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Ficha de Luciano Russo

Década de 1920
Abaporu, pintura de Tasila do amaral
(1928)

Lembro-me como se fosse hoje a primeira vez que vi esta pintura, eu era
muito novo e o dia estava ensolarado. Enquanto passava pelos corredores
da minha antiga escola, averiguava papeis impressos colados numa
parede. Estava sendo exibido importantes obras brasileiras. Não sei ao
certo mais aquele dia pode ter sido a primeira vez na minha vida que a
arte em forma de pintura roubou minha atenção. Eu fiquei muito confuso,
ao mesmo tempo que aquele homem sentado me enchia de medo, a
imagem colorida me deixava feliz. Anos depois tive a tarefa escolar de
analisar a pintura. Desde aquele ensolarado dia, Abaporu é minha obra de
arte favorita.
Com a pintura, Tasila queria presentear seu marido, que fazia
aniversário. E assim o representou sentado, pensando, ou melhor,
“plantado” e pensando. A obra possui muitas interpretações e todas são
válidas. Oswald de Andrade, seu marido, ficou extremamente excitado
com o presente, dando início ao grande culto que a pintura recebeu
durante os próximos anos.
Juntos, o casal começou a enxergar um índio canibal que iria devorar a
cultura, apropria-la e reinventa-la. No Brasil há registros de tribos
indígenas canibais que tinham como costume comer a carne da presa para
ganhar sua força. Assim, Tasila procurou em um dicionário Tupi-Guarani
nomes para a figura, surgindo a junção dos termos aba (homem), pora
(gente) e ú (come). Abaporu, o homem que come gente.
O que seria somente um presente, ou melhor, “Uma Obra de Amor”
(nome do livro lançado anos depois pela filha do casal, Tasilinha) se
tornou a obra de arte brasileira mais famosa do mundo.
Bibliografia:
Livro de Tasila “Tasilinha” do amaral, Uma Obra de Amor.
https://www.culturagenial.com/abaporu/

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