Você está na página 1de 145

EEL022 - ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS – UNIFEI - CAMPUS ITABIRA

APOSTILA DE ANÁLISE DE SISTEMAS


ELÉTRICOS

PROF.DR. FREDERICO OLIVEIRA PASSOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA

2016
CONTEÚDO
AULA 01 – Introdução de Análise de Sistemas Elétricos, PU e Representação de Cargas
Trifásicas em PU ..................................................................................................... 1
Introdução de Análise de Sistemas Elétricos ..................................................... 1
Representação por Unidade – PU....................................................................... 1
Representação de Impedâncias em PU............................................................... 5
AULA 02 – Mudança de Base e Representação de Transformadores ....................................... 9
Mudança de Base ............................................................................................... 9
Representação de Transformadores em PU ..................................................... 11
AULA 03 – Representação de Banco de Transformadores ..................................................... 15
Representação de Banco de Transformadores em PU ..................................... 15
AULA 04 – Representação de Cargas ..................................................................................... 22
Representação de Cargas .................................................................................. 22
AULA 05 – Choque de bases e Transformadores com Tapes ................................................. 29
Choque de Bases .............................................................................................. 29
Transformador com Tapes ............................................................................... 32
AULA 06 – π Equivalente aos transformadores com Tapes ................................................... 35
π Equivalente aos transformadores com Tapes ................................................ 35
AULA 07 – Componentes Simétricos ..................................................................................... 39
Componentes Simétricos .................................................................................. 39
AULAS 08 e 09 – Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas .............. 45
Potência em Componentes Simétricos ............................................................. 45
Componentes simétricos de uma rede com impedâncias desequilibradas ....... 46
AULA 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas ................................................ 53
Redes equilibradas providas de cargas desequilibradas ................................... 53
AULA 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços ............................................... 61
Desequilíbrio devido às faltas shunts diversas ................................................. 61
AULA 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares .................................................. 69
Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares .............................................. 69
AULA 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada .......................................................... 80
Circuito para Cálculo de Falta Trifásica Desequilibrada ................................. 80
AULA 14 – Análise de Faltas Série ......................................................................................... 84
Análise de Faltas Série ..................................................................................... 84
Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares de Desequilíbrio série .......... 87
Abertura de Uma Fase ...................................................................................... 87
Abertura de Duas Fase ..................................................................................... 88
AULA 15 – Defasamento angular de Transformadores .......................................................... 93
Defasamento angular de Transformadores em Componentes Simétricos ........ 93
AULA 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos ................................................ 96
Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos ............................................ 96
Impedância de sequencia zero de transformadores trifásicos de 2 enrolamentos
providos de núcleo trifásico ........................................................................... 100
AULA 17 – Representação de Linhas de Transmissão ......................................................... 102
Linhas de Transmissão ................................................................................... 102
Modelagem de Linhas de Transmissão .......................................................... 103
AULA 18 – Máquinas Síncronas ........................................................................................... 108
Máquinas Síncronas ....................................................................................... 108
Impedâncias de sequencia zero e negativa de máquinas síncronas ................ 110
AULA 19 – Motor de Indução Trifásico ............................................................................... 112
Motor de Indução Trifásico ............................................................................ 112
Impedâncias de sequencia zero e negativa do MIT........................................ 113
A contribuição do MIT durante faltas ............................................................ 115
AULA 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito ........................................................ 116
Potência ou Capacidade de Curto-Circuito .................................................... 116
AULA 21 – Aterramento de Neutro ...................................................................................... 120
Aterramento de Neutro ................................................................................... 120
a)Resistências desprezíveis ............................................................................ 122
b)Resistências de sequencia positiva desprezíveis ......................................... 123
AULA 22 – Matriz de Admitância Nodal.............................................................................. 125
Matriz de Admitância Nodal .......................................................................... 125
AULA 23 – Matriz de Impedância Nodal.............................................................................. 131
Matriz de Admitância Nodal .......................................................................... 131
Análise de curto-circuito utilizando a matriz de impedância nodal ............... 136
ANEXO 1
3 A−1Z g Ia 0 : ................................... 1
−1
ANEXO 1- Desenvolvimento de A ZA e
ANEXO 2- Conceito do Teorema de Thevenin: ................................................ 4
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 1

AULA 01 – Introdução de Análise de Sistemas Elétricos, PU e Representação de Cargas


Trifásicas em PU

Introdução de Análise de Sistemas Elétricos

Na engenharia elétrica, sempre se busca a forma mais adequada para representar, estudar
e resolver alguma questão ou problema relacionado a um determinado sistema elétrico. Dada
a complexidade e tamanho que, em geral, os sistemas elétricos reais têm, utilizam-se diversas
ferramentas e métodos para facilitar a compreensão e solução dos problemas de engenharia.
Para que um sistema elétrico possa entrar em operação, funcionar continuamente com o
mínimo de interrupções e se expandir para atender o aumento da demanda, um conjunto de
estudos devem ser realizados para que a tão necessária energia elétrica dos dias atuais esteja
disponível para as diversas aplicações no âmbito industrial, comercial e residencial. Estudos
complexos de fluxo de potência, análises de curto-circuito e estudos de estabilidade do sistema,
entre outros, são fundamentais para que a energia elétrica saia dos pontos de geração, seja
transmitida e distribuída, chegando aos diversos tipos de consumidores finais com qualidade.
A qualidade do sistema e da energia elétrica esperada consiste em níveis de tensão e
frequência adequados e sem interrupções, com a maior eficiência e segurança possíveis, obtidas
através da minimização dos custos, dos impactos ambientais e da garantia de segurança
operacional do sistema e das pessoas diretamente envolvidas).
Ao longo do curso, tais ferramentas e métodos serão apresentados para o graduando em
engenharia elétrica. Assim, para que o mesmo comece essa jornada é fundamental o
conhecimento de alguns conceitos básicos.
A disciplina de “EEL022 - Análise de Sistemas Elétricos” consiste em apresentar os
conceitos de: valores PU de grandezas elétricas, componentes simétricos e suas
transformações, representação de elementos e máquinas elétricas em componentes simétricos,
análise de circuitos equilibrados com cargas desequilibradas, análise de circuitos
desequilibrados, capacidades de curto-circuito de uma determinada barra do sistema,
aterramento de neutro e ferramentas de análise para aplicação em grandes sistemas.

Representação por Unidade – PU

Sabendo que ao longo de todo um sistema elétrico real existem diversos níveis de tensão
e, consequentemente, diversos níveis de corrente e impedância, a interpretação dos valores das
grandezas elétricas para diversos pontos diferentes do sistema fica muito difícil. Tais diferenças
nestes valores podem chegar à ordem de mil vezes. Ou seja, se alguém for informado que
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 2

ocorreu uma variação de tensão de 10% do valor nominal, qualquer um conseguiria interpretar
essa informação, entretanto, se fosse informado que a tensão variou 100V, resulta em dúvida,
pois se ocorreu na parte do sistema onde a tensão é 220V nominais é uma grande variação,
caso ocorresse no sistema onde a tensão nominal é de 13800V, a variação seria irrisória. Outro
exemplo prático consiste em 200ml de suco em copos de tamanhos distintos conforme Figura
1, pois o mesmo volume de suco pode preencher apenas uma parte de um copo grande,
preencher 100% de um copo tradicional ou transbordar num pequeno copo de dose. Faz-se
necessário a definição de algum tipo de referência para o tamanho do copo, pois só assim
poderá ser avaliado se 200ml de suco é muito ou pouco.

Figura 1- Volume de 200ml de suco em copos distintos

Para que tais grandezas elétricas possam ser interpretadas em qualquer ponto do sistema,
utiliza-se uma comparação da grandeza elétrica com um valor referência dessa mesma
grandeza estabelecido para aquele determinado ponto do sistema, chamado base do sistema.
Ou seja, 100V considerando uma base de 220V é um valor considerável, entretanto 100V
considerando uma base de 13800V é um valor pequeno.
Sabe-se que conhecidas duas grandezas elétricas de um elemento, todas as outras
grandezas podem ser obtidas. O mesmo conceito vale para as bases do sistema, pois ao definir
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 3

valores base de duas grandezas para um determinado ponto do sistema, as bases das outras
grandezas podem ser obtidas facilmente. Portanto, é imprescindível que sejam definidos
valores bases para duas grandezas elétricas no ponto de interesse. Em sistemas de potência, as
grandezas usualmente utilizadas como base são a potência aparente trifásica e a tensão de linha.
Sendo as bases valores referência de cada grandeza, qualquer valor em módulo pode ser
adotado, entretanto é comum a utilização dos valores nominais de tensão de linha e potência
aparente como base do sistema. É importante ressaltar que o valor base de potência será o
mesmo para qualquer ponto do sistema e os valores base de tensão, corrente e impedância
deverão mudar ao longo do sistema devido às relações de transformação dos transformadores
existentes no sistema elétrico.
Para qualquer grandeza, tem-se:
Valor _ da _ Gradeza
Valor _ pu =
Valor _ Base _ da _ Gradeza
*obs: os valores PU são adimensionais!

Ao longo de um sistema elétrico real podem existir diversos níveis de tensão, portanto
para cada região do sistema elétrico com níveis de tensão diferentes é necessário obter o
conjunto de bases relacionadas a cada grandeza elétrica (tensão, corrente, potência,
impedância,...). Entretanto, para que as relações entre as grandezas sejam corretas para todo o
sistema, é imprescindível que sejam definidas apenas duas bases numa única região do sistema.
Todas as outras bases do sistema serão obtidas através de relações com as duas primeiras
consideradas. Tais relações são chamadas de propagação de bases.
O mais conveniente é definir as duas bases num ponto específico do sistema (ex: potência
trifásica nominal da fonte e tensão de linha da fonte), na sequência, propaga-las ao longo do
sistema considerando as relações de transformação de cada transformador (a base de potência
não muda ao longo do sistema). Obtidas as duas bases em cada região distinta do sistema,
obtém-se as outras bases necessárias (ex: impedância base e corrente base), conforme ilustrado
na Figura 2.
Nada impede a utilização de outros valores ou grandezas para as bases iniciais, ou seja, a
tensão de fase e a potência monofásica da fonte do sistema poderiam ser consideradas as bases
iniciais, por exemplo. Ou qualquer valor para as grandezas definidas como base que seja
conveniente. A definição da base é fundamental para facilitar a análise do sistema elétrico em
questão.
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 4

SB SB SB
VB VB1 VB2
ZB ZB1 ZB2
IB I B1 I B2
A
ZF A’ A’’
Zl1 A’’’ A’’’’
Zl2 A’’’’’

B
ZF B’ B’’
Zl1 B’’’ B’’’’
Zl2 B’’’’’
Fonte Trafo 1 Trafo 2 Carga
C
ZF C’ C’’
Zl1 C’’’
Z
C’’’’ l2 C’’’’’

Figura 2 - Ilustração de propagação de base

Exemplo – Adotando as seguintes bases do sistema: VB = 100kV e S B = 100 MVA ,

obter as bases de corrente e impedância e calcular os valores PU das grandezas medidas abaixo:
Va = 80kV ; I a = 600 A ; Z
= a
200Ω ; S a = 100 MVA .

VB VB 2 1002.(103 ) 2 1002.106 1002


Z=
B
= = = = = 100Ω
I B SB 100.106 100.106 100

VB VB S B 100.106 106
I= = = = = = 1000 A
Z B  VB 2  VB 100.103 103
B

 
 SB 

Va 80.103 I a 600
= =
VaU = 0,8 pu =
I aU = = 0,6 pu
VB 100.103 I B 1000

Z a 200 S a 100.106
Z=
aU
= = 2 pu S=
aU
= = 1 pu
Z B 100 S B 100.106
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 5

Representação de Impedâncias em PU

Dada uma carga trifásica equilibrada com três impedâncias iguais de valor Z[Ω]
conectadas, ora em estrela (Y), ora em delta (∆), pode-se calcular o valor do módulo de Z
através dos valores do módulo da Tensão de Linha (VL ) e do módulo da potência aparente
Trifásica (S3F).

 VL   VL 
VF  3   
3   VL   3VL  VL
= 
2

=
Z = =   =
 S3 F   3   S3 F  S3 F
.
IF IL
 
 3VL 
ou
2
 VL  VL 2
VF 2  3  3 VL 2
=
Z = = =
SF S3 F S3 F S3 F
3 3
Agora considerando as mesmas tensões e a mesma potência aparente total consumida pela
carga, mas conectada em delta (∆):

VF VL VL VL VL 2
=
Z = = = = 3
I F  I L   1   S3 F   S3 F  S3 F
       
 3   3   3VL   3VL 

ou

VF 2 VL 2 VL 2
=
Z = = 3
S F S3 F S3 F
3

A impedância teria que ser três vezes maior para que a carga consumisse a mesma
potência!
Ao considerar o valor base de tensão igual ao valor da tensão de linha (VB = VL) e a valor
base de potência igual à potência aparente trifásica da carga (SB = S3F):

VB 2 VL 2
=
Z B
=
S B S3 F
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 6

Consequentemente, para a conexão em estrela:

ZY = Z B

Para conexão em delta:

Z ∆ = 3Z B

Para que as duas conexões fossem equivalentes (consumissem a mesma potência!):

Z∆
ZY =
3

Ao trabalhar com valores em PU temos para a conexão estrela:

VB 2 Z S
ZB = Z=
U
= Z B2
SB e
ZB VB

Onde:

 VB   VB 
   
 3  3   VB   3VB  VB
2

=
ZB = = . = 
IB  S B   3   S B  S B
 
 3VB 

Para conexão em delta temos:

VB VB VB VB 2
=
ZB = = = 3
 I B   1   SB   SB  SB
       
 3   3   3VB   3VB 

Assim, o valor em PU no delta fica:

VB 2 Z Z  SB 
ZB = 3 Z=
U
=  
SB Z B 3  VB 2 
e

Caso as cargas em estrela e delta fossem equivalentes (consumissem a mesma potência


para a mesma tensão) o valor ôhmico de Z no delta seria três vezes maior, assim o valor em
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 7

PU seria o mesmo. Isso ocorre, pois o valor em PU representa a carga em delta através de seu
respectivo equivalente estrela (conversão delta-estrela).
A representação PU, para sistemas equilibrados, utiliza informações de apenas uma fase
do sistema trifásico. Consequentemente, ao utilizar uma carga configurada em delta, é
necessário obter o equivalente estrela, pois só assim as impedâncias do sistemas estarão
relacionadas apenas por uma fase. Sendo um sistema equilibrado, ao obter as grandezas de uma
única fase e conhecendo a sequência de fase do sistema, obtêm-se as grandezas das outras fases
apenas com acréscimo ou redução do ângulo de fase.

Exemplo – Sabendo que uma carga trifásica passiva consome 20MVA, quando aplicada
uma tensão de linha de 500kV, e a mesma tem um fator de potência = 0,5 indutivo, calcular os
valores ôhmicos das impedâncias quando conectadas em estrela e delta com os respectivos
valores em PU.
Trabalhando agora com valores complexos, para estrela:

S3 F = 3.VL .IL *

 VL e j 0   VL e j 0   VL e j 0   VL e j 0 
   

       
VF  3   3 =  3   3   VL 2  j 60

Z= = = = =  e
   S3 F  − j 60   S3 F 
c * *
 S3 F e j 60    S3 F  j 60

IF IL 

   

     e e
 3VL e j 0    3V L     3V L  

 VL 2  j 60  ( 500.103 )2   5002.106  j 60  5002  j 60


 
    
=Zc  = e = e j 60
 =
6 
e  =  e 12,5e j 60 k Ω
 S3 F   20.10  6
 20.10   20 
 

Obs: Verifica-se que quando os valores de tensão estão em kV e potência em MVA, basta
utilizar os valores sem as respectivas ordens de grandeza.
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 8

Para o delta:

S3 F = 3.VL .I L *

 VL 2  j 60
   
VF VL e j 0 VL e j 0 VL e j 0 VL e j 0 
Z= = = = = = 3  e
I F  I L   1   S e j 60    S3 F  − j 60 
c * *
   S3 F  j 60  3F 

 S
 

 3   3   3VL e j 0   e    3V  e 
3F

   3VL    L  

 VL 2  j 60  ( 500.103 )2   5002.106  j 60  5002  j 60


3 e
    
=Z c 3 = e = j 60
3 =
6 
e 3 =  e 37,5e j 60 k Ω
 S3 F   20.10  6
 20.10   20 
 

Agora calculando os valores em PU:


Carga em estrela:

VB 2 ZC S B  VL 2  j 60  S3 F   

ZB = Z=
CU
= ZC = 2   e . 2=
j 60
 1e pu
SB ZB VB  S3 F   VL 

Para a conexão em delta:

VB 2 ZC 1  S B   VL 2  j 60 1  S3 F   

ZB = 3 Z=
CU
= Z C . . = 2 
3  e . . = 2 
1e j 60 pu
SB 3Z B 3  VB   S3 F  3  VL 

Verifica-se que terão os mesmos valores em PU, quando as cargas forem equivalentes.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 9

AULA 02 – Mudança de Base e Representação de Transformadores

Mudança de Base

Utilizar valores em PU implica em diversas vantagens para a análise de circuitos.


Sabendo que os valores em PU estão sempre associados a um valor base de certa grandeza, faz-
se necessário a utilização correta desses valores.
Ao analisar um circuito elétrico com valores em PU, determinam-se sempre duas bases
fixas num certo ponto do sistema. Ao considerar a base de potência, a mesma deve ser mantida
para todo o sistema. Ao fixar a base de tensão, ou corrente, ou impedância num certo ponto do
sistema, deve-se obter as respectivas bases para os outros pontos do sistema considerando as
relações de transformação devido à existência de transformadores no sistema.
Na maioria dos casos, as informações em PU fornecidas em cada equipamento que
compõem o sistema elétrico são dadas nas bases nominais de cada equipamento, ou seja, cada
equipamento terá seus valores PU correspondentes às próprias bases. Assim, um sistema
elétrico poderia ter diversos valores em PU associados às diversas bases distintas,
inviabilizando qualquer análise.
Portanto, para que uma correta análise possa ser feita, todos os valores em PU devem
estar nas mesmas bases – chamadas bases do sistema. Para que isso ocorra, a mudança de base
é de fundamental importância.
A mudança de base consiste em simplesmente converter um valor em PU obtido por uma
certa base, obtendo o valor real da grandeza (ex: valor ôhmico[Ω], tensão[V] e corrente[A]) e,
em seguida, obter o novo valor em PU associado à base do sistema que se deseja.
Conhecendo uma impedância em PU de um equipamento nas bases nominais do mesmo,
obtêm-se o novo valor PU associado às bases do sistema conforme abaixo:

ZE
Z EU = , assim: =Z E Z EU .Z BE [ Ω ]
Z BE

Com o valor da grandeza calculado, basta converter para valor em PU na nova base (ZBS).

Z E Z EU .Z BE Z
Z=
SU
= = Z EU . BE
Z BS Z BS Z BS

Sabendo que ZBE foi obtido dos valores nominais de tensão e potência do equipamento e que
ZBS foi obtido dos valores de tensão e potência adotados no sistema, tem-se:
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 10

Z BE  VLE 2   S S   VLE 2   S S 
=
Z SU Z=
EU
. Z EU . = 2  Z EU . 2   
Z BS  E   VLS 
S  VLS   S E 

O mesmo vale para grandezas de tensão, corrente ou potência, conforme abaixo:


VE VEU .VBE V
V=
SU
= = VEU . BE
VBS VBS VBS

I E I EU .I BE I
I=
SU
= = I EU . BE
I BS I BS I BS

S E S EU .S BE S
S=
SU
= = S EU . BE
S BS S BS S BS

Exemplo – Um motor de indução trifásico com potência 216kW, Rendimento=0,9, fator


de potencia =0,8 e tensão nominal de 1,2kV, tem uma impedância na partida de 0,125ej80°pu
nas bases nominais. Obter o valor em PU da impedância do motor na partida para as bases do
sistema de VB=1kV e SB= 500kVA.

PM 216
=SM = = 300kVA
(η.cosϕ ) ( 0,9.0,8)

 V 2  S 
Z SU = Z EU . LE 2  S 
 VLS   S E 

 (1,2 )2   0,5  j 80 


= =
Z SU 0,125e  2   0,3e j 80 pu
 1   0,3 
 
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 11

Representação de Transformadores em PU

Para compreender a representação de transformadores em valores PU é importante


entender a modelagem do mesmo. A Figura 3 abaixo representa um modelo de transformador
com relação de transformação de tensão “N”.

Figura 3 - Representação de transformador

Nesta representação os elementos primários e secundários estão separados pela relação


de transformação. Dessa forma, é importante referir todos os elementos apenas para um lado,
seja ele o primário ou secundário do transformador.
Referindo ao primário:
eP nP
= = N → eP = NeS
eS nS
Pelo modelo da figura acima:

e=
S
VS + Z S IS → eP NVS + NZ S IS
=
Da mesma forma:

V=
P
eP + Z P IP → VP =Z P IP + NZ S IS + NVS
N
Multiplicando o 2° termo da última equação acima por ( ):
N
 I 
Z P IP + ( N 2 Z S )  S  + NVS
VP =
N
Adotando:

I
VS ′ = NVS Z S ′ = N 2 Z S IS ′ = S
N
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 12

Resulta:

VP =Z P IP + Z S ′ IS ′ + VS ′


Redesenhando o circuito equivalente da equação acima temos:

Representar todos os elementos de impedância do transformador apenas por um lado do


transformador, seja ele primário ou secundário, facilita a análise do sistema. A relação de
transformação continua existindo e dificultando a análise do circuito. Para resolver tal questão,
utiliza-se a representação em PU.
Adotando as bases do primário do transformador VBP , I BP , Z BP , tem-se as bases no
secundário dada a relação de transformação “N” para as três grandezas elétricas:
VBP Z BP VBS V
VBS = I BS = NI BP Z BS = onde: Z BS = e Z BP = BP
N N2 I BS I BP

Reescrevendo a equação que relaciona VP e VS e transformando para PU nas bases
primárias, temos:

 I 
Z P IP + ( N 2 Z S )  S  + NVS
VP =
N

VP  Z P  IP   N 2 Z S  IS  VS


=  +
    + N
VBP  Z BP  I BP   Z BP  NI BP  VBP

V Z I
Sabendo que VPU = P , Z PU = P , IPU = P , resulta em:
VBP Z BP I BP

 N 2 Z S  IS  VS
VPU =
Z PU IPU +    + N
 Z BP  NI BP  VBP
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 13

Conhecendo as relações entre as bases no primário e secundário, substitui-se as bases.

 
 N Z S   IS
2  VS

VPU = 
Z PU I PU +  2  + N
 ( N Z BS )    I BS  ( NVBS )
  N  
  N 

 Z  I  V
VPU =
Z PU IPU +  S  S  + S
 Z BS  I BS  VBS

V Z I
Sabendo que VSU = S , Z SU = S , ISU = S , resulta em:
VBS Z BS I BS

VPU = Z PU IPU + Z SU ISU + VSU

O circuito equivalente fica:

Considerando que a corrente de magnetização é muito pequena (ordem de 1% de IN), para


a maioria dos estudos o ramo magnetizante é desprezado. Assim o circuito equivalente fica:

Finalizando em:

VPU ZU IU + VSU


=
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 14

Esta é a representação mais simples de transformadores monofásicos. O mesmo conceito


vale para transformadores trifásicos, onde o equivalente unifilar é representado, assim como o
defasamento angular devido ao fechamento do transformador. É importante ressaltar que um
transformador trifásico deve ser também representado no circuito trifásico equilibrado a ser
analisado, apenas por uma das fases. Quando são conhecidos os dados nominais do
transformador (Vpn, Vsn, Z%, Sn, X/R), o Z% corresponde a impedância total do transformador
em pu, e nas bases do lado de interesse, portanto:

( Z PU ZSU ) *100 =
Z % =+ ( Z PSU ) *100 , considerando as bases do lado primário

( Z PU ZSU ) *100 =
Z % =+ ( ZSPU ) *100 , considerando as bases do lado secundário

Na maioria das análises a serem realizadas, os valores independentes de Zpu e Zsu não
são importantes, pois apenas a composição deles é utilizada. Caso seja necessário, apenas
ensaios em laboratório ou informações raras de dados de placa permitirão o conhecimento dos
valores exatos das impedâncias dos enrolamentos primários e secundários do transformador.
Entretanto uma aproximação pode ser feita ao considerar equilibradas as dissipações de energia
nos enrolamentos primários e secundários. Essa aproximação resulta em valores de Zpu e Zsu
iguais, ou seja:
Z%
Z=
PU
Z=
SU
200

Exemplo - Um transformador Dyn1 de 20MVA, 138kV-13,8kV apresenta Z%=5% e


X/R=10, obter os valores ôhmicos Zps e Zsp.

5 j a tg (10)
ZU = e pu
100

VLP 2 j 84,29  138 


2
 
=
Z PS Z=
U
Z B ZU = 0,05e  =  47,61e j 84,29 Ω
ST  20 

VLS 2 j 84,29  13,8 


2
 
=
Z SP Z=
U
Z B ZU = 0,05e  =  0,4761e j 84,29 Ω
ST  20 
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 15

AULA 03 – Representação de Banco de Transformadores

Representação de Banco de Transformadores em PU

A construção de transformadores trifásicos para elevadas potências na maioria das vezes


não é viabilizada. Isso ocorre por diversos motivos técnicos e econômicos, pois o tamanho que
tais transformadores alcançariam traria diversos problemas, tais como: custo do projeto,
problemas técnicos de construção, o transporte da fábrica até o local de instalação e a
necessidade de um sobressalente para resolver contingências.
Para resolver tais questões, é comumente praticada a utilização de banco de
transformadores trifásicos compostos por transformadores monofásicos, conectados para
fornecer a elevada potência necessária. Ao substituir um grande transformador trifásico em
diversos transformadores monofásicos, o transporte fica mais fácil e barato, o sobressalente
também é mais barato e suficiente para substituir qualquer um dos elementos do banco e
elevadas potências podem ser alcançada de forma econômica e tecnicamente viáveis.

Figura 4 - Transformador trifásico e transformadores monofásicos

É fundamental para um engenheiro eletricista conseguir representar um banco de


transformadores de um sistema baseando-se nas informações de placa de cada transformador
monofásico que o compõe.
Assim como num transformador trifásico comum, podem existir diversos fechamentos
do banco de transformadores (YY, ∆∆, Y∆, ∆Y,...). Conhecidas as informações do
transformador monofásico VPN, VSN, SN e ZUϕ e o fechamento do banco é possível determinar
a representação em PU do mesmo. O primeiro passo é obter os valores ôhmicos das
impedâncias vistas por ambos os lados do transformador (primário e secundário).
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 16

Z PS Z SP
ZφU = ou ZφU =
Z BP Z BS

VPN 2
Z PS = ZφU .Z BP Z PS = ZφU .
SN

VSN 2
Z SP = ZφU .Z BS Z SP = ZφU .
SN

Sabe-se que:
2 2
n  n 
Z=
PS
ZP + ZS  P  e Z=
SP
ZS + ZP  S 
 nS   nP 

Desenha-se a composição do banco de transformadores conforme o fechamento desejado


(YY, ∆∆, Y∆, ∆Y,...). Para primeira análise segue o fechamento YY abaixo:
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 17

Para representar este banco trifásico basta fazer o mesmo para transformadores trifásicos.
Representar apenas uma das fases da conexão em estrela.

Assim, os valores da representação trifásica do banco serão os mesmos do transformador


monofásico.
Z PS 3φ = Z PS e Z SP 3φ = Z SP
Agora repetindo o mesmo procedimento para uma conexão ∆∆:

Como a representação deve ser feita através da conexão em estrela, a equivalência deve
ser feita:

ZPZP ZP ZS ZS ZS
=Z P* = =
e ZS* =
ZP + ZP + ZP 3 ZS + ZS + ZS 3

nP nS
nP * = e nS * =
3 3
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 18

Assim a representação do banco trifásico conectado em ∆∆ fica:

E os valores das impedâncias:


2 2
*  nP  *  nS 
* *

Z PS=

ZP + ZS  * 
*
e Z SP=

ZS + ZP  * 
*

 nS   nP 

Substituindo Z P * , Z S * , nP* , nS * :

Z P Z S  nP 3  1   nP   Z PS
2 2

Z PS 3φ = +   =  ZP + ZS    =
3 3  nS 3  3   nS   3

Z S Z P  nS 3  1   nS   Z SP
2 2

Z SP 3φ = +   =  ZS + ZP    =
3 3  nP 3  3   nP   3

Resultando em:
Z PS Z SP
Z PS 3φ = e Z SP 3φ =
3 3

Por último, a conexão Y∆:


Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 19

Ao fazer o equivalente estrela do lado delta, temos a representação do banco trifásico:

E os valores das impedâncias:


2 2
n   nS * 
Z PS=

Z P + Z S *  P*  e Z SP=

ZS + ZP 
*

 nS   nP 

*
Substituindo Z S , nS * :
2
Z n 3
2
n 
Z PS 3φ =
ZP + S  P  =ZP + ZS  P  =
Z PS
3  nS   S
n

 nS  1   nS   Z SP
2 2
ZS
Z SP 3φ = + ZP   =  ZS + ZP    =
3  P 
n 3 3   nP   3

Verifica-se que ao olhar pelo lado do delta a impedância do banco trifásico será um terço
da impedância do transformador monofásico e quando olhar pelo lado da estrela será o mesmo
valor, independente do tipo de conexão (YY, ∆∆, Y∆, ∆Y).
Conhecidos os valores ôhmicos de Z PS 3φ e Z SP 3φ , basta converter para PU nas bases do
sistema do lado primário ou secundário, respectivamente.
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 20

V 2 BsisP V 2 BsisS
Z BsisP = Z BsisS =
S Bsis S Bsis

Z PS 3φ  S 
Z=
PS 3φU
= Z PS 3φ  2Bsis 
Z BsisP  V BsisP 

Z SP 3φ  S 
Z=
SP 3φU
= Z SP 3φ  2Bsis 
Z BsisS  V BsisS 

Exemplo – Três transformadores monofásicos idênticos de 50MVA, 500kV-230kV com


Zu=j0,05 são ligados para formar um banco trifásico com conexão delta no lado com maior
tensão e estrela aterrada do lado de menor tensão. Determinar a reatância em PU do banco, nas
bases do sistema de 100MVA e 750kV no primário do banco. Provar que a impedância em PU
olhando de ambos os lados do banco são iguais e desenhar o circuito equivalente.

VPN 2 5002
=
Z PS ZφU .=
Z BP ZφU . = j 0.05. = j 250Ω
SN 50

VSN 2 2302
=
Z SP
ZφU .Z=
BS
ZφU . = j 0,05. = 52,9Ω
SN 50

Do lado do delta temos:

Z PS j 250
Z PS=

= = j83,33Ω
3 3

Do lado da estrela temos:

Z SP=

Z=
SP
j 52,9Ω

Em PU:

Z PS 3φ  S   100 
Z=
PS 3φU
= Z PS 3φ  2Bsis
=  j83,33. = 2 
j 0,0148 pu
Z BsisP  BsisP 
V  750 
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 21

Para obter a tensão base do lado da estrela basta achar a relação de transformação do banco
∆Y:

500 VBsisP VBsisP 230 3


N= =N V=
BsisS
= 750. = 597,5575kV
230 3 VBsisS N 500

Z SP 3φ  S   100 
Z= = Z SP 3φ  2Bsis
=  j 52,9.  = 2  j 0,0148 pu
SP 3φU
Z BsisS  BsisS 
V  ( 597,5575 ) 
 

Z PS=
3φU
Z SP=
3φU
Z=
3φU
j 0,0148 pu

Em PU basta representar a impedância obtida e o defasamento angular devido a conexão


delta-estrela (adotando no caso Dyn1).
Aula 4 – Representação de Cargas 22

AULA 04 – Representação de Cargas

Representação de Cargas

Os elementos de carga sempre serão grandes problemas para a representação num circuito
modelo para análise. Isso ocorre devido à diversidade dos tipos de carga e da aleatoriedade
inerente ao consumo de energia elétrica. A complexidade do modelo será proporcional à
complexidade da carga.
Para exemplificar a variedade e complexidade dos elementos de cargas, alguns tipos de
consumidores serão lembrados: industrias que utilizam, na grande maioria, cargas rotativas
para o acionamento tradicional de seus processos; siderúrgicas que utilizam fornos de indução
e a arco - voltaico para fundição da matéria prima; empresas tecnológicas que utilizam cargas
sensíveis para acionamento, automação e controle de processos diversos; usinas de açúcar que
proporcionam cogeração ao sistema; consumidores residenciais que proporcionam
características de consumo sazonais e desequilibrados; entre outros quase infinitos tipos de
consumidores de energia elétrica.
Dada a complexidade do consumo e das cargas, fica evidente a necessidade de uma
representação simplificada e mais próxima possível do seu comportamento real. Assim, define-
se quatro tipos de representação de cargas.
Qualquer elemento chamado de carga consumirá alguma potência ativa, reativa ou
ambas. Sabendo que o principal produto entregue por um sistema elétrico é a tensão com
módulo e frequência dentro de certas faixas de valores definidas. Portanto, define-se quatro
tipos de cargas que relacionam a tensão e a potência com certas características:

Pc = f1 (Vc ) e Qc = f 2 (Vc )

• Impedância Constante;
• Potencia constante em função da tensão;
• Módulo da Corrente constante em função da tensão;
• Combinação das três acima.

Impedância Constante
Modelo adequando para cargas passivas, onde representa-se a carga por uma impedância
fixa composta por uma resistência e uma reatância (capacitiva ou indutiva) em série. Sabendo
que a representação é feita por fase de um circuito em estrela ou seu equivalente, temos:
Aula 4 – Representação de Cargas 23

Figura 5 - Representação de um elemento de carga Y

V   *
S
Zc = c e Sc = Vc Ic* → Ic =  c 
Ic 
 Vc 

Assim:

VcVc* Vc 2 Vc 2 jϕ
=
Zc = = e
Sc* ( Sce jϕ ) Sc
*

VB 2
Em PU, basta dividir pela base Z B =
SB

2
Vc 2 jϕ  S B   Vc   S B  jϕ VcU 2 jϕ
=Z cU = e . 2   =  .  e e
Sc  VB   VB   Sc  ScU

2
Vc
Verifica-se que a função da tensão pela potência é quadrática: Sc = , pois a
Zc
impedância é constante.
Aula 4 – Representação de Cargas 24

Potência constante em função da tensão


Esse modelo é utilizado para representar cargas onde a potência não varia ao existir
variações na tensão aplicada. Uma carga típica que apresenta esse comportamento durante certo
tempo devido à sua característica construtiva é o motor de indução trifásico. Mesmo existindo
reduções na tensão de alimentação, devido à relação do torque e o escorregamento, a potência
consumida não varia significativamente. Dessa forma, esse tipo de carga pode ser considerado

como potência constante. Para uma certa tensão VCN a carga absorve SCN que é mantida
constante. Assim a grandeza que varia, ao ocorrer uma variação de tensão é a corrente, sendo
a relação inversamente proporcional.
Para valores nominais, temos:
*
 SCN e jϕ  SCN j (α
=ICN = jα 
e N −ϕ )

 CN
V e  V N
CN

Caso ocorra uma tensão diferente da nominal, temos:


*
 SCN e jϕ  SCN j (α −ϕ )
=IC = jα 
e
 C
V e  VC

Verifica-se que ocorre alterações apenas no módulo e ângulo da corrente, verificando que
a corrente é inversamente proporcional a tensão.
Ao utilizar este modelo, verifica-se a necessidade de utilização de iterações de cálculo,
pois a tensão na carga dependerá da queda de tensão ao longo do sistema que por sua vez
depende da corrente da carga e essa também depende da tensão. Assim, esse problema deixa
de ser linear e só será resolvido através de cálculo numérico. Por exemplo, inicialmente adota-
se uma tensão na carga, calcula-se a corrente, verifica-se a queda de tensão. Considerando o
novo valor de tensão, iniciar o mesmo procedimento até os valores convergirem.
Aula 4 – Representação de Cargas 25

Módulo da corrente constante em função da tensão


Esse modelo é utilizado para representar cargas onde a corrente se mantém constante ao
variar a tensão aplicada na carga. Para isso acontecer a potência tem que ser diretamente
proporcional à tensão aplicada. Utilizado principalmente em processo de aquecimento com
controle de temperatura.

Para valores nominais, temos:


*

  SCN e jϕ 
=I CN = jα 
I CN e j (α N −ϕ )

 VCN e 
N

Sendo I CN e ϕ constantes, temos para qualquer valor de VC = VC e jα , temos:

IC = I CN e j (α −ϕ ) e SC = VC IC=


*
→ SC V=
C
e jα .I CN e j (ϕ −α ) VC I CN e jϕ

Ao utilizar este modelo verifica-se a necessidade de utilização de iterações de cálculo


também, pois a tensão na carga dependerá da queda de tensão ao longo do sistema que por sua
vez depende do ângulo da corrente da carga e esse também depende da tensão. Assim, esse
problema também só será resolvido ao adotar inicialmente uma tensão na carga, calcular a
corrente, verificar a queda de tensão, adotar o novo valor de tensão na carga devido à queda e
consequentemente nova corrente, até os valores convergirem

Exemplo – Um barramento infinito (Zg=0Ω) com tensão de 500kV está conectado num
transformador YnYn0 (500kV-138kV), Z%=8%, X/R=∞ de 50MVA que alimenta uma carga
através de uma linha de transmissão com uma reatância indutiva de 10Ω.
Aula 4 – Representação de Cargas 26

Sabendo que a carga tem Vn=138kV e Sn=100MVA e cosφ=0,8 indutivo, calcular a


tensão na carga quando:
a) Impedância constante;
b) Potência constante;

Solução:
Adotando Sb=100MVA e Vb=500kV no primário do trafo, temos:

V = 1e j 0° pu
a) PU

 5002   100 
=ZTU j=
0,08.  2 
j 0,16 pu
 50   500 
 100 
=Z LTU j=
10. 2 
j 0,0525 pu
 138 
VCN 2 jϕ 1382 ja cos(0,8)
=ZC = e e= 190,44e j 36,87°Ω
SCN 100
SB  100 
=
Z CU Z= 190,44e j 36,87°  = 2 
1e j 36,87° pu
 138 
C 2
VB

Calculando a corrente de carga:

VPU 1e j 0°
=ICU = = 0,877e − j 45,44° pu
( ZTU + Z LTU + Z CU ) (0,16e + 0,0525e + 1e
j 90° j 90° j 36,87°
)
Assim:

VCU Z=
= I
CU CU
1e j 36,87° .0,877e=
− j 45,44°
0,877e − j 8,57° pu
Aula 4 – Representação de Cargas 27

VC V=
= V 0,877e − j 8,57°=
CU B
.138 121,03e − j 8,57° kV

b) Potência constante

VPU = 1e j 0° pu ZTU = j 0,16 pu Z LTU = j 0,0525 pu

Sabendo que a potência é constante e com valor nominal, calcula-se a corrente que
passaria pela carga, caso a carga estivesse com tensão nominal aplicada:

 100.106 
 SCNU j (α −ϕ )  100.106  j (0°−36,87° )
=I CNU = e N
= e 1e − j 36,87° pu
VCNU  138.10 
3

 138.103 
 
Se a corrente fosse o valor obtido acima, a tensão na carga seria:

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1e − j 36,87° =0,8889e − j11,025° pu

Repete o cálculo da corrente e tensão na carga até os valores convergirem:

SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e e j=
N ( −11,025°−36,87° )
1,125e − j 47,895° pu
VCNU 0,8889

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,125e − j 47,895° =0,8381e − j11,025° pu

Mais uma iteração:

SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,025°−36,87° )
1,1932e − j 47,895° pu
VCNU 0,8381

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,1932e − j 47,895° =0,8295e − j11,826° pu
Mais uma iteração:

SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e=
j ( −11,826°−36,87° )
1,2056e − j 48,696° pu
VCNU 0,8295

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2056e − j 48,696° =0,8251e − j11,826° pu
Aula 4 – Representação de Cargas 28

Mais uma iteração:


SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e=
j ( −11,826°−36,87° )
1,2120e − j 48,696° pu
VCNU 0,8251

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2120e − j 48,696° =0,8242e − j11,903° pu
Mais uma iteração:
SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,903°−36,87° )
1,2132e − j 48,773° pu
VCNU 0,8242

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2132e − j 48,773° =0,8238e − j11,903° pu
Mais uma iteração:
SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,903°−36,87° )
1,2139e − j 48,773° pu
VCNU 0,8238

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2139e − j 48,773° =0,8237e − j11,900° pu
Mais uma iteração:
SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,903°−36,87° )
1,2140e − j 48,780° pu
VCNU 0,8237

VCU =VPU − ( ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2140e − j 48,780° =0,8237e − j11,900° pu
Após o resultado estabilizar, temos:

VC V=
= V 0,8237e − j11,910°=
CU B
.138 113,6706e − j11,91° kV

Algoritmo do Matlab para o cálculo rápido deste exemplo:


clear all
Scu=1*exp(j*acos(0.8));
Vcu(1)=1;
Ztu=j*0.16;
Zltu=j*0.0525;
for a=1:10
Icu(a)=(Scu/Vcu(a))';
Vcu(a+1)=1-(Ztu+Zltu)*Icu(a);
end

plot(abs(Icu),'-xr')
hold on
plot(abs(Vcu),'-sb')
grid on

V=[abs(Vcu') -rad2deg(angle(Vcu'))]%a função transposição tb faz o conjug.


I=[abs(Icu') -rad2deg(angle(Icu'))]
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 29

AULA 05 – Choque de bases e Transformadores com Tapes

Choque de Bases

Sabe-se que existem grandes vantagens na utilização da ferramenta PU. A principal delas
é a eliminação da relação de transformação devido aos transformadores existentes no sistema,
facilitando muito a análise. Essa vantagem ocorre, pois ao definir a base de tensão num
determinado ponto do sistema e propagá-la ao longo do circuito, conforme as relações de
transformação existentes, o resultado em PU são valores iguais no primário e secundário dos
transformadores ideais.
Entretanto, essa facilidade falha quando o sistema é malhado e composto por
transformadores com relações de transformação diferentes. Pois ao definir a base num ponto
do circuito e propagá-la por um caminho, tem-se diferentes bases quando propagá-las pelo
outro caminho. Essa questão é chamada de Choque de Base.

Figura 6 - Exemplo de choque de base

Para solucionar o choque de base basta utilizar um autotransformador ideal em qualquer


ponto do circuito onde ocorra o choque de base. Sendo esse autotransformador com relação de
transformação igual a relação das bases em choque.

Figura 7 - Representação PU solucionando o choque de base


Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 30

Considerando um determinado ponto do circuito para resolver o choque de base,


conforme Figura 8, temos que as tensões nos dois terminais são idênticas:

Figura 8 - Zoom no ponto do circuito escolhido para solucionar o choque de base

Portanto,
VS 2 = VS′2

Se for considerada uma fronteira entre os dois terminais, onde os valores PU sejam obtidos

cada um por uma base distinta, temos:

V V 'S 2
VS 2U = S 2 V 'S 2U =
VBS 800 V
VBS 1000 V

Assim:

VS 2U VBS
VS 2UVBS = V 'S 2U VBS = = α 1000 V

800 V 1000 V
V 'S 2U VBS 800 V

O autotransformador ideal é na verdade um recurso matemático para solucionar o


problema, apresentando uma relação de transformação na representação em PU. Dessa forma,
ocorre um pequeno aumento no grau de dificuldade para a solução e análise do sistema. Onde
é necessária a utilização de sistema de equações para obter as variáveis como as correntes que
fluem ao longo do circuito e as tensões de todos os pontos.
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 31

Para o circuito da Figura 7 teríamos o seguinte equacionamento:


Pela linha superior:

VCU =VPU − ( ZT 1U + Z LT 1U ) I1U

Na carga:

VCU = Z CU ICU

Analisando pela linha inferior:


V= VS′2U − Z LT 2U I2′U
CU

Sendo:

V VPU ZT 2U I2U
VS′2U = S 2U VS= VPU − ZT 2U I2U V '= −
α α α
2U S 2U


I = I 2′U ICU
= I1U + I2′U I= ICU − α I2U
α
2U 1U

Com as relações das correntes, na primeira equação temos:

VCU =VPU − ( ZT 1U + Z LT 1U ) ICU + ( ZT 1U + Z LT 1U )α I2U

Z CU ICU =VPU − ( ZT 1U + Z LT 1U ) ICU + ( ZT 1U + Z LT 1U )α I2U

VPU = ( ZT 1U + Z LT 1U + Z CU ) ICU − α ( ZT 1U + Z LT 1U ) I2U

Voltando na equação da linha inferior:

VPU ZT 2U I2U
VCU = − − Z LT 2U I2′U
α α

VPU ZT 2U I2U
Z CU ICU = − − Z LT 2U α I2U
α α
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 32

Z 
VPU = Z CU α ICU + α  T 2U + α Z LT 2U  I2U
 α 

VPU= α Z CU ICU + ( ZT 2U + α 2 Z LT 2U ) I2U

Conhecido VPU , temos duas equações e duas incógnitas ( ICU , I2U ) no sistema abaixo:

VPU = ( ZT 1U + Z LT 1U + Z CU ) ICU − α ( ZT 1U + Z LT 1U ) I2U



 VPU= α Z CU ICU + ( ZT 2U + α 2 Z LT 2U ) I2U

Resolvendo o sistema obtêm-se ICU , I2U e, consequentemente, a tensão na carga:

VCU = Z CU ICU

Transformador com Tapes

É muito comum a construção de transformadores providos de tapes. O tape é utilizado


para alterar a relação de transformação dentro de uma certa faixa de operação. Ao comutar o
tape, ocorre adição ou subtração do número de espiras enlaçadas no primário, secundário ou
ambos os lados, assim alterando a relação de transformação do mesmo.
Tal flexibilidade é fundamental para ajustes de tensão ao longo do sistema. Em geral, os
valores de tapes são discretos e limitados a um percentual acima ou abaixo do valor de tensão
nominal do enrolamento. Tais informações e configurações encontram-se na placa de
identificação do transformador.
Ao alterar o tape para valores não nominais, verifica-se um acréscimo ou decréscimo do
número de espiras. Consequentemente a impedância do transformador será diferente da
impedância em condição nominal. Portanto, ao representar um transformador provido de tapes
é necessário o ajuste de impedância, assim como o acréscimo de um autotransformador ideal
para corrigir a relação de transformação.
Desconsiderando a impedância de magnetização e considerando que a impedância do
enrolamento é proporcional o quadrado do número de espiras, temos:
2 2
 n  n 
Z P = Z PN  P  Z S = Z SN  S 
 nPN  e  nSN 
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 33

Sendo a impedância vista do lado primário:


2 2 2 2
 nP   n   n  n 
Z=
PS
Z P
+ Z S   = Z PS Z PN  P  + Z SN  S   P 
 nS  →  nPN   nSN   nS 

2 2 2 2 2
 n  n   n   n  n 
=Z PS Z PN  P  + Z SN  P  = Z PS Z PN  P  + Z SN  P   PN 
 nPN   nSN  →  nPN   nSN   nPN 

 nP    nPN  
2 2

=Z PS    Z PN + Z SN   
 PN  
n  SN  
n

Porém:
2
n 
Z=
PSN
Z PN + Z SN  PN 
 nSN 

Assim:
2 2
n  n 
Z PS =  P  Z PSN Z PS = Z PSN  P 
 nPN  →  nPN 

Da mesma forma:
2
n 
Z SP = Z SPN  S 
 nSN 

Em PU basta dividir pela respectiva base:


2 2 2
Z PSN  nP   nP   nP 
=Z PSU =   Z=
PSNU   ZUN  
Z BP  nPN   nPN   nPN 

2 2 2
Z SPN  nS   nS   nS 
=Z SPU =   Z=
SPNU   ZUN  
Z BS  nSN   nSN   nSN 
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 34

Lembrando que para condição nominal: =


ZUN Z=
PSNU
Z SPNU .
O circuito que representa o transformador com tape fora da condição nominal é:

Tal representação só é justificada quando a variação do tape seja parte do problema a ser
solucionado, por exemplo: qual o valor do tape para que a tensão na carga seja nominal?
Caso contrário, após o ajuste da impedância para uma nova configuração e ajuste da nova
relação de transformação resultante da mudança do tape, o transformador com tape pode ser
considerado como um simples transformador trifásico sem tape, entretanto com características
diferentes dos valores nominais.

Exemplo- Um transformador YnYn0 de 50MVA e (138kV(P)-69kV(S)) com Z%=10% e


X/R=∞, possui tapes em ambos enrolamentos. Representar o mesmo em PU sabendo que no
primário o tape está np=1,05 e no secundário ns=0,95.
2
 nP 
=Z PSU Z=
UN   j=
0,1.1,052 j 0,1103 pu
 nPN 
nP
2
 nS  nPN 1,05
=Z SPU Z=
UN   j=
0,1.0,952 j 0,0902 pu =
n = = 1,1053
 nSN  nS 0,95
nSN
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 35

AULA 06 – π Equivalente aos transformadores com Tapes

Circuito π Equivalente aos transformadores com Tapes


Para facilitar a implementação de algoritmos para resolver circuitos elétricos com
transformadores com tapes em computadores é necessário a substituição do autotransformador
do circuito equivalente para um circuito π. Assim, a solução por sistema de equações é
substituída por um circuito que é facilmente modelado para soluções computacionais.
Para obter o circuito π equivalente, comparações devem ser feitas entre o circuito π e a
representação através de autotransformador.

Equacionamento do circuito com autotransformadores:

VPU n (VSU + Z SPU ISU )


= VPU nVSU + nZ SPU ISU
=

1
IPU = ISU
n

Equacionamento do circuito π equivalente:

VPU = Z 2 ( I3 + ISU ) + VSU → VPU =Z 2 I3 + Z 2 ISU + VSU

V V  Z2  
I3 = SU VPU = Z 2 SU + Z 2 ISU + VSU VPU =
1 + VSU + Z 2 ISU
Z3 Z3  Z3 
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 36

 Z2   
1 + VSU + Z 2 I SU
  V
IPU  3 
V V Z
IPU = PU + ISU=
+ SU + ISU + SU
Z1 Z3 Z1 Z3

1 Z  Z V
IPU =  + 2 VSU + 2 ISU + ISU + SU
 Z1 Z1Z 3  Z1 Z3

1 Z 1   Z 
IPU =  + 2 + VSU + 1 + 2  ISU
 Z1 Z1Z 3 Z 3   Z1 

 Z + Z 2 + Z1    Z2 
=IPU  3 VSU + 1 +  ISU
 Z1Z 3   Z1 

Resumindo as duas equações de cada modelo:

 Z2  
VPU =
1 + VSU + Z 2 ISU
VPU nVSU + nZ SPU ISU
=  Z3 

 Z + Z 2 + Z1    Z2 
1
IPU = ISU =IPU  3 VSU + 1 +  ISU
n  Z1 Z 3   Z1 

Comparando as quatro equações temos:

Z 2 = nZ SPU

 Z   nZ 
n= 1 + 2  n= 1 + SPU  ( n − 1) Z =
nZ SPU Z3 =
nZ SPU
 Z3   Z3 
3
( n − 1)

1  Z2  1   n   n2 
= 1 +   − 1 Z1 =
Z2 Z1 =   Z2 Z1 =   Z SPU
n  Z1  n  1− n  1− n 

 Z 3 + Z 2 + Z1 
 =0 Z 3 + Z 2 + Z1 =
0
 Z1Z 3 
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 37

Para o modelo referindo ao primário:

1
Z PSU = n 2 Z SPU Z SPU = Z PSU
n2

Assim, obtemos Z1 , Z 2 e Z 3 referidos ao primário:

 n2   n2  1  1 
Z1 =   Z SPU Z1 =   n 2 Z PSU Z1 =   Z PSU
 1 − n   1 − n  1− n 

1 1
Z 2 = nZ SPU Z2 = n Z PSU Z2 = Z PSU
n2 n

1
nZ SPU n2
Z PSU Z PSU
Z3 = Z3 = n Z3 =
( n − 1) ( n − 1) n ( n − 1)

Resumindo os dois casos:

 n2   1 
Z1 =   Z SPU Z1 =   Z PSU
1− n  1− n 

1
Z 2 = nZ SPU Z2 = Z PSU
n

nZ SPU Z PSU
Z3 = Z3 =
( n − 1) n ( n − 1)

Vale destacar que o defasamento angular não pode ser considerado no equivalente.
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 38

Exemplo – Um transformador estrela-estrela de 40MVA, 161kV-69kV, Xu=j0,1, tem tape no


secundário. Obter o circuito π equivalente para o tape secundário ajustado em 66kV nas bases
100MVA e 161kV no primário.
Solução:
Sabendo que não existe tape no primário:

Z BT VPT 2 S S  1612   100 


=
Z PSU Z= ZU = j 0,1  = 2 
j 0,25 pu
 
U
Z BS ST VPS 2  40  161

nP
nPN 1 69
=
n = =
nS 66 66
nSN 69

 
 1   1 
Z1 =  Z1 =  j 0,25 = − j 5,5 pu
 Z PSU
1− n  69 
1− 
 66 
1 1 66
Z2 = Z PSU =Z2 = j 0,25 = j 0,25 j 0,2391 pu
n 69 69
66
Z PSU j 0, 25
Z3 = = Z 3 = j 5, 2609 pu
n ( n − 1) 69  69 
 − 1
66  66 
Conferindo:
Z 3 + Z 2 + Z1 =
0 j 5, 2609 + j 0, 2391 − j 5,5 =
0
Aula 7 – Componentes Simétricos 39

AULA 07 – Componentes Simétricos

Componentes Simétricos

Sistemas polifásicos equilibrados são facilmente modelados e analisados. Pois ao utilizar


apenas uma das fases e assim obter os resultados para todas as outras fases, reduz-se muito o
grau de dificuldade para solução dos problemas. Entretanto, tal simplificação não é possível
quando o sistema não for equilibrado e/ou assimétrico. Dessa forma, a análise de tais sistemas
deve ser realizada através de sistemas de equações baseadas nas leis de Kirchhoff e Ohm,
considerando as malhas e nós de todo um sistema polifásico.
Tal questão foi solucionada por Fortescue em 1918 com o trabalho intitulado “O método
dos componentes simétricos na solução de circuitos polifásicos”, onde apresentou a poderosa
ferramenta para análise de sistemas desequilibrados e/ou assimétricos.
Sua importância é justificada pela a maioria dos sistemas elétricos serem inerentemente
desequilibrados e assimétricos. A busca constante pelo o equilíbrio e simetria dos sistemas
consegue bons resultados, mas ainda existem diversas situações que causam desequilíbrios e
assimetrias no sistema, tais como: cargas desequilibradas, linhas de transmissão não
transpostas, transformadores de núcleo trifásico à vazio, faltas desequilibradas e assimétricas
entre outros.
A ferramenta componentes simétricos consiste em representar os “n” fasores
desequilibrados e/ou assimétricos de um sistema polifásico de “n” fases através da composição
de “n” conjuntos de fasores simétricos e equilibrados. Como na maioria dos casos os sistemas
são trifásicos, o método dos componentes simétricos (Teorema de Fortescue) decompõe um
sistema trifásico desequilibrado e/ou assimétrico em três conjuntos de fasores equilibrados e
simétricos. Esses conjuntos de fasores são chamados de sequência positiva, sequência negativa
e sequência zero.
Para qualquer sistema trifásico com fasores desequilibrados e/ou assimétricos existirá
uma composição de 3 conjuntos de fasores equilibrados e simétricos que o compõe, conforme
a figura abaixo:
Aula 7 – Componentes Simétricos 40

Tais sistemas são chamados componentes de sequência positiva, negativa e zero. Sendo
os fasores de sequência positiva com módulos iguais, defasados 120° e sequencia de fase igual
ao sistema original. A sequência negativa tem as mesmas características exceto a sequência de
fase ser contrária ao sistema original. A sequência zero é composta por 3 fasores de mesmo
módulo e ângulo girando na mesma frequência dos fasores originais, assim como a sequência
positiva e negativa. A amplitude e defasamento angular de cada sequência serão resultantes da
assimetria e desequilíbrio do sistema original. Para entender o teorema, segue a formulação
abaixo:

VA = Va 0 + Va1 + Va 2

VB = Vb 0 + Vb1 + Vb 2

VC = Vc 0 + Vc1 + Vc 2


Aula 7 – Componentes Simétricos 41

Como as sequencias são equilibradas e simétricas, temos:

Vb 0 = Va 0 Vb1 = e j 240Va1 Vb 2 = e j120Va 2

Vc 0 = Va 0 Vc1 = e j120Va1 Vc 2 = e j 240Va 2

Substituindo em função dos fasores da fase A de cada sequência:

VA = Va 0 + Va1 + Va 2

VB =+
Va 0 e j 240Va1 + e j120Va 2

VC =
Va 0 + e j120Va1 + e j 240Va 2

Criando o operador a = e
j 120
, temos:

VA = Va 0 + Va1 + Va 2

VB =Va 0 + a 2Va1 + aVa 2

VC =Va 0 + aVa1 + a 2Va 2

De forma matricial temos:

VA  1 1 1  Va 0 
    
VB  = 1 a
2
a  Va1 

VC  1 a a 2  Va 2 
 

Dessa forma, obtêm-se os fasores originais da fase A, B e C através apenas dos fasores
de sequência positiva, negativa e zero da fase A.
A matriz quadrada que relaciona os fasores das componentes simétricas da fase A com
os fasores A, B e C originais é chamada de “Matriz de Síntese”.

1 1 1
A = 1 a 2 a
 
1 a a 
2
Aula 7 – Componentes Simétricos 42

Para obter as componentes simétricas em função dos fasores trifásicos originais, segue:

VABC = AV012

A−1VABC = A−1 AV012

A−1VABC = IV012

V012 = A−1VABC

−1
Onde A é a matriz inversa de A , sendo:

1 1 1
1
A = 1 a
−1
a2 
3 
1 a 2 a 

Essa matriz se chama Matriz de Análise.

Va 0  1 1 1  VA 
   1  
Va1  = 3 1 a a 2  VB 

Va 2  1 a 2 a  VC 
 

Através dessa transformação é possível representar um sistema desequilibrado e/ou


assimétrico através de 3 sistemas trifásicos equilibrados e simétricos representados apenas por
uma das fases (fase A). Assim, um sistema que a análise seria difícil de ser executada devido
ao desequilíbrio, se transforma na análise de 3 circuitos unifilares independentes onde após os
cálculos em componentes simétricos, retorna-se através da matriz de síntese para os valores de
fase.
Aula 7 – Componentes Simétricos 43

Exemplo - Obter os componentes simétricos das medições abaixo de um sistema


trifásico:

VA   100e  Va 0  1   100e 


 
j0 j0
1 1
       1  
a) VB  = 100e a 2  100e − j120
 

Va1  = 3 1 a
− j 120
 [V]  
VC   100e j120   Va 2  1 a 2 a   100e j120  
       

Va=
0
1
3
( 
100e j 0 + 100e − j120 + 100e j120 =
100 j 0
3

) (
e + e − j120 + e j120 = 0 [V]
  

)
Va1
=
1
3
(   
100e j 0 + 100e − j120 e j120 + 100e j120 e − j120
=
100 j 0
3
 
e + e j 0 + e=
j0
)
100 [V] (   

)
V=
a2
1
3
(   
100e j 0 + 100e − j120 e − j120 + 100e j120 e j120=
100 j 0
3
 

)
e + e j120 + e − j120= 0 [V](   

)
Aula 7 – Componentes Simétricos 44

VA   0  Va 0  1 1 1   0 
       1 2 
b) VB  = 100e
 
− j 90
 [V] V = 1 a a 100e − j 90
  3
a 1
 
VC   50e j 90 
 Va 2  1 a 2 a   50e j 90 

      
1
3
(
Va 0 =0 + 100e − j 90 + 50e j 90 =
 
16,67e − j 90 [V]) 

1
3
(   1
Va1 =0 + 100e − j 90 e j120 + 50e j 90 e − j120 =
3
 

) (
100e j 30 + 50e − j 30 =

44,09e j10,89 [V]

) 

V=
a2
1
3
(  
100e − j 90 e − j120 + 50e j 90 e j120=
1
3
 

) ( 
100e − j 210 + 50e j 210= 44,09e j169,11 [V]

) 
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 45

AULAS 08 e 09 – Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas

Potência em Componentes Simétricos

É possível obter a potência de um sistema em termos dos componentes simétricos. Assim


temos:

S = VA IA* + VB IB * + VC IC *


De forma vetorial:

 IA  VA   IA 


*

     
S = VA VB VC   IB  VABC = VB  IABC =  IB 
 IC  VC   IC 
  onde:    

S = V TABC .I*ABC

Representando através de componentes simétricos:

S =  AV012   AI012 
T *
S = ATV T012 A* I*012 S = AT . A* .V T012 .I*012

Sabendo que a matriz A é simétrica, temos:

1 1 1  1 1 1   3 0 0 
AT= . A* 1 a 2 a  1 a =
. A* A= a 2  0 3 =
0  3I
    
1 a a  1 a a  0 0 3
2 2

Assim:

 Ia 0 
*

S = 3I .V T012 .I*012 S = 3V T012 .I*012  


S = 3 Va 0 Va1 Va 2   Ia1 
 Ia 2 
 

S= 3 Va 0 Ia 0* + Va1 Ia1* + Va 2 Ia 2* 

Assim representa-se a potência de um certo sistema através das componentes de


sequência positiva, negativa e zero de tensão e corrente.
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 46

Componentes simétricos de uma rede com impedâncias desequilibradas

Uma rede desequilibrada pode ser representada através de um conjunto de impedâncias


que relacionam as tensões e correntes na mesma. Esse circuito é representado por impedâncias
série do condutor e mútuas entre condutores e a terra. Tal circuito é representado abaixo:

Aplicando a lei de Kirchoff de tensão em uma das malhas do circuito acima, temos:

VAN − VAA ' − VA ' N ' − VN ' N =


0 VAN − VA ' N ' =VAA ' + VN ' N

Onde:

VAA' = Z aa IA + Z ab IB + Z ac IC − Z ag IN e VN ' N = Z gg IN − Z ga IA − Z gb IB − Z gc IC

Sendo
IN = 3Ia 0 , temos:
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 47

VAN − VA' N ' = Z aa IA + Z ab IB + Z ac IC − 3Z ag Ia 0 + 3Z gg Ia 0 − Z ga IA − Z gb IB − Z gc IC

VAN − VA ' N ' = ( Z aa − Z ga ) IA + ( Z ab − Z gb ) IB + ( Z ac − Z gc ) IC + 3 ( Z gg − Z ag ) Ia 0

Refazendo o mesmo procedimento para as outras malhas:

VBN − VBB ' − VB ' N ' − VN ' N =


0

VBN − VB ' N ' = ( Z ba − Z ga ) IA + ( Z bb − Z gb ) IB + ( Z bc − Z gc ) IC + 3 ( Z gg − Z bg ) Ia 0

VCN − VCC ' − VC ' N ' − VN ' N =


0

( Z ca − Z gc ) IA + ( Z cb − Z gc ) IB + ( Z cc − Z gc ) IC + 3( Z gg − Z cg ) Ia 0


VCN − VC ' N ' =

Agrupando de forma matricial:

VAN  VA ' N '  ( Z aa − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )   I   ( Z gg − Z ag ) 


      A  
ab ac

VBN  − VB ' N '  =( Z ba − Z ga ) (Z bb


− Z gb ) (Z bc
− Z gc )   I B  + 3I a 0 ( Z gg − Z `bg ) 
 
VCN  VC ' N '      
     ( Z ca − Z ga ) (Z cb
− Z gb ) (Z cc
− Z gc )   
I C  ( Z gg − Z cg ) 

Ou

VABC − V ' ABC = ZIABC + 3Z g Ia 0

Da equação de síntese:

AV012 − AV '012 = ZAI012 + 3Z g Ia 0

−1
Multiplicando a equação por A :

V012 − V =
'012 A−1ZAI012 + 3 A−1Z g Ia 0
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 48

Desenvolvendo A ZA e
−1
3 A−1Z g Ia 0 temos:

1 1 1  ( Z aa − Z ga ) (Z ab
− Z gb ) (Z ac
− Z gc )  1 1
 1
1
1 a a 2  ( Z ba − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )  1 a 2 a
3   
bb bc

1 a 2 a   ( Z − Z ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )  1 a a 2 
 ca ga cb cc

1 1 1   ( Z gg − Z ag ) 
3Ia 0 1 a a 2  ( Z gg − Z `bg ) 
1
3  
1 a 2 a   ( Z − Z ) 
 gg cg 

Conforme o desenvolvimento do anexo 1, os resultados dos termos acima seguem abaixo na


equação original:

Va 0  V 'a 0  ( Z S 0 + 2 Z M 0 − 3Z ga 0 ) (Z − Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z − Z M 1 − 3Z ga1 )   Ia 0  ( 3Z gg − 3Z ag 0 )   Ia 0 


     
S2 S1
   
Va1  − V ='a1   ( Z S1 − Z M 1 ) ( ZS 0 − ZM 0 ) ( Z S 2 + 2Z M 2 )   Ia1  +  −3Z ag1   0 

   
Va 2  V 'a 2 
 
 ( ZS 2 − ZM 2 ) ( Z S1 + 2Z M 1 ) ( Z S 0 − Z M 0 )   Ia 2   −3Z ag 2   0 

Va 0  V 'a 0  ( Z S 0 + 2 Z M 0 − 6 Z ga 0 + 3Z gg ) (Z − Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z − Z M 1 − 3Z ga1 )   I 


   a0 
S2 S1

   
Va1  − V= 'a 1   ( Z S1 − Z M 1 − 3Z ga1 ) (Z S0
− ZM 0 ) ( Z S 2 + 2Z M 2 )   Ia1 
Va 2  V 'a 2    
     ( Z S 2 − Z M 2 − 3Z ag 2 ) (Z S1
+ 2Z M 1 ) ( Z S 0 − Z M 0 )   I a 2 

Onde:

ZS =
0
1
3
( Z aa + Zbb + Z cc ) Z M 0=
1
3
( Zbc + Z ca + Z ab ) Z ga 0=
1
3
( Z ga + Z gb + Z gc )

Z S1 =
1
3
( Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) ZM1 =
1
3
( Z bc + aZ ca + a 2 Z ab ) Z ga1 =
1
3
( Z ga + aZ gb + a 2 Z gc )

ZS 2 =
1
3
( Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) ZM 2 =
1
3
( Z bc + a 2 Z ca + aZ ab ) Z ga 2 =
1
3
( Z ga + a 2 Z gb + aZ gc )

Ou:
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 49

Va 0  V 'a 0   Z 00 Z 01 Z 02   Ia 0 


       I 
V
   − V ' =
  Z Z Z
a 1 a 1 10 11 12
  a1 
Va 2  V 'a 2   Z 20 Z 21 Z 22   Ia 2 
     

Os elementos da matriz de impedância podem ser todos diferentes!


Ao montar o circuito equivalente em sequência positiva, negativa e zero, observamos:

Verifica-se os acoplamentos inter-sequenciais. Assim, quando a rede do sistema elétrico


for desequilibrada, a representação da mesma será através do circuito acima considerando o
acoplamento mútuo entre as componentes sequenciais.
Caso a rede seja equilibrada, verifica-se um caso particular:

Z=
aa
Z=
bb
Z=
cc
ZS Z=
ab
Z=
bc
Z=
ca
ZM Z=
ga
Z=
gb
Z=
gc
Z Mg

Ao substituir, temos:

ZS =
0
1
3
( Z aa + Zbb + Z cc =) Z S Z=
S1
1
3
( )
Z aa + aZ bb + a 2 Z cc=
ZS
3
(1 + a + a=
2
) 0

Z S 2=
1
3
( )
Z aa + a 2 Z bb + aZ cc =
ZS
3
( ) 0
1 + a 2 + a=
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 50

Z M 0=
1
3
( Zbc + Z ca + Z ab =) Z M Z=
M1
1
3
( Z bc + aZ ca + a 2 Z ab
= ) ZM
3
(1 + a + a=
2
) 0

Z M=
2
1
3
( )
Z bc + a 2 Z ca + aZ ab=
ZM
3
( ) 0
1 + a 2 + a=

( Z ga + Z gb + Z gc =) Z Mg ( gc ) (1 + a + a= ) 0
1 1 Z Mg
Z ga 0= Z=
ga1 Z ga + aZ gb + a 2 Z= 2

3 3 3

( ) ( ) 0
1 Z Mg
Z ga=
2 Z ga + a 2 Z gb + aZ gc= 1 + a 2 + a=
3 3

Assim, substituindo na equação matricial principal, temos:

Va 0  V 'a 0  ( Z S 0 + 2 Z M 0 − 6 Z ga 0 + 3Z gg ) (Z − Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z − Z M 1 − 3Z ga1 )   I 


   a0 
S2 S1

   
Va1  − V= 'a 1   ( Z S1 − Z M 1 − 3Z ga1 ) (Z S0
− ZM 0 ) ( Z S 2 + 2Z M 2 )   Ia1 
Va 2  V 'a 2    
     ( Z S 2 − Z M 2 − 3Z ag 2 ) (Z S1
+ 2Z M 1 ) ( S 0 M 0 )   I a 2 
Z − Z

Va 0  V 'a 0  ( Z S + 2Z M − 6Z Mg + 3Z gg ) 0 0   I 


       a0 
=
Va1  − V 'a1   0 (Z S
− ZM ) 0   Ia1 
Va 2  V 'a 2   0 0 ( Z S − Z M )  Ia 2 
    

Va 0  V 'a 0   Z 00 0 0   Ia 0 


       I 
V
   − V ' =
  0 Z 0
a 1 a 1 11
  a1 
Va 2  V 'a 2   0 0 Z 22   Ia 2 
   

Onde:
Z 00 =Z S + 2 Z M − 6 Z Mg + 3Z gg Z=
11
Z=
22
ZS − ZM
Para circuitos passivos Z11 = Z 22
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 51

Dessa forma, os circuitos em componentes simétricos são desacoplados, facilitando muito


a análise de qualquer sistema com a rede equilibrada.
Através de uma avaliação simples do caso acima citado, também pode-se obter as
impedâncias sequenciais através da impedância vista pelas correntes de sequência conforme
figuras abaixo:

Para o circuito de sequência positiva e negativa:

Z S Ia + Z M Ib + Z M Ic Z S Ia + Z M ( Ib + Ic )


Z= Z= Z= Z=
Ia I
11 22 11 22
a

Sendo: Ia + Ib + Ic =


0  Ib + Ic =− Ia

Z S Ia − Z M Ia
Z= Z= = ZS − ZM
Ia
11 22
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 52

Para o circuito de sequência zero:

Z S Ia 0 + Z M Ia 0 + Z M Ia 0 − 3Z Mg Ia 0 + 3Z gg Ia 0 − 3Z gM Ia 0


Z 00 =
Ia 0
Z 00 =Z S + 2 Z M − 6 Z Mg + 3Z gg
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 53

AULA 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas

Redes equilibradas providas de cargas desequilibradas

Sabe-se que o desequilíbrio é inerente em qualquer sistema elétrico, mas os mesmos são
consideravelmente mitigados com diversas ações técnicas. Assim, na maioria dos casos,
considera-se as redes que alimentam certa carga como redes equilibradas. Entretanto, mesmo
com a rede equilibrada, o desequilíbrio pode acontecer devido à carga conectada.
Como as redes, as cargas podem ser consideradas equilibradas, entretanto contingências
no sistema podem ocorrer. Curto-circuitos de diversas formas podem ocorrer, rompimento de
condutores interrompendo o fluxo de corrente em uma ou diversas fases do sistema também
podem ocorrer, assim como a combinação dos dois casos.
Sabendo que um curto-circuito é uma carga de elevada potência, podemos representá-lo
através de um conjunto de impedâncias que se compõem conforme o tipo de curto-circuito
ocorrido.
A princípio, vamos analisar uma carga desequilibrada “shunt” conectada numa rede
equilibrada.
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 54

O procedimento para análise segue abaixo:


1) Isolar a carga desequilibrada do resto do sistema equilibrado no ponto de
conexão;
2) Representar toda a rede equilibrada por um equivalente Thevenin em
componentes simétricos;
3) Equacionar as relações de tensão e corrente em componentes simétricos no
ponto de conexão visto pelo lado do sistema equilibrado;
4) Equacionar da mesma forma pelo lado da carga;
5) Igualar as equações obtidas na condição de fronteira e obter os valores de tensão
e corrente em componentes simétricas.
6) Transformar através da matriz de síntese para obter os valores de fase.

Análise geral de uma carga sem conexão de neutro:

Avaliando do lado do sistema, temos:

Va 0   0   Z 00 0 0  0 
  V  −  0
=
Va1  Z11 0   Ia1 
 TH    
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2 
 

Avaliando do lado da carga, temos:

VAN  ZP 0 0   IA  1


  0  
=VBN  ZQ 0   IB  + VN N 1
  '

VCN   0 0   
Z R   I C  1
 

Assim, temos:
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 55

VABC Z PQR IABC + VN N


= '

Da equação de síntese:

AV012 Z PQR AI012 + VN N


= '

−1
Multiplicando a equação por A :

=V012 A−1Z PQR AI012 + A−1VN N '

−1
Desenvolvendo A Z PQR A e A−1VN N temos:
'

1 1 1   Z P 0 0  1 1 1 
A−1Z PQR A = 1 a a 2   0 0  1 a 2 a 
1
ZQ
3   
1 a a   0
2
0 Z R  1 a a 
2

 ( Z P + ZQ + Z R ) ( Z + a Z + aZ ) ( Z + aZ + a Z )
2 2

1
P Q R P Q R

A Z PQR=
−1
A ( Z P + aZ Q + a 2 Z R ) ( Z + Z + Z ) ( Z + a Z + aZ )
P Q R P
2
Q R
3 
( Z P + a 2 Z Q + aZ R ) ( Z + aZ + a Z ) ( Z + Z + Z ) 
P Q
2
R P Q R

 ZC 0 ZC 2 Z C1 
A−1Z PQR A =  Z C1 ZC 0 ZC 2 
 
 Z C 2 Z C1 Z C 0 
Onde:

ZC 0 =
(Z P
+ ZQ + Z R )
3

Z C1 =
(Z P
+ aZ Q + a 2 Z R )
3

ZC 2 =
(Z P
+ a 2 Z Q + aZ R )
3
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 56

Para A−1VN N temos:


'

1 1 1  VN N  '

 
= 1 a a 2  VN N 
1
A VN N
−1

3 
' '

1 a 2 a  VN N  '

Assim:

 VN N + VN N + VN N 


' ' 1  '

1  
A−1VN N = VN N + aVN N + a 2VN N  = VN N 0 
'
3 
' '
  ' '

V + a 2V + aV  0 


 NN '
NN NN ' '

O resultado do equacionamento é:

=V012 A−1Z PQR AI012 + A−1VN N '

Va 0   ZC 0 ZC 2 Z C1   0  1 
  Z
=Va1  ZC 0 Z C 2   Ia1  + VN N 0 
 C1     '

Va 2   Z C 2 Z C1 
Z C 0   I a 2  0 
 

Comparando o equacionamento do lado do sistema e do lado da carga, temos:


Lado do Sistema:

Va 0   0   Z 00 0 0  0 
  V  −  0
=
Va1  Z11 0   Ia1 
 TH    
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2 
 

Lado da Carga:

Va 0   ZC 0 ZC 2 Z C1   0  1 
  Z
=Va1  ZC 0 Z C 2   Ia1  + VN N 0 
 C1     '

Va 2   Z C 2 Z C1 Z C 0   Ia 2  0 


 

Comparando:

Va 0 = 0 e Va 0 = Z C 2 Ia1 + Z C1 Ia 2 + VN N ' → VN N =


' − Z C 2 Ia1 − Z C1 Ia 2
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 57

 V − Z I e =
V= Va1 Z C 0 Ia1 + Z C 2 Ia 2 → VTH − Z11 Ia1 = Z C 0 Ia1 + Z C 2 Ia 2
a1 TH 11 a1

Va 2 = − Z 22 Ia 2 e Va 2 Z C1 Ia1 + Z C 0 Ia 2


= → − Z 22 Ia 2 = Z C1 Ia1 + Z C 0 Ia 2

De − Z 22 Ia 2 = Z C1 Ia1 + Z C 0 Ia 2 , temos:

Z C1 Ia1
Ia 2 = −
( ZC 0 + Z 22 )
Substituindo:

Z Z I
VTH − Z11 Ia1 = Z C 0 Ia1 − C1 C 2 a1
( ZC 0 + Z 22 )

VTH
Ia1 =
 Z C 1Z C 2 
 Z11 + Z C 0 − 
 ( Z C 0
+ Z 22 ) 

Z C 1Z C 2
Sendo ZT =Z11 + Z C 0 − , temos:
( Z C 0 + Z 22 )
V
Ia1 = TH
ZT

Z C1  VTH 
Ia 2 = −
( ZC 0 + Z 22 )  ZT 
Para obter os valores de fase basta utilizar a equação de síntese:

 IA  1 1 1   0 
     
 I B  = 1 a a   I a1 
2

 IC  1 a a 2   Ia 2 


 
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 58

Exemplo - Uma carga composta por três impedâncias distintas conectadas em estrela e sem

conexão de neutro ( Z A = j 0,1 pu , Z B = 0,5e j 60° pu , Z C = 0,8e − j 60° pu ) esta conectada a


uma rede equilibrada, onde o equivalente Thevenin no ponto de conexão é

VTH = 1 pu , Z 00 = j 0,4 pu , Z=
11
Z=
22
j 0,01 pu

Obter as correntes de fase na carga, assim como as tensões fase-terra nos três terminais da
carga.

=ZC 0
(=
Z + Z + Z ) ( j 0,1 + 0,5e + 0,8e )
P Q
=
R
j 60° − j 60°

0,2231e − j13,81° pu
3 3

Z C1
(=
Z + aZ + a Z ) ( j 0,1 + 0,5e
P Q
2
R + 0,8e j ( −120−60) ° )
j (60 +120) °

= 0,4346e j175,60° pu
3 3

=ZC 2
(=
Z + a Z + aZ ) ( j 0,1 + 0,5e
P
2
Q R + 0,8e j (120−60) ° )
j (60 −120) °

= 0,2477e j 28,97° pu
3 3

VTH 1
Ia1 =
 Z C 1Z C 2   0,4346e j175,60° .0,2477e j 28,97° 
 Z11 + Z C 0 −  j 0,01 + 0,2231e −
− j 13,81°
 
 ( ZC 0 + Z 22 )   ( 0,2231e − j 13,81°
+ j 0,01) 

VTH
=Ia1 = 1,5206e − j 21,60° pu
 Z C 1Z C 2 
 11
Z + Z − 

C0
( ZC 0 + Z 22 ) 

I = Z C1 Ia1 0,4346e j175,60°


− =− .1,5206e − j 21,60° =
2,991e − j14,71° pu
a2
( ZC 0 + Z 22 ) ( 0,2231e − j 13,81°
+ j 0,01)

 IA  1 1 1   0   4,5043e − j17,03° 


  =  j 135,58° 
=IB  1 a 2 a  1,5206e − j 21,60°   2,7729e  pu
  
 IC  1 a a   2,991e
2 − j 14,71°
  2,4078e − j 165,04°

 
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 59

Va 0   0   Z 00 0 0   0  0   j 0,4 0 0  0 
    
Va1  = V − 0 Z11 0   Ia1  = 1  −  0 j 0,01 0  1,5206e − j 21,60° 
 TH         
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2  0   0 0 j 0,01  2,991e − j 14,71°

 
Va 0   0  VA  1 1 1  Va 0   0,9878e − j 2,50° 
   − j 0,81°    =    − j 119,59° 
V
   = 0,9945e = VB  1 a 2 a  Va1  0,9732e  pu
a 1
  
Va 2  0,0299e − j 104,71 °
   1 a a  Va 2 
2
 1,0233e j 119,65°

  VC 
Algoritmo do exemplo:
clc
clear

zp=0.1i;
zq=0.5*exp(j*deg2rad(60));
zr=0.8*exp(j*deg2rad(-60));

z00=0.4i;
z11=0.01i;
z22=z11;

a=exp(j*deg2rad(120));

zc0=(zp+zq+zr)/3;
zc1=(zp+a*zq+a^2*zr)/3;
zc2=(zp+a^2*zq+a*zr)/3;

m_zco=[num2str(abs(zc0)) '|_' num2str(rad2deg(angle(zc0)))]


m_zc1=[num2str(abs(zc1)) '|_' num2str(rad2deg(angle(zc1)))]
m_zc2=[num2str(abs(zc2)) '|_' num2str(rad2deg(angle(zc2)))]

ia1=1/(z11+zc0-(zc1*zc2/(zc0+z22)));
ia2=-(zc1/(zc0+z22))*ia1;

m_ia1=[num2str(abs(ia1)) '|_' num2str(rad2deg(angle(ia1)))]


m_ia2=[num2str(abs(ia2)) '|_' num2str(rad2deg(angle(ia2)))]

I=[1 1 1;1 a^2 a;1 a a^2]*[0;ia1;ia2];


m_ia=[num2str(abs(I(1))) '|_' num2str(rad2deg(angle(I(1))))]
m_ib=[num2str(abs(I(2))) '|_' num2str(rad2deg(angle(I(2))))]
m_ic=[num2str(abs(I(3))) '|_' num2str(rad2deg(angle(I(3))))]

v012=[0;1;0]-[z00 0 0;0 z11 0;0 0 z22]*[0;ia1;ia2];

m_v0=[num2str(abs(v012(1))) '|_' num2str(rad2deg(angle(v012(1))))]


m_v1=[num2str(abs(v012(2))) '|_' num2str(rad2deg(angle(v012(2))))]
m_v2=[num2str(abs(v012(3))) '|_' num2str(rad2deg(angle(v012(3))))]

V=[1 1 1;1 a^2 a;1 a a^2]*v012;

m_va=[num2str(abs(V(1))) '|_' num2str(rad2deg(angle(V(1))))]


m_vb=[num2str(abs(V(2))) '|_' num2str(rad2deg(angle(V(2))))]
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 60

m_vc=[num2str(abs(V(3))) '|_' num2str(rad2deg(angle(V(3))))]


Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 61

AULA 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços

Desequilíbrio devido às faltas shunts diversas

Faltas shunts consistem em conexões de diversas formas entre as fases do sistema e a


terra, assim como entre fases ou a combinação das mesmas. Podem existir diversos tipos de
faltas shunts.
Abaixo segue algumas representações de faltas shunts:
Faltas Fase-Fase-Fase e Fase-Fase-Fase-Terra

Faltas Fase-Fase e Fase-Fase-Terra

Faltas Fase-Terra
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 62

Através da representação abaixo, a maioria dos tipos de faltas shunt podem ser
representadas.

Ao representar as impedâncias de falta através das impedâncias Z P , Z Q , Z G e definir


valores particulares para elas é possível representar faltas trifásicas, bifásicas e monofásicas.
Para facilitar o método geral de análise, considera-se a impedância Z Q dentro do sistema
equilibrado. Esse artifício resulta na representação abaixo e com o aparecimento dos terminais
A ', B ', C ' .

Ao realizar os procedimentos do método de análise geral, temos o equacionamento pelo


lado do sistema:

V 'a 0   0   Z 00 + Z Q 0 0   Ia 0 


      
V 'a1  = V − 0 Z11 + Z Q 0   Ia1 
 TH 1  
V 'a 2   0   0 0 Z 22 + Z Q   Ia 2 
  
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 63

Pelo lado da carga:

VA ' N   Z P − ZQ 0 0   IA  1


   0  
=VB ' N  0 0  I B  + Z G IN 1
 
  
   0   
0 0  I C  
1
VC ' N 

Assim, temos:

V=
A ' B 'C '
ZIABC + VN N'

Da equação de síntese:

=
AV' ZAI012 + VN N '
012

−1
Multiplicando a equação por A :

V '012 A−1ZAI012 + A−1VN N


= '

Desenvolvendo A−1ZA e A−1VN N temos: '

1 1 1   Z P − Z Q 0 0  1 1 1 
A−1ZA = 1 a a 2   0 0 0  1 a 2 a 
1
3     
1 a a   0
2
0 0  1 a a 
2

1 1 1   Z P − Z Q Z P − ZQ Z P − ZQ 
A ZA = 1 a a 2   0
1
−1
0 0 
3  
1 a 2 a   0 0 0 

 Z P − ZQ Z P − ZQ Z P − ZQ 
1 
A−1ZA =  Z P − Z Q Z P − ZQ Z P − ZQ 
3
 Z P − Z Q Z P − ZQ Z P − Z Q 

1 1 1
− Q 
1 1 1
Z Z
A−1ZA = P
3  
1 1 1
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 64

Para A−1VN N :
'

1 1 1  1  Z G IN  1 
 
= 1 a a 2  1 Z G IN
1
A−1VN N −1 
A= VN N = 0  3Ia 0 Z G 0 
3    
' '

1 a 2 a  1  0  0 


 
O resultado do equacionamento é:

V '012 A−1ZAI012 + A−1VN N


= '

V 'a 0  1 1 1  Ia 0 


( P Q ) 1 1 1  I  + 3I Z 0
1
  Z − Z
=V 'a1  3    a1  a0 G  

V 'a 2  1 1 1  Ia 2  0 


 

Comparando o equacionamento do lado do sistema e do lado da carga, temos:


Lado do Sistema:

V 'a 0   0   Z 00 + Z Q 0 0   Ia 0 


      
V 'a1  = V − 0 Z11 + Z Q 0   Ia1 
 TH 1  
V 'a 2   0   0 0 Z 22 + Z Q   Ia 2 
  

Lado da Carga:

V 'a 0  1 1 1  Ia 0 


( P Q ) 1 1 1  I  + 3I Z 0
1
  Z − Z
=V 'a1  3    a1  a0 G  

V 'a 2  1 1 1  Ia 2  0 


 

Comparando:

(Z − ZQ )
− ( Z 00 + Z Q ) Ia 0
V 'a 0 = e=V 'a 0
P

3
( I
a0
+ Ia1 + Ia 2 ) + 3Z G Ia 0

(Z − ZQ )
V 'a1 = VTH 1 − ( Z11 + Z Q ) Ia1 e=V 'a1
P

3
( I a0
+ Ia1 + Ia 2 )

(Z − ZQ )
− ( Z 22 + Z Q ) Ia 2
V 'a 2 = e=V 'a 2
P

3
( I a0
+ Ia1 + Ia 2 )
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 65

Sendo

Ia 0 + Ia1 + Ia 2 =


IA

Temos as três seguintes equações:

− ( Z 00 + =
Z Q ) Ia 0
(Z − ZQ )
IA + 3Z G Ia 0 ( Z P − ZQ ) I
P

3 → − ( Z 00 + Z Q + 3Z G ) Ia 0 = A
3

( Z P − ZQ ) I
VTH 1 − ( Z11 + Z Q ) Ia1 = A
3

( Z P − ZQ ) I
− ( Z 22 + Z Q ) Ia 2 = A
3

Essas três equações representam um circuito padronizado para o cálculo das diversas
faltas shunt. Tal circuito é conhecido como circuito de quatro braços.

Através do circuito acima é possível obter os valores de tensão e corrente em


componentes simétricos nos pontos de falta através das informações do equivalente Thévenin
de sequência positiva, negativa e zero e das impedâncias de falta Z P , Z Q , Z G definidas para
representar o tipo de falta em análise.

Para obter IA , basta fazer o equivalente Thévenin nos pontos A'0 N '0 :
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 66

ZTHc = ( Z11 + Z Q ) / / ( Z 22 + Z Q ) / / ( 3Z G + Z 00 + Z Q )

VTHc =
(Z 22
+ Z Q ) / / ( 3Z G + Z 00 + Z Q )
VTH
(Z 11
+ Z Q ) + ( Z 22 + Z Q ) / / ( 3Z G + Z 00 + Z Q )

VTHc
IA =

 ZTHc +
( Z P − ZQ ) 
 3 
 

Conhecido IA ,obtemos qualquer corrente ( Ia 0 , Ia1 , Ia 2 ).

VTH 1 −
( Z P − ZQ )
IA
− ( Z P − Z Q ) IA − ( Z P − Z Q ) IA
Ia 0 = Ia1 = 3 Ia 2 =
3 ( Z 00 + Z Q + 3Z G ) ( Z11 + ZQ ) 3 ( Z 22 + Z Q )

Va 0 = − Z 00 Ia 0 =
V V − Z I
a1 TH 1 11 a1
Va 2 = − Z 22 Ia 2
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 67

Exemplo- Dado o equivalente Thevénin e o desequilíbrio indicado na figura, calcular:

IAu , IBu , ICu ,VN Nu ,VANu , Sendo VTH 1u = 1 pu , Z=


' 11u
Z=
22 u
j 0,4 pu , Z 00 u = j 0,2 pu

e
Z Fu = j 0,3 pu

Para esse caso, Z Q = 0 e Z P = Z Fu , assim o circuito de quatro braços fica:

Z11Z 22 j 0,4. j 0,4 −0,16


=
ZTHc Z11 =
/ / Z 22 = = = j 0,2 pu
Z11 + Z 22 j 0,4 + j 0,4 j 0,8

Z 22  j 0,4
=VTHc = VTH = .1 0,5 pu
Z11 + Z 22 j 0,4 + j 0,4

VTHc 0,5
=IAu = = 1,6666e − j 90° pu
 ZP 
j 0,2 +
j 0,3
 ZTHc + 
 3  3
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 68

Z j 0,3
VTH 1 − P IA 1 − .1,6666e − j 90°
Ia 0 ==
0 Ia1 = 3 3 = 2,0833e − j 90° pu
Z11 j 0,4

 − Z P IA − j 0,3.1,6666e − j 90°


=
Ia2 = = 0,4166e j 90° pu
3Z 22 3. j 0,4

 IA  1 1 1   0   1,667e − j 90° 


  =   − j 90°   j 158,95° 
=IB 
2
1 a a 2,0833e  2,320 e  pu
  
 IC  1 a a 2   0,4166e j 90°   2,320e j 21,05° 
 

Va 0 = 0 Va1 =
VTH 1 − Z11 Ia1 =
1 − j 0,4.2,0833e − j 90° =
0,1666 pu

Va 2 =
− Z 22 Ia 2 =
− j 0,4.0,4166e j 90° =
0,1666 pu

VAN  1 1 1   0   0,333e − j 0° 
  =  j 180° 
=VBN  1 a 2 a  0,1666   0,1666e  pu
  
  1 a a 2  0,1666  0,1666e j180° 
VCN 
VAN = 0,333e − j 0° pu

VN=
'
Nu
V=
BNu
V=
CNu
0,1666e j180° pu
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 69

AULA 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares

Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares

Falta Trifásica Simétrica

A ocorrência dessa falta é muito pequena, ordem de 5%. Entretanto, quando ocorre é
a falta com a maior incidência de energia. Para representá-la, basta adotar Z P = Z Q .

Assim,
( Z P
− ZQ )
= 0 e o último braço da direita se transforma num curto –
3
circuito. Resultando no circuito abaixo:

VTH 1
Ia 0 = 0 Ia=1 I= Ia 2 = 0
A
( Z11 + ZQ )
Va 0 = 0 Va1 =VTH 1 − Z11 Ia1 =Z Q IA Va 2 = 0

Falta Fase-Fase-Terra (F-F-T)

A ocorrência dessa falta é um pouco maior, na ordem de 15%. Para representá-la,


basta adotar Z P = ∞ .

Assim,
( Z P
− ZQ )
= ∞ e o último braço da direita se transforma num circuito
3
aberto. Resultando no circuito abaixo:
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 70

Resolvendo o circuito para obter Ia 0 , Ia1 , Ia 2 , verifica-se que IB + IC =
3Ia 0 , pois:

IA = Ia 0 + Ia1 + Ia 2 = 0 IB =Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 IC =Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2

IB + IC = Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 + Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2 = 2 Ia 0 + ( a 2 + a ) Ia1 + ( a + a 2 ) Ia 2 =

IB + I=
C
2 Ia 0 − Ia1 − I=
a2 ) 2 Ia 0 − ( − Ia 0=) 3Ia 0
2 Ia 0 − ( Ia1 + Ia 2=

Falta Fase-Fase (F-F)

A ocorrência dessa falta é na ordem de 10%. Para representá-la, basta adotar


Z P = ZG = ∞ .

Assim,
(Z P
− ZQ )
= ∞ e os dois últimos braços da direita se transforma num
3
circuito aberto. Resultando no circuito abaixo:
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 71

VTH 1
Ia 0 = 0 Ia1 = Ia 2 = − Ia1
( Z11 + 2ZQ + Z 22 )
Va 0 = 0 =
V V − Z I
a1 TH 1 11 a1
Va 2 = − Z 22 Ia 2

Falta Fase-Terra (F-T)

A ocorrência dessa falta é a maior, na ordem de 70%. Para representá-la, basta adotar
ZQ = ∞.
Assim, todos os braços do circuito estariam abertos. Portanto, não conseguiríamos obter
as correntes de sequência positiva, negativa e zero em cada braço.

Sabendo que I=


B
I=
C
0 ,temos:

IB =Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 =0 Ia 0 =


−a 2 Ia1 − aIa 2

IC =Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2 =0 Ia 0 =


−aIa1 − a 2 Ia 2

Igualando:

−a 2 Ia1 − aIa 2 =
−aIa1 − a 2 Ia 2
( a − a ) I − ( a − a ) I
2
a1
2
a2
=
0

Ia1 = Ia 2
( a − a ) I =−
2
( a a ) I
a1
2
a2

Para Ia 0 :
Ia 0 =− ( a + a 2 ) Ia1 =Ia1 a + a2 =
−1 Ia 0 = Ia1

Assim:

I=
a0
I=
a1
Ia 2

Sendo
IA = Ia 0 + Ia1 + Ia 2 ,temos:


I= = I= I A
I
a0 a1 a2
3
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 72

Resultando no circuito abaixo:

Resolvendo esse circuito, obtemos:

 VTH
I= = I= I=
I A
a0 a1 a2
3 ( Z 00 + Z11 + Z 22 + 3ZG )

Va 0 = − Z 00 Ia 0  V − Z I
V=a1 TH 11 a1
Va 2 = − Z 22 Ia 2
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 73

Exemplo- Verificar qual seria a corrente de falta quando ocorrer um curto-circuito fase-
terra franco no meio de um dos 2 circuitos de uma linha de transmissão de um certo sistema.
A linha faz parte de um sistema muito maior, sendo esse sistema representado através de um
equivalente em cada extremidade da linha de transmissão. Através dos dados da linha e dos
equivalentes do sistema na tabela abaixo, calcular a corrente de curto circuito na fase A e as
correntes de fase que fluem de ambos terminais do circuito com falta.
Equivalente do Sistema 1 Linha de Transmissão Equivalente do Sistema 2

VTHeq1 = 1,2e j 0° pu VTHeq 2 = 1,0e j 0° pu


Circuito Duplo
(circuitos paralelos)
Falta Fase-Terra na fase A
Z11eq1 = j 0,3 pu Z11eq 2 = j 0,6 pu
no meio de um dos circuitos

Z= Z= j 0,4 pu
Z 22 eq1 = j 0,3 pu 11 LT 22 LT
Z 22 eq 2 = j 0,6 pu
(cada circuito)
Z 00 LT = j 0,6 pu
Z 00 eq1 = j 0,5 pu Z 00 eq 2 = ∞
(cada circuito)

O primeiro passo consiste em obter o equivalente Thevénin do ponto da falta:


Para as impedâncias Thevénin de sequencia positiva, negativa e zero:
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 74

Z11LT Z11EQ1 j 0,4. j 0,3 −0,12


=Za = = = j 0,0923 pu
(Z
11 LT
+ Z11EQ1 + Z11EQ 2 ) ( j 0,4 + j 0,3 + j 0,6 ) ( j1,3)
Z11LT Z11EQ 2 j 0,4. j 0,6 −0,24
=Zb = = = j 0,1846 pu
(Z 11 LT
+ Z11EQ1 + Z11EQ 2 ) ( j 0,4 + j 0,3 + j 0,6 ) ( j1,3)
Z11EQ1Z11EQ 2 j 0,3. j 0,6 −0,18
=Zc = = = j 0,1385 pu
(Z 11 LT
+ Z11EQ1 + Z11EQ 2 ) ( j 0,4 + j 0,3 + j 0,6 ) ( j1,3)
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 75

 Z  Z 
Z th1 = Z th 2 =  11LT + Z a  / /  11LT + Z b   + Z c =
( j 0,2923. j 0,3846 ) =
 2   2  j 0,2923 + j 0,3846

Z th1 ==
Z th 2
( j 0,2923. j 0,3846 ) + j 0,1385 =
j 0,3046 pu
j 0,2923 + j 0,3846

=
Z Z 
Z th 0  00 LT / /  00 LT + Z 00 LT   +=
Z 00 eq1
( j 0,3. j 0,9 ) +=
j 0,5 j 0,7250 pu
 2  2  j 0,3 + j 0,9

Para obter VTH 1 , temos:

Z
VTH 1 =
VTHeq1 − Z11eq1 IT 1 − 11LT Ickt1
2

Onde:

IT 1 =
(V
THeq1
− VTHeq 2 )
=
(1,2 − 1) = − j 0,1818 pu
 Z11LT   j 0,4 
 Z11eq1 + + Z11eq 2   j 0,3 + + j 0,6 
 2   2 

I − j 0,1818
Ickt1 = T 1 = = − j 0,0909 pu
2 2

1,2 ( j 0,3.( − j 0,1818 ) ) − ( j 0,2.( − j 0,0909 ) )


Z
VTH 1 =
VTHeq1 − Z11eq1 IT 1 − 11LT Ickt1 =−
2

VTH 1 =−
1,2 0,0545 − 0,0182 =
1,1273 pu
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 76

Obtidas as informações do Equivalente Thevénin no ponto da falta, calculamos

Ia 0 , Ia1 , Ia 2eIF :

 VTH
I = I = I = I F = =
1,1273
= − j 0,8449 pu
3 ( Z th 0 + Z th1 + Z th 2 + 3Z F ) ( j 0,725 + j 0,3046 * 2 )
a0 a1 a2

IF =
− j 0,8449 *3 =
− j 2,5348 pu

As correntes obtidas acima fluem do equivalente para o elemento de falta. Entretanto, se


quisermos obter informações sobre as correntes em pontos diversos do circuito original, temos
que representar todos os elementos do sistema, conforme abaixo:

Assim, basta resolver tal circuito que teremos tensões e correntes de componentes de
seq+,- e zero em qualquer ponto do sistema.
Para as correntes de fase que fluem de ambos terminais do circuito com falta, temos:

Z11LT
+ Zb j 0,2 + j 0,1846
Ia1Esq 2= Ia1 + Ickt1 Ia1 + Ickt1
 Z11LT Z 
+ Z b + 11LT + Z a  ( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)

 2 2 

j 0,2 + j 0,1846
Ia1Esq = ( − j 0,8449 ) − j 0,0909 =
− j 0,5710 pu
( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 77

Z11LT
+ Zb j 0,2 + j 0,1846
Ia 2 Esq = 2 Ia 2 Ia 2
 Z11LT Z 
+ Z b + 11LT + Z a  ( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)

 2 2 
j 0,2 + j 0,1846
Ia 2 Esq = ( − j 0,8449 ) =
− j 0,4801 pu
( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923 )
Z 00 LT
+ Z 00 LT j 0,3 + j 0,6
Ia 0 Esq = 2 Ia 0 = ( − j 0,8449 ) =
− j 0,6367 pu
 Z 00 LT Z
+ Z 00 LT + 00 LT
 ( j 0,3 + j 0,6 + j 0,3)
 
 2 2 

 IAckt1Esq  1 1 1   − j 0,6367   1,6878e − j 90° 


  1 a 2  − j 125,31° 
 I Bckt1Esq= a   − j 0,5710= 
 0,1362 e  pu
  

 I Cckt1Esq  1 a a 2   − j 0,4801  0,1362e − j 54,69° 
 

Para a corrente que sai do terminal T2, temos:

Z11LT
+ Za j 0,2 + j 0,0923
Ia1Dir 2= Ia1 − Ickt1 Ia1 − Ickt1
 Z11LT Z 
+ Z b + 11LT + Z a  ( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)

 2 2 

j 0,2 + j 0,0923
Ia1Dir = ( − j 0,8449 ) − ( − j 0,0909 ) =− j 0,2739 pu
( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)
Z11LT
+ Za j 0,2 + j 0,0923
Ia 2 Dir = 2 Ia 2 Ia 2
 11LT
Z Z 
+ Z b + 11LT + Z a  ( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)

 2 2 

j 0,2 + j 0,0923
Ia 2 Dir = ( − j 0,8449 ) =
− j 0,3648 pu
( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923)
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 78

Z 00 LT
j 0,3
Ia 0 Dir = 2 Ia 0 = ( − j 0,8449 ) =
− j 0,2112 pu
 Z 00 LT Z
+ Z 00 LT + 00 LT
 ( j 0,3 + j 0,6 + j 0,3)
 
 2 2 

 IAckt1Dir  1 1 1   − j 0,2112   0,8499e − j 90° 


  1 a 2  j 53,95° 
 I =  a   − j 0,2739= 
 0,1338e  pu
Bckt 1 Dir
  
 ICckt1Dir  1 a a   − j 0,3648 
2
0,1338e j126,05° 
 

Contribuição do Lado Esquerdo:

Contribuição do Lado Direito:


Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 79
Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 80

AULA 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada

Circuito para Cálculo de Falta Trifásica Desequilibrada

Até o momento diversos casos de curto-circuitos shunts foram representados. Entretanto,


o curto-circuito trifásico desequilibrado representado na figura abaixo não é passível de
representação através das ferramentas já apresentadas. Para que consigamos representá-lo para
análise é necessária uma nova abordagem.

Para tal, consideramos Z11 = Z 22 , assim:


Avaliando do lado do sistema, temos:

Va 0   0   Z 00 0 0   Ia 0 
  V  −  0   I 
=
Va1 
 TH  
Z11 0
  a1 
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2 
 

Avaliando do lado do sistema, temos:

VAN  ZP 0 0   IA  1


  0  
=VBN  ZQ 0   IB  + Z g 1 IN
  
VCN   0 0   
Z R   I C  1
 

Sabendo que :

VAN = Va 0 + Va1 + Va 2

Da equação do lado do sistema temos:

VAN =
− Z 00 Ia 0 + VTH − Z11 Ia1 − Z 22 Ia 2
Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 81

Sabendo que :

IA = Ia 0 + Ia1 + Ia 2 Ia 2 = IA − Ia 0 − Ia1 Z11 = Z 22


Substituindo:

− Z 00 Ia 0 + VTH − Z11 Ia1 − Z11 ( IA − Ia 0 − Ia1 )


VAN =

VAN =VTH − Z 00 Ia 0 − Z11 Ia1 − Z11 IA + Z11 Ia 0 + Z11 Ia1

VAN =VTH − Z 00 Ia 0 − Z11 IA + Z11 Ia 0 VAN =VTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IA

Da equação do lado da carga, temos:

VAN Z P IA + Z g IN


= VAN Z P IA + 3Z g Ia 0
=

Igualando:

VTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IA = Z P IA + 3Z g Ia 0

Resultando para a fase A em:

VTH − Z11 IA − Z P IA − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Para a fase B, o mesmo procedimento deve ser feito:

Sabendo que :

VBN =Va 0 + a 2Va1 + aVa 2

Da equação do lado do sistema temos:

VBN =
− Z 00 Ia 0 + a 2VTH − a 2 Z11 Ia1 − aZ 22 Ia 2

Sabendo que :

IB =Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 Ia 2 =a 2 IB − a 2 Ia 0 − aIa1 Z11 = Z 22



Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 82

Substituindo:

− Z 00 Ia 0 + a 2VTH − a 2 Z11 Ia1 − aZ11 ( a 2 IB − a 2 Ia 0 − aIa1 )


VBN =

VBN =
− Z 00 Ia 0 + a 2VTH − a 2 Z11 Ia1 − Z11 IB + Z11 Ia 0 + a 2 Z11 Ia1

VBN = a 2VTH − Z 00 Ia 0 − Z11 IB + Z11 Ia 0 VBN = a 2VTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IB

Da equação do lado da carga, temos:

VBN Z Q IB + Z g IN


= → VBN Z Q IB + 3Z g Ia 0
=

Igualando:

a 2VTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IB = Z Q IB + 3Z g Ia 0

Resultando para a fase B em:

a 2VTH − Z11 IB − Z Q IB − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Para a fase C, o mesmo procedimento deve ser feito:

Sabendo que :

VCN =Va 0 + aVa1 + a 2Va 2

Da equação do lado do sistema temos:

VCN =
− Z 00 Ia 0 + aVTH − aZ11 Ia1 − a 2 Z 22 Ia 2

Sabendo que :

IC =Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2 Ia 2 = aIC − aIa 0 − a 2 Ia1 Z11 = Z 22


Substituindo:

− Z 00 Ia 0 + aVTH − aZ11 Ia1 − a 2 Z11 ( aIC − aIa 0 − a 2 Ia1 )


VCN =

VCN =
− Z 00 Ia 0 + aVTH − aZ11 Ia1 − a 2 Z11 IC + Z11 Ia 0 + Z11 Ia1
Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 83

VCN =
− Z 00 Ia 0 + aVTH − aZ11 Ia1 − Z11 IC + Z11 Ia 0 + aZ11 Ia1

VCN = aVTH − Z 00 Ia 0 − Z11 IC + Z11 Ia 0 VCN = aVTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IC

Da equação do lado da carga, temos:

VCN Z R IC + Z g IN


= → VCN Z R IC + 3Z g Ia 0
=

Igualando:

aVTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IC = Z R IC + 3Z g Ia 0

Resultando para a fase C em:

aVTH − Z11 IC − Z R IC − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Concentrando as três equações obtidas para cada fase, temos:

VTH − Z11 IA − Z P IA − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

a 2VTH − Z11 IB − Z Q IB − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

aVTH − Z11 IC − Z R IC − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Essas três equações podem ser representadas através do circuito trifásico abaixo:

Ao considerar a impedância da rede de sequencia positiva igual a negativa, podemos


resolver qualquer tipo de falta shunt através da solução do circuito acima, tornando-se uma
grande ferramenta de análise.
Aula 14 – Análise de Faltas Série 84

AULA 14 – Análise de Faltas Série

Análise de Faltas Série

Até o momento foram apresentadas várias ferramentas para análise das diversas faltas
shunt. Neste ponto, iniciam-se as definições de ferramentas para análise de faltas série.
A falta série consiste em qualquer contingência no sistema onde o caminho da corrente é
alterado ou interrompido em uma ou diversas fases num certo ponto do sistema. A figura abaixo
representa este tipo de contingência:

Considerando a parte do circuito desequilibrado entre os pontos A’’,B’’,C’’ e A’,B’,C’,


temos o seguinte equacionamento:
Aula 14 – Análise de Faltas Série 85

Do lado do sistema desequilibrado temos:

V ``AN  V `AN   ZT − Z S 0 0   IA 


  ``    `    
V BN  − V BN  = 0 0 0   IB 
 
V ``CN  V `CN   0 0 0   IC 
   
Assim, temos:

VA '' B ''C '' − VA ' B 'C ' =


ZIABC

Da equação de síntese:

AV ''012 − AV '012 =


ZAI012

−1
Multiplicando a equação por A :

V ''012 − V '012 =
A−1ZAI012

Desenvolvendo A−1ZA temos:

1 1 1   ZT − Z S 0 0  1 1 1 
A−1ZA = 1 a a 2   0 0 0  1 a 2 a 
1
3   
1 a 2 a   0 0 0  1 a a 2 

1 1 1   ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
A−1ZA = 1 a a 2   0 0 
1
0
3  
1 a a   0
2
0 0 

 ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
A−1ZA =  ZT − Z S ZT − Z S 
1
ZT − Z S
3 
 ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
Aula 14 – Análise de Faltas Série 86

O resultado do equacionamento é:

 ZT − Z S 
V ''012 − V '012 =
  I 012
 3 

V ``a 0  V `a 0  1 1 1  Ia 0 


  ``    `   ZT − Z S    
V a1  − V a1  =   1 1 1  I a1 
   3 
V a 2  V a 2 
``
   
`
1 1 1  Ia 2 

V ``a 0  V `a 0   Ia 


  ``    `   ZT − Z S   
V a1  − V a1  =   Ia 
V a 2  V a 2     
`` `
3
    Ia 

Do lado do sistema equilibrado temos:

V ``a 0  V `a 0   0  ( Z 00 e + Z S + Z 00 d ) 0 0   Ia 0 


  ``    `  V − V  −    
V a1  − V a1 =  THe THd  
0 ( Z11e + Z S + Z11d ) 0   I a1 
  ``    ` 
V a 2  V a 2   0   0 0 ( Z 22e + Z S + Z 22 d )  Ia 2 
V ``a 0  V `a 0   0  ( Z 00 + Z S ) 0 0   Ia 0 
  ``    `  V  −    
V a1  − V a1  =  THed  
0 (Z 11
+ ZS ) 0   I a1 
V ``a 2  V `a 2 
     0   0 0 ( Z 22 + Z S )  Ia 2 

Comparando o equacionamento do lado do sistema e do lado da carga, temos:


Lado do Sistema Desequilibrado:

V ``a 0  V `a 0   IA 


  ``    `   ZT − Z S   
V a1  − V a1  =   I A 
V a 2  V a 2     
`` `
3
    I A 

Lado do Sistema Equilibrado:


Aula 14 – Análise de Faltas Série 87

V ``a 0  V `a 0   0  ( Z 00 + Z S ) 0 0   Ia 0 


  ``    `  V  −    
V a1  − V a1  =  THed  
0 (Z 11
+ ZS ) 0   I a1 
V ``a 2  V `a 2 
     0   0 0 ( Z 22 + Z S )  Ia 2 

Comparando:

 ZT − Z S 
− ( Z 00 + Z S ) Ia 0 =
  IA
 3 
 ZT − Z S 
VTHed − ( Z11 + Z S ) Ia1 =
  IA
 3 
 ZT − Z S 
− ( Z 22 + Z S ) Ia 2 =
  IA
 3 

Essas três equações representam um circuito padronizado para o cálculo das diversas
faltas séries. Tal circuito é muito semelhante ao circuito de quatro braços já conhecido.

Através do circuito acima é possível obter os valores de tensão e corrente em


componentes simétricos nos pontos do circuito desequilibrado através das informações do
Equivalente Thévenin de sequência positiva, negativa e zero visto da fronteira entre os sistemas
e das impedâncias de desequilíbrio ZT , Z S definidas para representar o tipo de falta em análise.

Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares de Desequilíbrio série

Abertura de Uma Fase


Aula 14 – Análise de Faltas Série 88

Abertura de uma fase pode ocorrer devido a operação indevida de apenas uma chave de
um sistema (disjuntores monopolares), rompimento de um condutor ou abertura de um fusível.
Assim para representá-lo, basta considerar Z S = 0 e ZT = ∞ :

 ZT − Z S 
Assim,   = ∞ e o último braço da direita se transforma num circuito
 3 
aberto. Resultando no circuito abaixo:

VTH 1ed − Z 00
− ( Ia 0 + Ia 2 ) Ia1 =
Ia1 = Ia 2 = Ia1
( Z11 + ( Z 00 \ \ Z 22 ) ) ( Z 00 + Z 22 )
− Z 22
Ia 0 = Ia1 Ia = 0
( Z 00 + Z 22 )

Vaa `0 = − Z 00 Ia 0 Vaa `1 VTH 1ed − Z11 Ia1


= Vaa `2 = − Z 22 Ia 2

Abertura de Duas Fase

Abertura de duas fases pode ocorrer devido ao travamento na abertura de apenas uma
chave de um sistema (disjuntores monopolares), rompimento de dois condutor ou abertura de
dois fusíveis. Assim para representá-lo, basta considerar Z S = ∞ e ZT = 0 :
Assim, todos os braços do circuito estariam abertos impossibilitando qualquer análise.
Para resolver tal questão, temos:
I=
b
I=
c
0
Aula 14 – Análise de Faltas Série 89

 IA 
3
 Ia 0  1 1 1  I A     
   1 2   IA  
= I= I A
= I
 a1  3 = 1 a a 0
   3  I=
a0
I a1 a2
 3
Ia2 
  1 a 2
a   0    
 IA 
3
 
Assim podemos remodelar o circuito conforme abaixo:
Aula 14 – Análise de Faltas Série 90

Exemplo- Verificar qual seria a corrente na fase sã quando ocorrer uma abertura de duas
fases (B e C) no meio de um dos 2 circuitos de uma linha de transmissão de um certo sistema.
A linha faz parte de um sistema muito maior, sendo esse sistema representado através de um
equivalente em cada extremidade da linha de transmissão. Através dos dados da linha e dos
equivalentes do sistema na tabela abaixo:
Equivalente do Sistema 1 Linha de Transmissão Equivalente do Sistema 2

VTHeq1 = 1,2e j 0° pu VTHeq 2 = 1,0e j 0° pu


Circuito Duplo
(circuitos paralelos)
Falta Fase-Terra na fase A
Z11eq1 = j 0,3 pu Z11eq 2 = j 0,6 pu
no meio de um dos circuitos

Z= Z= j 0,4 pu
Z 22 eq1 = j 0,3 pu 11 LT 22 LT
Z 22 eq 2 = j 0,6 pu
(cada circuito)
Z 00 LT = j 0,6 pu
Z 00 eq1 = j 0,5 pu Z 00 eq 2 = ∞
(cada circuito)

O primeiro passo consiste em obter o equivalente Thevénin do ponto da falta:


Para as impedâncias Thevénin de sequencia positiva, negativa e zero:
Aula 14 – Análise de Faltas Série 91

Z
2
Z
2
(
Z th1 =Z th 2 = 11LT + 11LT + Z11LT \ \ ( Z11eq1 + Z11eq 2 ) )
 j 0,4. j 0,9 
+ ( j 0,4 \ \ ( j 0,3 + j 0,6 ) ) =j 0,4 + 
j 0,4 j 0,4
Z th1 =Z th 2 = + =j 0,6769 pu
2 2  j1,3 

Z 00 LT Z 00 LT
Z th 0 = + + Z 00 LT
2 2

j 0,6 j 0,6
Z th 0 = + + j 0,6 = j1,2 pu
2 2

Para obter VTHed 1 , temos:


Aula 14 – Análise de Faltas Série 92

VTHed 1 = Z11LT Ickt 2


Onde:

IT 1 = Ickt 2 =
(VTHeq1
− VTHeq 2 )
=
(1,2 − 1) = − j 0,1538 pu
( Z11eq1 + Z11LT + Z11eq 2 ) ( j 0,3 + j 0,4 + j 0,6 )

VTHed 1 =
Z11LT Ickt 2 =j 0,4.(− j 0,1538) =
0,0615 pu

Obtidas as informações do Equivalente Thevénin no ponto de desequilíbrio, calculamos

Ia 0 , Ia1 , Ia 2eIa :


 VTHed 1
I = I = I = I a = =
0,0615
= − j 0,0241 pu
3 ( Z th 0 + Z th1 + Z th 2 ) ( j1,2 + j 0,6769 + j 0,6769 )
a1 a2 a0

Ia =
− j 0,0241*3 =
− j 0,0723 pu
Aula 15 – Defasamento angular de Transformadores 93

AULA 15 – Defasamento angular de Transformadores

Defasamento angular de Transformadores em Componentes Simétricos

Sabemos que transformadores trifásicos com fechamento dos enrolamentos diferentes


proporcionam defasamento angular. Particularmente, sabemos que em transformadores (DY
ou YD) o defasamento será ±30° dependendo do fechamento e sequencia de fase (ABC ou
ACB) e determinação dos bornes.
Para avaliar o comportamento das componentes simétricas em transformadores, faremos
uma comparação direta com o comportamento do transformador em condição equilibrada.
Assim segue a análise do defasamento angular de um transformador Yd1 com a rede em
sequência de fase ABC:

Como já previa o código do fechamento (Yd1), ao analisar a composição dos fasores,


verifica-se que as tensões no primário (estrela) estão adiantadas de 30° em relação a
correspondente no secundário (delta).
Aula 15 – Defasamento angular de Transformadores 94

Agora, ao alterar apenas a sequência de fase, obtemos a seguinte relação entre os fasores
correspondentes do primário e secundário:

Ao inverter apenas a sequência de fase para ACB, verifica-se que os fasores


correspondentes de tensão no primário estão atrasados de 30° em relação aos correspondentes
fasores do secundário.
Fica evidente que quando existir defasamento angular num certo transformador devido
ao fechamento dos enrolamentos para uma certa sequência de fase, ao inverter a sequência de
fase, o defasamento angular será o mesmo entretanto em sentido contrário. Ou seja, se quando
a sequência de fase for ABC num transformador com defasamento angular de +θ° entre
primário em relação ao secundário, ocorrerá um defasamento de -θ° se a sequência de fase for
invertida para ACB.
Sabendo que a componente de sequência positiva acompanha a sequência de fase do
sistema original e que a sequência negativa gira em sentido contrário, ou melhor, tem sequência
de fase contrária ao sistema original, a mesma comparação e resultados obtidos acima podem
ser considerados.
Aula 15 – Defasamento angular de Transformadores 95

Assim:
• Componente de sequência positiva: o defasamento angular será o mesmo do
sistema original;
• Componente de sequência negativa: com mesmo módulo do defasamento do
sistema original, entretanto com sentido contrário.

Exemplo - Um transformador Dyn1 de 20MVA, 138kV-13,8kV apresenta Zps=47,61Ω


e X/R=10, obter Ztu de sequência positiva e negativa, assim como os equivalentes.

Z PS SB   20  
Z= = Z PS e ja tan(10) = 47,61e j 84,29  = 2 
0,05e j 84,29 pu
 138 
TU 2
Z BP VBP


Z=
TU
Z=
TU 1
Z=
TU 2
0,05e j 84,29 pu
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 96

AULA 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos

Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos

Três transformadores monofásicos constituídos de 3 enrolamentos são conectados para


forma um banco trifásico com 3 enrolamentos conforme figura abaixo:

Bancos de transformadores de 3 enrolamentos são utilizados em grandes subestações de


transmissão, onde o enrolamento terciário é utilizado para suprir as instalações locais e filtrar
as componentes de sequência zero do sistema.
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 97

Analisando por fase temos:

( )
 
2 Z
n n
n1 = P n2 = P Z S = n1 Z S=
' 2
ZT ' =
3n2  T  n2 2 ZT
nS nT  3 
' '
Para obter os valores de ( Z P , Z S eZT ) é necessário realizar três ensaios de curto-circuito

no banco trifásico.
O primeiro ensaio é realizado para obter Z PS . Consiste em deixar o terciário aberto,

curto-circuitar o enrolamento secundário e aplicar tensão reduzida no primário até fluir corrente
nominal nos enrolamentos.

VPcc
Z PS =
IPN

Z PS =Z P + n12 Z S =ZP + ZS '


O segundo ensaio é realizado para obter Z PT . Consiste em deixar o secundário aberto,

curto-circuitar o enrolamento terciário e aplicar tensão reduzida no primário até fluir corrente
nominal nos enrolamentos.
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 98

VPcc
Z PT =
IPN
= Z P + ZT '
Z PT
O terceiro ensaio é realizado para obter Z STs . Consiste em deixar o primário aberto, curto-

circuitar o enrolamento terciário e aplicar tensão reduzida no secundário até fluir corrente
nominal nos enrolamentos.

VScc
Z STs =
ISN
2 2 2
n  1 n 
= Z S +  S  ZT ou Z STs
Z STs = Z S +  2  ZT
= Z S +   ZT ' ou Z STs
 nT   n1   n1 
Com esse ensaio realizado no secundário, o valor de Z STs é referido ao secundário, como
queremos obter esse valor referido ao primário, temos:

  ns 
2

Z ST = n1 Z STs
2
=
Z ST n1  Z S +   ZT 
2

  nt  

 np 
2
  ns 
2
  np 
2
 np   ns 
2 2

=Z ST    Z S +   ZT  =Z ST   Z S +     ZT
 ns    nt    ns   ns   nt 
2 2
 np   np 
=Z ST   Z S +   ZT Z= Z S '+ ZT '
 ns   nt 
ST
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 99

' '
Obtidos os valores de ( Z PS , Z PT e Z ST ), os valores de ( Z P , Z S eZT ) são calculados

através de:
1
Z P= ( Z PS + Z PT − Z ST )
2
1
Z S=' ( Z PS + Z ST − Z PT )
2
1
ZT=' ( Z PT + Z ST − Z PS )
2
Para obter as informações da impedância de excitação, temos:

VPN
ZP + ZE  ZE =
I0
Dividindo as impedâncias obtidas por Z BP , obtemos o circuito equivalente de sequência

positiva do banco trifásico em PU:

1
Z Pu= ( Z PSu + Z PTu − Z STu )
2
1
Z Su=' ( Z PSu + Z STu − Z PTu )
2
1
ZTu=' ( Z PTu + Z STu − Z PSu )
2
Para o circuito equivalente de sequência zero em PU, temos:
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 100

A topologia do circuito anterior consiste da passagem das 3 correntes de sequência zero


passando nas fases e se concentrando no neutro das conexões estrela e das correntes que apenas
circulam no delta e não aparecem nos terminais de linha.

Para melhor compreensão do que acontece no delta com componentes de sequência zero,
ilustramos o fenômeno como o circuito abaixo:

3V V V
=
I = =
RI R= V V −V =
0
3R R R
Mesmo não existindo tensões entre os terminais e zero de corrente nas linhas, existe corrente
circulando dentro do delta.

Impedância de sequência zero de transformadores trifásicos de 2 enrolamentos providos de


núcleo trifásico

Quando passar a componente de sequência zero nas 3 fases será induzido um fluxo
magnético idêntico nos três braços do núcleo. Sabendo que o caminho do fluxo é fechado, o
mesmo passa pelo tanque do transformador, conforme figura abaixo:
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 101

Quando o fluxo passar pelo tanque de aço, serão induzidas correntes parasitas que vão se
opor a corrente que as criaram. Esse efeito pode ser considerado como um enrolamento
terciário conectado em delta.
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 102

AULA 17 – Representação de Linhas de Transmissão

Linhas de Transmissão

A rede elétrica é estruturada verticalmente de acordo com as funcionalidades de cada


sistema, sendo eles classificados em geração, transmissão / subtransmissão e distribuição.
O sistema de transmissão é responsável pelo transporte de grandes blocos de energia a
longas distâncias, sendo composto de todas as redes responsáveis por interligar as grandes
instalações de geração e regiões de consumo. Tem como característica transmitir grandes
potências através de linhas aéreas, em elevados níveis de tensão, longas distâncias e com
configuração malhada. Costuma-se ser chamado de rede básica de transmissão.
O sistema de subtransmissão é composto por todas as redes responsáveis por fazer a
conexão da distribuição à transmissão, além de conectar consumidores de grande porte. Tem
as mesmas características do sistema de transmissão, porém com um menor nível de tensão,
nível de potência e comprimento, e uma configuração mais radial, podendo, às vezes, ter as
mesmas características do sistema de transmissão.
Uma linha de transmissão é composta basicamente por cabos condutores, cadeia de
isoladores, estruturas metálicas de sustentação, para-raios e acessórios diversos para melhoria
das propriedades elétricas e mecânicas, tais como, anéis de corona, espaçadores, dispositivos
antivibrantes, dentre outros.
Além dos componentes que constituem a linha, as dimensões e as configurações das
estruturas são fundamentais. Tais estruturas terão tantos pontos de suspensão quantos forem os
cabos condutores e cabos para-raios a serem suportados. Suas dimensões e formas dependem
de diversos fatores, tais como: disposição dos condutores, distância entre condutores,
dimensões e formas de isolamento, flechas dos condutores, altura de segurança e número de
circuitos. Em linhas trifásicas, basicamente, existem três tipos de disposição de condutores:
triangular, horizontal e vertical. As principais dimensões são determinadas principalmente pela
tensão nominal e as sobretensões previstas, assim como, a flecha e o diâmetro dos condutores.
O comprimento da linha, a potência a ser transmitida, o nível de tensão, o trajeto da linha,
o tipo de torre, a quantidade de circuitos por torre, o tipo de condutor, o aterramento e a
transposição ou não dos circuitos são definidos nos projetos para que haja a viabilidade
econômica e atenda a todos os requisitos técnicos necessários.
Normalmente as linhas são classificadas de acordo com o nível de tensão: em linhas de
ultra-alta tensão (UAT) - acima de 750kV; extra-alta tensão (EAT) - entre 330 kV e 750kV;
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 103

alta-tensão (AT) - até 230kV. Linhas abaixo de 69kV podem ser consideradas linhas de
distribuição. Além da classificação considerando o valor da tensão, elas podem ainda ser
classificadas em função de seu comprimento combinado com o nível de tensão e denominadas
de linhas curtas, médias ou longas. Finalmente podem ser de corrente alternada ou corrente
contínua.

Nível de tensão [kV] Comprimento [Km] Classificação


V< 150 L ≤ 80 CURTA
150≤V<400 L ≤ 40 CURTA
V≥400 L ≤ 20 CURTA
150≤V<400 L ≤ 200 MÉDIA
V≥400 L ≤ 100 MÉDIA

Modelagem de Linhas de Transmissão

Linhas de transmissão devem ser representáveis através de seus circuitos equivalentes ou


modelos matemáticos da forma mais satisfatória possível e com o grau de precisão almejado.
Existem modelos aplicáveis de acordo com a definição da linha, onde o grau de
complexidade e exatidão depende da classificação das linhas, sejam estas curtas, médias ou
longas.
As linhas de transmissão trifásicas são constituídas por, no mínimo, três condutores
paralelos e são caracterizadas pelos seguintes parâmetros:
• R – Resistência dos condutores;
• G – Condutância entre os condutores e o solo;
• L – Indutância;
• C – Capacitância entre os condutores e o solo.
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 104

As resistências são inerentes aos materiais dos cabos condutores. As condutâncias


aparecem devido ao fato do isolamento dos condutores não serem perfeitos e cadeias de
isoladores sendo, na maioria das vezes, desconsideradas. As indutâncias ocorrem devido à
existência do campo magnético originado pelas correntes na linha de transmissão e as
capacitâncias aparecem devido à existência de cargas elétricas entre os condutores da linha e
entre condutores e o solo ou partes metálicas aterradas.
Os modelos podem ser os de parâmetros distribuídos, parâmetros concentrados em
modelos π ou T , ou parâmetros simplificados longitudinais.

Modelo de Linha de Transmissão Curta

A propagação de onda e as capacitâncias são desconsideradas e os parâmetros são


concentrados na resistência e indutância total da LT, ficando:

IS = IR VS = VR + ( R + jX L ) IR

Modelo de Linha de Transmissão Média

A propagação de onda é desconsiderada e os parâmetros longitudinais são concentrados


na resistência e indutância total da LT e a capacitância é concentrada no modelo “PI” ou “T”,
ficando:

I IR + IC 2
= IS= I + IC1 IS =IR + IC 2 + IC1

VS = VR + ( R + jX L ) I
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 105

Modelo de Linha de Transmissão Longa

A propagação de onda é considerada e os parâmetros longitudinais são distribuídos por


elementos infinitesimais, ficando:

Para obter uma solução exata para qualquer linha de transmissão, deve-se considerar o
fato de que os parâmetros de uma linha não estão concentrados e sim uniformemente
distribuídos ao longo da mesma.
Sejam as equações diferenciais de tensão e de corrente por unidade de comprimento.

 dV 
 Z ' Fase   IFase 
−  Fase  =

 dx 

 dI 
[Y ' Fase ][VFase ]
−  Fase  =
 dx 

Derivando uma segunda vez em relação ao comprimento, vem:

 d 2VFase 
− 2 =[ Z ' Fase ][Y ' Fase ][VFase ]
 dx 
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 106

 d 2 IFase 
− 2 
[Y ' Fase ][ Z ' Fase ][ IFase ]
=
 dx 

Tais equações diferenciais de segunda ordem definem todo o comportamento das


tensões e das correntes ao longo da linha de transmissão monofásica (guia de onda).
Como solução tem-se:

=V A1e ZY x
+ A2 e − ZY x

1 1
=I A1e ZY x
− A2 e − ZY x

Z Y Z Y

As constantes A1 e A2 são determinadas pela condição de contorno definida no extremo

da linha ( x = 0 , V = VR e I = IR ), resultando:

 V + I Z   V − I Z 
=V  R R c  eγ x +  R R c  e −γ x
 2   2 

 VR    VR  
 ZC + I R  γ x  ZC − I R  −γ x
=
I  e − e
 2   2 
   

Z
Zc =
Y γ = ZY

Sendo: Zc é a Impedância Característica e γ é o Coeficiente de Propagação das ondas.


γ= a + bi a = coeficiente de atenuação b = coeficiente de fase

As equações fornecem os valores de V e I em qualquer ponto da linha, em função da


distância x contada a partir dos terminais da carga, supondo o conhecimento de VR , IR , e dos
parâmetros da linha.
Entretanto a linha longa pode ser representada por um circuito “PI” equivalente. Basta
considerar x=L (comprimento da LT). E obter as relações entre as tensões e correntes nos
terminais da LT e compará-las com as equações obtidas de um circuito “PI”. O resultado da
comparação resulta no circuito abaixo:
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 107

Z ' = Z C senh(γ )

Y' 1 γ
= tanh( )
2 ZC 2
Aula 18 – Máquinas Síncronas 108

AULA 18 – Máquinas Síncronas

Máquinas Síncronas

Para estudos de fluxo de potência e curto-circuito, uma representação simples é


suficiente. A máquina pode ser representada por uma f.e.m atrás de uma reatância como o
circuito abaixo:

Onde:
Ic= corrente de Carga
Vt=tensão de fase no terminal da máquina
E= Força eletromotriz gerada por fase
Xd=Reatância de eixo direto da máquina

Os fenômenos envolvendo os fluxos magnéticos resultantes de uma máquina síncrona


durante uma condição transitória resultam na mudança da reatância da máquina. Dado o início
de um certo transitório, a reatância da máquina evolui da seguinte forma:

Xd”= Reatância subtransitória de eixo direto;


Xd’=Reatância transitória de eixo direto;
Xd=Reatância síncrona de eixo direto.

Sabendo que a reatância da máquina é a relação entre a tensão e a corrente que flui pela
máquina, devemos fazer uma análise do comportamento da corrente logo após um certo
distúrbio.
Ao aplicar um curto-circuito trifásico franco nos terminais da máquina, temos as
seguintes características para as correntes das 3 fases:
Aula 18 – Máquinas Síncronas 109

A equação que representa o comportamento das correntes acima segue abaixo:



t t

t


=
i (t ) 2  ( I '' − I ' ) e Td '' + ( I ' − I ) e Td ' + I  sin ( wt − δ ) + I '' sen (δ ) e Tg  [ A]

  

Onde :
a0
I '' = = Corrente de Curto-circuito subtransitória simétrica;
2
b0
I' = = Corrente de Curto-circuito transitória simétrica;
2
I = Corrente de Curto-circuito síncrona;
δ = Ângulo que depende do instante do início do CC;
Td '', Td ', Tg = Constantes de tempo Subtransitória, Transitória e da máquina em [s]
Aula 18 – Máquinas Síncronas 110

Fica nítida a existência de três regiões:


o Região subtransitória;
o Região transitória;
o Região Síncrona.
Assim existirão 3 reatâncias características da máquina:
o Reatância subtransitória de eixo direto Xd’’;
o Reatância transitória de eixo direto Xd’;
o Reatância de eixo direto Xd.

Segue tabela com os valores típicos das grandezas da máquina:


Máquinas de pólos
Parâmetros Máquinas de pólos Lisos
Salientes
Xdpu 0,8 a 1,25 1,0 a 1,2
Xd’ pu 0,35 a 0,40 0,15 a 0,25
Xd’’ pu 0,20 a 0,30 0,10 a 0,15
Td’’ 30 a 40 ms 30 a 40ms
Td’ 0,9 a 1,1 s 1,4 a 2,0 s
Tg 150ms 150ms

Todos os parâmetros podem ser obtidos por ensaios segundo a NBR-5052.

Impedâncias de sequência zero e negativa de máquinas síncronas

Se correntes de sequência zero forem injetadas nos enrolamentos do estator da máquina


síncrona, não existirá um campo girante, mas sim um campo pulsante estacionário. Assim, o
fluxo passando pelo entreferro é muito pequeno e a impedância de sequência zero constitui a
menor impedância da máquina.
Z o= ro + jX o

Onde:

ro = r1 e 0,15 Xd '' < X o < 0, 6 Xd ''


Aula 18 – Máquinas Síncronas 111

Por outro lado, se correntes de sequência negativa forem injetadas nos enrolamentos do
estator da máquina, com circuito de campo em curto-circuito e o rotor acionado na velocidade
síncrona no sentido contrário, obtemos:
Z 2= r2 + jX 2

Onde:

Xq ''+ Xd ''
r2 >> r1 e X2 ≅ ≅ Xd ''
2

A influência do efeito pelicular na resistência do rotor é responsável pelo aumento de r2

em relação a r1 . r2= r1 + r '

Para valores aproximados de r2 e X 2 , vem em PU:

0, 012 < r2u < 0, 02 e X 2 ≅ 0, 24


Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 112

AULA 19 – Motor de Indução Trifásico

Motor de Indução Trifásico

O motor de indução trifásico é representado pelo circuito equivalente abaixo. Tal circuito
representa uma das fases do motor, onde as tensões de fase dependem do fechamento do
mesmo.

Onde:
R1- resistência por fase do estator
X1- reatância por fase do estator
r2’- resistência por fase do rotor referida ao estator
X2’- reatância por fase do rotor referida ao estator
Rm- resistência de magnetização
Xm- reatância de magnetização
n1 − n
s= – Escorregamento do Motor de Indução Trifásico
n1
A tabela abaixo mostra os parâmetros aproximados de um motor síncrono em PU, nas
bases das potências e tensões nominais:
Potência
ηN % cos(ϕ N ) % SN % x1u + x '2u r1u + r '2u X mu
[HP]
Até 5 75-80 75-85 3-5 0,1-0,14 0,04-0,06 1,6
5-25 80-88 82-90 2,5-4 0,12-0,16 0,035-0,05 2,0-2,8
25-200 86-92 84-91 2-3 0,15-0,17 0,03-0,04 2,2-3,2
200-1000 91-93 85-92 1,5-2,5 0,15-0,17 0,025-0,03 2,4-3,6
>1000 93-94 88-93 ≈1 0,15-0,17 0,015-0,02 2,6-4,0
Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 113

Para a potência mecânica entregue na ponta do eixo do motor, temos:

1 − s ' 2 2π n
=Pmec 3=
r2 ' I2 M [W]
s 60

Porém,

n n1 (1 − s )
=

Substituindo,

1 − s ' 2 2π n1 (1 − s )
=Pmec 3=
r2 ' I2 M
s 60

Logo, o conjugado desenvolvido é:


1 − s ' 2 2π n1 (1 − s ) 1− s ' 2 60 60
3r2 ' I2 = M → M = 3r2 ' I2 → M = 3r2 ' I '2 2 [Nm]
s 60 s 2π n1 (1 − s ) 2π n1s

Verificando o conjugado em termos da potência mecânica no ponta do eixo temos:


1− s s
Sendo, Pmec = 3r2 ' I '2 2 → 3r2 ' I '2 2 = Pmec
s 1− s
60 s 60 60 Pmec 60 Pmec
M = 3r2 ' I '2 2 →M = Pmec →M = →M = [Nm]
2π n1s 1− s 2π n1s 2π n1 (1 − s ) 2π n1 (1 − s )

2π n1
Considerando a base de velocidade WB = e a base de potência S B , temos a base de
60
SB
conjugado M B = .
WB
Para o conjugado em PU, temos:

M 60 Pmec WB 60 Pmec 2π n1
Mu = Mu = Mu =
MB 2π n1 (1 − s ) S B 2π n1 (1 − s ) S B 60

PmecU
Mu =
(1 − s )

Impedâncias de sequência zero e negativa do MIT

Os motores de indução trifásicos são fechados em delta ou estrela sem conexão de neutro,
portanto a impedância de sequência zero é infinita.
Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 114

A impedância de sequência negativa pode ser obtida aplicando tensão reduzida e


equilibrada nos terminais do motor, acionando o rotor no sentido contrário com velocidade
nominal. Assim:

Vredacb
Z 22 =
I redacb

O escorregamento nessa condição de sequência negativa, fica:


n1 − ( −n ) n1 + n
=s− =
n1 n1

n n1 (1 − s ) , assim:
Porém=

n1 + n1 (1 − s )
s−= = 2−s
n1

O circuito equivalente para sequencia negativa do MIT por fase fica:

Devido ao efeito pelicular r ''2 >> r '2 e devido a força contra-eletromotriz maior no rotor

X ''2 < X '2 . Também, podemos desprezar a impedância de magnetização, sabendo que a
impedância do rotor é muito menor.
A potência mecânica e o conjugado associado a sequência negativa fica:

1− s ' 2
Pmec 2 = 3r2 ' I2 [W]
2−s

60
M 2 = −3r2 '' I ''2 2 [Nm]
2π n1 ( 2 − s )
Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 115

Verifica-se que o conjugado resultante é:

60 60
M r =M − M 2 =3r2 ' I '2 2 − 3r2 '' I ''2 2
2π n1s 2π n1 ( 2 − s )

60  r2 ' I '2 2 r2 '' I ''2 2 


=Mr 3  −  Nm
2π n1  s (2 − s) 

A existência de desequilíbrio, resultando em sequência negativa, proporciona pequena


diminuição do conjugado resultante. Entretanto, as perdas joules aumentam consideravelmente
e a vida útil reduz drasticamente.

A contribuição do MIT durante faltas

Ao ocorrer uma falta próxima aos terminais de um MIT, a sua excitação é completamente
perdida. Entretanto, o fluxo enlaçado nos circuitos do rotor não podem variar instantaneamente
decrescendo de acordo com a constante de tempo abaixo:
x1 + x '2
τr = [s]
w1r '2

Para a grande maioria dos motores: x1 + x '2 ≅ 0,16 e r '2 ≅ 0, 025 , logo:

τ r ≅ 16,976 [ms]
Essa constante de tempo é próxima ao período de um ciclo de 60Hz. Assim durante um
ou dois ciclos a excitação residual do MIT faz com que o mesmo funcione como um gerador
durante uma falta e o circuito equivalente para essa condição segue abaixo:

Depois dos dois primeiros ciclos a impedância fica infinita e a contribuição é eliminada.
Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 116

AULA 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito

Potência ou Capacidade de Curto-Circuito

Até o momento todos os barramentos com fontes ou equivalentes de sistemas eram ideais,
onde a tensão no barramento não sofria variações quando da passagem de correntes de carga
ou de curto-circuito.
Entretanto, a realidade mostra que existe queda de tensão ao longo da rede entorno do
barramento em curto-circuito devido as quedas de tensão pelas correntes fluindo desses
barramentos para a o barramento em condição de falta.

Ao acontecer um curto-circuito trifásico sólido no barramento 03 a tensão nesse


barramento vai à zero. Assim, fluirá uma elevada corrente dos barramentos 1 e 2 em direção
ao 03. As tensões nos barramentos vão depender da capacidade dos mesmos em manter o nível
de tensão e frequência. Tal capacidade é expressa pela capacidade de curto-circuito ou potência
de curto-circuito de cada barramento “Short Circuit Capacity-SCC”.

 3 Vpre − f I3φ
SCC3φ = [MVA]

Sendo VB = VL , I B = I L e S B = VB I B e dividindo a equação acima por VB I B , temos:


SCC 3 Vpre − f I3φ

=  3 VUpre − f IU 3φ pu
SCCU 3φ =
VB I B VB I B
Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 117

Pelo circuito acima podemos dizer que:

VUpre − f
3
IU 3φ =
ZU 11

Substituindo:

VUpre − f VUpre − f
2

 3 VUpre − f IU 3φ  3 VUpre − f 


SCCU 3φ = SCCU 3φ = SCCU 3φ =
3 ZU 11 ZU 11

Considerando a tensão de pré-falta igual a tensão base, temos:

 1
SCCU 3φ =
ZU 11

Assim, conhecida a potência de curto-circuito trifásica, obtemos a impedância associada


ao barramento.

1
ZU 11 =

SCC U 3φ

O circuito equivalente da barra passa ser:

Para obter o ângulo da impedância, na prática são informados junto com a potência de

curto circuito trifásica o X/R do barramento, ou tudo apresentado em número complexo.

A impedância de sequência negativa é a mesma da sequência positiva e a impedância de

sequência zero é obtida com a informação da potência de curto-circuito trifásica e monofásica,

também informada.
Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 118

Para obter a impedância zero, temos:

 VUpre − f 
SCCUφ = 3 IUφ pu
3

Pelo circuito acima podemos dizer que:

VUpre − f
3
IUφ = 3
2 ZU 11 + ZU 00

Substituindo:

VUpre − f
3
 VUpre − f   VUpre − f 3
SCCUφ = 3 IU φ SCCUφ = 3
3 3 2 ZU 11 + ZU 00

3 VUpre − f
2


SCCUφ =
2 ZU 11 + ZU 00

 3 
SCCUφ = 2 ZU 11 + ZU 00 SCCUφ =
3
2 ZU 11 + ZU 00

  3
ZU 00 SCC 3 =
U φ + 2 ZU 11 SCCU φ = ZU 00 − 2 ZU 11

SCCUφ

1
Sendo: ZU 11 =

SCCU 3φ

3 2
=
ZU 00 −

SCC 
SCC
Uφ U 3φ
Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 119

Assim, conhecida a potência de curto-circuito monofásica e trifásica, obtemos a


impedância de sequência zero associada ao barramento.
Aula 21 – Aterramento de Neutro 120

AULA 21 – Aterramento de Neutro

Aterramento de Neutro

O aterramento de neutro é de fundamental importância para o comportamento do sistema


quando um desequilíbrio causado por um curto-circuito.
A tipo de aterramento praticado está diretamente ligado ao valor das impedâncias de
sequência zero, que por sua vez define a intensidade da corrente de curto-circuito de sequência
zero.
Toda ação de aumento ou diminuição da impedância de neutro tem o propósito de
diminuir as correntes de curto-circuito à terra (FT-FFT-FFT “desequilibrado”) com
consequente sobretensões nas fases sãs, ou diminuição das sobretensões em detrimento de
elevadas correntes de curto-circuito. A escolha pelo tipo de aterramento leva em consideração
diversos fatores técnicos e de segurança.
Nos sistemas de transmissão de energia é praticado o aterramento sólido dos neutros dos
transformadores, pois a prioridade não é a diminuição da corrente de curto-circuito, mas a
diminuição das sobretensões no sistema. Cuidado esse necessário, pois, devido aos elevados
níveis de tensão, os isoladores (das LT, Trafos, Disjuntores, etc..) já trabalham próximos aos
seus limites, onde qualquer aumento poderia causar flashovers indesejados e prejudiciais ao
sistema.
Nos sistemas industriais de média ou baixa tensão, muita das vezes pratica-se a instalação
de impedâncias nos terminais de neutro dos transformadores para limitar a corrente de curto-
circuito fase-terra. Tal ação é necessária para diminuir a quantidade de energia que iria ser
dissipada no local do curto, minimizando os danos materiais e o risco pessoal dos funcionários.
Tal ação reflete nas sobretensões nas fases sãs, que, por sua vez, são suportadas facilmente
pelos isoladores desses sistemas de média e baixa tensão.
Para compreensão de como as tensões e correntes se comportam para cada tipo de
aterramento de neutro na ocorrência de um curto-circuito fase-terra, temos o circuito abaixo:
Aula 21 – Aterramento de Neutro 121

Para o caso geral, temos:

VTH − Z11 IA − Z P IA − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

a 2VTH − Z11 IB − Z Q IB − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

aVTH − Z11 IC − Z R IC − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Para o caso de um curto-circuito fase-terra sólido ,temos: Z Q = Z R = ∞ , Z=


P
Z=
G
0
As três equações gerais acima resultam:

( Z − Z11 ) I =
VTH − Z11 IA − 00 0
A
3

( Z − Z11 ) I =
a 2VTH − VBN − 00 0
A
3

( Z − Z11 ) I =
aVTH − VCN − 00 0
A
3

Assim:


VTH −
( Z 00 + 2 Z11 ) 
IA =
0 → 
IA =
3VTH
3 Z 00 + 2Z11

( Z − Z11 ) I
VBN a 2VTH − 00
= V=
 2 Z 00 − Z11  
→ a − VTH
+
A BN
3  Z 00
2 Z11 

( Z − Z11 ) I
VCN aVTH − 00
=
 Z − Z11  
VCN=  a − 00
→ VTH
+
A
3  Z 00
2 Z11 
Aula 21 – Aterramento de Neutro 122

As sobretensões nas fases sãs ficam em função da relação das impedâncias de sequência
zero e positiva do sistema:

  Z 00  
   −1 
 2 Z 00 − Z11    a 2 −  11  V
Z
V= a − VTH → V=
BN
 Z 00 + 2 Z11 
BN
  Z 00   TH
  +2
  Z 11  

  Z 00  
   −1 
 Z − Z11  
VCN=  a −  11  VTH
Z
VCN=  a − 00 VTH →
 Z + 2 Z11 
  Z 00  
00
   + 2 
  Z11  

O local geométrico dos fasores de tensão da fase b e c não é trivial, entretanto podemos
verificar alguns casos particulares:

a) Resistências desprezíveis

Z 00 X 00
= = k
Z11 X 11

 2 k −1    3  k −1 
V= a − VTH VBN =   −5 + j − 1
BN
 k +2  2 k + 2
  

 k − 1 
2
 3 
2

VBN = 
VCN = 0,5 +  +  
 k +2  2  
 
Aula 21 – Aterramento de Neutro 123

b)Resistências de sequencia positiva desprezíveis

  r00 + jX 00     r00 + jX 00  
   −1     −1 
V= a −
2  jX 11  V VCN=  a −  jX 11  V
BN
  r00 + jX 00   TH   r00 + jX 00   TH
  +2   +2
  jX 11     jX 11  
Considerando X 00 , X 11 com valores fixos, o local geométrico ao variar r00 , fica:

r00 j ( X 00 − X 11 )
Sabendo que: RN = e jX N =
3 3

Um sistema é considerado efetivamente aterrado quando em todos os seus pontos as


relações abaixo sejam atendidas:

X 00 r00
≤3 e ≤1
X 11 X 11
Aula 21 – Aterramento de Neutro 124

Tais relações só serão alcançadas se a maioria dos equipamentos estiverem solidamente


aterrados. Assim, as sobretensões não passarão de 40% e a corrente de curto-circuito fase-terra
será de pelo menos 60% quando ocorrer uma falta trifásica.
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 125

AULA 22 – Matriz de Admitância Nodal

Matriz de Admitância Nodal

Existem diversas formas de resolver um circuito elétrico. Baseados nas leis de Kirchhoff
e a lei de ohm, os métodos das malhas, métodos dos nós e superposição são ferramentas
fundamentais para tal tarefa.
Entretanto, sistemas reais não se resumem entre 3 a 8 nós ou 1 a 5 malhas, como
verificamos na representação do exemplo abaixo.

Mesmo conhecendo todas as impedâncias e topologia do sistema, assim como toda a


energia gerada e consumida em cada ponto, fica muito difícil obter as tensões em cada ponto
do sistema aplicando as ferramentas de solução de circuitos tradicionais.
Uma grande ferramenta para solução de tal problema é chamada de matriz de admitância
nodal.
Antes da apresentação da matriz de admitância nodal, vamos resolver o circuito abaixo
através de alguns métodos tradicionais.
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 126

Através do método das malhas, temos:

 Va − R1 I1 − R4 ( I1 − I2 ) = 0  − ( R1 + R4 ) I1 + R4 I2 + 0 I3 =−Va



 
− R4 ( I2 − I1 ) − R2 I2 − R5 ( I2 − I3 ) =
0  R4 I1 − ( R2 + R4 + R5 ) I2 + R5 I3 = 0
 →  0 I + R I − ( R + R ) I =  →
 − R5 ( I 3 − I 2 ) − R3 I 3 − Vb =
    0  1 5 2 3 5 3
V b

 − ( R1 + R4 ) R4 0   I1   −Va 
    
 R 4
− ( R2
+ R 4
+ R5 ) R 5  I2  =  0 
 0 R5 − ( R3 + R5 )   I3   Vb 

Resolvendo o sistema acima, obtemos as correntes das malhas e consequentemente as


tensões nos barramentos.
Através do método dos nós, temos:
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 127

 (Va − V1 ) V (V1 − V2 )


 − 1 − =
0
 I1 − I2 − I3 =
0  R1 R4 R2
   → 

 3 4 5
I I − I =
0  (V1 − V2 ) V2 (V2 − Vb )
 R − − =
0
 2
R 5
R 3

1 1 1 
 1  Va
 + +  1
V − V2 =
 1
R R 2
R4 
R2
R1

− 1 V +  1 + 1 + 1 V = Vb
 R   2
 2  R2 R3 R5  R2

 1 1 1  1   Va 
 + +  −   
 R1 R2 R4  R2  V1  =  R1 
  
1  1 1 1   V2   Vb 
 −  + +   
 R2  2
R R3
R 
5   R2 

Resolvendo o sistema acima, obtemos as tensões de cada barramento e consequentemente


as correntes que fluem ao longo do circuito.
É importante ressaltar que o método dos nós apresentou maior facilidade para a solução
do circuito exemplo, pois resultou num sistema de duas equações apenas.
Agora vamos analisar o mesmo método através de outro enfoque.
Sabendo que neste caso exemplo temos apenas a parte real da impedância (“resistência”)
1
e que a admitância é o inverso da impedância ( Y = ), podemos montar o sistema acima da
Z
seguinte forma:

 Va 
(Y1 + Y2 + Y4 ) −Y2  V1   R1 
 =
 −Y2 (Y2 + Y3 + Y5 ) V2   Vb 
 
 R2 
Sabemos também que um fonte ideal em série com uma impedância pode ter seu
equivalente através de uma fonte de corrente em paralelo com a mesma impedância, sendo o
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 128

valor de corrente igual a divisão entre a tensão da fonte ideal e a impedância em série, temos o
circuito do exemplo apresentado da seguinte forma:

Ao observar o circuito acima e o sistema obtido através do método dos nós é facilmente
verificado que existe uma relação de cada elemento do sistema e a topologia do circuito.
Verificamos que:
• A matriz composta por admitâncias tem ordem igual ao número de barramentos
excluído a referência do terra.
• Os elementos da diagonal principal são compostos pela soma das admitâncias
conectadas ao respectivo barramento;
• Os elementos fora da diagonal principal são compostos pela a admitância que
interliga os barramentos com sinal contrário;
• O resultado da multiplicação da matriz pelo vetor de tensões nos barramentos é
um vetor composto pelas correntes injetadas nos barramentos.

Entendida as relações acima, podemos afirmar que a montagem do sistema acima é


facilmente obtida ao executar tais afirmações.
Assim podemos afirmar que a matriz que compõem esse sistema é chamada de matriz
de admitância nodal.
Formalmente um sistema elétrico pode ser resolvido através de:

[Y ] V  =  I
BUS

Onde:

[Y ] BUS → Matriz de Admitância Nodal do circuito;

V  → Vetor de tensões nos barramentos do circuito;

 I  → Vetor de correntes injetadas em cada barramento;


Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 129

A matriz [Y ]BUS tem característica bastante esparsa e simétrica e sua dimensão

corresponde a (n-1) nós do circuito.

Os elementos da diagonal da matriz [Y ] são chamados admitâncias próprias dos nós


BUS

enquanto que os elementos de fora da diagonal são chamados de admitâncias mútuas ou de

transferência entre os nós. Por facilidade de representação, os elementos da matriz [Y ] são


BUS

representados pela letra maiúscula Y enquanto a admitância dos elementos é representada pela
letra minúscula y.

A maneira mais simples de construir a matriz [Y ] é por inspeção, ou seja, através de


BUS

uma montagem direta, da seguinte forma:


• elementos da diagonal principal: são dados pela soma de todas as admitâncias
conectadas ao nó (i) do circuito:
n
Yii = ∑ yij
j =0

• elementos de fora da diagonal principal: são dados pela admitância (ou pela
admitância equivalente, no caso de elementos em paralelo) conectada entre os nós
(i) e (j), com sinal trocado:

Yij = − yij

Para exemplificar essa regra temos o circuito abaixo:


Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 130

Y11 Y12 Y13 Y14 Y15  V1   IA 


Y    
Y22 Y23 Y24 Y25  V2   IB 
 21 
Y31 Y32 Y33 Y34 Y35  V3  =  IC 
    
Y41 Y42 Y43 Y44 Y45  V4   0 
Y51 Y52 Y53 Y54 Y55  V5   0 

( y1 + y2 ) − y2 0 − y1 0  V1   IA 
      
 − y2 (y 2
+ y3 + y4 ) − y4 0 − y3  V2   I B 
 0 − y4 ( y4 + y5 ) 0 0  V3  =  IC 
     
 − y1 0 0 ( y1 + y6 + y7 ) − y6  V4   0 
 0
 − y3 0 − y6 ( y3 + y6 + y8 ) V5   0 
Pode-se notar que ela resultou bastante esparsa e simétrica, que é uma característica desta
matriz.

Apesar da matriz [Y ] ser facilmente montada por inspeção quando se tem um sistema
BUS

pequeno, o mesmo não acontece para sistemas de grande porte, onde a possibilidade de engano
é grande. Um método adequado, inclusive para uso em computadores digitais, envolve o uso
de transformações lineares. Este método pode ser encontrado em vários livros de Análise de
Sistemas e não será analisado no presente curso.
Enquanto que para a maioria dos circuitos a matriz de admitância nodal é simétrica, em
alguns casos isto não se verifica. Em Sistemas Elétricos o caso mais importante ocorre quando
um transformador defasador se encontra presente.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 131

AULA 23 – Matriz de Impedância Nodal

Matriz de Impedância Nodal

A matriz de impedância nodal é uma poderosa ferramenta para análise de sistemas.


Foi apresentada, através da matriz de admitância nodal, a forma mais eficiente de se obter
as condições de operação de um circuito elétrico (tensões e correntes) em regime permanente.
Entretanto, tal ferramenta não proporciona a solução de outros problemas enfrentados por um
engenheiro eletricista ao analisar um grande sistema elétrico. Um exemplo seria obter as
tensões nos barramentos adjacentes ao acontecer um curto-circuito num certo ponto do sistema
exemplificado abaixo.

Sabe-se que para calcular um curto-circuito é fundamental a obtenção do equivalente


Thevenin no ponto da ocorrência. Dessa forma a matriz de impedância nodal se mostra uma
grande ferramenta para tal.
Para entendermos sua função e como obtê-la vamos resolver o circuito abaixo:
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 132

Resolvendo rapidamente obtemos: V1 = 4[V ] e V2 = 2[V ] .

Resolvendo pela matriz de admitância nodal, temos:

 1 1 1  1 
 2 + 3 + 4  −
2  V1   
10 
     = 3
 1  1 1   V2   0 
 −  +   
 2  2 2 

13 10
10 1 12 3

3 2 10 1 10
− 0
0 1  2 = =
V1
= = =3 4[V ] =
V 2
6 2[V ]
13 1 5 13 1 5
− −
12 2 6 12 2 6
1 1
− 1 − 1
2 2

Assim obtemos as tensões em regime permanente, mas quais seriam as tensões quando
ocorrer um curto circuito trifásico franco? Teríamos que obter Vth e Zth. O Vth já é conhecido
nas duas barras, mas o Zth não. Mas antes de obtê-los, vamos analisar a equação abaixo:

[Y ] V  =  I
BUS

*obtêm as correntes injetadas nos barramentos conhecendo as tensões!

[Y ]
−1
Multiplicando a equação acima por BUS , temos:

[Y ] [Y ] V  = [Y ]  I  → V  = [YBUS ]  I  → V  = [ Z ]  I


−1 −1 −1
BUS BUS BUS BUS

*obtêm as tensões nos barramentos conhecendo as correntes injetadas nos barramentos!


Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 133

A matriz resultante da inversão da matriz de admitância nodal que relaciona as tensões


injetadas nos barramentos com as tensões dos mesmos é chamada de matriz de impedância

[ Z ] , sendo [ Z ] = [Y ]
−1
nodal BUS BUS BUS .

Para o caso exemplo:

 13 1
 12 − 2  V1  10 
[Y ] V  =  I =>     =  3 
 − 1 1  V2   0 
BUS

 
 2 
6 3 
10 

V1   5 5    V1   4 
V  = [ Z BUS ]  I  => =  3 =>   =   [V]
V2   3 13   0 

  V2   2 
 5 10 
Na matriz de admitância nodal, cada elemento que a compunha tinha uma
relação com a topologia e valores do circuito. Existirá alguma relação dos elementos

da matriz de impedância nodal [ Z ] com o circuito?


BUS

Antes de respondermos, obteremos a impedância Thevenin nos barramentos 1


e 2 do caso exemplo:
No barramento 1:

No barramento 2:

Outra forma de obter Zth é injetando 1A no ponto desejado com as fontes do circuito
anuladas e medir a tensão no mesmo ponto. Este valor de tensão será igual ao Zth.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 134

Avaliando o resultado obtido e a matriz de impedância nodal [ Z ] , verifica-se que os


BUS

valores dos elementos da diagonal principal da matriz são idênticos aos valores das
impedâncias Thevenin vistas dos barramentos 1 e 2 respectivamente.

Assim podemos concluir a primeira e grande relação dos elementos de [ Z ] , onde os


BUS

elementos da diagonal principal Z ii correspondem o Zth visto do barramento “i”. Chamada de

impedância de entrada ou driving point impedance. Corresponde a tensão que apareceria neste
barramento ao injetar 1A com as fontes anuladas.
Os elementos fora da diagonal principal de uma coluna “i” da matriz, correspondem as
tensões que aparecem em cada barramento do circuito ao injetar uma corrente de 1A no
barramento “i” com as fontes anuladas. Essas tensões correspondem as impedâncias chamadas

de impedância de transferência entre barramentos ou transfer impedance Z ki .


De forma geral temos:

V1   Z11 Z12  Z1k  Z1n   I1 


   
V2   Z 21 Z 22  Z 2 k  Z 2 n   I1 

          
 =  
Vk   Z k 1 Z k 2  Z kk  Z kn   Ik 
          
    
  Z nk  Z nn   In 
Vn   Z n1 Z n 2

Diferente da matriz de admitância nodal que é esparsa, [ Z ] é cheia, simétrica e quadrada.


BUS

A matriz de impedância nodal é uma poderosa ferramenta para análise de curto-circuito


em sistemas elétricos, pois ela fornece as informações das impedâncias Thevenin de cada
barramento assim como as relações de todos os barramentos ao ponto de curto-circuito.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 135

Os métodos para se obter a matriz de impedância nodal [ Z ] são os seguintes:


BUS

a)Inversão Completa de [Y ]BUS

Monta-se a matriz [Y ] para o sistema tomando como referência a barra neutra atrás
BUS

das impedâncias dos geradores, e procede-se a sua inversão para a obtenção da matriz [ Z ]
BUS

[ Z ] = [Y ]
−1
BUS BUS

Existem vários métodos para inversão de matrizes, sendo que ao se selecionar um deles
devem-se levar em conta três fatores:
• O número de operações aritméticas envolvidas no processo de inversão, que se
traduz no esforço computacional necessário;
• A simplicidade das operações, que pode ser traduzida como a facilidade para se
programar em computadores;
• Memória computacional auxiliar necessária durante os cálculos.
Um dos métodos que melhor se encaixa nas solicitações acima é o método de Shipley-
Coleman, que apresenta uma relativa economia de memória e simplicidade do algoritmo.

Os métodos de inversão de [Y ] apresentam, entretanto, uma enorme desvantagem em


BUS

termos de tempo de computação, uma vez que o número de operações necessárias para a
inversão total de uma matriz é proporcional a n3, onde n é a ordem da matriz (com o método
de Shipley-Coleman, utilizando de uma seqüência de cálculos adequados, o número de
operações é reduzido para cerca de 2n2).

b)Obtenção de [ Z ] diretamente dos dados do sistema


BUS

Este método consiste em montar a matriz [ Z ] passo a passo, adicionando uma ligação
BUS

após a outra. Ao final do processamento de cada ligação obtém-se uma matriz [ Z ] BUS

correspondente à parte do sistema processada até então. Quando a última ligação for incluída,

obtém-se a matriz [ Z ] final.


BUS

Este método possui as seguintes vantagens em relação ao anterior:


• Exige um número menor de operações aritméticas, permitindo com isso uma
economia de tempo de computação;
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 136

• Permite a análise de grandes sistemas, cuja matriz [ Z ] não caiba na memória


BUS

do computador. A montagem da matriz é feita salvando-se na memória apenas os


barramentos onde se deseja analisar o sistema, mas levando-se em conta também
o restante do sistema.
As desvantagens deste método são:

• Não permite a exploração da esparsidade do sistema, pois a matriz [ Z ] não é


BUS

esparsa;

• Necessita da montagem de toda a matriz [ Z ] (ou de seu equivalente) no caso


BUS

de grandes sistemas.

c)Obtenção da matriz [ Z ] coluna a coluna


BUS

Este método consiste em obter da matriz [ Z ] somente a coluna que apresenta interesse
BUS

em se analisar, evitando com isso a montagem e armazenamento de toda a matriz [ Z ] , BUS

economizando tempo e memória de computador. Caso se deseje obter a matriz [ Z ] BUS

completa, basta repetir o procedimento n vezes, onde n é o número de barramentos do sistema.

Análise de curto-circuito utilizando a matriz de impedância nodal

Sabe-se que ao adicionar um elemento num sistema elétrico linear pode ocorrer uma
variação de todas as grandezas do sistema, como representado abaixo:

Para obter as novas grandezas após o distúrbio é necessário considerar as condições


anteriores e as variações ocorridas. Conforme Anexo 2, sabe-se que ao utilizar o equivalente
thevenin, obtemos apenas os valores das variações dentro do circuito original.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 137

Juntando esse conceito com a teoria de superposição e o equacionamento da matriz de


impedância nodal, temos:

Vpre  = [ Z BUS ]  Ipre  condição pré-falta!

Vpos  = [ Z BUS ]  Ipos  condição pós-falta!

Pelo teorema de superposição:

Vpos
=  Vpre  +  ∆V  e  Ipos
=   Ipre  +  ∆I 

Assim:

Vpos  = [ Z BUS ]  Ipos  Vpos 


→= [ Z ](  I
BUS pre
 +  ∆I  )
Vpos
=  [ Z ]  I
BUS pre
 + [ Z BUS ]  ∆I  → Vpos  =Vpre  + [ Z BUS ]  ∆I 

Sendo:

=
Vpos
 
 Vpre  +  ∆V  → 
 ∆V= [ Z ] ∆I
BUS

Vpos  =Vpre  + [ Z BUS ]  ∆I 

Podemos afirmar que conhecidas as tensões de pré-falta, a matriz de impedância do


sistema e a variação da injeção de corrente nos barramentos, obtemos as novas tensões do
sistema e consequentemente as correntes que fluem ao longo do mesmo.
Sabendo que um curto-circuito, em geral, ocorre em apenas um barramento, as variações

de tensão serão obtidas apenas conhecendo a coluna de [ Z ] correspondente ao barramento


BUS
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 138

em curto-circuito e a variação de corrente injetada, sendo a mesma a corrente de curto-circuito


com sinal trocado.
Para exemplificar, avaliaremos as tensões no caso exemplo, considerando um curto-
circuito sólido nos barramentos 1 e 2.

Vpos
=  [ Z ]  I
BUS pre
 + [ Z BUS ]  ∆I  Vpos
=  [ Z ]  I
BUS pre
 + [ Z BUS ]  ∆I 

 
 −Vth
 ∆I  =Zth 

1

 
 0 

6 3   6 3   −4 
V1 pos   5 5   10   5 5    6   0 
   = 
 3 +       =  [V ] quando curto-circuito em 1!
 2 pos  
V 3 13 
 0   3 13    5   0 
 5 10     5 10   0 

6 3  6 3   0 
V1 pos   5 5   10   5 5   −2   40 
 =   3  +   =  13  [V ] quando curto-circuito em 2!
V2 pos   3 13   0   3 13    13    0 
 5 10   5 10    10  
ANEXO

3 A−1Z g Ia 0 :
−1
ANEXO 1- Desenvolvimento de A ZA e

−1
Desenvolvendo A ZA temos:

1 1 1   A B C  1 1 1 
1
1 a a2   D E F  1 a 2 a 
3    
1 a a   G H
2
I  1 a a 
2

1 1 1  ( A + B + C) ( A + a B + aC ) ( A + aB + a C ) 
2 2

1  
1 a a 2  ( D + E + F ) ( D + a E + aF ) ( D + aE + a F )
2 2

3 
1 a 2 a   ( G + H + I ) ( G + a H + aI ) ( G + aH + a I ) 
2 2



(A+ B +C + D + E + F +G + H + I) ( A + a B + aC + D + a E + aF + G + a H + aI ) ( A + aB + a C + D + aE + a F + G + aH + a I ) 
2 2 2 2 2 2

1
3
( A + B + C + aD + aE + aF + a 2G + a 2 H + a 2 I ) ( A + a B + aC + aD + E + a F + a G + aH + I ) ( A + aB + a C + aD + a E + F + a G + H + aI ) 
2 2 2 2 2 2

( A + B + C + a 2 D + a 2 E + a 2 F + aG + aH + aI ) ( A + a B + aC + a D + aE + F + aG + H + a I ) ( A + aB + a C + a D + E + aF + aG + a H + I )
2 2 2 2 2 2

Sabendo que

A B C  ( Z aa − Z ga ) (Z ab
− Z gb ) (Z ac
− Z gc ) 

D E F =
 ( ba
 Z − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc ) 
 bb bc

 ( ca ga ) (Z ) (Z − Z gc ) 
 G H I   Z − Z − Z gb
cb cc
Substituindo para cada elemento da matriz resultante, temos:
A + B + C + D + E + F + G + H + I= ( Z aa + Zbb + Z cc ) + 2 ( Z ab + Z ac + Zbc ) − 3 ( Z ga + Z gb + Z gc )
A + a 2 B + aC + D + a 2 E + aF + G + a 2 H + aI= (Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) − ( aZ ab + a 2 Z ac + Z bc ) − 3 ( Z ga + a 2 Z gb + aZ gc )

A + aB + a 2C + D + aE + a 2 F + G + aH + a 2 I= (Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) − ( a 2 Z ab + aZ ac + Z bc ) − 3 ( Z ga + aZ gb + a 2 Z gc )

A + B + C + aD + aE + aF + a 2G + a 2 H + a 2 I = ( Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) − ( a 2 Z ab + aZ ac + Z bc )

A + a 2 B + aC + aD + E + a 2 F + a 2G + aH + =
I ( Z aa + Zbb + Z cc ) − ( Z ab + Z ac + Zbc )
A + aB + a 2C + aD + a 2 E + F + a 2G + H + aI = ( Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) + 2 ( aZ ab + a 2 Z ac + Z bc )

A + B + C + a 2 D + a 2 E + a 2 F + aG + aH + aI= (Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) − ( aZ ab + a 2 Z ac + Z bc )

A + a 2 B + aC + a 2 D + aE + F + aG + H + a 2 I= (Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) + 2 ( a 2 Z ab + aZ ac + Z bc )

A + aB + a 2C + a 2 D + E + aF + aG + a 2 H + =
I ( Z aa + Zbb + Z cc ) − ( Z ab + Z ac + Zbc )

Assim, considerando:

ZS =
0
1
3
( Z aa + Zbb + Z cc ) Z M 0=
1
3
( Zbc + Z ca + Z ab ) Z ga 0=
1
3
( Z ga + Z gb + Z gc )
Z S1 =
1
3
( Z aa + aZbb + a 2 Zcc ) ZM1 =
1
3
( Zbc + aZca + a 2 Z ab ) Z ga1 =
1
3
( Z ga + aZ gb + a 2 Z gc )
ZS 2 =
1
3
( Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) ZM 2 =
1
3
( Z bc + a 2 Z ca + aZ ab ) Z ga 2 =
1
3
( Z ga + a 2 Z gb + aZ gc )

Obtemos:
1 1 1  ( Z aa − Z ga ) (Z ab
− Z gb ) (Z ac
− Z gc )  1 1
 1  ( Z S 0 + 2 Z M 0 − 3Z ga 0 ) (Z − Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z − Z M 1 − 3Z ga1 ) 
 
S2 S1
1
1 a a 2  ( Z ba − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )  1 a 2 a  = ( Z S1 − Z M 1 ) (Z − ZM 0 ) ( Z S 2 + 2Z M 2 ) 
3   
bb bc S0

1 a 2 a   ( Z − Z ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )  1 a a 2   ( ZS 2 − ZM 2 ) (Z + 2Z M 1 ) ( Z S 0 − Z M 0 ) 


 ca ga cb cc  S1

Desenvolvendo 3 A−1Z g Ia 0 temos:

1 1 1  ( Z gg − Z ag )  3Z gg − ( Z ag + Z bg + Z cg ) 
 
3Ia 0 1 a a 2  ( Z gg − Z bg ) 
1
 − Z ag − aZ bg − a Z cg  Ia 0
2

3    − Z − a 2 Z − aZ 
1 a 2 a   ( Z − Z )   
 gg cg 
ag bg cg

Substituindo conforme os termos acima, temos:

3Z gg − 3Z ag 0 
 
 − 3 Z ag 1  Ia0
 −3Z ag 2 
ANEXO 2- Conceito do Teorema de Thevenin:

O teorema de Thevenin diz que qualquer sistema elétrico linear visto de certos dois pontos, pode ser substituído por uma associação série de um
gerador ideal de tensão e uma impedância. Onde o valor da tensão do gerador é igual a tensão existente entre os dois pontos observados e a impedância
com valor sendo o resultado da impedância vista dos dois pontos com todas as fontes do sistema em desconsideradas (fontes de tensão em curto-circuito

e fontes de corrente com circuito aberto). Sendo a tensão chamada de Vth e a impedância equivalente chamada de Z th .
Entretanto, pode-se enunciar o teorema de Thevenin, de uma outra maneira: "as variações nas tensões e correntes que ocorrem em um circuito
linear, devidas à adição de uma impedância entre dois nós quaisquer do circuito, são idênticas às tensões e correntes que existiriam nas mesmas partes
do circuito se todas as suas fontes ativas (tensão e corrente) forem colocadas em repouso, e uma fonte de tensão, de mesmo valor e polaridade que a
tensão que existia, antes da adição da impedância, entre os dois nós que a mesma foi conectada, for ligada em série com a impedância adicionada".
(Apostila Cláudio Ferreira,UNIFEI)

Você também pode gostar