1. O Auto da Barca do Inferno é um auto de moralidade, em que é retratada a
sociedade na época de Gil Vicente e que vale também como uma advertência e uma edificação; indicando todos os pecados que a afastam da salvação. 2. O argumento da peça é o julgamento das almas humanas na hora da morte. Como lugar deste julgamento é escolhido um profundo braço de mar (a água como símbolo da passagem da vida para a morte e da purificação) onde estão dois arrais: um conduz a Barca da Glória (o Anjo), outro a Barca do Inferno (o Diabo). 3. O espaço cénico é um cais, onde se encontram duas barcas: uma com destino ao inferno, comandada pelo Diabo, e a outra, com destino ao paraíso, comandada pelo Anjo. 4. O Diabo e o Anjo simbolizam, respetivamente, a maldade e a bondade, o Inferno e o Paraíso, a condenação e a salvação. 5. Várias personagens são consideradas personagens-tipo porque são personagens que representam comportamentos e características físicas e psicológicas de uma classe ou de um grupo social. 6. Duas importantes classes sociais da época de Gil Vicente por ele criticadas são o clero (Frade Gabriel) e a nobreza (Fidalgo D. Anrique). 7. A função dos símbolos cénicos é representar os vícios e pecados das personagens, ajudando à sua caracterização. O Parvo não pecou e, por isso, não se faz acompanhar de quaisquer símbolos cénicos. 8. Gil Vicente aplica ao seu teatro a máxima “ridendo castigat mores" isto é, a rir castigam-se, corrigem-se os costumes, mostrando pelo riso, pelo registo cómico, os vícios, os defeitos, as falhas humanas. Os tipos de cómico presentes nesta peça são o cómico de carácter que resulta do temperamento das personagens: “Fidalgo: Parece-me isso cortiço...”, o cómico de linguagem que resulta da estrutura da frase e/ou das palavras escolhidas: “Onzeneiro: Aqueloutro marinheiro/ porque me vê vir sem nada/ dá-me tanta borregada/ como arrais lá do Barreiro.” e o cómico de situação que resulta do próprio enredo, das peripécias, dos acontecimentos ocorridos: “Onzeneiro: quero lá tornar ao mundo/ e trarei o meu dinheiro.” 9. O Auto da Barca do Inferno é uma sátira porque ridiculariza os vícios e os defeitos de uma época, e de pessoas, de forma mordaz e sarcástica. 10. O recurso expressivo utilizado é o eufemismo, utilizado para atenuar o destino da barca, o Inferno, não o referindo diretamente. 11 a. Um arcaísmo no primeiro verso é “Dix”. b. O processo fonológico que ocorreu na transformação de avantagem- vantagem é a aférese. Gramática: Substitui por um pronome pessoal o Complemento Direto presente na seguinte frase: O parvo alcançará a salvação, esperando no cais. R: O Parvo alcançá-la-á, esperando no cais. 1.1. Coloca a frase obtida na negativa. R: O Parvo nunca alcançá-la-á, esperando no cais.