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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA …..

VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO SUL

XXXXXXX, brasileira, do lar, casada, inscrito no CPF/MF sob o n°. XXXXXXXXX, portador da
Cédula de Identidade RG n°. xxxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua: XXXXXXX, n°. 480,
Bairro XXXXXXXX, na cidade de Lins/SP, CEP – XXXXXXXX, vem respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, por seu advogado e procurador que esta subscreve (conforme
procuração anexa), com escritório na Rua Gastão Vidigal, n°. 349 - Jardim Americano -
Lins/SP - CEP 16.400-655, onde recebe notificações, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO AUTÔNOMA DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

em face da FAZENDA PUBLICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL,


representado pela PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, com
endereço Avenida Borges de Medeiros, 1555 Térreo 14º ao 19º Andar - Praia de Belas, Porto
Alegre - RS, 90119-901pelos fatos e fundamento jurídicos abaixo expostos:

PRELIMINARMENTE
I - DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Por primeiro, como se colhe da inclusa declaração, o requerente é pessoa pobre
na acepção jurídica do termo, não tendo condições de arcar com a custa e despesas
processuais sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, razão pela qual requer
seja concedido os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do artigo 4º da Lei
n.º 1.060/50 c.c artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal;

II - DA LEGITIMIDADE ATIVA DA AUTORA


O requerente, como consumidor final de energia elétrica, está legitimado para
questionar a exigência ilegal de ICMS, e ainda para pleitear a RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO,
conforme entendimento firmado sob o rito dos recursos repetitivos pelo STJ, no REsp nº
1.299.303/SC. 2.
O ICMS atrai, pela sua própria natureza de imposto incidente sobre o consumo,
indireto, pois, a incidência da regra contida no art. 166 do Código Tributário Nacional, in verbis:
“Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,
transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a
quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo
transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a
recebe-la”.

Não obstante, ao analisar a implicância do aludido dispositivo nas ações em que


se questiona a exigência de ICMS sobre energia elétrica, a 1ª Seção do STJ decidiu, por
unanimidade, no âmbito do REsp, acima mencionado, que:

“diante do que dispõe a legislação que disciplina as concessões de


serviço público e da peculiar relação envolvendo o Estado concedente,
a concessionária e o consumidor, esse último tem legitimidade para
propor ação declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca
afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência
do ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada”.

Sob essa ótica, verifica-se a legitimidade ativa do requerente, consumidor final


da energia elétrica, para figurar no polo ativo da presente demanda, inclusive para reaver o
que indevidamente recolheu nos últimos cinco anos.
Ainda com relação às condições da ação, é importante esclarecer que a
Jurisprudência do STJ firmou entendimento de que, nos casos de discussão sobre a cobrança
de ICMS, a legitimidade passiva é do Estado Federado ou do Distrito Federal, e não da
concessionária de Energia Elétrica.

DOS FATOS
O requerente é consumidor de energia elétrica da conta de consumo
número XXXXXXXX conforme cópia da conta de consumo em anexo fornecida pela CEEE
Companhia Estadual de Energia Elétrica. Ocorre que, analisando suas faturas, percebe-se
que um dos impostos cobrados é o ICMS, vindo discriminada sua base de cálculo bem como
o valor total do referido imposto.
A cobrança do ICMS na fatura de energia elétrica, por si só, não é ilegal, porém,
a base de cálculo que se está utilizando para computar o valor do referido imposto está em
desconformidade com a legislação e com a própria jurisprudência, portando a referida base
de cálculo se encontra ILEGAL.
Observando a base de cálculo utilizada, é possível notar que o ICMS está
incidindo sobre o valor total da fatura, como se vê da fatura exemplificativas em anexo.
Sem adentrar no mérito, o REQUERENTE, segundo Jurisprudência e legislação
tributária, deve pagar o ICMS em suas faturas de energia elétrica, porem sua base de cálculo
deveria ser somente o valor da correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada,
ou rubrica denominada nas faturas de ENERGIA.
A tarifa de energia elétrica é composta das seguintes rubricas:
· Energia;
· Distribuição – TUSD;
· Distribuição – TUST;
· Tributos;
· Encargos Setoriais.

O ICMS, calculado por dentro, à alíquota de 25%, incide sobre todas as rubricas
acima, e ainda sobre o PIS e a COFINS, ao passo que deveria incidir somente sobre ele
mesmo, bem como sobre a parcela da tarifa que se presta efetivamente a remunerar o
fornecimento de energia.
Os Encargos Setoriais, a TUSD, a TUST, o PIS e a COFINS pagos pelo
requerido e distribuição de energia elétrica, não poderiam compor a base de cálculo do
ICMS, todavia, as faturas de energia elétrica, certificam que o ICMS os tem agregado à
sua base de cálculo.
É sabido que o fornecimento de energia elétrica pela concessionária é
remunerado mediante Tarifa/Preço Público, fixada em consonância com a legislação
regulatória, bem como por disposições da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

DA NATUREZA JURÍDICA DA TUST E TUSD – REMUNERAÇÃO A


DISPONIBILIZAÇÃO DO USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO, E NÃO A
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de Distribuição (TUSD) é um


encargo legal do setor elétrico brasileiro que incide sobre os consumidores conectados aos
sistemas elétricos das concessionárias de distribuição. A TUSD é um dos componentes do
preço nos contratos de energia elétrica de grandes consumidores de energia elétrica (eletro-
intensivos), especificamente no que diz respeito ao transporte desta energia no Sistema
Interligado Nacional e foi criada pelo §6º do artigo 15 da Lei nº 9.074/951.

“§ 6º É ASSEGURADO AOS FORNECEDORES E RESPECTIVOS


CONSUMIDORES LIVRE ACESSO AOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO
DE CONCESSIONÁRIO E PERMISSIONÁRIO DE SERVIÇO PÚBLICO, MEDIANTE
RESSARCIMENTO DO CUSTO DE TRANSPORTE ENVOLVIDO, CALCULADO COM BASE
EM CRITÉRIOS FIXADOS PELO PODER CONCEDENTE”.

Fixadas tais premissas, o que se busca repelir através dessa ação é


afastar a exigência do ICMS,sobre a TUSD e TUST, repassada ao autor, vez que a referida
tarifa não constitui parcela tributável de ICMS, visto que a mesma não é circulável que afronta
de modo claro e inaceitável o artigo 150, I, do Texto Constitucional e art. 97, IV do Código
Tributário Nacional.

DO DIREITO
ICMS INCIDE SOBRE O FORNECIMENTO/CONSUMO DE ENERGIA –
MONTANTES DE USO NÃO REFLETEM O CONSUMO, E SIM A DISPONIBILIZAÇÃO DO
USO DA REDE.
Como relatado anteriormente, as cobranças ora questionadas se referem
à conjeturada responsabilidade do Autor pelo recolhimento do ICMS sobre as tarifas
(TUST/TUSD) pagas em razão do uso do sistema de distribuição e do sistema de transmissão
na entrada de energia elétrica em seus estabelecimentos localizados neste Estado.
Ao definir as hipóteses de incidência do ICMS, a lei complementar 87/96
cuidou de abranger, conforme o previsto no artigo 155, inciso II da CF, tão somente as
operações relativas à circulação de mercadorias. Esta é a expressa determinação do artigo
2º da referida Lei Complementar, conforme abaixo:

Art. 2º - o imposto incide sobre:


I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o
fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e
estabelecimentos similares; (...) Art. 155 – Compete aos Estados e ao
Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior; (...)

No entanto, em decorrência de sua natureza e características, a energia


elétrica encontra-se em constante movimento nos fios de transmissão da concessionária,
sendo que ela somente será individualizada, ou seja, só terá caracterizado e definido seu
usuário, no momento em que for utilizada, pois, até então, consiste numa massa única de
energia passível de utilização por qualquer um que dela necessite. Por conseguinte, o fato
gerador do imposto só pode ocorrer, in caso, pela entrega da energia ao consumidor, não
sendo outra a disposição constante do art. 12, inciso I da Lei Complementar nº 87/96:

Art. 12 – ocorre o fato gerador do imposto no momento:


I – da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda
que para outro estabelecimento do mesmo titular.

Com efeito, exigir o ICMS sobre as tarifas que remuneram a transmissão


e a distribuição da energia elétrica, é fazer incidir o tributo sobre o fato gerador não previsto
pela legislação regente (CF e Lei Complementar 87/96), o que viola frontalmente o princípio
constitucional da reserva legal previsto no art. 150, inciso I da CF e art. 97, IV do CTN,
segundo o qual é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou
aumentar tributos sem lei que o estabeleça.
Nesse sentido:
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
LEGITIMIDADE ATIVA DO CONTRIBUINTE DE FATO. UTILIZAÇÃO DE
LINHA DE TRANSMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.
ICMS SOBRE TARIFA DE USO DOS SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD).
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE OPERAÇÃO MERCANTIL. 1. O ICMS
sobre energia elétrica tem como fato gerador a circulação da mercadoria, e
não do serviço de transporte de transmissão e distribuição de energia elétrica,
incidindo, in casu, a Súmula 166/STJ. Dentre os precedentes mais recentes:
AgRg nos EDcl no REsp 1267162/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 24/08/2012. 2. A Primeira Seção/STJ, ao apreciar o
REsp 1.299.303/SC, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 14.8.2012, na
sistemática prevista no art. 543-C do CPC, pacificou entendimento no sentido
de que o usuário do serviço de energia elétrica (consumidor em operação
interna), na condição de contribuinte de fato, é parte legítima para discutir a
incidência do ICMS sobre a demanda contratada de energia elétrica ou para
pleitear a repetição do tributo mencionado, não sendo aplicável à hipótese a
orientação firmada no julgamento do REsp 903.394/AL (1ª Seção, Rel. Min.
Luiz Fux, DJe de 26.4.2010 - recurso submetido à sistemática prevista no art.
543-C do CPC). 3. No ponto, não há falar em ofensa à cláusula de reserva
de plenário (art. 97 da Constituição Federal), tampouco em infringência da
Súmula Vinculante nº 10, considerando que o STJ, o apreciar o REsp
1.299.303/SC, interpretou a legislação ordinária (art. 4º da Lei Complementar
nº 87/96). 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp1278024/MG,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
07/02/2013, DJe 14/02/2013).

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. OMISSÃO INEXISTENTE.


LEGITIMIDADE ATIVA. ICMS SOBRE "TUSD" E "TUST". NÃO
INCIDÊNCIA. SÚMULA 83/STJ.
1. Não há a alegada violação do art. 535 do CPC, ante a efetiva
abordagem das questões suscitadas no processo, quais seja,
ilegitimidade passiva e ativa ad causam, bem como a matéria de
mérito atinente à incidência de ICMS. 2. Entendimento contrário ao
interesse da parte e omissão no julgado são conceitos que não se
confundem. 3. O STJ reconhece ao consumidor, contribuinte de fato,
legitimidade para propor ação fundada na inexigibilidade de tributo que
entenda indevido. 4. "(...) o STJ possui entendimento no sentido de
que a Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica -
TUST e a Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica
- TUSD não fazem parte da base de cálculo do ICMS" (AgRg nos EDcl
no REsp 1.267.162/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 24/08/2012.).
Agravo regimental improvido.(AgRg no AREsp 845.353/SC, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/04/2016, DJe 13/04/2016).

Assim, requer-se à Vossa Excelência a julgar procedente o presente feito,


para fins de excluir da base de cálculo do ICMS da fatura de energia elétrica da parte autora,
a parcela referente ao TUSD.

DA BANDEIRA TARIFARIA

Dentro das faturas de energia elétrica, foi instituído pela Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) o Sistema de Bandeiras Tarifárias, na resolução nº. 547, de maio
de 2013, e posteriores alterações. As bandeiras tarifárias são uma forma diferente de
apresentar um custo que hoje já está na conta de energia, mas geralmente passa
despercebido. Atualmente, os custos com compra de energia pelas distribuidoras são
incluídos no cálculo de reajuste das tarifas dessas distribuidoras e são repassados aos
consumidores um ano depois de ocorridos, quando a tarifa reajustada passa a valer. Com as
bandeiras, haverá a sinalização mensal do custo de geração da energia elétrica que será
cobrada do consumidor, com acréscimo das bandeiras amarela e vermelha. Essa sinalização
dá, ao consumidor, a oportunidade de adaptar seu consumo, se assim desejar.
Como se vê, da mesma forma que o TUSD, o Sistema de Bandeiras
Tarifárias é mera transferência de custo, de atividade-meio, não se revelando em circulação
de mercadoria, que geraria a incidência do ICMS.
Segundo informações do site da ANEEL, as bandeiras refletem os custos
atinentes à fonte geradora de energia. Grosso modo, se a energia provém de hidrelétricas, o
custo é menor; se o acionamento das termoelétricas se faz necessário, o custo é maior. Tudo
isto indica que os acréscimos resultantes da aplicação da bandeira tarifária relacionam se
apenas ao preço de saída da energia produzida, não constituindo etapa anterior autônoma
em relação ao fornecimento de energia.
Em outras palavras, os precedentes que afastam a incidência do ICMS
sobre as tarifas de distribuição e transmissão assim o fazem por entender que tais processos
não constituem operações mercantis sujeitas à incidência deste tributo. Por isso, embora os
custos correspondentes possam ser repassados ao consumidor, sobre estes não pode incidir
ICMS. Esta autonomia não se enxerga. na tarifa extraordinária, em que o acréscimo diz
respeito ao custo de produção da energia que chega ao consumidor final.
Assim, requer-se seja afastada da incidência do ICMS sobre as tarifas
referentes ao Sistema de Bandeira Tarifária.

DA INCONSTITUCIONALIDADE DA PIS E COFINS.


Importante ressaltar a cobrança inconstitucional do PIS e COFINS, pois estes de
acordo com nossa carta magna só podem incidir sobre o “faturamento”, que é a somatória
dos valores das operações negociais realizadas. Faturamento (que etimologicamente advém
de fatura) corresponde em última analise ao somatório do valor das operações negociais
realizadas pelo contribuinte. Faturar, pois, é obter receita bruta proveniente da venda de
mercadorias ou, em alguns casos, da prestação de serviços.
Noutras palavras:
“faturamento é a contrapartida econômica, auferida como riqueza própria, pelas
empresas em razão do desempenho de suas atividades típicas. Conquanto nesta
contrapartida possa existir um componente que corresponde ao ICMS devido, ele não integra
nem adere ao conceito de que ora estamos cuidando. ICMS – Roque Antonio Carrazza, 9º
edição pag. 433.”.
A parcela correspondente ao ICMS pago não tem, pois, natureza de faturamento
(e nem mesmo receita), mas de simples ingresso de caixa (na acepção “supra”), não podendo
em razão disso, compor a base de calculo quer do PIS quer da COFINS.
Em boa verdade cientifica, não é possível inserir na base de cálculo do PIS e da
COFINS algo que faturamento não é. Fazê-lo enseja a cobrança de novo tributo, que refoge
à competência tributaria federal.
Torno a dizer que isto leva ao desvirtuamento do arquétipo constitucional do PIS
e da COFINS, acarretando, assim a criação de adicional de outro tributo, diferente daqueles
cuja competência a carta Suprema, em seu artigo 195, I, reservou a União Federal. Isto
desconsidera, a todas as luzes, direito subjetivo fundamental dos contribuintes, qual seja, o
de só tributados na forma e nos limites permitidos pela Constituição.

ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

O perigo na demora é evidente, iminente e grave, pois, em razão do requerente


estar sendo compelida a recolher um tributo indevidamente, há, sem dúvidas, um
esvaziamento do seu patrimônio, o que em tempos de recessão é grave sobremaneira.
Além disso, caso aguarde-se o julgamento final de procedência da
presente demanda, sem que haja, de plano, o deferimento da medida liminar, o requerente se
sujeitará ao moroso e lesivo sistema do precatório, cujas consequências dispensam maiores
considerações.
Ainda Excelência, recentemente foi proferido despacho pela 3ª Vara da Fazenda
Pública da Comarca de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, deferindo a concessão da
antecipação dos efeitos da tutela, a fim de evitar as agruras de ação de repetição de indébito.

“Vistos etc. Ao confirmar decisão do subscritor, o Tribunal de Justiça


ementou: APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. ATIVIDADE DE
DISPONIBILIZAÇÃO DO USO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA. TUSD (TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO).
NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
FIXADOS COM RAZOABILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. REMESSA E
RECURSO DESPROVIDOS. "As atividades de disponibilização do uso das
redes de transmissão e distribuição de energia elétrica, remuneradas pela
TUST e TUSD, não se subsumem à hipótese de incidência do ICMS por não
implicarem circulação da mercadoria. Esses serviços tão e simplesmente
permitem que a energia elétrica esteja ao alcance do usuário. São, portanto,
quando muito, atividades-meio, que viabilizam o fornecimento da energia
elétrica (atividade-fim) pelas geradoras aos consumidores finais, motivo pelo
qual não há como se vislumbrar a possibilidade de estarem abrangidas pelo
campo de incidência da referida exação". (TJSC, Apelação Cível n.
2010.017380-9, de Blumenau, rel. Des. Luiz Cézar Medeiros). (...) (TJSC, AC
2012.048563-8, da Capital, rel. Des. João Henrique Blasi). No STJ se pensa
igualmente: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ICMS. EMPRESA
CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA. ILEGITIMIDADE.
PRECEDENTES. CONSUMIDOR FINAL. LEGITIMIDADE ATIVA AD
CAUSAM. ESPECIAL EFICÁCIA VINCULATIVA DO ACÓRDÃO
PROFERIDO NO RESP 1.299.303/SC. TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA (TUST E TUSD). INCIDÊNCIA DA SÚMULA
166/STJ. PRECEDENTES. 1. Discute-se nos autos a possibilidade de o
contribuinte pagar ICMS sobre os valores cobrados pela transmissão e
distribuição de energia elétrica, denominados no Estado de Minas Gerais de
TUST (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e TUSD
(Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica). 2. Esta Corte
firmou orientação, sob o rito dos recursos repetitivos (REsp 1.299.303-SC,
DJe 14/8/2012) que o consumidor final de energia elétrica tem legitimidade
ativa para propor ação declaratória cumulada com repetição de indébito que
tenha por escopo afastar a incidência de ICMS sobre a demanda contratada
e não utilizada de energia elétrica. 3. A jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça firmou entendimento de que, nos casos de discussão sobre a
cobrança de ICMS, a legitimidade passiva é do Estado, e não da
concessionária de energia elétrica. Precedentes. 4. A Súmula 166/STJ
reconhece que "não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento
de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte".
Assim, por evidente, não fazem parte da base de cálculo do ICMS a TUST
(Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD
(Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica). Precedentes.
Embargos de declaração acolhidos em parte, sem efeitos infringentes, tão
somente para reconhecer a legitimidade ativa ad causam do consumidor final.
(EDcl no AgRg no REsp 1.359.399-MG, rel. Min. Humberto Martins). Convém
que se dê a tutela imediata, evitando-se as agruras de ação de repetição de
indébito. Assim, defiro a liminar para determinar que a TUSD e a TUST sejam
excluídas da base de cálculo do ICMS. Comunique-se a CELESC”.

Há de ser deferida a tutela de urgência, na forma do art. 300, do CPC, para


suspender, initio litis, a incidência do ICMS nas parcelas do TUSD e Adicional de Bandeira
Tarifária, visto devidamente preenchidos os requisitos para a concessão da mesma, a saber:
a) Probabilidade do Direito: consubstanciado na jurisprudência dominante e
pacificada sobre o tema, que dão total guarida à pretensão da parte autora, e;
b) Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo: ainda que tramite pelo
microssistema dos Juizados Especiais, esperar até o trânsito em julgado da sentença,
oneraria ainda mais o contribuinte por um tributo que não lhe é devido, e receber a devida
restituição.
Em vista do exposto, considerando a real ameaça de violação ao direito líquido
e certo do impetrante, em razão da ilegal cobrança de ICMS sobre a TUSD, TUST e
ENCARGOS SETORIAIS, ilegalidade que se repete mês a mês, reprovado pela Lei Maior, e,
ainda, a dificuldade de reparação do prejuízo, justifica-se a CONCESSÃO DE LIMINAR na
presente ação pois, caracterizado o fumus boni juris, requisito necessário ao deferimento
liminar do pleito, bem como o periculum in mora.
Apresentados os requisitos que autorizam a Antecipação dos Efeitos da Tutela.

DOS PEDIDOS

Diante dos fatos e fundamentos expostos, requer-se a Vossa Excelência:


1. O deferimento do pedido de assistência judiciária gratuita ao autor, com
fulcro no art. 5º, inc. LXXIV da Constituição da República e artigo 4º da Lei 1.060/50, por não
ter condições de arcar com as despesas processuais sem onerar seu sustento e de sua
família, conforme comprova a documentação anexa (holerite e declaração de insuficiência
financeira); inclusive para efeito de possível recurso;
2. Seja concedida, inaudita altera pars, A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA, MEDIDA LIMINAR, determinando que o Estado do Rio Grande do Sul se abstenha
exigir o ICMS sobre as Tarifas de Uso de Sistema (TUSD e TUST) e demais componentes da
tarifa aplicada ao requerente (independentemente da nomenclatura utilizada PIS e COFINS),
lançadas nas faturas de energia elétrica pela CEEE, Companhia Estadual de Energia Elétrica,
limitando a incidência do ICMS, única e exclusivamente à parcela de energia elétrica da tarifa
de fornecimento dos consumidores (T.E.);
3. A intimação da CEEE, com endereço em Av. Joaquim Porto Villanova, 201
- Prédio A Bairro Jardim Carvalho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul CEP 91.410-400 PARA
QUE DÊ CUMPRIMENTO A MEDIDA LIMINAR DEFERIDA NO PRAZO MÁXIMO DE 24
HORAS, APÓS A DECISÃO, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA DE R$ 1.200,00 (MIL E
DUZENTOS REAIS), em caso de descumprimento;
4. Seja determinada a citação da Fazenda Pública do Estado do Rio Grande
do Sul para, querendo, apresentar Contestação no prazo legal;
5. Em confirmação da antecipação da tutela concedida, seja julgada
PROCEDENTE A AÇÃO;
6. Declarando a inexistência de relação jurídica tributária que obrigue o
requerente a se sujeitar ao recolhimento do ICMS repassado pela CEEE em favor do Estado
do Rio Grande do Sul sobre as Tarifas de Uso de (TUSD e TUST) e demais componentes da
tarifa aplicada o requerente (independentemente da nomenclatura utilizada), lançadas nas
faturas de energia elétrica pela CEEE, limitando a incidência do ICMS, única e exclusivamente
à tarifa de energia elétrica (T.E.); ordenando, por consequência, à CEEE, que se abstenha de
efetuar o repasse, no preço, da exação declarada inválida;
7. Seja reconhecido o DIREITO DE REPETIÇÃO, por meio de restituição ou
compensação (o que melhor aprouver ao requerente), de todos os valores de ICMS
indevidamente suportados pelo requerente, que lhe foram repassados pela CEEE e
destacados nas faturas do requerente, sobre as Tarifas de Uso de Sistema e Encargos de
Conexão (independentemente da nomenclatura utilizada), corrigidos pela SELIC desde o
pagamento, e observado o prazo prescricional de 05 (cinco) anos (art. 168 do CTN);
8. Seja determinada a expedição do mandado de pagamento ao requerido no
valor devido do prazo quinquenal, acrescido de juros e correção monetária e RECONHECIDO
O DIREITO DE REPETIÇÃO a ser apurado o valor em momento da execução, sendo assim,
para efeitos de competência deste juizado especial o segue o valor da causa de XXXXXXX
9. A condenação do requerido ao pagamento de honorários advocatícios,
bem como ao ressarcimento das custas e despesas processuais incorridas pelo requerente.
10. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em
direito.
11. Que todas as publicações/intimações de todos os atos e termos do processo
à autora, sejam efetuadas na pessoa do seu procurador conforme art. 272 parágrafo 2º do
CPC, sob pena de nulidade.
VALOR DA CAUSA
Atribui-se à causa o valor XXXXXXXX

Nestes termos pede deferimento.

Porto Alegre/RS, 30 de novembro de 2021.

Evellyn Costa Pires


OAB/RS xxxxx

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