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Observação de células eucarióticas e a

sua afinidade a corantes ácidos e


básicos

Biologia Molecular da Célula


1º Ano de Bioquimica
Ano Letivo 2020/2021
Docente: Graça Maria Pereira da Costa
Discente: Edward Sousa (2109220)
13 de novembro de 2020
INTRODUÇÃO
Define-se como coloração ao processo no qual um corpo é colorido ou
toma a cor pela ação de uma substância corante e que não desaparece
quando lavado com a mesma substância em que foi dissolvido o corante.. Ao
longo dos anos no estudo dos preparados biológicos uma limitante fundamental
tem sido a pequena variação na absorção de luz nos diferentes componentes
da célula; isto, somado ao facto do microcópio ótico possuir um contraste
reduzido, faz a observação de determinadas entidades um trabalho árduo. Este
problema tem sido solucionado graças ao processo de coloração; devido à
propiedade de distintos componentes celulares de incorporar com intensidade
variável estas substâncias corantes. O que faz com que nós consigamos
observar um determinado componente é a sua capacidade de absorver
radiação na faixa da luz visível, cada cor está relacionada com um
comprimento de onda específico; os nossos olhos conseguem detectar uma
faixa de radiação que vai de 400 a 700 nanômetros. Alguns compostos
orgânicos podem absorver radiação nesses comprimentos de onda de cada
cor. Na pesquisa de novos corantes foi então necessário sintetizar compostos
que pudessem absorver radiação. Um exemplo do processo de coloração pode
ser observado na figura 1 (Gomes, A.R.; Zaiden, S.F.; Nakaghi, L.S. O;
2008).
H o j e e m d i a
clasificações; entre elas, existem os
chamados corantes ácidos e básicos. Os
corantes ácidos são aqueles que têm
carga negativa e afinidade com o
citoplasma (ex. Eosina), Os corantes
básicos possuem carga positiva e têm
afinidade pela cromatina nuclear e
cartilagem (ex. Azul de metileno). Os
componentes de estruturas que reagem
com um corante básico são considerados
basófilos
Figura 1 – enquanto que os
Tecidos do intestino componentes
sendo
corados por PAS (coloração ácido-
do tecido que reagem com corantes
periódico-Schiff)
ácidos são considerados acidófilos. A
metacromasia é a mudança da cor do
corante depois de reagir com os componentes tecidulares.
Um dos seres eucarióticos mais simples e que foi objeto de estudo no
presente trabalho laboratorial foi a levedura Saccharomyces cerevisiae, um
fungo unicelular que se pode reproduzir assexuadamente por dois processos:
fissão binária (divisão de uma célula em duas por mitose, cada uma com o
mesmo genoma da “célula-mãe”) ou gemulação (desenvolvimento de um anel
de quitina à volta da área onde se formará a protuberância, que será expelida
através da parede celular do progenitor, com menores dimensões). Possui ciclo
de vida diplobionte (figura 2): inicia-se a fase haploide (α) com a meiose de
uma célula diplóide resultando numa estrutura contendo quatro produtos da
meiose (ascósporos). O Inicio da fase diploide (a) dá-se com a conjugação
de duas células haplóides e formação de uma célula diplóide que prolifera
vegetativamente. A conjugação em leveduras ocorre entre células de tipo
sexual diferente, designados por a e α.
Na sua parte interna, delimitada por
uma membrana celular bem definida e
também por uma parede celular; as
levedura possuem um núcleo, vacúolo,
retículo endoplasmático,
mitocôndrias, aparelho de Golgi,
cabos de actina, vesículas excretórias
e glóbulos de gordura (figura 3).

Figura 2 – Ciclo de vida resumido de


Saccharomyces cerevisiae

As leveduras enquadram-se no reino


Fungi e são organismos anaeróbios
facultativos porque conseguem realizar a
respiração celular na presença de oxigénio
(aeróbia) ou na sua ausência (anaeróbia).
São usadas industrialmente para a fabrico
de cervejas e pão; mas também como uma
fonte de nutrientes pelo seu alto valor
proteico e vitamínico do complexo B.

Figura 3 – Partes da levedura


Saccharomyces Cerevisiae.

MATERIAIS E METODOS
Com o objetivo de observar a afinidade de diferentes corantes ácidos e
básicos com os componentes celulares de Saccharomyces cerevisiae, foi
realizada uma preparação temporária do referido fungo com água destilada
numa placa de Petri, a preparação foi logo tranferida a um tubo de ensaio.
Com o uso de uma pipeta de Pasteur foi colocada uma gota da solução numa
lâmina de vidro que foi coberta superiormente por uma lamela. Com o uso do
microscópio ótico, foi observada a amostra com ampliações de 50x, 100x,
400x e 1000x. Para a observação em ampliações de 1000x, foi usado óleo de
imersão (colocou-se uma gota numa zona de interesse da lâmina, fazendo
contacto direto com a objetiva de 100x). Após o registo das observações
realizadas, usou-se xilol para a limpeza do óleo de imersão, empregando para
o efeito um cotonete de algodão e limpando com movimentos circulares a
objetiva, a lâmina e o condensador.
Os corantes usados nesta experiência foram o azul de metileno, Lugol
de Gram, Giemsa e o Carmim acético. Para o emprego dos corantes primeiro
aplicaram-se duas gotas da preparação temporária numa lâmina de vidro que
foi posteriormente secada com calor usando uma lamparina de álcool e uma
pinças de madeira; logo, foram aplicadas duas gotas de corante e deixaram-
se atuar por um tempo: azul de metileno (1 minuto), Lugol de Gram (1
minuto), Giemsa (7 minutos) e Carmim acético (15 minutos). Após do tempo,
escorreram-se as lâminas com água corrente e água destilada. Após a sua
secagem ao ar, foram cobertas superiormente por uma lamela e observadas
em todas as ampliações do microscópio, segundo o mesmo procedimento
usado na observação das leveduras sem coloração. A seguir mostram-se
esboços das observações realizadas com ampliação de 1000x, das leveduras
sem coloração (figura 4) e com os corantes anteriormente referidos (figura 5, 6,
7 e 8).

Figura 4 e 5 – Leveduras sem corolação e com azul de metileno (1000x).


Figura 6 e 7 – Leveduras com Lugol de Gram e Giemsa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para todas as preparações foram observadas
pequenas estruturas arredondadas,
aglomeradas entre si de forma variável e que
evidenciavam em alguns casos pequenas
saliências (isto é, evidenciavam o processo de
gemulação); estas estrutururas arredondadas
correspondiam as leveduras da espécie
Saccharomyces cerevisiae. Para a
determinação das dimensões médias destes
organismos, foram realizadas cinco (5)
medições da largura e do comprimento
das células das leveduras a partir da
Figura 8 – Leveduras com Carmim
figura 9 (Costa, 2020):
acético

Tabela 1 – Cálculo da média e o desvio padrão


da largura e comprimento das células de
leveduras.
Célula Largura Comprimento
(µm) (µm)
1 12,5 13,15
2 5,26 12,5
3 8,33 13,15
4 10 11,6
5 8,33 15,62
Média 8,884 13,20
Desvio 2,3693 1,3350
padrão

Assim, as dimensões aproximadas (largura x comprimento) das células


das leveduras observadas foram de 8,884x13,20µm e os seus desvios padrão
foram respetivamente de 2,3693 e 1,3350.
Para o azul de metileno, como evidenciado pela figura 5, foi possível
distingir com melhor detalhe o núcleo da célula, isto devido ao facto deste
corante ter mais afinidade com os componentes basófilos (núcleo e hetero
cromatina), confirma-se então que o azul de metileno é um corante básico.
Com o Lugol de Gram (figura 6) foi possível observar pequenos pontos no
interior das células das leveduras, os quais correnpondiam aos filamentos
citoplasmáticos (tecidos acidófilos); o que quer dizer que o Lugol de Gram é
um corante ácido. Com o Giemsa e o carmím acético (figuras 7 e 8) foi
possível colorir as células, mas não reconhecer nem tecidos basófilos nem
acidófilos; isto devido, provávelmente, ao facto do tempo de aplicação do
corante não ter sido suficiente, ao facto de existir pouca afinidade entre os
componentes intracelulares e os corantes, ou então devido a erros na técnica
de preparação das amostras com os corantes.

CONCLUSÕES
Para este tipo de observações, o Microcópio Eletrónico de
Transmissão (MET) é ideal para a visualização mais detalhada dos
componentes tecidulares basófilos e acidófilos de Saccharomyces cerevisiae;
provindo imagens mais claras e consequêntemente melhores resultados
experimentais. Embora no presente trabalho laboratorial tenha sido utilizado o
microcópio ótico (que, em comparação com o MET possui menor resolução)
foi ainda possível observar organelos intracelulares com o azul de metileno e
o Lugol de Gram. Entre estes dois corantes, aquele que permitiu uma melhor
e mais variada visualização de organelos foi o azul de metileno, foi o corante
mais interessante na opinião do investigador.
É possível concluir então que os corantes com melhor afinidade para os
componentes de Saccharomyces cerevisiae foram o azul de metileno e o
Lugol de Gram; adicionalmente seria também possível concluir de maneira
hipotética que o giemsa e o carmim acético possuem menores afinidades
com os referidos componentes tecidulares.
REFERÊNCIAS
 Pires, I., 7. Observação de alguns organelos celulares (1),
encurtador.com.br/jmG89, acedido em 13/11/2020.
 Vidal, D. B., Colorantes e coloración I, encurtador.com.br/dloG3,
acedido em 13/11/2020.
 Lorena, S., Corantes, encurtador.com.br/muvJ7, acedido em
13/11/2020.
 Desconhecido, 2011, Colorações: Histoquímicas,
encurtador.com.br/msBOR, acedido em 13/11/2020.
 Oliveira, R., 2006, Ciclo de vida das leveduras,
encurtador.com.br/gnBC2, acedido em 13/11/2020.
 Desconhecido, Leveduras, https://www.todamateria.com.br/leveduras/,
acedido em 13/11/2020.
 Desconhecido, Cissiparidade ou Fissão Binária,
encurtador.com.br/jnyX5, acedido em 13/11/2020.
 Moreira, C.; Feijó, J., 2010, Gemulação, encurtador.com.br/eMNRS,
acedido em 13/11/2020.
 Desconhecido, Qual é a diferença entre microscópio ótico e
eletrônico, encurtador.com.br/dyCM5, acedido em 14/11/2020.
 Costa, G., 2020, Célula epitelial da mucosa bucal (célula de
organismo do Reino Animalia e célula de levedura (célula do
organismo do Reino Fungi), Funchal.

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