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Administração Aplicada à Engenharia

de Segurança
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SUMÁRIO

UNIDADE 1 - CONCEITOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇAO


1.1 Conceito de administração .................................................................................................... 4
1.2 Princípios básicos da administração................................................................................... 6
1.3 Funções clássicas da administração .................................................................................. 9
1.4 Administração do programa de segurança .....................................................................12
1.5 Política de segurança do trabalho .....................................................................................14
1.6 Programa de segurança do trabalho ................................................................................21
1.7 Serviços especializados em segurança e medicina do trabalho ...............................27
1.8 Comissão Interna De Prevenção De Acidente (CIPA) ...................................................32

UNIDADE 2 - A ENGENHARIA DE SEGURANÇA E AS ÁREAS DA EMPRESA


2.1 SESMT.......................................................................................................................................35
2.2 Responsabilidade civil e criminal – aspectos éticos.....................................................37
2.3 Custos de acidentes ..............................................................................................................39
2.4 Situação atual x versão do futuro......................................................................................42

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 44
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UNIDADE 1 - CONCEITOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇAO

1.1 Conceito de administração


O conceito de Administração é bastante amplo e deve ser lembrado sempre

que se inicia um estudo sobre o assunto. De modo geral, podemos definir

Administração como o campo de conhecimento e de atividade que se ocupa com

situações nas quais um indivíduo ou grupo de indivíduos se empenha em alcançar

objetivos, valendo-se do trabalho de várias pessoas.

Embora a administração, sob diferentes formas, perpasse toda a vida dos

seres humanos, em todos os segmentos da sociedade, a empresa é uma das áreas

em que essa presença se faz mais importante.

Os dois conceitos (administração e empresa) são estreitamente ligados, sendo

que a empresa pode ser entendida como “toda instituição que se propõe atingir

determinados objetivos com a participação, pelo menos em trabalho, de várias

pessoas”.

Em resumo podemos dizer que a Administração é um campo que se volta para

as atividades empresariais.

Assim, a história da Administração tem a empresa como principal cenário.

Didaticamente, podemos dividi-la em três fases, considerando o seu processo

evolutivo.

• Fase Tradicional - os procedimentos administrativos são baseados na

transmissão assistemática de condutas administrativas bem


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sucedidas. Esta transmissão, na maioria das vezes, é realizada através

de contatos pessoais, sem grande formalismo.

• Fase Pragmática ou Racional - com a evolução social, dentro e fora da

empresa, seus integrantes já não se relacionam apenas por meio de

contatos pessoais. Faz-se necessária a criação de procedimentos

administrativos, estabelecendo-se tratados e normas a respeito do

assunto. Busca-se maior racionalidade nas organizações com aumento

direto de produtividade. São representantes clássicos dessa fase o

francês Henri Fayol e o americano Frederick N. Taylor.

• Fase Científica - a Administração já não se ocupa com problemas que

possam ter soluções imediatas (a pesquisa experimental sem

finalidades imediatas é muito desenvolvida). Nessa fase a empresa já

não é vista como uma entidade isolada, os problemas fora dela também

passam ser considerados e a integrar conscientemente o âmbito dos

estudos e atividades.

Verifica-se, portanto, que a Administração é uma área em constante evolução

e vários conceitos relativos a ela foram produzidos por diferentes autores. Neste

momento, todavia, vamos focalizar dois, Fayol e Jiménes Castro, principalmente para

destacar o sentido evolutivo, já enfatizado.

a. Fayol (1956) considerava a administração como um conjunto de atividades

dentro da estrutura da empresa. Para ele, administrar é: prever ou planejar;

organizar; comandar; coordenar; controlar.


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b. Jiménez Castro (1963) define a Administração como uma ciência social

composta de princípios, técnicas e práticas cuja aplicação a conjuntos

humanos, permite estabelecer sistemas racionais de esforço cooperativo,

por meio dos quais se podem alcançar propósitos comuns que

individualmente não seria fácil lograr. É a própria visão científica da

Administração.

No primeiro conceito (Fayol) está nítida a fase pragmática, enquanto que no

segundo (Jiménez) percebe-se uma preocupação mais universalista, mais científica.

1.2 Princípios básicos da administração


São princípios básicos da Administração: divisão do trabalho, subordinação ao

interesse geral, centralização/descentralização, iniciativa e união do pessoal.

Divisão do trabalho

Para produzir mais e melhor com o mesmo esforço, é fundamental dividir o

trabalho a ser realizado entre diferentes pessoas. Pode até haver vários

trabalhadores executando as mesmas tarefas, porém, a divisão de trabalho implica

atribuir tarefas específicas a grupos de pessoas distintas. A divisão do trabalho

implica os seguintes aspectos:

a. autoridade: para que o trabalho grupal se desenvolva eficientemente, é

necessário que alguém goze do direito/poder de mandar em outras pessoas e de se

fazer obedecer;
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b. disciplina: é a existência, entre as pessoas que desenvolvem uma

atividade grupal, de obediência às convenções estabelecidas entre a empresa e seus

agentes, obediência essa manifestada através da assiduidade e do cumprimento das

atividades, como também, através de sinais exteriores de respeito às convenções

existentes;

c. unidade de mando: é o princípio segundo o qual um funcionário da

empresa, para a execução de uma tarefa qualquer, deve receber ordens de um só

chefe;

d. unidade de direção: é o princípio segundo o qual as operações

desenvolvidas devem todas tender aos objetivos gerais da empresa.

Subordinação ao interesse geral

Segundo o princípio da subordinação ao interesse geral, o interesse de

um funcionário ou de um grupo de funcionários não deve prevalecer contra o

interesse da empresa. No entanto, isso não dispensa a remuneração do pessoal.

Remuneração do Pessoal

O serviço prestado por qualquer funcionário em uma empresa tem um “preço”

e, portanto, deve ser “remunerado”. Esta remuneração pode ser feita de várias

formas, mas atualmente o mais usual é a remuneração financeira, que deve ser pré-

estabelecida, de forma equitativa, atendendo a interesses pessoais do empregado e

da empresa.

Centralização/descentralização
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É necessário que haja certa centralização da autoridade a fim de evitar uma

dispersão de esforços que impossibilite a consecução dos objetivos da empresa. No

entanto, essa centralização deve ser distribuída em grau maior ou menor, de acordo

com a realidade de cada empresa, o que conduz a alguns aspectos como:

a. hierarquia: implica a divisão da autoridade pelos elementos da empresa

de modo claro e explicito, a fim de que as pessoas desfrutem de um grau de

autoridade bem definido e que se forme uma “pirâmide” com graus crescentes de

autoridade, até chegar a uma autoridade superior central.

b. ordem: a noção de ordem pode ser sintetizada da seguinte forma: “para

cada lugar uma pessoa ou coisa e para cada coisa ou pessoa, um lugar”.

c. equidade: para que haja eficiência no trabalho, há que se aplicar a

justiça, com benevolência e de forma semelhante para todos, em situação idêntica.

d. estabilidade de pessoal: para que haja bom funcionamento da empresa

e satisfação de seus empregados, é necessário assegurar-lhes condições de

estabilidade no trabalho; a forma e o grau de estabilidade assegurado podem variar

no tempo e no espaço, mas um mínimo deve ser respeitado.

e. iniciativa: a empresa deve propiciar condições de desenvolvimento do

espírito de iniciativa a todos os empregados, isto é, possibilitar-lhes conceber planos

que, se aprovados, terão asseguradas condições de bom desenvolvimento.

União do pessoal
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Na medida em que a harmonia e a união do pessoal são fundamentais ao bom

desempenho dos empregados, a empresa deverá realizar esforços no sentido de

estabelecer esse congraçamento.

1.3 Funções clássicas da administração


Após considerarmos os princípios clássicos, poderemos analisar as funções

clássicas da administração: organizar; comandar; coordenar; controlar; avaliar;

supervisionar.

Organizar

Organizar é dispor os recursos da empresa a fim de constituir seu duplo

mecanismo, material e social. Todavia, quando falamos em dispor adequadamente os

recursos, podemos referir-nos a diversas organizações conforme tratemos de

diferentes tipos de recursos:

• humanos - organização do pessoal;

• materiais – organização do espaço físico (prédios e instalações móveis

e máquinas e equipamentos);

• financeiros - organização financeira;

• atividades - organização funcional.

Por onde devemos começar a organização de uma empresa?

É necessário, primeiramente, tratar da organização estrutural, pois é a partir

dela que tudo o mais se estrutura.

Comandar
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Comando é a função administrativa exercida por pessoa investida de

autoridade para tanto. Basicamente consiste em:

• tomar decisões quanto ao que deva ser feito ou providenciado;

• delegar parte da autoridade a outros elementos, a fim de melhorar e

atingir os objetivos da empresa com menos esforço pessoal;

• determinar tarefas a serem executadas pelos subordinados;

• propor sanções positivas ou negativas para aqueles que se

desincumbam, satisfatoriamente ou não, das determinações que lhes

foram feitas.

Portanto, para exercer a função de comando é necessário ter poderes para:

decidir, determinar, delegar, propor.

Controlar

Controle, em sentido amplo é a função por meio da qual se verifica a execução

do que foi estabelecido ou determinado. Aplica-se tanto para coisas quanto para

pessoas. Por exemplo: controle de horário de pessoal ou controle de estoque.

Para que a função de controle possa se processar de fato e aumentar a

eficiência do trabalho, é fundamental que o estabelecido esteja perfeitamente claro e

explicado. O sistema de controle deve permitir chegar a uma conclusão real, pois, do

contrário, ocorre um descrédito generalizado no sistema estabelecido. Quando se

trata do controle de pessoas é fundamental que todos conheçam previamente os

mecanismos de controle que serão utilizados.

Avaliar
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Avaliar é a função através da qual se procura verificar e analisar se o

determinado ou estabelecido atingiu os objetivos esperados. Ao observar o trabalho

executado por um empregado para configurar uma avaliação, temos que verificar se

o desempenho condiz ou não com o que se esperava do subordinado.

Assim como no controle, os critérios de avaliação devem ser previamente

estabelecidos a fim de se evitar subjetivismos na análise dos dados ou na coleta das

informações que retratam um fenômeno observado.

Coordenar

A função de coordenar diz respeito a um conjunto de medidas estabelecidas

dentro da empresa com o objetivo harmonizar recursos e processos, mesmo quando

já devidamente previstos, organizados, comandados, controlados e supervisionados.

Supervisionar

Supervisão é a função que consiste basicamente, em motivar e orientar

pessoas a desenvolverem suas atividades dentro de determinadas normas, julgadas

as melhores, para se alcançarem os objetivos da empresa.

Portanto, as medidas de supervisão são sempre aplicadas a pessoas. Não é

necessário que sejam permanentes, pois as normas são relativamente estáveis e, ao

mesmo tempo, a motivação e a orientação dos empregados, se bem feitas, não

necessitam de reforços constantes.

É importante lembrar que:

• quem exerce a supervisão deve possuir autoridade técnica;


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• antes de exercer a supervisão, deve-se verificar previamente se há os

recursos e meios;

• as medidas de supervisão devem ser executadas de forma que o

supervisionado não veja, na pessoa que está exercendo a supervisão, a

figura de um fiscal ou alguém que imponha suas ideias.

1.4 Administração do programa de segurança


Conhecer bem tudo

Conhecer bem as pessoas, as linhas de produção, os ambientes de trabalho,

as atividades e os produtos e serviços existentes.

Recomendação

Um Engenheiro de Segurança iniciante deve principalmente ouvir sempre as

pessoas e visitar constantemente todos os ambientes de trabalho.

Conhecer bem a Política da Empresa, com relação a: Suas Atribuições

Quais são as suas tarefas (ex.: responder pela segurança patrimonial,

bombeiros, meio ambiente etc.). De início, devem-se aceitar todas as que lhe forem

sugeridas e, no decorrer do tempo, ir dando mais energia para aquelas mais

importantes, sempre informando a seu superior hierárquico que você tem atribuições

legais. Deve-se ter um descritivo de posto de suas atribuições.

Conhecer bem a Política da Empresa, com relação a: Sua Competência


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Campo de ação (onde atuar), o qual deverá ser ilimitado (todos os locais) e até

onde (ex. interrupção da produção ou de tarefas, limitar compra de materiais

perigosos etc.)

Sua Autoridade

Deve ser fundamentada em bases pré-estabelecidas (Leis, Normas Técnicas,

Normas Internas etc.) e ser compartilhada com a diretoria, as gerências, as chefias, os

Técnicos de Segurança do Trabalho (TST), a CIPA, entre outros. O Engenheiro de

Segurança Trabalho (EST) não necessita ter autoridade e, sim possuir boa didática de

convencimento para fazer as pessoas entenderem o problema existente. O Engº de

Segurança deve ter sempre em mente que deve ser um excelente vendedor e que

qualquer funcionário é seu cliente.

Sua Responsabilidade

Saber o nível de conhecimento que as pessoas possuem com relação às

definições de responsabilidade civil e criminal, com o objetivo de evitar acidentes.

Procurar sempre, de forma natural e progressiva, transmitir os conceitos de que o

Engenheiro de Segurança é um assessor, que nada executa e não manda executar,

não delega, somente indica e alerta sobre os riscos e sugere ações preventivas e

corretivas afim de evitar acidentes/ perdas.


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1.5 Política de segurança do trabalho


Pressupostos

Muito embora a maioria dos empresários já tenha algum contato com as

políticas de segurança e possua consciência das suas atribuições e responsabilidades

pela Segurança do Trabalho, poucas são as empresas que fazem uso dessas políticas.

Tal fato pode ser indicador de distorções involuntárias, pela falta de

compreensão ou até mesmo pela pouca importância que costuma ser atribuída à

segurança, o que pode indicar a inexistência de uma consciência prevencionista.

Portanto, a temática da segurança deve ser cuidadosamente analisada, desenvolvida

e adaptada à realidade de cada empresa antes de ser introduzida em seu programa

de trabalho.

Os acidentes do trabalho, como comprovam os fatos, constituem o tipo de

ocorrência que mais efeitos negativos impõe a uma comunidade: a dor e os problemas

de ordem psíquica causados ao trabalhador que sofre a lesão física; as sequelas que

reduzem sua capacidade laborativa; o ônus que isso representa para ele, sua família,

a empresa e o estado. Esses, entre outros problemas de ordem social e econômica,

constituem exemplos dos efeitos negativos dos acidentes de trabalho e, se não

impedem, pelos menos retardam muito a evolução de uma comunidade.

Assim, a Segurança do Trabalho, que visa essencialmente à prevenção dos

acidentes, tem um papel de imensurável importância e sua ação deve ser avaliada a

partir de dois pontos de vista:

• humanitário, buscando garantir a integridade física do trabalhador;


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• produtivo, buscando eliminar os fatores negativos que distorcem um

processo de trabalho e impedem que se cumpra o programado.

Com essa visão, que desconsidera qualquer conotação meramente

paternalista, busca-se atingir o objetivo final da Segurança do Trabalho que é zelar

pelo bem-estar e o desenvolvimento da comunidade, com base no trinômio integrado

“Empregado, Empresa e Nação”.

Definição da política de segurança

Tal como as demais atividades desenvolvidas em uma empresa, as de

Segurança do Trabalho devem ser precedidas pela definição de uma política,

entendida como linha de conduta administrativa adotada pela direção.

Ao declará-la, é imprescindível que essa direção o faça de forma clara e de fácil

interpretação por todos os funcionários e que, em escopo, demonstre a vontade, o

interesse e o grau de importância, dedicados à atividade em pauta. Nesse contexto,

os profissionais especializados em Segurança do Trabalho, têm um papel de vital

importância, devendo contribuir por meio de sua assessoria, no direcionamento

daquela política, que deve se fundamentar em quatro elementos básicos:

• o apoio ativo da administração;

• definição precisa das responsabilidades por prevenção de acidentes;

• criação da consciência prevencionista em todos os empregados;

• pronta remoção das condições inseguras de trabalho, logo após sua

constatação.

Gerenciamento de linha
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Os gerentes, traduzindo a alta administração, devem liderar as ações de

prevenção de acidentes, para que todos os empregados, de qualquer nível hierárquico,

sintam a preocupação da empresa pelo assunto. Essa preocupação deve expressar-

se, principalmente, no total apoio, moral e financeiro, ao desenvolvimento de um

programa prevencionista adequado.

Somente com uma política bem definida de delegação de atribuições e de

responsabilidades poder-se-á alcançar sucesso na área de Segurança do Trabalho.

Em uma empresa, a responsabilidade pela prevenção de acidentes compete a

todos; para que um programa alcance sucesso, é indispensável que todos os

integrantes da empresa, em todos os níveis hierárquicos, dele participem ativamente;

para tanto, torna-se necessário que, a cada categoria de pessoal, seja atribuída uma

cota de responsabilidade dentro do programa geral desenvolvido.

Responsabilidade da alta administração

• Estabelecer e divulgar a política de segurança da empresa;

• estabelecer e divulgar um programa de segurança para a empresa;

• adotar medidas administrativas e financeiras visando ao cumprimento

das normas e diretrizes e proporcionando a manutenção dos locais de

trabalho, de modo a mantê-los em condições seguras, ou seja, em

condições favoráveis à saúde e à integridade dos empregados.

Responsabilidade da área encarregada da Segurança do Trabalho

A alta administração de uma empresa tem diferentes formas de mostrar seu

interesse pelos assuntos de Segurança do Trabalho. Uma das mais importantes é


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delegar à área especializada a coordenação da prevenção de acidentes na empresa.

Evidentemente, nem todas as empresas (pelo número de empregados e pelos poucos

riscos que apresentam) estão em condições de ter um funcionário para trabalhar em

tempo integral como responsável pela segurança, mas algumas podem dispor de

diversos técnicos dedicados exclusivamente à prevenção de acidentes. Em todos os

casos, porém, qualquer empresa deve contar com um responsável pela prevenção de

acidentes, que deve dispensar, rigorosa e diariamente, pelo menos parte de seu

tempo no desenvolvimento do programa de prevenção de acidentes.

Oportunamente, iremos estudar esse assunto em mais detalhes, mas

podemos relacionar algumas das principais responsabilidades da área de prevenção

de acidentes:

• elaborar o programa de prevenção de acidentes e estimular seu

desenvolvimento;

• fiscalizar a execução do programa;

• assessorar a alta administração e a supervisão em aspectos técnicos

envolvidos nas medidas preventivas a serem adotadas.

Responsabilidade de todos os níveis de supervisão

• Inteirar-se da política de segurança estabelecida pela direção da

empresa e do programa de Segurança do Trabalho, responsabilizando-

se pelo cumprimento das diretrizes estabelecidas e pelo resultado do

programa;
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• cumprir e fazer cumprir as diretrizes e normas emanadas dos serviços

especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho e

da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;

• tomar providências para a correção de condições inseguras e adotar

medidas de caráter preventivo;

• cuidar para que os respectivos subordinados sejam integrados e

instruídos sobre os aspectos da Segurança do Trabalho;

• manter os respectivos subordinados com consciência e espírito

voltados à prática da prevenção de acidentes.

• estabelecer medidas visando ao pronto atendimento médico aos

respectivos subordinados acidentados.

Responsabilidade dos trabalhadores

Geralmente, pela falta de conhecimento dos riscos, os trabalhadores são os

que mais dificilmente aceitam sua cota de responsabilidades pela prevenção de

acidentes, mas a eliminação da prática de atos inseguros depende deles, em grande

parte. Vejamos, pois as responsabilidades dos trabalhadores:

• cumprir as normas e diretrizes da empresa, dos serviços especializados

em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho e da Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes;

• estar atentos para informar à respectiva chefia imediata quaisquer

anormalidades que possam resultar em acidentes envolvendo sua


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pessoa, as de seus companheiros de trabalho ou as máquinas e

equipamentos da empresa;

• não executar trabalhos sobre cujos riscos não tenha pleno

conhecimento, buscando esclarecer as dúvidas com sua chefia

imediata;

• zelar pela manutenção de seu próprio espírito prevencionista e do de

seus companheiros de trabalho.

Criação da consciência prevencionista dos empregados

Esse fundamento da política de Segurança do Trabalho visa a criar nos

trabalhadores uma verdadeira consciência prevencionista, de maneira que deixem de

praticar atos inseguros, com a absoluta convicção de que a única maneira correta de

trabalhar é a maneira segura. O lema de todas as empresas deve ser segurança com

benefícios para todos, incluindo cada um no conjunto dos beneficiários da prevenção

de acidentes.

Pronta Remoção das Condições Inseguras de Trabalho

A experiência demonstra que os acidentes de trabalho geralmente são

provocados por condições inseguras e atos inseguros. Deve-se, em consequência, dar

grande importância à eliminação das condições inseguras de trabalho, mesmo

porque, com essa eliminação, tornar-se-á impossível a prática de muitos atos

inseguros. Vejamos agora um exemplo de declaração da política de Segurança do

Trabalho de uma empresa.


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A direção da empresa X, entendendo que só é possível alcançar a plena

produtividade a partir da garantia do bem-estar físico, social e mental de seus

funcionários e que esse só será conseguido através de um alto grau de

desenvolvimento das atividades de trabalho com segurança e saúde para as pessoas,

define sua política de segurança, como segue:

a. Todos os entendimentos sobre as questões de Segurança do Trabalho

deverão ser feitos levando em consideração os aspectos legais e os técnicos; para

tanto serão considerados os dispositivos da legislação brasileira e da internacional,

bem como dados técnicos de especialistas.

b. Os serviços especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do

Trabalho constituem um órgão de assessoria e representam a empresa em questões

de Segurança do Trabalho; para tanto, terão desta direção todo o respaldo necessário

ao cumprimento de suas obrigações.

c. Cada um dos funcionários, individualmente, tem um compromisso com

o programa de Segurança da empresa, sendo, portanto, responsável pelos seus

resultados.

d. A responsabilidade pelo cumprimento das diretrizes, normas e medidas

de segurança é sempre da chefia imediata e tal responsabilidade não poderá em

nenhuma circunstância, ser delegada.

e. A proteção coletiva é preponderante na prevenção de acidentes e sua

efetivação constitui uma meta desta direção; portanto, deverá ser considerada em

todas as atividades da empresa, desde a fase de planejamento e/ou projeto.


21

f. Enquanto a proteção coletiva não tiver sido efetivada, a empresa

fornecerá os equipamentos para proteção individual, cujo uso é de caráter obrigatório.

g. As medidas preventivas constituem o melhor caminho para atingir os

objetivos da Segurança do Trabalho e, portanto, deverão ser priorizadas.

h. Cumprir-se-ão e far-se-ão cumprir as disposições sobre a proteção do

trabalhador e a prevenção de acidentes.

i. Cumprir-se-ão e far-se-ão cumprir as diretrizes e normas emitidas

pelos serviços especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

1.6 Programa de segurança do trabalho


Após termos constatado a necessidade de uma empresa ter definida a sua

Política de Segurança do Trabalho, vamos focalizar o Programa de Segurança que, na

realidade, irá colocar em prática tudo aquilo que ficou estabelecido na política.

O Programa de Segurança do Trabalho da empresa constitui a ferramenta por

meio da qual a direção busca atingir seus objetivos relacionados às atividades

prevencionistas.

Antes, de estabelecer a estrutura básica de um Programa de Segurança do

Trabalho, é importante alertar para algumas precariedades dos programas

tradicionais, que normalmente são baseados em:

(i) concentração dos esforços visando exclusivamente à eliminação de

acidentes com lesões;

(ii) ações reativas, isto é, adoção de medidas após o acidente.


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Outro aspecto a ser considerado diz respeito aos programas-padrão. Ao usá-

los, é preciso evitar a repetição de falhas que são comuns, tais como:

a. falta de proteção de máquinas e equipamentos – muitas vezes não são

compradas com proteção, porque fica mais barato;

b. descaso com a ordem, a arrumação e a limpeza – normalmente esse

ponto não é incluído nos programas;

c. inadequação de normas e regras de segurança -- se são normas não

aplicáveis, tendem a ficar engavetadas;

d. campanhas baseadas na fixação de cartazes -- geralmente não se

avaliam os efeitos delas;

e. falta de atenção às Cipa -- se não houver um assessoramento, podem

desvirtuar seus objetivos;

f. concursos de segurança -- deve-se ter cuidado para que não venham a

inibir os empregados ou estimulá-los a esconder os acidentes;

g. tratamento pontual da Sipat - atentar para que o trabalho

prevencionista não se restrinja a uma semana, abandonando-se as demais 51

semanas do ano.

Independentemente das diferenças específicas de cada empresa -- tais como

porte, objetivos e cultura organizacional -- podemos fixar alguns elementos

considerados determinantes na estruturação do Programa de Segurança do Trabalho,

que deverá ter como objetivos centrais:

(a) a integridade física e mental dos funcionários e


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(b) a produtividade, através da sistematização das atividades

prevencionistas.

Um programa de Prevenção de Acidentes de Trabalho pode ser subdividido em

quatro tópicos:

Atividades Básicas/ Diretrizes Gerais.

Atribuição precisa das responsabilidades com a Segurança.

Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do

Trabalho – SESMT.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - Cipa.

São tópicos de um programa de segurança:

Seleção de novos funcionários

A seleção de novos funcionários, sob o ponto de vista prevencionista, deve

considerar vários aspectos.

Em primeiro lugar, o requisitante da mão de obra, geralmente o supervisor

imediato, deve estar inteirado dos riscos da atividade específica e de outros aos quais

ficará submetido o trabalhador requisitado. Assim, ao fazer a requisição, o

requisitante deve fornecer ao selecionador as características comportamentais e

outras que se fizerem necessárias, segundo a visão prevencionista.

O selecionador deve inteirar-se dos riscos da atividade específica para a qual

será selecionado o novo funcionário, de forma a ter elementos para fazer uma

avaliação adequada. É importante discutir com a chefia requisitante as características


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pessoais imprescindíveis e/ou aquelas nas quais é necessário julgar o potencial do

candidato necessário ao desenvolvimento de um trabalho seguro.

Tanto o requisitante quanto o selecionador deverão buscar assessoria do

SESMT. Além disso, devem ser levados em consideração os dispositivos relativos aos

exames médicos admissionais previstos na NR-7.

Integração de empregados novos

Quando do processo de integração de novos funcionários à empresa, devem

ser previstas atividades direcionadas à conscientização de segurança. O envolvimento

do SESMT e da supervisão no processo de integração facilitará ao novo empregado a

apropriação das diretrizes e normas da empresa relativas à prevenção de acidentes e

ajudará a enfatizar os riscos específicos de cada atividade e os cuidados que deverão

ser tomados para evitar os acidentes.

Deve-se prever, no programa de integração, a utilização de recursos

audiovisuais, dinâmicas de grupo, visitas a diversas áreas da empresa, entrevistas,

entre outros instrumentos que se mostrarem necessários.

O trabalho de integração de novos funcionários deve ser avaliado,

aperfeiçoado e atualizado constantemente, pois constitui a primeira atividade do

indivíduo como empregado da empresa, sendo, portanto, de importância vital no

desenvolvimento da consciência prevencionista.

Acompanhamento de novos empregados

O processo de acompanhamento de novos empregados visa ao

desenvolvimento de sua consciência de Segurança do Trabalho. Ele deve ser contínuo,


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e desenvolver-se com base no estabelecimento de parâmetros. É importante que o

grau de consciência do empregado seja periodicamente avaliado, de modo a

estimular-lhe o desenvolvimento profissional.

Treinamento

Os empregados devem ser permanentemente treinados na prevenção de

acidentes, através de reciclagens, objetivando atualizar e manter viva a consciência

de segurança. Esse programa deve contar com a participação do setor responsável

pelo treinamento da empresa, em conjunto com o SESMT e as chefias. Em todos os

cursos, principalmente os profissionalizantes, deve haver um módulo de Segurança e

Medicina do Trabalho.

Planejamento e projetos de mudança

Os planejamentos e projetos de mudanças e instalações de leiautes,

estruturas, maquinarias, equipamentos etc. deverão ser elaborados considerando-se

os aspectos prevencionistas. Sempre que necessário, deve ser solicitada a assessoria

técnica do SESMT. Vale lembrar também a exigência legal da NR-2, que prevê a

inspeção prévia dos novos estabelecimentos.

Análise de acidentes

Toda ocorrência identificada deve ser objeto de análise conjunta do SESMT

com as chefias imediatas e a Cipa. Devem ser elaborados relatórios em comum por

esses setores, encaminhando-se cópias às lideranças da empresa, bem como a todas

as áreas envolvidas.
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O SESMT deverá exercer controle sobre o desenvolvimento das atividades de

segurança da empresa, destacando-se as seguintes:

• levantamento de condições inseguras;

• ocorrência de acidente;

• coeficientes de frequência e gravidade.

Auditorias

O SESMT e a Cipa deverão realizar, em conjunto com as chefias dos diversos

setores da empresa, inspeções planejadas de segurança, de forma periódica e

rotineira, com vistas à detecção de riscos de acidentes e ao estabelecimento de

medidas de controle.

Temos que ter claro em nossas mentes que a implantação de um programa de

Segurança do Trabalho vai encontrar vários obstáculos dentro da empresa. Entre eles,

podemos destacar:

• hábitos relativos ao controle de lesões;

• não reconhecimento de problemas, por parte da gerência;

• falta de informação e de conhecimento técnico, sobre a prevenção de

acidentes

• entraves administrativos/ burocracia.

Portanto, para que o programa tenha ÊXITO, precisamos:

• diminuir a resistência, através de um trabalho de motivação e

treinamento;

• divulgar amplamente o desenvolvimento do programa;


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• propiciar uma compreensão sólida do programa a todos os integrantes

da empresa.

1.7 Serviços especializados em segurança e medicina do trabalho


No Brasil, os serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina

do Trabalho - SESMT têm seu dimensionamento regulamentado pela Portaria no

3.214/ 1978, através da respectiva norma regulamentadora no 4.

• Vejamos um exemplo desse dimensionamento.

• Empresa: Indústria Metalúrgica, fabricante de compressores com

4.500 empregados.

• No quadro I da NR4, temos o código de atividades: Fabricação de

Máquinas e Equipamentos = 28.

• Dado o número de empregados no estabelecimento (4.500) e o grau de

risco: (3), encontramos as seguintes demandas:

o Técnico de Segurança do Trabalho - 8

o Engenheiro de Segurança do Trabalho - 2

o Auxiliar de Enfermagem do Trabalho - 1

o Enfermeiro do Trabalho - 1

o Médico do Trabalho – 2

Uma vez determinado o número de profissionais que constituirão os serviços

especializados, em atendimento à exigência legal, é necessário que se faça uma

reavaliação com a finalidade de verificar se o estabelecido sob o ponto de vista legal


28

atenderá as necessidades reais de Segurança do Trabalho, sob o ponto de vista

técnico. Para tanto, devemos considerar, entre outros, os seguintes aspectos:

o programa de Segurança do Trabalho estabelecido pela empresa;

as características da empresa, tais como:

o distribuição física de suas unidades industriais;

o frentes de trabalho;

o tipo de trabalho x espaço.

Concluído o estudo sobre o dimensionamento do SESMT, bem como o

levantamento dos profissionais, de acordo com o item 4.17 da NR-4, este deverá ser

registrado no órgão do MTE. Tal registro será feito através de requerimento contendo

os seguintes dados:

• Nome dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em

Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

• Número de registro dos profissionais na Secretaria de Segurança e

Medicina do Trabalho do MTE.

• Número de empregados da requerente e grau de risco das atividades,

por estabelecimento.

• Especificação dos turnos de trabalho por estabelecimento.

• Horário de trabalho dos profissionais dos Serviços Especializados em

Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.

Embora existam modelos de estrutura organizacional de SESMT que, em

alguns casos, mostram-se mais eficientes que outros, não se pode generalizá-los,
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padronizando-os, pois são inúmeros os fatores determinantes que podem

estabelecer situações diversificadas. Entre eles citamos:

• tipo de atividade da empresa;

• número de empregados;

• número de estabelecimentos;

• tipo de estrutura organizacional;

• política empresarial;

• cultura da empresa.

Conforme dissemos anteriormente, é necessário que o SESMT esteja situado

dentro da própria estrutura organizacional da empresa, de tal forma que,

administrativamente, possa exercer suas atividades com amplo apoio de todos os

funcionários.

O programa de trabalho do SESMT deve atender os dispositivos da legislação

em vigor e, principalmente, orientar seus esforços no sentido de alcançar o objetivo

da Segurança do Trabalho, definido pela amplitude do conceito técnico.

O programa de trabalho da área específica de segurança compõe-se

basicamente dos seguintes elementos:

• Objetivos.

• Atividades a serem desenvolvidas.

• Plano de ação.

• Avaliação e auditoria.

Objetivos
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É importante explicitar os resultados a serem buscados pelo Programa de

Trabalho com vistas a cumprir o estabelecido pelo Programa de Segurança e a

assessorar os diversos setores da empresa no que diz respeito à prevenção de

incidentes e acidentes e à eliminação de condições adversas nos ambientes de

trabalho.

Atividades

É ampla a gama de atividades a serem previstas no Programa de Trabalho.

Entre elas, destacamos:

• participação no processo de seleção (adequação e integração

funcional);

• apoio às atividades da Cipa (organização, treinamento, assessoria etc.);

• análise de acidentes, inspeções de segurança e análise de riscos;

• participação na compra de maquinários e equipamentos bem como em

projetos e layouts, opinando sobre as questões de segurança;

• especificação de compra, manutenção e controle dos EPI;

• organização de estatísticas de acidentes;

• organização e manutenção de documentos relativos à área de

Segurança do Trabalho;

• planejamento e implementação de programas de conscientização e

manutenção do espírito prevencionista;

• controle e especificação de segurança para produtos químicos, tóxicos

e combustíveis;
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• participação na auditagem de normas operacionais opinando sobre

aspectos de Segurança do Trabalho;

• levantamento de condições ambientais (riscos físicos, químicos,

biológicos ergonômicos e de acidentes);

• participação em reuniões internas e externas como representante da

Segurança do Trabalho da empresa;

• sistematização, organização e controle dos serviços e equipamentos de

prevenção e combate a incêndio;

• avaliação de locais de trabalho quanto a riscos de incêndios e/ou

explosões, especialmente em áreas confinadas;

• especificação e manutenção de sinalização de segurança;

• elaboração de normas e diretrizes de segurança;

• controle das atividades com estabelecimento de normas de segurança

para as empresas contratadas (empreiteiras).

Plano de ação

O plano de ação apresenta as estratégias que se estabelecerão, na forma de

“Tarefas”, “Responsabilidades” e “Metas”, para desenvolver as atividades de

Segurança do Trabalho. Os profissionais do SESMT devem estabelecer rotinas de

serviços para cada atividade de segurança, especificamente. Devem fazê-lo segundo

o critério de normalização da empresa, com o consenso de todas as áreas envolvidas

e de forma que se tenha um claro entendimento de suas diretrizes, o que pode ser
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facilitado através de fluxogramas. Por exemplo: eleição de Cipa - fluxograma de todos

os passos do processo. Outro exemplo: a investigação de um acidente.

Avaliação e auditoria

Como em todas as atividades administrativas, é importante que se faça

periodicamente uma avaliação dos resultados obtidos com a aplicação das rotinas e

dos planos de metas de Segurança do Trabalho. A auditoria deve ser desenvolvida

pelo SESMT, enfatizando-se o caráter orientador com vistas a aprimorar o

estabelecido e assessorar todos os setores da empresa.

1.8 Comissão Interna De Prevenção De Acidente (CIPA)


A Cipa é um ponto básico do programa de Segurança do Trabalho

relacionando-se estreitamente com o SESMT. Organismo criado pela Norma

Regulamentadora no 5, a Cipa tem como objetivos:

(i) observar e relatar condições de risco nos ambientes de trabalho;

(ii) solicitar medidas para reduzir e até eliminar os riscos existentes e/ou

neutralizá-los;

(iii) discutir os acidentes ocorridos, encaminhando ao SESMT e ao empregador

o resultado da discussão;

(iv), solicitar medidas que previnam acidentes semelhantes; e (v) orientar os

demais trabalhadores quanto à prevenção de acidentes.

Entre os temas abordados na NR-5, podemos destacar:

a. A Cipa será composta por representantes do empregador e dos

empregados.
33

b. Não deverá faltar, em qualquer hipótese, a representação dos setores

que oferecem maior risco ou que apresentem maior número de acidentes.

c. Quando não houver necessidade da constituição da Cipa, a

administração deverá designar um responsável pelo cumprimento das atribuições

normativas.

d. Organizada a Cipa, a mesma deverá ser registrada no órgão regional do

MTE.

e. Após a eleição, encaminhar à Superintendência Regional do Trabalho e

Emprego (ex Delegacia Regional do Trabalho - DRT) as atas e o calendário anual de

reuniões.

f. A eleição deverá ser realizada durante o expediente normal das

empresas.

g. O mandato dos membros eleitos da Cipa terá a duração de 1 (um) ano,

permitida uma reeleição.

h. O membro titular perderá o mandato, sendo substituído pelo suplente,

quando faltar a mais de 4 (quatro) reuniões ordinárias, sem justificativa.

i. O empregador designará, anualmente, dentre seus representantes titulares,

o Presidente da Cipa.

j. O Vice-Presidente da Cipa será escolhido pelos representantes dos

empregados, dentre os seus titulares.


34

k. Os titulares da representação dos empregados na Cipa não poderão ser

transferidos para outra localidade, salvo quando houver concordância expressa dos

membros.

l. O empregador, ouvido o SESMT, terá 8 (oito) dias para responder à Cipa,

indicando as providências adotadas ou a sua discordância devidamente justificada.

m. O empregador deverá promover, para todos os membros da Cipa,

inclusive secretários, em horário normal de trabalho, curso sobre prevenção de

acidentes, com carga horária de 20 (vinte) horas.

n. Os membros titulares da Cipa, representantes dos empregados, não

poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal, aquela que não se

fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

o. De acordo com a Constituição de 1988, os membros eleitos para cargo

de direção da Cipa, representantes dos empregados, não podem sofrer despedida

imotivada, desde a sua inscrição para a Cipa, até um ano após o término do mandato.

Anotações

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UNIDADE 2 - A ENGENHARIA DE SEGURANÇA E AS ÁREAS DA


EMPRESA

2.1 SESMT
Com o SESMT dimensionado e registrado no MTE, há necessidade de

assegurar ao serviço as condições necessárias para o cumprimento do respectivo

programa de Segurança do Trabalho. Um dos fatores importantes é alocar o SESMT

dentro da estrutura organizacional da empresa, de forma a viabilizar sua interrelação

com as demais áreas, visando, entre outras coisas, ao atendimento das

recomendações e exigências de segurança e à criação de uma mentalidade

prevencionista cada vez mais forte, estreitando os vínculos entre a segurança e os

vários órgãos da empresa.

O programa do serviço de segurança deve prever contatos periódicos com os

gerentes da empresa, através de reuniões cujo tema seja a prevenção de acidentes.

Além dessas reuniões, o fortalecimento da segurança e sua relação com os

demais órgãos da empresa pode dar-se entre outros, pelos seguintes meios:

• inspeções;

• investigações/ análises de acidentes e incidentes;

• Cipa;

• Sipat;

• treinamentos;

• recrutamento;

• concursos.
36

Há um aspecto fundamental para o sucesso do trabalho do SESMT, que é a

necessidade de as demais áreas da empresa derem prioridade aos problemas de

segurança em seus orçamentos. Para tanto, cabe ao serviço de segurança determinar

com precisão os problemas considerados inadiáveis, distinguindo-os daqueles

programáveis.

Essa definição ajuda a fortalecer a credibilidade do SESMT perante os órgãos

e os empregados, além de influenciar o próprio orçamento do serviço de segurança.

Esse orçamento deve prever recursos para a aquisição de equipamentos

básicos e para a instalação e o funcionamento do SESMT:

• Material de inspeções e perícias: luxímetro, medidor de nível de ruído,

termômetros, bombas de coleta de ar, máquina fotográfica, filmadora,

explosímetro, oximetros etc.

• Material de treinamento: projetor de slides, retroprojetor, gravador, quadro

de giz, manequim para primeiros socorros, TV, DVD, data show,

computadores etc.

Ao se iniciar um novo ano de trabalho, devemos fazer uma previsão

orçamentária, cujas verbas poderão ser assim distribuídas:

a. pessoal - horas extras, adicionais;

b. viagens, passagens de ônibus ou avião, estadias, diárias;

c. previsão para manutenção periódica de equipamentos;

d. previsão para as Sipat - palestrantes, brindes, lanches, decoração etc.;

e. concursos – prêmios;
37

f. previsão para aquisição de filmes e materiais didáticos;

g. previsão para a compra de livros e revistas técnicas;

h. previsão para gastos com papelaria, cópias etc.;

i. previsão em participar de eventos externos, tais como: cursos,

congressos e seminários;

j. outros.

Para orientar a elaboração do orçamento, geralmente se leva em consideração

o desempenho no ano corrente e os projetos para o próximo exercício.

2.2 Responsabilidade civil e criminal – aspectos éticos


Um dos problemas sérios que envolvem as atividades dos profissionais de

segurança é a questão da responsabilidade civil e criminal.

A responsabilidade civil fica quase sempre imputada à empresa, desde que

haja perfeita relação causal do evento com uma das seguintes condições:

• descumprimento da legislação de Segurança e Medicina do Trabalho;

• inexistência de ordens de serviços e instruções de Segurança e de

Medicina do Trabalho;

• atos de negligência, imprudência ou imperícia, inclusive de prepostos,

chefes, encarregados e empregados;

• desobediência às determinações técnicas do Ministério do Trabalho;

• reincidência de condições inseguras;

• permissão de trabalhos proibidos por lei.


38

Quanto ao envolvimento criminal, lembramos o código penal - art. 132: “Expor

a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e eminente” - pena: detenção de 3 meses

a 1 ano.

Esse é o dispositivo legal de maior alcance na área de prevenção dos

infortúnios do trabalho. É aí que o profissional de segurança fica vulnerável.

Considerando a necessidade de o profissional acautelar-se contra possíveis

processos, torna-se vital a necessidade de comunicar à empresa, sempre por escrito,

os seguintes fatos principais:

• riscos, condições e atos inseguros identificados;

• o que se determinou de imediato a respeito desses elementos de

insegurança.

• o que se recomenda (quando há despesas envolvidas).

• necessidade de compra ou substituição de materiais e EPI.

• substituição do processo, método ou produto nocivo.

• isolamento da fase ou processo causador de risco ou doença.

• necessidade de limitar o tempo de exposição do trabalhador ao risco

ambiental.

• necessidade de modificar ou instalar máquinas e equipamentos.


39

2.3 Custos de acidentes


Quando estudamos os custos dos acidentes, verificamos que há duas

modalidades, ou seja, o custo direto e o custo indireto.

Atualmente estas denominações são conhecidas como custo segurado e custo

não segurado, ou seja, o custo total de um acidente é o somatório do custo segurado

+ custo não segurado.

Custo segurado

O custo segurado define-se como todas as despesas ligadas ao atendimento

do acidentado:

• auxílio acidente (redução laborativa);

• reabilitação médica ocupacional;

• seguro acidente.

Seguro Acidente de Trabalho – SAT, calculado sobre a folha de pagamento da

empresa (I - 1% - risco leve; II - 2% - risco médio; II - 3% - risco grave).

Custo não segurado

• Salários pagos durante o tempo perdido por outros empregados que

não o acidentado.

• Salários pagos ao acidentado (acidente sem perda de tempo).

• Salários adicionais pagos por trabalhos em hora extra.

• Salários pagos aos supervisores durante o acidente.

• Diminuição da eficiência do acidentado ao retornar ao trabalh0.

• Despesas com treinamento médico.


40

Custo de material ou equipamento danificado.

A negligência das empresas com os acidentes que causam danos à

propriedade, isto é, não provocam lesão, é de certa forma incompreensível. Por falta

de consciência se esquecem de que a gravidade das consequências de um acidente é

fortuita ou casual, isto é, se um acidente resulta em lesão pessoal ou somente em

dano à propriedade, é algo que irá depender apenas do acaso.

Por exemplo, se um empregado, ao transitar por um local da empresa, for

atingido pela queda de um determinado material e sofrer lesões, a ocorrência será

classificada como acidente de trabalho. Entretanto, nas mesmas circunstâncias, se o

empregado não for atingido e somente o material ficar danificado, é provável que o

acidente não seja registrado e analisado, e o risco, em consequência, não seja

eliminado ou reduzido.

Ora, se esse material cair novamente, o que garante que os trabalhadores não

serão atingidos? Não é importante controlar essa condição de insegurança, mesmo

que ainda não tenha provocado um acidente com lesão? Qual o custo do material

danificado? E quais as consequências econômicas dessa perda para a empresa?

Portanto, reforçando nossa tese inicial, é necessário que o programa de

prevenção abranja todos os riscos de acidentes. Para tanto, devemos partir para o

levantamento do custo efetivo dos acidentes, englobando os acidentes com lesão e

com danos à propriedade.

C = C1 + C2 + C3, onde: C = custo efetivo


41

C1 - Custo correspondente ao tempo de afastamento (até os 15 primeiros

dias) em consequência de acidentes com lesão.

C2 - Custo referente aos reparos e reposições de máquinas, equipamentos e

materiais danificados (acidentes com lesão e acidentes apenas com danos à

propriedade);

C3 - Custos complementares relativos às lesões (assistência médica e

primeiros socorros) e aos danos à propriedade (custos resultantes de paralisações,

manutenção e lucros cessantes).

Para que isso venha a ser efetivamente uma realidade, o SESMT deve lançar

um processo de ampla divulgação de seus programas e elaborar fichas que facilitem

a coleta de dados para colocar em prática essa orientação.

Esses dados devem ser repassados à Direção da empresa, mostrando o vulto

a que chegam os acidentes e a necessidade efetiva de se preveni-los.

O conceito amplo de Administração, voltado às atividades empresariais, nos

mais variados segmentos produtivos, despertou a Engenharia de Segurança do

Trabalho para a implantação de sistemas de Gestão de Segurança e Saúde, que

representam conjuntos de medidas adotadas para prevenir ou minimizar os acidentes

de trabalho e doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade

do trabalhador.

O papel das empresas é criar um sistema de gestão integrada que permita a

identificação dos perigos, a análise dos riscos e a consequente implantação das

medidas de controle para evitar ou neutralizar os acidentes de trabalho e os


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incidentes, instrumentalizando a gerência com ferramentas gerenciais que

contribuam para a melhoria do desempenho das empresas.

2.4 Situação atual x versão do futuro


A situação atual mostra:

• Um mundo Globalizado;

• Empresas que passam pelo processo da internacionalização;

• Negócios que têm como base a competitividade;

• Pessoas que buscam o aprendizado continuado

• Mudanças que ocorrem atualmente e ocorrerão nos próximos anos

serão muito maiores do que as que ocorreram nos últimos 50 anos.

Anotações

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43

Anotações

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Existe CIPA em outros países?
_________________________________________
Na Inglaterra, empresas com cinco
_________________________________________ funcionários já devem ter programas internos
de saúde e segurança, apresentando um dos
_________________________________________ menores índices de acidentes de trabalho do
mundo (PROTEÇÃO/ESPECIAL, 1993).
_________________________________________
Nos Estados Unidos, a existência de uma
_________________________________________ comissão interna de segurança é obrigatória,
essa comissão tem representação paritária
_________________________________________ entre empregados e empregadores.
Na Itália, existem dois grupos de
_________________________________________ comissões nas empresas: a Comissão Interna
de Segurança, que está ligada aos problemas
_________________________________________ diários de segurança e prevenção de acidentes,
e outra comissão que tem o direito de estar
_________________________________________
presente nas fiscalizações das condições de
_________________________________________ trabalho nas empresas.
No Japão, existem três tipos de comitês de
_________________________________________ segurança: um chamado de Comitê de
Segurança do Trabalho, outro de Comitê de
_________________________________________ Higiene do Trabalho e um terceiro chamado de
Comitê de Segurança para Contratadas (ligado
_________________________________________ aos setores de construção civil e naval).
Na França, a prevenção de acidentes do
_________________________________________
trabalho e das doenças profissionais é feita
_________________________________________ através do Institut National de Recherche et de
Sécurité - INRS que está ligado diretamente com
_________________________________________ os ministérios do trabalho e necessidades
sociais e da solidariedade (RAMILLIARD, 1985).
_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________
44

REFERÊNCIAS

BRASIL/ MINISTÉRIO DO TRABALHO. Normas Regulamentadoras da Portaria no


3214 de 1978.

FAYOL, H. – Administración industrial y general. Buenos Aires, Ed. Ateneo, 1956.

JIMÉNEZ CASTRO, W. – Introducción al estudio de la teoria administrativa. México,


Fondo de Cultura Económica, 1963.

MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Introdução a Administração. São Paulo: Atlas,


2007.

__________. Teoria Geral da Administração: da Revolução Urbana à Revolução


Digital. São Paulo: Atlas, 2006.

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