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Ambiente

em Ação

CUIDAR DA
NATUREZA
RESPEITANDO
OS ORIXÁS
E ENTIDADES
Orientações para práticas
culturais/religiosas em unidades
de conservação e áreas
naturais protegidas por lei.
Bem vindo(a)!

O
comp onente ELOS DA DI V ER SIDA DE do
Programa Ambiente em Ação foi criado pela
Superintendência de Educação Ambiental da
Secretária de Estado do Ambiente, em parceria com a
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de
for t alecer o diálogo entre os saberes religiosos e o
conhecimento científico que, por caminhos e olhares
diferentes, cuidam e protegem a natureza. Como fruto desse
processo coletivo, estão sendo desenvolvidas políticas
públicas que respeitem e garantam a diversidade da vida e
das culturas em unidades de conser vação.

Entre outras ações realizadas, está essa car tilha que


busca contribuir para o conhecimento sobre o direito que
temos de utilizar os espaços públicos para praticarmos
nossos rituais e acerca da necessidade de preser varmos os
nossos Espaços Sagrados, como r ios, mat as, mares,
cachoeiras e encruzilhadas. Não temos, no entanto, o
objetivo de inter vir na maneira como cada pessoa cultua ou
homenageia seus Orixás, Caboclos, Preto-Velhos, Beijadas
e Exus, mas de auxiliar na conduta diante da natureza e
estimular cada praticante a se mobilizar para protegê-la
e para conquistar o direito de realizar suas práticas religiosas
em espaços preser vados pelo Estado brasileiro.

Boa leitura!
Saravá!
NOSSAS MATAS
SÃO SAGRADAS
Vivemos na Mata Atlântica, nome
dado a e s t e conjunto b elís simo de
florestas, rios, animais, vegetais e rochas
que formam a paisagem de nosso Estado e
de onde tiramos tudo o que precisamos
para sobreviver. Fruto de uma história de
500 anos de ocupação, pouco restou da
f lorest a. E para produzir mos o que
precisamos para nosso sustento e para
realizarmos nossos rituais é preciso saber
cuidar da natureza.

Nas folhas das matas está a cura para


vários tipos de doenças. Sem as matas
protegendo os nossos rios, as águas,
que também são sagradas e permitem a
vida, ficam ameaçadas e podem acabar.
As águas e as folhas estão presentes em
muitos r itos da Umbanda. A água é
criação e representa limpeza, pureza,
nutrição e cura, transparência e força.
As folhas são elementos de purificação,
energização e cura. Por tanto, precisamos
sempre proteger as águas e florestas, para
que não ofendamos Orixás e entidades.
Destruir a natureza é destruir a vida.
E não há sagrado sem vida!

SOBRE A GARANTIA
DOS NOSSOS DIREITOS
Temos o direito de realizar nossas
práticas na natureza. Cabe ao poder
público garantir nossos direitos e criar
espaços com p olít icas públicas que
assegurem locais limpos, acessíveis,
preser vados e protegidos.

A l i b e r d a d e r e l ig i o s a e s t á n a
Constituição Federal, que em seu art. 5o,
inciso VI, diz: “é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, proteção aos
locais de culto e suas liturgias”.
E o uso do fogo?
Outro elemento importante nas nossas práticas é o fogo,
contudo deve-se usá-lo com muito cuidado. Ao acender uma vela é
preciso ter certeza de que ela está cumprindo seu papel de nos
conectar ao nosso Santo ou Exu, e não colocando em risco as nossas
árvores e matas, trazendo com isso mais tristeza do que alegria para
essas entidades. Por isso, sugerimos que:

Antes de depositar sua oferenda na natureza, acenda as


velas no terreiro, se for necessário acender a vela próximo ao
local da oferenda, só poderá ocorrer em locais demarcados para
esse uso (velários).

A SIMPLICIDADE NAS OFERENDAS


E A INTEGRAÇÃO À NATUREZA
Ao presentear as ENTIDADES e os ORIXÁS, lembre que eles
são adeptos da simplicidade, comem no chão e que o axé está
presente nos alimentos e objetos ofertados. O luxo e o desperdício
não combinam com a tradição afro-brasileira.
”Agradeço a pai oxalá a oportunidade de ter
conhecido as matas dos Caboclos, os rios de mamãe
Oxum, o mar de mamãe Iemanjá e as pedreiras de
pai Xangô. Espero poder dar esta oportunidade
aos meus netos, bisnetos e tataranetos.”

(Pai Luiz - Associação Espírita Casa Pai


Joaquim da Angola e Vovó Cambina)

AUTORES

Aureanice de M. Corrêa (UERJ, organizadora); Carlos Frederico B. Loureiro


(UFRJ, organizador); Bianca S. Pires (SEA/RJ, organizadora); Maria das Graças
de O. Nascimento (Movimento Inter-Religioso – MIR); Luiz Carlos Coelho Sá –
Pai Luiz (Associação Espírita Casa Pai Joaquim da Angola e Vovó Cambina);
Cristina Carneiro (Ekedi da Associação Espírita Casa Pai Joaquim da Angola
e Vovó Cambina); Maria de Fátima da Rocha Damas - Mãe Fátima Damas
(Congregação Espírita de Umbanda do Brasil - CEUB).

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