Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
PÚBLICA
C ÁTIA R EGINA R AULINO
C AMILA P HILIPPI
R ODRIGO G ONÇALVES R IBEIRO
W ILLIAM M ELO
GESTÃO
PÚBLICA
CÁTIA REGINA RAULINO
CAMILA PHILIPPI
RODRIGO GONÇALVES RIBEIRO
WILLIAM MELO
União Educacional de Cascavel
Bons estudos!
Sumário
TEMA 1
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento............................................................. 9
1.1 O Estado e a Administração Pública moderna................................................................................10
1.2 A Constituição Federal e a Gestão Pública......................................................................................19
1.3 Os princípios orçamentários............................................................................................................29
1.4 As normas orçamentárias................................................................................................................39
1.4.1 A Lei de Responsabilidade Fiscal................................................................................................... 40
1.4.2 Plano Plurianual (PPA).................................................................................................................... 42
1.4.3 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)............................................................................................ 43
1.4.4 Lei Orçamentária Anual (LOA)........................................................................................................ 46
Em resumo........................................................................................................................................... 50
TEMA 2
As contas do setor público: contabilização, controle e prestação de contas................................... 51
2.1 A contabilização: reconhecimento, arrecadação, classificação e recolhimento...........................53
2.1.1 Elaboração e execução orçamentária anual................................................................................... 53
2.1.2 A classificação orçamentária e sua importância............................................................................. 57
2.1.3 A classificação orçamentária via despesa...................................................................................... 58
2.1.4 A classificação orçamentária via receita......................................................................................... 59
2.2 Os controles e a fiscalização orçamentária e financeira...............................................................62
2.2.1 A finalidade da gestão orçamentária.............................................................................................. 63
2.2.2 Lei nº 4.320/1964 e a LRF............................................................................................................. 64
2.2.3 A Constituição de 1988.................................................................................................................. 67
2.2.4 As regras e diretrizes orçamentárias.............................................................................................. 68
2.3 A Lei de Responsabilidade Fiscal: conceitos, equilíbrio das contas públicas
e a receita corrente líquida............................................................................................................... 72
2.3.1 O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal?..................................................................................... 72
2.3.2 Principais pontos e objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal..................................................... 74
2.3.3 O legado da Lei de Responsabilidade Fiscal................................................................................... 76
2.4 Tecnologia e inovação com o Governo eletrônico (e-Gov) e o Portal da Transparência...............82
2.4.1 O governo eletrônico...................................................................................................................... 82
2.4.2 Rede de sites do governo brasileiro............................................................................................... 85
2.4.3 Portal da Transparência................................................................................................................. 87
Em resumo........................................................................................................................................... 91
TEMA 3
Lei nº 4.320/1964 e o Projeto de Lei nº 135/1996............................................................................... 93
3.1 O Plano Plurianual (PPA)..................................................................................................................94
3.2 A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).......................................................................................102
3.3 A Lei Orçamentária Anual (LOA)....................................................................................................111
3.4 O Projeto de Lei nº 135/1996..........................................................................................................119
Em resumo......................................................................................................................................... 127
TEMA 4
Receitas, despesas e arrecadação................................................................................................... 129
4.1 As receitas públicas: conceitos e classificações..........................................................................130
4.1.1 Conceitos e definições de receitas públicas................................................................................. 130
4.1.2 Classificações da receita............................................................................................................. 133
4.2 As despesas públicas: conceitos e classificações.......................................................................141
4.3 As limitações das despesas com pessoal.....................................................................................149
4.3.1 Limitações em relação a despesas orçamentárias....................................................................... 150
4.3.2 Limitações em relação a despesas totais com pessoal................................................................. 151
4.3.3 Impactos sobre a medida de redução de gastos com pessoal da LRF........................................... 154
4.4 Regime de execução orçamentária das receitas públicas...........................................................158
4.4.1 Natureza da LRF.......................................................................................................................... 159
4.4.2 A contabilidade pública e a execução orçamentária/fiscal............................................................ 160
4.4.3 Controle da execução orçamentária............................................................................................. 163
Em resumo......................................................................................................................................... 168
9
tema
A Administração Pública:
1
conceitos e normas de orçamento
OBJETIVO
Construir conhecimento sobre as bases conceituais e
contextuais da Gestão Pública.
NOSSO TEMA
A Gestão Pública é um tema que jamais deixou de ser atual. A forma como a
coisa pública é administrada e conduzida é um assunto que não deixará de ser
importante, isso porque todos os cidadãos são fiscais da execução dos serviços
públicos, bem como da maneira como o dinheiro é utilizado.
Figura 1 – O Brasil
© rocharibeiro
Fonte: Shutterstock.
Hely Lopes Meirelles (1999, p. 219) define Administração Pública como: “[...] todo
o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando
à satisfação das necessidades coletivas”. De forma mais clara, podemos defini-la
como tudo aquilo que está contido na prestação de serviço do Estado, para que
possamos ter à nossa disposição serviços como saúde, educação e transporte.
É óbvio que nem todos os serviços públicos são oferecidos de forma direta, mas,
ainda, são de responsabilidade estatal. Assim, em diversas ocasiões, vamos nos
deparar com serviços oferecidos pela iniciativa privada, por meio de empresas
privatizadas, as quais são fiscalizadas pelo Estado. Para facilitar ainda mais a
compreensão, conceituamos Administração Pública como:
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento | TEMA 1 11
[...] São eles o Legislativo, que elabora leis; o Executivo, que atua na
execução de programas ou prestação de serviço público; e o Poder
Judiciário, que soluciona conflitos entre cidadãos, entidades e o Es-
tado (OLIVEIRA, 2014, p. 32).
A Constituição Federal (CF) de 1988, com vistas a evitar que um dos poderes
ultrapasse o limite do outro, estabeleceu a separação das funções dos poderes,
determinando a independência e harmonia entre eles.
Por outro lado, o Estado brasileiro também administra suas atividades por
meio da desconcentração, que é conceituada como a distribuição do serviço
dentro da mesma pessoa jurídica, no mesmo núcleo, razão pela qual há uma
transferência de funções na hierarquia da Gestão Pública. Dessa forma, a des-
concentração pode ser conceituada como o momento quando:
Administração
Pública
Privatização, Distribuição de
Administração Administração
Terceirização e funções entre
Direta Indireta
Concessões órgãos.
Tais divisões estão impostas pela Constituição Federal, ou seja, a própria lei
divide a Administração como direta e indireta. Dessa forma, a Administração
Pública pode ser direta quando se observa a composição dos entes federados
representados pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, ou indireta
quando se observa a composição por autarquias, fundações, sociedades de eco-
nomia mista e empresas públicas.
Fonte: Shutterstock.
A Administração Pública direta pode ser vista como a prestação dos serviços
públicos aos cidadãos, ofertada diretamente pelo próprio Estado e seus órgãos.
Por sua vez, possui personalidade jurídica própria, patrimônio e autonomia
administrativa, visto que seus orçamentos são subordinados às esferas das
quais fazem parte.
14 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
União
Estados membros
Direta
Distrito Federal
Municípios
Administração
Pública
Autarquias
Fundações Públicas
Indireta
Empresas Públicas
Sociedades de
Economia Mista
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Ou seja, são serviços que deveriam ser realizados pela Administração Pública,
mas que, por diversos motivos, acabam sendo repassados. Como exemplo,
podemos citar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), uma autarquia
que nasceu como pessoa jurídica criada pelo Estado para tratar das questões
relativas à previdência social.
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento | TEMA 1 15
[...] uma característica marcante das autarquias, que pode ser ex-
presso na ausência de qualquer controle hierárquico sob as mes-
mas, apenas com possibilidade de controle com relação à probidade
administrativa em geral e à consecução dos fins colimados (MEI-
RELLES, 1999, p. 327).
[...] a pessoa jurídica, constituída por algum ente estatal (União, Es-
tados ou Municípios), sob o regime de Sociedade Anônima, no qual
o governo é o principal acionista, e os particulares são sempre mino-
ritários. Desta maneira podemos dizer que existe uma parceria entre
o poder público e as empresas privadas (TORRES, 2012, p. 103).
Por outro lado, as empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado
administradas exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente esta-
tal, com a finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado. A
finalidade pode ser de atividade econômica ou de prestação de serviços públicos.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “AGU e a autonomia das agências reguladoras” de Alessandra
Ourique de Carvalho e Carolina Chobanian Adas.
REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito administrativo descomplicado. São
Paulo: Impetus, 2009.
Portanto, agora iremos iniciar nosso estudo constitucional, a partir dos princí-
pios constitucionais, ou seja, na origem da lei que regulamenta nosso Estado.
Segundo o artigo 37 da CF:
Para Denhardt (2012), todos nós devemos ter uma visão dos conhecimentos teó-
ricos, sob o olhar também da prática em diferentes realidades, ou seja, a teoria
deve vir em conjunto com a prática, tendo em vista que formam um conjunto na
ótica da Administração Pública.
20 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
• Legalidade
O princípio da legalidade está presente em toda e qualquer área do direito.
É um dos chamados princípios fundamentais do direito por ser respon-
sável por trazer uma garantia fundamental. É uma norma constitucional,
prevista no artigo 5º, inciso II, da CF, conforme se observa a seguir:
CF, Art. 5°- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
Ainda, destacamos que o inciso II, do referido artigo, dispõe que, no caso
específico da Administração Pública, os atos administrativos somente serão
praticados se a lei permitir. Da mesma forma, nada que for proibido ou não
permitido poderá ser feito pelos gestores públicos durante sua atuação.
Tal regra é uma espécie de garantia de que somente o previsto em lei será
feito pelo gestor público, o qual deverá seguir todas as normativas legais.
© niroworld
Fonte: Shutterstock.
• Impessoalidade
Na Administração Pública, o princípio da impessoalidade é muito
importante, afinal garante que os gestores executem suas atividades sem
beneficiarem a si mesmos ou a qualquer outra pessoa específica, levando
em consideração sempre o bem público, ou seja, o interesse da coletividade.
• Moralidade
O princípio da moralidade é responsável por nortear as ações do administra-
dor, o qual deverá agir dentro dos padrões éticos. Quando falamos em ética
e moral, estamos falando de conceitos que poderiam ser subjetivos e abs-
tratos. Esse princípio impõe ao administrador público que um ato deve ser
legal, mas também moralmente aceitável, visto que deve obedecer à ética, à
honestidade, e principalmente à boa-fé. Nesse sentido, Oliveira (2012, p. 39)
ensina que a Gestão Pública “[...] não dispense os preceitos éticos que devem
estar presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os critérios de con-
veniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o
que é honesto do que é desonesto”.
© Mahesh Patil
Fonte: Shutterstock.
• Publicidade
O princípio da publicidade pode ser definido como o ato de tornar público
os atos realizados pela Administração Pública. Tal princípio basilar será
encontrado em absolutamente todas as áreas do Direito, não sendo res-
trito à conduta dos agentes públicos. Isso porque todos os atos são públi-
cos, seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário, exceto os que envolvem
segredo de justiça.
Todo ato administrativo deve ser público, salvo em casos que seja legal-
mente necessário o sigilo. Esse princípio indica que aos atos do gestor
público seja, em regra geral, dada a devida divulgação, para que os inte-
ressados tenham ciência e, se for o caso, possam impugná-los.
• Eficiência
O princípio da eficiência norteia a atuação de todo e qualquer agente
público. Esse princípio foi incluído no ordenamento jurídico, no artigo 37
da CF, após a constatação de que o Estado tinha muita dificuldade em
prestar serviços de qualidade e com a rapidez necessária.
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento | TEMA 1 25
Isso quer dizer que a Administração Pública deverá executar seus serviços
tentando sempre diminuir a burocracia, buscar o bem público acima de
tudo, ser rápida na execução de suas atividades e sempre oferecer serviços
de qualidade à população.
© BillionPhotos
Fonte: Shutterstock.
I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
Essas três normas são responsáveis por limitar a atuação do gestor público no
que se refere ao orçamento público, seu planejamento e sua execução, sendo
que serão sempre criadas com base em todos os princípios constitucionais estu-
dados, os quais são determinantes para garantir que a Administração Pública
atue dentro dos parâmetros corretos, buscando o bem coletivo.
Ademais, o artigo 165 prevê outras limitações dentro das normas orçamentá-
rias, como, por exemplo, em seu parágrafo 9º, o qual fala que:
I – relativa a:
[...]
© hin255
Fonte: Shutterstock.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Princípios Constitucionais do Direito Administrativo”, de Ma-
ria Bernadete Miranda.
Esse texto é importante para que você realmente compreenda como cada
um dos princípios protege e delimita a atuação da administração pública,
garantindo a chamada segurança jurídica tão importante para a sociedade.
REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito administrativo descomplicado. São
Paulo: Impetus, 2009.
Nesse sentido, Castro e Castro (2014) afirmam que a nova gestão orçamentária
pública utilizou um processo de alocação de recursos integrado, no qual fazem
parte os princípios e leis, e que contemplam as atividades de planejamento e
orçamento do Estado.
Para que o Poder Executivo possa executar os valores contidos nas Leis
Orçamentárias, os projetos de lei são apreciados pelo Congresso. Esse controle
parlamentar sobre o Poder Executivo garante a limitação da atuação dos gesto-
res públicos, quando se trata de questões orçamentárias. Para isso, os princí-
pios constitucionais garantem:
• Anualidade
O princípio da anualidade traz a regulamentação de que os orçamentos
tenham vigência pelo prazo mínimo de um ano.
Figura 1 – O calendário
© Brian A Jackson
Fonte: Shutterstock.
• Clareza
O princípio da clareza é muito importante, pois normatiza que o orça-
mento deve ser muito claro e de fácil compreensão, para proporcionar que
qualquer cidadão, com qualquer grau de instrução, consiga compreender
seu conteúdo.
• Especificação ou discriminação
Esse princípio é responsável por impedir a ocorrência de autorizações
genéricas que deem ao Executivo flexibilidade exagerada e total arbítrio
na programação das despesas, obrigando, portanto, que elas sejam devi-
damente discriminadas ou especificadas.
[...]
Assim será possível saber a origem de cada recurso, bem como sua aplica-
ção exata, sem que existam brechas para a utilização indiscriminada. Não
haverá surpresas com quaisquer gastos que não eram imaginados.
• Exclusividade
O princípio da exclusividade é um princípio existente desde o orçamento
clássico e prevê que a lei orçamentária não conterá matéria estranha à
previsão da receita e à fixação da despesa. Localiza-se dentro da própria
CF, especificamente em seu artigo 165, parágrafo 8º. Vejamos:
Para que a fixação desse princípio fique mais fácil, vamos analisar a Figura
2 a seguir.
32 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Figura 2 – A exclusividade
[...]
Fonte: Shutterstock.
• Unidade
O princípio da unidade é extremamente simples de ser entendido, porque
ele dispõe, basicamente, que o orçamento é uno, ou seja, somente haverá
um orçamento para cada ente ou unidade orçamentária durante sua res-
pectiva vigência. Está disposto no artigo 2º da Lei nº 4.320/1964, bem
como no artigo 165, parágrafo 5º, da CF.
34 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
• Universalidade
O princípio da universalidade é considerado um princípio clássico, já que
determina que todas as receitas e todas as despesas deverão ser incluídas
na lei orçamentária, ou seja, aquilo que não foi previsto não será executado.
Está disposto na Lei nº 4.320/1964, conforme observaremos a seguir:
• Equilíbrio
O princípio do equilíbrio é um dos mais importantes, pois garante que o
dinheiro público seja aplicado com cautela e com o devido cuidado.
Figura 4 – O equilíbrio
© AnatoliStyf
Fonte: Shutterstock.
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento | TEMA 1 35
• Exatidão
O princípio da exatidão é de simples entendimento, pois, basicamente,
regulamenta que as previsões devem ser mais exatas possíveis dentro do
orçamento.
• Flexibilidade
Trata-se de um princípio que prevê a necessidade de atribuir certo grau de
flexibilidade caso ocorram contingências operacionais ou disponibilidade
de novos recursos sempre que falarmos de orçamento, ou seja, ele não
poderá ser totalmente rígido. Podemos encontrar o princípio da flexibili-
dade no artigo 7º da Lei nº 4.320/1964.
[...]
Isso significa dizer que a lei orçamentária poderá ser flexibilizada quando
for necessária a abertura de créditos suplementares ou a contratação de
operações de crédito.
36 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
• Programação
No Brasil, esse princípio se acha explicitado nas normas do Decreto-Lei nº
200/1967, sobretudo nos artigos 16 a 18, em que encontramos menção ao
chamado orçamento-programa.
• Regionalização
Esse princípio é responsável por garantir que o orçamento público tenha
uma programação regionalizada, usando a melhor especificação possível da
base territorial. Está disposto no artigo 165, parágrafo 7º, da CF, que dispõe:
• Orçamento bruto
Esse princípio é conhecido como a extensão do princípio da universali-
dade, pois é por meio de ambos que se busca a transparência e a exatidão
nos valores orçamentários. Ele garante que todas as parcelas de receitas e
despesas deverão apresentar seus valores brutos, sem dedução. Está dis-
posto no artigo 6º, da Lei nº 4.320/1964.
Fonte: Shutterstock.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Contabilidade pública e princípios orçamentários”, de Silva-
na Duarte dos Santos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em:
07 mar. 2017.
PPA
LDO
LOA
Vamos iniciar nosso estudo com a previsão trazida pelo artigo 24, inciso II, da
CF, que fala sobre a competência da União, dos Estados e do Distrito Federal,
em legislar sobre o orçamento.
Sobre as normas orçamentárias, faz-se necessário iniciar seu estudo pelo artigo
165 da CF, em que encontramos a seguinte previsão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
Fonte: Shutterstock.
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento | TEMA 1 41
A referida lei traz como premissa básica a necessidade de vinculação entre pla-
nejamento e gasto público, ocasionando uma atenção especial aos planos plu-
rianuais, leis de diretrizes orçamentárias e leis de orçamento anual.
A inovação é descrita por Catapan, Bernardoni e Cruz (2013), que afirmam que
o planejamento é o ponto inicial da LRF, tendo em vista que, por meio dele, são
estabelecidos os regulamentos acerca da gestão fiscal, determinando novas e
fundamentais funções para o LDO e a LOA, dentre eles incluem a participação
popular em audiências públicas, como forma de aproximação da sociedade e da
Administração Pública. É importante lembrar que a LRF trabalha em conjunto
com a Lei nº 4.320/1964, dando um caráter mais gerencial às questões por elas
tratadas, pois coloca limites para que despesas e receitas sejam administradas
com responsabilidade e, portanto, estejam dentro da legalidade orçamentária.
A LRF determina que deverá ser alcançado o equilíbrio das contas primárias, o
qual busca a sustentabilidade das contas públicas, alcançando o resultado que
deveria ser regra: não gastar mais do que se arrecada.
Nos Estados, a LRF traz como limite de gastos com pessoal 60% da
receita corrente líquida, sendo que serão divididos da seguinte forma:
3% para o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas, 6%
para o Poder Judiciário, 2% para o Ministério Público e 49% para as
demais despesas de pessoal do Poder Executivo.
A LRF é a principal fonte normativa dos gestores e seu objetivo é que estes con-
sigam compreender quais são as suas limitações no que se refere à aplicação das
despesas e às previsões de receitas.
De acordo com o artigo 165, parágrafo 1º, da CF, a lei que institui o PPA deve
estabelecer “[...] de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal, para as despesas de capital e outras delas decor-
rentes e para as relativas aos programas de duração continuada”.
A Administração Pública: conceitos e normas de orçamento | TEMA 1 43
Planos nacionais,
Plano plurianual - PPA
regionais e setoriais
Dessa forma, o PPA é a base para a elaboração da LDO e da LOA, já que conterá
todos os programas de governo e ações prioritárias. Com base no PPA, se pro-
põe um plano para os próximos quatro anos, e por sua vez, a LDO, estabelece as
metas e prioridades para o próximo exercício, no qual se elabora a LOA.
[...]
Nesse sentido, mais uma vez é importante ressaltar que, baseando-se nas deli-
mitações constitucionais, bem como na LRF, cada ente elaborará sua própria
LDO, com suas respectivas previsões legais.
De forma simplificada, podemos dizer que a LDO tem por finalidade fazer a
conexão entre o planejamento de longo prazo, ou seja, do PPA, e as ações políti-
cas e necessárias no dia a dia, as quais serão concretizadas pela LOA.
[...]
LRF, Art. 4º
[...]
O dispositivo legal demonstra que, junto com a LDO, está o Anexo de Metas
Fiscais, em que são encontradas todas as metas anuais, além da avaliação do
cumprimento das metas do ano anterior. Por fim, ele deve conter, também, a ava-
liação da situação financeira do ente, da previdência e da renúncia de receitas.
A LDO deverá, ainda, possuir um anexo com os riscos fiscais, documento obri-
gatório que demonstrará todos os riscos financeiros previstos para o período.
Figura 4 – Financeiro
© WaelKhalillalfuzai
Fonte: Shutterstock.
46 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
A LDO é o elo entre o PPA e a LOA, por isso sua importância no processo orça-
mentário como um todo. Será por meio da LDO que a LOA, que veremos a
seguir, encontrará as diretrizes para aquilo que deverá prever.
[...]
Com base nessas determinações, bem como pela observância das normas da
Lei nº 4.320/1964, os entes elaborarão sua LOA com previsões sobre sua forma
e conteúdo.
O Projeto de Lei da LOA deve ser composto com os requisitos previstos pelo
artigo 22 da Lei nº 4.320/1964:
[...]
· Objetivos
PPA · Indicadores e Metas
· Despesas de Capital e do custeio
(Quadrienal) derivadas
· Despesas Continuadas
PROGRAMAS
· Diretrizes e Prioridades
· Anexo Metas Fiscais
LDO · Anexo de Riscos Fiscais
(Anual) · Reserva de Contingência
· Critérios para Limitação de Empenhos e
para apresentar Emendas Parlamentares
· Detalhamento da Receita
LOA · Detalhamento da Despesa
· Créditos suplementares por decreto
(Anual)
· Referência para o cronograma mensal do
desembolso e previsão bimestral da receita
Pode-se dizer que o PPA faz parte da LDO e da LOA, uma vez que as leis se entre-
laçam, ou seja, a LDO e a LOA estão baseadas no PPA, porém cada uma delas
possui o seu alcance e objetivos. É por meio dessas normas de planejamento e
execução orçamentária que todo o processo orçamentário será realizado.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Planejamento orçamentário no Brasil”, de Deivy Tadashi Ka-
wasaki.
A leitura desse texto é muito importante para que você possa compreender
que as peças de planejamento são instrumentos vitais para o funciona-
mento da democracia, mas dependem, sobretudo, de participação ativa da
sociedade para o sucesso dos programas de governo e da cidadania.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em:
07 mar. 2017.
Em resumo
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
• a LDO e a LOA terão vigência de um ano, sendo que a LOA terá vigência exata
de um exercício;
• a LDO é o elo entre o PPA e a LOA, por isso sua importância no processo or-
çamentário como um todo.
NOSSO TEMA
O orçamento público é atualmente um importante instrumento da Gestão
Pública, além de ser um dos mais antigos. Particularmente, essa ferramenta de
conhecimento é utilizada para organizar as entradas (inputs) e saídas (outputs)
de recursos financeiros. A finalidade de qualquer peça orçamentária é possibi-
litar aos gestores públicos o controle e a estimativa de receitas e despesas.
Toda sua concepção está balizada no artigo 2º da Lei nº 4.320/1964, que nos
diz que o orçamento deve conter a discriminação da receita e da despesa, evi-
denciando sua vertente programática, econômica e financeira, obedecendo, por
sua vez, os princípios da unidade, universalidades e anualidade.
© nito
Fonte: Shutterstock.
Cálculo NFCG
Previsão de Determinação dos
Meta fiscal
receitas limites para despesas
discricionárias
Valores para
despesas
obrigatórias
Alterações
orçamentárias
(Créditos)
A previsão das receitas são cálculos que levam em conta variáveis como:
preços administrados, renda e legislação orçamentária, o que possibilita ao
ordenador de despesa e ao gestor público a realização de um planejamento
financeiro aderente às possibilidades de gastos que serão realizados.
Todas as despesas que o Estado não pode deixar de realizar, tais como: trans-
ferências constitucionais, Fundos de Participação de Estados (FPE), Fundos
de Participação de Munícipios (FPM), despesas com pessoal, entre outras, são
conhecidas como despesas obrigatórias.
Código Especificação
1000.00.00 Receitas Correntes
1100.00.00 Receita Tributária
1110.00.00 Impostos
1111.00.00 Impostos sobre o Comércio Exterior
1111.01.00 Imposto sobre a Importação
1111.02.00 Imposto sobre a Exportação
1112.00.00 Impostos sobre o Patrimônio e a Renda
1112.01.00 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
1112.01.01 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Municípios Conveniados)
1112.01.02 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Municípios Não Conveniados)
1112.04.00 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza
1112.04.10 Pessoas Físicas
1112.04.11 Receita de Parcelamentos (Imposto sobre a Renda / Pessoas Físicas)
1112.04.21 Pessoa Jurídica Líquida de Incentivos
Fonte: ENAP (2013).
60 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Reforma gerencial dos processos de planejamento e orça-
mento”, de Fabiano Garcia Core.
Esse artigo é muito importante, pois mostra a evolução da reforma fiscal e or-
çamentária em nosso país, bem como seus respectivos antecedentes, demons-
trando a relevância da adoção das atuais medidas como forma de conter os
abusos dos gastos públicos, principalmente por parte de Estados e Munícipios.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 16 fev. 2017.
© TonSnoie
Fonte: Shutterstock.
Doações e
Contribuições Recursos Empréstimos
Sociais Fiscais Internacionais
Fonte de Captação
de Recursos
PPA LDO
Fiscalização
LOA
RECEITAS CORRENTES
• RECEITA TRIBUTÁRIA
• Impostos
• Taxas
• Contribuições de Melhoria
• RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES
• RECEITA PATRIMONIAL
• RECEITA AGROPECUÁRIA
• RECEITA INDUSTRIAL
• RECEITA DE SERVIÇOS
• TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
• OUTRAS RECEITAS CORRENTES
RECEITAS DE CAPITAL
• OPERAÇÕES DE CRÉDITO
• ALIENAÇÃO DE BENS
• AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
• TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
• OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
Fonte: Adaptado de Brasil (1982).
66 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Cabe ressaltar que essas três leis ajudaram a identificar quais os controles uti-
lizados pela Administração Pública na execução e planejamento orçamentário,
sendo, também, muito aderentes às medidas orientadoras da LRF, quando da
sua publicação no ano de 2000.
É nesse sentido que o orçamento deve ser um instrumento por meio do qual as
escolhas públicas devem ser feitas, cabendo à execução orçamentária assegurar
sua implementação e incentivar a aplicação das regras e diretrizes orçamen-
tárias para todos os entes federativos, uma vez que são comuns para todos os
entes públicos.
Tradicionais
• Anualidade
• Clareza
• Equilíbrio
• Especificação ou discriminação
• Exclusividade
• Não vinculação
• Unidade
• Universalidade
• Exatidão
• Flexibilidade
• Programação
• Regionalização
• Orçamento bruto
Modernos
• Simplificação
• Descentralização
• Responsabilização
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
Ainda, o princípio da clareza prevê que o orçamento deve ser claro e inte-
ligível a qualquer indivíduo. Já o princípio do equilíbrio estabelece que é
necessário existir equilíbrio entre receitas e despesas, sendo fundamental para
o monitoramento da execução orçamentária.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia a cartilha “Entendendo o orçamento”, elaborada pela Consultoria de
Orçamento e Fiscalização Financeira (CONOF).
Disponível:<http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamento-
brasil/entenda/cartilha/cartilha.pdf>.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Câmara dos Deputados. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira
(CONOF). Entendendo o orçamento. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/ati-
vidade-legislativa/orcamentobrasil/entenda/cartilha/cartilha.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017.
A execução dessa lei tem como pressuposto ser um código de conduta e procedi-
mentos para os administradores públicos do sistema federativo, valendo como
parâmetro de atuação orçamentária para os três poderes (Executivo, Legislativo
e Judiciário) no que se refere aos governos municipais, estaduais e federal.
Dessa forma, verifica-se que a LRF tem como finalidade básica controlar os
custos envolvidos, estabelecendo por sua vez, a relação entre o programado e o
executado.
Receita
A LRF passou a estabelecer o limite de 50% da Receita Corrente Líquida Corrente
(RCL) relativo às despesas de pessoal, para a União, e de 60% para os Estados e Líquida
Municípios. A RCL é definida como receita corrente deduzida a despesa da Receita Corrente
Líquida é um
União, das transferências constitucionais e das contribuições do INSS e PIS/ somatório de
tributos que
PASEP. Nos Estados e Municípios, deduz-se a contribuição dos servidores para um governo
o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas prove- pode adquirir,
referem-se a
nientes da compensação financeira do INSS (KHAIR, 2015). contribuições
patrimoniais,
industriais,
Figura 1 – A importância dos limites de despesas após a LRF agropecuárias
e de serviços,
deduzindo-se
os valores de
transferências
constitucionais.
© Nadir Gafarov
Fonte: Shutterstock.
74 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
A LRF contribui para que a economia brasileira retome uma trajetória de cres-
cimento, que, embora exiba índices de expansão econômica inferiores aos
registrados pelos demais países emergentes, apoia-se em uma situação fiscal
mais sólida e em um sistema financeiro que goza de boa saúde, ao mesmo tempo
em que as disparidades sociais diminuem e o regime democrático se aperfei-
çoa. Assim, a LRF apresenta inúmeros novos objetivos e importantes pontos de
avanços para a realidade fiscal brasileira.
Além disso, com a LRF, o gestor público passou a ter de se enquadrar aos limi-
tes de gastos, podendo, em até oito meses, se regularizar nos limites impostos,
pois, caso contrário, sofre penalidades ou, até mesmo, o impedimento de exer-
cer seu cargo.
Como o pressuposto básico da LRF é o controle das receitas e das despesas, pri-
vilegiando, assim, o superávit, ela estabelece a necessidade de metas fiscais
trienais.
Tais metas visam orientar os gastos públicos, servindo como medidas rígidas
contrárias às práticas de improbidade administrativa, malversação do erário
público e ineficiência dos gastos.
• a proibição para o gestor público de realizar novas despesas que não pos-
sam ser pagas no mesmo ano de vigência. Ou seja, qualquer despesa só
pode ser transferida para o próximo ano de governo caso o gestor tenha
recurso em caixa;
76 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Gastos com
pessoal
Por mais que os avanços com a LRF sejam importantes, é bom lembrar que uma
boa gestão fiscal não se confunde com uma boa Gestão Pública. A contribuição da
LRF para a gestão fiscal constitui um inegável avanço, que deve ser preservado.
Por sua vez, Dias Filho (2003) afirma, ainda, que se a referida lei é um avanço
para a questão fiscal do país, por outro lado, a sua realização e seu equaciona-
mento dependem fortemente da mobilização de recursos humanos mais capaci-
tados e recursos tecnológicos, os quais ajudariam no processo de transparência
e recursos financeiros para sanar o problema de recursos escassos que impe-
dem a realização de políticas e programas de médio e longo prazo.
Lei de
Plano Lei
Diretrizes
Plurianual Orçamentária
Orçamentárias
(PPA) Anual (LOA)
(LDO)
Constituição Federal
Sobre a busca pelo bem público, Castro e Castro (2014) afirmam que a LRF
inseriu o planejamento e controle de forma mais rígida e responsável à conta-
bilidade pública, tendo em vista que possibilitou ao gestor público utilizar um
instrumento legal de gestão de finanças públicas para controlar o Estado.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “A reforma gerencial do Estado de 1995”, de Luís Carlos Bres-
ser- Pereira.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras pro-
vidências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.
htm>. Acesso em: 20 dez. 2016.
COSTA, F. L. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200
anos de reformas. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n.
5, p. 829-74, set./out. 2008. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rap/v42n5/
a03v42n5.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017.
Além disso, Ruediger (2002) destaca que o e-Gov pode ser um agente causador
de boas práticas de governança e gerar importantes mudanças estruturais na
Administração Pública. Nesse sentido, o referido sistema pode proporcionar
maior eficiência e transparência para as ações do Estado e ser um ambiente de
maior participação, favorecendo por sua vez a democracia digital.
Fonte: Shutterstock.
84 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
TELECENTROS
Softwares Dados
livres abertos
Plataforma Infraestrutura
de Gestão de da navegação
Indicadores brasileira
Compras
Governamentais
Contratações
Portal de Públicas
Convênios Sustentáveis
Por fim, vejamos os sites que apresentam informações restritas e que compõem
a rede e-Gov.
Nesse sentido, verifica-se que os sites que compõem o e-Gov estão basicamente
relacionados a ações de administração de recursos de tecnologia da informação
e de inovação e trabalho, tendo por objetivo manter e desenvolver novas ferra-
mentas tecnológicas em prol da democracia digital.
2.4.3 Portal da Transparência
O Portal da Transparência (transparencia.gov.br) é uma iniciativa da
Controladoria-Geral da União (CGU), lançado em 2004, e propicia à sociedade
civil maior acesso a informações a respeito da Gestão Pública. Cabe ressaltar
que esse portal foi criado com o objetivo de auxiliar Estados e Municípios na
implementação de medidas transparentes de governo. Algumas dessas medidas
podem ser observadas na Figura 4 a seguir.
88 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Despesas
Beneficiados
Receitas
L10.559/02
Imóveis Convênios
Funcionais
Empresas
Servidores
Sancionadas
Entidades Empresas
Impedidas Punidas
Ou seja, tais considerações realizadas são necessárias, pois esses novos pressu-
postos, ao invés de trazerem melhorias, maior controle e ação efetiva da popu-
lação em relação a seus governantes, podem levar uma massa de pessoas, que
já são privadas de muitos direitos, a terem um novo tipo de restrição: aquele
relacionado à inserção digital.
Assim, essa participação virtual poderia atender, por sua vez, apenas uma
pequena parte da população, que é privilegiada por ter uma educação de quali-
dade e por dominarem o conhecimento da informática.
90 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Governo eletrônico e democracia: uma análise preliminar dos
impactos e potencialidades na Gestão Pública”, de Marco Aurélio Ruediger.
A leitura do texto é muito importante, pois ele é uma das principais refe-
rências sobre e-Gov no contexto nacional, apresentando características e
potencialidades do governo eletrônico no Brasil.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Histórico – Governo Eletrônico. 2016. Disponível em: <http://www.gover-
noeletronico.gov.br/sobre-o-programa/historico>. Acesso em: 25 out. 2016.
Em resumo
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
Lei nº 4.320/1964 e o
3
Projeto de Lei nº 135/1996
OBJETIVO
Conhecer todas as normas do sistema orçamentário
brasileiro e sua aplicação prática.
NOSSO TEMA
O Brasil possui seu planejamento e sua gestão orçamentária bem definidos há
alguns anos. O chamado planejamento orçamentário é a técnica utilizada na
elaboração, execução e controle orçamentário em nosso país.
ég ico
t rat
Es
o
tic
Tá
al
on
er aci
Op
Figura 2 – Os objetivos
© VectorForever
Fonte: Shutterstock.
Após essas definições, inicia-se a fase operacional, a qual tem muita impor-
tância para que se tenha eficiência na execução, de forma a buscar a otimização
na aplicação dos recursos e fiscalização em prazos mais curtos. Como planos
mais específicos, torna-se visível o atingimento dos objetivos traçados nos pla-
nejamentos a nível estratégico e tático.
Sendo assim, podemos afirmar que cada ente deve trazer suas previsões
individuais sobre a elaboração e o conteúdo desse plano, com base na CF e
na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ou seja, a União, os Estados e os
Municípios terão seu PPA elaborado conforme a previsão dos chefes de cada
nível governamental.
© niroworld
Fonte: Shutterstock.
Quando a lei fala sobre a elaboração do PPA, é importante ressaltar que isso não
se trata apenas de ações para execução em um período, mas sim de instituir um
plano de ação que discrimine os objetivos de governo, estabeleça as ações prio-
ritárias a serem executadas nos programas e defina as fontes de financiamento
e como serão avaliados, geridos e revistos esses programas.
ESTRATÉGICA:
Contém a análise do estado social e da situação econômica em que o país
se encontra. Logo em seguida, prevê as diretrizes e os objetivos, as
prioridades por setor governamental, as estimativas de recursos por setor
e quais serão os objetivos dos órgãos de governo responsáveis por cada
um dos setores.
PROGRAMAS:
Traz quais são os problemas que aquele governo deseja tratar, quais os
objetivos deseja alcançar para isso e quais as ações deverão ser tomadas
para que cada um dos objetivos seja alcançado. Responsável, também,
por prever os chamados programas finalísticos, que são os que atenderão
diretamente as demandas da sociedade, cada um com sua respectiva
meta e forma de controle.
Ademais, o PPA precisa trazer a correta definição dos atributos de cada pro-
grama, ou seja, qual o problema, qual o objetivo, quem é seu público-alvo, qual
a estratégia a ser tomada para sua execução e quais são os indicadores que
serão utilizados para medir a eficiência e a eficácia do programa em si.
Para que a Administração Pública seja capaz de honrar suas despesas, deve
haver um planejamento amplo, de receitas e despesas, no qual devem cons-
tar no Plano Plurianual, para que aja previsão orçamentária de médio a longo
prazo. Dessa forma, o Projeto de Lei que contém o PPA para os quatro anos
seguintes será elaborado pelo chefe do poder e enviado ao Congresso, sempre
no máximo até 31 de agosto do primeiro ano de governo, mas ele só começa a
valer no ano seguinte, após devidamente votado e aprovado. O projeto de PPA
é, portanto, encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso, onde será apre-
Lei nº 4.320/1964 e o Projeto de Lei nº 135/1996 | TEMA 3 99
Após aprovado o PPA e iniciada sua execução, será necessário que exista um
controle, o qual tem previsão no artigo 74 da CF:
100 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia a cartilha ”Entenda o orçamento”, elaborado pela Consultoria de Orça-
mento e Fiscalização Financeira (CONOF), da Câmara dos Deputados.
O texto é muito importante para você, como cidadão, pois ele explica deta-
lhadamente o processo de criação do orçamento, bem como as formas de
participação da população.
REFERENCIAS
ALBUQUERQUE, C.; MEDEIROS, M.; FEIJÓ, P. H. Gestão de finanças públicas:
fundamentos e práticas de planejamento, orçamento e administração financeira com
responsabilidade fiscal. Brasília: Edição dos Autores 2008.
Figura 1 – O orçamento
© Andrey_Popov
Fonte: Shutterstock.
A LDO está prevista na CF entre os artigos 165 e 169 que definem a interdepen-
dência em relação ao PPA e a LOA, a compatibilidade entre receitas e despesas
e a razoabilidade das decisões (BRASIL, 1988).
Faz-se mister destacar que a LRF, em seu artigo 4º, obriga que, junto com a
LDO, deverão estar presentes alguns anexos obrigatórios. O Anexo de Metas
Fiscais deve conter metas anuais, bem como seu cumprimento, demonstrativo
– de acordo com metodologia anteriormente estabelecida – avaliação e justifi-
cativa, que devem estar alinhados com a política econômica nacional. Devem
ser apresentados os resultados dos três exercícios anteriores, no sentido de sub-
sidiar o exercício a que se refere a LDO e os dois próximos (BRASIL, 2000).
A LDO serve como instrumento responsável pelo ajuste que ocorrerá todos os
anos das metas colocadas pelo PPA. Algumas de suas previsões são: reajuste
do salário mínimo, quanto deve ser o superávit primário do Governo em cada
ano e ajustes nas cobranças de tributos ou de regimes tributários. Ainda é sua
responsabilidade a definição da política de investimento das agências oficiais
de fomento, como o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
Elaboração
Análise
Votação
Execução/Controle
Aprovação da execução
E para que o projeto de lei da LDO seja apreciado, torna-se necessário que sejam
observados leis e decretos que regem a sua elaboração, tramitação e acompa-
nhamento da execução. Dentre as leis que servem como base legal para a LDO,
as principais são: a CF, a Lei nº 4.320/1964, que formula normas para elabora-
ção e controle dos orçamentos nas três esferas, o Decreto-lei nº 200/1967, que
dispõe sobre a organização da Administração Federal e sua reforma, a LRF, que
estabelece normas para a gestão das finanças públicas e a Lei nº 10.180/2001,
que trata dos Sistemas de Planejamento e Orçamento.
106 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
A LDO, assim como o PPA e a LOA, possui grande importância, uma vez que
as leis orçamentárias determinam e autorizam o gasto público, bem como a
arrecadação de receitas, tais como os impostos e taxas. Dessa forma, pode-se
afirmar que as três normas balizam todo o processo orçamentário brasileiro. E
para que sejam aplicadas em harmonia, pode-se verificar uma hierarquia das
leis orçamentárias:
Fonte: Shutterstock.
É importante lembrar que os gastos com pessoal são legalmente limitados para
que exista alguma segurança nas previsões orçamentárias, porém, a falta de seu
devido planejamento pode resultar em liberação de recursos ou no impedimento
do Estado de investir e prestar novos serviços por incapacidade financeira.
ao Consumidor (INPC) e o resultado do PIB dos dois anos anteriores, para que
o reajuste tenha alinhamento com o índice inflacionário (o que impacta direta-
mente o poder de compra e endividamento da população, quando o reajuste do
salário não supre a subida média de preços de bens e serviços).
Com o advento da LRF, a LDO recebeu novas atribuições. Entre elas, estão: res-
ponsabilidade de dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas, critérios e
formas de limitação de empenho, condições e exigências para transferências de
recursos a entidades públicas e privadas etc.
Quando falamos em LRF, outra importante e didática previsão dela está nos
conceitos básicos ligados à LDO e que serão encontrados em seu conteúdo.
Concluímos, então, que a LDO é uma importante norma para a definição das
metas, criada a partir das delimitações do PPA e que baseará a LOA. Isso nos
permite notar de forma clara a interdependência entre as três normas (PPA,
LDO e LOA), que se complementarão e delimitarão.
Pode-se dizer que a LDO funciona como um ajuste anual das metas estabeleci-
das pelo PPA, ao passo que o PPA é um documento de estratégia, no qual auto-
riza a delimitação determinada pela LDO, autorizando o que é possível realizar
no ano seguinte, na LOA.
© TairA
Fonte: Shutterstock.
Fonseca (2003) lembra, também, que a CF define o controle social como fundamen-
tal para a construção de uma sociedade solidamente democrática, já que a defini-
ção do Orçamento está pautada nos anseios e interesses sociais. Conjuntamente
com o Tribunal de Contas, ente responsável pela verificação da aplicação de recur-
sos públicos, a população pode, por meio de audiências, expressar suas demandas
e preocupações, o que legitima as decisões e a soberania popular.
Lei nº 4.320/1964 e o Projeto de Lei nº 135/1996 | TEMA 3 109
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Das controvérsias doutrinárias quanto à natureza das leis
orçamentárias e suas implicações jurídicas na discussão acerca do modelo
impositivo de orçamento”, de Francisco Gilney Bezerra de Carvalho Ferreira.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Câmara dos Deputados. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira
(CONOF). Entenda o orçamento, s/d. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/
atividade-legislativa/orcamentobrasil/entenda/cartilha/cartilha.pdf>. Acesso em: 14
fev. 2017.
_____. Senado Federal. Valor do salário mínimo será de R$ 979,00 em 2018. Senado
Notícias, 10 abr. 2017. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/
audios/2017/04/valor-do-salario-minimo-sera-de-r-979-00-em-2018>. Acesso em:
25 abr. 2017.
SIMÃO, E. et al. Proposta da LDO 2018 prevê salário mínimo de R$ 979. Valor
Econômico, 07 abr. 2017. Disponível em: <http://www.valor.com.br/brasil/4931618/
proposta-da-ldo-2018-preve-salario-minimo-de-r-979>. Acesso em: 25 abr. 2017.
Lei nº 4.320/1964 e o Projeto de Lei nº 135/1996 | TEMA 3 111
É exatamente para evitar que tudo isso ocorra que o processo de elaboração da
LOA conta com participação popular, para que todos consigam ver seus direitos
atendidos, por exemplo, como cidadãos de um bairro que pedem por um posto
de saúde ou pela construção de uma escola ou creche etc.
Fonte: Shutterstock.
112 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
A LOA estima todas as receitas para o próximo exercício, bem como autoriza os
gastos para o Poder Executivo:
Isso faz com que a população tenha segurança jurídica de que tudo aquilo que
está sendo realizado com o dinheiro público está devidamente previsto para
que possa ser acompanhado, fiscalizado e avaliado.
No artigo 165, parágrafos 5º e 6º, da CF, é descrito o alcance da LOA, quanto aos
poderes e respectivos órgãos, empresas controladas pela União, bem como da
seguridade social.
Fonte: Shutterstock.
Lei nº 4.320/1964 e o Projeto de Lei nº 135/1996 | TEMA 3 115
Ainda sobre o orçamento de investimento das empresas públicas, as que têm rela-
ção com a Seguridade Social não terão um novo orçamento de investimento, evi-
tando-se, assim, retrabalho. Nessa seara, identifica-se a não inclusão das estatais:
Orçamento fiscal
Inclui as despesas dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, seus fundos,
órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta, inclusive fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público.
Orçamento da seguridade social
Inclui as despesas com saúde, previdência e assistência social.
Orçamento de investimento das empresas estatais
Inclui as despesas de capital das empresas em que o Governo detenha maioria do capital
social com direito a voto e dependentes de repasses da União para sua operação.
Fonte: Adaptado de Santos (2011).
Para que o projeto de lei da LOA seja apreciado, a proposta deve ser enviada de
acordo com os prazos previstos na CF, nas constituições dos Estados e nas leis
orgânicas (dos municípios) e seguir os preceitos contidos no artigo 22 da Lei
nº 4.320/1964, o qual determina que, para a aprovação, são necessários alguns
componentes:
Além disso, para cada unidade administrativa, a proposta orçamentária deve des-
crever suas principais finalidades, indicando a referente legislação (BRASIL, 1964).
Lei nº 4.320/1964 e o Projeto de Lei nº 135/1996 | TEMA 3 117
© Macrovector
Fonte: Shutterstock.
Após a aprovação da LOA, caso algum dos recursos constantes na lei não sejam
utilizados, ocasionando sobra, estes não poderão ser utilizados aleatoriamente
para outras finalidades, mas, caso haja a necessidade, poderá ser solicitada ao
Congresso a abertura de créditos suplementares ou especiais.
Portanto, podemos concluir que a LOA tem por finalidade colocar em prática os
programas do PPA dentro das diretrizes da LDO. É o que poderíamos chamar de
orçamento por excelência ou orçamento propriamente dito, pois é na LOA que
estão as previsões de receitas e a fixação de despesas para o próximo exercício.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “O Plano Diretor e as leis orçamentárias (PPA, LDO, LOA) como
instrumentos de planejamento na Administração Pública”, de Odilon Guedes.
A leitura do texto trará grandes contribuições, pois por meio dele você enten-
derá como a LOA se comunica com o Plano Diretor, que é outro importante
instrumento de gestão e planejamento público existente nos municípios.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 24 out. 2016.
GUEDES, O. O plano diretor e as leis orçamentárias (PPA, LDO, LOA) como instru-
mentos de planejamento na Administração Pública. Ministério Público do Estado
de São Paulo. Disponível em: <www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/cao_cida-
dania/Congresso/II_Congresso/2odilon-leis%20or%C3%A7ament%C3%A1rias%20
como%20instrumento%20de%20planejamento.doc>. Acesso em: 31 mar. 2017.
MEDAUAR, O. Direito administrativo moderno. 18. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Vejamos o que é previsto pelo projeto, de acordo com seu próprio texto: “Estatui
normas gerais de direito financeiro para elaboração, execução e controle dos
planos, diretrizes, orçamentos e balanços da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios” (BRASIL, 1996).
A sigla PLP significa Projeto de Lei, portanto, tem tramitação de lei para que
possa ser aprovado e, consequentemente, dar origem a um dispositivo legal. Um
projeto de lei pode ser definido como sendo um conjunto de normas submetido
à tramitação no legislativo para que possa ser efetivado como uma lei. Contudo,
para que um projeto de lei seja criado, a sua tramitação pode ser iniciada tanto
na Câmara dos Deputados como no Senado Federal.
A nova lei tem buscado, em sua composição, tornar realidade tudo o que está
previsto no artigo 70 da CF, para que haja o efetivo controle financeiro:
Controle social
(cidadãos e organizações
representativas da sociedade)
CONTROLE
Nesse sentido, pode-se dizer que é por meio da accountability, que denota a
transparência nas ações e prestações de contas públicas, bem como o uso das
boas práticas de gestão que podemos verificar a realização adequada dos con-
troles na Administração Pública (CASTRO; CASTRO, 2014).
Fonte: Shutterstock.
122 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
O controle interno pode ser definido como os métodos e medidas que são ado-
tados dentro de algum órgão ou entidade para proteger os seus ativos, controlar
a exatidão e confiabilidade das informações contábeis, promover a eficiência
operacional e motivar a adesão às políticas de direção estabelecidas.
O Projeto de Lei nº 135/1996, em seu artigo 159, utilizou esse conceito de con-
trole e o aprofundou ainda mais, separando controle e racionalização de atua-
ção (desburocratização) dentro de uma mesma previsão:
© Natsmith1
Fonte: Shutterstock.
© Looker_Studio
Fonte: Shutterstock.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia a Nota Técnica nº 09/2009, intitulada “Considerações sobre atualiza-
ção e apreciação do PLP 135 de 1996”.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Considerações sobre atualização e apreciação do PLP 135 de 1996.
2009. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamento-
brasil/estudos/2009/NT%209%20%202009%20-%20Atualizacao%20e%20aperfei-
coamento%20do%20PLP%20135%201996.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2017.
Em resumo
Ao longo deste Tema, você aprendeu que:
• o PPA tem duração de quatro anos, enquanto a LOA e a LDO têm vigência de
apenas um exercício, ou seja, um ano;
• em 1996, foi apresentado o Projeto de Lei (PLP) nº 135, que tem como propos-
ta a revogação da Lei nº 4.320/1964 e a apresentação de uma nova regulamen-
tação do direito financeiro e elaboração orçamentária, mais técnica e detalha-
da, no intuito de aprimorar as formas de controle por meio da especificação da
estimação de receita e da discriminação de despesas;
NOSSO TEMA
A preocupação com as receitas e despesas públicas é tema frequente de debate
e reflexão no cotidiano. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), instituída no
ano 2000, orienta formas transparentes de gerir recursos públicos, no intuito
de garantir o equilíbrio das contas e evitar desvios e problemas. Um dos gran-
des consensos entre os especialistas é que a efetivação da LRF se dá a partir de
uma conjuntura política favorável macroeconomicamente acrescida da necessi-
dade de controlar os desarranjos fiscais dos entes federativos.
Impostos,
contribuições
axas e serviços
Tranferências
Tranferências
voluntárias
legais
(mediante convênios e
(royalties e fundos
contratos para ações
específicos)
e obras específicas)
Vale lembrar que essas são apenas algumas das classificações existentes de
receita pública. Elas estão em destaque por serem bastante frequentes na com-
posição do orçamento público.
© Maglara
Fonte: Shutterstock.
4.1.2 Classificações da receita
Devido ao fato de classificar a origem dos recursos que irão compor o orça-
mento público, a codificação de receitas é uma importante ferramenta no sen-
134 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
∙ Categoria
1º Nível
Econômica
2º Nível ∙ Origem
3º Nível ∙ Espécie
4º Nível ∙ Rubrica
5º Nível ∙ Alínea
6º Nível ∙ Subalínea
Fonte: Shutterstock.
Receitas, despesas e arrecadação | TEMA 4 137
As receitas de capital são aquelas que abarcam o recebimento, por parte das
instituições públicas, de valores relativos a empréstimos, emissão de títulos e
da venda de bens ou serviços. Essas receitas alteram o patrimônio permanente
do Estado, pois não são consumidas durante o exercício financeiro vigente.
A classificação das receitas de capital ocorre, também, a partir dos níveis de sua
origem. São eles:
Assim como no caso das receitas correntes, as receitas de capital só podem ser
utilizadas para atender às despesas de capital, que compreendem a investimen-
tos para a construção ou aquisição de bens – como edifícios, pontes e afins – ou
equipamentos, para oferta de empréstimos pelo setor público ou, ainda, para a
amortização da dívida (SANTOS, 2011).
Fonte: Shutterstock.
Receitas, despesas e arrecadação | TEMA 4 139
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Orçamento público, região e financiamento em saúde: rendas
do petróleo e desigualdades entre municípios” de Delba Machado Barros e
Luciana Dias de Lima.
REFERÊNCIAS
BARROS, D. M.; LIMA, L. D. de. Orçamento público, região e financiamento em saúde:
rendas do petróleo e desigualdades entre municípios. Ciência & Saúde Coletiva,
v. 20, n. 10, p. 2973-2984, out. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/
v20n10/1413-8123-csc-20-10-2973.pdf>. Acesso em: 11 maio 2017.
Além disso, as despesas públicas devem ser registradas por meio de codifica-
ções que possuem como finalidade localizar sua destinação e tipologia, o que
padroniza e torna público, nos três níveis de governo, a consolidação dos gastos
governamentais.
© echoveg
Fonte: Shutterstock.
Esses valores podem ser compreendidos de acordo com a forma e objetivos que
se pretende em determinada situação ou análise (qualificar os gastos, buscar
incongruências, propor alternativas, entre outros).
Assim, o enfoque com o qual se trata da despesa é uma primeira forma de rea-
lizar a leitura de uma situação orçamentária. Na contabilidade voltada ao setor
público, entende-se que a despesa pode ser apresentada sob o enfoque patrimo-
nial e o enfoque orçamentário.
© Amekop
Fonte: Shutterstock.
Função
12 - Educação
Subfunção
Fonte: Shutterstock.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Receitas e gastos governamentais: uma análise de causalida-
de para o caso brasileiro” de Cleomar Gomes da Silva et al.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 24 out. 2016.
© AnutaBerg
Fonte: Shutterstock.
O objetivo desse dispositivo é garantir que cada gasto tenha sua devida alocação
e que fundamentalmente haja recursos - ou previsão orçamentária - para hon-
rá-los. Assim, o controle estipulado pela LRF exige o detalhamento do impacto
do novo gasto e a definição da receita que custeará essa despesa, que deve estar
localizada em um prazo de até dois anos da execução. Da mesma forma, a respon-
sabilização do gestor exige que este declare ciência da adequação orçamentária,
de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA) e compatibilidade com o Plano
Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) (BRASIL, 2000).
Vale lembrar que a preocupação com as despesas, bem com a sua limitação,
levam em consideração os instrumentos da elaboração orçamentária: o PPA, a
LDO e a LOA. Da mesma forma, procura comprometer os agentes envolvidos
no sentido de se responsabilizarem em relação a transparência com os recursos
públicos e ao cumprimento da legislação estabelecida.
Quanto ao gasto com pessoal, a LRF é bem clara e objetiva, delimitando que
cada ente federativo não pode vir a exceder percentuais relativos às suas recei-
tas líquidas. Observe detalhadamente na Figura 2 a seguir.
Figura 2 – Limites de gasto com despesa total de pessoal versus receitas líquidas
União
50%
Estados
60%
A LRF detalha os limites das despesas vinculados à despesa total com pes-
soal, o que significa um avanço considerável para equilibrar as contas públi-
cas e estabelecer um padrão procedimental de despesas para todos os entes
federativos, delimitando irresponsabilidades de gestões locais, mesmo que, em
um primeiro momento, tais medidas engessem as agendas governamentais dos
entes estaduais e municipais.
Sendo assim, a despesa total com pessoal não pode exceder percentuais estipu-
lados. É importante destacar que são excluídas as despesas com indenização,
demissão e algumas questões em relação a inativos - como a arrecadação de
contribuições dos segurados; a compensação financeira para casos de conta-
gem recíproca para aposentadoria por contribuição no setor público e privado;
as demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finali-
dade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, e superávit
financeiro (BRASIL, 2000).
Quanto aos percentuais subdivididos para os limites de gastos com total de pes-
soal, temos o seguinte receituário (de acordo com o artigo 20 da LRF):
© Visual Generation
Fonte: Shutterstock.
Figura 5 - Efeitos relacionados aos limites de despesas com pessoal estabelecidos na LRF
Efeito 2: Aumento de
gastos com pessoal
Efeito 1: Diminuição de entes federativos
de gastos com pessoal L que anteriormente à
de entes federativos R
F LRF não chegavam
que excediam o limite nem perto do limite
estabelecido. estabelecido com
(+) folha salarial.
(-)
Apesar de a LRF ter vigência desde o ano 2000, ela é interpretada apenas
como ação restritiva e não educadora, o que dificulta a autonomia de Estados e
Munícipios e acarreta o engessamento do orçamento, mantendo a União ainda
como a esfera governamental que dita a regra de alocação de recursos para boa
parte das gestões locais.
A LRF, por isso, constitui-se como importante e ao mesmo tempo complexo ins-
trumento, pois baliza os gastos com pessoal e garante a alocação adequada dos
recursos no intuito de que sejam estabelecidas prioridades e que setores não
fiquem sem os recursos necessários, ao mesmo tempo em que lança um grande
desafio de equilíbrio orçamentário, especialmente para os pequenos municípios.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “A Lei de Responsabilidade Fiscal Brasileira e sua relação com
os gastos públicos em saúde, educação e pessoal” de Vinícius Menezes
Santos e Carlos Eduardo Ribeiro Santos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras pro-
vidências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.
htm>. Acesso em: 24 out. 2016.
Vale lembrar que a LRF prevê também que os órgãos e entes públicos – da
Administração Direta e Indireta – entreguem relatórios de gestão contendo
todas as movimentações financeiras de forma evidente e detalhada, baseadas
em critérios e padrões compartilhados de elaboração, no intuito de promover a
transparência e o acesso à informação para toda a sociedade.
Fonte: Shutterstock.
4.4.1 Natureza da LRF
A LRF tem como fundamento a regularização e padronização de procedimen-
tos referentes às finanças públicas. Assim, apresenta inúmeros dispositivos que
têm por objetivo instrumentalizar os gestores públicos de planejamento de exe-
cução da despesa em contraposição à entrada de recursos.
Sendo assim, a LRF passa a estabelecer, por meio de sua arquitetura orçamen-
tária (PPA, LDO e LOA), a entrada de recursos e a previsão de saídas (ou des-
pesas) a partir do gerenciamento do gestor e do ordenador de despesas, que
elegerá os momentos estratégicos e oportunos para a realização de gastos, con-
tingenciamento de despesas e planejamento quanto ao controle das receitas.
Em síntese, com a LRF verifica-se que a decisão quanto aos gastos públicos passa
a ser vinculada a três pressupostos fundamentados na importância da razoabili-
dade na decisão sobre a alocação, estrutura e finalidade de cada órgão e da neces-
sidade de se planejar a partir das demandas e das condições concretas de investir
e alocar recursos. Esses pressupostos são apresentados no Quadro 1 a seguir.
160 GESTÃO PÚBLICA GRADUAÇÃO UNIVEL EAD
Fidedignidade Orçamentária
A decisão do gasto de recursos públicos, advém da proposta orçamentária que a partir
de regras legais, já previamente estabelece onde estas serão efetuadas, não dando
margem para malversação dos recursos públicos.
Organização Administrativa
Refere-se a capacidade virtuosa ou não de um órgão pôr em prática as ações
programadas pela agenda de governo dos entes federativos em consonância com as
necessidades e anseios da sociedade representada.
Controle Financeiro Eficiente
Partindo do pressuposto que não basta a previsão de recursos orçamentários,
mas haja a possibilidade que os recursos existam, de modo que os compromissos
assumidos possam ser cumpridos. É importante, que o fluxo operacional do controle
financeiro, estabeleça aderência à execução orçamentária, isto é, uma vez aprovado
o orçamento, pode o ente dispor dos recursos ali estabelecidos, a fim de prover as
demandas e anseios da coletividade.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
RECEITAS DESPESAS
Pode ocorrer, em alguns casos, que mesmo não tendo havido o lançamento fis-
cal de constituição do crédito tributário, o gestor público e o ordenador de des-
pesa podem vir a contabilizar o crédito orçamentário. Isso ocorre a partir da
escrituração da fixação de despesa originária da previsão de receitas. Todavia,
para esse ato/ação ser resguardado, o ente federativo deve providenciar outro
ato administrativo, que é o de lançamento de crédito tributário.
© Jane Kelly
Fonte: Shutterstock.
© Bakhtiar Zein
Fonte: Shutterstock.
Nesse sentido, o orçamento passa a ser não apenas uma orientação, mas um
meio de programação de ações do Poder Público, em termos de planejar gastos
a partir da previsibilidade de receitas.
Dessa forma, os gastos e sua respectiva execução se iniciam nos atos emana-
dos pelos gestores públicos e pelos ordenadores de despesa, que constituem
a emissão dos empenhos, enquanto a liquidação e seu respectivo pagamento
representam etapas da execução financeira. É dessa forma, estabelecendo uma
disjunção em padrões muito claros e, por vezes, rígidos para a realização de
gastos públicos, que podemos considerar que a LRF é um avanço na esfera con-
tábil, financeira e orçamentária para a Administração Pública.
Entretanto, por mais que a LRF seja considerada uma ação positiva e fecunda
para a Gestão Pública, é fundamental, como em outras providências ligadas a
esse campo de conhecimento, que os atores políticos e gestores públicos se ate-
nham a seu constante processo de aprimoramento, repensando o modelo, para
que este não venha a ser considerado um fim em si mesmo.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo “Execução orçamentária e financeira e a Lei de Responsabili-
dade Fiscal”, de Roberto Sérgio do Nascimento.
Assim, você poderá visualizar que a natureza do controle das finanças pú-
blicas passa, necessariamente, pelas mãos dos administradores denomi-
nados ordenadores de despesa, os quais são responsáveis pela utilização,
arrecadação, guarda, gerenciamento e administração do dinheiro, bens e
valores públicos.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, N. A. Contabilidade pública na gestão municipal. São Paulo: Atlas,
2002.
Em resumo
Ao longo deste tema, você aprendeu que:
• a LRF tem como principal objetivo o controle dos gastos públicos por meio da
apresentação de normas de elaboração – como a exigência da transparência
na apresentação de relatórios – e da responsabilização dos agentes públicos
envolvidos no processo;