valetas para coletar
água, bem como barragens em sítios estratégicos. Frisou ainda que há necessidade de se
realizar várias palestras e educação sócio-ambiental de forma a sensibilizar a população
em especial a população que habita em áreas de mais vulneráveis a fúria das águas das
cheias.
Em situações de riscos e desastres, as informações espaciais podem auxiliar na análise e
mapeamento de áreas de riscos, planeamento de rotas de evacuação, identificação de
áreas afectadas, locais de socorro, e em todas as demais acções praticadas na gestão de
risco, sendo imprescindíveis para a redução de impactos causados pelos desastres
(MASKREY, 1998; GOODCHILD, 2006) apud (OLIVEIRA, 2017). Assim, a
informação geográfica, por ser o insumo básico da cartografia digital ou analógica,
torna-se fundamental na análise de riscos e em trabalhos de qualquer natureza que
49
4.1. Conclusão
O presente trabalho que fala sobre os Riscos hidrológicos da bacia hidrográfica do
Limpopo permitiu concluir o seguinte:
Por outro lado, o estudo permitiu concluir que as formas de gestão das bacias
hidrográficas aplicáveis para a bacia hidrográfica de limpopo podem ser: O estudo das
características físicas e morfológicas das zonas de cheia, das condições
50
Sobre as hipóteses foi possível a pesquisa revelar que todas levantadas antes do
desenvolvimento do trabalho foram aprovadas como pode se ver: Um dos maiores
riscos que podem advir na componente social e ambiental como risco hidrológico na
bacia do rio Limpopo em Xai-Xai, pode ser a aceleração da vulnerabilidade das
populações que ali residem, para além da marginalização das suas respectivas infra-
estruturas, pois a perda das culturas, destruição das infra-estruturas e perda humana tudo
recai no desenvolvimento socioeconómico que é desacelerada.
A segunda diz o seguinte, a falta da intervenção das entidades competentes que possam
sensibilizar a comunidade local sobre os risos hidrológicos e não só, pouco ou falta de
conhecimento sobres a dinâmica dos riscos hidrológicos na comporte social e ambiental,
esta hipótese também é valida na medida em que há falta de barragem sobre o rio
Limpopo que podia regular as aguas bem como poucas ou falta de canais de irrigação,
valetas, drenagens que sirvam de drenos ou colectores de agua para não acumular-se
provocar inundações na baixa de Xai-Xai.
51
4.2. Recomendações
Sugere-se a realização da educação sócio-ambiental de forma a consciencializar a
população sobre a sua situação de vulnerabilidade em relação as cheias que colocam em
causa a vida, infra-estruturas entre outros aspectos;
O uso do SIG pode ajuda a controlar os caudais do rio, através das fotografias, mapas
para controlar e reduzir a vulnerabilidade dos riscos hidrológicos, não só mas também
no momento da evacuação pode fornecer as rotas viáveis para os socorrista ajudar a
população a sair pelos caminhos seguros;
Ao governo recomenda-se:
A melhoria de meios de alerta e aviso prévio de cheias assim como a evacuação
da população;
A criação de cometeis para promover e expandir a educação da população em
matérias de redução de riscos de desastres naturais de modo a abandonar as
zonas de risco;
Formação de técnicos em matéria de redução de risco de desastres naturais,
Gestão de bacias partilhadas bem como a construção de infra-estruturas que
minimizem os acidentes naturais,
A construção da barragem de Mapai a montante do rio Limpopo, o que pode
aliviar as zonas semi-árida a montante nomeadamente Chicualacualá, Mabalane
e Combomune.
Para a população residente nas zonas de risco recomenda-se que devem se mudar para
as zonas de menos risco, atendendo que a maior parte deles estão nessas zonas de risco
porque tem lá machambas e criações de animais, recomenda se ainda que eles devem
estar sempre atentos aos meios de comunicação e de aviso prévio de cheias, para
estarem em prontidão face aos eventuais efeitos calamitosos.
O comité da bacia deve cumprir e fazer cumprir o Artigo 52 (Decreto 43/2007) sobre o
aproveitamento dos Leitos e Margens dos rios, para minimizar a degradação e
contaminação dos corpos de água na bacia.
53
Referência Bibliográfica
1. ABRAMS, J, LEN. Estratégia Nacional de Assistência para Recursos Hídricos
em Moçambique: fazer a Água Actuar para o Crescimento Sustentável e a
Redução de Pobreza. Agosto, 2007.
2. ARAÚJO, H.M, Souza, A. O Clima de Aracaju na Interface com a
Geomorfologia de Encostas. Revista Scientia Plena, Vol. 6, nº8, 2010
3. ARAÚJO, J. A. Aproximações da teoria da aprendizagem significativa e a
educação especial e inclusiva. Comunicação apresentada no III Congresso
Nacional de Educação: CONEDU, Natal – Rio Grande do Norte, Brasil).
Retirado de https://editorarealize.com.br/revistas/ 2016.
4. ARRANJA, CARINA. Distribuição de água em canais de rega em Moçambique
controlados por jusante. Vol. 27, 1998.
5. BOLEO, J.O., Geografia Física de Moçambique. Imprensa Nacional Lisboa
1950.
6. BRITO, RUI. Características Gerais da Bacia do Rio Limpopo em
Moçambique, 2006.
7. CASTANHEIRA, PAULO; Determinação da condutividade hidráulica
saturada acima da superfície freática. Vol. 21, 2000.
8. COELHO TEIXEIRA. Modelos de Gerenciamento de Recursos Hídricos:
Análises e Proposta de Aperfeiçoamento do Sistema do Ceará – 1a edição –
Brasília – 2004.
9. COLLISSCHONN, Walter: Riscos hidrológico e segurança de barragens
existentes, 2018.
10. CORDERO, J. S. Gerenciamento de Sistemas de Drenagem Urbana – Uma
necessidade cada dia mais intensa. 1999.
11. CUMBE Â. N. FRANCISCO. O Património Geológico de Moçambique:
Proposta de Metodologia de Inventariação, Caracterização e Avaliação 2007.
12. DIAS, F.P. Análise da susceptibilidade a deslizamento no Bairro Saco Grande
Florianópolis. 2011.
13. DIMENE SANTOS CLARA. Os Serviços de Águas em Moçambique,
Perspectiva de Regulação 2017.
14. DIRECÇÃO NACIONAL DAS ÁGUAS. Bacia hidrográfica do rio Limpopo,
Ministério das Obras Públicas e Habitação. 1996.
54
Fontes oficias.
MICOA (Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental), Avaliação da
Vulnerabilidade as Mudanças climáticas e Estratégias de Adaptação. Maputo,
Moçambique. 2004.
Outras fontes
58
http://www.travel-images.com/photomozambique33.html; Ministério da
Administração Estatal, Perfil do distrito de Xai-Xai Província de Gaza, Moçambique,
2005
59
Apêndices
Apêndices 1
60
Apêndices 2
Guião de entrevista dirigido aos técnicos do INGC. A presente entrevista enquadra-se
no desenvolvimento de uma Monografia no Curso de Licenciatura em Ensino de
Geografia com Habilitação em Turismo na área de Geografia, na Universidade Licungo,
Extensão da Beira, com tema,“Riscos Hidrológicos na bacia Hidrografica do rio
Limpopo cidade de Xai-Xai”, Os objectivos desta entrevista são meramente
académicos, solicitamos a melhor colaboração, garantindo-lhe que as suas respostas
serão úteis para a pesquisa, de modo igual, agradecemos que responda todas as questões
de forma sincera e objectiva.
7. Como técnico do INGC o que tem feito durante a ocorrência das cheias/inundações?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8. Qual tem sido o papel da INGC antes e depois da ocorrência das cheias/inundações
no processo desensibilizaçãoda população para ficar em regiões seguras?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9. Quais são as formas de mitigação dos riscos hidrológicos na bacia do rio Limpopo
em Xai-Xai?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Apêndices 3
Cronograma
Segundo Severino (2002) o cronograma é utilizado para elaboração do desenvolvimento
da pesquisa, onde devem ser distribuídas no tempo, as tarefas nos períodos do
calendário.
63
Gil (2008) diz que indica-se o tempo necessário para o desenvolvimento de cada uma
das etapas da pesquisa.
2020 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Pesquisa X X X
Dados X X X
Analise de dados X X X
Resultados e conclusões X X X
Montagem X
Apresentação X X
2020 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Pesquisa X
Dados X
Analise de dados X
Resultado e conclusões X
Montagem X
Apresentação X
Anexo