EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTO JUIZ DE DIREITO DA VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DE PIRACICABA-SP.

PROCESSO Nº: 0000000-80.2014.8.26.00000

Assunto: ‘Apelação da sentença de fls.’

JOSE DAS CONTAS, já qualificado nos autos da ação de

obrigação de fazer, com indenização por danos morais e materiais e pedido de
antecipação de tutela movida por MARIA DAS DORES, todos devidamente
qualificados nos autos em epígrafe, por sua curadora especial, nomeada através
do convênio PGE/OAB, vem, tempestiva e mui respeitosamente, perante Vossa
Excelência, interpor a presente APELAÇÃO, pelos fundamentos de fato e de direito
expostos nas razões em anexo, que conhecendo do mesmo a ele haverá de dar
provimento para o restabelecimento da Justiça.

Requer ao MM Juiz lhe seja concedido os benefícios da justiça

gratuita, nos termos da lei 1060/de 1950, e At. 5º, inc. LXXIV, da Constituição
Federal de 88, pelo foto de se tratar de pessoa pobre na acepção jurídica do
termo, conforme se depreende dos extratos de não declaração de imposto de
renda anexo, o que, pro si só, comprova rendimento inferior ao mínimo legal para
pagamento de imposto de renda.

Requer, outrossim, que seja aberta vista aos Apelados para

querendo, apresentarem suas contrarrazões ao recurso de apelação, no prazo
legal, sob pena de preclusão.

Por conseguinte, requer que os autos sejam remetidos ao

Egrégio Tribunal competente, observadas as formalidades legais.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Piracicaba, 24 de junho de 2017.

ADVOGADO DA SILVA
OAB/UF 888888
 RAZÕES DE APELAÇÃO

ORIGEM: VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE JOAO DE DEUS-

SP.
PROCESSO Nº: 0000000-80.2014.8.26.00000
APELANTE: JOSÉ DAS CONTAS
APELADO: MARIA DAS DORES
FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃOPAULO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

COLENDA TURMA
DOUTOS JULGADORES!

Data máxima vênia, em que pese o saber jurídico

esposado pelo Douto Magistrado de 1ª Instância, não tem como prosperar a r.
sentença de fls. 230/235, que julgou parcialmente procedente a ação de obrigação
de fazer, com indenização por danos morais e materiais e pedido de antecipação
de tutela, devendo a mesma ser reformada in totum, vez que foi proferida de
forma conflitante com as normas vigentes e a pacífica jurisprudência dos
tribunais, consoante o disposto a seguir:

I- DOS FATOS

O apelado ingressou com ação informando que em

24/03/2004 procedeu com a venda do veículo marca Ford, modelo Mondeo CLX,
ano 1997, placa CAI-7777, RENAVAM 00000000 para o apelante e que não houve
a transferência efetiva do bem após assinatura e reconhecimento de firma do
CRV.
 Informa, ainda, que toda a transação foi realizada junto à
uma revenda de veículos, qual ficou de posse da documentação e que esta era
responsável pela transferência do veículo. E que, em meados de outubro/2013
tomou conhecimento de que seu nome estaria inscrito em dívida ativa, em razão
de débitos de IPVA do ano de 2010 e, posteriormente, em abril/2014, novamente
carta para pagamento de débitos de IPVA referente ao ano de 2011.

Neste contexto, pautou-se pela sustação dos protestos em

sede de antecipação de tutela, bem como a transferência do veículo; a
transferência dos débitos de IPVA, bem como, indenização por danos morais no
materiais.

Em razão da não localização do apelante, foi lhe nomeado

curador especial, qual ofertou defesa por negativa geral, nos termos da lei,
pautando-se pela nulidade da citação por edital quando não esgotados os meios
para localização do requerido.

A sentença foi proferida pelo MM Juiz, parcialmente

procedente e, em síntese, condenou o apelante à transferir o veículo sub judice
para o seu nome e ao pagamento de R$ 3.608,17 a título de restituição dos IPVAs
pagos pelo apelado.

II- Da Preliminar De Nulidade Absoluta Por Falta de Citação Valida

Em se tratando de citação ficta, deve-se tentar a localização

efetiva do réu, posto que a experiência empírica demonstra que a maior parcela
da população não se submete a leitura habitual de jornais, quem dirá do Diário
Oficial. Do contrário, a citação ficta acarreta em ofensa grave aos princípios
constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal.

Portanto, todos os esforços devem ser dirigidos no sentido de

localizar o réu a fim de salvaguardar seus interesses. Assim, visando sanar
eventual nulidade processual, prestigiando-se os princípios constitucionais
supramencionados, necessária se faz a tentativa de citação nos endereços
mencionados, bem como a expedição de ofício ao Bacenjud, INSS, Serasa, SPC,
Oi, TIM, Vivo, objetivando encontrar o réu, o que desde já se requer.
 Compulsando-se os autos, verifica-se que o Autor somente
diligenciou para tentar a localização do réu junto à Receita Federal e Cartório
Eleitoral, não tendo tal medida o condão de gerar a presunção de que este esteja
em local ignorado ou incerto, e, por conseguinte, autorizar a citação por edital
(art. 231, II, CPC).

Com efeito, é requisito básico da citação por edital a

incumbência de “ser tentado a localização do réu por todas as formas.
Somente depois de resultar infrutífera é que estará aberta a oportunidade
para a citação por edital” (JUNIOR, Nelson Nery e NERY, Rosa Maria de Andrade
– Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante – 8ª Edição –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 680).

Nesse sentido, posiciona-se o Tribunal de Justiça do Estado de

São Paulo:
“Antes de proceder-se à citação por edital, deve-se tentar a
localização pessoal do réu, com expedição de ofício ao TRE,
DRF e outros órgãos públicos, indagando sobre seu paradeiro”
(RJTJSP 124/46).

Desta forma, ausentes os requisitos da citação por edital, qual

seja, a ausência de esgotamento dos meios para localização do réu, imperiosa a
declaração de sua nulidade, devendo a r. sentença ser revista neste aspecto.

III- Do mérito da causa

Inobstante a apresentação de defesa por negativa geral, há

que se consignar, que o próprio processo traz indícios de que a obrigação de
transferência não é do apelante, visto que o veículo foi negociado em uma
revendedora de veículos, cuja indicação para inclusão do pólo passivo, ou, ao
menos, ofício para diligenciar a obrigação contratual, não foi determinada.

Ademais disso, a regra de direito civil a respeito da alienação

de bens móveis é a de que a propriedade se transfere com a tradição (artigo
1.267 do Código Civil), que, no caso dos automóveis, é real. Por se tratar de bens
cuja importância jurídica e repercussão social é relevante, criou-se o registro junto
ao órgão executivo de trânsito estadual.
 No caso de transferência de propriedade, ao antigo
proprietário incumbe encaminhar ao órgão de trânsito cópia autenticada
do comprovante de transferência de propriedade, datado e assinado, no
prazo de trinta dias, sob pena de responsabilizar-se solidariamente pelas
penalidades (Código de Trânsito Brasileiro, artigo 134). Com isso, atualiza-
se o cadastro.
Nesse sentido a jurisprudência de Nosso Egrégio Tribunal de
Justiça:
BEM MÓVEL. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA E
NULIDADE DA SENTENÇA. INOCORRÊNCIA. ADQUIRENTE QUE NÃO
EFETUA A TRANSFERÊNCIA DO VEÍCULO PARA O SEU NOME.
MULTAS EM NOME DO ANTERIOR PROPRIETÁRIO. OBRIGAÇÃO DE
TRANSFERIR A PROPRIEDADE DO BEM É DO PROPRIETÁRIO.
COMUNICAÇÃO DA ALIENAÇÃO DO VEÍCULO AO DETRAN QUE DEVE
SER FEITA PELO VENDEDOR PARA QUE NÃO ARQUE
SOLIDARIAMENTE COM AS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS. ART.
134 DO CTB. CULPA DE AMBAS AS PARTES. DANOS MORAIS.
INDENIZAÇÃO INDEVIDA A ESSE TÍTULO. Não é nula a sentença
que oferece motivação coerente dos pontos controvertidos postos
em juízo, ainda que não analisadas exaustivamente todas as
alegações das partes. Preliminar rejeitada. Obrigação do comprador
de providenciar, no prazo de trinta dias, a expedição de novo
certificado de propriedade em seu nome (artigo 123, § 1.º, do
Código de Trânsito Brasileiro), que não desobriga o vendedor de,
quando alienar o bem a terceiro, enviar ao órgão de trânsito, dentro
do mesmo prazo, cópia autenticada do comprovante de
transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob
pena de responsabilizar-se solidariamente pelas penalidades (artigo
134 do Código de Trânsito Brasileiro). Os transtornos causados ao
autor pelo recebimento de notificações de multa por infrações de
trânsito cometidas no período em que o veículo esteve em poder do
réu são meros dissabores que não ensejam dano moral. Recurso
provido. (TJSP, APL 00232884120108260320-SP, Órgão Julgador
27ª Câmara de Direito Privado, Relator Gilberto Leme,
Publicação22/10/2014, Julgamento14 de Outubro de 2014).

Assim, por força do disposto nos artigos. 123, incisos I e II, §

1º, 130 e 134 do Código Nacional de Trânsito, o proprietário do veículo que está
vendendo o bem deve se dirigir ao Tabelião pessoalmente para assinar o
documento de transferência para o nome do adquirente do bem, e, por cautela,
noticiar o fato ao DETRAN a fim de evitar futuros transtornos, o que,
comprovadamente, não ocorreu no presente caso.

E que diante disso, não há dúvida de que há negligencia do

apelado quanto ao procedimento que deveria adotar no caso de alienação do
veículo, razão pela qual deve ser tida como improcedente a demanda.

- CONCLUSÃO

Ante o exposto, é a presente para requerer o conhecimento

do presente recurso de apelo, bem como que lhe seja dado total provimento, para
o fim de reformar a r. sentença fls. 230/235, nos termos postulados,
prequestionando-se os dispositivos de lei citado, por tratar-se de medida de
direito e de JUSTIÇA!

Requer, ainda, a concessão dos benefícios da justiça gratuita,

nos termos da lei 1060/de 1950, e At. 5º, inc. LXXIV, da Constituição Federal de
88, pelo foto de se tratar de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, conforme
se depreende dos extratos de não declaração de imposto de renda anexo, o que,
pro si só, comprova rendimento inferior ao mínimo legal para pagamento de
imposto de renda.

Posto isto, aguarda determinação favorável por parte deste I.

Tribunal, sob égide de Vossas Excelências, às quais apresenta as mais sinceras
HOMENAGENS!

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Piracicaba, 24 de junho de 2017.

ADVOGADO DA SILVA
OAB/UF 888888