Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Resumo
As condições da reprodução da sociedade variam no tempo e no espaço, neste sentido,
a dinâmica urbana deve ser analisada enquanto momento histórico determinado, no movimento
do processo de reprodução continuada da metrópole. As transformações econômicas que ocorrem
hoje nas metrópoles, com o deslocamento dos estabelecimentos industriais redefinem as relações
centro-perifieria, aprofundam o processo de segregação espacial, na metrópole e revelam
profundas transformações na vida cotidiana.
Palavras-chave: metrópole; urbanização; espaço; metropolização,vida cotidiana
Introdução
Os problemas atuais postos pela urbanização ocorrem no âmbito do processo de
reprodução da sociedade. O processo de urbanização, hoje, transforma o conteúdo dos espaços,
revelando-se numa prática sócio espacial modificada a partir da imposição de uma nova relação
espaço-temporal, que não só redefine a hierarquia dos lugares em função das exigências em
matéria de comunicação, de deslocamentos os mais variados e complexos, como também o
quadro em que se realiza a vida cotidiana através das modificações nos usos dos lugares.
A condição da reprodução varia no tempo, neste sentido, a dinâmica urbana deve ser
analisada enquanto momento histórico determinado, no movimento do processo de reprodução
continuada da metrópole. Esta revela o fato de que a constituição da sociedade urbana se realiza
e se concebe ao longo de um processo no curso no qual explodem as formas urbanas, como
decorrência do fenômeno de implosão-explosão da cidade, transformando usos e funções, trazendo,
como conseqüência, a destruição dos referenciais urbanos e com elas, das antigas relações sociais.
*
Professora-Associada do Departamento de Geografia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas. Universidade de São Paulo.
78 Revista Território - Rio de Janeiro - Ano VII - no 11, 12 e 13 - set./out., 2003
entre a antiga possibilidade de ocupar áreas como lugares de expansão da mancha urbana e sua
presente impossibilidade diante da escassez de áreas passíveis de serem “incorporadas” pelo
setor imobiliário. Neste contexto, a generalização da propriedade privada do solo urbano –
condição da reprodução da cidade, sob a égide do capitalismo, passa a ser um limite à expansão
econômica capitalista. Isto é, diante das necessidades imposta pela reprodução do capital, o
espaço, produzido socialmente, e tornado mercadoria, no processo histórico, criam limites à sua
própria reprodução entrando em contradição com as necessidades do desenvolvimento do próprio
capital. O que significa dizer que a “raridade“ é ao mesmo tempo, produto do próprio processo
de produção do espaço e, sua limitação. Assim o movimento da realidade revela profundos
conflitos - o capitalismo ao se desenvolver produziu novas contradições.
metrópole. Por outro lado, a renovação urbana interfere no mercado de solo urbano na medida
em que com o processo de desapropriação dos proprietários das casas na área; cria para o
mercado imobiliário a possibilidade de reocupar o espaço com outro uso, outro padrão de
construção e outra densidade de ocupação, expulsando do lugar a “população residente”.
São Paulo, hoje, apresenta-se polinucleada englobando sempre novas áreas e extensões
fragmentadas. Esse processo de reprodução do espaço urbano também nos coloca diante de
formas que ganham novos conteúdos. Por outro lado, cada vez mais, acentua-se a contradição que
está na base do processo de produção do espaço, qual seja produção socializada - processo de
apropriação privada do solo urbano. O espaço fragmenta-se, divide-se, em inúmeras parcelas
compradas e vendidas aos pedaços, pois o acesso ao solo urbano dá-se através da mediação do
mercado - implica na produção espacial hierarquizada e fragmentada que se generaliza.
da população mais pobre, pois revitalizar significa acabar com a pobreza. Segundo o processo que
se apóia na concentração em uma área de determinadas atividades, com o desenvolvimento do
processo produtivo, necessita para seu crescimento de novos requisitos técnicos, de conhecimento,
e também espaciais. A saturação do centro requer que determinadas atividades - que precisam
permanecer no centro se expandam, estas se deparam com o fenômeno da raridade do espaço.
1
LEFEBVRE, Henri. La production de l’espace. Paris, Anthropos, 1978, p. 382.
2
Usamos o termo sub - centro para diferenciá-lo do centro histórico da metrópole, uma diferença que
se revela pelo conteúdo de relações que eles contém.
84 Revista Território - Rio de Janeiro - Ano VII - no 11, 12 e 13 - set./out., 2003
torno deste ponto do espaço. Mas na reprodução do espaço da metrópole produz-se novas
centralidades que se aparecem como nó articuladores de fluxos e lugares de acumulação, de outro
apresentam uma estrutura menos complexa que o central; portanto a polinuclearidade da metrópole
se reproduz de modo desigual.
Esse processo, geralmente, se refere aos lugares de lazer na metrópole que surgem
como decorrência do processo de urbanização que adensa e amplia a mancha urbana. Nesse
contexto, produzem-se centros na metrópole que ganham funções e significados diferenciados em
função da construção e da necessidade de expansão de espaços destinados ao lazer. São lugares
que se produzem, criando uma centralidade que direciona o fluxo de pessoas, consumidores em
potencial, de um lugar para outro, dentro da metrópole.
onde o uso não se reduziria à esfera da mercadoria e o acesso não se associaria à compra e venda
de um “direito de uso temporário”. Essa mobilidade que acompanha a reprodução, como condição
de sua realização constante, é sempre seletiva; portanto, a criação destes novos lugares-centrais
realiza-se aprofundando a segregação espacial. Assim, cada vez mais o lazer e o flanar; o corpo e
os passos, estão restritos à lugares vigiados, normatizados, privatizados. Esse fato é conseqüência
da “vitória do valor de troca sobre o valor de uso”, isto é, o espaço se reproduz, no mundo
moderno, alavancado pela tendência que o transforma em mercadoria, o que limitaria seu uso às
formas de apropriação privada.
A vida cotidiana
A problemática urbana se revela, enquanto prática sócio espacial, no plano do vivido.
A nova centralidade aprofunda o processo de segregação espacial pela diferenciação dos usos,
e das transformações das funções dos lugares na divisão espacial do trabalho, na metrópole.
Na articulação entre estes planos, a produção do lugar se realiza cada vez mais
articulado a um outro plano revelando a produção de um espaço com novas características:
aquele dos interditos em nome da lei e da ordem. Ao mesmo tempo que se faz a apologia da
técnica, enquadra-se o cidadão em papéis que lhe são impostos pela normatização da sociedade
marcando os limites do consumo do espaço no movimento de generalização da transformação do
espaço em mercadoria. Assim, o processo de reprodução do espaço aponta a tendência da
predominância da troca sobre os modos de uso, o que revela o movimento do espaço de consumo
para o consumo do espaço - este processo se revela pelo esvaziamento da rua como lugar do
encontro e do lazer, e a supervalorização dos shopping centers como os lugares das compras e do
lazer. No caso da periferia submetida ao poder do trafico, a normatização não se faz pela lógica da
realização da propriedade privada, mas pela necessidade de realização do capital.
3
Apontado por Lefebvre em várias obras
88 Revista Território - Rio de Janeiro - Ano VII - no 11, 12 e 13 - set./out., 2003
b) perda dos referenciais espaciais - pode ser analisada tanto enquanto conseqüência da
produção autofágica do espaço quanto do esvaziamento dos usos dos espaços públicos.
Bibliografia