Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
MANUAL DE FORMAÇÃO
INDICE
1-Introdução ………………………………………………………………………………………………..……………. 6
2-Intervenção do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial com crianças e jovens …………..….. 8
o Âmbitos, limites e questões éticas .…………………………………………….………. 8
o Grupo ……………………………………………………………………………………..………… 24
o Família ……………………………………………………………………………………….…….. 25
o Ludoterapia ………………………………………………………………………………………. 30
Bibliografia ……………………………………………………………………………………….……………………… 39
Termos de Utilização ………………………………………………………………………….……………………. 40
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
Frase de Abertura
Virginia Wolf
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
Objetivos e Conteúdos
Objetivos
Conteúdos
o Questões éticas
o Contextos institucionais
o Grupo
o Família
o Ludoterapia
1-Introdução
"Cada vez que uma criança diz «Não acredito em fadas», há sempre uma fada que
morre." JAMES BARRIE
Para obter resultados adequados e eficazes, também os agentes educativos, para além
da Família, como a Escola e Comunidade, devem colaborar em conjunto na
manutenção da saúde das crianças, garantindo a realização de diligências necessárias
para assegurar o bem estar das crianças, bem como, promover estimulação que lhes
permita um desenvolvimento equilibrado e adequado.
Porque estamos perante uma realidade que se reveste de diferentes contornos, por
vezes, com consequências prejudiciais para as crianças, a prevenção deve constituir
um dos pontos essenciais e imprescindíveis. Torna-se prioritária a difusão generalizada
de medidas de prevenção, que contribuam significativamente para a sua eliminação ou
resolução.
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
Devem ser programas globalizados, pois o conceito de saúde e bem estar pessoal e
social é apenas um, logo os métodos de intervenção educativos devem incluir ambas
as vertentes.
A intervenção preventiva deve desenvolver-se através de diferentes programas
interativos nas diferentes instituições (escola, família, profissionais sociais e psicólogos,
etc.). E estes programas devem, para além de fomentar o desenvolvimento individual,
provocam mudanças nas instituições.
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
Os limites da confidencialidade
De salientar que mesmo nos casos em que aos responsáveis da estrutura residencial
compete o exercício dos poderes/deveres parentais necessários à tarefa de
proteção/educação de que estão incumbidos, é necessário o consentimento do jovem
com idade igual ou superior a 14 anos para a sua sujeição a tratamentos.
É no âmbito da mais recente Reforma do Direito de Menores que surge a Lei n.º 147/99,
de 1 de Setembro – Lei de Crianças e Jovens em Perigo – vigente desde 2001, na qual se
inscreve a intervenção dos diferentes sectores e serviços nesta matéria.
Obedecendo a uma nova filosofia de intervenção junto deste tipo de população infantil, a
referida Lei consagra um modelo de proteção que defende uma participação a diferentes
níveis:
no primeiro nível, é atribuída legitimidade às entidades com competência na área da
infância e juventude - ou seja, as que têm ação privilegiada em domínios como os da
saúde, educação, formação profissional, ocupação dos tempos livres, entre outros - para
intervir na promoção dos direitos e na proteção das crianças e dos jovens, em geral, e das
que se encontrem em situação de risco ou perigo;
no segundo nível, quando não seja possível às entidades acima mencionadas atuar de
forma adequada e suficiente para remover o perigo, toma lugar a atuação das Comissões
de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), nas quais a saúde, participa também;
no terceiro nível, é à intervenção judicial, que se pretende residual, que cabe o
protagonismo na proteção de crianças e jovens em perigo.
No entanto, é da exclusiva competência das CPCJ e dos Tribunais a aplicação das medidas
de promoção/proteção a favor dos menores que delas careçam.
informais, públicas e privadas, que lidam com crianças e jovens, nos sectores da saúde,
da educação, e do serviço social.
Cada profissional e cada serviço devem assegurar a proteção no limite máximo das
atribuições que lhes estão cometidas, sem prejuízo de uma participação articulada e
integrada, através do funcionamento de verdadeiras redes de apoio a nível local.
As instituições de saúde, por inerência da missão que lhes cabe, são conhecedoras dos
riscos de carácter psicossocial que estão presentes no dia-a-dia das populações a que
prestam assistência. Nesse contexto, têm responsabilidade particular na deteção
precoce de fatores de risco e de sinais de alarme na sinalização de situações de
crianças e jovens em risco, ou em evolução para verdadeiro perigo.
O que de um modo geral se acaba por verificar é que todos estes mecanismos de
defesa ou estratégias tendem a atenuar-se aos poucos e estas crianças acabam por
encontrar um equilíbrio entre a aceitação do seu estado inevitável e a adaptação (o
menos dependente possível), a um elemento novo.
Então, é expectável que a doença crónica na criança atinja não só esta mas também a
sua família. E surgem assim modificações e novas exigências no contexto familiar. Daí
que a terapêutica deva prever as relações entre criança – família – técnicos de saúde.
Na criança, a doença crónica (seja ela qual for) pode ser sentida pelos pais como
agressão, culpa e até potencial elemento reativador de (outros) problemas pessoais.
Decorre daqui, frequentemente, estados depressivos relacionados com essa deceção,
auto acusação, falha narcísica (o bebé / criança imaginário para os pais é substituído
pelo bebé / criança real comprometendo, nas suas crenças, a transgeracionalidade).
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
As doenças agudas são aquelas que têm um curso acelerado, terminando com
convalescença ou morte em menos de três meses.
A maioria das doenças agudas caracteriza-se em várias fases. O início dos sintomas
pode ser abrupto ou insidioso, seguindo-se uma fase de deterioração até um máximo
de sintomas e danos, fase de plateau, com manutenção dos sintomas e possivelmente
novos picos, uma longa recuperação com desaparecimento gradual dos sintomas, e a
coalescência, em que já não há sintomas específicos da doença mas o indivíduo ainda
não recuperou totalmente as suas forças. A fase de recuperação podem ocorrer as
recrudescências, que são exacerbamentos dos sintomas de volta a um máximo ou
plateau, e na fase de convalescência as recaídas, devido à presença continuada do
fator desencadeante e do estado debilitado do indivíduo, além de (novas) infeções.
As doenças agudas distinguem-se dos episódios agudos das doenças crónicas, que são
exacerbação de sintomas normalmente menos intensos nessas condições.
Trauma físico
o Contextos institucionais
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
Esta mudança da visão da criança como um ser frágil que precisa de proteção é
constatada numa frase do Preâmbulo da Convenção sobre os Direitos da Criança: “A
criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de
uma proteção e cuidados especiais, nomeadamente de proteção jurídica adequada,
tanto antes como depois do nascimento”.
Quando a família não consegue cumprir alguns dos direitos da criança é necessário a
intervenção do Estado para salvaguardar os interesses da criança. Esta intervenção do
Estado está prevista nos casos de ameaça à segurança, saúde, formação, educação ou
desenvolvimento da criança ou jovem, de acordo com a lei de proteção de crianças e
jovens em perigo.
Algumas das situações que exigem ações concretas por parte dos organismos de
proteção a crianças ou jovens são: 1) as situações de abandono; 2) maus tratos físicos
ou psíquicos; 3) abusos sexuais; 4) ausência de cuidados e de afetos adequados à sua
idade ou situações psíquicas; 5) exercício de atividades ou trabalhos excessivos e, 6)
submissão a comportamentos que afetem a segurança ou equilíbrio emocional das
crianças ou jovens ou a adoção de comportamentos que prejudiquem a sua saúde,
segurança, formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, representantes
legais ou quem detenha a guarda atuem de modo adequado para modificar a situação
de risco.
A institucionalização deve constituir uma mais-valia para a criança que necessita desse
acolhimento, retirando-a de uma situação de perigo. Segundo Sarmento (2000) a
integração social das crianças implica a articulação de múltiplos domínios, traduzindo-
se numa política que permita mudar a situação dos que se encontram mais
desfavoráveis socialmente, através da sua inclusão e educação.
Atualmente, a institucionalização possui, um estatuto globalmente desvalorizado no
quadro da proteção infantil. Esta imagem depreciativa é assumida e sentida pelas
crianças e jovens que vivem nestas instituições. E assim em vez de proteger e
proporcionar à criança outras possibilidades para o seu desenvolvimento a
institucionalização pode tornar-se também num tipo de mau – trato.
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
o Individual
o Grupo
Acima de tudo, um processo que pretende apoiar a criança numa situação de perigo
deve procurar ser contínuo, fluindo através do tempo e de acordo com a problemática,
tendo em conta o nível de urgência do problema e da emergência das necessidades da
criança e/ou dos seus pais ou instituições implicadas.
Daí que esta intervenção é designada como um “processo”, porque se traduz num
conjunto de procedimentos alargados no tempo. O facto deste processo se poder
estender no tempo não quer dizer que não precise de ser regulado ou planeado. De
forma alguma poderá ser uma intervenção descontrolada, sem qualquer orientação e
sentido para as ações desenvolvidas. Este processo de intervenção de promoção e
proteção necessita de estar enquadrado no tempo e no espaço, caso contrário, será
um claro retrocesso na vida da criança.
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
O grupo pode exercer uma forte influência no comportamento individual dos seus
membros, contudo este efeito pode ter aspetos positivos, mas também negativos. Um
grupo pode facilitar mudanças comportamentais, mas pode também facilitar a
manifestação de comportamentos socialmente indesejáveis e / ou desadequados.
Para este tipo de animação, podem ser dinamizadas atividades como, jogos
pedagógicos (cooperação, confiança, apresentação), jogos interativos (lúdico-
pedagógicos), exercícios práticos e dinâmicas de grupo, atividades de estimulação
cognitiva, jogos musicais, atividades de expressão plástica (desenho, pintura, colagem,
modelagem, dobragem), e também criação/adaptação de jogos/atividades –
estimulação da criatividade.
o Família
Nos nossos dias, a família é considerada como uma instituição dinâmica, mutável
internamente e em relação ao exterior. Apesar dos conflitos no seio da família, esta
continua a ter um papel muito importante no desenvolvimento da sociabilidade, da
afetividade e do bem-estar dos indivíduos.
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
o Expressão plástica
Expressão resulta do reflexo espontâneo das emoções, sem camuflagem nem batota –
um jogo íntegro, inerente ao ciclo das descobertas em que o indivíduo vive.
o Ludoterapia
Que adulto não recorda dos velhos tempos de criança, onde as brincadeiras eram
ensinadas entre os amigos, vizinhos e promoviam, além de divertimento, a
manutenção da saúde e do desenvolvimento psicomotor?
Em diversos livros que tratam do tema desenvolvimento infantil, exemplos são dados,
mas não encontramos receitas prontas que indiquem os itens que devemos seguir. O
que está a ocorrer, segundo algumas publicações em revistas e jornais, é a numerosa
procura por soluções alternativas, onde as crianças possam gastar as suas energias.
Às vezes, as crianças conseguem dar conta de todos os seus afazeres, apenas não
possuem tempo para a tarefa principal desta fase, que é o brincar, pois seguem
horários até para a diversão.
A criança tem dentro de si potencial e, este emerge nas situações da sua vida e,
nestes momentos, o indivíduo apresenta ao mundo o seu ritmo e a sua harmonia. E o
brinquedo nada mais é, do que a linguagem da criança.”
O trabalho inicial de Jean Piaget com os primeiros testes de QI, convenceu-o de que
tais testes estandardizados (reduzidos a um só tipo) deixam escapar muito do que é
especial e importante acerca dos processos de pensamento da criança.
Para analisar estes processos, Piaget observou, desde a infância, os seus próprios filhos
assim como outras crianças. O pensamento da criança, conclui o autor, é
qualitativamente diferente (diferente na forma) do pensamento adulto.
•Inteligência prática, baseada nas sensações e nos movimentos (o mundo que existe
para o bebé é apenas aquele que ele vê, ouve ou sente e sobre o qual age);
•Antes dos 8 meses: é como se o mundo não fosse constituído por objetos, mas sim
por uma sucessão de imagens, sem ligação entre si, em que as coisas deixam de existir
quando deixam de ser percecionadas;
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
•Progressivamente, vai sendo capaz de agir intencionalmente, de modo cada vez mais
coordenado, para obter o fim pretendido (ex.: obter um objeto), utilizando, para tal,
não só a ação do próprio corpo, como fazia anteriormente, mas também outros
objetos;
•Egocentrismo intelectual: a criança acha que o mundo foi criado para si e não é capaz
de perceber o ponto de vista do outro (acha que os outros pensam e sentem da
mesma forma que ela);
________________________ UFCD 10390 - Domínios e estratégias de intervenção em crianças e jovens
•Animismo: o egocentrismo estende-se aos objetos e outros seres vivos, aos quais a
criança atribui intenções, pensamentos, emoções e comportamentos próprios do ser
humano;
•A sua perceção imediata é encarada como verdade absoluta, sem perceber que
podem existir outros pontos de vista: privilegia as suas perceções subjetivas,
desprezando as relações objetivas. Não percebe as diferenças entre as mudanças entre
as mudanças reais e aparentes e, portanto, responde com base na aparência,
acreditando que é o real. Ex.: são apresentados à criança dois corpos iguais com a
mesma quantidade de água. À sua frente, verte-se a água de um copo deles para um
copo, alto e fino. A criança afirma que agora este copo alto e fino tem mais água do
que o outro. Não compreende que a quantidade de água permanece a mesma,
independentemente do recipiente em que é colocada. Ou seja, responde com base na
aparência (como o segundo copo parece maior, porque é mais alto, a criança pensa
que tem mais água);
estado de um objeto, sem que todo o objeto mude, e depois reverter esta
transformação, voltando ao estado inicial);
•Consegue realizar não sós operações concretas mas também operações formais. Ex.:
Problema. Três pessoas A, B e C estão sentadas num banco de jardim. Quantas
hipóteses existem relativamente à ordem em que estão sentadas?
Bibliografia
AA VV., Carta de Princípios para uma Ética Profissional, Ed. APEI, s/d
Banks, S., Ética prática para as profissões do trabalho social, Ed. Porto Editora, 2008
Rocha, A., Ética, deontologia e responsabilidade social, Ed. Vida Económica, 2010
Termos de Utilização
Este manual é protegido pelo Direito de Autor enquanto criação intelectual do domínio
literário e científico. Todos os direitos são do Manuais da Formação Profissional.
Para ser protegida, esta obra é original. O conceito de originalidade não se confunde
com o de novidade e pode ser definido, sinteticamente, como individualidade própria
ou criatividade. Uma obra que se caracterize pela originalidade encontra-se protegida
ainda que o tema utilizado pelo autor já tenha sido objeto de outra obra do mesmo
género ou de género diverso.
Não poderá ser reproduzida ou utilizada sem o prévio consentimento de quem detém
os direitos de autores.