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Da liquidação e do cumprimento de sentença.

Comentários sobre a Lei nº 11.232/05 e análise dos arts. 475-A a


475-R do Código de Processo Civil

Thiago Raddi Ribeiro Moreira*

SUMÁRIO: Introdução e Breves Considerações. As Alterações Trazidas pela Lei nº


11.232/05 e sua Finalidade. Análise dos Artigos 475-A a 475-R do Código de
Processo Civil. Da Liquidação de Sentença. Do Cumprimento da Sentença.
Referências

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INTRODUÇÃO E BREVES CONSIDERAÇÕES

O presente trabalho tem como objetivo tecer comentários sobre a aplicação de parte da
Lei nº 11.232/05, que alterou o Código de Processo Civil no tocante a liquidação e
cumprimento da sentença, bem como a própria definição legal do instituto.
Não se tem aqui a finalidade de esgotar o tema legal, mas enfocar e expor, de maneira
didática, o procedimento de liquidação de sentença e a fase posterior, de seu
cumprimento, antes chamada "fase de execução", em todos os seus artigos (475-A a
475-R, CPC).

As discussões doutrinárias sobre a alteração trazida pela citada lei quanto ao próprio
conceito de "sentença" serão mencionadas. Do mesmo modo as relativas ao processo
de execução propriamente dito (ou autônomo), agora restrito aos títulos executivos
extrajudiciais, em consonância com a Lei nº 11.382/06.

Dissertaremos, ainda, sobre conceitos fundamentais como a sentença, os títulos


executivos, a própria execução, liquidação, impugnação e outros. Entretanto, tais
explicações serão feitas subsidiariamente, entre os próprios artigos do texto legal que
trazem os conceitos e, em caso de não o fizerem, serão por nós explicados da melhor
maneira possível.

Destarte, temos como principal escopo aduzir comentários quanto aos artigos 475-A a
475-R, que recheiam os Capítulos IX (Da liquidação de sentença) e X (Do
cumprimento da sentença) do Título VIII (Do procedimento ordinário) do Livro I (Do
processo de conhecimento) do Código de Processo Civil.

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AS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 11.232/05 E SUA FINALIDADE

A execução é instituto processual antigo e sua definição não compreende grandes


discussões.

Para nós, a execução é o instrumento processual posto à disposição do credor para


exigir o adimplemento forçado de uma obrigação, por meio da retirada de bens do
patrimônio do devedor ou do responsável, suficientes para a satisfação plena do direito
reconhecido judicial ou extrajudicialmente do exequente.

Desta forma, caso o devedor não cumpra com suas obrigações assumidas perante o
credor, este último recorre ao Estado, através do Poder Judiciário, para ver satisfeito o
direito ao qual faz jus.

Contudo, por muitas vezes o credor vê seu direito de receber o que lhe é
reconhecidamente devido exaurir-se no tempo, seja por culpa da morosidade do Poder
Judiciário, seja por culpa da própria legislação, por vezes excessiva e burocrática.

Por esta razão é que o legislador decidiu adequar o Código de Processo Civil ao
princípio da economia processual, mormente o ciclo da execução, através das Leis nºs
11.232/05 e 11.382/06.
Em síntese, a Lei nº 11.232/05 eliminou o processo autônomo de execução de
sentença, trazendo as fases de liquidação e cumprimento da sentença para dentro do
processo de conhecimento.

Como consequência, a economia processual foi grande, eliminando atrasos formais e


legislativos como a instauração de um novo processo completamente autônomo, com
petição inicial, todo o procedimento de citação do executado etc, após o possivelmente
longo trâmite do processo de conhecimento até a sentença transitada em julgado.

Importante salientar que os artigos 475-A a 475-R, do Código de Processo Civil,


objetos de nosso estudo, (incluídos pela Lei n° 11.232/05) tratam apenas de execução
de título judicial de quantia certa contra devedor solvente.

Continua como processo de execução autônomo, disciplinada no Livro II (Do processo


de execução) do mesmo diploma legal, a execução de títulos executivos extrajudiciais.

Procede-se ainda, de maneira diversa, a execução de quantia certa contra devedor


insolvente, bem como a execução tendo como objeto obrigação de fazer ou não fazer
(art. 461, CPC) e dar ou entregar coisa (art. 461-A, CPC).

Por fim, antes da análise direta dos artigos trazidos pela "nova" lei, cabe
considerarmos que a reforma processual foi muito profunda, alterando institutos há
muito consagrados, de modo que divergências doutrinárias e jurisprudenciais são
inevitáveis até hoje.
Há autores que afirmam serem diversos artigos inconstitucionais (p. ex. os artigos 475-
L, § 1º e 475-N, inciso I, ambos do CPC).

Outros discutem sobre a necessidade ou não de intimação da parte executada para que
cumpra espontaneamente a sentença, e não incida na multa de 10% (dez por cento)
prevista no artigo 475-J, CPC.

De qualquer maneira, entendemos ser conveniente o estudo deste breve trabalho, já


que, em que pesem as diversas discussões doutrinárias e jurisprudenciais, bem como a
confusão feita pelos próprios operadores do direito do dia-a-dia, sejam eles advogados,
serventuários, cartorários, escreventes, oficiais de justiça ou juízes, também os
estudantes de direito necessitam de embasamento para a futura aplicação desta lei.

Afinal, não se trata de grande novidade, pelo menos em questão temporal, já que a Lei
nº 11.232/05 foi publicada no Diário Oficial da União em 23 de dezembro de 2005,
com vigência a partir de 24 de junho do ano seguinte.

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ANÁLISE DOS ARTIGOS 475-A A 475-R DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua
liquidação.

A liquidação é ação de conhecimento e tem natureza constitutiva. [01]

Tem como finalidade completar o título, que passa a ser executivo, com o atributo da
liquidez. Tal atributo é o quantum debeatur, ou seja, o valor debatido. Sem a liquidez,
torna-se impossível a execução do título.

A saber: o título, seja ele judicial ou extrajudicial, para que tenha eficácia executiva,
precisa ser certo, líquido e exigível, conforme disciplina o art. 586, CPC. [02]

Com a reforma trazida pela Lei nº 11.232/05, a liquidação passa a correr dentro do
mesmo processo que originou o título ora sem liquidez, sem a formação de nova
relação jurídica processual (não é necessária formulação de petição inicial e nova
citação, p. ex.).

Isso não tira, contudo, a natureza de ação da liquidação de sentença, que faz coisa
julgada material (e pode ser impugnada por meio de ação rescisória). Somente há uma
simplificação, uma economia processual, como já ocorria, p. ex., com a reconvenção.
A liquidação de sentença tem lugar apenas em sentenças condenatórias ou em parte
condenatórias. Assim, sentenças declaratórias ou meramente constitutivas não podem
ser liquidadas. Tal procedimento ultrapassaria o pedido do autor, configurando
julgamento ultra ou extra petita.

Claro que, em se tratando de sentença declaratória ou constitutiva com parte


condenatória (p. ex. a condenação ao pagamento de honorários advocatícios), tal parte
pode ser liquidada.

§ 1º. Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de


seu advogado.

Essa é uma das grandes reformas trazidas pela Lei nº 11.232/05. A liquidação de
sentença dispensa nova citação, pois é parte do processo de conhecimento. Não se trata
de nova relação jurídica processual, mas da mesma, com as mesmas partes e com o
mesmo objeto final. Desta forma, o advogado será apenas intimado. Na maior parte
dos casos, a intimação ocorre através do Diário Oficial.

O pedido de liquidação da sentença deve ser formulado através de petição simples


dirigida ao juízo.

Como o CPC não traz regra expressa quanto à competência para processar a
liquidação, entendemos que deve ser seguida a regra do art. 475-P, CPC, que se refere
ao cumprimento de sentença. Isso porque se trata da mesma lei e matéria consequente.
Assim, é competente o juízo que proferiu a sentença no primeiro grau de jurisdição; o
juízo do lugar onde se localizam os bens sujeitos à expropriação; ou, ainda, o juízo do
lugar do atual domicílio do réu.

§ 2º. A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em


autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com
cópias das peças processuais pertinentes.

Trata-se de medida de economia processual. A liquidação pode ser requerida na


pendência de recurso, tenha ele efeito suspensivo ou não.

Importante não se confundir com a execução provisória na fase de cumprimento de


sentença. A liquidação será sempre definitiva. O que pode ser provisória é a execução
de sentença, quando não atribuído efeito suspensivo ao recurso.

§ 3º. Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II,
alíneas d e e desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso,
fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

Existe aqui uma limitação e uma autorização ao juízo. Em casos de ação de


ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre e ação de
cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, não
pode ser proferida sentença ilíquida, ficando o juiz autorizado a fixar o quantum a seu
prudente critério.

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de


cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art.
475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do
cálculo.

Quando a apuração do quantum debeatur depender meramente de cálculos aritméticos,


o credor requererá o cumprimento da sentença, não sendo necessária a liquidação por
artigos ou arbitramento.

Como já exposto, a fase de liquidação de sentença se dá por simples petição. Nesse


caso, a petição deve ser acompanhada da memória dos cálculos que fizeram o credor
chegar ao valor pretendido.

A apuração do valor a ser pago deve seguir estritamente o disposto na sentença. Tal
sentença, apesar de ilíquida, deve dar as linhas pelas quais seguirá o credor para a
apuração do valor devido.

Não concordando o devedor com o valor apurado pelo credor, deverá opor
impugnação ao cumprimento de sentença, nos termos do art. 475-L, inciso V, CPC.
§ 1º. Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em
poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los,
fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.

O parágrafo é auto-explicativo. Estando os dados necessários em poder do devedor,


não poderia o credor ser por isso prejudicado, deixando de receber valor que lhe é
devido e que foi reconhecido em sentença (o direito de receber, não o montante exato
do valor).

§ 2º. Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-


se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro,
configurar-se-á a situação prevista no art. 362.

Deixando o devedor de apresentar, de maneira injustificada, os dados necessários para


a apuração do valor devido, o valor apresentado pelo credor será tido como verdadeiro.

Entende Nelson Nery Júnior que, nessa hipótese, fica o devedor "impedido de opor
impugnação por excesso de execução (CPC 475-L V)" [03]. Entende o doutrinador
que se trata de presunção iuris et de iure, que não se admite prova em contrário.

Com o devido respeito, discordamos de tal assertiva. Como se depreende do texto


legal, os cálculos apresentados pelo credor serão tidos como verdadeiros se o devedor
não apresentar os dados solicitados injustificadamente.
Nesse caso, entendemos "injustificadamente" como a mera falta de manifestação. Ora,
se é assim, não pode o devedor ser privado do direito de opor impugnação por excesso
de execução pelo simples fato de não haver se manifestado.

Imaginemos que o devedor perdeu o prazo fixado pelo juiz para a apresentação dos
dados. O prazo para apresentação foi atingido pela preclusão, mas não o direito de
manifestar-se contra um excesso que acredite existente.

No mais, importante a verificação do procedimento adotado. O credor, para a


confecção da memória do cálculo, acreditando ser necessária a verificação de certos
dados que estão em poder do devedor, requisitá-los-á ao juiz.

Caso o devedor simplesmente não se manifeste, o credor poderá apresentar os cálculos


como bem entender, inclusive em valor muito superior ao real. Por força do parágrafo
ora comentado, tais cálculos, mesmo que em excesso, serão tidos como verdadeiros.

Seria por demais equivocado retirar do devedor o direito de opor impugnação por
excesso de execução.

Por fim, quanto à segunda parte do parágrafo debatido, caso os dados não sejam
apresentados por terceiro, o juiz fixará prazo para apresentação de tais dados e, não
sendo atendido, ordenará expedição de mandado de busca e apreensão, sem prejuízo
de imputação de crime de desobediência ao terceiro. [04]
§ 3º. Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo
credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda, e, ainda, nos casos de
assistência judiciária.

Trata-se de medida que pode ser adotada de ofício pelo juízo, mesmo sendo esta de
interesse do devedor. Isso ocorre porque, na maioria dos casos, na execução por
quantia certa por meio de cumprimento de sentença, o valor patrimonial é disponível.

4º. Se o credor não concordar com os cálculos feitos no termo do § 3º deste artigo, far-
se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o
valor encontrado pelo contador.

Parece-nos que este parágrafo está mal redigido, dando a entender até mesmo que é
inconstitucional.

A correta interpretação é de que o credor, não concordando com os cálculos


apresentados pelo contador do juízo, deverá impugná-los. Se não o pudesse, estaria
ferido o princípio constitucional da ampla defesa.

A impugnação deve ser decidida nos autos e dessa decisão interlocutória cabe recurso
de agravo. Exercido o direito de ampla defesa e rejeitada a impugnação, aí sim, a
penhora terá por base o valor apresentado pelo contador judicial.
Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

A liquidação por arbitramento ocorre quando for necessária perícia para apuração do
quantum debeatur.

Não se pode confundir a necessidade de perícia com a necessidade de mero cálculo


aritmético (cf. artigo anterior). Na liquidação por arbitramento exige-se perícia técnica,
especializada, ou seja, profissional formado, com habilidade e habilitação para
proceder a perícia. Já no caso de cálculo aritmético, mesmo que seja realizado por
contador (de escritórios contábeis, p. ex.), não se trata de perícia, mas de simples
"soma" de fatores.

I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;

II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o
prazo para entrega do laudo.

Há que se entender a finalidade de economia processual trazida pela Lei nº 11.232/05.


Por esta razão é que a perícia de que trata este artigo é mais simples do que o
procedimento de prova pericial disposto nos arts. 420 a 439, CPC, apesar de aplicar-se
tal procedimento, no que couber, quando não contrariar os arts. 475-C e 475-D, CPC.
Desta forma, importante a observação de que não é vedado às partes a formulação de
quesitos ou mesmo a nomeação de assistente técnico para auxiliar a perícia judicial.
Contudo, tais faculdades têm de ser exercidas dentro do prazo fixado pelo juízo para
entrega do laudo pericial.

Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no


prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.

A audiência mencionada se faz necessária quando as partes, de modo fundamentado,


possuindo alguma dúvida quanto ao laudo apresentado pelo perito, formulem quesitos
complementares.

Neste caso, o juiz designará audiência para que o perito possa analisar os quesitos e
respondê-los adequadamente.

Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.

Frederico Marques define fato novo, nesse caso, como "o acontecimento apto a
determinar o valor da condenação" [05].
Não se trata de fato modificativo do processo, já que não pode alterar o que já decidiu
sentença transitada em julgado. O fato novo não diz respeito ao dano, cuja existência
já foi provada no processo de conhecimento, mas sim deve ater-se a questão da
valoração desse dano.

Um bom exemplo é trazido por Nelson Nery Júnior [06]:

"Sentença condena o réu a indenizar os danos decorrentes de acidente, com todas as


suas conseqüências passadas, presentes e futuras. Caso a vítima tenha de submeter-se à
nova cirurgia, não descrita na petição inicial da ação de conhecimento com um dos
danos já sofridos pelo autor, deverá ser alegada e comprovada em liquidação de
sentença, para que seu valor possa integrar o título executivo. (...) O que se prova na
liquidação é o fato novo, isto é, que essa cirurgia superveniente é um dos danos de que
fala a sentença".

Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento


comum (art. 272).

Tal procedimento poderá dar-se pelo rito sumário (art. 275 e ss., CPC) ou ordinário
(art. 282 e ss., CPC), dependendo do caso. Devem ser apresentadas a petição inicial,
cumprindo os requisitos estabelecidos nos arts. 282 e 283, CPC [07], a defesa, as
provas, razões finais etc. Por fim, será proferida a sentença pelo juiz.
Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença
que a julgou.

Explica o Superior Tribunal de Justiça:

"A sentença deve ser executada segundo o que nela se contém, de modo expresso e
implícito, fielmente, adotando-se o adjetivo preciso. Ao diverso proceder, à evidência
o desacato à autoridade da coisa julgada". [08]

Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

Momento oportuno para discorrermos sobre a modificação do conceito de sentença,


trazida pela Lei nº 11.232/05, no art. 162, § 1º, CPC, in verbis:

"Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e
269 desta Lei".

Os mencionados artigos arrolam as situações em que o processo é decidido com (art.


269, CPC [09]) e sem (art. 267, CPC [10]) resolução do mérito.

Houve momentânea discussão na doutrina sobre a questão de a sentença continuar a


por fim ao processo ou não. Afinal, a considerar-se apenas a modificação trazida pela
nova Lei, sem adequá-la a sistemática do Código de Processo Civil, seria possível
entender-se que a sentença poderia não pôr fim ao processo.

Assim, p. ex., a decisão do juiz que determina a exclusão de uma das partes do pólo
passivo, em caso de litisconsorte, por falta de legitimidade, seria sentença, já que
legitimidade é uma das condições da ação (matéria do art. 267, inc. VI, CPC).
Consequentemente, seria recorrível por meio de apelação (art. 513, CPC [11]).

Por essa interpretação, os autos deveriam subir ao Tribunal para a decisão sobre a
legitimidade da parte excluída em primeira instância, ficando o processo suspenso.

Ora, tal situação iria contra o objetivo do Código de Processo Civil e da própria Lei nº
11.232/05, que visam a celeridade e a economia processual.

Desta forma, há que se entender que o art. 162, § 1º, CPC, deve ser interpretado dentro
da sistemática do Código.

Assim, sentença é o ato do juiz que implica em alguma das situações previstas nos arts.
267 e 269, CPC, e que, ao mesmo tempo, extingue o processo ou procedimento no
primeiro grau de jurisdição.
Logo, a decisão que exclui o corréu por ilegitimidade não extingue o processo, mas
sim resolve questão incidental, por isso chamada de decisão interlocutória (art. 162, §
2º, CPC [12]) e recorrível por meio de agravo (art. 522, CPC [13]).

No caso do art. 475-H, ora em comento, acertou o legislador em dizer que da decisão
de liquidação de sentença cabe agravo de instrumento.

Apesar de a liquidação de sentença ter natureza de ação, de sua decisão ter conteúdo
de mérito, acolhendo ou rejeitando a pretensão (art. 269, I, CPC), de fazer coisa
julgada material (art. 467, CPC [14]) e ser rescindível (art. 485, CPC), não põe fim ao
processo e, assim, é recorrível por meio de agravo, no caso, de instrumento (e não o
retido), por definição do legislador.

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DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta
Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos
demais artigos deste Capítulo.
A Lei nº 11.232/05 modificou a forma de execução de quantia certa, tendo por fim
facilitar e desburocratizar o processo de execução. Conforme se depreende do caput do
artigo em comento, o capítulo denominado "Do Cumprimento da Sentença" rege a
execução de obrigação por quantia certa.

A execução das obrigações (decorridas de títulos judiciais) de fazer ou não fazer reger-
se-ão conforme o art. 461, CPC, e de entregar coisa certa, conforme o art. 461-A, CPC.

O legislador decidiu por inserir este capítulo logo depois do destinado à "Liquidação
de Sentença", já que o cumprimento de sentença ocorrerá após a mesma ser revestida
de liquidez.

Importante ressaltar que tanto a liquidação de sentença como a execução de quantia


certa (agora denominada cumprimento de sentença) continuam a ter natureza jurídica
de ação. O que a Lei fez foi simplificar o procedimento, acumulando diversas ações
em um único processo.

Desta forma, instaurado o processo de conhecimento, após a manifestação das partes e


dilação probatória, o juiz proferirá sentença. Se ilíquida, será liquidada no mesmo
processo, conforme art. 475-A e ss., CPC, sem a necessidade de nova citação,
aproveitando a citação realizada no processo de conhecimento. Como regra geral, será
o advogado do executado intimado pela imprensa oficial.
Terminada a liquidação, iniciar-se-á a execução, denominada cumprimento da
sentença, conforme art. 475-I e ss., CPC, do mesmo modo aproveitando a citação
realizada no processo de conhecimento, sendo o advogado do executado apenas
intimado.

Por fim, cumpre dizer que tal capítulo rege a execução de títulos judiciais, e não dos
títulos extrajudiciais.

§ 1º. É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se


tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito
suspensivo.

A questão será mais bem explicada no comentário do art. 475-O, CPC (execução
provisória). O que se vê aqui é que a sentença poderá ser executada, ainda que
provisoriamente, na pendência de decisão de recurso, ao qual não foi atribuído efeito
suspensivo.

De sentença transitada em julgado a execução é definitiva. Se atribuído efeito


suspensivo ao recurso, aguardar-se-á o acórdão para que se proceda a execução. Se não
for atribuído efeito suspensivo a eventual recurso, a execução será provisória, correndo
por conta e risco do exequente.
§ 2º. Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito
promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação
desta.

Ainda observando os princípios da celeridade e economia processual, em caso de


sentença com partes líquida e ilíquida, o legislador faculta ao credor iniciar a execução
da parte líquida nos autos do processo de conhecimento (cf. arts. 475-I e ss., CPC) e,
de maneira incidental, promover a liquidação (cf. arts. 475-A e ss., CPC) da parte
ilíquida em autos apartados.

Depois de transitada em julgado a decisão da liquidação, prossegue-se o cumprimento


da sentença, conforme o procedimento dos arts. 475-I e ss., CPC.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em


liquidação, não o efetue no prazo de 15 (quinze) dias, o montante da condenação será
acrescido de multa percentual de 10% (dez por cento) e, a requerimento do credor e
observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de
penhora e avaliação.

O devedor tem um prazo de 15 (quinze) dias para efetuar o pagamento do valor da


condenação voluntariamente. Tal disposição tem fulcro no princípio da lealdade
processual. Se o devedor foi condenado a pagar quantia, e se a decisão de tal
condenação já transitou em julgado, não há porque o devedor dar margem ao início do
processo de execução (ou cumprimento de sentença), se pode simplesmente efetuar o
pagamento, de maneira voluntária.
Não o fazendo, o valor da condenação será acrescido de multa percentual de 10% (dez
por cento) sobre o valor total da condenação prevista na sentença, inclusive sobre os
honorários advocatícios e juros legais.

Frise-se a voluntariedade do pagamento. O devedor, para que não seja obrigado a


pagar a multa prevista, deve efetuar o pagamento independente de intimação.

Assim não entende o professor Nelson Nery Júnior [15], afirmando que "o devedor
deve ser intimado para que, no prazo de quinze dias a contar da efetiva intimação,
cumpra o julgado e efetue o pagamento da quantia devida".

Com o devido respeito, não concordamos com o renomado doutrinador.

A condenação deve ser paga de maneira voluntária e a intimação, se necessária fosse,


do devedor para o cumprimento do determinado na sentença, iria ao revés da
sistemática do Código de Processo Civil e da finalidade da Lei n° 11.232/05, ou seja,
os princípios da celeridade e economia processuais.

O que espera o codice e a Lei é que o devedor cumpra a sentença espontaneamente,


evitando assim todo o procedimento envolvendo a intimação e, consequentemente, a
imprensa oficial, ou correio, ou oficial de justiça.
Os 15 (quinze) dias mencionados no caput do artigo 475-J, CPC, devem ser contados a
partir do trânsito em julgado da sentença (ou acórdão, se recurso houver). Nessa
ocasião, o devedor, pessoalmente ou através de seu advogado, já foi intimado da
decisão (da sentença ou do acórdão), não sendo necessária nova intimação informando
o trânsito em julgado e a consequente necessidade de pagamento da condenação.

É esse o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Transcrevemos, em parte, o


acórdão proferido pela 3ª Turma do Colendo Órgão, tendo como relator o Ministro
Humberto Gomes de Barros:

"O bom patrono deve adiantar-se à intimação formal, prevenindo seu constituinte para
que se prepare e fique em condições de cumprir a condenação. (...) Se por desleixo,
omite-se em informar seu constituinte e o expõe a multa, ele (o advogado) deve
responder por tal prejuízo. (...) 1. A intimação de sentença que condena ao pagamento
de quantia certa consuma-se mediante publicação, pelos meios ordinários, a fim de que
tenha início o prazo recursal. Desnecessária a intimação pessoal do devedor. 2.
Transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário que a parte vencida,
pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumprí-la. 3. Cabe ao vencido
cumprir espontaneamente a obrigação, em quinze dias, sob pena de ver sua dívida
automaticamente acrescida de 10%". [16]

Por fim, deve o credor requerer o início da execução, indicando os bens que devem ser
penhorados. Tal requerimento deve ser feito através de simples petição. Se o credor
desejar que a execução seja feita em comarca diversa, deve instruir a petição com o
título executivo judicial.
§ 1º. Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na
pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal,
ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação,
querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

O auto de penhora será lavrado pelo oficial de justiça, que imediatamente fará a
avaliação do valor dos bens. Destes atos será intimado o executado.

A intimação normalmente é feita através da imprensa oficial (cf. art. 236, CPC [17]),
na pessoa do advogado do devedor. Contudo, pode ser feita intimando-se o advogado
pessoalmente, através de diligência efetuada por oficial de justiça ou por carta
registrada a ele enviada, com aviso de recebimento (cf. art. 237, CPC [18]).

O parágrafo em comento prevê, ainda, que o executado seja intimado pessoalmente, ou


através de seu representante legal, seja por mandado ou pelo correio.

O prazo de 15 (quinze) dias aqui previsto conta-se da data da publicação, pela


imprensa oficial, do ato de intimação do executado (ou seu advogado, ou representante
legal) da penhora e avaliação realizadas.

Em caso de intimação feita pelo correio ou por mandado, o prazo conta-se a partir da
juntada do aviso de recebimento ou da cópia do mandado nos autos do processo.
Está prevista a necessidade de realização de penhora e avaliação para o oferecimento
de impugnação. Desta forma, só poderá ser oferecida a impugnação após a garantia do
juízo, que se dará, no caso, com a avaliação do bem penhorado.

Todavia, não é vedada a manifestação do devedor antes da impugnação, que pode ser
feita, conforme criação doutrinária, através de exceção de pré-executividade (chamada
por Cândido Rangel Dinamarco de objeção de pré-excecutividade e por Nelson Nery
Júnior dividida em exceção e objeção de executividade).

Entendemos que a penhora e avaliação são garantias de juízo e que a lei teve por
finalidade exigir a garantia e não especificamente a penhora.

Assim, caso o devedor realize o pagamento da condenação depositando o valor


correspondente em juízo, para garanti-lo, escapará de qualquer forma da multa prevista
no parágrafo em comento, de 10% (dez por cento), e poderá oferecer impugnação.

Ou seja, garantido o juízo, seja através da realização da penhora e avaliação, seja por
meio do pagamento do valor da condenação, pode o devedor, querendo, oferecer
impugnação.

Na segunda hipótese, o prazo de 15 (quinze) será contado a partir do depósito do valor


em juízo.
§ 2º. Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de
conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe
breve prazo para a entrega do laudo.

As partes podem manifestar-se sobre o laudo apresentado pelo perito e, dele


discordando, nomear assistente técnico para realização de perícia própria. O juiz
decidirá sobre as perícias e sobre qual valor apurado será utilizado no prosseguimento
da execução.

Dessa decisão cabe recurso de agravo por parte do credor (já que se trata de decisão
interlocutória). Já para o devedor não há recurso, posto que os argumentos acerca de
penhora incorreta e avaliação errônea devem ser aduzidos na própria impugnação.

§ 3º. O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem
penhorados.

Essa indicação será feita na própria petição que requereu a execução (cumprimento da
sentença) e atenderá os requisitos legais da penhora, cf. arts. 646 e ss., CPC.

Também o devedor, adiantando-se ao exequente, pode oferecer bens a penhora. Caso


ocorra alguma irregularidade em qualquer uma das nomeações (como a nomeação de
bens absolutamente impenhoráveis, p. ex.), o juiz deve intervir, aceitando ou não a
indicação.
§ 4º. Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de
10% (dez por cento) incidirá sobre o restante.

A lei não exige justificativa, por parte do devedor, sobre a razão de ter feito o
pagamento parcial da condenação, de qualquer jeito incidindo a multa apenas sobre o
valor não pago.

Assim, tanto faz se o devedor não quis pagar a totalidade, não o podia fazer por razões
financeiras ou não concorda com a totalidade da condenação.

Todavia, em caso de a condenação ser paga parcialmente por acreditar o devedor que
há excesso de execução, tal matéria deve ser alegada em sede de impugnação. Se
procedente tal alegação, a multa sobre o valor restante ficará sem efeito.

Caso o devedor, mesmo acreditando tratar-se de excesso de execução, decidir pagar o


total da condenação, para de maneira nenhuma incidir a multa de 10% (dez por cento),
se procedente a impugnação, terá o valor restituído.

§ 5º. Não sendo requerida a execução no prazo de 6 (seis) meses, o juiz mandará
arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

O juiz não pode determinar, de ofício, o início da execução. Cabe à parte fazer o
requerimento e, não o fazendo, será ordenado o arquivamento dos autos.
Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV – ilegitimidade das partes;

V – excesso de execução;

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente
à sentença.

Conforme já mencionado, a impugnação ao cumprimento de sentença não é a única


forma de manifestação do devedor no processo de execução (agora tramitando dentro
do processo de conhecimento).
Criação da doutrina, a exceção de pré-executividade é um meio de defesa do devedor
sem que se faça necessária a segurança do juízo (seja através do pagamento, seja
através da efetivação da penhora).

Quanto à impugnação, o art. 475-L, CPC, traz um rol taxativo das matérias que podem
ser alegadas nessa defesa. Assim, não é qualquer matéria que poderia ter sido alegada
(ou efetivamente o foi) durante o processo de conhecimento que podem ser aduzidas
na impugnação ao cumprimento de sentença.

O objetivo do legislador foi limitar a discussão acerca do título executivo judicial, pois
o processo de conhecimento já passou por toda a fase de manifestações e dilação
probatória, não sendo necessário retomar todas as matérias anteriormente alegadas.

No entanto, certas matérias, de ordem pública, também podem ser alegadas na


impugnação, independente de fazerem parte do rol taxativo do art. 475-L, CPC. Isso
porque tais matérias podem ser alegadas em qualquer fase do processo, desde que
supervenientes à sentença.

Exemplos de matérias de ordem pública que podem ser alegadas na impugnação ao


cumprimento da sentença, não obstante não fazerem parte do rol taxativo do artigo em
comento, são as exceções de suspeição e incompetência.
§ 1º. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também
inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatíveis com a Constituição Federal.

Existe discussão acerca da constitucionalidade deste parágrafo. Assevera Nelson Nery


Júnior [19]:

"Título judicial é sentença transitada em julgado, acobertada pela autoridade da coisa


julgada. Esse título judicial goza de proteção constitucional, que emana diretamente do
Estado Democrático de Direito (CF 1º, caput), além de possuir dimensão de garantia
constitucional fundamental (CF 5º XXXVI). Decisão posterior, ainda que do STF, não
poderá atingir a coisa julgada que já havia sido formada e dado origem àquele título
executivo judicial".

O argumento do Superior Tribunal de Justiça, a favor da constitucionalidade do art.


475-L, § 1º, CPC, é que a lei "agregou ao sistema de processo um mecanismo de
eficácia rescisória de sentenças inconstitucionais". [20]

Ao nosso ver, assiste razão em parte ao citado doutrinador, em oposição ao Colendo


Tribunal.

O fato é que o legislador criou um mecanismo para rescindir sentenças


inconstitucionais sem a necessidade de interposição de ação rescisória. Assim, se a
sentença realmente é inconstitucional e poderia ser rescindida por meio de ação, seria
de grande economia processual que a rescisão seja feita ainda no processo de
conhecimento (em sua fase de impugnação ao cumprimento da sentença).

Contudo, tal artifício processual é materialmente inconstitucional. Isso porque a ação


rescisória é sempre julgada por um Tribunal, órgão colegiado e com maior experiência
que o juízo de primeira instância.

No caso de aplicação do combatido artigo, chegar-se-ia ao absurdo de um juiz de


primeiro grau, que prolatou a sentença, ter sua decisão rescindida por outro juiz de
primeiro grau, no caso de o credor ter decidido fazer o requerimento da execução do
título judicial em outro juízo (p. ex., o do domicílio do devedor ou do local dos bens).

§ 2º. Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia


quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor
que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.

Trata-se de exigência legal. Se o devedor entender que há excesso de execução, deve


declarar qual o valor que entende correto. Tal declaração deve ser feita no prazo da
impugnação, ou seja, 15 (quinze) dias (art. 475-J, CPC), na mesma peça ou em
separado.

Caso não o faça, ocorrerá a preclusão. Se a impugnação versar apenas sobre o excesso
de execução, será liminarmente rejeitada. Se contiver outras matérias, apesar de não
constar explicitamente do parágrafo comentado, apenas o argumento de excesso de
execução será rejeitado, cabendo ao julgador decidir quanto às outras matérias
alegadas.

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal
efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação.

Seguindo a sistemática do Código de Processo Civil e da Lei reformadora nº


11.232/05, o legislador optou por favorecer o credor, que tem um crédito reconhecido
por sentença condenatória transitada em julgado, e que deve, assim, recebê-lo, sendo
necessário, para tanto, a eficácia jurídica, conseguida através do princípio de
celeridade processual.

A impugnação ao cumprimento de sentença, via de regra, não terá efeito suspensivo, o


que significa que a execução prosseguirá, ainda na pendência desse recurso. Caso a
impugnação seja julgada procedente, nula será a execução.

O efeito suspensivo da impugnação será exceção, e poderá ser-lhe atribuído desde que
cumulados os requisitos dispostos no caput do art. 475-M, CPC, ou seja, fundamentos
relevantes da impugnação e ameaça de grave dano de difícil ou incerta reparação.
A conjunção "e" utilizada pelo legislador demonstra a necessidade de cumulatividade
dos requisitos trazidos pelo caput, e não apenas um deles.

Já o termo "poderá" registra uma faculdade do juízo, e não obrigação. Araken de Assis
e Nelson Nery Júnior entendem que, na hipótese acima, a suspensão é medida que se
impõe.

[21]

Com a devida vênia, discordamos dos renomados doutrinadores. A interpretação


legislativa não pode ser feita convenientemente, mas buscando-se a intenção do
legislador e seguindo a sistemática legal.

Se fosse objetivo do legislador impor uma obrigação ao magistrado, utilizar-se-ia do


termo "deverá". A utilização da palavra "poderá" denota logo a intenção legislativa de
facultar ao juiz a atribuição do efeito suspensivo à impugnação.

É a sistemática da Lei nº 11.232/05. A reforma tem o objetivo de acelerar a execução.


Tanto é assim que a atribuição do efeito suspensivo à impugnação é uma exceção.

§ 1º. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente


requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e
idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.
A norma traz a possibilidade de o exequente requerer o prosseguimento da execução,
mediante a prestação de caução suficiente e idônea. Se a caução prestada realmente for
dotada de suficiência e idoneidade, o juiz deferirá o requerimento e dará
prosseguimento à execução.

Caso a caução seja insuficiente, o juiz determinará sua complementação e, caso seja
inidônea, fixará outra caução. Prestada a caução exigida pelo juízo, dar-se-á
prosseguimento à execução.

§ 2º. Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios
autos e, caso contrário, em autos apartados.

A regra geral é de não atribuição do efeito suspensivo. Nesse caso, a execução


prosseguirá normalmente nos autos principais e a impugnação será autuada e
processada em autos apartados.

Caso deferido o efeito suspensivo, o que se dará em casos excepcionais, conforme


previsão do parágrafo anterior, a execução será sobrestada e a impugnação será julgada
nos autos principais.

§ 3º. A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de


instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá
apelação.
Conforme já mencionado nos comentários do art. 475-H, CPC, sentença é o ato do juiz
que implica em alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269, CPC, e que, ao
mesmo tempo, extingue o processo ou procedimento no primeiro grau de jurisdição.

Sendo assim, a decisão que acolher a impugnação e extinguir a execução é sentença e,


como tanto, recorrível mediante apelação, conforme dispõe o art. 513, CPC, do qual o
parágrafo em comento seguiu a sistemática.

Em todos os casos em que a decisão da impugnação não importar em extinção da


execução (ou seja, decisão interlocutória), o recurso cabível é o agravo de instrumento,
conforme determina o art. 522, CPC (recurso de agravo), do qual o parágrafo em
comento seguiu a sistemática.

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

A norma traz um rol dos títulos executivos judiciais. O rol é taxativo e limitativo.

Conforme já dito, os títulos executivos judiciais serão executados conforme o


procedimento de cumprimento da sentença, disciplinados nos arts. 475-I e ss., CPC.
Já os títulos executivos extrajudiciais são taxados no art. 585, CPC e sua execução
segue o rito do Livro II do Código de Processo Civil (Processo de Execução).

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de


fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

Apesar da reforma no inciso, que deixou de mencionar "sentença condenatória", tanto


a sentença que reconheça a existência de obrigação de fazer, como a de não fazer,
entregar coisa ou pagar quantia, para que tenham eficácia executiva, devem possuir ao
menos, uma parte condenatória.

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua


matéria não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.


VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante,
aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J)
incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução,
conforme o caso.

No caso dos incisos mencionados, a fase de cumprimento da sentença não corre nos
autos do processo de conhecimento. Desta forma, o executado ainda não foi citado,
não podendo ser apenas intimado.

Necessária assim a citação para o prosseguimento da execução da sentença (penal


condenatória, arbitral ou estrangeira).

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo


modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:

É possível a realização de execução provisória, ou seja, quando a sentença


condenatória ainda não transitou em julgado, estando pendente a decisão de recurso.
Para tanto, algumas normas devem ser seguidas.
A Lei nº 11.232/05 trouxe maior efetividade à execução provisória, tornando possível
o prosseguimento da execução até o seu termo final (arrematação), desde que prestada
caução suficiente e idônea.

Independentemente de caução, a execução provisória pode ser iniciada a pedido do


exequente e será paralisada no momento de uma das situações do inciso III deste
artigo.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo assim consignou:

"Não há necessidade de prestar caução para dar início à execução provisória. O


processo de execução provisória pode iniciar-se e prosseguir sem caução, somente
exigida quando do levantamento do dinheiro ou disponibilidade de bens". [22]

I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a


sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

A execução provisória é de responsabilidade do credor. Desta forma, caso o recurso de


efeito meramente devolutivo seja provido em favor do executado, reformando a
sentença, caberá ao credor reparar eventuais danos que o executado haja sofrido.
Nelson Nery Júnior [23] assevera que tais prejuízos "serão apurados e liquidados por
arbitramento, nos mesmos autos em que se deu a execução provisória (CPC 475-O
II)".

II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da
execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos
nos mesmos autos, por arbitramento;

A execução é provisória. Sobrevindo acórdão modificativo, restitui-se o estado


anterior. Eventuais prejuízos serão apurados e liquidados nos próprios autos, para
economia de tempo e dinheiro.

Tal apuração e a liquidação serão feitas por arbitramento, disciplinadas nos arts. 475-C
e 475-D, CPC.

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem


alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado
dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos.

Antes do advento da Lei nº 11.232/05, a execução provisória parava no momento em


que seria levantado depósito em dinheiro ou praticados atos de alienação ou outros
atos dos quais poderiam resultar danos graves ao executado.
Agora, a execução provisória prossegue até seu termo final, que se dá com a
arrematação do bem penhorado, na maioria dos casos (ou transferência de posse,
transferência de valores etc), desde que prestada caução suficiente e idônea pelo
exequente.

§ 1º. No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada
ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.

§ 2º. A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:

Trata-se de norma restritiva e excepcional. A regra geral é de que deve o credor-


exequente prestar caução suficiente e idônea para levantar valores ou para a prática de
atos que importem em alienação ou qualquer ato do qual possa resultar grave dano ao
devedor-executado.

Contudo, são previstas situações de exceção, que devem ser interpretadas


restritivamente.

No mais, importante a faculdade contida no parágrafo. A caução poderá ser


dispensada, o que é bem diferente de deverá. Assim, o juiz analisará a possibilidade de
reversão da situação fática e a capacidade do credor de fazer voltar as coisas como
eram antes da execução.
I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até
o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação
de necessidade;

Nas causas de natureza alimentar ou decorrentes de ato ilícito (e que o exequente


demonstre situação de necessidade) o legislador impõe um limite de sessenta vezes o
valor do salário-mínimo para que a caução possa ser dispensada.

Tal limite tem o objetivo de manter a reversibilidade da situação anterior. Não


havendo limite de valor, poderia o executado ser lesado no caso de o credor não
possuir capital suficiente para restabelecer a situação anterior à execução provisória.

II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao


Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando
da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta
reparação.

Outra possibilidade de dispensa de caução ocorre nos casos em que penda agravo de
instrumento de despacho denegatório de recurso especial ou de recurso extraordinário,
situação disposta no art. 544, CPC [24].

Da mesma forma que nos outros casos, a caução não poderá ser dispensada quando
dessa dispensa possa resultar grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 3º. Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias
autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do
disposto na parte final do art. 544, § 1º:

À referida petição, juntamente com as peças exigidas e facultativamente juntadas, dá-


se o nome de carta de sentença. Os autos principais subirão ao Tribunal para o
julgamento do recurso, enquanto a execução provisória prosseguir-se-á no juízo a quo,
mediante carta de sentença.

As cópias das peças que formarão a carta de sentença deverão ser autenticadas.
Contudo, o advogado pode autenticá-las, conforme dispõe o art. 544, § 1º, CPC, sendo
a autenticação de sua responsabilidade [25].

O parágrafo ora em comento traz um rol de peças necessárias para a formação da carta
de sentença e o consequente prosseguimento da execução provisória, bem como
faculta ao exequente juntar as peças que entenda importantes e necessárias.

I – sentença ou acórdão exeqüendo;

II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

III – procurações outorgadas pelas partes;


IV – decisão de habilitação, se for o caso;

V – facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

O art. 475-P, CPC é praticamente uma reprodução do art. 575, CPC, que estabelece a
competência para julgamento da execução de título judicial.

O novo artigo é, contudo, um pouco mais abrangente, conforme explicitado adiante.

I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;

Os tribunais são competentes para julgar o cumprimento de sentença nas causas em


que tiverem competência originária e, portanto, que tiverem exarado a decisão no
processo de conhecimento. São os casos de ação rescisória e mandado de segurança,
por exemplo.
O inciso em comento é mais abrangente que seu correspondente (art. 575, I, CPC),
pois não restringe a competência apenas aos tribunais superiores, abarcando todo e
qualquer tribunal.

II – o juízo que processou a causa no primeiro grau;

A regra geral é de que o juízo que processou a causa no primeiro grau e proferiu a
decisão ou sentença exequenda é competente para processar e julgar o cumprimento
desta sentença. Essa competência, contudo, deixa de ser absoluta com a vigência da
Lei nº 11.232/05, devido ao disposto no parágrafo único deste artigo.

A exceção, ao nosso ver, é a execução judicial de sentença condenando à prestação de


alimentos. Verificando-se a sistemática adotada no Código de Processo Civil, vê-se
que o legislador tem a intenção de proteger o alimentado, pois se trata de interesse
público.

Logo, o art. 100, II, CPC [26], que dispõe ser competente o foro do domicílio ou
residência do alimentado (ou alimentando), se sobrepõe à regra dos arts. 475-P, II e
575, II, ambos do CPC.

Decidiu-se: "O CPC atual é ainda mais explícito que o anterior ao fixar a competência
do foro da residência do alimentado, bastando que sejam pedidos alimentos para que
qualquer ação pertença ao foro da sua residência". [27]
Contudo, existe ainda divergência jurisprudencial sobre o assunto, entendendo o
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul pela prevalência da regra do art.
575, II, CPC [28] e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pela da regra do art.
100, II, CPC [29].

III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de


sentença arbitral ou de sentença estrangeira.

Nesses casos, seria impossível aplicar a regra geral do art. 475-P, II, CPC, já que não
existe processo de conhecimento cível, ou seja, não há juízo cível anterior.

Assim, o parágrafo único do artigo em comento, apesar de mencionar apenas o inciso


II, define a competência para o inciso III, em alguns casos. A sentença penal
condenatória e a sentença arbitral proferida no país podem ser executadas no foro do
domicílio do executado ou do local onde se encontram os bens a serem expropriados.

Já a execução de sentenças judiciais ou arbitrais estrangeiras é exceção à regra do art.


475-P, I, CPC, que dá a competência de execução ao tribunal que tiver a competência
originária para processar a ação e que, portanto, proferiu o acórdão ou decisão
exequenda.

Nesses casos, o Superior Tribunal de Justiça tem competência originária, conforme


determinação do art. 105, inciso I, alínea i, CF [30], de homologar sentenças
estrangeiras (arbitrais ou judiciais), o que equivale à prolação de acórdão ou decisão.
Contudo, como exceção, as sentenças estrangeiras homologadas pelo Superior
Tribunal de Justiça devem ser executadas pela justiça federal, nos termos do art. 109,
inciso X, CF [31].

Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exequente poderá optar
pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual
domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada
ao juízo de origem.

A Lei nº 11.232/05 transformou a competência absoluta do juízo que proferiu a


sentença, de executá-la, em competência relativa. Tal determinação facilita
sobremaneira o procedimento de cumprimento de sentença, trazendo agilidade na
expropriação de bens.

O credor, além da regra geral da competência para execução do juízo prolator da


sentença exequenda, também pode escolher o juízo do local onde se encontram os bens
sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do devedor.

Trata-se, portanto, de competência concorrente dos três juízos mencionados. Caso o


exequente decida por uma das alternativas oferecidas no parágrafo único, deve o juiz
solicitar a remessa dos autos ao juízo prolator da decisão exequenda.
Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz,
quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda
assegure o pagamento do valor mensal da pensão.

A opção do legislador pelo termo "poderá" foi não prender o juiz a regra, pois
entendeu desnecessária a constituição de capital para toda e qualquer ação envolvendo
prestação de alimentos, independente do valor.

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça editou a súmula nº 313, tornando obrigatória a


constituição de capital, in fine:

"Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital


ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da
situação financeira do demandado".

§ 1º. Este capital, representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações
financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a
obrigação do devedor.

§ 2º. O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do beneficiário da


prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de
direito privado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por
fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
Cumpre acrescentar que os entes públicos estão dispensados da constituição de capital
para pagar pensões, podendo efetuar o pagamento em folha, já que não existe a
possibilidade do não pagamento por falta de capital. Nesse sentido o julgado constante
na RT 547/96.

§ 3º. Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer,


conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.

§ 4º. Os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário-mínimo.

O parágrafo não fere o dispositivo constitucional que determina que nada deve ser
vinculado ao salário-mínimo (art. 7º, IV, parte final, CF [32]).

A intenção do legislador foi determinar que a prestação de alimentos tem o mesmo fim
do salário-mínimo, ou seja, "atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social", conforme dispõe o mencionado artigo.

Assim, a vinculação não acarreta o perigo indicado pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1425, que decidiu:
"A razão de ser da parte final do inciso IV da CF 7º - ‘(...) vedada sua vinculação para
qualquer fim’ – é evitar que interesses estranhos aos versados na norma constitucional
venham a ter influência na fixação do valor mínimo a ser observado". [33]

§ 5º. Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar
o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.

Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber,


as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.

Tais normas estão dispostas no Livro II, Do Processo de Execução, nos arts. 566 a 795,
do Código de Processo Civil.

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REFERÊNCIAS

- NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante. 10ª edição. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2.008.
- ASSIS, Araken de. Comentários ao Código de Processo Civil. 2ª edição. Rio de
Janeiro. Forense, 2.003.

- DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 3ª edição.


São Paulo. Malheiros, 2.003.

- MARQUES, José Frederico. Instituições de Direito Processual Civil. 3ª edição. Rio


de Janeiro. Forense, 1.971.

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Notas

Assim entende a maioria da doutrina: Pontes de Miranda, Araken de Assis e Arruda


Alvim. Liebman fala pela sua natureza declaratória. Já Nelson Nery Júnior vê pela sua
natureza constitutivo-integrativa: "Esta qualidade de sentença constitutivo-integrativa
explica a possibilidade de haver liquidação zero, pois, a se entender declaratória a
sentença de liquidação, não poderia ter resultado zero ou negativo para o quantum da
condenação" (Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 10ªed.,
São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 720).

Adotamos a partir de agora a sistemática simples de abreviação: p. ex. artigo 586 do


Código de Processo Civil. Da mesma forma, utilizaremos "CC" para Código Civil em
vigor, "CP" para Código Penal, "CPP" para Código de Processo Penal e "CF" para a
Constituição Federal.

NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 10ªed., São Paulo : Revista dos Tribunais, 2.008, p. 724.

O crime de desobediência está previsto no art. 330, CP, in fine: "Desobedecer a ordem
legal de funcionário público: Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses e
multa".

MARQUES, José Frederico. Instituições de Direito Processual Civil, vol. V, 3ª ed.,


Rio de Janeiro : Forense, 1.971, p. 270.

NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 10ªed., São Paulo : Revista dos Tribunais, 2.008, p. 727.

"Art. 282. A petição inicial indicará:

I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do


réu;

III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV – o pedido, com as suas especificações;

V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII – o requerimento para a citação do réu."

"Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à


propositura da ação."

STJ, Ag nº 34410, rel. Min. Fontes de Alencar, j. 30.3.1993.

"Art. 269. Haverá resolução de mérito:

I – quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II – quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III – quando as partes transigirem;

IV – quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;

V – quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação."


"Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução do mérito:

I – quando o juiz indeferir a petição inicial;

II – quando ficar parado por mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III – quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV – quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de


desenvolvimento válido e regular do processo;

V – quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

VI – quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade


jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

VII – pela convenção de arbitragem;

VIII – quando o autor desistir da ação;


IX – quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X – quando houver confusão entre autor e réu;

XI – nos demais casos prescritos neste Código."

"Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269)."

"Art. 162. (...) § 2º. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do
processo, resolve questão incidente."

"Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo (...)."

"Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário."

NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 10ªed., São Paulo : Revista dos Tribunais, 2.008, p. 733.

STJ, 3ª T.,REsp nº 954859-RS, rel. Min. Humerto Gomes de Barros, j. 16.8.2007, v.u.

"Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios,
consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial."

"Art. 237. Nas demais comarcas aplicar-se-á o disposto no artigo antecedente, se


houver órgão de publicação dos atos oficiais; não o havendo, competirá ao escrivão
intimar, de todos os atos do processo, os advogados das partes:
I – pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;

II – por carta registrada, com aviso de recebimento, quando domiciliado fora do juízo."

NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 10ªed., São Paulo : Revista dos Tribunais, 2.008, p. 742.

STJ, 1ª T., REsp nº 720953-SC, rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. 28.6.2005, v.u.

NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 10ªed., São Paulo : Revista dos Tribunais, 2.008, p. 746. Apud Araken
de Assis.

TJSP-RT 726/238.

NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 10ªed., São Paulo : Revista dos Tribunais, 2.008, p. 756.

"Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo
de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o
Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso."

"Art. 544. § 1º. (...) As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal."

"Art. 100. É competente o foro: (...)

II – do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem


alimentos."
RT 492/106.

RSTJ 3/741.

RJTJSP 99/253 e 94/267.

"Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...)

I – processar e julgar, originariamente: (...)

i)a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas


rogatórias."

"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)

X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização."

"Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: (...)

IV – salário mínimo, fixado em lei, (...) sendo vedada a sua vinculação para qualquer
fim."

STF, Pleno, ADin nº 1425-DF, rel. Min. Marco Aurélio, j. 1º.10.1997.


*acadêmico do curso de Direito da Universidade Paulista - UNIP.

Disponível http:// http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12983

Acesso em: 15 de junho2009.

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