A – Exercícios do curso
OBSERVAÇÃO: Os exercícios do tópico A.0 podem ser resolvidos com base em vários
livros citados nas referências complementares e até nas referências para revisão (ou em
outras não citadas). Os exercícios dos tópicos A.1 até A.10 são resolvidos de melhor
forma com base nos livros citados nas referências básicas, nomeadamente GREEN e
HELLER, 1994, p. 15-52. Os exercícios do tópico A.11 seguem o capítulo de teoria dos
grafos de VOHRA (2005).
A.0 – Conceitos introdutórios
1) Defina matematicamente o conceito de gradiente. Cite exemplos.
Resposta:
Se 𝑓 for uma função de duas variáveis 𝑥 e 𝑦 e 𝑓𝑥 e 𝑓𝑦 existirem, então o gradiente de 𝑓,
denotado por ∇𝑓 (leia “del 𝑓”), será definido, matematicamente, por
∇𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦)𝑖 + 𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦)𝑗.
Exemplos:
1 1
1) Seja 𝑓(𝑥, 𝑦) = 16 𝑥 2 + 9 𝑦 2 , determine o gradiente de 𝑓 no ponto (4,3).
Solução:
Como,
1 1
𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦) = 2 ∙ 𝑥= 𝑥
16 8
e
1 2
𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦) = 2 ∙ 𝑦 = 𝑦,
9 9
então,
1 2
∇𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗,
8 9
logo,
1 2 1 2
∇𝑓(4,3) = ∙ 4𝑖 + ∙ 3𝑗 ⇒ ∇𝑓(4,3) = 𝑖 + 𝑗.
8 9 2 3
3) Mostre como derivar vetores e procure exemplos numéricos de derivação dos mesmos.
Resposta:
A derivada r de uma função vetorial r é definida do mesmo modo como foi feito para as
funções a valores reais:
𝑑𝑟 𝑟(𝑡 + ℎ) − 𝑟(𝑡)
= 𝑟 ′ (𝑡) = lim ,
𝑑𝑡 ℎ→0 ℎ
se esse limite existir.
Um método conveniente para calcular a derivada de uma função vetorial 𝑟 por derivação
de cada componente de 𝑟, e dado por
Teorema. Se 𝑟(𝑡) = 〈𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡)〉 = 𝑓(𝑡)𝑖 + 𝑔(𝑡)𝑗 + ℎ(𝑡)𝑘, onde 𝑓, 𝑔 e ℎ são
funções diferenciáveis, então
𝑟 ′ (𝑡) = 〈𝑓 ′ (𝑡), 𝑔′ (𝑡), ℎ′ (𝑡)〉 = 𝑓 ′ (𝑡)𝑖 + 𝑔′ (𝑡)𝑗 + ℎ′ (𝑡)𝑘.
Exemplos:
⃗⃗ .
1) Determine a derivada de 𝑟(𝑡) = (1 + 𝑡 3 )𝑖⃗ + 𝑡𝑒 −𝑡 𝑗⃗ + 𝑠𝑒𝑛 2𝑡 𝑘
Solução:
De acordo com o Teorema descrito acima, derivando cada componente de 𝑟,
obtemos:
𝑟 ′ (𝑡) = 〈3𝑡 2 , (1 − 𝑡)𝑒 −𝑡 , 2 cos 2𝑡〉.
⃗⃗ .
2) Determine a derivada de 𝑟(𝑡) = (𝑡 3 + 5𝑡)𝑖⃗ + 𝐴𝑟𝑐𝑡𝑔 𝑡 𝑗⃗ + √𝑡𝑘
Solução:
De acordo com o Teorema descrito acima, derivando cada componente de 𝑟,
obtemos:
1 1
𝑟 ′ (𝑡) = ⟨3𝑡 2 + 5, 2
, ⟩.
1 + 𝑡 2 √𝑡
4) Defina o que é Topologia (não precisa ser definição formal, ela virá depois) e apresente
definições sobre os seguintes conceitos topológicos fundamentais:
Resposta:
Sejam 𝑋 um conjunto, 𝜏 uma coleção de subconjuntos de 𝑋 que contenha ∅ e 𝑋. Diz-se
que 𝜏 é uma topologia sobre 𝑋 se:
i) 𝐴 ∩ 𝐵 ∈ 𝜏, se 𝐴, 𝐵 ∈ 𝜏.
ii) ⋃𝜆∈𝐼 𝐴𝜆 ∈ 𝜏, se 𝐴𝜆 ∈ 𝜏, ∀𝜆 ∈ 𝐼, 𝐼 um conjunto de índices qualquer.
O juntor “se ... então” (simbolicamente ⇒): dados 𝑝 e 𝑞 enunciados, 𝑝 ⇒ 𝑞 é dito ser a
subjunção de 𝑝 e 𝑞. A tabela de valores lógico da subjunção é dada a seguir:
A.1 – Funções
1) Defina matematicamente a imagem inversa de um ponto e de um conjunto.
Resposta:
A imagem inversa de um ponto 𝑦 ∈ 𝐵 é {𝑥: 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑦 = 𝑓(𝑥)}. Já a imagem inversa
de um conjunto 𝐵 ′ , 𝐵 ′ ⊆ 𝐵 é 𝑓 −1 (𝐵′ ) = {𝑥: 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑓(𝑥) ∈ 𝐵 ′ }.
2) Quando uma função 𝑓 é uma função um-a-um? E quando está dentro de um mapa?
Resposta:
quando para cada 𝑦 ∈ 𝐵 a imagem inversa de 𝑦 é no máximo um ponto único, 𝑓 é
chamada de mapa um-a-um. E quando o intervalo de 𝑓 for idêntico ao de 𝐵, 𝑓 é
considerado como estando dentro do mapa.
3) Como definir matematicamente a figura de um toro (ou toróide)? Como um ponto que
pertence a ele pode ser descrito?
Resposta:
Se 𝐴 = 𝐵 = 𝑆 1 então 𝐴 x 𝐵 = 𝑆 1 x 𝑆 1 = 𝑆 2 , ou seja, é o produto da circunferência de um
círculo de raio unitário. E um ponto no toro pode ser descrito por dois números 𝜃1 e 𝜃2
que indicam o ângulo em volta do eixo principal e em volta da seção transversal do toro
que determina sua locação.
(2) 𝛶𝐿[0,1]
Com o mesmo conjunto, a métrica é
1
𝑑ΥL (𝑓, 𝑔) = ∫ |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦)| 𝑑𝑥.
0
10) Demonstre a proposição 3.5, que diz que: “(a) 𝐴 ⊆ 𝐵 com 𝐴 aberto implica em 𝐴 ⊆
∘ ∘
𝐵; (b) 𝐵 é aberto se e somente se 𝐵 = 𝐵; (c) Seja {𝐵𝛼 } a coleção de todos os
∘ ∘ ∘ ∘ ∘ ∘ ∘
conjuntos abertos com 𝐵𝛼 ⊆ 𝐵 . Então 𝐵 = ⋃𝜶 𝐵𝛼 ; (d) 𝐴 ∩ 𝐵 = (𝐴 ∩ 𝐵); (e) 𝐴 ∪ 𝐵 =
∘
(𝐴 ∪ 𝐵)”.
Demonstração:
Seguindo diretamente a definição, para ver que a inclusão do conjunto na parte (e) pode
ser estrita, considere
𝐴 = [0,1], 𝐵 = [1,2] e 𝑆 = ℝ1 .
Então,
∘ ∘
𝐴 = (0,1), 𝐵 = (1,2),
∘ ∘ ∘
(𝐴 ∪ 𝐵) = (0,2) mas 1 ∉ 𝐴 ∪ 𝐵
12) Demonstre a proposição 3.6, que diz que: “(a) 𝐵̿ = 𝐵̅; (b) 𝐵 é fechado se, e somente
se 𝐵 𝑐 é aberto; (c) Uniões finitas e interseções arbitrárias de conjuntos fechados
resultam em outros conjuntos fechados.
Demonstração:
(𝑎) Tomemos um ponto qualquer 𝑥 ∈ ℝ − 𝑋̅ . Pelo Corolário 1 do Teorema 3 (ver o Livro
Curso de Análise, vol. 1) concluímos que existe um intervalo aberto 𝐼 com 𝑥 ∈ 𝐼 e 𝐼 ∩
𝑋 = ∅ e que, para todo 𝑦 ∈ 𝐼 vale 𝑦 ∈ ℝ − 𝑋̅. Logo 𝐼 ⊂ ℝ − 𝑋̅. Isto mostra que todo
ponto 𝑥 ∈ ℝ − 𝑋̅ é um ponto interior, ou seja, que ℝ − 𝑋̅ é aberto. Pelo Teorema 4 (ver
o Livro Curso de Análise, vol. 1) 𝑋̅ é fechado.
(𝑏) Basta observar que cada uma das afirmações abaixo é equivalente à seguinte: 1. 𝐹 é
fechado; 2. todo ponto aderente a 𝐹 pertence a 𝐹; 3. se 𝑎 ∈ ℝ − 𝐹 então 𝑎 não é aderente
a 𝐹; 4. se 𝑎 ∈ ℝ − 𝐹 então existe um intervalo aberto 𝐼 tal que 𝑎 ∈ 𝐼 e 𝐼 ∩ 𝐹 = ∅; 5. se
𝑎 ∈ ℝ − 𝐹, então existe um intervalo aberto 𝐼 tal que 𝑎 ∈ 𝐼 ⊂ ℝ − 𝐹; 6. todo ponto 𝑎 ∈
ℝ − 𝐹 é interior a ℝ − 𝐹; 7. ℝ − 𝐹 é aberto.
(𝑐) Com efeito, ℝ é o complementar do aberto ∅, e ∅ é o complementar do aberto ℝ.
Agora, 𝐹1 , … , 𝐹𝑛 fechados ⇒ ℝ − 𝐹1 , … , ℝ − 𝐹𝑛 abertos ⇒ (ℝ − 𝐹1 ) ∩ · · · ∩ (ℝ −
𝐹𝑛) = ℝ − (𝐹1 ∪ · · · ∪ 𝐹𝑛 ) aberto ⇒ 𝐹1 ∪ · · · ∪ 𝐹𝑛 fechado. Finalmente, cada 𝐹𝜆
fechado ⇒ cada ℝ − 𝐹𝜆 aberto ⇒ ⋃𝜆(ℝ − 𝐹𝜆 ) = ℝ − (⋂𝜆 𝐹𝜆 ) aberto ⇒∩ 𝐹𝜆 fechado.
∎
14) Demonstre que dado que se 𝐵 ⊆ 𝐵̅ e algum 𝑓 no conjunto indicado está em 𝐵, ele
está também em 𝐵̅.
Demonstração:
Nós devemos mostrar que 𝑓 é um ponto limite de 𝐵 𝑐 . Se 𝑓(𝑥) = +1 para algum 𝑥,
considere 𝑔𝜀 = 𝑓(𝑥) + 𝜀. Para algum 𝜀 > 0, 𝑔𝜀 (𝑥) ∈ 𝐵 𝑐 . Dado 𝛿 > 0 algum 𝜀 < 𝛿 tem
a propriedade que 𝑑(𝑔, 𝑓) = sup|𝑔𝜀 (𝑥) − 𝑓(𝑥)| = 𝜀. Portanto, 𝑔𝜀 (𝑥) ∈ 𝑆𝜀 (𝑓), e então
𝑥
15) Demonstre a proposição 3.1, que diz que: “Se 𝐵 for aberto em 𝑆, então para cada
𝑥 ∈ 𝐵 existe 𝜀𝑥 tal que 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊆ 𝐵”
Demonstração:
Se 𝐵 for aberto em 𝑆, então para cada 𝑥 ∈ 𝐵 existe 𝜀𝑥 tal que 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊆ 𝐵.
Então, temos
⋃ 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊆ 𝐵
𝑥∈𝐵
e claramente
⋃ 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊇ 𝐵
𝑥∈𝐵
𝐵 = ⋃ 𝑆𝜀𝛼 (𝑥), ∀𝛼 ∈ 𝐼
𝛼
16) Demonstre a proposição 3.4, que diz que: “Se 𝑑1 e 𝑑2 forem topologicamente
equivalentes, então para cada ponto 𝑥 ∈ 𝑆, e números positivos 𝜀 e 𝛿, existem números
𝑑 𝑑 𝑑 𝑑 𝑑
positivos 𝜀̅ e 𝛿 ̅ tais que 𝑆𝜀̅ 1 (𝑥) ⊆ 𝑆𝜀 2 (𝑥) e 𝑆𝛿̅ 2 (𝑥) ⊆ 𝑆𝛿 1 (𝑥) onde 𝑆𝜀 𝑖 são 𝜀-esferas
usando a métrica 𝑑.
Demonstração:
𝑑
Seja 𝛺 a topologia gerada tanto por 𝑑1 quanto por 𝑑2 . Em particular, 𝑆𝜀 2 (𝑥) ∈ 𝛺, ∀𝜀 ∧ 𝑥.
𝑑
Mas 𝑆𝜀 2 (𝑥) é aberto na topologia gerada por 𝑑1 . Assim, existe uma esfera aberta na
𝑑 𝑑
métrica 𝑑1 centrada em 𝑥 e de raio suficientemente pequeno 𝜀̅ tal que 𝑆𝜀̅ 1 (𝑥) ⊆ 𝑆𝜀 2 (𝑥).
Invertendo os papéis de 𝑑1 e 𝑑2 , a prova da proposição está completa. Então, Seja 𝛺 a
𝑑
topologia gerada tanto por 𝑑1 quanto por 𝑑2 . Em particular, 𝑆𝜀 1 (𝑥) ∈ 𝛺, ∀𝜀 ∧ 𝑥. Mas
𝑑
𝑆𝜀 1 (𝑥) é aberto na topologia gerada por 𝑑2 . Assim, existe uma esfera aberta na métrica
𝑑 𝑑
𝑑2 centrada em 𝑥 e de raio suficientemente pequeno 𝜀̅ tal que 𝑆𝜀̅ 2 (𝑥) ⊆ 𝑆𝜀 1 (𝑥).
∎
2) Com base nas definições anteriores, seja 𝑠 uma sequência e 𝑥 ∈ ℓ𝑝 {𝑠1 , … }. Sendo
assim, demonstre que existe uma subsequência de 𝑠, 𝑠’, que converge para x.
Demonstração:
Seja uma sequência de números positivos 𝜀𝑘 → 0. Existe então um inteiro 𝑔1 tal que 𝑠𝑔1 ∈
𝑆𝜀1 (𝑥). Além disso, existe também 𝑔2 > 𝑔1, tal que 𝑠𝑔2 ∈ 𝑆𝜀2 (𝑥), porque se não existir,
a sequência 𝑠𝑔1 , 𝑠𝑔1+1 , … não deveria ter 𝑥 como um ponto limite. E então nem teria 𝑠.
Procedendo dessa forma, nós definimos a sequência crescente requerida 𝑔 = (𝑔𝑘 ), tal
que 𝑠 ∘ 𝑔 convirja para 𝑥.
∎
3) Apresente uma definição para uma sequência de Cauchy.
Resposta:
Uma sequência 𝑠 é chamada de sequência de Cauchy se para todo 𝜀 > 0 existe um inteiro
𝑁 tal que 𝑛, 𝑚 ≥ 𝑁 implica 𝑑(𝑠𝑛 , 𝑠𝑚 ) < 𝜀.
6) Seja (𝐴, 𝑑) ⊆ (𝑆, 𝑑) e seja (𝑆, 𝑑) completo. Então (𝐴, 𝑑) pode ser também completo?
Se sim quando ele o será?
Resposta:
(𝐴, 𝑑) pode sim ser completo, no entanto, (𝐴, 𝑑) será completo se e somente se 𝐴 for
fechado e for um subconjunto de 𝑆.
7) Seja ℘[0,1] o espaço de todas as funções limitadas real valorada em [0,1]. Sabendo
que ℧[0,1] é um subespaço fechado de ℘[0,1], qual o corolário destas duas proposições?
Dê exemplos.
Resposta:
O Corolário é, ℧[0,1] é completo.
Exemplos
(1) 𝒞𝐿[0,1] não está completo. (Tome 𝑓𝑛 (𝑥) = 1 para 𝑥 > 2−𝑛 , 𝑓𝑛 (𝑥) = 𝑥/2−𝑛 para 0 ≤
𝑥 ≤ 2−𝑛 .)
(2) 𝑐00 , o espaço de sequências com apenas um número finito de termos diferentes de
1 1 1
zero não está completo. (Tome 𝑠𝑛 = (1, 2 , 3 , … , 𝑛 , 0,0 … ).)
(3) Seja 𝑐0 o espaço de sequências convergindo para zero; 𝑐0 está completo e 𝑐00 ⊆ 𝑐0 ;
portanto, 𝑐00 não está fechado.
10) Como definir um conjunto contável? Dê 2 exemplos, com seus respectivos gráficos e
demonstrações.
Resposta:
Um conjunto é chamado de contável se ele puder ser colocado dentro de uma relação um-
a-um com o conjunto dos naturais (ℕ).
Exemplos
(1) O espaço dos números racionais, ℚ, é contável. Isso pode ser visto organizando os
racionais em uma estrutura bidimensional de acordo com o numerador e o denominador.
Em seguida, os quocientes que são redundantes são excluídos e o resto pode ser
enumerado lendo-os nas diagonais da matriz
(2) Os números reais não são contáveis.
Demonstração: A prova usual desta proposição envolve escrever cada número real entre
0 e 1 em sua expansão binária
∞
0 ∙ 𝑎1 𝑎2 𝑎3 … = ∑ 𝑎𝑖 2−1
𝑖=1
onde 𝑎𝑖 é 0 ou 1 para cada 𝑖. Deve-se notar que pode haver no máximo duas expansões
binárias distintas representando o mesmo número real: quando 𝑎𝑖 = 0 para 𝑖 > 𝑘 e 𝑎𝑘 =
1, o mesmo número é dado por 𝑎𝑘′ = 0, 𝑎𝑖′ = 1 para 𝑖 > 𝑘, e 𝑎𝑖′ = 𝑎𝑖 para 𝑖 < 𝑘. Se os
números reais são contáveis, podemos fazer uma lista de todas as expressões alternativas
para todos os números reais em uma matriz
0 ∙ 𝑎11 𝑎12 …,
0 ∙ 𝑎12 𝑎22 …,
0 ∙ 𝑎13 𝑎23 ….
Agora construa um novo 0 decimal binário 0 ∙ 𝑎11 𝑎12 … pela configuração
𝑎𝑖 = 0 se 𝑎𝑖𝑖 = 1,
𝑎𝑖 = 1 se 𝑎𝑖𝑖 = 0.
Claramente, o número real representado por 0 ∙ 𝑎1 𝑎2 … é diferente de qualquer um dos
membros da lista. Portanto, os números reais não podem ser contados dessa maneira.
∎
A.5 – Continuidade
1) Disserte sobre a importância do conceito topológico de continuidade de funções.
Comente especificamente sobre a importância para a teoria econômica.
Resposta:
Um dos conceitos topológicos mais importantes é o da continuidade de funções.
Intuitivamente, nós queremos expressar a ideia de que uma função varia apenas levemente
quando seu argumento varia levemente. Mas a noção de pequena variação está associada
à métrica sobre o espaço. Para espaços grandes e complexos, essa pode ser uma questão
sutil. Ocorre que a continuidade possui um sentido equivalente à definição de topologia.
A estrutura básica dos espaços é preservada sob deformação contínua. Funções contínuas
também possuem outras características importantes para a teoria econômica. Por
exemplo, elas são necessárias para garantir a existência de pontos de máximo ou pontos
fixos (veremos mais adiante). Assim, o conceito de continuidade é uma das ideias
matemáticas mais centrais para serem estudadas.
4) Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌). Quando essa função pode ser chamada de uniformemente
contínua?
Resposta:
Quando ∀𝜀 > 0, ∃𝛿 > 0: 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝜀. Então 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) (aqui 𝛿 depende de 𝜀 mas
não de 𝑥).
∃𝛿𝑎 > 0: 𝑓 (𝑆𝜀𝑎 (𝑎)) ⊆ 𝑆𝜀𝑎 (𝑓(𝑎)) ⊆ 𝐵. Aplicando 𝑓 −1 a este resultado, obtemos
𝑆𝛿𝑎 (𝑎) ⊆ 𝑓 −1 (𝐵). Com efeito, 𝑓 −1 (𝐵) contém uma esfera aberta ao redor de seus pontos
e, portanto, é um conjunto aberto.
(𝑖𝑖𝑖) implica em (𝑖𝑣)
Sabendo que {𝑥𝑛 } converge para 𝑥 ∈ (𝑆, 𝑑). Seja 𝐵 ⊆ (𝑇, 𝜌) um conjunto arbitrariamente
pequeno que contenha 𝑓(𝑥). Recorrendo a 𝑓 −1 (𝐵) deduzimos que ℕ é aberto e que
contém 𝑥. Assim sendo, existe ℕ tal que 𝑛 ≥ ℕ implica em 𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝐵).
Seja 𝜀 > 0 um número qualquer tal que 𝑆𝜀 (𝑥) ⊂ 𝑓 −1 (𝐵). Dado que 𝑥𝑛 → 𝑥, nós sabemos
que existe 𝑁 ′ tal que 𝑥𝑛 ∈ 𝑆𝜀 (𝑥), ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Mas então 𝑥𝑛 ∈ 𝑓 −1 (𝐵), de tal modo que
𝑓(𝑥𝑛 ) ∈ 𝐵, ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Uma vez que 𝐵 é, por suposto, um conjunto arbitrariamente
pequeno que contém 𝑓(𝑥) , então {𝑓(𝑥𝑛 )} converge para 𝑓(𝑥).
(𝑖𝑣) implica em (𝑖)
Suponha que 𝑓 não seja contínua em 𝑥 ∈ 𝑆. Então para um dado 𝜀 > 0 e para cada 𝛿 >
0, existe 𝑦 ∈ 𝑆 com 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝛿 mas 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) ≥ 𝜀. Vamos usar {𝑥𝑛 } tal que
1
𝑑(𝑥, 𝑥𝑛 ) < 𝑛 e 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑛 )) ≥ 𝜀. Então 𝑥𝑛 converge para 𝑥, mas {𝑓(𝑥𝑛 )} não
∃𝛿𝑎 > 0: 𝑓 (𝑆𝜀𝑎 (𝑎)) ⊆ 𝑆𝜀𝑎 (𝑓(𝑎)) ⊆ 𝐵. Aplicando 𝑓 −1 a este resultado, obtemos
𝑆𝛿𝑎 (𝑎) ⊆ 𝑓 −1 (𝐵). Com efeito, 𝑓 −1 (𝐵) contém uma esfera aberta ao redor de seus pontos
e, portanto, é um conjunto aberto.
(𝑖𝑖𝑖) implica em (𝑖𝑣)
Sabendo que {𝑥𝑛 } converge para 𝑥 ∈ (𝑆, 𝑑). Seja 𝐵 ⊆ (𝑇, 𝜌) um conjunto arbitrariamente
pequeno que contenha 𝑓(𝑥). Recorrendo a 𝑓 −1 (𝐵) deduzimos que ℕ é aberto e que
contém 𝑥. Assim sendo, existe ℕ tal que 𝑛 ≥ ℕ implica em 𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝐵).
Seja 𝜀 > 0 um número qualquer tal que 𝑆𝜀 (𝑥) ⊂ 𝑓 −1 (𝐵). Dado que 𝑥𝑛 → 𝑥, nós sabemos
que existe 𝑁 ′ tal que 𝑥𝑛 ∈ 𝑆𝜀 (𝑥), ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Mas então 𝑥𝑛 ∈ 𝑓 −1 (𝐵), de tal modo que
𝑓(𝑥𝑛 ) ∈ 𝐵, ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Uma vez que 𝐵 é, por suposto, um conjunto arbitrariamente
pequeno que contém 𝑓(𝑥) , então {𝑓(𝑥𝑛 )} converge para 𝑓(𝑥).
(𝑖𝑣) implica em (𝑖)
Suponha que 𝑓 não seja contínua em 𝑥 ∈ 𝑆. Então para um dado 𝜀 > 0 e para cada 𝛿 >
0, existe 𝑦 ∈ 𝑆 com 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝛿 mas 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) ≥ 𝜀. Vamos usar {𝑥𝑛 } tal que
1
𝑑(𝑥, 𝑥𝑛 ) < 𝑛 e 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑛 )) ≥ 𝜀. Então 𝑥𝑛 converge para 𝑥, mas {𝑓(𝑥𝑛 )} não
A.6. Compacidade
1) Defina matematicamente os conceitos de: (a) cobertura de um conjunto; (b) cobertura
aberta de um conjunto; (c) subcobertura de um conjunto.
Resposta:
Uma coleção {𝐴𝑖 }𝑖∈𝐼 é uma cobertura de um conjunto 𝐵 se 𝐵 ⊆ 𝑈𝑖 𝐴𝑖 . Já uma cobertura
aberta é uma cobertura que consiste somente de conjuntos abertos. E uma cobertura
{𝐴𝑖 }𝑖∈𝐼 de 𝐵 é chamada de subcobertura de {𝐴𝑖 }𝑖∈𝐼 se para cada 𝑖 ∈ 𝐼 existir um 𝑗 ∈ 𝐽 tal
que 𝐴𝑖 = 𝐴𝑗 .
Demonstração (Corolário):
Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌) contínuo e tome 𝐴 compacto em 𝑆. Seja {𝑈𝑖 }𝑖∈𝐼 uma cobertura
aberta de 𝑓(𝐴). Como os conjuntos 𝑈𝑖 são abertos, 𝑓 −1 (𝑈𝑖 ) é aberto pela continuidade
de 𝑓. Assim, {𝑓 −1 (𝑈𝑖 )}𝑖∈𝐼 é uma cobertura aberta de 𝐴. Existe uma subcobertura finita,
digamos {𝑓 −1 (𝑈𝑖1 ), … , 𝑓 −1 (𝑈𝑖𝑛 )}. Pegue {𝑓𝑓 −1 (𝑈𝑖1 ), … , 𝑓𝑓 −1 (𝑈𝑖𝑛 ) = 𝑈𝑖1 , … , 𝑈𝑖𝑛 }.
Isso forma uma subcobertura finita 𝑓(𝐴), conforme necessário.
∎
convergindo para zero e seja (𝑥𝜀𝑖 ) a sequência de pontos correspondente a 𝜀𝑖 como acima.
Como 𝑓(𝑆) é compacto, pelo Teorema 6.6 (Seja (𝑆, 𝑑) um espaço métrico. Os seguintes
são equivalentes: (𝑖) (𝑆, 𝑑) é compacto; (𝑖𝑖) (𝑆, 𝑑) possui a propriedade Bolzano-
Weierstrass; (𝑖𝑖𝑖) (𝑆, 𝑑) é sequencialmente compacto; (𝑖𝑣) (𝑆, 𝑑) é totalmente limitado e
Demonstração (Lema):
Dado 𝑥0 primeiro mostramos que 𝔉 é equicontínuo em 𝑥0 . Seja 𝜀 > 0 dado, e tome 𝜀1 ,
𝜀2 positivo tal que 2𝜀1 + 𝜀2 ≤ 𝜀. Cobertura 𝔉 para uma 𝜀1 − rede,
𝑆𝜀1 (𝑓1 ), … , 𝑆𝜀1 (𝑓𝑛 ).
Como 𝑓1 , … , 𝑓𝑛 são contínuos, podemos tomar uma vizinhança aberta 𝑈 de 𝑥0 tal que 𝑥 ∈
𝑈 implica
𝑑(𝑓𝑖 (𝑥), 𝑓𝑖 (𝑥0 )) < 𝜀2 para 𝑖 = 1, … , 𝑛.
Pegue 𝑓 ∈ 𝔉. Então 𝑓 ∈ 𝑆𝜀1 (𝑓𝑘 ) para algum 𝑘. Consequentemente
𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥0 )) ≥ 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓𝑘 (𝑥)) + 𝑑(𝑓𝑘 (𝑥), 𝑓𝑘 (𝑥0 )) + 𝑑(𝑓𝑘 (𝑥0 ), 𝑓(𝑥0 ))
≥ 𝜀1 + 𝜀2 + 𝜀1
≥ 𝜀.
Portanto, 𝔉 é equicontínuo em 𝑥0 .
Escolha 𝜀1 > 0. Como 𝔉 é equicontínuo, para qualquer 𝑥0 ∈ 𝐴 podemos escolher uma
vizinhança {𝑈(𝑥0 )}𝑥0∈𝐴 tal que 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥0 )) < 𝜀1 para todo 𝑓 ∈ 𝔉, 𝑥 ∈ 𝑈(𝑥0 ). Seja
{𝑈(𝑥0 )}𝑥0∈𝐴 o conjunto dessas vizinhanças. Este conjunto é uma cobertura aberta de 𝐴.
Por compactação, tem uma subcobertura finita, digamos 𝑈(𝑥1 ), … , 𝑈(𝑥𝑚 ). Dentro desta
subcobertura ainda temos, para qualquer 𝑥 ∈ 𝑈(𝑥𝑖 ),
𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑖 )) < 𝜀1 para todo 𝑓 ∈ 𝔉.
Cobrindo 𝐵 por finitamente muitos conjuntos abertos 𝑉1 , … , 𝑉𝑛 de diâmetro menor que
𝜀2 .
Seja 𝑇 o conjunto de todos os mapeamentos 𝜏 de {1, … , 𝑚} em {1, … , 𝑛}. Para cada 𝜏,
perguntamos se existe anf 𝑓 ∈ 𝔉 tal que 𝑓(𝑥𝑖 ) ∈ 𝑉𝜏(𝑖) para todo 𝑖. Em caso afirmativo,
denote uma dessas funções por 𝑓𝜏 . Assim, haverá uma coleção finita de funções {𝑓𝜏 } para
aqueles 𝜏 em 𝑇 tais que esta propriedade se mantém dentro de 𝔉.
Pegue 𝑓 ∈ 𝔉. Mostraremos que 𝑓 ∈ 𝑆𝜀 (𝑓𝜏 ) para alguns 𝑓𝜏 .
Seja 𝑥 ∈ 𝐴 e escolha 𝑖 de modo que 𝑥 ∈ 𝑈1 . Então
𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑖 )) < 𝜀1 ,
𝑑(𝑓(𝑥𝑖 ), 𝑓𝜏 (𝑥𝑖 )) < 𝜀2 ,
𝑑(𝑓𝜏 (𝑥𝑖 ), 𝑓𝜏 (𝑥)) < 𝜀1 .
Uma vez que 𝜀1 e 𝜀2 são arbitrários, podemos defini-los pequenos o suficiente que, como
acima, 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓𝜏 (𝑥)) < 𝜀. Porque isso vale para cada 𝑥 ∈ 𝑋,
𝜌(𝑓, 𝑓𝜏 ) = sup{𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓𝜏 (𝑥))} < 𝜀.
∎
7) Faça o mesmo com o seu meio-espaço aberto. Não precisa citar exemplo.
Resposta:
Já um hiperplano se relaciona com seu meio-espaço aberto, dá seguinte forma: um meio-
espaço aberto é definido como o interior de um meio-espaço fechado.
Demonstração:
Isso segue do Lema – Se 𝑆 é convexo e se 𝑧 ∉ 𝑆̅ então existe 𝑦 ∈ 𝑆̅ e 𝑝 = 0 tal que 𝑝 ∙
𝑦 = 𝑖𝑛𝑓{𝑝 ∙ 𝑥: 𝑥 ∈ 𝑆} > 𝑝 ∙ 𝑧 (ou seja, existe um hiperplano de suporte 𝐻 para 𝑆 que
separa 𝑆 do ponto 𝑧). Por simplicidade, considere o caso em que 𝑆 ∩ 𝑇 = ∅. Seja 𝑆 − 𝑇 =
{𝑠 − 𝑡: 𝑠 ∈ 𝑆 ∧ 𝑡 ∈ 𝑇}. Em seguida, 0 ∉ 𝑆 − 𝑇. Se zero está no limite de 𝑆 − 𝑇, então
existe um hiperplano de suporte 𝐻(𝑝, 𝛼) para 𝑆 − 𝑇 que passa por zero. Se não, 0 ∉
̅̅̅̅̅̅̅
𝑆 − 𝑇, então zero é separado de 𝑆 − 𝑇. Em qualquer caso, 0 = 𝑝 ∙ 0 ≤ 𝑝 ∙ (𝑆 − 𝑇) para
𝑠 ∈ 𝑆 e 𝑡 ∈ 𝑇, de modo que 𝑝𝑠 ≤ 𝑝𝑡, como foi afirmado.
∎
Demonstração:
O envoltório convexo de um conjunto 𝑆, denotado 𝑐𝑜𝑛 𝑆, é o conjunto de todas as
combinações convexas de pontos em 𝑆, ou seja, 𝑐𝑜𝑛 𝑆 = {𝑥: 𝑥 =
∑𝑛𝑖=1 𝛼𝑖 𝑠𝑖 para alguns números 𝛼𝑖 , 0 ≤ 𝛼𝑖 ≤ 1, ∑𝑛𝑖=1 𝛼𝑖 = 1 e algum conjunto de pontos
si ∈ 𝑆}. Assim, o envoltório convexo de um conjunto convexo 𝑆 é o próprio 𝑆. O
envoltório convexo de qualquer conjunto 𝑆 é um conjunto convexo. A envoltória convexa
de um par de pontos {𝑥, 𝑦} é o segmento de linha [𝑥, 𝑦].
∎
Demonstração:
Como uma prova do Teorema de Shapley-Folkman não está prontamente disponível,
forneceremos uma aqui (devido a J. P. Aubin e I. Ekeland). Seja 𝑥 ∈ 𝑐𝑜𝑛 (𝑆). O teorema
de Caratheodory’s garante que 𝑥 pode ser expresso como a combinação convexa de um
número finito de pontos, 𝑘, de 𝑆, 𝑥 = ∑𝑘𝑗=1 𝛼𝑗 𝑦𝑗 com 𝑦𝑗 ∈ 𝑆, 𝛼𝑗 > 0 e ∑𝑘𝑗−1 𝛼𝑗 = 1.
Além disso, cada 𝑦𝑗 . pode ser escrito como
𝑛
𝑦𝑗 = ∑ 𝑦𝑖𝑗 com 𝑦𝑖𝑗 ∈ 𝑆𝑖 .
𝑖=1
𝑘
Seja 𝐹𝑖 o conjunto {𝑦𝑖𝑗 }𝑗=1 consistindo de 𝑘 pontos. Mas então 𝑥 ∈ 𝑐𝑜𝑛(∑𝑛𝑖=1 𝐹𝑖 ) visto
Em seguida, construa dois pontos de ℝ𝑚𝑛 , (𝑥𝑖′ )𝑛𝑖=1 e (𝑥𝑖′′ )𝑛𝑖=1 , como segue:
𝑥𝑖′ = 𝑥̅𝑖 + 𝜀𝛽𝑖 𝑧𝑖 para 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑚 + 1
𝑥𝑖′′ = 𝑥̅ 𝑖 − 𝜀𝛽𝑖 𝑧𝑖 para 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑚 + 1
𝑥𝑖′ = 𝑥𝑖′′ = 𝑥𝑖 de outra forma.
Por (1), 𝑥𝑖′ e 𝑥𝑖′′ ambos pertencem a 𝑐𝑜𝑛 𝐹𝑖 . Além disso, ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖′ = ∑𝑛𝑖=1 𝑥̅𝑖 +
𝜀 ∑𝑛𝑖=1 𝛽𝑖 𝑧𝑖 = 𝑥 e ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖′′ = ∑𝑛𝑖=1 𝑥̅𝑖 − 𝜀 ∑𝑛𝑖=1 𝛽𝑖 𝑧𝑖 = 𝑥. Assim, (𝑥𝑖′ )𝑛𝑖=1 e (𝑥𝑖′′ )𝑛𝑖=1
1 1
pertencem a 𝑃. Mas (𝑥̅𝑖 )𝑛𝑖=1 = 2 (𝑥𝑖′ )𝑛𝑖=1 + 2 (𝑥𝑖′′ )𝑛𝑖=1 , então (𝑥̅𝑖 )𝑛𝑖=1 não é um ponto
inf ‖𝑥 − 𝑏‖ ≤ ‖𝑥 ′ − 𝑏 ′ ‖ + ‖𝑥𝑛 − 𝑏𝑛 ‖,
𝑏∈𝑆
𝜌(∙) 𝑖 𝐼 𝑎𝑖 ≡ 𝑥𝑖 𝑎𝑖 ∈ 𝑆𝑖
𝑛 𝑛
‖∑ 𝑥𝑖 − ∑ 𝑎𝑖 ‖ = ‖∑ 𝑥𝑖 − ∑ 𝑎𝑖 ‖ ≤ 𝑚𝑐,
𝑖=1 𝑖=1 𝑖∈𝐼 𝑖∈𝐼
𝜌(𝑆𝑖 ) ≤ 𝑐 (2) 𝐼 𝑚 .
∎
Geometricamente, o gráfico da função fica acima da linha que une quaisquer dois pontos
no gráfico (acima).
6) Quando uma função pode ser considerada como homogênea de grau 𝑘? Cite pelo
menos um exemplo microeconômico. Apresente alguns exercícios nos livros de
graduação mencionados nas referências.
Resposta:
Dizemos que uma função 𝑓: 𝑋 → ℝ, onde 𝑋 ∈ ℝ𝑛 é homogênea de grau 𝑘 se, para
qualquer 𝑥 ∈ 𝑋 e 𝜆 > 0, 𝑓(𝜆𝑥) = 𝜆𝑘 𝑓(𝑥). Uma função de produção homogênea de grau
1 exibe retornos constantes de escala.
10) Apresente as propriedades das l.h.c. quando existem dois espaços métricos.
Resposta:
A seguir está uma lista de propriedades úteis de l.h.c. correspondências quando 𝑋 e 𝑌 são
espaços métricos:
(1) 𝛾̅ é 1.h.c. se 𝛾 for 1.h.c.
𝑛
(2) 𝑈𝑖=1 𝛾𝑖 é 1.h.c. se 𝛾𝑖 for 1.h.c.
(3) A composição 𝛾1 ∘ 𝛾2 é 1.h.c. se cada um dos 𝛾𝑖 for 1.h.c.
(4) A soma de 1.h.c. correspondências é um 1.h.c. correspondência, se 𝑌 for um espaço
euclidiano.
(5) O produto cruzado de 1.h.c. correspondências é 1.h.c.
(6) Seja 𝑌 um subconjunto do espaço euclidiano. Então 𝑐𝑜𝑛 𝛾(𝑥) é 1.h.c., se 𝛾 for 1.h.c.
(7) A interseção de dois 1.h.c. correspondências não é em geral 1.h.c.; Contudo:
(8) Sejam 𝑋 e 𝑌 subconjuntos do espaço euclidiano. Se 𝛾𝑖 , 𝑖 − 1,2, são dois 1.h.c.
correspondências de valor convexo tais que 𝑖𝑛𝑡 𝛾1 (𝑥 ° ) ∩ 𝑖𝑛𝑡 𝛾2 (𝑥 ° ) ≠ ∅, então 𝛾1 ∩ 𝛾2
é 1.h.c. em 𝑥 ° .
2) Por que os teoremas de ponto fixo são úteis na teoria econômica? Dê um exemplo.
Resposta:
Teoremas de ponto fixo são úteis para estabelecer a existência de soluções para um
sistema de equações não lineares. Em economia, os teoremas de ponto fixo são mais
frequentemente usados para garantir a existência de equilíbrio em uma ampla variedade
de modelos da economia. Por exemplo, seja 𝑓(𝑝) uma função de excesso de demanda 𝑚-
dimensional. Um vetor 𝑝̅ tal que 𝑓(𝑝̅ ) = 0 é um equilíbrio competitivo, uma vez que a
demanda é igual à oferta em 𝑝̅. Um ponto fixo 𝑝̅ da função 𝑓(𝑝) + 𝑝 seria, portanto, um
equilíbrio competitivo. (Infelizmente, estabelecer a existência de equilíbrio competitivo
é mais complexo do que a frase anterior sugere.)
3) Como relacionar a importância de estabelecer a existência de soluções para modelos
econômicos com o Modelo de Duopólio de Cournot?
Resposta:
A importância de estabelecer a existência de soluções para modelos econômicos às vezes
é pouco enfatizada. Não é incomum para o pesquisador descobrir que um modelo
econômico é vazio por não ter soluções. O conhecido modelo de duopólio de Cournot é
um exemplo disso. Exceto nas circunstâncias improváveis de firmas idênticas ou funções
de demanda côncavas, pode não haver equilíbrio de Cournot (estratégia pura) [ver Roberts
e Sonnenschein (1977)].
Os pontos finais de uma aresta 𝑒 ∈ 𝐸 são os dois vértices 𝑖 e 𝑗 que definem essa aresta.
Nesse caso, escrevemos 𝑒 = (𝑖, 𝑗).
4) Demonstre o lema 11.1, que diz que: “O número de vértices de grau ímpar em um
gráfico é par”.
Demonstração:
Seja 𝑂 o conjunto de vértices de grau ímpar em um grafo e 𝑃 o conjunto de vértices de
grau par. Seja 𝑑𝑖 o grau do vértice 𝑖 ∈ 𝑉.
Seja 𝑑𝑖 o grau do vértice 𝑖 ∈ 𝑉. Se somarmos os graus de todos os vértices, nós contamos
todas as arestas duas vezes (porque cada aresta tem dois pontos finais), então
∑ 𝑑𝑖 = 2|𝐸|.
𝑖∈𝑉
∑ 𝑑𝑖 = ∑ 𝑑𝑖 + ∑ 𝑑𝑖 .
𝑖∈𝑉 𝑖∈𝑂 𝑖∈𝑃
Sendo o segundo termo à direita um número par, enquanto o primeiro termo é a soma de
números ímpares. Como a soma é par, segue-se que |𝑂| é um número par.
∎
7) Apresente conceitos para: (a) grafo acíclico (ou floresta); (b) árvore abrangente
(spanning tree).
Resposta:
Considere as Figura 11.2 (a) mostra um gráfico conectado, enquanto a Figura 11.2 (b)
mostra um gráfico desconectado.
8) Demonstre o lema 11.2, que diz: “Seja 𝐺 = (𝑉, 𝐸) um gráfico conexo e 𝑇 ⊆ 𝐸 uma
árvore abrangente de 𝐺. Então (𝑉, 𝑇)) contém pelo menos um vértice de grau 1”.
Demonstração:
Suponha que não. Vamos então selecionar um caminho em 𝐺 e mostrar que ele é um
ciclo. Inicialmente, todos os vértices são classificados como não marcados. Selecione
qualquer vértice 𝑣 ∈ 𝑉 e marque-o como zero. Encontre um vértice adjacente que não
esteja marcado e marque-o 1. Repita cada vez que marcar um vértice com um número um
maior que o último vértice marcado. Se lá não há vértices não marcados para escolher,
pare. Como existe um número finito de vértices, esse procedimento de marcação deve
terminar. Como todo vértice possui grau de pelo menos 2, o último vértice a ser marcado,
com a marca 𝑘, digamos, é adjacente a pelo menos um vértice com uma marca 𝑘 − 2 ou
menor, digamos, 𝑟. O caminho determinado pelos vértices com marca 𝑟, 𝑟 + 1, … , 𝑘 −
1, 𝑘 forma um ciclo, o que é uma contradição.
∎
9) Demonstre o teorema 11. 1, que diz: “Seja 𝐺 = (𝑉, 𝐸) um gráfico conexo e 𝑇 ⊆ 𝐸 uma
árvore abrangente de 𝐺. Então |𝑇| = |𝑉| − 1”.
Demonstração:
A prova é por indução em |𝑇|. Se |𝑇| = 1, uma vez que (𝑉, 𝑇) é conexo, segue-se que 𝑉
deve ter apenas dois elementos: os pontos finais da aresta solitária em 𝑇. Agora, suponha
que o lema seja verdadeiro sempre que |𝑇| ≤ 𝑚 . Considere o caso em que |𝑇| = 𝑚 + 1.
Seja 𝑢 ∈ 𝑉 o vértice em (𝑉, 𝑇) com o grau igual a um. Tal vértice existe pelo lema
anterior. Seja 𝑣 ∈ 𝑉 tal que (𝑢, 𝑣) ∈ 𝑇 . Observe que 𝑇 ∖ (𝑢, 𝑣) é uma árvore abrangente
para (𝑉 ∖ 𝑢, 𝐸). Por indução, temos que |𝑇 ∖ (𝑢, 𝑣)| = |𝑉| −. Portanto, conclui-se que
|𝑇| = |𝑉| − 1.
Uma vez que uma árvore 𝑇 seja conexa, ela contém pelo menos um caminho entre cada
par de vértices. De fato, ela contém um caminho único entre cada par de vértices. Suponha
que não seja assim. Então, haverá pelo menos dois caminhos disjuntos de aresta entre
algum par de vértices. A união desses dois caminhos formaria um ciclo, contradizendo o
fato que 𝑇 é uma árvore.
∎
B - Exercícios da ANPEC
B.1) ANPEC 1993 – Questão 1 – Seja 𝐴 um conjunto qualquer. Indique as
afirmativas verdadeiras e as falsas:
(0) Um ponto de acumulação de 𝐴 é sempre um ponto de 𝐴.
Solução.
Falso. Contraexemplo: É o caso do número 4 do conjunto 𝐴 = [1,4); 4 é ponto de
acumulação de 𝐴, visto que em qualquer vizinhança de 4 existe um elemento de 𝐴 distinto
de 4. No entanto, 4 não pertence ao conjunto 𝐴.
(1) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função duas vezes continuamente diferenciável, tal que existem
𝑎 < 𝑏 com 𝑓 ′ (𝑎) = 𝑓 ′ (𝑏) = 0 e 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏) = 1. Se existe 𝑐 tal que 𝑎 < 𝑐 < 𝑏 e
𝑓(𝑐) = 0, então existe 𝑑 tal que 𝑎 < 𝑑 < 𝑐 e 𝑓′′(𝑑) = 0.
Solução:
Falso. Um contraexemplo gráfico seria:
1
(2) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função estritamente convexa tal que 𝑓(0) = 0, então 2𝑓(2) <
𝑓(1).
Solução:
Verdadeiro. Considere a seguinte definição:
Definição: Uma função 𝑓 é estritamente convexa quando:
𝑓(𝑡𝑥 + (1 − 𝑡)𝑦) < 𝑡𝑓(𝑥) + (1 − 𝑡)𝑓(𝑦)
∀𝑦 ∈ (0,1). Para função convexa (mas não estrita) vale a expressão acima, mas com
desigualdade fraca.
1
Fixe 𝑡 = 2 , 𝑥 = 1, 𝑦 = 0. Assim:
1 1 1 1 1
𝑓 ( ∙ 1 + (1 − ) ∙ 0) = 𝑓 ( ) < 𝑓(1) + (1 − ) 𝑓(0)
2 2 2 2 2
(3) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função contínua tal que, para qualquer 𝑥, 𝑓(𝑥) = 𝑓(−𝑥) ≥ 0.
Então, 𝑓 atinge um mínimo em 𝑥 = 0.
Solução:
Falso. Um contraexemplo seria:
𝑓(𝑥) = |−𝑥 2 + 1| ≥ 0
𝑓(−𝑥) = |−(−𝑥)2 + 1| = |−𝑥 2 + 1| = 𝑓(𝑥) ≥ 0
Esta função é uma função par e notemos que:
𝑓(1) = 𝑓(−1) = 0
𝑓(0) = 1 > 0 = 𝑓(1) = 𝑓(−1)
ou seja, atinge um mínimo em 𝑥 = 1 ou 𝑥 = −1 (pois o menor valor possível que a
função pode assumir é quando ela é igual a 0, pois trata-se de um módulo). Em 𝑥 = 0, o
valor que a função assume é maior que zero. Logo, 𝑥 = 0 não é ponto de mínimo.
(4) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função estritamente côncava tal que 𝑓(0) < 𝑓(1). Então, 𝑓 é
estritamente crescente no intervalo [0,1].
Solução:
Falso. Um contraexemplo seria:
𝑓(𝑥) = −𝑥 2 + 1.4𝑥
Notemos que:
𝑓(0) = −𝑥 2 + 1.4𝑥 ⇒ −(0)2 + 1.4 ∙ (0) = 0
𝑓(1) = −𝑥 2 + 1.4𝑥 ⇒ −(1)2 + 1.4 ∙ (1) = 0,4 > 0
Mas, 𝑓(𝑥) não é estritamente crescente no intervalo [0,1], pois:
𝑓 ′ (𝑥) = −2𝑥 + 1.4 < 0
2𝑥 > 1.4
𝑥 > 0.7
Ou seja, a função é estritamente decrescente no intervalo (0.7, ∞), logo, não é
estritamente crescente em todo o intervalo [0,1].
(2) Seja ℎ(𝑥) = 𝑓(𝑥)𝑔(𝑥). Se é ℎ(𝑥) é contínua, então𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) também o são.
Solução:
Falsa. Pode ocorrer de os limites de 𝑓 e 𝑔, separadamente, não existirem em alguns
pontos, mas o limite de 𝑓 ∙ 𝑔 existir para todos os pontos do domínio. Segue um
contraexemplo:
1, 𝑥 ≥ 0 0, 𝑥 ≥ 0
𝑓(𝑥) = { , 𝑔(𝑥) = {
0, 𝑥 ≤ 0 1, 𝑥 ≤ 0
1 ∙ 0, 𝑥 ≥ 0
ℎ(𝑥) = 𝑓(𝑥) ∙ 𝑔(𝑥) = { =0
0 ∙ 1, 𝑥 ≤ 0
Assim, ℎ(𝑥) é uma função constante, logo, é contínua. Mas 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) são descontínuas
em 𝑥 = 0, ou seja, não são contínuas em todo o seu domínio. Logo, a
afirmação é falsa.