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O Direito Penal

e a Medicina

Rodrigo Fernando Novelli


www.jusmedicina.com.br Advogado OAB/SC 20869
▪ Propedêutica penal

▪ Conceito de direito penal

▪ Função do direito penal no estado democrático


de direito
FONTES DO DIREITO PENAL - Espécies

• Material ou de produção: aquela que cria o Direito; é o Estado.

• Formal ou de cognição: aquela que revela o Direito. Pode ser:

• imediata: lei;
• mediata: costumes e princípios gerais do direito
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

Esse princípio foi reconhecido pela primeira vez em 1215, na Magna Carta,
por imposição dos barões ingleses ao Rei João Sem-Terra. Seu artigo 39
previa que nenhum homem livre poderia ser submetido à pena não
cominada em lei local.

Previsto também na Constituição Federal em seu artigo 5.º, XXXIX, tem por
finalidade servir como garantia política ao cidadão contra o arbítrio estatal
(freio à pretensão punitiva estatal).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Podemos estudar o princípio da legalidade sob dois aspectos:

a) Formal:

Reserva absoluta da lei: somente a lei no sentido estrito da palavra, emanada


e aprovada pelo Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado,
poderá criar tipos e impor penas.

A medida provisória, artigo 62, § 1.º, inciso I, alínea “b” da CF.

Lei delegada também não pode abordar matéria penal, uma vez que o artigo
68, § 1.º, inciso II, da Constituição Federal.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Taxatividade: refere-se à necessidade da lei descrever o crime em todos os


seus pormenores. A descrição da conduta criminosa deve ser detalhada e
específica. A lei não pode conter expressões vagas e de sentido equívoco,
uma vez que fórmulas excessivamente genéricas criam insegurança no meio
social, pois dão ao juiz larga e perigosa margem de discricionariedade.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Vedação ao emprego da analogia: o princípio da legalidade proíbe o


emprego da analogia em matéria de norma penal incriminadora. Essa é a
analogia in malam partem. Não é vedado, entretanto, o uso da analogia in
bonam partem, pois favorece o direito de liberdade, seja com a exclusão da
criminalidade, seja pelo tratamento mais favorável ao réu.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

b) Material

O tipo penal exerce também uma função seletiva, pois é por meio dele que o
legislador seleciona, entre todas as condutas humanas, as mais perniciosas à
sociedade. O exercício deste controle pressupõe a aplicação de três
princípios:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Adequação social: de acordo com este princípio, não podem ser


considerados criminosos fatos socialmente adequados, condutas aprovadas
pela coletividade (exemplo: jogador de futebol que machuca o adversário).
Existem alguns obstáculos à aplicação deste princípio:

Costume não revoga lei: ainda que leve a norma penal ao desuso, não pode
revogá-la;

Não cabe ao Poder Judiciário avocar para si a função típica do Poder


Legislativo.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Insignificância: aplica-se aos chamados “delitos de bagatela”. Assenta-se no


brocardo de minimis non curat praetor e na conveniência da política
criminal. O tipo penal cuida do bem jurídico e da proteção do cidadão assim,
se o delito for incapaz de ofender o bem jurídico, não haverá como
enquadrá-lo no tipo
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Alteridade: não podem ser punidas condutas que não lesionem outras
pessoas, ou seja, que não transcendam a figura do infrator. Exemplos:
tentativa de suicídio, uso pretérito de droga (a Lei n. 11.343/06, no artigo 28,
visa reprimir a detenção da droga, pelo risco social que ela representa).
Elementos do Crime

Fato Típico Ilicitude Culpabilidade

Conduta – dolosa ou culposa Legítima Defesa Imputabilidade

Nexo causal Estado de Necessidade Potencial Consciência da


Ilicitude

Resultado Exercício Regular de um Exigibilidade de Conduta


Direito Diversa

Tipicidade Estrito Cumprimento do Dever


Legal
TIPOS DE SANÇÃO

Pena privativa de liberdade

Regimes
TIPOS DE SANÇÃO

Pena restritiva de direitos

Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I – prestação pecuniária;
II – perda de bens e valores;
III – (VETADO)
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI – limitação de fim de semana.
TIPOS DE SANÇÃO

Pena restritiva de direitos

Requisitos

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de


liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente.
CRIMES EM ESPÉCIE

Morrem três pacientes que receberam nebulização com


hidroxicloroquina em Camaquã, diz diretor técnico de hospital

Segundo o hospital, indícios sugerem que a hidroxicloroquina 'está


contribuindo para a piora' dos pacientes. Terapia não tem eficácia
comprovada. Na sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro defendeu a
atuação da médica.
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2021/03/24/morrem-tres-pacientes-que-
receberam-nebulizacao-com-hidroxicloroquina-em-camaqua-diz-diretor-tecnico-de-hospital.ghtml
CRIMES EM ESPÉCIE
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. ...
CRIMES EM ESPÉCIE
AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO
ESPECIAL. NEXO DE CAUSALIDADE RECONHECIDO. REVISÃO. SÚMULA
7/STJ. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. ART. 121, § 4º, DO CP. BIS IN IDEM
INEXISTENTE. NEGLIGÊNCIA RECONHECIDA. AGRAVO IMPROVIDO. 1.
Demonstrado o nexo de causalidade entre a conduta do réu e o resultado,
deve ser mantido o acórdão de apelação, cuja desconstituição atrairia o óbice
da Súmula 7/STJ. 2. O homicídio culposo por erro médico restou reconhecido
pela negligência do tratamento adequado, incidindo sem bis in idem a
majorante da inobservância de regra técnica, não apenas pela falta ao
atendimento exigível para a situação, mas também pela realização de
procedimento cirúrgico de grande porte em clínica que se sabia não possuir
estrutura adequada. 3. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg nos EDcl no
REsp: 1661283 PA 2017/0061659-6, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data
de Julgamento: 19/03/2019, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
26/03/2019)
CRIMES EM ESPÉCIE
Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante
o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter


pessoal, salvo quando elementares do crime.
CRIMES EM ESPÉCIE

Médico condenado a 20 anos por aborto em MT tem registro


cassado pelo CRM e não pode mais atuar

Orlando Alves Teixeira já foi preso por, pelo menos, três vezes entre 2012 e
2014. Ele responde a vários processos sob acusação de outros abortos.

https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/10/24/medico-condenado-a-20-anos-por-aborto-em-
mt-tem-registro-cassado-pelo-crm-e-nao-pode-mais-atuar.ghtml
CRIMES EM ESPÉCIE
Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é
maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
CRIMES EM ESPÉCIE
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
CRIMES EM ESPÉCIE
Portaria nº 2.561 de 23/09/2020, dispõe sobre o Procedimento de
Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em
lei, no âmbito do SUS.

Aborto eugenésico – em caso de anencefalia – ADPF 54

Aborto Social ou Econômico

Aborto - infecção por Zica vírus – ADIn 5.581/DF


CRIMES EM ESPÉCIE

Aborto no 1º trimestre da gestação: HC 124.306 – 1ª Turma do STF, julgado em


29/11/2016.

ADPF 442 – não recepção parcial do artigo 124 e 126 do Código Penal.
CRIMES EM ESPÉCIE

Médico pergunta: Dr. Fui intimado pelo Delegado de Polícia para entregar o
prontuário de um paciente, prazo 5 dias, sob pena do cometimento do crime
de desobediência. O que devo fazer?

“Não permitirei que considerações sobre idade, doença ou deficiência,


crença religiosa, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça,
orientação sexual, estatuto social ou qualquer outro fator se interponham
entre o meu dever e o meu doente; respeitarei os segredos que me forem
confiados, mesmo após a morte do doente.”
CRIMES EM ESPÉCIE
Princípio da reserva da jurisdição x Direitos absolutos

Código de Ética Médica


Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda exceto para atender a
ordem judicial ou para sua própria defesa, assim como quando autorizado
por escrito pelo paciente.
§ 1º Quando requisitado judicialmente, o prontuário será encaminhado ao
juízo requisitante.
§ 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico
deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional.
CRIMES EM ESPÉCIE
Enunciado 13 do II Encontro Nacional de Delegados de Polícia sobre
Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos, com o seguinte teor:
O poder requisitório do delegado de polícia abarca o prontuário médico que
interesse à investigação policial, não estando albergado por cláusula de
reserva de jurisdição, sendo dever do médico ou gestor de saúde atender à
ordem no prazo fixado, sob pena de responsabilização criminal.

Lei 12.830/13 – artigo 2º § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao


delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e
dados que interessem à apuração dos fatos.
CRIMES EM ESPÉCIE
Violação do segredo profissional

Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa
produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de um conto a dez contos
de réis.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

OBS: Se for funcionário público – artigo 325 do CP.


CRIMES EM ESPÉCIE
EMBARGOS INFRINGENTES. COAÇÃO ILEGAL DA AUTORIDADE POLICIAL. REQUISIÇÃO DE
PRONTUÁRIOS MÉDICOS DE SUPOSTAS VÍTIMAS DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. HAVENDO RAZÃO
JUSTIFICADA, É POSSÍVEL QUE O DEVER DE SIGILO E DE SEGREDO SEJA FLEXIBILIZADO. O
embargante - médico e Diretor Técnico de Hospital - alegou estar sofrendo coação ilegal, face à
advertência do Delegado de Polícia de que caso não fornecesse os prontuários médicos de duas
supostas vítimas de tentativa de homicídio, para instruir inquérito policial, incidiria na prática do
delito de desobediência. A investigação policial presidida pelo Delegado de Polícia é ato
administrativo vinculado à Lei Complementar (Código de Processo Penal) com força vinculante,
que serve para instrumentalizar ação estatal oficial, viabilizadora de persecução criminal
jurisdicional e, portanto, que a todos alcança, inclusive médicos e nosocômios,
independentemente do que disciplina Resolução Profissional quanto ao sigilo profissional. O
interesse público do Estado em buscar elementos de formatação da prova para apurar
responsabilidades penais se impõe. EMBARGOS INFRIGENTES DESACOLHIDOS. POR MAIORIA.
(TJ-RS - EI: 70074005281 RS, Relator: Sérgio Miguel Achutti Blattes, Data de Julgamento:
14/07/2017, Segundo Grupo de Câmaras Criminais, Data de Publicação: 08/09/2017)
CRIMES EM ESPÉCIE

O próprio ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina


– CREMESC, ao responder a consulta nº 002367/2015, colocando ponto
final a discussão, elaborou o seguinte entendimento:

“Quando a entrega do prontuário for inevitável por imposição do Delegado


de Polícia, o CRM-SC ACONSELHA que essa entrega em casos extremos,
seja feita em cópia lacrada com realce de “MANTER EM SEGREDO DE
JUSTIÇA” e elabore-se documento onde expressamente conste que cabe
ao requerente policial receber e manter em sigilo os dados contidos
naquele prontuário.”
CRIMES EM ESPÉCIE

A cada cinco dias, uma omissão de socorro é


registrada em MG
Há 15 dias, médico foi preso em Contagem por suspeita de não examinar
paciente

https://www.otempo.com.br/cidades/a-cada-cinco-dias-uma-omissao-de-socorro-e-registrada-
em-mg-1.2259013
CRIMES EM ESPÉCIE

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida,
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta


lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
CRIMES EM ESPÉCIE

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia,


bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como
condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de


atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta
a morte.
CRIMES EM ESPÉCIE
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO QUE REJEITOU
A DENÚNCIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CRIME DE LESÃO CORPORAL E
OMISSÃO DE SOCORRO. AUSÊNCIA DE DOLO NA CONDUTA. ATIPICIDADE DAS
CONDUTAS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO QUE REJEITOU A DENÚNCIA. PARECER DA PGJ
NESSA LINHA. RECURSO IMPROVIDO. UNANIMIDADE. 1 - Médico que, durante um
procedimento de colonoscopia, perfurou o intestino da vítima, tendo o Ministério Público
oferecido denúncia, imputando-lhe a prática de lesão corporal e omissão de socorro. 2 - Na
hipótese, os fatos narrados na denúncia não lograram demonstrar o dolo do ofensor em
lesionar a vítima e omitir-lhe a assistência, apto à tipificação dos crimes a ele imputados. 3
- Diante do quadro inicial apresentado pela vítima, o recorrido teria adotado a medida que
achou pertinente ao momento, ou seja, teria prescrito a medicação pertinente ao problema
relatado pelo paciente, não restando configurada a omissão de socorro. 4 - Deve ser
mantida a decisão de rejeição da denúncia, consoante entendimento da Procuradoria Geral
de Justiça. 5 - Recurso conhecido e improvido. (TJ-AL - RSE: 08482743520178020001 AL
0848274-35.2017.8.02.0001, Relator: Des. João Luiz Azevedo Lessa, Data de Julgamento:
29/05/2019, Câmara Criminal, Data de Publicação: 30/05/2019)
CRIMES EM ESPÉCIE
Lei nº 7.853/89

Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:

IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-


hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência;

§ 1o Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a
pena é agravada em 1/3 (um terço).

§ 3o Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o ingresso de pessoa com
deficiência em planos privados de assistência à saúde, inclusive com cobrança de valores
diferenciados.

§ 4o Se o crime for praticado em atendimento de urgência e emergência, a pena é agravada


em 1/3 (um terço). Artigo com redação pela Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com
Deficiência.
CRIMES EM ESPÉCIE
MÉDICO PODE SERVIR COMO TESTEMUNHA EM PROCESSO CRIMINAL?

É vedado ao médico:

Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de


sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por
escrito, do paciente.

Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de


conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu
depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico comparecerá
perante a autoridade e declarará seu impedimento; c) na investigação de
suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa
expor o paciente a processo penal.
CRIMES EM ESPÉCIE
MÉDICO PODE SERVIR COMO TESTEMUNHA EM PROCESSO CRIMINAL?

É vedado ao médico:

Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de


sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por
escrito, do paciente.

Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de


conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu
depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico comparecerá
perante a autoridade e declarará seu impedimento; c) na investigação de
suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa
expor o paciente a processo penal.
CRIMES EM ESPÉCIE
Art. 207 do CPP. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Omissão de comunicação de crime - LCP

Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:

II - crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da


medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não
dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a
procedimento criminal:
Pena - multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
DEBATE
DEBATE

Notificação compulsória:

Omissão de notificação de doença


Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Lei nº 10.778/03 - Art. 1º Constituem objeto de notificação compulsória, em


todo o território nacional, os casos em que houver indícios ou confirmação
de violência contra a mulher atendida em serviços de saúde públicos e
privados
DEBATE

Notificação compulsória:

Conforme Parecer do CREMESP n.24.292/2000:


O dever legal se configura quando compulsoriamente o segredo médico tem
de ser revelado por força de disposição legal expressa que assim determina.
Por exemplo: atestado de óbito, notificação compulsória de doenças, etc.
Outra situação específica de revelação de segredo médico por dever legal, é
a comunicação de crime de ação pública, especialmente os ocasionados
por arma de fogo ou branca, e as lesões corporais que apresentam
gravidade. Nesse caso, a comunicação deverá ocorrer à autoridade policial
ou do Ministério Público da cidade onde se procedeu o atendimento,
observando a preservação do paciente.
DEBATE

Conforme dispõe a Resolução n. 1605/ 2000 do CFM, o médico somente


poderá comunicar à autoridade competente quando esta não expor seu
paciente à processo criminal.

Art. 3º - Na investigação da hipótese de cometimento de crime o médico


está impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo
criminal.
Art. 4º - Se na instrução de processo criminal for requisitada, por autoridade
judiciária competente, a apresentação do conteúdo do prontuário ou da
ficha médica, o médico disponibilizará os documentos ao perito nomeado
pelo juiz, para que neles seja realizada perícia restrita aos fatos em
questionamento
DEBATE

ECA – INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de


atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de
comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento,
envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou
adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em
caso de reincidência.
CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída


de um sexto a um terço.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-


lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
CONCURSO DE PESSOAS

Requisitos:

1 – Pluralidade de agentes e condutas;

2 – Relevância causa e jurídica de todas as condutas;

3 – Vínculo subjetivo entre os agentes;

4 – Identidade de infração penal


Transação Penal - artigo 76 da Lei nº 9.099/95

Pressupostos:

a) não ter sido o agente beneficiado pela transação há menos de cinco anos;
b) não ter sido o agente condenado por sentença definitiva a pena privativa
de liberdade;
c) não ser o caso de arquivamento;
d) indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a
adoção da medida;
e) aceitação da proposta.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Requisitos de admissibilidade:

a) pena mínima não superior a 1 ano;


b) inexistência de processo em curso;
c) inexistência de condenação anterior por crime.
d) a suspensão é um instituto consensual porque depende de anuência do
acusado.
e) é instituto personalíssimo, somente o réu pode aceitar.
f) é ato juridicamente assistido, é imprescindível a presença de advogado.
g) Não se discute culpabilidade.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Condições:

- Prazo
- reparação do dano (se possível);
- proibição de frequentar lugares;
- proibição de ausentar-se da comarca;
- comparecimento mensal em juízo.
ACORDO DE NÃO PERSECUSSÃO PENAL

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado


confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde
que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante
as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
ACORDO DE NÃO PERSECUSSÃO PENAL
Condições:

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;


II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução, na forma do 46 do CP
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do 45 do CP a entidade pública
ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente,
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
ACORDO DE NÃO PERSECUSSÃO PENAL
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
ACORDO DE NÃO PERSECUSSÃO PENAL

§3º - É um acordo de vontades

§4º - Homologação judicial

§5º - Análise das condições do acordo

§6º - Execução das condições de acordo

§7º - O juiz poderá recusar homologação.

§8º - volta para o MP

§9º - Papel da vítima no ANPP


ACORDO DE NÃO PERSECUSSÃO PENAL

§10º - Descumprimento das condições.

§11º - Possível negativa de suspensão condicional do processo

§12º - Antecedentes

§13º - Extinção da Punibilidade

§14º - Recurso
Obrigado!

Rodrigo Fernando Novelli


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