Você está na página 1de 49

Lista de exercícios

A – Exercícios do curso
OBSERVAÇÃO: Os exercícios do tópico A.0 podem ser resolvidos com base em vários
livros citados nas referências complementares e até nas referências para revisão (ou em
outras não citadas). Os exercícios dos tópicos A.1 até A.10 são resolvidos de melhor
forma com base nos livros citados nas referências básicas, nomeadamente GREEN e
HELLER, 1994, p. 15-52. Os exercícios do tópico A.11 seguem o capítulo de teoria dos
grafos de VOHRA (2005).
A.0 – Conceitos introdutórios
1) Defina matematicamente o conceito de gradiente. Cite exemplos.
Resposta:
Se 𝑓 for uma função de duas variáveis 𝑥 e 𝑦 e 𝑓𝑥 e 𝑓𝑦 existirem, então o gradiente de 𝑓,
denotado por ∇𝑓 (leia “del 𝑓”), será definido, matematicamente, por
∇𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦)𝑖 + 𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦)𝑗.
Exemplos:
1 1
1) Seja 𝑓(𝑥, 𝑦) = 16 𝑥 2 + 9 𝑦 2 , determine o gradiente de 𝑓 no ponto (4,3).

Solução:
Como,
1 1
𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦) = 2 ∙ 𝑥= 𝑥
16 8
e
1 2
𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦) = 2 ∙ 𝑦 = 𝑦,
9 9
então,
1 2
∇𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗,
8 9
logo,
1 2 1 2
∇𝑓(4,3) = ∙ 4𝑖 + ∙ 3𝑗 ⇒ ∇𝑓(4,3) = 𝑖 + 𝑗.
8 9 2 3

2) Dada 𝑓(𝑥, 𝑦) = 2𝑥 2 − 𝑦 2 + 3𝑥 − 𝑦, determine o gradiente de 𝑓 no ponto


(1, −2).
Solução:
Como,
𝑓𝑥 (𝑥, 𝑦) = 2 ∙ 2𝑥 + 3 = 4𝑥 + 3
e
𝑓𝑦 (𝑥, 𝑦) = 2 ∙ (−𝑦) − 1 = −2𝑦 − 1,
então,
∇𝑓(𝑥, 𝑦) = (4𝑥 + 3)𝑖 + (−2𝑦 − 1)𝑗,
logo,
∇𝑓(1, −2) = (4 ∙ 1 + 3)𝑖 + (−2 ∙ (−2) − 1)𝑗 ⇒ ∇𝑓(4,3) = 7𝑖 + 3𝑗.

2) Defina também os componentes de um vetor e as noções de produto escalar e produto


vetorial.
Solução:
Os componentes de um vetor 〈𝑥, 𝑦〉 são os números 𝑥 e 𝑦.
Se 𝐴 = 〈𝑎1 , 𝑎2 〉 e 𝐵 = 〈𝑏1 , 𝑏2 〉 forem dois vetores em 𝑉2 então o produto escalar de 𝐴 e
𝐵, denotado por 𝐴 ∙ 𝐵, será dado por
𝐴 ∙ 𝐵 = 〈𝑎1 , 𝑎2 〉 ∙ 〈𝑏1 , 𝑏2 〉
= 𝑎1 𝑏1 + 𝑎2 𝑏2 .
Ou seja, O produto escalar é a multiplicação entre dois vetores que tem como resultado
uma grandeza escalar. Ele associa a dois vetores um número real.
Se 𝐴 = 〈𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 〉 e 𝐵 = 〈𝑏1 , 𝑏2 , 𝑏3 〉, então o produto vetorial de 𝐴 e 𝐵, denotado por
𝐴 x 𝐵, é dado por
𝐴 x 𝐵 = 〈𝑎2 𝑏3 − 𝑎3 𝑏2 , 𝑎3 𝑏1 − 𝑎1 𝑏3 , 𝑎1 𝑏2 − 𝑎2 𝑏1 〉
O produto vetorial entre 𝐴 x 𝐵 gera como resultado um terceiro vetor. Essa operação de
obtenção do produto vetorial é chamada de multiplicação vetorial.

3) Mostre como derivar vetores e procure exemplos numéricos de derivação dos mesmos.
Resposta:
A derivada r de uma função vetorial r é definida do mesmo modo como foi feito para as
funções a valores reais:
𝑑𝑟 𝑟(𝑡 + ℎ) − 𝑟(𝑡)
= 𝑟 ′ (𝑡) = lim ,
𝑑𝑡 ℎ→0 ℎ
se esse limite existir.
Um método conveniente para calcular a derivada de uma função vetorial 𝑟 por derivação
de cada componente de 𝑟, e dado por
Teorema. Se 𝑟(𝑡) = 〈𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡)〉 = 𝑓(𝑡)𝑖 + 𝑔(𝑡)𝑗 + ℎ(𝑡)𝑘, onde 𝑓, 𝑔 e ℎ são
funções diferenciáveis, então
𝑟 ′ (𝑡) = 〈𝑓 ′ (𝑡), 𝑔′ (𝑡), ℎ′ (𝑡)〉 = 𝑓 ′ (𝑡)𝑖 + 𝑔′ (𝑡)𝑗 + ℎ′ (𝑡)𝑘.
Exemplos:
⃗⃗ .
1) Determine a derivada de 𝑟(𝑡) = (1 + 𝑡 3 )𝑖⃗ + 𝑡𝑒 −𝑡 𝑗⃗ + 𝑠𝑒𝑛 2𝑡 𝑘
Solução:
De acordo com o Teorema descrito acima, derivando cada componente de 𝑟,
obtemos:
𝑟 ′ (𝑡) = 〈3𝑡 2 , (1 − 𝑡)𝑒 −𝑡 , 2 cos 2𝑡〉.

⃗⃗ .
2) Determine a derivada de 𝑟(𝑡) = (𝑡 3 + 5𝑡)𝑖⃗ + 𝐴𝑟𝑐𝑡𝑔 𝑡 𝑗⃗ + √𝑡𝑘
Solução:
De acordo com o Teorema descrito acima, derivando cada componente de 𝑟,
obtemos:
1 1
𝑟 ′ (𝑡) = ⟨3𝑡 2 + 5, 2
, ⟩.
1 + 𝑡 2 √𝑡

4) Defina o que é Topologia (não precisa ser definição formal, ela virá depois) e apresente
definições sobre os seguintes conceitos topológicos fundamentais:
Resposta:
Sejam 𝑋 um conjunto, 𝜏 uma coleção de subconjuntos de 𝑋 que contenha ∅ e 𝑋. Diz-se
que 𝜏 é uma topologia sobre 𝑋 se:
i) 𝐴 ∩ 𝐵 ∈ 𝜏, se 𝐴, 𝐵 ∈ 𝜏.
ii) ⋃𝜆∈𝐼 𝐴𝜆 ∈ 𝜏, se 𝐴𝜆 ∈ 𝜏, ∀𝜆 ∈ 𝐼, 𝐼 um conjunto de índices qualquer.

i. O que é um ponto interior?


Resposta:
Seja 𝑋 ⊂ ℝ𝑛 um conjunto. Um ponto 𝑎 ∈ 𝑋 chama-se interior a 𝑋 se existe 𝑟 > 0 tal que
𝐵(𝑎, 𝑟) ⊂ 𝑋. O interior de 𝑋 é o conjunto 𝑖𝑛𝑡 𝑋 = {𝑎 ∈ 𝑋: 𝑎 é interior a 𝑋}. Quando 𝑥 ∈
𝑖𝑛𝑡 𝑋 dizemos que o conjunto 𝑋 é uma vizinhança do ponto 𝑥.

ii. Qual a diferença entre um conjunto aberto e um fechado?


Resposta:
Um conjunto 𝑋 ⊂ ℝ𝑛 diz-se aberto quando todos os seus pontos são interiores, isto é,
quando 𝑖𝑛𝑡 𝑋 = 𝑋.
Um conjunto 𝑋 é dito fechado quando 𝑋 = 𝑋̅, isto é, se lim 𝑥𝑘 = 𝑎 e 𝑥𝑘 ∈ 𝑋 para todo
𝑘 ∈ ℕ, então 𝑎 ∈ 𝑋.
iii. A reta real é um conjunto aberto? Justifique sua resposta.
Resposta:
Sim, a reta real é um conjunto aberto, pois todos os pontos que a compõe então em seu
interior. Então, pela definição de conjunto aberto que diz que, um conjunto 𝑋 ⊂ ℝ𝑛 diz-
se aberto quando todos os seus pontos são interiores, isto é, quando 𝑖𝑛𝑡 𝑋 = 𝑋, temos
justificada a resposta.

iv. O que é norma euclidiana?


Resposta:
A norma (‖𝑥‖ lê − se norma de 𝑥), também chamada de norma Euclidiana, é uma
função real definida num espaço vetorial 𝑉 real ou complexo. Ou seja, é o “tamanho” do
vetor.

v. Quais as propriedades básicas do comprimento euclidiano (norma euclidiana)?


Resposta:
Satisfaz as seguintes propriedades básicas:
1) ‖𝜆𝑥‖ = |𝜆|‖𝑥‖ para qualquer escalar 𝜆 e qualquer 𝑥 ∈ 𝑉.
2) Se 𝑥 ≠ 0, ‖𝑥 > 0‖.
3) ‖𝑥 + 𝑦‖ ≤ ‖𝑥‖ + ‖𝑦‖ para qualquer 𝑥 e 𝑦 ∈ 𝑉.

5) Exponha os conceitos de:


i. bola aberta;
Resposta:
A bola aberta de centro num ponto 𝑎 ∈ 𝑅 𝑛 e raio 𝑟 > 0 é por definição o conjunto
𝐵(𝑎, 𝑟) = {𝑥 ∈ 𝑅 𝑛 : ‖𝑥 − 𝑎‖ < 𝑟}, onde ‖∙‖ é a norma euclidiana.

ii. bola fechada;


Resposta:
A bola fechada é, também, por definição 𝐵[𝑎, 𝑟] = {𝑥 ∈ 𝑅 𝑛 : ‖𝑥 − 𝑎‖ ≤ 𝑟} com centro 𝑎
e raio 𝑟.
iii. esfera.
Resposta:
A esfera, por definição, é 𝑆(𝑎, 𝑟) = {𝑥 ∈ 𝑅 𝑛 : ‖𝑥 − 𝑎‖ = 𝑟} com centro 𝑎 e raio 𝑟.

6) Um pouco de lógica: apresente os símbolos, as tabelas-verdade e exponha os conceitos


dos conectivos “não”, “se... então”, “existe”, “se e somente se” e defina o que são
“tautologias”.
Resposta:
O juntor “não” (simbolicamente ~): dado um enunciado 𝑝, pode-se formar o enunciado
~ 𝑝, dito a negação de 𝑝. A tabela de valores lógico é dada a seguir:

O juntor “se ... então” (simbolicamente ⇒): dados 𝑝 e 𝑞 enunciados, 𝑝 ⇒ 𝑞 é dito ser a
subjunção de 𝑝 e 𝑞. A tabela de valores lógico da subjunção é dada a seguir:

O juntor “se. e somente se” (simbolicamente: ⇔): dados 𝑝 e 𝑞 enunciados, 𝑝 ⇔ 𝑞 é


chamado de bijunção de 𝑝 e 𝑞. Será considerado como verdadeiro quando os constituintes
tiverem o mesmo valor lógico. A seguir a tabela de valores lógicos para a bijunção.

O quantificador “existe” (simbolicamente: ∃): é chamado de quantificador existencial. De


forma geral vale a seguinte tautologia para uma preposição 𝑝:
∃ 𝑥 𝑝 ⇔ ~∀ 𝑥~𝑝
Agora, definiremos tautologia. Uma tautologia é um enunciado composto (um enunciado
é chamado composto se é obtido a partir de enunciados atômicos, através do uso de
juntores.) que é verdadeiro ao considerarmos todas as possíveis valorações dos seus
componentes atômicos (um enunciado atômico é uma sentença declarativa contendo uma
ideia que é falsa ou é verdadeira, mas não ambas).

A.1 – Funções
1) Defina matematicamente a imagem inversa de um ponto e de um conjunto.
Resposta:
A imagem inversa de um ponto 𝑦 ∈ 𝐵 é {𝑥: 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑦 = 𝑓(𝑥)}. Já a imagem inversa
de um conjunto 𝐵 ′ , 𝐵 ′ ⊆ 𝐵 é 𝑓 −1 (𝐵′ ) = {𝑥: 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑓(𝑥) ∈ 𝐵 ′ }.

2) Quando uma função 𝑓 é uma função um-a-um? E quando está dentro de um mapa?
Resposta:
quando para cada 𝑦 ∈ 𝐵 a imagem inversa de 𝑦 é no máximo um ponto único, 𝑓 é
chamada de mapa um-a-um. E quando o intervalo de 𝑓 for idêntico ao de 𝐵, 𝑓 é
considerado como estando dentro do mapa.

3) Como definir matematicamente a figura de um toro (ou toróide)? Como um ponto que
pertence a ele pode ser descrito?
Resposta:
Se 𝐴 = 𝐵 = 𝑆 1 então 𝐴 x 𝐵 = 𝑆 1 x 𝑆 1 = 𝑆 2 , ou seja, é o produto da circunferência de um
círculo de raio unitário. E um ponto no toro pode ser descrito por dois números 𝜃1 e 𝜃2
que indicam o ângulo em volta do eixo principal e em volta da seção transversal do toro
que determina sua locação.

4) Quando o produto de muitos conjuntos é requerido, às vezes é conveniente enumerá-


los por um índice em um conjunto. Como se chama esse conjunto? Como defini-lo
matematicamente?
Resposta:
Quando o produto de muitos conjuntos é requerido, às vezes é conveniente enumerá-los
por um índice 𝑖 em um conjunto 𝐼, o qual pode ser finito ou infinito. Esse conjunto se
chama, conjunto Indexador. E se uma classe de conjuntos, denotada por 𝐴𝑖 , for indexada
por 𝐼, então o produto dessa
classe 𝛱 𝐴𝑖 é o conjunto de todas as funções 𝑎 em 𝐼 tais que 𝑎(𝑖) ∈ 𝐼. Que é a definição
𝑖∈𝐼

matemática desse conjunto.


5) Se existem um conjunto e um espaço, como definir o complemento desse conjunto? E
se existirem dois conjuntos e ambos forem subconjuntos de um espaço?
Resposta:
Se 𝐴 for um conjunto em um espaço 𝑋, então nós denotamos por 𝐴𝑐 , que é o complemento
de 𝐴, isto é, 𝐴𝑐 = {𝑥 ∈ 𝑋: 𝑥 ∉ 𝐴}. E se 𝐴 e 𝐵 estiverem em 𝑋, nós denotamos 𝐴\𝐵 =
{𝑥 ∈ 𝑋: 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑥 ∉ 𝐵} (lê-se: “complemento 𝐵 do conjunto 𝐴”).

6) Defina matematicamente os seguintes conceitos: (a) uma projeção de um produto de


conjuntos em outro; (b) o gráfico de uma função; (c) a composição de duas funções.
Resposta:
Uma projeção de um produto de conjuntos em outro é definida matematicamente por:
uma projeção de 𝛱 𝐴𝑖 em 𝐴 de uma função mapeada 𝑎 em 𝑎(𝑖). Já o gráfico de uma
𝑖∈𝐼

função é definido matematicamente por: uma função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 dada pelo conjunto


{(𝑥, 𝑦): 𝑦 = 𝑓(𝑥) ∧ 𝑥 ∈ 𝐴}. E a composição de duas funções é matematicamente definida
por: considerando 𝑓: 𝐴1 → 𝐴2 e 𝑔: 𝐴2 → 𝐴3 , a função 𝑔 ∘ 𝑓: 𝐴1 → 𝐴3 é definida por 𝑔 ∘
𝑓(𝑥) = 𝑔(𝑓(𝑥)), ∀ 𝑥 ∈ 𝐴1 .

A.2 – Espaços métricos


1) O que é, matematicamente falando, um espaço métrico? Quais as suas propriedades?
Apresente três exemplos.
Resposta:
Um espaço métrico é um par, (𝑆, 𝑑) , onde 𝑆 é um conjunto não-vazio e 𝑑: 𝑆x𝑆 → ℝ e
satisfaz as seguintes propriedades:
𝑖) 𝑑(𝑥, 𝑦) ≥ 0, ∀ 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑆
𝑖𝑖) 𝑑(𝑥, 𝑦) = 0 ⇔ 𝑥 = 𝑦
𝑖𝑖𝑖) 𝑑(𝑥, 𝑦) = 𝑑(𝑦, 𝑥)
𝑖𝑣) 𝑑(𝑥, 𝑦) ≤ 𝑑(𝑥, 𝑦) + 𝑑(𝑦, 𝑧), ∀ 𝑥, 𝑦, 𝑧 ∈ 𝑆
Exemplos:
1) ℝ1 = (ℝ1 , 𝑑), ℝ1 é a linha reta, 𝑑 = |𝑥 − 𝑦|.
2) ℝ2𝑚 = (ℝ2 , 𝑑𝑚 ), ℝ2 é o plano real e 𝑑𝑚 (𝑥, 𝑦) = 𝑚á𝑥{|𝑥1 − 𝑦1 |, |𝑥2 − 𝑦2 |}.
3) ℝ2 = (ℝ2 , 𝑑𝑒 ), 𝑑𝑒 (𝑥, 𝑦) = 𝑚á𝑥((𝑥1 − 𝑦1 )2 , (𝑥2 − 𝑦2 )2 )1/ 2 .
2) Quando dois espaços métricos são isométricos? Dê exemplos.
Resposta:
Dois espaços métricos ⟨𝑆1 , 𝑑1 ⟩, d e ⟨𝑆2 , 𝑑2 ⟩ são isométricos se há uma função 𝑓: 𝑆1 → 𝑆2,
a qual é uma função “um-a-um”, dentro (interna) e tal que:
𝑑2 (𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) = 𝑑1 (𝑥, 𝑦), ∀ 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑆1
Os espaços métricos podem ter conjuntos cujos elementos sejam funções, ou possuírem
descrições mais complexas do que simplesmente “pontos”. Ainda assim, os elementos
ainda são chamados de “pontos”.
Exemplos:
(1) Υ[0,1]
O conjunto é o conjunto de todas as funções contínuas sobre
[0,1] {𝑥: 𝑥 ∈ ℝ, 0 ≤ 𝑥 ≤ 1} dentro de ℝ.
A métrica 𝑑(𝑓, 𝑔) é definida como sendo:
𝑑Υ (𝑓, 𝑔) = sup |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦)|.
𝑥∈[0,1]

(2) 𝛶𝐿[0,1]
Com o mesmo conjunto, a métrica é
1
𝑑ΥL (𝑓, 𝑔) = ∫ |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑦)| 𝑑𝑥.
0

3) Defina um subespaço de um espaço métrico. Exemplifique.


Resposta:
Um espaço métrico ⟨𝑆1 , 𝑑1 ⟩ é chamado de subespaço de (𝑆, 𝑑) se 𝑆1 ⊆ 𝑆
e 𝑑1 (𝑥, 𝑦) = 𝑑(𝑥, 𝑦) para todo 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑆1.
Exemplos:
(1) Seja ℓ∞ o espaço de todas as sequências restringidas (ou limitadas) na reta real,
com a métrica
𝑑(𝑥, 𝑦) = sup|𝑥𝑖 − 𝑦𝑖 |.
𝑖

Um subespaço de ℓ∞ é o espaço métrico, 𝑐, de todas as sequências convergentes


na reta real. Um subespaço de c é o conjunto de todas as sequências que
convergem para zero.
(2) Considere 𝑆 2 como sendo a superfície de uma esfera com dimensão 2, onde a
distância é medida como o tamanho mínimo que conecta os pontos e que fica na
superfície da esfera (a maior distância do círculo). O espaço 𝑆 1 , que consiste de
um círculo único que fica na esfera é um subespaço de 𝑆 2 .

A.3 – Estrutura topológica de espaços métricos


1) O conceito de métrica possui carrega consigo uma certa estrutura? Como esse
conceito pode ser útil para elaborar outros? As propriedades dos conjuntos se
relacionam com o conceito de métrica? Como?
Resposta:
O conceito de métrica é utilizado para definir uma noção de distância em um espaço, e
também, carrega consigo uma certa estrutura. A ideia que os pontos estão próximos,
medidos pela métrica, pode ser usada para elaborar conceitos precisos como fronteira
(boundary), interior e conexo (ou conectado), os quais tem uma interpretação geométrica
na linguagem comum. Além disso, certas propriedades dos conjuntos (por exemplo,
aqueles que contenham suas próprias fronteiras) são úteis no desenvolvimento de outros
conceitos matemáticos. Portanto, eles herdam da métrica, indiretamente, a sua estrutura.

2) Defina matematicamente uma 𝜀- esfera.


Resposta:
Se (𝑆, 𝑑) for um espaço métrico e 𝑥 ∈ 𝑆, a 𝜀-esfera acerca de 𝑥 é dada por
𝑆𝜀 (𝑥) = {𝑦: 𝑦 ∈ 𝑆, 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝜀}.

3) O que é um conjunto aberto? Defina matematicamente e apresente exemplos.


Resposta:
Um subconjunto 𝐵 de um espaço métrico (𝑆, 𝑑) é aberto (ou aberto em 𝑆) se para
todo 𝑥 ∈ 𝐵 existe 𝜀 > 0 tal que 𝑆𝜀 (𝑥) ⊆ 𝐵.
Claramente, as 𝜀-esferas são abertas. O conjunto vazio é aberto é todos os espaços
métricos e o espaço métrico é aberto em si mesmo. Contudo, é possível ter um conjunto
que seja um subconjunto de um espaço métrico e de algum subespaço adequado que seja
aberto no último, mas não no primeiro. Por exemplo, (0,1] é aberto em [0,1] mas não em
ℝ1 .
Exemplos:
Seja (𝑆, 𝑑) um espaço métrico. 𝐵 ⊆ 𝑆 é aberto se e somente se 𝐵 for a união de 𝜀-esferas.
A união de conjuntos abertos também é um conjunto aberto. A interseção entre conjuntos
abertos finitos resulta em um conjunto aberto.

4) Como expressar matematicamente o conceito de espaço topológico? Quais as


propriedades que esse conceito deve satisfazer?
Resposta:
Um espaço topológico é um par (𝑆, 𝜴) onde 𝑆 é um conjunto e 𝜴 é uma coleção de
subconjuntos de 𝑆 que satisfaz as seguintes propriedades:
𝑖) ∅, 𝑆 ∈ 𝜴
𝑖𝑖) 𝐵𝛼 ∈ 𝜴, ∀ 𝜶 ∈ 𝑰 ⇒ ⋃𝜶𝝐𝑰 𝐵𝛼 ∈ 𝜴
𝑛
𝑖𝑖𝑖) 𝐵1 , … , 𝐵𝑛 ∈ ⋃𝛼=1 𝐵𝛼 ∈ 𝜴

5) Como conceituar matematicamente a noção de topologia?


Resposta:
Matematicamente, a noção de topologia são os conjuntos abertos que são elementos da
coleção 𝜴. Eles são primitivas do sistema em que eles não precisam ser derivados de
nenhum outro conceito. A coleção 𝜴 chama-se topologia sobre 𝑆.

6) Segundo a proposição 3.3: “Em qualquer espaço métrico, a família de todos os


conjuntos abertos é uma topologia para esse espaço”. Demonstre essa proposição.
Demonstração:
Seguindo a proposição 3.2, deve-se notar, contudo, que nem todos os espaços topológicos
podem ser derivados de uma métrica subjacente no espaço, por exemplo, se
𝑆 = (𝑎, 𝑏) e 𝜴 = {𝑆, (𝑎), ∅}
então 𝜴 é uma topologia sobre 𝑆, mas não é derivada de alguma métrica. Isso ocorre
porque se 𝑑 fosse uma métrica, então 𝑑(𝑎, 𝑏) > 0 e então {𝑎} e {𝑏} teriam que ser abertos,
sendo as 𝜀-esferas centradas em 𝑎 e 𝑏, respectivamente, para 𝜀 > 𝑑(𝑎, 𝑏) .

7) O que é uma métrica “geradora de topologia”?


Resposta:
Dado um conjunto 𝑆, a métrica 𝑑 é chamada de geradora da topologia 𝜴 se 𝜴 for a classe
de conjuntos abertos definida por 𝑑.
8) Quando duas métricas podem ser consideradas como “topologicamente equivalentes”?
Resposta:
Duas métricas 𝑑1 e 𝑑2 sobre 𝑆 são chamadas de topologicamente equivalentes se elas
gerarem a mesma topologia 𝜴.

9) Defina um ponto interior de um subconjunto de um espaço métrico.


Resposta:
Um ponto 𝑥 em um subconjunto 𝐵 de um espaço métrico (𝑆, 𝑑) é chamado de ponto
interior de 𝐵 se existe 𝜀 > 0 tal que 𝑠𝜀 (𝑥) ⊆ 𝐵. O conjunto de todos os pontos interiores
°
de 𝐵 é chamado interior de 𝐵 (denotado por 𝐵 ou 𝑖𝑛𝑡𝐵).

10) Demonstre a proposição 3.5, que diz que: “(a) 𝐴 ⊆ 𝐵 com 𝐴 aberto implica em 𝐴 ⊆
∘ ∘
𝐵; (b) 𝐵 é aberto se e somente se 𝐵 = 𝐵; (c) Seja {𝐵𝛼 } a coleção de todos os
∘ ∘ ∘ ∘ ∘ ∘ ∘
conjuntos abertos com 𝐵𝛼 ⊆ 𝐵 . Então 𝐵 = ⋃𝜶 𝐵𝛼 ; (d) 𝐴 ∩ 𝐵 = (𝐴 ∩ 𝐵); (e) 𝐴 ∪ 𝐵 =

(𝐴 ∪ 𝐵)”.

Demonstração:
Seguindo diretamente a definição, para ver que a inclusão do conjunto na parte (e) pode
ser estrita, considere
𝐴 = [0,1], 𝐵 = [1,2] e 𝑆 = ℝ1 .
Então,
∘ ∘
𝐴 = (0,1), 𝐵 = (1,2),
∘ ∘ ∘
(𝐴 ∪ 𝐵) = (0,2) mas 1 ∉ 𝐴 ∪ 𝐵

11) Conceitue matematicamente um ponto limite.


Resposta:
Seja 𝐵 um subconjunto de um espaço métrico. Um ponto 𝑥 é chamado de ponto limite de
𝐵 se para todo 𝜀 > 0, (𝑆𝜀 (𝑥) ∖ {𝑥}) ∩ 𝐵 ≠ ∅.

12) Demonstre a proposição 3.6, que diz que: “(a) 𝐵̿ = 𝐵̅; (b) 𝐵 é fechado se, e somente
se 𝐵 𝑐 é aberto; (c) Uniões finitas e interseções arbitrárias de conjuntos fechados
resultam em outros conjuntos fechados.
Demonstração:
(𝑎) Tomemos um ponto qualquer 𝑥 ∈ ℝ − 𝑋̅ . Pelo Corolário 1 do Teorema 3 (ver o Livro
Curso de Análise, vol. 1) concluímos que existe um intervalo aberto 𝐼 com 𝑥 ∈ 𝐼 e 𝐼 ∩
𝑋 = ∅ e que, para todo 𝑦 ∈ 𝐼 vale 𝑦 ∈ ℝ − 𝑋̅. Logo 𝐼 ⊂ ℝ − 𝑋̅. Isto mostra que todo
ponto 𝑥 ∈ ℝ − 𝑋̅ é um ponto interior, ou seja, que ℝ − 𝑋̅ é aberto. Pelo Teorema 4 (ver
o Livro Curso de Análise, vol. 1) 𝑋̅ é fechado.
(𝑏) Basta observar que cada uma das afirmações abaixo é equivalente à seguinte: 1. 𝐹 é
fechado; 2. todo ponto aderente a 𝐹 pertence a 𝐹; 3. se 𝑎 ∈ ℝ − 𝐹 então 𝑎 não é aderente
a 𝐹; 4. se 𝑎 ∈ ℝ − 𝐹 então existe um intervalo aberto 𝐼 tal que 𝑎 ∈ 𝐼 e 𝐼 ∩ 𝐹 = ∅; 5. se
𝑎 ∈ ℝ − 𝐹, então existe um intervalo aberto 𝐼 tal que 𝑎 ∈ 𝐼 ⊂ ℝ − 𝐹; 6. todo ponto 𝑎 ∈
ℝ − 𝐹 é interior a ℝ − 𝐹; 7. ℝ − 𝐹 é aberto.
(𝑐) Com efeito, ℝ é o complementar do aberto ∅, e ∅ é o complementar do aberto ℝ.
Agora, 𝐹1 , … , 𝐹𝑛 fechados ⇒ ℝ − 𝐹1 , … , ℝ − 𝐹𝑛 abertos ⇒ (ℝ − 𝐹1 ) ∩ · · · ∩ (ℝ −
𝐹𝑛) = ℝ − (𝐹1 ∪ · · · ∪ 𝐹𝑛 ) aberto ⇒ 𝐹1 ∪ · · · ∪ 𝐹𝑛 fechado. Finalmente, cada 𝐹𝜆
fechado ⇒ cada ℝ − 𝐹𝜆 aberto ⇒ ⋃𝜆(ℝ − 𝐹𝜆 ) = ℝ − (⋂𝜆 𝐹𝜆 ) aberto ⇒∩ 𝐹𝜆 fechado.

13) Apresente uma definição matemática de um ponto de fronteire. Dê exemplos.


Resposta:
Um ponto 𝑥 ∈ 𝑆 é chamado de ponto de fronteira de um subconjunto 𝐵 se 𝑥 ∈ 𝐵̅ ∧ 𝑥 ∈
𝐵 𝑐 . O conjunto de todos os pontos de fronteira é denotado por 𝑓𝑟𝐵.
Exemplos
(𝑎) Considere 𝑆 = Θ[0,1] e seja 𝐵 = {𝑓: |𝑓(𝑥)| ≤ 1} . Então
𝑓𝑟𝐵 = {𝑓: 𝑓(𝑥) = +1 ∧ 𝑓(𝑥) = −1} para algum 𝑥 e 𝑓𝑟𝐵 = {𝑓: |𝑓(𝑥)| ≤ 1, ∀𝑥}.
(𝑏) Seja 𝑆 1 = ℝ1 e 𝐵 = ℚ (conjunto dos números racionais). 𝑓𝑟ℚ = ℝ1 , dado que
alguma 𝜀-esfera em ℝ1 contém tanto racionais quanto irracionais. Esse é um exemplo
onde a fronteira é estritamente maior do que o próprio conjunto.

14) Demonstre que dado que se 𝐵 ⊆ 𝐵̅ e algum 𝑓 no conjunto indicado está em 𝐵, ele
está também em 𝐵̅.
Demonstração:
Nós devemos mostrar que 𝑓 é um ponto limite de 𝐵 𝑐 . Se 𝑓(𝑥) = +1 para algum 𝑥,
considere 𝑔𝜀 = 𝑓(𝑥) + 𝜀. Para algum 𝜀 > 0, 𝑔𝜀 (𝑥) ∈ 𝐵 𝑐 . Dado 𝛿 > 0 algum 𝜀 < 𝛿 tem
a propriedade que 𝑑(𝑔, 𝑓) = sup|𝑔𝜀 (𝑥) − 𝑓(𝑥)| = 𝜀. Portanto, 𝑔𝜀 (𝑥) ∈ 𝑆𝜀 (𝑓), e então
𝑥

𝑔𝜀 (𝑥) ∈ 𝑆𝜀 (𝑓) ∖ {𝑓} ∩ 𝐵 𝑐 . Assim sendo, 𝑓 ∈ ℓ𝑝 (𝐵 𝑐 ).


15) Demonstre a proposição 3.1, que diz que: “Se 𝐵 for aberto em 𝑆, então para cada
𝑥 ∈ 𝐵 existe 𝜀𝑥 tal que 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊆ 𝐵”
Demonstração:
Se 𝐵 for aberto em 𝑆, então para cada 𝑥 ∈ 𝐵 existe 𝜀𝑥 tal que 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊆ 𝐵.
Então, temos

⋃ 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊆ 𝐵
𝑥∈𝐵

e claramente

⋃ 𝑆𝜀𝑥 (𝑥) ⊇ 𝐵
𝑥∈𝐵

Portanto 𝐵 é uma união de 𝜀-esferas. De modo inverso, seja

𝐵 = ⋃ 𝑆𝜀𝛼 (𝑥), ∀𝛼 ∈ 𝐼
𝛼

um conjunto indexador (ou conjunto de índices). Se 𝐼 = ∅, então 𝐵 = ∅ e ele é, por


isso, aberto. Se 𝐼 ≠ ∅,, então cada 𝑥 ∈ 𝐵 está em 𝑆𝜀𝛼𝑥 (𝑥𝛼 ), ∀𝛼𝑥 ∈ 𝐼. Agora, seja

𝑟𝑥 = 𝜀𝛼𝑥 − 𝑑(𝑥, 𝑥𝛼𝑥 )


porque 𝑑 é uma métrica e, com efeito, satisfaz a desigualdade triangular.
Portanto, a existência de 𝑟𝑥 tal como definida para cada 𝑥 ∈ 𝐵 é suficiente para mostrar
que 𝐵 é aberto.

16) Demonstre a proposição 3.4, que diz que: “Se 𝑑1 e 𝑑2 forem topologicamente
equivalentes, então para cada ponto 𝑥 ∈ 𝑆, e números positivos 𝜀 e 𝛿, existem números
𝑑 𝑑 𝑑 𝑑 𝑑
positivos 𝜀̅ e 𝛿 ̅ tais que 𝑆𝜀̅ 1 (𝑥) ⊆ 𝑆𝜀 2 (𝑥) e 𝑆𝛿̅ 2 (𝑥) ⊆ 𝑆𝛿 1 (𝑥) onde 𝑆𝜀 𝑖 são 𝜀-esferas
usando a métrica 𝑑.
Demonstração:
𝑑
Seja 𝛺 a topologia gerada tanto por 𝑑1 quanto por 𝑑2 . Em particular, 𝑆𝜀 2 (𝑥) ∈ 𝛺, ∀𝜀 ∧ 𝑥.
𝑑
Mas 𝑆𝜀 2 (𝑥) é aberto na topologia gerada por 𝑑1 . Assim, existe uma esfera aberta na
𝑑 𝑑
métrica 𝑑1 centrada em 𝑥 e de raio suficientemente pequeno 𝜀̅ tal que 𝑆𝜀̅ 1 (𝑥) ⊆ 𝑆𝜀 2 (𝑥).
Invertendo os papéis de 𝑑1 e 𝑑2 , a prova da proposição está completa. Então, Seja 𝛺 a
𝑑
topologia gerada tanto por 𝑑1 quanto por 𝑑2 . Em particular, 𝑆𝜀 1 (𝑥) ∈ 𝛺, ∀𝜀 ∧ 𝑥. Mas
𝑑
𝑆𝜀 1 (𝑥) é aberto na topologia gerada por 𝑑2 . Assim, existe uma esfera aberta na métrica
𝑑 𝑑
𝑑2 centrada em 𝑥 e de raio suficientemente pequeno 𝜀̅ tal que 𝑆𝜀̅ 2 (𝑥) ⊆ 𝑆𝜀 1 (𝑥).

A.4 - Sequências, espaços completos e espaços separáveis


1) Seja ℤ+ o conjunto de inteiros não negativos, em ordem crescente. Pede-se:
1.a) Definir uma sequência em (𝑆, 𝑑); e
Resposta:
Uma sequência 𝑠 em (𝑆, 𝑑) é um mapa 𝑠: ℤ+ → 𝑆.

1.b) Definir uma subsequência da sequência 𝑠.


Resposta:
Uma subsequência da sequência 𝑠 é uma sequência da forma 𝑠 ∘ 𝑔 onde 𝑔 é uma função
crescente estritamente monótona (ou monotônica) de ℤ+ em si mesma. De tal
modo que uma sequência é escrita (𝑠𝑔𝑘 ) significando que: 𝑠 ∘ 𝑔(𝑘) = 𝑠(𝑔𝑘 ).

2) Com base nas definições anteriores, seja 𝑠 uma sequência e 𝑥 ∈ ℓ𝑝 {𝑠1 , … }. Sendo
assim, demonstre que existe uma subsequência de 𝑠, 𝑠’, que converge para x.
Demonstração:
Seja uma sequência de números positivos 𝜀𝑘 → 0. Existe então um inteiro 𝑔1 tal que 𝑠𝑔1 ∈
𝑆𝜀1 (𝑥). Além disso, existe também 𝑔2 > 𝑔1, tal que 𝑠𝑔2 ∈ 𝑆𝜀2 (𝑥), porque se não existir,
a sequência 𝑠𝑔1 , 𝑠𝑔1+1 , … não deveria ter 𝑥 como um ponto limite. E então nem teria 𝑠.
Procedendo dessa forma, nós definimos a sequência crescente requerida 𝑔 = (𝑔𝑘 ), tal
que 𝑠 ∘ 𝑔 convirja para 𝑥.

3) Apresente uma definição para uma sequência de Cauchy.
Resposta:
Uma sequência 𝑠 é chamada de sequência de Cauchy se para todo 𝜀 > 0 existe um inteiro
𝑁 tal que 𝑛, 𝑚 ≥ 𝑁 implica 𝑑(𝑠𝑛 , 𝑠𝑚 ) < 𝜀.

4) Conceitue um espaço completo.


Resposta:
Um espaço métrico é completo se toda sequência de Cauchy nele converge para algum
ponto no espaço.

5) Por que o ℝ𝑛 é um espaço métrico completo?


Resposta:
Porque uma de suas propriedades básicas é que ele um espaço métrico completo. Essa
característica está embutida na estrutura do conjunto ℝ𝑛 de certo modo, ao invés de ser
uma propriedade “derivada”. O conjunto ℝ é construído a partir de números naturais,
primeiramente formando números racionais e então encontrando seus “complementos”.
Axiomatizações diferentes levam esse procedimento a formas ligeiramente diferentes,
mas o resultado em cada caso é um espaço completo. Então, ℝ𝑛 n é construído como um
produto n-dimensionado de ℝ, sendo fácil observar que ele é completo.

6) Seja (𝐴, 𝑑) ⊆ (𝑆, 𝑑) e seja (𝑆, 𝑑) completo. Então (𝐴, 𝑑) pode ser também completo?
Se sim quando ele o será?
Resposta:
(𝐴, 𝑑) pode sim ser completo, no entanto, (𝐴, 𝑑) será completo se e somente se 𝐴 for
fechado e for um subconjunto de 𝑆.

7) Seja ℘[0,1] o espaço de todas as funções limitadas real valorada em [0,1]. Sabendo
que ℧[0,1] é um subespaço fechado de ℘[0,1], qual o corolário destas duas proposições?
Dê exemplos.
Resposta:
O Corolário é, ℧[0,1] é completo.
Exemplos
(1) 𝒞𝐿[0,1] não está completo. (Tome 𝑓𝑛 (𝑥) = 1 para 𝑥 > 2−𝑛 , 𝑓𝑛 (𝑥) = 𝑥/2−𝑛 para 0 ≤
𝑥 ≤ 2−𝑛 .)
(2) 𝑐00 , o espaço de sequências com apenas um número finito de termos diferentes de
1 1 1
zero não está completo. (Tome 𝑠𝑛 = (1, 2 , 3 , … , 𝑛 , 0,0 … ).)

(3) Seja 𝑐0 o espaço de sequências convergindo para zero; 𝑐0 está completo e 𝑐00 ⊆ 𝑐0 ;
portanto, 𝑐00 não está fechado.

8) Sejam 𝐵 e 𝐴 subconjuntos de (𝑆, 𝑑). Quando 𝐵 pode ser chamado de denso em 𝐴?


Resposta:
𝐵 pode ser chamado de denso em 𝐴, quando 𝐴 ⊆ 𝐵. Se nós admitirmos 𝐴 = 𝑆, então 𝐵 é
chamado de denso (ou denso em todas as partes, ou ainda denso em 𝑆).

9) E quando 𝐵 pode ser chamado de denso em lugar nenhum (nowhere dense)?


Resposta:
𝐵 pode ser chamado de denso em lugar nenhum (nowhere dense) se tivermos 𝑖𝑛𝑡𝐵̅ = ∅.

10) Como definir um conjunto contável? Dê 2 exemplos, com seus respectivos gráficos e
demonstrações.
Resposta:
Um conjunto é chamado de contável se ele puder ser colocado dentro de uma relação um-
a-um com o conjunto dos naturais (ℕ).
Exemplos
(1) O espaço dos números racionais, ℚ, é contável. Isso pode ser visto organizando os
racionais em uma estrutura bidimensional de acordo com o numerador e o denominador.
Em seguida, os quocientes que são redundantes são excluídos e o resto pode ser
enumerado lendo-os nas diagonais da matriz
(2) Os números reais não são contáveis.
Demonstração: A prova usual desta proposição envolve escrever cada número real entre
0 e 1 em sua expansão binária

0 ∙ 𝑎1 𝑎2 𝑎3 … = ∑ 𝑎𝑖 2−1
𝑖=1

onde 𝑎𝑖 é 0 ou 1 para cada 𝑖. Deve-se notar que pode haver no máximo duas expansões
binárias distintas representando o mesmo número real: quando 𝑎𝑖 = 0 para 𝑖 > 𝑘 e 𝑎𝑘 =
1, o mesmo número é dado por 𝑎𝑘′ = 0, 𝑎𝑖′ = 1 para 𝑖 > 𝑘, e 𝑎𝑖′ = 𝑎𝑖 para 𝑖 < 𝑘. Se os
números reais são contáveis, podemos fazer uma lista de todas as expressões alternativas
para todos os números reais em uma matriz
0 ∙ 𝑎11 𝑎12 …,
0 ∙ 𝑎12 𝑎22 …,
0 ∙ 𝑎13 𝑎23 ….
Agora construa um novo 0 decimal binário 0 ∙ 𝑎11 𝑎12 … pela configuração
𝑎𝑖 = 0 se 𝑎𝑖𝑖 = 1,
𝑎𝑖 = 1 se 𝑎𝑖𝑖 = 0.
Claramente, o número real representado por 0 ∙ 𝑎1 𝑎2 … é diferente de qualquer um dos
membros da lista. Portanto, os números reais não podem ser contados dessa maneira.

11) Como definir um conjunto separável? Descreva exemplos.


Resposta:
O espaço (𝑆, 𝑑) é considerado separável se contiver um subconjunto denso contável.
Espaços separáveis são muito úteis, particularmente quando os resultados de aproximação
são desejados. Para este efeito, toma-se um subconjunto do conjunto denso contável que
"chega perto de preencher o espaço" ...
Exemplos
(1) 𝐴 é denso em 𝐴 para qualquer conjunto 𝐴 ⊆ 𝑆.
(2) ℚ é denso em ℝ.
(3) ℚ é denso em (0,1] como um subconjunto de ℝ.
(4) ℤ+ não está em lugar nenhum denso em ℝ.
(5) Qualquer espaço com muitos pontos contáveis é separável.
12) Consulte Kolmogorov e Fomin (1970) e demonstre o seguinte teorema: seja (𝑆, 𝑑)
um espaço métrico. Então há um espaço métrico (𝑆, 𝑑)∗ , o qual é o único acima da
isometria, de modo que (𝑆, 𝑑) seja isométrico para um subconjunto denso de (𝑆, 𝑑)∗ .
Demonstração:
(𝑆, 𝑑) é isométrico a (𝑆, 𝑑)∗ se, somente se, existe correspondência biunívoca, mapa um-
a-um, 𝜌: 𝑆 → 𝑆 ∗ (que conserva a distância) ∀𝑝 ∧ 𝑞 ∈ (𝑆, 𝑑).
(𝑆, 𝑑) é isométrico a um (𝐴, 𝑏) ⊆ (𝑆, 𝑑)∗ , (𝐴, 𝑏) denso.
̅̅̅̅̅
Se (𝐴, 𝑏) é denso em (𝑆, 𝑑)∗ implica que (𝑆, 𝑑)∗ ⊆ (𝐴, 𝑏).
̅̅̅̅̅
Portanto, (𝑆, 𝑑) ⊆ (𝐴, 𝑏), por isometria e (𝑆, 𝑑) ⊆ (𝑆, 𝑑)∗ .

13) Demonstre a proposição da questão 31 (proposição 4.2 de GREEN e HELLER, 1994).


Demonstração:
Necessidade: Suponha que (𝐴, 𝑑) seja completo. Demonstraremos que 𝑥 ∈ ℓ𝑝 (𝐴) implica
em 𝑥 ∈ 𝐴. Baseando-se na Proposição 4.1. (Seja 𝑠 uma sequência e 𝑥 ∈ ℓ𝑝 {𝑠1 , … }. Existe
então uma subsequência de 𝑠, denominada 𝑠’, que converge para x), construímos uma
1
sequência {𝑥𝑛 } em 𝐴 tal que, 𝑥𝑛 convirja para 𝑥 ∈ 𝑆 e tal que 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝑛. De tal modo

que seja uma sequência de Cauchy. Dado que 𝐴 é completo, 𝑥 ∈ 𝐴.


Suficiência: Suponha que 𝐴 seja fechado e que (𝑥𝑛 ) seja uma sequência de Cauchy em
𝐴. Dado que o espaço métrico em 𝐴 e 𝑆 é o mesmo, (𝑥𝑛 ) é também uma sequência de
Cauchy em 𝑆. E dado que 𝑆 é completo, ele converge, digamos, para 𝑥 ∈ 𝑆. Suponha
agora que 𝑥 ∉ 𝐴 temos então que 𝑥 ∈ ℓ𝑝 (𝐴) e temos também que 𝐴 é completo.

14) Demonstre a proposição da questão 32 (proposição 4.3 GREEN e HELLER, 1994).


Demonstração:
Seja 𝑓 ∈ ℓ𝑝 ℧[0,1]. Demonstraremos que 𝑓 ∈ ℧[0,1]. Seja (𝑓𝑛 ) uma sequência em ℧[0,1]
que converge para 𝑓. Dado que ℘[0,1] é completo, então 𝑓 ∈ ℘[0,1]. Nós devemos
deduzir que 𝑓 é contínuo – isto é, dado 𝑥 ∈ [0,1] e 𝜀 > 0 existe 𝛿 > 0 tal que 𝑟 ∈
𝑆𝛿 (𝑥), |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑟)| < 𝜀. Pela desigualdade triangular temos: |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑟)| ≤ |𝑓(𝑥) −
𝑓𝑛 (𝑥)| + |𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓𝑛 (𝑟)| + |𝑓𝑛 (𝑟) − 𝑓(𝑟)|.
𝜀
Use 𝑑(𝑓, 𝑓𝑛 ) < 3 para 𝑛 ≥ ℕ. Então o primeiro e o terceiro termos são feitos
𝜀
menores do que 3. Dado que 𝑓𝑛 ∈ ℧[0,1], então existe 𝛿 > 0 tal que
𝜀
|𝑓𝑛 (𝑥) − 𝑓𝑛 (𝑟)| <
3
quando |𝑥 − 𝑟| < 𝛿. Tomando |𝑥 − 𝑟| < 𝛿 e 𝑛 ≥ ℕ, obtemos:
𝜀 𝜀 𝜀
|𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑟)| < + + = 𝜀
3 3 3
Portanto, concluímos que 𝑓𝑛 ∈ ℧[0,1] e ℧[0,1] são fechados.

15) Demonstre o teorema da interseção de Cantor (teorema 4.4 de GREEN e HELLER,


1994).
Demonstração:
Para cada 𝑛, selecionar 𝑥𝑛 ∈ 𝐵𝑛 . Sendo que {𝑥𝑛 } será uma sequência de Cauchy desde
que 𝑑(𝐵𝑛 ) convirja para zero. Dado que (𝑆, 𝑑) é completo, 𝑥𝑛 converge para 𝑥. Para
mostrar que 𝑥 ∈ 𝐵𝑛 , ∀𝑛, é preciso supor que 𝑥𝑛 ∉ 𝐵𝑛 para algum 𝑘. Então 𝑥 ∈ 𝐵𝑘𝑐 e 𝐵𝑘𝑐 é
aberto em 𝑆, enquanto 𝐵𝑘 é fechado. Mas dado que {𝐵𝑛 } é uma sequência decrescente,
temos que 𝐵𝑘𝑐 ∩ 𝐵𝑛 = ∅, ∀𝑛 ≥ 𝑘.
Isso contradiz o lim 𝑥𝑛 = 𝑥, pois 𝐵𝑘𝑐 é um conjunto aberto em torno de 𝑥, o qual é
𝑥𝑛 →𝑥

disjunto a partir de 𝑥𝑛 (∈ 𝐵𝑛 ) para um 𝑛 suficientemente grande. Então ∩ 𝐵𝑛 = ∅. Não


pode haver, portanto, dois pontos nele, de tal forma que 𝑑(𝐵𝑛 ) pode ser feito
arbitrariamente pequeno.

A.5 – Continuidade
1) Disserte sobre a importância do conceito topológico de continuidade de funções.
Comente especificamente sobre a importância para a teoria econômica.
Resposta:
Um dos conceitos topológicos mais importantes é o da continuidade de funções.
Intuitivamente, nós queremos expressar a ideia de que uma função varia apenas levemente
quando seu argumento varia levemente. Mas a noção de pequena variação está associada
à métrica sobre o espaço. Para espaços grandes e complexos, essa pode ser uma questão
sutil. Ocorre que a continuidade possui um sentido equivalente à definição de topologia.
A estrutura básica dos espaços é preservada sob deformação contínua. Funções contínuas
também possuem outras características importantes para a teoria econômica. Por
exemplo, elas são necessárias para garantir a existência de pontos de máximo ou pontos
fixos (veremos mais adiante). Assim, o conceito de continuidade é uma das ideias
matemáticas mais centrais para serem estudadas.

2) Seja 𝑓 um mapa proveniente de um espaço métrico (𝑆, 𝑑) em um outro espaço métrico


(𝑇, 𝜌). Quando ele será contínuo? Quando 𝑓 será uma função contínua?
Resposta:
Um mapa 𝑓 proveniente de um espaço métrico (𝑆, 𝑑) em um outro espaço métrico (𝑇, 𝜌)
é contínuo em 𝑥 ∈ 𝑆 se para todo 𝜀 > 0 existe 𝛿 > 0 tal que 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝛿 implica em
𝛿(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) < 𝜀.
𝑓 é chamada de função contínua, se 𝑓 for contínua em 𝑥 para todo 𝑥 ∈ 𝑆.

3) Demonstre a proposição 5.2.


Demonstração:
Para todo 𝑥 ∈ ℝ ∧ 𝜀 > 0 implica que existe 𝜀 > 0 tal que 𝑔 ∘ 𝑓(ℝ𝛿 (𝑥)) ⊆ 𝑔 ∘
𝑓(ℝ𝜀 (𝑔 ∘ 𝑓)).
Aplicando a proposição 𝑖𝑖 do Teorema 5.1. por contradição
Se 𝑔 ∘ 𝑓(ℝ𝛿 (𝑥)) ⊈ 𝑔 ∘ 𝑓(ℝ𝜀 (𝑔 ∘ 𝑓)), então 𝑔 ∘ 𝑓 não é contínua, pela proposição 𝑖 do
Teorema 5.1.

4) Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌). Quando essa função pode ser chamada de uniformemente
contínua?
Resposta:
Quando ∀𝜀 > 0, ∃𝛿 > 0: 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝜀. Então 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) (aqui 𝛿 depende de 𝜀 mas
não de 𝑥).

5) Demonstre a proposição 5.3.


Demonstração:
Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌). Essa função será chamada de uniformemente contínua se ∀𝜀 >
0, ∃𝑁 ∈ ℤ: 𝑛, 𝑚 ≥ 𝑁 ⇒ 𝑑(𝑥𝑛 , 𝑥𝑚 ) < 𝜀. Então 𝜌(𝑓(𝑥𝑛 ), 𝑓(𝑥𝑚 )) < 𝜀 (aqui 𝑁 depende de
𝜀 mas não de 𝑥).

6) Quando um mapa 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌) pode ser considerado como um homeomorfismo?
Resposta:
Quando ele está dentro, um-a-um, é contínuo e se 𝑓 −1 for contínuo.

7) Como definir uma propriedade topológica?


Resposta:
Se houver um homeomorfismo entre (𝑆, 𝑑) e (𝑇, 𝜌) eles serão chamados de
homeomorfos. Assim, uma propriedade topológica, pode ser definida como toda
propriedade mantida sob homeomorfismos.

8) No caso especial em que (𝑆, 𝑑) é homeomorfo a (𝑆, 𝜌), a métricas 𝑑 e 𝜌 são


topologicamente equivalentes. Demonstre que essa afirmação está correta.
Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌) . As proposições seguintes são equivalentes:
(𝑖) 𝑓 é contínua.
(𝑖𝑖) Para todo 𝑥 ∈ 𝑆 e 𝜀 > 0 existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑆𝛿 (𝑥)) ⊆ 𝑆𝜀 (𝑓(𝑥)).
(𝑖𝑖𝑖) Para todo conjunto aberto 𝐵 em (𝑇, 𝜌), 𝑓 −1 (𝐵) é aberto em (𝑆, 𝑑).
(𝑖𝑣) Se {𝑥𝑛 } convergir para 𝑥 em 𝑆, então 𝑓(𝑥𝑛 ) convergirá para 𝑓(𝑥) em 𝑇.
Demonstração:
(𝑖) implica em (𝑖𝑖𝑖).
Observando que 𝑆𝛿 (𝑥) = {𝑥 ′ : 𝑑(𝑥, 𝑥 ′ ) < 𝛿} e
𝑆𝜀 (𝑓(𝑥)) = {𝑦 = 𝑓(𝑥 ′ ): 𝜌(𝑓(𝑥 ′ ), 𝑓(𝑥)) < 𝜀}.
(𝑖𝑖) implica em (𝑖𝑖𝑖)
Sendo 𝐵 um conjunto aberto em (𝑇, 𝜌) e 𝑎 ∈ 𝑓 −1 (𝐵). Dado que 𝐵 é aberto, ∃𝜀𝑎 >
0: 𝑆𝜀𝑎 (𝑓(𝑎)) ⊆ 𝐵. Por (𝑖𝑖), podemos deduzir que

∃𝛿𝑎 > 0: 𝑓 (𝑆𝜀𝑎 (𝑎)) ⊆ 𝑆𝜀𝑎 (𝑓(𝑎)) ⊆ 𝐵. Aplicando 𝑓 −1 a este resultado, obtemos

𝑆𝛿𝑎 (𝑎) ⊆ 𝑓 −1 (𝐵). Com efeito, 𝑓 −1 (𝐵) contém uma esfera aberta ao redor de seus pontos
e, portanto, é um conjunto aberto.
(𝑖𝑖𝑖) implica em (𝑖𝑣)
Sabendo que {𝑥𝑛 } converge para 𝑥 ∈ (𝑆, 𝑑). Seja 𝐵 ⊆ (𝑇, 𝜌) um conjunto arbitrariamente
pequeno que contenha 𝑓(𝑥). Recorrendo a 𝑓 −1 (𝐵) deduzimos que ℕ é aberto e que
contém 𝑥. Assim sendo, existe ℕ tal que 𝑛 ≥ ℕ implica em 𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝐵).
Seja 𝜀 > 0 um número qualquer tal que 𝑆𝜀 (𝑥) ⊂ 𝑓 −1 (𝐵). Dado que 𝑥𝑛 → 𝑥, nós sabemos
que existe 𝑁 ′ tal que 𝑥𝑛 ∈ 𝑆𝜀 (𝑥), ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Mas então 𝑥𝑛 ∈ 𝑓 −1 (𝐵), de tal modo que
𝑓(𝑥𝑛 ) ∈ 𝐵, ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Uma vez que 𝐵 é, por suposto, um conjunto arbitrariamente
pequeno que contém 𝑓(𝑥) , então {𝑓(𝑥𝑛 )} converge para 𝑓(𝑥).
(𝑖𝑣) implica em (𝑖)
Suponha que 𝑓 não seja contínua em 𝑥 ∈ 𝑆. Então para um dado 𝜀 > 0 e para cada 𝛿 >
0, existe 𝑦 ∈ 𝑆 com 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝛿 mas 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) ≥ 𝜀. Vamos usar {𝑥𝑛 } tal que
1
𝑑(𝑥, 𝑥𝑛 ) < 𝑛 e 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑛 )) ≥ 𝜀. Então 𝑥𝑛 converge para 𝑥, mas {𝑓(𝑥𝑛 )} não

converge para 𝑓(𝑥), o que viola a proposição (𝑖𝑣).


9) Enuncie o teorema 5.1.


Resposta:
Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌) . As proposições seguintes são equivalentes:
(𝑖) 𝑓 é contínua.
(𝑖𝑖) Para todo 𝑥 ∈ 𝑆 e 𝜀 > 0 existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑆𝛿 (𝑥)) ⊆ 𝑆𝜀 (𝑓(𝑥)).
(𝑖𝑖𝑖) Para todo conjunto aberto 𝐵 em (𝑇, 𝜌), 𝑓 −1 (𝐵) é aberto em (𝑆, 𝑑).
(𝑖𝑣) Se {𝑥𝑛 } convergir para 𝑥 em 𝑆, então 𝑓(𝑥𝑛 ) convergirá para 𝑓(𝑥) em 𝑇.

10) Demonstre esse teorema.


Demonstração:
(𝑖) implica em (𝑖𝑖𝑖).
Observando que 𝑆𝛿 (𝑥) = {𝑥 ′ : 𝑑(𝑥, 𝑥 ′ ) < 𝛿} e
𝑆𝜀 (𝑓(𝑥)) = {𝑦 = 𝑓(𝑥 ′ ): 𝜌(𝑓(𝑥 ′ ), 𝑓(𝑥)) < 𝜀}.
(𝑖𝑖) implica em (𝑖𝑖𝑖)
Sendo 𝐵 um conjunto aberto em (𝑇, 𝜌) e 𝑎 ∈ 𝑓 −1 (𝐵). Dado que 𝐵 é aberto, ∃𝜀𝑎 >
0: 𝑆𝜀𝑎 (𝑓(𝑎)) ⊆ 𝐵. Por (𝑖𝑖), podemos deduzir que

∃𝛿𝑎 > 0: 𝑓 (𝑆𝜀𝑎 (𝑎)) ⊆ 𝑆𝜀𝑎 (𝑓(𝑎)) ⊆ 𝐵. Aplicando 𝑓 −1 a este resultado, obtemos

𝑆𝛿𝑎 (𝑎) ⊆ 𝑓 −1 (𝐵). Com efeito, 𝑓 −1 (𝐵) contém uma esfera aberta ao redor de seus pontos
e, portanto, é um conjunto aberto.
(𝑖𝑖𝑖) implica em (𝑖𝑣)
Sabendo que {𝑥𝑛 } converge para 𝑥 ∈ (𝑆, 𝑑). Seja 𝐵 ⊆ (𝑇, 𝜌) um conjunto arbitrariamente
pequeno que contenha 𝑓(𝑥). Recorrendo a 𝑓 −1 (𝐵) deduzimos que ℕ é aberto e que
contém 𝑥. Assim sendo, existe ℕ tal que 𝑛 ≥ ℕ implica em 𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝐵).
Seja 𝜀 > 0 um número qualquer tal que 𝑆𝜀 (𝑥) ⊂ 𝑓 −1 (𝐵). Dado que 𝑥𝑛 → 𝑥, nós sabemos
que existe 𝑁 ′ tal que 𝑥𝑛 ∈ 𝑆𝜀 (𝑥), ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Mas então 𝑥𝑛 ∈ 𝑓 −1 (𝐵), de tal modo que
𝑓(𝑥𝑛 ) ∈ 𝐵, ∀𝑛 ≥ ℕ′ . Uma vez que 𝐵 é, por suposto, um conjunto arbitrariamente
pequeno que contém 𝑓(𝑥) , então {𝑓(𝑥𝑛 )} converge para 𝑓(𝑥).
(𝑖𝑣) implica em (𝑖)
Suponha que 𝑓 não seja contínua em 𝑥 ∈ 𝑆. Então para um dado 𝜀 > 0 e para cada 𝛿 >
0, existe 𝑦 ∈ 𝑆 com 𝑑(𝑥, 𝑦) < 𝛿 mas 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) ≥ 𝜀. Vamos usar {𝑥𝑛 } tal que
1
𝑑(𝑥, 𝑥𝑛 ) < 𝑛 e 𝜌(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑛 )) ≥ 𝜀. Então 𝑥𝑛 converge para 𝑥, mas {𝑓(𝑥𝑛 )} não

converge para 𝑓(𝑥), o que viola a proposição (𝑖𝑣).


A.6. Compacidade
1) Defina matematicamente os conceitos de: (a) cobertura de um conjunto; (b) cobertura
aberta de um conjunto; (c) subcobertura de um conjunto.
Resposta:
Uma coleção {𝐴𝑖 }𝑖∈𝐼 é uma cobertura de um conjunto 𝐵 se 𝐵 ⊆ 𝑈𝑖 𝐴𝑖 . Já uma cobertura
aberta é uma cobertura que consiste somente de conjuntos abertos. E uma cobertura
{𝐴𝑖 }𝑖∈𝐼 de 𝐵 é chamada de subcobertura de {𝐴𝑖 }𝑖∈𝐼 se para cada 𝑖 ∈ 𝐼 existir um 𝑗 ∈ 𝐽 tal
que 𝐴𝑖 = 𝐴𝑗 .

2) Qual a condição de compacidade de um conjunto e de um espaço métrico?


Resposta:
É um conjunto 𝐵 em (𝑆, 𝑑) é compacto se toda cobertura aberta de 𝐵 conter uma
subcobertura finita. E um espaço métrico compacto (𝑆, 𝑑) é aquele no qual 𝑆 é um
conjunto compacto dele mesmo.

3) Demonstre que um subconjunto compacto de um espaço métrico é totalmente limitado


ou restringido.
Demonstração:
Considere 𝑆 = 𝑈𝑥∈𝐹 𝑆𝜀 (𝑥), com 𝐴 compacto. Então os centros do subconjunto
finito satisfazem uma 𝜀-rede.

4) O que é um espaço métrico sequencialmente compacto? Quando ele é totalmente


restringido?
Resposta:
O espaço métrico (𝑆, 𝑑) é sequencialmente compacto se toda sequência em (𝑆, 𝑑) contém
uma subsequência convergente.

5) Demonstre a definição de um número de Lebesgue para uma cobertura aberta {𝑈𝑖 } do


espaço (𝑆, 𝑑) (a definição está na página 30 de GREEN e HELLER, 1994). Apresente
também um exemplo desta definição.
Resposta:
Um conjunto 𝐵 em (𝑆, 𝑑) é compacto se cada cobertura aberta de 𝐵 contém uma
subcobertura finita. Um espaço métrico compacto (𝑆, 𝑑) é aquele em que 𝑆 é um
subconjunto compacto de si mesmo.
Exemplo:
0,3 1
Se 𝑠 = [0,1], 𝑑 = |𝑥 − 𝑦| é a métrica usual, e {𝑈𝑖 } = {[ 4 ) , (4 , 1]} é uma cobertura
1
aberta de 𝑆, então qualquer 𝐿 < 2 é um número de Lebesgue para {𝑈𝑖 }. Considere um
1 3
conjunto 𝐴 contendo pontos 𝑥 ≤ 4 e 𝑦 ≥ 4, de modo que 𝐴 ⊄ 𝑈𝑖 ∈ {𝑈𝑖 }, mas então
1 1 3 1
𝑑(𝐴) ≥ 2. Por outro lado, se 𝑑(𝐴) < 2, então deve seja verdade que 𝑥 < 4 ou 𝑥 > 4 para
0,3 1
todos os 𝑥 ∈ 𝐴 e, portanto, 𝐴 ⊂ [ 4 ) ou 𝐴 ⊂ (4 , 1].

6) Demonstre a proposição 6.5 e o seu Corolário.


Demonstração (proposição):
Seja {𝑈𝑖 }𝑖∈𝐼 uma cobertura aberta e suponha que não haja número de Lebesgue. Então
existe {𝐴𝑛 } uma sequência de subconjuntos de (𝑆, 𝑑) tal que 𝑑(𝐴𝑛 ) = 𝛿𝑛 e 𝛿𝑛 converge
para zero, onde nenhum 𝐴𝑛 está contido em qualquer 𝑈𝑖 . Escolha 𝑎𝑛 em 𝐴𝑛 e definir a
sequência {𝑎𝑛 }. Desde que (S, d) seja compacto existe uma subsequência convergente
{𝑎𝑛′ }. Seja 𝑝 = lim 𝑎𝑖′ . Como 𝑝 ∈ 𝑆 sabemos 𝑝 ∈ 𝑈𝑖 para alguns 𝑖. Como 𝑈𝑖 é aberto,
i

existe 𝜀 > 0 tal que 𝑆𝜀 (𝑝) ⊆ 𝑈𝑖 . Escolha 𝐾 de forma que 𝑖 ≥ 𝐾 implique


𝜀 𝜀
(1) 𝑑(𝑎𝑛(𝑖) , 𝑝) < , (2) 𝛿𝑛(𝑖) < .
2 2
Agora, se 𝑥 ∈ 𝐴𝑛
𝜀
𝑑(𝑥, 𝑝) ≤ 𝑑(𝑥, 𝑎𝑛(𝑘) ) + 𝑑(𝑎𝑛(𝑘) , 𝑝) ≤ 𝑑(𝐴𝑛(𝑘) ) + = 𝜀.
2
Portanto, 𝐴𝑛 ⊆ 𝑆𝜀 (𝑝) ⊆ 𝑈𝑖 , o que é uma contradição. Assim, toda cobertura aberta possui
um número de Lebesgue, se (𝑆, 𝑑) for sequencialmente compacto.

Demonstração (Corolário):
Seja 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑇, 𝜌) contínuo e tome 𝐴 compacto em 𝑆. Seja {𝑈𝑖 }𝑖∈𝐼 uma cobertura
aberta de 𝑓(𝐴). Como os conjuntos 𝑈𝑖 são abertos, 𝑓 −1 (𝑈𝑖 ) é aberto pela continuidade
de 𝑓. Assim, {𝑓 −1 (𝑈𝑖 )}𝑖∈𝐼 é uma cobertura aberta de 𝐴. Existe uma subcobertura finita,
digamos {𝑓 −1 (𝑈𝑖1 ), … , 𝑓 −1 (𝑈𝑖𝑛 )}. Pegue {𝑓𝑓 −1 (𝑈𝑖1 ), … , 𝑓𝑓 −1 (𝑈𝑖𝑛 ) = 𝑈𝑖1 , … , 𝑈𝑖𝑛 }.
Isso forma uma subcobertura finita 𝑓(𝐴), conforme necessário.

7) Demonstre a proposição 6.7 e o seu Lema.


Demonstração (proposição):
Visto que 𝑆 é compacto, 𝑓(𝑆) é compacto pela própria Proposição 6.7. Seja 𝑎 =
sup 𝑓(𝑥). Para cada 𝜀 > 0 existe 𝑥𝜀 ∈ S tal que 𝑎 − 𝑓(𝑥𝜀 ) < 𝜀. Seja (𝜀𝑖 ) uma sequência
𝑥∈S

convergindo para zero e seja (𝑥𝜀𝑖 ) a sequência de pontos correspondente a 𝜀𝑖 como acima.
Como 𝑓(𝑆) é compacto, pelo Teorema 6.6 (Seja (𝑆, 𝑑) um espaço métrico. Os seguintes
são equivalentes: (𝑖) (𝑆, 𝑑) é compacto; (𝑖𝑖) (𝑆, 𝑑) possui a propriedade Bolzano-
Weierstrass; (𝑖𝑖𝑖) (𝑆, 𝑑) é sequencialmente compacto; (𝑖𝑣) (𝑆, 𝑑) é totalmente limitado e

completo.), 𝑓(𝑆) é sequencialmente compacto. A sequência (𝑓(𝑥𝜀𝑖 )) tem uma

subsequência, convergindo para 𝑎 ∈ 𝑓(𝑆). Portanto, qualquer elemento de 𝑓 −1 (𝑎) é


suficiente para maximizar 𝑓 sobre 𝑆.

Demonstração (Lema):
Dado 𝑥0 primeiro mostramos que 𝔉 é equicontínuo em 𝑥0 . Seja 𝜀 > 0 dado, e tome 𝜀1 ,
𝜀2 positivo tal que 2𝜀1 + 𝜀2 ≤ 𝜀. Cobertura 𝔉 para uma 𝜀1 − rede,
𝑆𝜀1 (𝑓1 ), … , 𝑆𝜀1 (𝑓𝑛 ).
Como 𝑓1 , … , 𝑓𝑛 são contínuos, podemos tomar uma vizinhança aberta 𝑈 de 𝑥0 tal que 𝑥 ∈
𝑈 implica
𝑑(𝑓𝑖 (𝑥), 𝑓𝑖 (𝑥0 )) < 𝜀2 para 𝑖 = 1, … , 𝑛.
Pegue 𝑓 ∈ 𝔉. Então 𝑓 ∈ 𝑆𝜀1 (𝑓𝑘 ) para algum 𝑘. Consequentemente
𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥0 )) ≥ 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓𝑘 (𝑥)) + 𝑑(𝑓𝑘 (𝑥), 𝑓𝑘 (𝑥0 )) + 𝑑(𝑓𝑘 (𝑥0 ), 𝑓(𝑥0 ))
≥ 𝜀1 + 𝜀2 + 𝜀1
≥ 𝜀.
Portanto, 𝔉 é equicontínuo em 𝑥0 .
Escolha 𝜀1 > 0. Como 𝔉 é equicontínuo, para qualquer 𝑥0 ∈ 𝐴 podemos escolher uma
vizinhança {𝑈(𝑥0 )}𝑥0∈𝐴 tal que 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥0 )) < 𝜀1 para todo 𝑓 ∈ 𝔉, 𝑥 ∈ 𝑈(𝑥0 ). Seja
{𝑈(𝑥0 )}𝑥0∈𝐴 o conjunto dessas vizinhanças. Este conjunto é uma cobertura aberta de 𝐴.
Por compactação, tem uma subcobertura finita, digamos 𝑈(𝑥1 ), … , 𝑈(𝑥𝑚 ). Dentro desta
subcobertura ainda temos, para qualquer 𝑥 ∈ 𝑈(𝑥𝑖 ),
𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑖 )) < 𝜀1 para todo 𝑓 ∈ 𝔉.
Cobrindo 𝐵 por finitamente muitos conjuntos abertos 𝑉1 , … , 𝑉𝑛 de diâmetro menor que
𝜀2 .
Seja 𝑇 o conjunto de todos os mapeamentos 𝜏 de {1, … , 𝑚} em {1, … , 𝑛}. Para cada 𝜏,
perguntamos se existe anf 𝑓 ∈ 𝔉 tal que 𝑓(𝑥𝑖 ) ∈ 𝑉𝜏(𝑖) para todo 𝑖. Em caso afirmativo,
denote uma dessas funções por 𝑓𝜏 . Assim, haverá uma coleção finita de funções {𝑓𝜏 } para
aqueles 𝜏 em 𝑇 tais que esta propriedade se mantém dentro de 𝔉.
Pegue 𝑓 ∈ 𝔉. Mostraremos que 𝑓 ∈ 𝑆𝜀 (𝑓𝜏 ) para alguns 𝑓𝜏 .
Seja 𝑥 ∈ 𝐴 e escolha 𝑖 de modo que 𝑥 ∈ 𝑈1 . Então
𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑥𝑖 )) < 𝜀1 ,
𝑑(𝑓(𝑥𝑖 ), 𝑓𝜏 (𝑥𝑖 )) < 𝜀2 ,
𝑑(𝑓𝜏 (𝑥𝑖 ), 𝑓𝜏 (𝑥)) < 𝜀1 .
Uma vez que 𝜀1 e 𝜀2 são arbitrários, podemos defini-los pequenos o suficiente que, como
acima, 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓𝜏 (𝑥)) < 𝜀. Porque isso vale para cada 𝑥 ∈ 𝑋,
𝜌(𝑓, 𝑓𝜏 ) = sup{𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓𝜏 (𝑥))} < 𝜀.

A.6. Conjuntos conectados ou conexos


1) Quando um espaço métrico 𝑋 é arco-conectado?
Resposta:
Um espaço métrico 𝑋 é arco-conectado (ou arco-conexo) se houver uma curva contínua
ligando dois pontos quaisquer em 𝑋.

2) Quando ele é conectado?


Resposta:
Um espaço métrico 𝑋 é conectado (ou conexo) se ele não for a união de um par de
conjuntos não-vazios que são disjuntos. De modo equivalente, 𝑋 é conectado se e somente
se os únicos conjuntos os quais são tanto abertos quanto fechados em 𝑋 são o próprio 𝑋
e o conjunto vazio (∅).

3) Qual a importante propriedade de uma função contínua 𝑓 relacionada à noção de


conjuntos conectados?
Resposta:
Uma propriedade importante de uma função contínua 𝑓 é que a imagem de um conjunto
𝑆 sob 𝑓, 𝑓(𝑆), é conectado se 𝑆 for conectado.

4) Qual a implicação útil deste resultado?


Resposta:
Uma implicação muito útil desse resultado é: seja 𝑓 uma função contínua real-valorada
sobre um subconjunto conectado 𝐴 de ℝ𝑚 tal que 𝑓(𝑎1 ) < 0 < 𝑓(𝑎2 ) para alguns pontos
de 𝑎1 , 𝑎2 ∈ 𝐴. Então existe uma solução para a equação 𝑓(𝑥) = 0. Para ver isso, note que
𝑓(𝐴) é um subconjunto conectado de ℝ1 , então 𝑓(𝐴) está em um intervalo [𝑎, 𝑏]. Por
suposto, 0 ∈ [𝑎, 𝑏] então existe 𝑥 ∈ 𝐴 tal que 𝑓(𝑥) = 0. Um corolário útil desse resultado
é que um par de funções contínuas real-valoradas 𝑔, ℎ sobre um subconjunto conectado
𝐴 de ℝ𝑚 tem uma solução para a equação 𝑔(𝑥) = ℎ(𝑥) tão logo exista 𝑎1 , 𝑎2 ∈ 𝐴 tal que
𝑔(𝑎1 ) ≥ ℎ(𝑎1 ) e 𝑔(𝑎2 ) ≤ ℎ(𝑎2 ).

A.7. Conjuntos convexos e cones no espaço euclidiano


1) Por que a convexidade é possivelmente a propriedade matemática mais importante para
a análise microeconômica?
como definir um conjunto convexo
2) Os resultados da programação matemática e da teoria da dualidade, que serão
abordados no curso de Matemática II, se mantêm sem o uso da convexidade? Dê
exemplos relacionados à Micro.
Resposta:
Esses são resultados extremamente úteis da programação matemática e da teoria da
dualidade, os quais não são válidos na ausência de convexidade. Por exemplo,
relativamente pouco se sabe sobre modelos de equilíbrio econômico geral que permitem
conjuntos de produção não convexos (por exemplo, economia de escala) ou preferências
não convexas (por exemplo, o consumidor prefere uma taça de cerveja ou uma taça de
champanhe sozinha a qualquer mistura dos dois). Os únicos resultados exatos são para
economias com um número infinito de participantes.

3) Como definir um conjunto convexo recorrendo aos conceitos de um segmento de linha


que une dois 𝑥 e 𝑦 pertencentes ao ℝ𝑚 e o de combinação convexa destes mesmos 𝑥 e 𝑦.
E como definir um conjunto convexo? E em relação a uma esfera? Ela é convexa? E o
conjunto solução de um sistema qualquer de equações e inequações lineares?
Resposta:
Definimos como sendo, o segmento de linha que une 𝑥 e 𝑦, denotado [𝑥, 𝑦], é o conjunto
de pontos 𝑧 = 𝑎𝑥 + (1 − 𝛼)𝑦 onde 0 < 𝑎 < 1; tal 𝑧 é chamado de combinação convexa
de 𝑥 e 𝑦. Um conjunto 𝑆 é convexo se [𝑥, 𝑦] ⊂ 𝑆 para qualquer par de pontos, 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑆.
Em relação a uma esfera, temos que qualquer esfera 𝑆𝜀 (𝑥) é convexa. Assim como, temos
que o conjunto solução de qualquer sistema de equações e inequações (desigualdades)
lineares é convexo.

4) Quais são as propriedades simples de conjuntos convexos? Comente-as.


Resposta:
As propriedades simples de conjuntos convexos são: (1) 𝑆̅ convexo se 𝑆 for convexo; (2)
conjuntos convexos 𝑆 e 𝑇 implicam 𝑆 ∩ 𝑇 convexos; (3) 𝑆 ∪ 𝑇 não é necessariamente
convexo, mesmo se S e T are convexos; (4) S + T = --- (s + t [sES e t ~ T} é convexo que
𝑆 e 𝑇 sejam convexos (assim, o conjunto de possibilidades de produção agregada de uma
economia é convexo se cada empresa individual tem um conjunto de produção convexo);
(5) seja 𝜆 ≥ 0 um escalar, então 𝜆𝑆 = {𝜆𝑠: 𝑠 ∈ 𝑆} é convexo se 𝑆 for convexo.
5) O que é, formalmente falando, um hiperplano? Mostre também um gráfico que
apresente a normal de um hiperplano?
Resposta:
De maneira mais formal, um hiperplano 𝐻(𝑝, 𝛼) em ℝ𝑚 é o conjunto de todos os pontos
𝑥 ∈ ℝ𝑚 que satisfazem 𝑝 ∙ 𝑥 = 𝛼 para algum vetor diferente de zero 𝑝 ∈ ℝ𝑚 e algum
escalar 𝛼, ou seja, 𝐻(𝑝, 𝛼) = {𝑥 ∈ ℝ𝑚 : 𝑝 ∙ 𝑥 = 𝛼}. O vetor 𝑝 é chamado de normal ao
hiperplano 𝐻, como pode ser visto no gráfico:

6) Relacione um hiperplano com seu meio-espaço fechado. Dê um exemplo


microeconômico.
Resposta:
Um hiperplano se relaciona com seu meio-espaço fechado, dá seguinte forma: um meio-
espaço fechado determinado pelo hiperplano 𝐻(𝑝, 𝛼) é o conjunto de pontos 'abaixo' ou
o conjunto de pontos 'acima' 𝐻, ou seja, o conjunto {𝑥 ∈ ℝ𝑚 : 𝑝 ∙ 𝑥 ≤ 𝛼} ou o conjunto
{𝑥 ∈ ℝ𝑚 : 𝑝 ∙ 𝑥 ≥ 𝛼}. Um exemplo microeconômico dessa relação é, o conjunto
{𝑥 ∈ ℝ𝑚 : 𝑝 ∙ 𝑥 ≤ 𝛼}, que poderia ser um orçamento do consumidor definido com preços
𝑝 e renda 𝛼.

7) Faça o mesmo com o seu meio-espaço aberto. Não precisa citar exemplo.
Resposta:
Já um hiperplano se relaciona com seu meio-espaço aberto, dá seguinte forma: um meio-
espaço aberto é definido como o interior de um meio-espaço fechado.

8) Defina um hiperplano restringido (restrito ou limitado).


Resposta:
Um hiperplano 𝐻(𝑝, 𝛼) limitado para um conjunto 𝑆 é um hiperplano tal que 𝑆 está
completamente contido em um dos dois semiespaços fechados determinados por 𝐻(𝑝, 𝛼).
9) Defina um hiperplano de suporte.
Resposta:
Um hiperplano de suporte 𝐻(𝑝, 𝛼) para 𝑆 é um hiperplano envolvente que compartilha
um ponto em comum com a fronteira de 𝑆 (mais precisamente, 𝑖𝑛𝑓{𝑝 ∙ 𝑥: 𝑥 ∈ 𝑆} = 𝛼).
Um hiperplano 𝐻(𝑝, 𝛼) separa dois conjuntos 𝑆 e 𝑇 se 𝑝 ∙ 𝑠 ≥ 𝛼 para todos os 𝑠 ∈ 𝑆 e 𝑝 ∙
𝑡 ≤ 𝛼 para todo 𝑡 ∈ 𝑇 (isto é, se 𝑆 e 𝑇 estão completamente contidos em semiespaços
fechados opostos).

10) Enuncie e demonstre o teorema do hiperplano de suporte.


Enunciado:
Se 𝑦 está na fronteira de um conjunto convexo 𝑆, então existe um hiperplano de suporte
para 𝑆 que passa por 𝑦.

Demonstração:
Isso segue do Lema – Se 𝑆 é convexo e se 𝑧 ∉ 𝑆̅ então existe 𝑦 ∈ 𝑆̅ e 𝑝 = 0 tal que 𝑝 ∙
𝑦 = 𝑖𝑛𝑓{𝑝 ∙ 𝑥: 𝑥 ∈ 𝑆} > 𝑝 ∙ 𝑧 (ou seja, existe um hiperplano de suporte 𝐻 para 𝑆 que
separa 𝑆 do ponto 𝑧). Por simplicidade, considere o caso em que 𝑆 ∩ 𝑇 = ∅. Seja 𝑆 − 𝑇 =
{𝑠 − 𝑡: 𝑠 ∈ 𝑆 ∧ 𝑡 ∈ 𝑇}. Em seguida, 0 ∉ 𝑆 − 𝑇. Se zero está no limite de 𝑆 − 𝑇, então
existe um hiperplano de suporte 𝐻(𝑝, 𝛼) para 𝑆 − 𝑇 que passa por zero. Se não, 0 ∉
̅̅̅̅̅̅̅
𝑆 − 𝑇, então zero é separado de 𝑆 − 𝑇. Em qualquer caso, 0 = 𝑝 ∙ 0 ≤ 𝑝 ∙ (𝑆 − 𝑇) para
𝑠 ∈ 𝑆 e 𝑡 ∈ 𝑇, de modo que 𝑝𝑠 ≤ 𝑝𝑡, como foi afirmado.

11) Enuncie e demonstre o teorema da dualidade.


Enunciado:
Se 𝐶 é um cone convexo fechado, então o dual do dual de 𝐶 é o próprio 𝐶, ou seja, (𝐶 ∗ )∗ =
𝐶.

Demonstração:
O envoltório convexo de um conjunto 𝑆, denotado 𝑐𝑜𝑛 𝑆, é o conjunto de todas as
combinações convexas de pontos em 𝑆, ou seja, 𝑐𝑜𝑛 𝑆 = {𝑥: 𝑥 =
∑𝑛𝑖=1 𝛼𝑖 𝑠𝑖 para alguns números 𝛼𝑖 , 0 ≤ 𝛼𝑖 ≤ 1, ∑𝑛𝑖=1 𝛼𝑖 = 1 e algum conjunto de pontos
si ∈ 𝑆}. Assim, o envoltório convexo de um conjunto convexo 𝑆 é o próprio 𝑆. O
envoltório convexo de qualquer conjunto 𝑆 é um conjunto convexo. A envoltória convexa
de um par de pontos {𝑥, 𝑦} é o segmento de linha [𝑥, 𝑦].

12) Enuncie e demonstre o teorema de Shapley-Folkman.


Enunciado:
Seja 𝑆𝑖 (𝑖 = 1, … , 𝑛) subconjuntos não vazios de ℝ𝑚 , seja 𝑆 = ∑𝑛𝑖=1 𝑆𝑖 , e seja 𝑥 um
elemento do conjunto 𝑐𝑜𝑛 𝑆. Então existem elementos 𝑥𝑖 ∈ 𝑐𝑜𝑛 𝑆𝑖 tal que 𝑥 = ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖 e
𝑥𝑖 ∈ 𝑆𝑖 para todos, exceto (no máximo) 𝑚 dos conjuntos 𝑆𝑖 . Assim, qualquer elemento
em 𝑐𝑜𝑛 𝑆 pode ser expresso como a soma dos elementos do 𝑆𝑖 , com exceção de no
máximo 𝑚 elementos, não importa quantos desses 𝑆𝑖 existam.

Demonstração:
Como uma prova do Teorema de Shapley-Folkman não está prontamente disponível,
forneceremos uma aqui (devido a J. P. Aubin e I. Ekeland). Seja 𝑥 ∈ 𝑐𝑜𝑛 (𝑆). O teorema
de Caratheodory’s garante que 𝑥 pode ser expresso como a combinação convexa de um
número finito de pontos, 𝑘, de 𝑆, 𝑥 = ∑𝑘𝑗=1 𝛼𝑗 𝑦𝑗 com 𝑦𝑗 ∈ 𝑆, 𝛼𝑗 > 0 e ∑𝑘𝑗−1 𝛼𝑗 = 1.
Além disso, cada 𝑦𝑗 . pode ser escrito como
𝑛
𝑦𝑗 = ∑ 𝑦𝑖𝑗 com 𝑦𝑖𝑗 ∈ 𝑆𝑖 .
𝑖=1
𝑘
Seja 𝐹𝑖 o conjunto {𝑦𝑖𝑗 }𝑗=1 consistindo de 𝑘 pontos. Mas então 𝑥 ∈ 𝑐𝑜𝑛(∑𝑛𝑖=1 𝐹𝑖 ) visto

que 𝑦𝑗 ∈ ∑𝑛𝑖=1 𝐹𝑖 . Como mencionado anteriormente, o envoltório convexo de uma soma


de conjuntos é a soma dos envoltórios convexos desses conjuntos, então 𝑐𝑜𝑛(∑ 𝐹𝑖 ) =
∑ cos 𝐹𝑖 .
Substituímos cada conjunto (possivelmente não compacto) 𝑆𝑖 por um conjunto compacto
(na verdade, finito) 𝐹𝑖 . Pelo teorema de Kerin-Milman, qualquer ponto extremo de 𝑐𝑜𝑛 𝐹𝑖
é um elemento de 𝐹𝑖 (isso não é verdade para conjuntos não compactos!). Considere o
conjunto 𝑃 = {(𝑥𝑖 )𝑛𝑖=1 : 𝑥𝑖 ∈ 𝑐𝑜𝑛 𝐹𝑖 e ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖 = 𝑥}. Este subconjunto compacto convexo
de ℝ𝑚𝑛 não é vazio uma vez que 𝑥 ∈ ∑ cos 𝐹𝑖 . Seja (𝑥̅𝑖 )𝑛𝑖=1 um ponto extremo de 𝑃.
Novamente, pelo Teorema de Kerin-Milman, (𝑥̅𝑖 )𝑛𝑖=1 é um elemento de 𝑃, então 𝑥 =
∑𝑛𝑖=1 𝑥̅𝑖 com 𝑥̅𝑖 ∈ cos 𝐹𝑖 . Agora afirmamos que todos, exceto 𝑚 (no máximo) de 𝑥̅𝑖 são
pontos extremos de 𝑐𝑜𝑛 𝐹𝑖 . Como os pontos extremos do envoltório convexo de 𝐹𝑖 são
membros de 𝐹𝑖 , teremos provado o teorema.
Suponha que não, ou seja, existe 𝑚 + 1 de 𝑥̅𝑖 que não são pontos extremos de con 𝐹𝑖 .
Suponha que esses pontos sejam 𝑥̅1 , … , 𝑥̅𝑚+1 após a reclassificação. Para cada 𝑥̅𝑖 não
extremo, existe um vetor diferente de zero 𝑧𝑖 ∈ ℝ𝑚 e um número 𝜀𝑖 > 0 tal que
(1) para todo 𝑡, |𝑡| < 𝜀𝑖 , temos 𝑥̅𝑖 + 𝑡𝑧𝑖 ∈ 𝑐𝑜𝑛 𝐹𝑖 .
Defina 𝜀 = 𝑚𝑖𝑛{𝜀𝑖 : 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑚 + 1}. Temos 𝑚 + 1 vetores 𝑧𝑖 no espaço 𝑚-dimensional.
Assim, eles são linearmente dependentes, ou seja, existem números 𝛽𝑖 (𝑖 = 1, … , 𝑚 + 1)
nem todos zero, de modo que ∑𝑚+1
𝑖=1 𝛽𝑖 𝑧𝑖 = 0. Podemos assumir |𝛽𝑖 | ≤ 1.

Em seguida, construa dois pontos de ℝ𝑚𝑛 , (𝑥𝑖′ )𝑛𝑖=1 e (𝑥𝑖′′ )𝑛𝑖=1 , como segue:
𝑥𝑖′ = 𝑥̅𝑖 + 𝜀𝛽𝑖 𝑧𝑖 para 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑚 + 1
𝑥𝑖′′ = 𝑥̅ 𝑖 − 𝜀𝛽𝑖 𝑧𝑖 para 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑚 + 1
𝑥𝑖′ = 𝑥𝑖′′ = 𝑥𝑖 de outra forma.
Por (1), 𝑥𝑖′ e 𝑥𝑖′′ ambos pertencem a 𝑐𝑜𝑛 𝐹𝑖 . Além disso, ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖′ = ∑𝑛𝑖=1 𝑥̅𝑖 +
𝜀 ∑𝑛𝑖=1 𝛽𝑖 𝑧𝑖 = 𝑥 e ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖′′ = ∑𝑛𝑖=1 𝑥̅𝑖 − 𝜀 ∑𝑛𝑖=1 𝛽𝑖 𝑧𝑖 = 𝑥. Assim, (𝑥𝑖′ )𝑛𝑖=1 e (𝑥𝑖′′ )𝑛𝑖=1
1 1
pertencem a 𝑃. Mas (𝑥̅𝑖 )𝑛𝑖=1 = 2 (𝑥𝑖′ )𝑛𝑖=1 + 2 (𝑥𝑖′′ )𝑛𝑖=1 , então (𝑥̅𝑖 )𝑛𝑖=1 não é um ponto

extremo de 𝑃, uma contradição.


13) Demonstre o corolário do teorema de Shapley-Folkman.


Demonstração:
Como antes, defina 𝑆 = ∑𝑛𝑖=1 𝑆𝑖 . É mostrado primeiro que 𝜌(𝑆) = ∑𝑛𝑖=1 𝜌(𝑆𝑖 ). Para 𝑛 =
1, esse resultado é trivial. Usamos indução em 𝑛. Seja 𝑥 ∈ cos 𝑆 e 𝑆 ′ = ∑𝑛−1
𝑖=1 𝑆𝑖 . Defina

𝑥 ′ ∈ cos 𝑆 ′ e 𝑥𝑛 ∈ cos 𝑆𝑛 de modo que 𝑥 = 𝑥 ′ + 𝑥𝑛 . Seja 𝑏 ∈ 𝑆 e defina 𝑏 ′ ∈ 𝑆 ′ e 𝑏𝑛 ∈


𝑆𝑛 de modo que 𝑏 = 𝑏 ′ + 𝑏𝑛 . Então, ‖𝑥 − 𝑏‖ ≤ ‖𝑥 ′ − 𝑏 ′ ‖ + ‖𝑥𝑛 − 𝑏𝑛 ‖.
Consequentemente,
inf ‖𝑥 − 𝑏‖ ≤ ‖𝑥 ′ − 𝑏 ′ ‖ + ‖𝑥𝑛 − 𝑏𝑛 ‖,
𝑏∈𝑆

inf ‖𝑥 − 𝑏‖ ≤ ‖𝑥 ′ − 𝑏 ′ ‖ + ‖𝑥𝑛 − 𝑏𝑛 ‖,
𝑏∈𝑆

inf ‖𝑥 − 𝑏‖ ≤ sup inf ‖𝑥 ′ − 𝑏 ′ ‖ + sup inf ‖𝑥𝑛 − 𝑏𝑛 ‖ = 𝜌(𝑆 ′ ) + 𝜌(𝑆𝑛 ).


𝑏∈𝑆 𝑥 ′ ∈ cos 𝑆 ′ 𝑏 ′ ∈𝑆 ′ 𝑥𝑛 ∈ cos 𝑆𝑛 𝑏𝑛 ∈𝑆𝑛

, 𝜌(𝑆) ≤ 𝜌(𝑆 ′ ) + 𝜌(𝑆𝑛 ) ≤ ∑𝑛𝑖=1 𝜌(𝑆𝑖 ), .


𝑥 ∈ cos 𝑆 𝑛 {𝑥𝑖 } 𝐼 ( 𝑚 ) 𝑖 ∈ 𝐼 𝑥𝑖 ∈ cos 𝑆𝑖 𝑖 𝐼, 𝑥𝑖 ∈ 𝑆𝑖 e 𝑥 = ∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖 .
𝑖 ∈ 𝐼 𝑎𝑖 ∈ 𝑆𝑖 (𝑖 ∈ 𝐼)
(2) ‖∑(𝑥𝑖 − 𝑎𝑖 )‖ ≤ ρ (∑ 𝑆𝑖 ) ≤ ∑ 𝜌(𝑆𝑖 ).
𝑖∈𝐼 𝑖∈𝐼 𝑖∈𝐼

𝜌(∙) 𝑖 𝐼 𝑎𝑖 ≡ 𝑥𝑖 𝑎𝑖 ∈ 𝑆𝑖
𝑛 𝑛

‖∑ 𝑥𝑖 − ∑ 𝑎𝑖 ‖ = ‖∑ 𝑥𝑖 − ∑ 𝑎𝑖 ‖ ≤ 𝑚𝑐,
𝑖=1 𝑖=1 𝑖∈𝐼 𝑖∈𝐼

𝜌(𝑆𝑖 ) ≤ 𝑐 (2) 𝐼 𝑚 .

A.8. Funções côncavas, quase-côncavas e homotéticas


1) Quando uma função real valorada sobre um conjunto convexo do 𝑆 ao ℝ𝑚 pode ser
considerada côncava?
Resposta:
Quando para qualquer 𝑥 ° , 𝑥1 ∈ 𝑆, temos 𝑓(𝜃𝑥 ° + (1 − 𝜃)𝑥1 ) ≥ 𝜃𝑓(𝑥 ° ) + (1 −
𝜃)𝑓(𝑥1 ).

2) Desenhe e explique um gráfico relativo à função da questão anterior.


Resposta:

Geometricamente, o gráfico da função fica acima da linha que une quaisquer dois pontos
no gráfico (acima).

3) Em relação ao gráfico da questão anterior: quando uma função 𝑓 é côncava e quando


ela é convexa?
Resposta:
A concavidade de uma função é equivalente à convexidade do conjunto de pontos
situados abaixo do gráfico da função (ou seja, o conjunto 𝐺 na Figura da questão 2). Uma
função 𝑓 é convexa se (−𝑓) for côncava. E será concava caso contrário.

4) Quando uma função côncava é diferenciável? Explique formalmente.


Resposta:
Se uma função côncava 𝑓 é diferenciável, então pode-se mostrar que o plano tangente a
qualquer ponto no gráfico de 𝑓 encontra-se acima do gráfico. Formalmente, se 𝜕𝑓(𝑥 ° )/𝜕𝑥
é o vetor de derivadas parciais em algum 𝑥 ° arbitrário, então 𝑓(𝑥1 ) − 𝑓(𝑥 ° ) ≤ (𝑥1 − 𝑥 ° ) ∙
(𝜕𝑓(𝑥 ° )/𝜕𝑥 ), para qualquer 𝑥1 no domínio. Se 𝑓 é função de uma variável real, esse fato
pode ser visto da seguinte forma: suponha para simplificar 𝑥 ° = 0 e 𝑓(0) = 0. Então,
devemos mostrar 𝑓(𝑥1 ) ≤ 𝑥1 ∙ (𝜕𝑓(0)/𝜕𝑥 ). Para este efeito, seja 0 < 𝑦 < 1. Por
concavidade,
𝑥1 − 𝑦 𝑦 𝑦
𝑓(𝑦) ≥ [ 1 ] 𝑓(0) + [ 1 ] 𝑓(𝑥1 ) = 1 𝑓(𝑥1 ).
𝑥 𝑥 𝑥
Assim, 𝑓(𝑦)/𝑦 ≥ 𝑓(𝑥1 )/𝑥1 . Fazendo 𝑦 → 0, encontramos que 𝜕𝑓(0)/𝜕𝑥 ≥ 𝑓(𝑥1 )/𝑥1 ,
como deveria ser mostrado.

5) Quando uma função é quase-côncava? Explique e dê exemplo relacionado à teoria


microeconômica. Faça o mesmo para uma função quase-convexa. Não precisa citar
exemplo, nesse caso.
Resposta:
Uma função 𝑓 é quase côncava se, para todo 𝛼 ∈ ℝ, o conjunto {𝑥: 𝑓(𝑥) ≥ 𝛼} for
convexo. Por exemplo, se 𝑓 é uma função de utilidade que possui conjuntos de
preferências superiores convexos, então 𝑓 é quase côncava. Uma função côncava é
claramente quase côncava. Um ponto que satisfaça as condições Lagrangianas de
primeira ordem é um máximo global restrito se a função objetivo 𝑓 for quase côncava e
o conjunto de restrições for descrito por funções côncavas 𝑔𝑖 (𝑥) ≤ 0 (desde que uma
condição técnica fraca também seja satisfeita).
Já uma função 𝑓 é quase convexa se (−𝑓) for quase côncava. Os resultados acima para
funções quase-côncavas podem ser reformulados, é claro, para funções quase-convexas
com as mudanças apropriadas de desigualdades e com a palavra "mínimo" substituindo
"máximo".

6) Quando uma função pode ser considerada como homogênea de grau 𝑘? Cite pelo
menos um exemplo microeconômico. Apresente alguns exercícios nos livros de
graduação mencionados nas referências.
Resposta:
Dizemos que uma função 𝑓: 𝑋 → ℝ, onde 𝑋 ∈ ℝ𝑛 é homogênea de grau 𝑘 se, para
qualquer 𝑥 ∈ 𝑋 e 𝜆 > 0, 𝑓(𝜆𝑥) = 𝜆𝑘 𝑓(𝑥). Uma função de produção homogênea de grau
1 exibe retornos constantes de escala.

7) O que é formalmente falando, o caminho de expansão para uma função homogênea?


E o caminho de expansão na teoria da produção? O que se pode dizer em relação à taxa
marginal de substituição, nesse caso?
Resposta:
Pode-se mostrar que o caminho de expansão para uma função homogênea é um raio
através da origem: formalmente, aquele 𝜕𝑓(𝜆𝑥)/𝜕𝑓(𝜆𝑥𝑖 ) = 𝜆𝑘−1 (𝜕𝑓(𝑥)/𝜕𝑥𝑖 ). O
caminho de expansão na teoria da produção é o conjunto de combinações de insumos que
minimizam o custo (sujeito a um determinado nível de produção) à medida que o nível
de produção se expande. Assim, a taxa marginal de substituição 𝑑𝑥2 /𝑑𝑥1 |𝑓=cons 𝑡 é
imutável ao longo de qualquer raio da origem.

8) O que é uma função homotética? Explique melhor se ela é uma transformação


monotônica crescente de uma função homogênea (de grau positivo). Qual propriedade da
taxa marginal de substituição nesse caso?
Resposta:
Uma função homotética ℎ é uma transformação crescente monótona de uma função
homogênea (de grau positivo): ℎ(𝑥) = 𝑔(𝑓(𝑥)) onde 𝑔 é uma função crescente
monótona de uma variável real e 𝑓 é homogênea de algum grau 𝑘 > 0. Uma função
homotética também tem a propriedade de que a taxa marginal de substituição é constante
ao longo de qualquer raio da origem. Na verdade, esta última propriedade é equivalente
à homoteticidade.

A.9. Semicontinuidade de correspondências e o teorema do máximo


1) O que é uma correspondência? Defina de modo informal e formal.
Resposta:
Informalmente, uma correspondência é uma função ponto-a-conjunto. Falando
formalmente, sejam 𝑋 e 𝑌 quaisquer conjuntos. Uma correspondência 𝛾 de 𝑋 para 𝑌 é
uma relação que associa a cada elemento 𝑥 ∈ 𝑋 um subconjunto não vazio único 𝛾(𝑥) de
𝑌. Deixa 2𝑌 denotar o conjunto de todos os subconjuntos de 𝑌. Então, em notação
funcional, nós podemos expressar a correspondência 𝛾 entre 𝑋 e 𝑌 como 𝛾: 𝑋 → 2𝑌 com
𝛾(𝑥) ≠ ∅.

2) Por que as correspondências são importantes para a teoria econômica?


Resposta:
As correspondências são importantes em economia porque, por exemplo, frequentemente
há mais de um ponto de solução para um problema de máximo restrito. Assim, na ausência
de convexidade estrita de preferências, os economistas devem lidar com correspondências
de demanda em vez de funções de demanda.

3) Como definir uma soma de correspondências? E um produto cruzado de


correspondências?
Resposta:
A soma das correspondências 𝛾𝑖 : 𝑋 → 2𝑌 (𝑖 = 1, … , 𝑛), onde 𝑌 é um espaço euclidiano, é
definida como ∑𝑛𝑖=1 𝛾𝑖 (𝑥) ≡ {𝑦 ∈ 𝑌: ∃𝑦𝑖 ∈ 𝛾𝑖 (𝑥), ∀𝑖, : 𝑦 = ∑𝑛𝑖=1 𝑦𝑖 (𝑥)}. já o produto
cruzado das correspondências 𝛾𝑖 : 𝑋 → 2𝑌 (𝑖 = 1, … , 𝑛), é definido como
𝛾1 (𝑥) x 𝛾2 (𝑥) x … x 𝛾𝑛 (𝑥) ≡ {(𝑦1 , 𝑦2 , … , 𝑦𝑛 ): 𝑦𝑖 ∈ 𝛾1 (𝑥) para cada 𝑖}. A composição de
duas correspondências 𝛾𝑖 : 𝑌 → 2𝑍 e 𝜓: 𝑋 → 2𝑌 é definida como 𝛾 ∘ 𝜓(𝑥) ≡ {𝑧: ∃𝑦 ∈
𝜓: 𝑧 ∈ 𝛾(𝑦)}.

4) Quando uma correspondência é semi-contínua superior?


Resposta:
Uma correspondência 𝛾 é semi-contínua superior (abreviado u.h.c) em 𝑥 ° ∈ 𝑋 se para
qualquer conjunto aberto 𝑉 que contém todos de 𝛾(𝑥 ° ), existe uma vizinhança 𝑈(𝑥 ° ) tal
que 𝛾(𝑥) ⊂ 𝑉 para todo 𝑥 ∈ 𝑈(𝑥 ° ). A correspondência 𝛾 é semi-contínua superior se for
u.h.c em cada 𝑥 ∈ 𝑋. Uma correspondência que não é u.h.c em 𝑥 ° "explode" em qualquer
vizinhança de 𝑥 ° no sentido de que parte de 𝛾(𝑥) está fora de algum pequeno conjunto
aberto contendo 𝛾(𝑥 ° ).

5) Quando uma correspondência é compacta valorada?


Resposta:
Dizemos 𝛾(𝑥) é compacta valorada se 𝛾(𝑥) é um conjunto compacto para cada 𝑥 ∈ 𝑋.
6) Quando uma correspondência é fechada?
Resposta:
Uma correspondência 𝛾 é fechada em 𝑥 ° se para cada sequência (𝑥𝑛 , 𝑦𝑛 ) ∈ 𝐺(𝛾) tal que
(𝑥𝑛 , 𝑦𝑛 ) → (𝑥 ° , 𝑦 ° ) é verdade que (𝑥 ° , 𝑦 ° ) ∈ 𝐺(𝛾), de modo que se 𝑦 𝑛 ∈ 𝛾(𝑥 𝑛 ) e 𝑥 𝑛 →
𝑥 ° e 𝑦 𝑛 → 𝑦 ° , então 𝑦 ° ∈ 𝛾(𝑥 ° ). Uma correspondência é fechada se for fechada em cada
𝑥 ° . É imediato que 𝛾 é fechado se e somente se 𝐺(𝛾) é um conjunto fechado.

7) Quais a propriedades de correspondências semi-contínuas (u.h.c – upper hemi-


continuous correspondences).
Resposta:
Elas são compactas valorada, fechadas e não explosivas.

8) Apresente as propriedades das u.h.c’s quando existem dois espaços métricos.


Resposta:
Seja 𝛾: 𝑋 → 2𝑌 , onde 𝑋 e 𝑌 são espaços métricos; as seguintes propriedades de
correspondências de u.h.c. são úteis:
(1) ̅̅̅̅̅̅
𝛾(𝑥) é u.h.c, se 𝛾 for u.h.c.
𝑛
(2) 𝑈𝑖=1 𝛾𝑖 é u.h.c. se os 𝛾𝑖 são u.h.c.
(3) Se (𝛾𝑖 )𝑛𝑖=1 são todos u.h.c. e compacta valorada, então ∑𝑛𝑖=1 𝑦𝑖 é u.h.c. e compacta
valorada, onde 𝑌 é um espaço euclidiano.
(4) O produto cruzado de u.h.c. e correspondências compacta valorada é u.h.c. e
compacta valorada.
(5) Se 𝛾 é u.h.c. e compacta valorada, então a correspondência convexa da envoltória
𝑐𝑜𝑛 𝛾 (definida por 𝑐𝑜𝑛 𝛾(𝑥) ≡ 𝑐𝑜𝑛 [𝛾(𝑥)]) também é u.h.c, e tem valor
compacto, quando 𝑌 é um subconjunto do espaço euclidiano.
(6) Se 𝐾 é um conjunto compacto e se 𝛾 é u.h.c. e é compacta valorada, a imagem de
𝐾 sob 𝛾, 𝛾(𝐾), é um conjunto compacto.
(7) A composição 𝛾 ∘ 𝜓 de duas correspondências u.h.c. é u.h.c.
(8) Se 𝛾1 e 𝛾2 são u.h.c. e de valor fechado, então 𝛾1 ∩ 𝛾2 é u.h.c. se 𝛾1 ∩ 𝛾2 ≠ ∅ para
todos os 𝑥 ∈ 𝑋.

9) Quando uma correspondência é semi-contínua inferior (l.h.c. – lower hemi-continuous


correspondences)?
Resposta:
Uma correspondência é semi-contínua inferior (ou 1.h.c.) em 𝑥 ° , se para cada conjunto
aberto 𝑉 que atende 𝛾(𝑥 ° ), ou seja, 𝛾(𝑥 ° ) ∩ 𝑉 ≠ ∅, existe uma vizinhança de 𝑥 ° , 𝑈(𝑥 ° ),
de modo que 𝛾(𝑥) também atenda a 𝑉 para cada 𝑥 ∈ 𝑈(𝑥 ° ). Dizemos que 𝛾 é 1.h.c. se
for 1.h.c. para cada 𝑥 ∈ 𝑋. Geometricamente, a ideia é que 𝛾(𝑥) não contrai
repentinamente em tamanho se nos movermos ligeiramente para longe de 𝑥 ° , para onde
há um "pico" em 𝑥 ° . Novamente, se 𝛾(𝑥) tiver um valor único, então a correspondência
𝛾 é 1.h.c. se e somente se a função 𝛾 é contínua.

10) Apresente as propriedades das l.h.c. quando existem dois espaços métricos.
Resposta:
A seguir está uma lista de propriedades úteis de l.h.c. correspondências quando 𝑋 e 𝑌 são
espaços métricos:
(1) 𝛾̅ é 1.h.c. se 𝛾 for 1.h.c.
𝑛
(2) 𝑈𝑖=1 𝛾𝑖 é 1.h.c. se 𝛾𝑖 for 1.h.c.
(3) A composição 𝛾1 ∘ 𝛾2 é 1.h.c. se cada um dos 𝛾𝑖 for 1.h.c.
(4) A soma de 1.h.c. correspondências é um 1.h.c. correspondência, se 𝑌 for um espaço
euclidiano.
(5) O produto cruzado de 1.h.c. correspondências é 1.h.c.
(6) Seja 𝑌 um subconjunto do espaço euclidiano. Então 𝑐𝑜𝑛 𝛾(𝑥) é 1.h.c., se 𝛾 for 1.h.c.
(7) A interseção de dois 1.h.c. correspondências não é em geral 1.h.c.; Contudo:
(8) Sejam 𝑋 e 𝑌 subconjuntos do espaço euclidiano. Se 𝛾𝑖 , 𝑖 − 1,2, são dois 1.h.c.
correspondências de valor convexo tais que 𝑖𝑛𝑡 𝛾1 (𝑥 ° ) ∩ 𝑖𝑛𝑡 𝛾2 (𝑥 ° ) ≠ ∅, então 𝛾1 ∩ 𝛾2
é 1.h.c. em 𝑥 ° .

11) Disserte sobre o teorema do máximo.


Resposta:
Seja 𝑋 um espaço topológico. Se 𝐹 é uma função contínua real valorada de 𝑋 e 𝐵 é uma
correspondência contínua compacta valorada de 𝑌 para subconjuntos de 𝑋, então a
correspondência 𝛾 definida por 𝛾(𝑦) = {𝑥 ∈ 𝐵(𝑦): 𝐹(𝑥) ≥ 𝐹(𝑥 ′ ) para todo x ′ ∈ 𝐵(𝑦)}
é u.h.c. e é compacta valorada, e a função 𝑓 definida por 𝑓(𝑦) ≡ 𝐹(𝛾(𝑦)) é uma função
contínua.
Observe que se qualquer um dos conjuntos 𝑋 ou 𝑌 na afirmação do Teorema Máximo for
um conjunto compacto, então 𝛾 é uma correspondência fechada; pois se 𝑋 é compacto,
então 𝛾(𝑦) ⊂ 𝑋 e 𝛾(𝑦) compacta valorada e u.h.c. implica 𝛾 é uma correspondência
fechada. Por outro lado, se 𝑌 é compacto, então 𝐵(𝑌) [isto é, intervalo de 𝐵(𝑦)] é
compacto, uma vez que a imagem de um conjunto compacto sob um u.h.c. a
correspondência é compacta, então novamente 𝛾(𝑦) está contido no mesmo conjunto
compacto para todo 𝑦 ∈ 𝑌.
Um esboço da prova da primeira conclusão do Teorema Máximo pode ser útil para
entender seu significado. Suponha, para simplificar, que 𝑋 e 𝑌 são espaços métricos e que
𝑌 é compacto. Devemos mostrar que 𝛾 é fechado, ou seja, 𝑦 𝑛 → 𝑦 ° , 𝑥 𝑛 ∈ 𝛾(𝑦 𝑛 ) (para
todo 𝑛) e 𝑥 𝑛 → 𝑥 ° , implica 𝑥 ° ∈ 𝛾(𝑦 ° ). Como 𝐵(𝑦) é u.h.c., 𝑥 ° ∈ 𝐵(𝑦 ° ). Seja 𝑧 ° qualquer
elemento de 𝐵(𝑦 ° ). Pelo 1.h.c. de 𝐵(𝑦), existe uma sequência 𝑧 𝑛 ∈ 𝐵(𝑦 𝑛 ) tal que 𝑧 𝑛 →
𝑧 ° . Mas 𝑥 𝑛 ∈ 𝛾(𝑦 𝑛 ) significa que 𝐹(𝑥 𝑛 ) ≥ 𝐹(𝑧 𝑛 ). A função 𝐹 é contínua, então 𝐹(𝑥 ° ) ≥
𝐹(𝑧 ° ). Mas isso significa precisamente que 𝑥 ° ∈ 𝛾(𝑦 ° ), como deveria ser mostrado.

A.10. Teoremas de ponto fixo de Brower e Kakutani


1) O que é um ponto fixo?
Resposta:
Um ponto fixo de uma função 𝑓: 𝑋 → 𝑌 (onde 𝑋 ∩ 𝑌 ≠ ∅) é um ponto 𝑥̅ ∈ 𝑋 tal que 𝑥̅ =
𝑓(𝑥̅ ).

2) Por que os teoremas de ponto fixo são úteis na teoria econômica? Dê um exemplo.
Resposta:
Teoremas de ponto fixo são úteis para estabelecer a existência de soluções para um
sistema de equações não lineares. Em economia, os teoremas de ponto fixo são mais
frequentemente usados para garantir a existência de equilíbrio em uma ampla variedade
de modelos da economia. Por exemplo, seja 𝑓(𝑝) uma função de excesso de demanda 𝑚-
dimensional. Um vetor 𝑝̅ tal que 𝑓(𝑝̅ ) = 0 é um equilíbrio competitivo, uma vez que a
demanda é igual à oferta em 𝑝̅. Um ponto fixo 𝑝̅ da função 𝑓(𝑝) + 𝑝 seria, portanto, um
equilíbrio competitivo. (Infelizmente, estabelecer a existência de equilíbrio competitivo
é mais complexo do que a frase anterior sugere.)
3) Como relacionar a importância de estabelecer a existência de soluções para modelos
econômicos com o Modelo de Duopólio de Cournot?
Resposta:
A importância de estabelecer a existência de soluções para modelos econômicos às vezes
é pouco enfatizada. Não é incomum para o pesquisador descobrir que um modelo
econômico é vazio por não ter soluções. O conhecido modelo de duopólio de Cournot é
um exemplo disso. Exceto nas circunstâncias improváveis de firmas idênticas ou funções
de demanda côncavas, pode não haver equilíbrio de Cournot (estratégia pura) [ver Roberts
e Sonnenschein (1977)].

4) Apresente os seguintes teoremas:


4.1) Teorema de Ponto Fixo de Brower.
Resposta:
Se 𝑋 é um subconjunto compacto convexo de ℝ𝑚 e 𝑓: 𝑋 → 𝑋 é uma função contínua,
então há um ponto fixo.
O teorema de Brouwer é relativamente fácil de estabelecer quando 𝑓 é uma função
contínua de uma variável real. Portanto, seja 𝑋 = [0,1]. Considere a Figura abaixo. Se 𝑓
cruza a linha de 45°, então 𝑓 tem um ponto fixo. Podemos também supor que 𝑓(0) > 0,
já que, caso contrário, zero é um ponto fixo. Suponha que 𝑓 esteja acima da linha de 45°
em qualquer lugar. Mas isso é impossível, pois 𝑓(1) > 1 pela suposição de que 𝑓: 𝑋 →
𝑋.
Uma função 𝑓: (𝑆, 𝑑) → (𝑆, 𝑑) é dita ser uma contração se houver 𝑟 < 1 tal que para todo
𝑥, 𝑦 ∈ 𝑆, 𝑑(𝑓(𝑥), 𝑓(𝑦)) < 𝑟𝑑(𝑥, 𝑦). Claramente, qualquer contração é uma função
contínua.

4.2) Teorema da Contração (Contraction Mapping Theorem)


Resposta:
Uma contração em um espaço métrico completo tem um ponto fixo único.
Embora nenhuma suposição sobre convexidade ou dimensionalidade finita de S seja
necessária para este teorema, as contrações são funções bastante especiais.
Um ponto fixo de uma correspondência 𝛾(𝑥) (onde 𝛾: 𝑋 → 2𝑋 ) é um ponto 𝑥̅ tal que 𝑥̅ ∈
𝛾(𝑥̅ ).

4.3) Teorema de Ponto Fixo de Kakutani.


Resposta:
Seja 𝑋 um subconjunto convexo compacto de ℝm , e seja 𝛾 uma correspondência fechada
de 𝑋 em subconjuntos de 𝑋. Se 𝛾(𝑥) é um conjunto convexo para cada 𝑥 ∈ 𝑋, então há
um ponto fixo.
Um exercício interessante para o leitor é dar contraexemplos a esse resultado em cada
circunstância em que qualquer uma das suposições não seja satisfeita. Por exemplo, seja
𝛾(𝑥) = 𝑋 ∖ 𝐵𝜀 (𝑥), ou seja, 𝛾(𝑥) é o complemento de uma bola aberta centrada em 𝑥.
Então 𝛾(𝑥) está conectado, mas não convexo, 𝛾 é fechado e 𝛾 não tem ponto fixo.

A.11 – Teoria dos grafos


1) O que é um grafo? Como conceituá-lo matematicamente? Dê exemplos e apresente
uma figura para facilitar o entendimento do conceito.
Resposta:
Um grafo é uma coleção de dois objetos. Matematicamente, temos que o primeiro é um
conjunto finito 𝑉 = {1, … , 𝑛} chamado vértices (vertex). O segundo é um conjunto 𝐸 de
pares (não ordenados) de vértices chamados arestas (edges). Como exemplo, suponha que
𝑉 = {1, … , 𝑛} e 𝐸 = {(1,2), (2,3), (3,4), (2,4)}.

Os pontos finais de uma aresta 𝑒 ∈ 𝐸 são os dois vértices 𝑖 e 𝑗 que definem essa aresta.
Nesse caso, escrevemos 𝑒 = (𝑖, 𝑗).

2) O que é o grau de um vértice de um grafo?


Resposta:
O grau de um vértice de um grafo é o número de arestas que o contêm. No gráfico
apresentado na questão (1), o grau do vértice 3 é 2 enquanto o grau do vértice 2 é 3.

3) Quando um par de vértices pode ser considerado como adjacente?


Resposta:
Quando (𝑖, 𝑗) ∈ 𝐸, um par 𝑖, 𝑗 ∈ 𝑉 pode ser considerado adjacente.

4) Demonstre o lema 11.1, que diz que: “O número de vértices de grau ímpar em um
gráfico é par”.
Demonstração:
Seja 𝑂 o conjunto de vértices de grau ímpar em um grafo e 𝑃 o conjunto de vértices de
grau par. Seja 𝑑𝑖 o grau do vértice 𝑖 ∈ 𝑉.
Seja 𝑑𝑖 o grau do vértice 𝑖 ∈ 𝑉. Se somarmos os graus de todos os vértices, nós contamos
todas as arestas duas vezes (porque cada aresta tem dois pontos finais), então

∑ 𝑑𝑖 = 2|𝐸|.
𝑖∈𝑉

Portanto, a soma dos graus é par. Agora

∑ 𝑑𝑖 = ∑ 𝑑𝑖 + ∑ 𝑑𝑖 .
𝑖∈𝑉 𝑖∈𝑂 𝑖∈𝑃

Sendo o segundo termo à direita um número par, enquanto o primeiro termo é a soma de
números ímpares. Como a soma é par, segue-se que |𝑂| é um número par.

5) Disserte sobre o conceito de caminho em um grafo.


Resposta:
Defina um grafo 𝐺 = (𝑉, 𝐸) e uma sequência 𝑣 1 , 𝑣 2 , … , 𝑣 𝑟 de vértices de 𝐺. Assim, um
caminho em um grafo, será uma sequência de arestas 𝑒1 , 𝑒2 , … , 𝑒𝑟−1 em 𝐸 tal que 𝑒𝑖 =
(𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1 ). Onde, o vértice 𝑣 𝑖 é o vértice inicial no caminho e 𝑣 𝑟 é o vértice terminal. Um
exemplo de caminho em um grafo, é a sequência (1,2), (2,3), (3,4) apresentado no
exemplo da questão (1). Já um ciclo, é um caminho cujos vértices inicial e terminal são
os mesmos. Pegando o mesmo exemplo da questão (1), temos que as arestas
(2,3), (3,4), (2,4) formam um ciclo.
6) O que é um grafo conexo?
Resposta:
Considere um grafo 𝐺, ele será chamado de conexo, se houver um caminho em 𝐺 entre
cada par de vértices.

7) Apresente conceitos para: (a) grafo acíclico (ou floresta); (b) árvore abrangente
(spanning tree).
Resposta:
Considere as Figura 11.2 (a) mostra um gráfico conectado, enquanto a Figura 11.2 (b)
mostra um gráfico desconectado.

Se 𝐺 é um gráfico conectado, então 𝑇 ⊂ 𝐸 é chamado acíclico ou uma floresta se (𝑉, 𝑇)


não contiverem ciclos. O conjunto {(1,2), (2,3), (3,4)} na Figura 11.1 é uma floresta. Se,
além disso, (𝑉, 𝑇) estiver conectado, 𝑇 será chamado de árvore abrangente ou de
expansão (spanning tree). O conjunto {(1,2), (2,3), (3,4)} é uma árvore abrangente na
Figura 1.1. É fácil ver que todos os grafos conexos contêm uma árvore de abrangente.

8) Demonstre o lema 11.2, que diz: “Seja 𝐺 = (𝑉, 𝐸) um gráfico conexo e 𝑇 ⊆ 𝐸 uma
árvore abrangente de 𝐺. Então (𝑉, 𝑇)) contém pelo menos um vértice de grau 1”.
Demonstração:
Suponha que não. Vamos então selecionar um caminho em 𝐺 e mostrar que ele é um
ciclo. Inicialmente, todos os vértices são classificados como não marcados. Selecione
qualquer vértice 𝑣 ∈ 𝑉 e marque-o como zero. Encontre um vértice adjacente que não
esteja marcado e marque-o 1. Repita cada vez que marcar um vértice com um número um
maior que o último vértice marcado. Se lá não há vértices não marcados para escolher,
pare. Como existe um número finito de vértices, esse procedimento de marcação deve
terminar. Como todo vértice possui grau de pelo menos 2, o último vértice a ser marcado,
com a marca 𝑘, digamos, é adjacente a pelo menos um vértice com uma marca 𝑘 − 2 ou
menor, digamos, 𝑟. O caminho determinado pelos vértices com marca 𝑟, 𝑟 + 1, … , 𝑘 −
1, 𝑘 forma um ciclo, o que é uma contradição.

9) Demonstre o teorema 11. 1, que diz: “Seja 𝐺 = (𝑉, 𝐸) um gráfico conexo e 𝑇 ⊆ 𝐸 uma
árvore abrangente de 𝐺. Então |𝑇| = |𝑉| − 1”.
Demonstração:
A prova é por indução em |𝑇|. Se |𝑇| = 1, uma vez que (𝑉, 𝑇) é conexo, segue-se que 𝑉
deve ter apenas dois elementos: os pontos finais da aresta solitária em 𝑇. Agora, suponha
que o lema seja verdadeiro sempre que |𝑇| ≤ 𝑚 . Considere o caso em que |𝑇| = 𝑚 + 1.
Seja 𝑢 ∈ 𝑉 o vértice em (𝑉, 𝑇) com o grau igual a um. Tal vértice existe pelo lema
anterior. Seja 𝑣 ∈ 𝑉 tal que (𝑢, 𝑣) ∈ 𝑇 . Observe que 𝑇 ∖ (𝑢, 𝑣) é uma árvore abrangente
para (𝑉 ∖ 𝑢, 𝐸). Por indução, temos que |𝑇 ∖ (𝑢, 𝑣)| = |𝑉| −. Portanto, conclui-se que
|𝑇| = |𝑉| − 1.
Uma vez que uma árvore 𝑇 seja conexa, ela contém pelo menos um caminho entre cada
par de vértices. De fato, ela contém um caminho único entre cada par de vértices. Suponha
que não seja assim. Então, haverá pelo menos dois caminhos disjuntos de aresta entre
algum par de vértices. A união desses dois caminhos formaria um ciclo, contradizendo o
fato que 𝑇 é uma árvore.

10) Defina matematicamente o que é um grafo direcionado e um grafo fortemente


conectado (ou conexo).
Resposta:
Se as arestas de um gráfico estiverem orientadas, ou seja, uma aresta (𝑖, 𝑗) pode ser
deslocada de 𝑖 para 𝑗, mas não o contrário, o grafo é direcionado (1 → 4 →
3 não seria um caminho direcionado, mas 1 → 2 → 4 seria). Já grafo direcionado é
considerado como um grafo fortemente conectado (ou conexo), quando há um caminho
direcionado entre cada par de vértices ordenados. É fácil ver que isso é equivalente a
exigir que exista um ciclo direcionado através de cada par de vértices.

B - Exercícios da ANPEC
B.1) ANPEC 1993 – Questão 1 – Seja 𝐴 um conjunto qualquer. Indique as
afirmativas verdadeiras e as falsas:
(0) Um ponto de acumulação de 𝐴 é sempre um ponto de 𝐴.
Solução.
Falso. Contraexemplo: É o caso do número 4 do conjunto 𝐴 = [1,4); 4 é ponto de
acumulação de 𝐴, visto que em qualquer vizinhança de 4 existe um elemento de 𝐴 distinto
de 4. No entanto, 4 não pertence ao conjunto 𝐴.

(1) Um ponto aderente de 𝐴 é sempre um ponto interior de 𝐴.


Solução.
Falso. Pode-se ter 𝑎 aderente a 𝑋 sem que 𝑎 ∈ 𝑋. Por exemplo, se 𝑋 = (0, +∞), então
1 1
0 ∉ 𝑋, mas 0 é aderente a 𝑋, pois 0 = lim 𝑛, onde 𝑛 ∈ 𝑋 para todo 𝑛.

(2) Um ponto aderente é necessariamente um ponto de fronteira.


Solução.
Falso. Pois um ponto 𝑎 ∈ 𝑋 é aderente a um conjunto 𝑋 ⊂ 𝑅 se, e somente se, para todo
𝜀 > 0 tem-se 𝑋 ∩ (𝑎 − 𝜀, 𝑎 + 𝜀) ≠ ∅. Ou seja, o ponto deve pertencer a esse intervalo.

(3) O conjunto 𝐴 é aberto se contém todos os seus pontos aderentes.


Solução.
Falso. Um conjunto 𝐴 é dito aberto quando todo ponto de 𝐴 é um ponto interior (e não
aderente) a 𝐴.

(4) O conjunto 𝐴 é fechado se contém todos os seus pontos de acumulação.


Solução.
Verdade. Esse resultado é direto das propriedades de conjunto fechado. Ou seja, 𝐴 é um
conjunto fechado se, e somente se, o conjunto dos pontos de acumulação de 𝐴, denotado
por 𝐴′ , chamado de derivado, estiver contido no próprio conjunto 𝐴, ou seja: 𝐴′ ⊆ 𝐴.

B.2) ANPEC 1997 – Questão 1 – Seja ℝ o conjunto dos números reais.


Classifique como verdadeira ou falsa as afirmações:
(0) A união de dois intervalos abertos de ℝ é sempre um intervalo aberto de ℝ.
Solução:
Verdadeira. Por exemplo, seja 𝐴 = (0,1) ∪ (2,5). Então 𝐴 é um subconjunto aberto da
reta. Com efeito, para todo 𝑥 ∈ 𝐴 tem-se 𝑥 ∈ (0,1) ou 𝑥 ∈ (2,5). Em qualquer caso,
existe um intervalo aberto que contém 𝑥 e está contido em 𝐴.
(1) O conjunto dos números irracionais entre 0 e 1 constitui um intervalo aberto em
ℝ.
Solução:
Falso. Pois, nenhum conjunto formado apenas por números irracionais pode ser aberto,
pois não contém intervalos.

B.3) ANPEC 2004 – Questão 7 – Responda V (verdadeiro) ou F (falso):


(0) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função estritamente côncava e duas vezes continuamente
diferenciável. Se 𝑎 < 𝑏, então 𝑓′(𝑎) > 𝑓′(𝑏).
Solução:
Verdadeiro. Como 𝑓 é côncava então:
𝑓 côncava ⇔ 𝑓 ′′ (𝑥) < 0 ou 𝑓 ′ (𝑥) decrescente, ou seja: 𝑎 < 𝑏 ⇒ 𝑓 ′ (𝑎) > 𝑓 ′ (𝑏)

(1) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função duas vezes continuamente diferenciável, tal que existem
𝑎 < 𝑏 com 𝑓 ′ (𝑎) = 𝑓 ′ (𝑏) = 0 e 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏) = 1. Se existe 𝑐 tal que 𝑎 < 𝑐 < 𝑏 e
𝑓(𝑐) = 0, então existe 𝑑 tal que 𝑎 < 𝑑 < 𝑐 e 𝑓′′(𝑑) = 0.
Solução:
Falso. Um contraexemplo gráfico seria:

onde 𝑓 ′′ (𝑎) = 𝑓 ′′ (𝑏) = 0, ou seja, 𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏 são os pontos de inflexão.

1
(2) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função estritamente convexa tal que 𝑓(0) = 0, então 2𝑓(2) <

𝑓(1).
Solução:
Verdadeiro. Considere a seguinte definição:
Definição: Uma função 𝑓 é estritamente convexa quando:
𝑓(𝑡𝑥 + (1 − 𝑡)𝑦) < 𝑡𝑓(𝑥) + (1 − 𝑡)𝑓(𝑦)
∀𝑦 ∈ (0,1). Para função convexa (mas não estrita) vale a expressão acima, mas com
desigualdade fraca.
1
Fixe 𝑡 = 2 , 𝑥 = 1, 𝑦 = 0. Assim:
1 1 1 1 1
𝑓 ( ∙ 1 + (1 − ) ∙ 0) = 𝑓 ( ) < 𝑓(1) + (1 − ) 𝑓(0)
2 2 2 2 2

Do item, sabemos que 𝑓(0) = 0. Então:


1 1
𝑓 ( ) < 𝑓(1)
2 2
1
2𝑓 ( ) < 𝑓(1)
2

(3) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função contínua tal que, para qualquer 𝑥, 𝑓(𝑥) = 𝑓(−𝑥) ≥ 0.
Então, 𝑓 atinge um mínimo em 𝑥 = 0.
Solução:
Falso. Um contraexemplo seria:
𝑓(𝑥) = |−𝑥 2 + 1| ≥ 0
𝑓(−𝑥) = |−(−𝑥)2 + 1| = |−𝑥 2 + 1| = 𝑓(𝑥) ≥ 0
Esta função é uma função par e notemos que:
𝑓(1) = 𝑓(−1) = 0
𝑓(0) = 1 > 0 = 𝑓(1) = 𝑓(−1)
ou seja, atinge um mínimo em 𝑥 = 1 ou 𝑥 = −1 (pois o menor valor possível que a
função pode assumir é quando ela é igual a 0, pois trata-se de um módulo). Em 𝑥 = 0, o
valor que a função assume é maior que zero. Logo, 𝑥 = 0 não é ponto de mínimo.

(4) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função estritamente côncava tal que 𝑓(0) < 𝑓(1). Então, 𝑓 é
estritamente crescente no intervalo [0,1].
Solução:
Falso. Um contraexemplo seria:
𝑓(𝑥) = −𝑥 2 + 1.4𝑥
Notemos que:
𝑓(0) = −𝑥 2 + 1.4𝑥 ⇒ −(0)2 + 1.4 ∙ (0) = 0
𝑓(1) = −𝑥 2 + 1.4𝑥 ⇒ −(1)2 + 1.4 ∙ (1) = 0,4 > 0
Mas, 𝑓(𝑥) não é estritamente crescente no intervalo [0,1], pois:
𝑓 ′ (𝑥) = −2𝑥 + 1.4 < 0
2𝑥 > 1.4
𝑥 > 0.7
Ou seja, a função é estritamente decrescente no intervalo (0.7, ∞), logo, não é
estritamente crescente em todo o intervalo [0,1].

B.4) ANPEC 2005 – Questão 8 – Avalie a afirmativa:


(0) Seja 𝑓: ℝ → ℝ uma função duas vezes continuamente diferenciável. Se 𝑓 atinge um
máximo local estrito em 𝑥0 , então com 𝑓′(𝑥0 ) = 0 e 𝑓′′(𝑥0 ) < 0.
Solução:
Falso. Um contraexemplo seria o caso da função:
𝑓(𝑥) = −𝑥 4
onde:
𝑓 ′ (𝑥0 ) = −4𝑥03 = 0 ⇒ 𝑥0 = 0
é um máximo local estrito (e também global). E sua segunda derivada é:
𝑓 ′′ (𝑥0 ) = −12𝑥02 ⇒ 𝑓 ′′ (0) = 0
ou seja, no máximo local estrito, a segunda derivada é zero.

B.5) ANPEC 2005 – Questão 9 – Avalie as afirmativas:


(1) Se uma função 𝑓(𝑥, 𝑦) é contínua em um ponto (𝑥0 , 𝑦0 ), então as funções ∅(𝑥) =
𝑓(𝑥, 𝑦0 ) e ∅(𝑦) = 𝑓(𝑥0 , 𝑦) são contínuas em 𝑥0 e 𝑦0 , respectivamente.
Solução:
Verdadeira. Esse item decorre do seguinte teorema:
Teorema: Se 𝑓(𝑥, 𝑦) for contínua em (𝑥0 , 𝑦0 ) então 𝑓(𝑥, 𝑦) será contínua em 𝑥 e 𝑦
separadamente, ou seja:
lim 𝑓(𝑥, 𝑦0 ) = lim 𝑓(𝑥0 , 𝑦) = 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 )
𝑥→𝑥0 𝑦→𝑦0

(2) Seja ℎ(𝑥) = 𝑓(𝑥)𝑔(𝑥). Se é ℎ(𝑥) é contínua, então𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) também o são.
Solução:
Falsa. Pode ocorrer de os limites de 𝑓 e 𝑔, separadamente, não existirem em alguns
pontos, mas o limite de 𝑓 ∙ 𝑔 existir para todos os pontos do domínio. Segue um
contraexemplo:
1, 𝑥 ≥ 0 0, 𝑥 ≥ 0
𝑓(𝑥) = { , 𝑔(𝑥) = {
0, 𝑥 ≤ 0 1, 𝑥 ≤ 0
1 ∙ 0, 𝑥 ≥ 0
ℎ(𝑥) = 𝑓(𝑥) ∙ 𝑔(𝑥) = { =0
0 ∙ 1, 𝑥 ≤ 0
Assim, ℎ(𝑥) é uma função constante, logo, é contínua. Mas 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) são descontínuas
em 𝑥 = 0, ou seja, não são contínuas em todo o seu domínio. Logo, a
afirmação é falsa.

Você também pode gostar